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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS FACULDADES INTEGRADAS DOS CAMPOS GERAIS DOENÇAS GASTROINTESTINAIS Respostas do atendimento Odontológico PONTA GROSSA DOENÇAS GASTROINTESTINAIS Respostas do atendimento Odontológico PONTA GROSSA 1.DOENÇAS GASTROINTESTINAIS RECORRENTES 1.1 DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL “Doenças gastrointestinais inflamatórias” é uma expressão geralmente utilizada para definir um grupo de doenças inflamatórias intestinais na maioria das vezes, de causa desconhecida. São divididas em: Doença de Crohn (CD), colite ulcerativa (UC) e doença celiaca (DC). Estudos sugerem que fatores genéticos, ambientais, microbiota intestinal e imunorregulação da mucosa, contribuem para o aparecimento da doença e que nenhum desses componentes isoladamente pode explicar a DII, mas a interação entre eles podem não só induzir a um quadro próximo à doença, como pode determinar seu fenótipo. A Doença de Crohn (DC) é uma condição inflamatória que pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal desde a boca até o ânus. Em 47% dos casos, a região acometida é o íleo terminal, a região do cólon em 28% dos portadores, 21% região ileocolônica comprometida e apenas 3% dos portadores apresentam o trato gastrointestinal superior afetado. Ela pode ser classificada em inflamatória (70% dos casos), estenosante(17% dos pacientes) e penetrante/fistulizante – quando apresenta fístulas, abscessos ou ambos (13% dos casos diagnosticados). A apresentação clínica da DC depende da localização e da extensão das lesões e da presença de eventuais complicações. Clinicamente, os pacientes com DC apresentam dor abdominal, diarréia, perda de peso, anorexia, mal estar e febre. A colite ulcerativa é doença em que áreas extensas das paredes do intestino grosso ficam inflamadas e ulceradas. A motilidade do cólon ulcerado costuma ser tão grande que ocorrem movimentos em massa em grande parte do dia, enquanto no cólon normal os movimentos duram de 10 a 30 minutos por dia. As secreções do cólon aumentam muito. Como resultado, o paciente tem movimentos repetidos intestinais, com diarréia. Na Colite Ulcerativa, as camadas mais profundas do intestino, subjacentes à submucosa, não são envolvidas, ou seja, o processo fica limitado à mucosa e à submucosa superficial, mas a inflamação ocorre de modo contínuo e uniforme, diferentemente do que ocorre na DC, compromete mais o cólon e o reto, mas pode disseminar-se proximalmente para envolver todo o intestino grosso e o íleo. Estas patologias podem produzir manifestações bucais, algumas inespecíficas e que podem interferir na conduta do profissional de Odontologia e no plano de tratamento. Dentre as manifestações bucais que mais ocorrem na DC podem-se citar lábios edemaciados, arquitetura da mucosa em forma de aspecto pedregoso (semelhante a pedras arredondadas usadas para calçamento)– essa forma, embora relacionada ao intestino, é descrita por Friedman e Blumberg (2008), como ulcerações estreladas que se fundem longitudinal e transversalmente, úlceras aftosas, alterações em glândulas salivares menores, salivação reduzida, halitose, boca seca, diferentes formas de candidíase, queilite angular, hiperplasia gengival, líquen plano bucal. O envolvimento da odontologia na colite ulcerativa é pouco registrado e ainda não está bem compreensível a exata relação entre ambas. Basu e Asquit (1980) e Bucci et al. (1984), descreveram as seguintes manifestações bucais em pacientes com colite ulcerativa: úlceras aftosas recorrentes (UAR), úlceras similares a pioderma gangrenoso na pele, pioestomatite vegetante e úlceras hemorrágicas na mucosa bucal. Além disso, a doença celiaca relaciona-se com a odontologia devido as alterações que podem ser encontradas na cavidade bucal. A hipoplasia do esmalte dentário, embora pouco destacada na literatura, é um sinal frequente, bastante comum na forma clínica silenciosa, sendo possivelmente a única manifestação da doença em crianças e adolescentes celíacos não tratados, atraso na irrupção dental, queilite, líquen plano bucal e glossite atrófica. 1.2 REFLUXO GASTROESOFÁGICO A estimativa é de que a doença afeta aproximadamente 12% da população brasileira. Suas manifestações clínicas são divididas em sintomas típicos (pirose e regurgitação), sintomas atípicos (dor torácica, tosse,manifestações otorrinolaringológicas[rouquidão, pigarro, laringite] e asma) e formas complicadas. Pirose, ou azia, é a sensação de queimação retroesternal, muitas vezes proveniente do epigástrio alto, e que pode ascender até a região cervical e raramente para o dorso ou membros superiores. Há de se ter cuidado com o sintoma referido como azia pelos pacientes, já que frequentemente utilizam este termo para queimação epigástrica ou sintomas dispépticos. Os fatores desencadeantes mais comuns são os alimentos gordurosos ou picantes, cítricos, carminativos, café, refrigerantes, álcool, refeições volumosas, tabaco, medicamentos e o hábito de se deitar imediatamente após as refeições. Vários autores têm sugerido que os doentes com DRGE podem apresentar, além dos sintomas citados, manifestações bucais, pois o refluxo, ao atingir a cavidade oral, pode causar lesões nos tecidos moles ou mesmo nos dentes, dentre as manifestações, destacam-se: erosão dental, alterações salivares, halitose, xerostomia, glossidinia, aftas, queimação ou coceira da mucosa oral, alteração na atividade de cárie, gosto azedo ou amargo na boca, alterações gengivais, salivação excessiva, sensibilidade lingual e dental e alterações microscópicas na mucosa palatal. O diagnóstico deve ser realizado pela análise da história clínica e métodos complementares, como: estudo contrastado de esôfago-estômagoduodeno, pHmetria de 24 horas, endoscopia digestiva com biópsia e estudo combinado de impedaciometria com pHmetria. 1.3 ÚLCERA PÉPTICA Uma úlcera péptica é área escoriada na mucosa gástrica ou intestinal, causada, principalmente, pela ação digestiva do suco gástrico ou das secreções no intestino delgado superior. A área de lesões mais frequentes é em torno do piloro. As úlceras pépticas também ocorrem, com frequência, ao longo da pequena curvatura, na extremidade antral do estômago ou, mais raramente, na extremidade inferior do esôfago, para onde o suco gástrico, frequentemente, reflui. Um tipo de úlcera péptica, chamada de úlcera marginal, também ocorre, com muita frequência, nas incisões cirúrgicas como, por exemplo, na gastrojejunostomia entre o estômago e o jejuno. A causa comum é a perda do balanço entre a intensidade da secreção de suco gástrico e o grau de proteção dado pela barreira da mucosa gastroduodenal e pela neutralização do ácido gástrico pelos sucos duodenais. Dois mecanismos de controle por feedback, normalmente, asseguram que essa neutralização do suco gástrico seja completa: Quando excesso de ácido entra no duodeno, isso, reflexamente, inibe a secreção gástrica e o peristaltismo no estômago, seja por reflexos nervosos ou por feedback hormonal, diminuindo assim o esvaziamento gástrico. A presença de ácido, no intestino delgado, libera secretina pela mucosa intestinal para o sangue, e essa estimula o pâncreas a secretar suco pancreático com concentração alta de bicarbonato de sódio; o bicarbonato de sódio neutraliza o ácido. A Infecção Bacteriana por Helicobacter pylori que rompe a barreira mucosa Castroduodenal e estimula a secreção de Ácido Gástrico é uma causa. Há fortes evidências que a bactéria seja o fator causal mais importante na úlcera péptica. Mais de 90% dos adultos com úlcera duodenal e 70% a 90% daqueles com úlcera gástrica são infectados. Pode ser causada pela placa bacteriana. Assim fica claroque o controle da placa é fundamental para a cura da doença. O sintoma mais notável é a dor forte que surge geralmente no epigastro (zona do estômago junto às costelas) e por vezes também do lado direito e nas costas, cerca de duas horas depois de refeição, e desaparece após algum tempo. Outros sintomas frequentes são a náusea, vômitos e saciedade após as refeições. O diagnóstico depende da realização de uma endoscopia digestiva alta, exame que visualiza o trato digestivo por meio de um tubo flexível com fibra óptica na ponta, o endoscópio, introduzido pela boca. Além da visão direta, esse método permite a realização do teste de urease, que consiste na análise de um fragmento pequeno da mucosa gástrica para pesquisa direta da presença do Helicobacter, ou da biópsia com exame anatomopatológico, para verificar o grau de inflamação da mucosa e a natureza de suas alterações, se benigna ou maligna. O tratamento se baseia no uso de antiácidos para neutralizar o excesso de ácido existente ou de medicamentos que inibam sua produção. Se a presença do Helicobacter ficar demonstrada pelos exames diagnósticos, será necessária também a utilização de uma combinação de antibióticos para eliminar esse agente infeccioso. É oportuno ressaltar que, na maioria dos casos, a erradicação da bactéria resulta na cura da doença. CONCLUSÃO Levando-se em consideração os aspectos observados, fica evidente que as patologias gastrointestinais e a odontologia estão diretamente relacionadas. A cavidade oral é fortemente afetada por essas patologias e a má higiene também influencia na origem de algumas patologias. Assim se faz importante o estudo do profissional sobre como proceder nesses casos, para um melhor diagnóstico e planejamento do tratamento. REFERÊNCIAS 1. ABRAHÃO JUNIOR, Luiz João. Doença do refluxo gastroesofágico. Jornal Brasileiro de Medicina. Rio de Janeiro, p. 31-36. nov. 2014. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2015/v102n6/a4558.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. 2. CARVALHO, Anfrisina S.t. de. Úlcera péptica. Jornal de Pediatria. Belo Horizonte, p. 127-134. fev. 2000. Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-S127/port.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. 3. CORRÊA, Maria Carolina Canteras Scarillo Falotico; LERCO, Mauro Masson; HENRY, Maria Aparecida Coelho de Arruda. Estudo de alterações na cavidade oral em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico. Arquivos de Gastroenterologia, [s.l.], v. 45, n. 2, p. 132-136, jun. 2008. 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