Buscar

Eletrofisiologia Cardíaca (Parte 2)

Prévia do material em texto

Curso de ECG - Módulo I - LAC
Aula 2 - Eletrofisiologia
Conceitos iniciais
Potencial de Membrana
O corpo é eletricamente neutro (para cada cátion há um ânio), mas a distribuição desses íons é feita de forma desigual
Desequilibrio elétrico - LIC (Líquido intracelular) e LEC (Liquido extracelular); Divisão desses dois pela Membrana plasmática, gera um Potencial de membrana, influenciado pela Concentração iônica (de acordo com a concentração do íon, o potencial de membrana será alterado) e Permeabilidade da membrana (facilidade de passagem que o íon terá ao passar pela membrana plasmática - Variando a permeabilidade, também é variado o potencial de membrana)
Potencial de Repouso 
Potencial de membrana quando a célula está estagnada ou em repouso
LIC - Mais negativo (Menos Cátions e Mais Ânions) - K+ (Potássio) é o Cátion mais importante no LIC (Maior concentração no LIC)
LEC - Mais positivo (Mais Cátions e Menos Ânions) - Na+ (Sódio) é o Cátion mais importante no LEC (Maior concentração no LEC)
Potencial de Ação
Potencial de membrana caracterizada quando a célula já recebe um estímulo externo, quando não está mais em repouso; Recebendo esse estímulo, executará alguma função 
Potencial e repouso recebe um estímulo - Estímulo pode ser: Mecânico (variação de pressão), Químico (Variação de pH), Elétrico (Variação de gradiente eletroquímico)
Quando o estímulo chega na célula, esta sairá do seu potencial de repouso, alcançando o limiar
Alcançando o Limiar, haverá uma mudança na permeabilidade de certos íons até chegar num potencial de ação, executando sua ação (ex: célula muscular cardíaca - contração)
Despolarização 
Inversão do potencial de membrana - Interno (antes negativo e agora positivo) e Externo (antes positivo e agora negativo) - Passagem de íons positivos pro meio intracelular (internamente mais positivo e externamente mais negativo)
Repolarização
Inverso da despolarização - Ions positivos que estavam internamente vão sair, logo, Interno (negativo novamente) e Exerno (positivo novamente)
Hiperpolarização
Saída excessiva de íons positivos, fazendo com que o meio interno se torne mais negativo que o normal (mais negativo que seu potencial de repouso) e o externo, mais positivo que o normal
Células Marcapassos
Representam 1% das células do corpo; São semelhantes morfologicamente às células musculares cardíacas 
Não possui característica de contração muscular, mas a capacidade de autoexcitação
Qualquer outra célula do corpo precisa de um estímulo externo para que saia do seu potencial de repouso e chegue no limiar e, consequentemente o potencial de ação;
Essas células não precisam de interferências externas, criando seus próprios estímulos, alcançando sozinha o limiar e potencial de ação 
Quando esse potencial de ação é criado, essas células tem a capacidade de conduzir esse potencial a outras células (ex: célula muscular cardíaca)
As células musculares cardíacas quando recebem esse potencial de ação, elas se contraem 
Autoexcitação
 É garantida pelo potencial marcapasso.
Potencial marcapasso 
Definido como aquele potencial de repouso instável, pois ficam a todo momento se autoestimulando.
Essa autoexcitação é garantida pelos canais If (presentes na membrana plasmática, ativados em um estado hiperpolarizante, ou seja, um estado bastante negativo).
Quando ativados, 2 eventos acontecem - Saída de K+ e Entada de Na+ (Entrada de Na+ será superior àquela saída de K+) - Mais carga positiva entrando na célula e Menos carga positiva saindo - Célula internamente ficará mais despolarizada, e essa despolarização garante a autoexcitação, criando seu próprio potencial de ação.
Eletrofisiologia celular 
1 - Estimulação dos canais If (-60 mV (milivolts)) - Abertura dos canais If (ficando mais positivo) - Vai se positivisando mais ainda (-60,-55...); Com o passar do tempo os canais If vão se fechando aos poucos, precisando de um esforço a mais para alcançar o limiar
2 - Para alcançar o Limiar, precisará de um esforço - Ocorrerá a abertura de poucos canais de Ca⁺² para entrar na célula (Ca⁺² é um íon positivo), positivando mais ainda a célula
-60 a -40: Potencial Marcapasso
Limiar: -40 mV
3 - Fechamento total dos canais If e, consequentemente, muitos canais de Ca⁺² vão ser abertos.
Potencial de ação vai ser iniciado quando vários desses íons Ca⁺² entram na célula; A célula vai rapidamente ficar positiva, atingindo +20 mV (ápice).
4 - Fechamento dos canais de Ca⁺² e, consequentemente, abertura dos canais de K+; K+ vai saindo aos poucos de dentro da célula, devido ao gradiente de concentração, tornando a célula aos poucos mais negativa (Faze de repolarização), chegando ao potencial de membrana de -60 mV.
5 - Fechamento dos canais de K+ e Abertura dos canais If
Etapa 5 também é a Etapa 1
Gráfico da eletrofisiologia celular é cíclico, estando a todo momento criando potenciais de ação para que as células musculares sempre se contraiam.
Células musculares cardíacas 
Características gerais 
99% das células do corpo
Formado por sacômeros mais organizados; Fibrilas contrateis estão em maior quantidade - Propriedade de contração muscular 
Discos intercalares: Desmossomos (“grampo celular”; conexão mecânica entre os as células; Força ou ação desempenhada em uma é distribuída por reação em cadeia para as outras, quase simultaneamente) e Junções comunicantes (“como se fossem túneis”; conectam eletricamente essas células vizinhas (ex: quando há a despolarização em uma célula, por reação em cadeia as outras se despolarizam também, quase simultaneamente))
Eletrofisiologia celular
Estará no seu potencial de repouso (em torno de -90 mV - Etapa 4)até receber um estímulo elétrico, vindo das células marcapassos, promovendo a abertura dos canais de Na+ dependentes de estímulo elétrico. O Na+, então, irá entrar na célula iniciando o potencial de ação
Potencial de ação das células cardíacas: Contração e relaxamento 
Potencial de ação dura em torno de 300 ms (milissegundos) 
Recebendo o Na+ dentro da célula, o potencial de membrana irá aumentar, saindo de -90 mV até seu ápice, -20 mV (Etapa 1)
1 - Fechamento dos canais de Na+ e abertura de canais de K+ rápidos (rápidos porque, quando estimulados, se abrem rapido); Abrindo essas canais de K+, haverá a liberação dos mesmos devido o gradiente de concentração, tornando a célula, aos poucos, mais negativa, repolarizando-se.
2 - Essa repolarização é interrompida pelo Platô (Achatamento e prolongamento dessa curva devido a abertura dos canais de Ca⁺²) - Logo, K+ saindo e Ca⁺² entrando (um positivo entrando e um saindo, ficando em um estado de equilíbrio)
3 - Ao final da etapa 2 haverá o fechamento dos canais de Ca⁺² e abertura de canais de K+ lentos (Lentos, pois são estimulados entre as etapas 0 e 1, mas só são ativados na etapa 3) - Muito K+ irá sair da célula até alcançar o potencial de repouso novamente 
Periodo refratário - Mesmo recebendo um novo estimulo elétrico, a céula não vai se contrair novamente, pois deverá terminar o ciclo; O ventrículo precisa desse tempo para que haja um intervalo entre o enchimento ventricular e uma ejeção eficiente
Platô: parecido com o período refratário; Se não houvesse o platô, o potencial de ação apenas teria apenas 200 ms (milisegundos)
Dessa forma a célula não iria se relaxar totalmente e, consequentemente, o ventrículo, não armazenando sangue de forma eficiente e posteriormente a ejeção.
Sistema de Condução
1 - Nó sinoatral (macapasso fisiológico) - Atrio direito; Criação de potencial de ação
2 - Feixes interatriais (Feixes de Bachmann) - Conduz o potencial de ação ao átrio esquerdo
3 - Vias internodais - Conexão entre nodos diferentes (Sinoatrial e Atrioventricular)
4 - Nó atrioventricular (Formado por uma estrutura fibrosa, servindo de barreira elétrica) - Átrio direito; Função de atrasar a função elétrica - Se não houvesse esse atraso, a parte superior do ventrículo iria se contrair primeiro que a parte inferior; Sangue não sairia de maneira eficiente.
5 - Feixe de His - Septo interventricular; Fluxo unidirecional (sempre vai do átrioao ventrículo e nunca ao contrário)
6 - Ramos esquerdo e direito; Septo interventricular; Condução ao ápice cardíaco
7 - Fibras de Purkinje - Ramos subendocárdicos (segunda camada mais interna do coração); Possuem a maior velocidade de condução de todo o sistema - Contração se inicia da parte de baixo para cima, empurrando o sangue para a porção superior.
Especificidades do Sistema de Condução
Caminho do impulso elétrico
Potencial de ação é criado no nó sinoatrial e logo é transmitido aos Feixes de bachmann. Após isso passará pelas vias internodais, pelas quais chegarão até o Nó atrioventricular (Formado por uma estrutura fibrosa, servindo de barreira elétrica), sendo atrasado/retardado. Daí, seguirá até Feixe de His que irá para os ramos direto e esquerdo, seguindo para as Fibras de Purkinje, transmitindo o potencial de ação às paredes dos ventrículos
Atraso do Nó Sinoatrial
Diminuição da velocidade do impulso elétrico; Diferente das outras estruturas, que transmitem da energia de forma rápida;
Diminuição da quantidade de junções comunicantes - Transmissão da despolarização de célula para célula - Se há uma diminuição, logo será mais lenta essa transmissão / Resistencia da passagem dos ions - Importante para que haja a contração atrial - Quando há um enchimento completo dos ventrículos, acontecerá a contração
Determinação da frequência cardíaca 
Trabalha de maneira miogênica, autocontrola sua contração e não depende do sistema nervoso; Quem define essa contração é o nó sinoatrial (70-80 ppm (pulsações por minuto)); O Nó atrioventricular (40-60 ppm) também exerce essa função; Tambem as Fibras de Purkinje (15-40 ppm)
É o Nó sinoatrial que vai comandar o coração, pois é o que possui o maior número de pulsações por minuto 
Caso houvesse alguma danificação ou não existência dessa estrutura, outra com maior ppm, o Nó Atrioventricular quem comandaria; Caso esse também fosse danificado, as Fibras de Purkinje que iriam comandar 
Estímulos externos 
Estímulo parassimpático
Comandado pelo nervo vago (10° par craniano); Vai emitir algumas ramificações para o nó sinoatrial e atrioventricular; Essas ramificações vão enervar as células dessas duas regiões - Liberação de Acetilcolina - Vai fazer aumentar a permeabilidade do K+ (facilitando a passagem do K+), logo tenderá a sair em maior quantidade e mais facilmente da célula, tornando o meio interno mais negativo que o normal, gerando um estado Hiperpolarizante (mais negativo que o normal do potencial de repouso); Haverá uma maior dificuldade para alcançar o limiar de excitação, tonando, com o tempo, menor o numero de potenciais de ação criados, gerando uma diminuição da frequencia cardíaca. - Regulando se vai ficar mais baixa ou mais alta 
O estímulo parassimpático não cria a frequência cardíaca, ele apenas regula.
Quem cria a frequencia cardíaca, juntamente com o ritmo cardíaco, são as células autoexcitáveis 
Estímulo Simpático
Vai emitir ramos para o Nó sinoatrial e para o Nó atrioventricular, liberando Norepinefrina - Vai aumentar a permeabilidade dos íons Na+ / Ca⁺² - Haverá uma maior entrada de Na+ e do Ca⁺² - Célula entra num estado de Excitação facilitada (rápida); Durante um período de tempo, o número de potenciais de ação vai ser maior e, consequentemente, aumentando a velocidade de chegada até o liminar, aumentando a frequencia cardíaca.
O estimulo simpático tem a força de aumentar a força de contração muscular.

Continue navegando