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Aprendizagem e Desenvolvimento Motor

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CURSO: Educação Física 
DISCIPLINA: Aprendizagem e Desenvolvimento Motor 
PROFESSORA: Verônica Ferreira 
MATERIAL PARA AULA NÃO-PRESENCIAL 
 
MODELOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
O desenvolvimento motor pode ser entendido 
como um processo evolutivo sequencial, dependente das 
interações entre maturação e aprendizagem, em que 
podem ser identificadas fases (ou estádios ou níveis), de 
comportamento estável ou, pelo menos, relativamente 
consistentes. Muitas das competências adquiridas ao 
longo da vida são resultado direto da maturação dos 
diferentes sistemas, desde as competências preceptivas 
mais elementares até aos recursos neuromotores para 
regular movimentos complexos. No entanto, cada ser é 
capaz de, dentro de certos limites, tornar-se único devido 
ao conjunto também único e individualizado das suas 
experiências. 
As competências individuais são então o 
resultado de uma herança genética que, em traços gerais, 
determina potencialidades exclusivamente humanas 
comuns a toda a espécie, configurando ao mesmo tempo 
cada ser numa estreita dependência dos seus 
progenitores e das suas experiências. Nem todas as 
características individuais possuem o mesmo grau de 
hereditariedade. Algumas variáveis morfológicas, por 
exemplo, são muito influenciadas por herança parental, 
e outras, como as habilidades motoras e algumas 
capacidades físicas, são muito dependentes do conjunto 
de experiências a que cada indivíduo tem acesso. 
Podemos afirmar que o potencial genético 
individual é realizado em grau variável pela adaptação 
particular aos diferentes contextos do desenvolvimento. 
Em cada instante do processo de desenvolvimento, cada 
ser é uma combinação única de variáveis genéticas e 
ambientais. Este resultado pode ser acedido de múltiplas 
e diferentes formas e pode ser expresso com alguma 
segurança num “potencial de desenvolvimento”. 
Numa abordagem descritiva, é convencional 
caraterizar-se o desenvolvimento motor a partir de níveis 
ou estádios representando caraterísticas peculiares de 
certos períodos razoavelmente homogéneos, ainda que, 
internamente, cada um deles seja naturalmente 
evolutivo. A pirâmide de desenvolvimento motor supõe 
que a motricidade evolui de uma forte componente 
reflexa e desordenada (também chamada de massiva 
pela implicação de grandes massas musculares no 
comportamento) para uma motricidade especializada, 
culturalmente vinculada e individualmente diferenciada. 
O desenvolvimento motor é o processo de 
transformação de uma resposta com reduzida 
componente cultural e forte componente biológica (o 
reflexo e a motricidade aparentemente desorganizada 
dos primeiros tempos de vida) para uma motricidade 
culturalmente específica de cada espaço e de cada 
tempo. A crescente sofisticação motora pode ser 
entendida como uma procura da eficiência (mais 
trabalho com menos gasto energético), da 
adaptabilidade (procurando comportamentos mais 
generalizáveis a novas situações) e da estabilidade 
(preservando as caraterísticas gerais de cada aquisição, 
independentemente das solicitações contextuais). 
 
 
MODELO DA PIRÂMIDE DE GALLAHUE - 1982 
 
David L. Gallahue (1982) propôs o modelo de 
desenvolvimento inter-habilidades mais popularizado e 
que se esquematiza numa pirâmide. Na base da pirâmide 
encontra-se o primeiro estágio (movimentos reflexos) 
tipicamente caraterísticos dos recém-nascidos. Nos 
patamares seguintes surgem dois estágios relativos a 
movimentos essenciais (movimentos rudimentares, 
como gatinhar ou caminhar; movimentos fundamentais, 
como correr, saltar ou lançar). O topo da pirâmide é 
constituído pelos movimentos especializados. A figura 
abaixo ilustra o modelo de Gallahue (1982). 
Neste contexto, as habilidades motoras básicas 
(p.e., movimentos rudimentares e fundamentais) são um 
pré-requisito para a aquisição, à posteriori, de 
habilidades mais complexas, mais específicas, como são 
as desportivas. Com efeito existe um momento de 
“prontidão” em que a aquisição das habilidades 
desportivas terá uma maior probabilidade de sucesso. 
 
MODELO DA AMPULHETA DE GALLAHUE - 2001 
 
Levando-se em consideração o trabalho 
constante e novas análises do desenvolvimento humano, 
Gallahue, juntamente com outros pesquisadores, propôs 
um novo esquema para ilustrar o modelo de 
desenvolvimento inter-habilidades: o modelo da 
ampulheta. Nessa nova proposta, as quatro fases 
propostas no modelo anterior passam por uma espécie 
de estratificação, tendo diversos estágios em cada uma 
delas. Dessa forma, os movimentos especializados, por 
exemplo, abrangem mais categorias, tais como: lazer, 
esportivas e profissionais. 
A partir dessa estrutura, é possível observar a divisão do 
desenvolvimento motor em quatro fases que são 
sequências e tem como referência o avanço da idade 
cronológica. 
· Fase dos movimentos reflexos inicia-se ainda no 
útero, aproximadamente, na décima oitava semana de 
gestação e encerra-se até o décimo segundo mês de 
idade. 
· Fase dos movimentos rudimentares sobrepõe-se à 
fase de movimentos reflexos sendo os primeiros 
movimentos voluntários da criança. 
· Fase dos movimentos fundamentais caracteriza-se 
pelo aparecimento de várias formas de movimentos 
como: correr, saltar, arremessar, chutar, receber, entre 
outros. O desenvolvimento dos movimentos 
fundamentais segue uma sequência de estágios, 
representando níveis graduais de proficiência, refletindo 
a qualidade de seu controle motor: 
1. Estágio inicial: nesta fase, as crianças realizam as 
primeiras tentativas para execução de movimentos, e é 
caracterizada por movimentos descoordenados e 
imperfeitos, sem coordenação rítmica, executados de 
uma forma exageradamente grosseira ou inibida. 
2. Estágio elementar: neste estágio as crianças 
apresentam um maior controlo sobre seus movimentos, 
melhora a coordenação rítmica e tem melhor 
coordenação espaço temporal. 
3. Estágio maduro: o estágio maduro da maioria das 
habilidades motoras fundamentais pode ser atingido aos 
6 ou 7 anos de idade, porém, algumas 
crianças podem atingir este estágio 
mais cedo. 
· Fase dos movimentos 
especializados refere-se a uma etapa 
de aperfeiçoamento dos movimentos 
fundamentais, em que são refinados, 
combinados e elaborados. São 
tipicamente dominados no final da 
infância. 
 
A compreensão desses estágios ou 
fases permite perceber melhor o 
processo de desenvolvimento pelo 
qual passa o ser humano durante sua 
formação, de modo que, como 
professores/treinadores e 
conhecedores desses processos, seja 
possível avaliar melhor os alunos – e, dessa maneira, 
tornar as aulas mais adequadas às necessidades de cada 
fase – ou mesmo atender às especificidades de cada 
aluno. Por exemplo, um aluno que tem entre 8 e 10 anos 
de idade está entrando em um período em que se 
combinam habilidades motoras básicas; por isso, ele 
deve vivenciar uma enorme variedade de movimentos, e 
não se pode de forma alguma especializar esse garoto em 
uma única habilidade. 
 
MODELO DE MANOEL E CONNOLLY 
 
De acordo com esse modelo, o desenvolvimento 
motor se divide em cinco fases: fase dos movimentos 
fetais; fase dos movimentos reativos e espontâneos; fase 
de ações motoras básicas; fase de combinação das ações 
motoras básicas e fase de ações motoras especializadas. 
Para esses autores, os comportamentos fetais são parte 
integral do processo de desenvolvimento, bem como a 
influência cultural do ambiente. 
Há uma diferença entre as categorias 
apresentadas nesses moledo, que passam a ser 
chamadas de ações, e não movimentos, tendo em vista a 
presença d uma intenção, uma meta a ser alcançada com 
a execução do movimento. Parte expressiva do 
desenvolvimento motor refere‑se à contextualização dos 
movimentos diante das atividades e tarefas que o 
indivíduo necessita realizar para viver. 
Sob esse prisma, o desenvolvimentomotor na 
infância caracteriza‑se pela forma como as ações são 
construídas a partir da intencionalidade da criança num 
dado contexto físico e social. É nesse processo que a 
criança se torna agente do seu próprio desenvolvimento. 
As fases desse modelo são apresentadas a seguir: 
• Fase de movimentos fetais: aquisição de movimentos 
na vida intrauterina; eles podem ser rápidos, lentos, 
seriados, discretos, uniarticulares e multiarticulares; 
parecem ser causa e efeito do desenvolvimento 
neuromuscular. 
• Fase dos movimentos reativos e espontâneos: 
aquisição e desaparecimento dos dois tipos de 
movimentos: a) associados a um conjunto determinado 
de estímulos, no caso dos reativos; e b) gerados sem 
estimulação externa, para os espontâneos. Além do 
papel crucial na sobrevivência do recém‑nascido, os 
movimentos reativos e espontâneos possibilitam os 
meios para exploração do meio físico e social por parte 
do bebê no primeiro ano de vida após o nascimento. 
• Fase das ações motoras básicas: aquisição de 
movimentos voluntários. Aqui há um leque de 
habilidades motoras utilizadas para a vida diária em 
ações de locomoção, manipulação e orientação, cujo 
papel também é de servir de fundamento para as 
habilidades especializadas. A prevalência dessas ações 
em crianças em todo o mundo (caráter universal) não 
necessariamente implica um determinismo genético, 
mas sim a alta possibilidade de haver correlações entre 
fatores internos e externos ao organismo, que 
contribuem para essa aquisição. 
• Fase de combinações das ações motoras básica: há a 
aquisição das diferentes formas de combinação entre 
habilidades de locomoção, orientação e manipulação. 
Essa fase representa um aumento na complexidade das 
ações motoras básicas, uma vez que passam a ser 
combinadas entre si. 
• Fase de ações motoras especializadas: a aquisição 
dessas ações é vista como um resultado da influência 
cultural, entretanto o caráter particular e específico delas 
deve‑se à ocorrência de correlações entre fatores 
internos e externos ao organismo, que são resultados dos 
nichos ecológicos do indivíduo. Podem ser classificadas 
como habilidades do cotidiano, ocupacionais, 
expressivas, artísticas, esportivas e recreativas.

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