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Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 Hemograma - Faz parte de diversos protocolos para avaliação dos pacientes. - Avalia quantitativa e qualitativamente os elementos celulares do sangue; - Principal exame da hematologia; → Indicação: saber o porquê de estar solicitando; → Solicitação: fazer a solicitação correta; → Coleta: deve ser bem feita, em um bom laboratório; → Realização: deve ser cuidadosa, hoje em dia quase sempre com automação; → Interpretação; - Eritrograma - Leucograma - Plaquetograma 1. ERITROGRAMA - Analise da parte vermelha: massa eritróide circulante; - Avaliação quantitavia e qualitativamente; AVALIAÇÃO QUANTATIVA → Contagem de eritrócitos; → Dosagem da hemoglobina; → Hematócrito: calculado; → Índices hematimétricos: Volume corpuscular médio (VCM); Concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM); Hemoglobina corpuscular média (HCM); RDW: amplitude da dispersão, quão diferente as células eritróides são em tamanho e forma; Anisocitose: modificação do formato das células; a) Contagem de Eritrócitos - Câmara de Neubauer: não se usa mais (pouco acurada); - Contadores Eletrônicos: princípio de Coulter (contagem de pulsos de impedância), mais exata e confiável; → Coeficiente de variação <2% (baixo); → Causas de erro: crioaglutinação (+ comum), rouleaux; - Eritrocitopenia: diminuição, quase sempre acompanhada de diminuição da Hb (anemia); - Eritrocitose: aumento do número de células vermelhas, quando acompanhada de aumento de hematócrito (Ht) e Hb -> poliglobulia; Na prática qualquer um dos dois pode ser utilizado Valores normais: → H: 5,3 +-0,6 → M: 4,7 +-0,5 → >70 anos – 4,6 +-0,7 Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 - Microcitose: pode haver eritrocitose sem poliglobulia, e até mesmo anemia; b) Dosagem da Hemoglobina - Espectofotometria após conversão da hemoglobina em cianometemoglobina; - Feita pelo mesmo aparelho que faz a contagem; - Exatidão: coeficiente de variação aproximadamente 2%; - Causas de erro: → Lipemia: → Alta contagem de leucócitos: → Sujeira na parede de leitura; c) Hematócrito - Volume de massa eritróide em uma amostra de sangue, expressa em % do volume total; - Contadores eletrônicos: cálculo derivado através da multiplcação do VCMxE (num eritrócitos) expresso em %; - Correlação com a viscosidade do sangue; - Diferença entre a quantidade de células que se depositam por centrifugação e a parte líquida; d) Relação Entre E, Hb, Ht e Volemia Em algumas situações clínicas ocorre retenção hídrica/desidratação: ↑volemia → hemodiluição → falsa anemia → Gestantes (anemia fisiológica gestacional), ICC, IRC, infusão excessiva de líquidas; ↓volemia → hemoconcetração → falsa poliglobulia → Diuréticos em excesso, queimaduras, sudorese excessiva, diarreia. e) Índices Hematimétricos VCM → volume corpuscular médio → volume médio de cada eritrócito, calculado pela soma dos volumes das hemácias dividido pelo número de eritrócitos; - VCM = Ht x10 / E (fentolitros) → cálculo antes da automação - Inversamente proporcional ao número de E; - Causas comuns de erro: → Crioaglutinação/rouleaux; → Conservação prolongada in vitro: ↑ VCM; - Classifica anemias quanto ao tamanho da hemácia: → Macrocítica; → Normocítica; → Microcítica; HCM → conteúdo médio de hemoglobina por eritrócito - HCM = Hb x10/E (pg/Dl) CHCM → % de Hb em 100 mL de hemácias; - CHCM = Hb / Ht x100 - HCM e CHCM classificam anemias quanto à coloração (concentração de Hb) da hemácia: → Hipercrômica; → Normocrômica; Valores normais: → H: 15,3 +-2,5 → M: 13,6 +-2,0 Valores normais: → H: 47 +-7,0 → M: 42 +-1,0 Valores normais: 89 +-9 (varia com a bibliografia, usa- se de 80 a 96 em média) Valores normais: 24-33 Valores normais: 31-36% Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 → Hipocrômica; RDW (Red Blood cell distribution width) → expressão numérica da anisocitose: diferença de tamanho entre as hemácias; - Inversamente proporcional à homogeneidade da população eritróide; f) Histograma - Curva de frequência da distribuição e tamanho dos eritrócitos - Mostra onde se situa a média da maior parte das células NORMAL: ANEMIA MICROCÍTICA: curva deslocada para a esquerda (média menor que o valor normal); ANEMIA MACROCÍTICA: aumento do tamanho das células, deslocamento para a direita; Valores normais: 11-14,5 Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 DUPLA POPULAÇÃO DE HEMÁCIAS: RDW alterado (anisocitose) g) Reticulócitos - Solicitar sempre que possível; - Hemácia jovem após a perda do núcleo; - Aumentado nas anemias quanto se tem vitaminas no organismo, por resposta do organismo à perda de sangue (principalmente) ou falta de síntese momentânea; - Diminuído quando não se tem medula (doença que reduza a capacidade de replicação medular) ou vitaminas para síntese de novas células; - Célula rica em RNA ribossômico: o RNA atribui aos eritrócitos coloração acinzentada/arroxeada, configurando POLICROMATOCITOSE; - Coloração com novo azul de metileno ou azul brilhante de cresil: precipitação do RNA, que se encadeia em forma de retículo → reticulócitos; AVALIAÇÃO QUALITATIVA → Tamanho → Distribuição → Coloração → Forma → Inclusões → Maturidade h) Tamanho Eritrocitário - Avaliar macro, normo ou microcitose; - Avaliar homogeneidade do tramanho (anisocitose) expressa pelo RDW; Valores normais: → 0,5-1% → 25000 – 50000 /microL [Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] MACRO NORMO ANISOCITOSE Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 Causas de macrocitose: - Alcoolismo: causa retardo na divisão celular, havendo saída de células maiores da MO; - Fármacos: azt, anticolvulsivantes (carbamazepina, ácido valpróico, fenitoína), quimioterápicos (fludarabina, cladribina, ciclofosfamida, melfalam, clorambucil, azatioprina, hidroxiuréia, metotraxate); - Hepatopatias; - Esplenectomia; - Hiper-regeneração eritróide: volume muito grande, acaba causando aumento do volume médio das células; - Anemia megaloblástica: principal causa de retardo da divisão celular, causada por deficiência de vit B12 e/ou ácido fólico; - Anemia plástica (mais raramente); - Síndrome mielodisplásica; Causas de microcitose – deficiência de síntese de Hb: - Anemia ferropênica: principalmente países mais pobres em crianças desnutridas; - Talassemia; - Policitemia vera: tumor produtor de glóbulos vermelhos, aumento dos glóbulos vermelhos de forma monoclonal, pela não utilização do ferro, devido ao excesso de células o organismo deixa de absorver ferro, e as células tornam-se pequenas; - Hemoglobinopatias: a maior parte das hemoglobinopatias causa aumento, mas pode causar hemólise; Anemias associadas à normocitose: - Anemia de doença crônica: - Deficiência combinada de vit B12/ácido fólico com deficiência de ferro: pode ocorrer em pacientes pós gastrectomia, por redução da absorção desses nutrientes; - IRC: - SMD (síndrome mielodisplásica): i) Distribuição Avaliar se a distribuição eritrocitária é homogênea ou há aglutinações como crioaglutinações (células aglomeradas, microcoagulação intravascular) ou rouleaux (empilhamento das células); j) Coloração Inferir conteúdo hemoglobínico através da coloração eritróide; → Hipocromia; → Normocromia → Hipercromia CRIOAGLUTINAÇÕES ROULEAUX HIPER HIPO Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 Reticulócito acinzentado também é considerado hipercromia k) Forma - Hemácia normal: célula anucleada, rosada, palidez central, ocupa cercade 1/3 da célula com dimensões de 7-7,5 micrometros; - Formas anormais: pecilócitos ou poiquilócitos; - Pecilocitose/Poiquilocitose: presença de formas anormais de hemácias, comum em anemias ferropênicas severas, anemia megaloblástica, mielofibrose; 2. LEUCOGRAMA - Avaliação qualitativa e quantitativa dos leucócitos; - Avaliação quantitativa: → Câmara de Neubauer (assim como eritrograma); → Contadores eletrônicos: coeficiente de variação de 5% para contagens entre 2000 e 70-80000, >10% para contagens <2000; - Reduzem a contagem: → Coleta matinal: 5-10% inferior à vespertina; → Após refeições copiosas; - Preferência: coleta ao final da manhã, entre 15-18h, sem exercício físico/trabalho braçal prévio (aumenta); - Cada pessoa tem uma contagem própria: muito variável na população, pode haver variabilidade no leucograma de uma mesma pessoa devido às condições da coleta do exame (que podem aumentar ou reduzir a contagem); - A proporção entre os tipos de leucócitos varia POUCO de pessoa para pessoa: → Todas tem mais ou menos a mesma fórmula leucocitária → Predomínio de neutrófilos → Alguns eosinófilos e monócitos; → 1/3 de linfócitos; → Basófilos raros; → Plasmócitos vistos ocasionalmente; HIPO NORMO HIPER Reticulócito Valores normais: → 3.600 – 11.000 /microL Neutropenia racial: 10-20% menor na raça negra Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 Valores de referência: % - relativo /µ - absoluto Leucócitos ---- 3.600-11.000 Neutrófilos 40-70 1.500 -7.000 Linfócitos 20-50 1.000-4.000 Monócitos 2-10 100-1.000 Eosinófilos 1-7 50-500 Basófilos 0-3 0-200 - Valor absoluto é mais importante! - Neutrófilos totais são a soma de: → Bastonados (0-5%): no caso dos bastonados os % é tão importante quanto o valor absoluto, pois a redução dos neutrófilos totais (neutropenia) com aumento do % de bastões configura DESVIO À ESQUERDA. o Exceção em que o valor % tem significado interpretativo; → Segmentados; → Formas mais jovens mielóides: metamielócito, mielócito; - Infância: predomínio de linfócitos sobre neutrófilos (7:3) até os 6-7 anos – nessa fase existe o primeiro contato com diversos antígenos, ocorre a montagem da imunidade humoral; - Puberdade: equivalência - Citopenias e citoses relativas não significam nada se não acompanhadas de citopenias ou citoses absolutas; Erro ao interpretar a fórmula relativa: - Esquerda: Leucócitos em 20.000 90% de neutrófilos = 18.000 -> neutrofilia 7% de linfócitos = 1.400 -> valor normal, não tem linfopenia absoluta; - Direita: 70% de linfócitos = 1.400 (normal) num caso de leucopenia com neutropenia (neutrófilos =400), não existe linfocitose absoluta. Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 a) Neutrófilos Precursores de neutrófilos: - Pool mitótico: blastos a mielócitos pré-mitóticos – passagem da forma jovem para a forma amadurecida, evolução em 8 dias; → Se houver necessidade, um neutrófilo pode ser formado em 6 horas; - Pool pós-mitótico (maturativo): mielócitos pós mitóticos e metamielócitos; - Neutrófilos de reserva: bastonados e segmentados – vida intra-medular de 3-7 dias; → Contém 14x o número de neutrófilos circulantes; → Predomínio bastonatos sobre segmentados (3:2); → Existem também no sangue periférico; - Células anteriores aos bastões e segmentados na sequência de formação dos neutrófilos só chegam ao sangue periférico se houver algum problema; - Distribuição dos neutrófilos na circulação → Na corrente circulatória (pool circulante) → Outra parte adere ao endotélio vascular (pool marginal): não é contado na avaliação quantitativa leucocitária, disponíveis caso haja necessidade (não precisa produzir mais); Características celulares: - Mielócito neutrófilo → 12-18µ → Núcleo arredondado/oval, relação N/C 3:1-2; → Podem ter nucléolos visíveis; → Citoplasma rosa azulado, pequenos, granulações cor rosa-avermelhada, aparecem primeiro junto ao núcleo, espalhando-se depois pelo citoplasma; - Metamielócito: núcleo maior, chanfrado - Bastonete: → Grânulos → Não tem segmentação importante (no máximo 2); - Segmentados: → Grânulos → Segmentação nítida, Neutrofilia→ aumento no número absoluto de neutrófilos no sangue (>7.000 e 10-12% menos nas pop negras); → Expressão hematológica da resposta defensiva do organismo; → Descargas adrenérgicas (cafeína, exercícios...) podem causar neutrofilia rápida e fugaz (mobilização do pool marginal); Desvio à esquerda: quebra da hierarquia de liberação dos neutrófilos da reserva granulocítica medular para o sangue; → Pode ser mielócitos, mas o mais comum é aumento no número de bastonados; → Única eventualidade em que o valor % é o parâmetro a ser julgado na avaliação; → Quase sempre indica infecção; → Leucemia mielóide crônica: quadro clínico bem diferente do infeccioso; Causas mais comuns de neutrofilia: → Doenças infecciosas; → Algumas doenças inflamatórias agudas e crônicas; Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 → IAM: neutrofilia com eosinopenia; → Fármacos: lítio, corticoides ((>20.000 neutrofilia importante); → Após trauma severo: stress (descarga adrenérgica); → Pós-operatório; → Neoplasias; Neutropenia → Redução do número absoluto de neutrófilos; - Valores <1.500 - paciente branco; - Valores <1.200 – paciente negro; - Neutropenia moderada: 500-1.000 - Neutropenia severa: <500 – alto risco de infecção; - Causas: → Fármacos: anti-tireoidianos, fenotiazinas, clozapina (antidepressivos), quimioterápicos; → Neoplasias: invasão de MO; → Doenças infecciosas: mononucleose infecciosa por ex; → Neutropenias crônicas: neutropenia cíclica, neutropenia crônica benigna, síndromes genéticas (Chediak-Higashi) Alterações Reacionais - Granulações Tóxicas: → Granulopoiese continuamente exigida pela extensão e duração de um foco inflamatório: encurtamento do estágio intermitótico (+rápido) + redução dos prazos de maturação de células precursoras; → Neutrófilos chegam ao sangue periférico com granulações primárias, próprias de pró-mielócitos; → Grânulos grandes, ricos em enzimas, coram roxo escuro; → Ocorre em infecções graves; → Podem surgir por tratamento com filgrastima; - Vacuolização Citoplasmática: (+raro) → Ocorrem pela exocitose de material fagocitado e do conteúdo de conglomerados de lisossomos; → Frequêntes em infecções; → Causados também por conservação in vitro com EDTA; - Hipersegmentação Nuclear → Neutrófilo com 5 ou mais lóbulos; → Ocorre em: Defeito genético; IRC: por deficiência de elementos de formação do sangue; Neutrofilias de longa duração: pacientes graves de UTI, sepses de repetição; Hematopoiese megaloblástica: falta de vit B12 e/ou ácido fólico; SMD e SMP: Tratamento com HU; Queimaduras extensas: neutrófilos botrióides – hipersegmentação nuclear bizarra com aspecto de cacho de uva; - Presença reacional de células mielóides imaturas (reação leucemóide) - aguda → Células imaturas, com predomínio de mielócito, pode ter blastos, reacional a determinadas patologias: Neutrofilia da gravidez: não necessariamente patológico; Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 Fármacos: corticoides, filgrastima; Neoplasias; Infecções graves: OBS: coloração da fosfatase alcalina dos leucócitos é útil no diagnóstico diferencial → Não é leucemia: leucemia tem predomínio de blastos; Bastões de Auer-Rod - Inclusões citoplasmáticas presentes em mieloblastos e monoblastos: vermelho- púrpura, forma de bastão, corresponde ao alinhamento de grânulos primários; - Leucemia mielóide; Defeitos genéticos notados à microscopia: - Anomlia de Pelger-Huët: → Defeito genético autossômico dominante sem significado patológico; → Hipossegmentação de neutrófilos: presença apenas de bastonados e bissegmentados; → Desvio à esquerda constanteem paciente assintomático: normal para portadores da anomalia; → SMD – sd.mielodisplásica (frequente) e SMP – sd.mieloproliferação (raramente): defeito na segmentação dos neutrófilos, semelhante à anomalia genética – neutrófilos peigeróides b) Linfócitos - Linfócitos pequenos que predominam no sangue: 7-15µ, cromatina densa ocultando os nucléolos, escasso citoplasma hialino azul-celeste/azul-escuro, geralmente sem granulosrelação N/C3:1. - Lonfócitos grandes: mais citoplasma, núcleo pode ser chanfrado, pode ser confundido com monócitos; - Normalmente: linfócitos T = 70-90% dos linfócitos sanguíneos, 5-20% B – não dá pra saber qual é qual; - Vivem longamente: circulação no sangue e linfa; - Localização por período variável em órgãos linfoides, onde sofrem ativação e proliferação em respostas imunes; - Quando ativados: cromatina frouxa, nucléolos perceptíveis, citoplasma amplo; → Chamados de linfócitos atípicos quando presentes no sangue; - Proliferação terminal de linfócitos B – plasmócitos: núcleo denso e excêntrico, citoplasma basófilo, margem esbranquiçada, especializados na síntese de imunoglobulinas; - Linfócitos ativados e plasmócitos migram para o sangue em respostas imunes (principalmente viral); Linfocitose → aumento no número absoluto de linfócitos no sangue; Causas importantes: → Esplenectomia: não ocorre morte da célula no baço, acaba circulando por mais tempo; → Hemopatias malignas: leucemias linfocíticas crônicas; → Sífilis; → Mononucleose infecciosa EBV, acompanhada de monocitose; → CMV; → HIV após incubação, com linfócitos atípicos; Linfopenia → redução <1.000 Causas importantes: → Linfopenia passageira: estresse agudo (eixo hipófise-suprarrenal); → Drogas imunossupressoras: globulina anti-linfocítica, altas doses de corticoide; → Linfoma de Hodgkin; → LES; Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 → AIDS; Plasmocitose - Achado medular: normalmente não são circulantes; - 9-20µ, núcleo roxo escuro, sem nucléolos, excêntrico, citoplasma azul escuro abundante, área clara junto ao núcleo; - Pequeno número: vistos no sangue em viroses e reações imunológicas; - Hepatite A: plasmocitose 2-6%, sem linfocitose; - Rubéola: plasmocitose 3-30% + neutropenia com desvio à esquerda; - Mieloma múltiplo: alguns plasmócitos no sangue, patologia tumoral da medula óssea, doença monoclonal que causa formação de um anticorpo em detrimento dos outros; Eosinófilos - Células mielóides, podem ser: bastonetes, segmentados com granulação grosseira em núcleo cor negro-azulada e citoplasma vermelho/laranja; - Eosinofilia → aumento no número absoluto >500/µL; → Causas: Parasitoses; Doenças alérgicas/da pele; Radioterapia; Síndrome hipereosinofílica; Leucemias que cursam com aumento de lifnócitos; → Eosinofilia discreta em: colagenoses, serosites, TB; - Eosinopenia → <50/µL → Causas: Todos os casos de estímulo do eixo hipófise-suprarrenal: estresse, doenças infecciosas; Infecções no geral; Corticoides; Basófilos - Aparecimento raro: relacionado com leucemia mielóide crônica; - Constante na LMC: em etapas tardias chega a >4.000; - Demais SMP: 2-4% usual; - Basopenia: não existe – limite inferior normal é zero; Monócitos - Circulam brevemente no sangue; - Exercem funções nos tecidos: macrófagos fixos; - 14-21µm, núcleo grande em ferradura/chanfrado, imagens semelhantes a circunvoluções, relação N/C 1:1, sem nucléolos; - Numerosas granulações azuladas finas (lembrando poeira), vacúolos ocasionais; - Monocitose → >1.000/µL → Reacionais entre 1.000 e 2.000/µL: comuns; → Acompanha neutrofilia nos processos inflamatórios; → Doenças infecciosas: endocardite, TB, brucelose,; → Monocitose varicante na neutropenia crônica benigna, agranulocitose por fármacos, neutropenia cíclica; → Regeneração pós-aplasia por QT: monocitose precede neutrofilia; Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 → Leucemia mielomonocítica crônica; c) LEUCOGRAMA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS Varia com: → Localização/extensão do processo; → Magnitude de manifestações sistêmicas; → Agente etiológico; → Grupo etário; → Condições imunes do paciente; - Neutrofilia importante na pneumonia; → Ocorre também em: meningites, peritonites, artrites infecciosas, osteomielite, septicemia, coleções purulentas teciduais intra-cavitárias ou serosas; → Cocos G+ (G- também causam em processos similares); → Pode não ocorrer em doenças infecciosas em: RN, lactentes, desnutridos, pacientes muito idosos, debilitados, alcoolistas, pacientes sem reserva granulocítica (radio/quimioterapia), imunossuprimidos - Abdome agudo cirúrgico: neutrofilia + desvio à esquerda são tão precoces que podem anteceder sinais clínicos; → 12.000-18.000 com 70-90% de neutrófilos, geralmente com eosinopenia; → Linfocitopenia inicialmente relativa, torna-se absoluta com a evolução; → Persistindo o processo infeccioso sem resolução: pode esgotar a reserva granulocítica Queda súbita da neutrofilia; Piora clínica; Choque séptico; Óbito → Leucocitose com neutrofilia, dor abdominal e eosinopenia: eram utilizados como marcador de necessidade de cirurgia antigamente; - Paciente da esquerda: 35% de bastões = infecção grave - Leucopenia importante com 56% de bastões + granulações tóxicas = apesar da leucopenia, paciente apresenta infecção grave; PNEUMONIAS – Hemograma varia com as condições do paciente e com agente etiológico: - Pneumococo: → Neutrofilia + desvio à esquerda acentuados e precoces; → Leucocitose >20.000 comum; Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 → Eosinopenia não é constante; → Granulações tóxicas comuns; → Eritrossedimentação acelera precocemente; - Estafilococo: neutrofilia considerável + grande desvio à esquerda + granulações tóxicas; - H.influenzae: neutrofilia + desvio à esquerda (=pneumocócica); - Legionella: desvio à esquerda desproporcional à leucocitose; - Mycoplasma: neutrofilia moderada, sem linfocitose, presença de alguns linfócitos atípicos, crioaglutinação característica; - Pneumocystis carinii: imunossuprimidos, neutrofilia >15.000; Outras infecções - Endocardites subaguda: neutrofilia moderada, com ou sem desvio à esquerda, monocitose; - Artrites sépticas: neutrofilia + desvio à E; - Infecções faríngeas e amigdalianas: linfocitose com linfócitos atípicos na mononucleose, neutrofilia discreta em infecções estreptocócicas; Toxiinfecções Alimentares: hemograma importante para identificar causa infecciosa ou não. - Diarréias sem leucócitos fecais: coli-enterotóxicos, rotavírus, cepas de yersínia, hemograma inexpressivo; - Diarréia com leucócitos fecais com ou sem sangue: → Colite por germes invasivos: enorme desvio à esquerda, por grande perda de neutrófilos; → Shigueloses: neutrofilia; → Coli-invasivos, campilobacter, Yersinias invasivas e Salmonella: neutropenia com grande desvio à esquerda que normaliza rápido; → Pode ocorrer outras alteraões infecciosas; - Leucograma no 2º dia de disenteria e repetição em 48h: observa-se melhora do paciente, redução de bastões, possivelmente em uso de atb; O leucograma pode trazer alterações típicas de doenças primárias hematológicas: leucemias, aplasias de medula... 3. PLAQUETOGRAMA - Avaliação qualitativa e quantitativa; - Contadores contam e medem plaquetas pelo princípio de Coulter, no mesmo canal de eritrócitos, através do limiar de volume plaquetas<20 fl e eritrócitos>30fl; - Exatidão deixa a desejar: diferente dos leucócitos e eritrócitos ocorre variabilidade maior na contagem de plaquetas; - Satisfatória com coeficiente de variação <10% em contagens entre 40.000-500.000; Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23 - Insatisfatória em baixas contagens: coef.variação 50% entre 10.000-20.000, até 100% se <10.000.; - Por isso, em caso de baixa contagem de plaquetas, costuma-se repetiro exame (a não ser que o paciente tenha sintomas específicos, como hemorragia); Plaquetograma - Causas de erro: → Agregação plaquetária (EDTA – anticoagulante usado nos lab): atraso na coleta, conservação in vitro... pode-se trocar o anticoagulante (para heparina por ex); Plaquetas agregadas podem causar erro na contagem: conta uma quando na verdade tem mais; → Satelismo plaquetário: medido por fator plasmático (IgG ou IgM), plaquetas aderem in vitro aos neutrófilos, envolvendo-os como uma coroa; - Contadores medem plaquetas e fornecem resultado médio do volume plaquetário (VPM): 7-10 fl; Avaliação Qualitativa - São vistas no sangue periférico como pequenos discos/ovoides de 1-4µ - Macroplaquetas: >4µ, notadas em microscopia sem alterar o VMP (se pequena quantidade), podem ser confundidas com outras células (como eritrócito) e por isso influenciar na contagem de plaquetas; - Nas síndromes mielodisplásicas e mieloproliferativas: plaquetas gigantes e dismórficas; - Algumas síndromes genéticas acompanham plaquetas anormalmente pequenas: Sd. Wiscott-Aldrich; - Trombocitose: aumento na contagem; → Pode ser reacional (anemia ferropênica por ex) → Doença monoclonal da medula; → Doenças inflamatórias, infecciosas ou reumatológicas; → Pós-operatório; → Pós esplenectomia; → Doença primária da MO: SMP (trombocitemia essencial) - Trombocitopenia: redução; → Infecções virais; → Esplenomegalia: sequestro; → Anemias hemolíticas microangiopáticas; → Heparina principalmente IV; → PTI (trombocitopenia imune primária) aguda (idiopática ou não) – púrpura; → PTI crônica; → Na gestação: pré-eclâmpsia, HELLP (hemólise, alterações enzimáticas hepáticas e plaquetopenia), trombocitopenia gestacional); → Causas mais raras – Síndromes genéticas: S. Bernard Soulier: trombocitopenia com plaquetas gigantes (VPM>15) e agregação defeituosa; Sd. Wiscott-Aldrich: trombocitopenia com microplaquetas, insuficiência imunológica, TAR: trombocitopenia com ausência de rádio; Valores de referência: 130.000 – 400.000/µL Clínica Mariana Scheffer Sucolotti ATM 23