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DIABETES MELITO É um problema de saúde pública mundial em virtude de sua elevada morbimortalidade. A cada 6 segundos uma pessoa morre devido a diabetes e suas complicações. A prevalência de DM2 tem se elevado com maior intensidade nos países em desenvolvimento; hoje dos indivíduos com DM2 moram em países de baixa renda. Os índios Pima americanos apresentam a maior prevalência de diabetes atualmente. No Brasil, estima-se que existam 14,3 milhões de pessoas com DM prevalência de 9,4%. A projeção para 2040 é de 23,2 milhões de casos. A doença é mais frequente em mulheres e em indivíduos na faixa etária de 65 anos a 74 anos. 35 a 50% dos indivíduos com DM2 são oligo ou assintomáticos; em razão disso o diagnóstico é feito com um atraso estimado em 4-7 anos. Em consequência das complicações crônicas, os diabéticos apresentam elevada morbidade (perda da visão, insuficiência renal, amputação de membros, IAM, AVC) e mortalidade 3 vezes maior. No Brasil e na Europa, o DM é raro em crianças e adolescentes. DIFERENÇAS ENTRE DIABETES MELITO TIPO 1 E 2 A diferenciação é relativamente simples e se baseia em dados clínicos e epidemiológicos. Os sintomas clássicos da DM (poliúria, polifagia e polidpsia) estão presentes em praticamente 100% dos casos de DM1. Nos casos de DM2, 35 a 50% são oligo ou assintomáticos. DIABETES MELITO TIPO 1 Resulta da deficiência absoluta de insulina. Causas Tipicamente, pacientes com DM1 tem IMC normal. Entretanto, a presença de sobrepeso ou obesidade não exclui o diagnóstico, uma vez que atualmente tem-se elevado a quantidade de casos de DM1 associado ao excesso de peso. Característica marcante: os pacientes têm tendência à cetose e a invariável necessidade de insulinoterapia. CAD é manifestação inicial da DM1 em até 30% dos casos em adultos e 65% em crianças. DM1 AUTOIMUNE Representa 5 a 10% de todos os casos de diabetes Faixa etária: predomínio em crianças e adolescentes Prevalência: 0,5 a 1% da população A deficiência absoluta de insulina manifesta-se quando 90% das ilhotas são destruídas Patogênese Deficiência absoluta de insulina decorrente da destruição das células beta pelo sistema imune. Acredita-se que o processo seja desencadeado pela agressão das células beta por fator ambiental (principalmente infecções virais) em indivíduos geneticamente suscetíveis – conferida pelo HLA – antígeno leucocitário O diabetes melito representa um grupo de doenças metabólicas, com etiologias diversas, caracterizado por hiperglicemia, que resulta de uma secreção deficiente de insulina pelas células beta, resistência periférica à ação da insulina ou ambas. As duas principais etiologias são DM2 (90 a 95% dos casos) e DM1 (5 a 10% dos casos). autoimune idiopática (bem mais rara) humano. Esses antígenos das células betas (DR3 e DR4) são atacados pelo sistema imune, uma vez que são parecidos com antígenos virais. Alguns anticorpos foram identificados como marcadores da destruição autoimune da célula beta. Em geral, eles precedem a hiperglicemia (estágio pré-diabetes) e estão presentes em 90% dos pacientes na hora do diagnóstico. Recentemente foi descoberto um novo antígeno expresso nas células beta (Znt8). O anticorpo contra esse antígeno (Znt8A) parece ter elevada especificidade diagnóstica. Etiologia A DM1 autoimune pode ter herança mono ou poligênica (mais frequente). A forma monogênica pode se apresentar isoladamente ou associada a 2 raras condições: a Síndrome Poliglandular Autoimune do tipo 1 (SPA-1) e Síndrome IPEX (desregulação imune, poliendrocrinopatia, enteropatia, ligadas ao X). A forma poligênica é causada por alterações nos genes ligados ao HLA, por polimorfismos no gene da insulina ou por polimorfismos no gene de uma fosfatase dos linfócitos. Essa última alteração genética causa a SPA-2, que pode-se manifestar com Doença de Addison, manifestações tireoidianas e DM1. DM1 IDIOPÁTICO Encontrado em 4 a 7% dos pacientes com DM1 recém-diagnosticados Prevalência em descendentes de africanos ou de asiáticos Patogênese desconhecida DM1 AUTOIMUNE LATENTE EM ADULTOS (LADA) É uma forma de diabetes autoimune, mas a velocidade da destruição das células beta é mais lenta Faixa etária: maior manifestação entre 30 a 50 anos É o tipo mais comum de DM autoimune em adultos (> DM1 autoimune) Pacientes com LADA compartilham aspectos genéticos do DM1 e do DM2. Geralmente são diagnosticados com DM2, mas não se encaixam porque apresentam anticorpos anti-GAD e ICA e baixos níveis de peptídeo C. Critérios diagnósticos ICA – anticorpos anti-ilhotas IAA – anticorpos anti-insulina anti-GAD – antidescarboxilase do ácido glutâmico O desenvolvimento da DM1 autoimune é dividido em 4 fases: 1)Pré clinica, com suscetibilidade genética e autoimunidade contra a célula beta 2)Início clínico do diabetes 3)Remissão transitória (período de lua de mel) 4)Diabetes estabelecido associado a complicações agudas e crônicas idade no diagnóstico entre 25 e 65 anos ausência de CAD ou hiperglicemia acentuada no diagnóstico ou imediatamente após, sem necessidade de insulina por 6-12 meses (DM1) existência de anti-GAD (DM2) OBS: diabetes autoimune latente do jovem – LADY – pacientes jovens com características de DM2 mas com autoimunidade antipancreática. DIABETES MELITO TIPO 2 Responsável por 90 a 95% de todos os casos de diabetes. Surge habitualmente após os 40 anos, mas pode acometer até mesmo crianças e adolescentes (em países como EUA, Japão e Canadá a incidência de DM2 tem aumentado nessas faixas etárias – relação com o aumento de obesidade). 80% dos pacientes são obesos 70 a 90% apresentam síndrome metabólica Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica (SHH) = complicação aguda da DM2. CAD raramente acontece espontaneamente no DM2; se surge está associada com estresse de alguma doença e infecção grave. Patogênese Fatores de risco Principais fatores de risco para o diabetes melito tipo 2 Obesidade História familiar de diabetes (pais ou irmãos com diabetes) Raça/etnia – negros, hispânicos, índios Pima, habitantes das ilhas do Pacífico Indivíduos com idade > 45 anos Diagnóstico prévio de intolerância a glicose HA Dislipidemia (HDL <35mg/dl e/ou TGL >250ml/dl) História de DM gestacional ou macrossomia fetal Tabagismo Sedentarismo Síndrome dos ovários policísticos Crianças pequenas para a idade gestacional – PIG – fenótipo econômico conjunto de fatores que ↑ risco cardiovascular (dislipidemia, obesidade abdominal, RI, hipertensão, tolerância alterada à glicose ou diabetes) Os principais mecanismos fisiopatológicos que levam à hiperglicemia nO DM2 são: resistência periférica à ação da insulina nos adipócitos e no músculo esquelético secreção deficiente de insulina pelo pâncreas aumento da produção hepática de glicose devido a resistência insulínica no fígado Entretanto, outros mecanismos desempenham papel importante na patogênese do DM2, formando o octeto nefasto. DIAGNÓSTICO Clínico Os sintomas clássicos são + característicos do DM1 A obesidade não descarta diagnóstico de DM1 50% dos pacientes com DM2 são oligo ou assintomáticos, apresentando sintomas inespecíficos como tonturas, dificuldade visual, astenia, câimbras. 80% tem excesso de peso. Laboratorial 1) Glicemia de jejum Método mais prático Dois valores a 126 mg/dl obtidos em dias diferentes são suficientes para estabelecer o diagnóstico. Exceção – hiperglicemia inequívoca (glicose de jejum > 250 a 300 mg/dl) com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM Níveis 100 e < 126 mg/dl caracterizam a glicemia de jejum alterada. Nessa situação os pacientes devemser submetidos a um teste oral de tolerância a glicose. 2) Teste oral de tolerância à glicose Indicação: diagnóstico de diabetes gestacional e em pacientes com glicemia de jejum alterada. Deve ser realizado pela amanhã após 8 ou 14 horas de jejum e pelo menos 3 dias de dieta sem restrição de carboidratos (ingestão > 150g/dia). Coleta-se amostra de sangue para dosagem de glicemia de jejum, administram-se 75g de glicose anidra (equivalentes a 82,5g de glicose monoidratada) dissolvidos em 250 a 300ml de água. Após 2 horas, faz-se uma nova coleta de sangue para medir a glicemia. polifagia, polidipsia, poliúria, perda de peso 3) Hemoglobina glicada ou glicosilada HbA1c ou A1C Representa 4 a 6% da hemoglobina total Ela é produto da reação não enzimática entre glicose sanguínea e o grupo aminoterminal de um resíduo de valina na cadeia β da Hb a partir de uma reação não enzimática, irreversível e de intensidade diretamente proporcional à glicemia. Os valores de hemoglobina glicada refletem a média das glicemias durante os últimos 2 a 3 meses É o exame padrão-ouro no controle glicêmico. Deve ser realizada a cada 3 a 4 meses quando o controle glicêmico ideal ainda não tiver sido alcançado e 2 vezes por ano em pacientes com controle glicêmico estável e dentro dos objetivos do tratamento. Cada redução de 1% no valor absoluto da A1C diminuiu em 35% o risco de complicações microvasculares. Armadilhas: anemia hemolítica, estados hemorrágicos (fatores que encurtam a vida das hemácias), altas doses de vitaminas C e E, gravidez ou parto recente, transfusão de sangue recente, diminuem os valores da hemoglobina glicada. Por suas vez anemias por carência de ferro, vitamina B12 ou folato (fatores que aumentam a sobrevida das hemácias), uremia, hipertrigliceridemia, insuficiência renal crônica, esplenectomia, álcool, toxicidade por chumbo ou opiáceos, aumentam os valores da hemoglobina glicada. O controle do DM em pacientes com hemoglobinopatias é feito pela frutosamina (albumina glicada – reflete controle glicêmico nos últimos 7 a 14 dias) 4) Glicosúria Tem baixa sensibilidade diagnóstica, uma vez que glicosúria costuma surgir apenas com glicemias >180 mg/dl. Além disso, pode-se ter glicosúria na ausência de DM: gravidez (em até 50% das gestantes), tubulopatias renais, insuficiência renal crônica e glicosúria renal familiar. 5) Pesquisa de corpos cetônicos Cetonúria associada à hiplerglicemia é característica da cetoacidose diabética. Indicações: paciente com DM1 que apresenta alteração importante do estado de saúde, gestante com DM1. Corpos cetônicos na urina durante o jejum ocorrem em mais de 30% dos indivíduos normais na primeira urina da manhã; resultados falso-positivos: cuso de medicamentos que contenham o grupo sulfidrila (captopril), quando a urina ficar exposta ao ar por longo período de tempo ou quando for muito ácida ( após ingestão de grandes quantidades de vitamina C). glicemia de 2 horas < 140 mg/dl tolerância normal à glicose glicemia de 2 horas >140 e <199 mg/dl tolerância diminuída à glicose (pré diabetes) glicemia de 2 horas 200 mg/dl diabetes recomendado são níveis de HbA1c <7% acima desse valor risco aumentado de complicações micro e macrovasculares HbA1c 6,5% diabetes 6) Dosagem do peptídeo C Avalia a capacidade secretória do pâncreas uma vez que o peptídeo C é secretado em concentrações iguais às da insulina. O método mais utilizado é a determinação do PC basal e 6 minutos após a injeção intravenosa de 1 mg de glucagon. 7) Dosagem dos autoanticorpos contra a célula beta Encontrados no DM1A e no LADA. Em quem pesquisar o diabetes? Indicações para pesquisa do diabetes Sintomáticos Pacientes com sintomas clássicos da doença Pacientes com queixas de vulvovaginite de repetição ou disfunção erétil Assintomáticos Indivíduos com idade > 45 anos Indivíduos com idade < 45 anos, com IMC 25 e fatores de risco para DM ° Sedentarismo ° História familiar de diabetes (parentes em 1o grau) ° História de macrossomia fetal ou diagnóstico prévio de diabetes gestacional ° Hipertensão (PA ≥ 140/90 mmHg) ° Dislipidemia (HDL-colesterol < 35 mg/dℓ e triglicerídeos ≥ 250 mg/dℓ) ° Diagnóstico prévio de intolerância à glicose (em jejum ou ao TOTG) ° Síndrome dos ovários policísticos ° Esteatose hepática e outras condições clínicas associadas à resistência insulínica (p. ex., acantose nigricans) níveis do PC > 0,9 ng/mℓ no basal e > 1,8 ng/mℓ após glucagon indicam uma reserva de insulina compatível com DM2. Valores inferiores confirmam o diagnóstico de DM1
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