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Diabetes mellitus (DM), é uma doença causada pelo metabolismo anormal de carboidratos que cursa com elevação anormal da glicemia capilar (hiperglicemia) Essa hiperglicemia é decorrente por defeitos da secreção e/ou ação da insulina, hormônio produzido pela células beta do pâncreas - Células Beta = Insulina - Células Alfa = Glucagon Papel da insulina e do glucagon A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas (células beta), e tem como função metabolizar a glicose para produção de energia. Ela atua como uma "chave", abrindo as "fechaduras" das células do corpo, para que a glicose entre e seja usada para gerar energia. Classificação do Diabetes Mellitus (SBD) Diabetes mellitus tipo 1 - Doença de natureza autoimune, poligênica, decorrente da destruição das células beta pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina; - Prevalência de 5-10% de todos os casos de dm; - É mais frequentemente em crianças, adolescentes e, em alguns casos adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres; - Subdivide-se em DM tipo 1A e 1B, a depender da presença ou ausência de autoanticorpos circulantes. Diabetes mellitus tipo 1A - Forma mais frequente de dm1; - Positividade de um ou mais anticorpos; - Forte associação com o antígeno leucocitário humano (HLA) dqr3 e dqr4; - Além da predisposição genética, fatores ambientais podem desencadear a resposta imune: infecções virais, componentes dietéticos e composição da microbiota intestinal. Fatores ambientais - Alimentares; - Albumina Sérica Bovina (BSA); Leite materno - protetor (?) - Nitritos / nitratos; - Infecciosos; Virais Cocksakie A e B Enterovírus Rubéola Congênita Citomegalovírus Caxumba Influenza H1N1 - Temperatura e vitamina d; Maior incidência do dm1 nos meses de inverno em ambos os hemisférios; Maior taxa de infecções virais?; Deficiência de vitamina d?; Etiopatogenia Autoanticorpos ICA - Anticorpos anti-ilhotas pancreáticas AAI - Auto anticorpos anti-insulina IA-2 - Proteína relacionada à tirosina-fosfatase Anti – GAD- Descarboxilase do ác.glutâmico Anti-ZnT8= Anticorpo antitransportador de Zinco Quantos maior a quantidade de autoanticorpos presentes e mais elevados seus títulos, maior chance de desenvolver a doença - DM1A é uma doença autoimune medida por células t, que cursa com a destruição progressiva das células beta pancreáticas; - São predispostos a outras doenças autoimunes: vitiligo, doença de graves, tireoidite de Hashimoto, doença celíaca etc.; - Lada (latent autoimune diabetes in adults) = adultos que desenvolvem a forma latente e progressiva da doença. História natural do Diabetes tipo 1 A Diabetes mellitus tipo 1B - Também chamado de idiopático; - Casos de dm1 onde não se detectam autoanticorpos na circulação; - Recomendações terapêuticas são as mesmas do DM1A. Diabetes mellitus tipo 2 - 90-95% de todos os casos de dm; - Etiologia multifatorial, envolvendo componentes genéticos e ambientais; - Ocorre geralmente após a quarta década; - Herança poligênica e forte herança familiar; - Fatores ambientais como: sedentarismo + hábitos alimentares não saudáveis; i a D b e t e s Mellitus - Forte associação com a obesidade e síndrome metabólica. Síndrome metabólica Síndrome metabólica está relacionada a uma mortalidade geral duas vezes maior que na população normal e mortalidade cardiovascular três vezes maior. Caracteriza-se por três dos cinco critérios abaixo: Gordura ectópica Adipócitos à AGL e adipocinas Vasos Disfunção epitelial; Fígado Fibrose, NASH e cirrose; Músculos Diminuição da captação da glicose; Agrava resistência insulínica. Coração Hipertrofia de VE; Disfunção diastólica; Inflamação e fibrose intersticial (coração do obeso). Pâncreas Aumenta apoptose de células beta Cérebro Doença de Alzheimer. - O número de pessoas portadoras de dm2 está aumentando progressivamente no mundo: Envelhecimento populacional Aumento da obesidade Sedentarismo Maior expectativa de vida do dm2 Mecanismos Fisiopatológicos que levam à hiperglicemia no DM 2 - Na maioria das vezes a doença é assintomática ou oligossintomática por longos períodos; - Sendo o diagnóstico realizado por exames de rotina ou manifestações das complicações crônicas; - Com menor frequência apresentam os sintomas clássicos da doença como: poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento. Sinais de RI – Acantose Nigricans Principais diferenças entre DM1 e DM2 DM1 DM2 Início Infância e adolescência 40 anos Frequência 10% 90% Associação com HLA Sim Não ICA/Anti-GAD Geralmente + Ausentes Peptídeo C Baixo Normal ou elevado Peso Baixo Elevado Sintomas clássicos Quase sempre presentes 50% são assintomáticos Diabetes Gestacional - A gestação em si é uma condição diabetogênica, pois a placenta produz hormônios que aumentam a glicemia (hiperglicemiantes) e enzimas placentárias que degradam a insulina. O pâncreas, por sua vez, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro, fazendo com que haja maior produção e resistência à insulina no período gestacional; - Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre da maneira esperada e elas desenvolvem um quadro de diabetes gestacional; - Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intrauterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até obesidade e diabetes na vida adulta; - DMG trata-se de uma intolerância aos carboidratos de graus variáveis, que se inicia na gestação atual, sem previamente ter preenchido os critérios de DM2; - Geralmente diagnosticada no segundo e terceiro trimestre da gestação; - Pode ser transitório ou persistir após o parto. Fatores de risco - Idade materna mais avançada; - Ganho de peso excessivo durante a gestação; - Sobrepeso ou obesidade; - Síndrome dos ovários policísticos; - História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional; - História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos); - História de diabetes gestacional na mãe da gestante; - Hipertensão arterial na gestação; - Gestação múltipla (gravidez de gêmeos); - Baixa estatura (menos de 1,5 m); - Hemoglobina glicada ≥ 5,9% no primeiro trimestre. Diagnóstico https://www.youtube.com/watch?v=XfyGv-xwjlI Casos clínicos Caso 1 História: - Paciente do sexo masculina, 50 anos, branco, executivo em exames periódicos da firma onde trabalha há 1 ano, o médico identificou elevação da pressão arterial de 150/90 mmhg, sendo prescrito enalapril 10 mg 2x dia ( ieca). - Paciente relata que teve muita tosse com a medicação, abandonando o tratamento depois de 2 meses. - Após um ano, retorna novamente para fazer o check-up periódico; - Médico do trabalho constata novamente elevação da pressão arterial de 170/100 mmhg e decide pedir alguns exames de rotina; Antecedentes pessoais - HAS não tratada Antecedentes familiares - Mãe: diabética tipo 2, hipertensa e obesa; - Pai: era obeso, falecido aos 45 anos de infarto agudo do miocárdio (iam); -Irmão (mais velho): diabético tipo 2, obeso, iam há 5 anos. Exames laboratoriais - Glicemia de jejum = 200 mg/dl (até 100); - Hemoglobina glicosilada (hba1c) = 8% (até 5,7%); - Colesterol total = 290 mg/dl - HDL = 33 mg/dl - LDL = 180 mg/dl; - Triglicérides = 300 mg/dl - Ácido úrico = 4,0 mg/dl u= 40 ; - Creatinina = 0,9; - Potássio= 4,00 meq/l; - Eletrocardiograma: hipertrofia moderada de ventrículo esquerdo; - US de abdômen: esteatose hepática moderada (grau 2). Caso 2 História - Menina, 11 anos, vem apresentando há 2 meses, quadro de perda de 5 kg, sem alteração em relação a alimentação, notando inclusive aumento do apetite. relata também, boca seca,sede, aumento da frequência e do volume urinário. durante a noite acorda cerca de 4x, para beber água e urinar; - Na pré-adolescente notou também aumento do cansaço para realizar suas atividades diárias; familiares preocupados com o quadro levam-na ao clínico geral, que faz o exame físico e pede exames de sangue e urina. Antecedentes pessoais - Quadros gripais frequentes Antecedentes familiares - Nega histórico de diabetes na família - Mãe tem hipotiroidismo primário (tireoidite de Hashimoto) Hábitos e vícios - Nega vícios - Ginástica no colégio 2x semana Exame físico Peso = 45 kg Altura = 1,50 m IMC = 20 kg/m2 PA = 90x70 mmHg FC = 100 bpm Exames laboratoriais - Glicemia de jejum = 320 mg/dl (até 100 mg/dl); - Hemoglobina glicosilada (hba1c) = 10% (até 5,7); - Urina i: glicosúria 2+; - Anti corpo anti-insulina = positivo; - Anti corpo anti descarboxilase do ácido glut mico (anti-gad) = positivo; - Anti corpos anti-ilhotas pancreáticas (anti–ica) = positivo 1. Quais os possíveis diagnósticos desses pacientes? 1: Síndrome metabólica 2: DM1A 2. Quais as características dessas doenças 3. Quais as funções da insulina no organismo? 4.Quais etiologias dessas doenças e fatores desencadeantes? 5. O que é síndrome metabólica? 1 - Adolescente de 16 anos, recém diagnosticada com diabetes tipo 1A há 3 meses, um irmão da paciente com idade de 8 anos apresentou anti-GAD positivo, anti-insulina positivo e anti-IA2 negativo, glicemia, peptídeo C e teste oral de tolerância a glicose normais. Assinale a correta: a) Dos tratamentos experimentais que podemos utilizar como prevenção do DM1A, a nicotinamida tem bons resultados b) O desenvolvimento de autoanticorpos em idades precoces indica uma evolução mais rápida para surgimento de múltiplos anticorpos e DM1A c) O risco de desenvolvimento de DM1A é de menos de 10% d) O uso de insulina nasal em crianças com risco de DM1A e 2 ou mais anticorpos positivos foi capaz de retardar o surgimento da hiperglicemia 2 - Em relação ao Diabetes tipo 1 (DM1), assinale a correta: a) O DM1B corresponde a pacientes com DM1 sem marcadores indicativos de processo autoimune destrutivo das células beta b) A maioria dos pacientes com DM1 tem histórico de parentes de primeiro grau com a doença c) O distúrbio autoimune mais comumente associado ao DM1 é a doença de Addison (o correto é a doença de Hashimoto) d) A presença de obesidade e/ou sobrepeso afasta totalmente a possibilidade de DM1A em crianças e adolescentes e) O DM1A só se desenvolve antes dos 30 anos de idade 3 - Que valores de glicose plasmática 1 e 2 horas após 75 g de glicose oral devem ser considerados para diagnóstico de diabetes gestacional de acordo com o IADPSG: a) Igual ou maior que 140 e 126 mg/dl, respectivamente b) Igual ou maior que 180 e 153 mg/dl, respectivamente c) Igual ou maior que 160 e 140 mg/dl, respectivamente d) Igual ou maior que150 e 120 mg/dl, respectivamente 4 – Em qual situação abaixo está corretamente indicada a realização de TOTG durante uma gestação? a) Paciente na primeira consulta do pré-natal, com obesidade e glicemia de jejum de 136mg/dl b) Gestante na 24ªsemana, apresentando duas glicemias de jejum de 106 e 114mg/dl. c) Paciente de 36 anos, sem história familiar de diabetes, 23ª semana de uma gestação sem intercorrências. d) Gestante no primeiro trimestre, com história de diabetes tipo2 há 2 anos e suspensão do tratamento com metformina no início da gestação. Segundo as recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes, em relação ao diagnóstico de Diabetes nas gestantes, é CORRETO afirmar: a) Paciente que, com 8 semanas de gestação, na primeira consulta de pré-natal, traz uma glicemia de jejum de 95 mg/dL tem diabetes gestacional. b) Gestante, 25 semanas, que realiza TOTG com 75g de glicose com resultados: basal 93mg/dL; 1 hora 140 mg/dL e 2 horas: 135mg/dL é normal. c) Paciente com 24 semanas de gestação com glicemia de jejum de 90 mg/dL é normal e não precisa fazer TOTG. d) Gestante, 26 semanas, cujos resultados de TOTG com 75g de glicose foram: basal: 82mg/dL; 1 hora: 185 mg/dL e 2 horas 138mg/dL tem diabetes gestacional. Paciente masculino, 37 anos, índice de massa corporal de 28,2 kg/m2 com quadro de astenia. Refere antecedentes familiares de diabetes mellitus (mãe e tia materna). Na avaliação laboratorial apresentou glicemia de jejum de 148 mg/dl. A conduta para definição diagnóstica é: a) O diagnóstico de DM está confirmado b) Curva Glicêmica/insulinêmica c) Dosar anti-GAD d) Dosar nova glicemia de jejum Em relação ao diabetes tipo LADA, é correto afirmar: a) Cursa com baixa prevalência de complicações crônicas b) Tem transmissão autossômica recessiva c) É reversível em 30% dos casos d) Cursa com autoimunidade contra ilhotas pancreáticas e níveis progressivamente menores de peptídeo C
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