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Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus São Miguel do Oeste Curso Técnico em Alimentos Unidade Curricular: Tecnologia de Carnes e derivados Docente: Roberta Garcia Barbosa Discente: Aline Barbieri, Eduarda Theisen Vogt e Graziela Franco Assumpção LINGUIÇA CALABRESA 1. ORIGEM DA LINGUIÇA As linguiças, em geral, surgiram como uma tentativa de conservar as carnes que proviam da caça e não podia-se consumir imediatamente. A confecção desse produto varia dependendo da região a qual era produzida, principalmente devido aos fatores climáticos, como a temperatura do local. (A LINGUIÇA... 2012). A linguiça calabresa, por sua vez, tem origem brasileira, sendo que, acredita-se que ela tenha sido desenvolvida a partir da influência de imigrantes do sul da Itália, principalmente da região de Calabria. Assim, os italianos que desembarcaram no Brasil iniciaram a produção e a venda de linguiças feitas em casa, uma vez que a criação de porcos e outros animais era uma prática comum para toda população do sul da Itália. A confecção no Brasil se dava com o enchimento dessas linguiças, as quais eram temperadas com pimenta calabresa - em substituição às peperoncino original (BATISTA JUNIOR, 2018). Dessa forma, as linguiças calabresas levam esse nome justamente pela pimenta utilizada na sua composição, a qual faz parte do gênero capsicum, que ao ser desidratada recebe o nome de pimenta calabresa. No começo da produção, uma quantidade grande de pimenta era adicionada a esses produtos, entretanto, com o passar do tempo, esse teor foi diminuindo. Assim, atualmente, as calabresas são fabricadas com carne e gorduras suínas, pimenta calabresa, sal, especiarias e conservantes, sendo que podem ser curadas, defumadas ou frescas. Por fim, é comum perceber o uso dessas linguiças na elaboração de pizzas (A LINGUIÇA... 2012). 2. CARACTERÍSTICAS DA LINGUIÇA CALABRESA A linguiça calabresa é um produto obtido unicamente de carne suína, curado e adicionado de ingredientes, devendo ter o sabor picante característico da pimenta calabresa submetidas ou não ao processo de estufagem ou similar para desidratação e ou cozimento. Ela possui geralmente a forma cilíndrica, porém pode aparecer às vezes com formato de "U' ou ferradura (BATISTA JUNIOR, 2018). Em sua composição são utilizados os seguintes ingredientes: ➢ Ingredientes: Carne suína, gordura suína, água (4,5%), sal, açúcar, especiaria: alho, realçador de sabor: glutamato monossódico (INS 621), antioxidante: ácido ascórbico (INS 300), corantes naturais: vermelho de beterraba (INS 162), caramelo I (INS 150a) e carmim de cochonilha (INS 120), aromas naturais de: pimenta-vermelha e pimenta-preta e conservantes: nitrito de sódio (INS 250) e nitrato de sódio (INS 251). Figure 1. Linguiça calabresa 3. PROCESSAMENTO DA LINGUIÇA CALABRESA Em relação ao seu processamento, a linguiça calabresa passa por etapas de preparo da matéria-prima, pesagem e moagem dos ingredientes e da carne, mistura dos compostos, embutimento - unido pela amarração e torção, obtendo-se, por fim, a conservação de tal, podendo ser refrigerada ou congelada. 3.1 Matéria-prima A linguiça calabresa possui como matéria-prima a carne suína, a mesma deve passar por um processo de inspeção por busca de corpos estranhos antes de qualquer outra etapa, fazendo isso por amostragem, devendo retirar os aponeuroses (nervos), tecidos com hematomas, gânglios (ínguas) e pequenos pedaços de ossos (BRESSAN et al, 20--). A carne deve ter boa aparência, cheiro agradável e estar dentro dos parâmetros exigidos pela Instrução Normativa Nº 4, de 31 de março de 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 3.2 Pesagem e moagem Posteriormente a uma última inspeção, ocorre a pesagem dos ingredientes e da carne, onde esta última é levada para moagem. A moagem é um processo muito importante, considerando a diminuição dos pedaços e, por consequência, o aumento da área de contato de tal, expondo as proteínas da carne, o que facilita a emulsão da mistura (NEVES e SANTOS, 2017; BRESSAN et al, 20--). A carne deve ser mantida em até 5ºC, sendo o mínimo permitido 0ºC, considerando que a moagem provoca um aquecimento indesejável na carne, necessitando de uma conservação de temperatura para melhor qualidade do produto final. O disco de moagem mais aconselhável é o número 8, justamente com o objetivo de aumentar a área de contato para a emulsão (BRESSAN et al, 20--; PONTES e DUARTE, 2007). 3.3. Mistura No caso das linguiças calabresa, é na etapa da mistura que os condimentos e os demais ingredientes são adicionados, utilizando-se de equipamentos com alta capacidade de homogeneização, considerando que a mistura deve ser uniforme para uma qualidade respeitável (PONTES e DUARTE, 2007; SILVEIRA, 2013). 3.4. Embutimento O embutimento é o processo de introdução da massa na tripa/envoltória, onde que a tripa natural geralmente utilizada é a bovina, com calibre de 37mm até 50mm, podendo usar-se também tripas artificiais de celulose e colágeno, onde cada uma exige preparo prévio a sua utilização (PONTES e NEVES, 2007). Sendo assim, a tripa bovina passa por limpeza do intestino, raspagem e salga seca, iniciada logo após a evisceração, esvaziando-as por compressão em sentido único. A vantagem de sua utilização em comparação às artificiais, é a conservação ao sabor puro da linguiça (mantém a suculência). Atualmente, tripas naturais processadas estão sendo vendidas, mas exigem certos cuidados, como por exemplo: retirada do excesso de sal com água corrente e hidratação das tripas por imersão em água fresca por 1 hora (tendo o cuidado de massagear e separar as mesmas para evitar possíveis manchas). (BRESSAN et al, 20--; SILVEIRA, 2013). Já as tripas artificiais de colágeno estão prontas para o embutimento após imersão em salmoura por 5 minutos. Em contrapartida, as tripas de celulose, geralmente, devem ser colocadas por 30 minutos em água a 30°C. Em ambos os casos, o manipulador necessita considerar as recomendações do fabricante (SILVEIRA, 2013). Por fim, ainda na etapa de embutimento, deve-se lembrar de deixar as linguiças compactas e sem ar nos gomos, evitando a oxidação e o ranço gerado por ela, além do escurecimento que altera a apresentação final do produto. Ademais, a temperatura a ser mantida deve ser de 5 até 10 °C, e, no caso de indústrias com grande produção, utiliza-se máquina embutidora vertical contínua automática a vácuo, acelerando o processo, ou apenas tanques de embutimento (funil). (NEVES e SANTOS, 2017). 3.5. Amarração e torção Após o enchimento da massa na tripa, realiza-se torções no envoltório para o ocorrer o amarramento logo em seguida. Geralmente as torções são feitas a cada 10 cm, e, no caso da utilização de tripas bovinas ou qualquer outra que seja natural, a pressão da massa não deve ser muito alta, por conta de um possível encolhimento de tal envoltório no restante do processamento (BRESSAN et al, 20--). Tratando-se da amarração, a mesma deve serfeita com fio de algodão (barbante), tendo o cuidado para o fio não ser muito fino e nem o prender com muita pressão, pois, caso seja feito, pode ocorrer corte na tripa, vertendo a massa ali presente (BRESSAN et al, 20--). 3.6. Resfriamento e Embalagem Em uma última etapa, as linguiças são resfriadas e encaminhadas para câmaras frias, devendo ocorrer seu embalamento e mantidas na refrigeração, podendo ser congeladas, até a comercialização. Para tanto, sempre deve se deter a data de validade e os cuidados de conservação que o produto exige (NEVES e SANTOS, 2017). 4. BIBLIOGRAFIA A LINGUIÇA calabresa. 2012. Disponível em: <http://insumos.com.br/pizzas_e_massas/materias/127.pdf.> Acesso em: 05 dez. 2020. AURORA (Brasil). LINGUIÇA CALABRESA AURORA 800G. Disponível em: <https://www.auroraalimentos.com.br/produtos/aurora/linguicas/linguicacalabresaaur ora800g/832> Acesso em: 05 dez. 2020. BATISTA JUNIOR, João. A calabresa é nossa. 2018. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/dias-lopes/a-calabresa-e-nossa/.> Acesso em: 05 dez. 2020. BRESSAN, M. C. et al. Fabricação de linguiças caseiras. 20--. Disponível em: <http://www.sossuinos.com.br/Mercado/info07.pdf.> Acesso em: 04 dez. 2020. NEVES, C. A.; SANTOS, O. Alterações físico-químicas e perfil de ácidos graxos em linguiça calabresa frescal e defumada submetida a diferentes processos de cocção. Francisco Beltrão - PR, 2017. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/10202/1/FB_COALM_2017_2_0 1.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2020. PONTES, R. D.; DUARTE, T. F. Processamento de Linguiça Frescal e Defumada de Caprinos e Ovinos. Sobral, CE. Novembro, 2007. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/cot78_000g3hk14rt02wx5ok0r2 ma0na0w32l2.pdf> Acesso em: 04 dez. 2020. SILVEIRA, T. M. Relatório de estágios de acompanhamento de rotina de estabelecimento matadouro-frigorífico e processador de produtos cárneos industrializados e in natura de suínos. Brasília - DF, 2013. Disponível em: <https://bdm.unb.br/bitstream/10483/5957/1/2013_TaynaMeloSilveira.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2020.
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