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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA DA USP PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA eST-101 / STR-101 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ALUNO SÃO PAULO, 2018 EPUSP/PECE DIRETOR DA EPUSP JOSÉ ROBERTO CASTILHO PIQUEIRA COORDENADOR GERAL DO PECE LUCAS ANTÔNIO MOSCATO EQUIPE DE TRABALHO CCD – COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA SÉRGIO MÉDICI DE ESTON VICE - COORDENADOR DO CURSO Á DISTÂNCIA WILSON SHIGUEMASA IRAMINA PP – PROFESSOR PRESENCIAL ALESSANDRA ISABELLA SAMPAIO MARTINS CPD – CONVERSORES PRESENCIAL PARA DISTÂNCIA ANDRÉ FILLIPE BEZERRA CAROLINA BATISTA EMMANUEL BARREIRA FERRARO FLAVIA VILHENA SUTTER AFFONSO GIOVANNA CABRAL CAZALI RODRIGO PEREIRA TONIOLO FILMAGEM E EDIÇÃO FELIPE THADEU BONUCCI KARLA JULIANE DE CARVALHO THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO IMAD – INSTRUTORES MULTIMÍDIA Á DISTÂNCIA DIEGO DIEGUES FRANCISCA FELIPE BAFFI DE CARVALHO FELIPE THADEU BONUCCI FLÁVIA VILHENA SUTTER AFFONSO GIOVANNA CABRAL CAZALI PEDRO MARGUTTI DE ALMEIDA SEIJI RENAN MICHISHITA CIMEAD – CONSULTORIA EM INFORMÁTICA, MULTIMÍDIA E EAD CARLOS CÉSAR TANAKA JORGE MÉDICI DE ESTON SHINTARO FURUMOTO GESTÃO TÉCNICA MARIA RENATA MACHADO STELLIN APOIO ADMINISTRATIVO NEUSA GRASSI DE FRANCESCO VICENTE TUCCI FILHO “Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento”. SUMÁRIO __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. i SUMÁRIO CAPÍTULO 1: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ............................ 1 1.1 A HISTÓRIA DO PREVENCIONISMO E O CONCEITO DE PREVENÇÃO ........ 2 1.2 A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO .............. 3 1.3 O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA: ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES 7 1.4 REGULAMENTAÇÕES DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA ......................... 12 1.5 ENTIDADES PÚBLICAS E PRIVADAS ............................................................ 15 1.6 TESTES ........................................................................................................... 16 CAPÍTULO 2: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO CONTEXTO CAPITAL- TRABALHO ................................................................................................................. 17 2.1 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E A GESTÃO ORGANIZACIONAL .......... 18 2.2 DIFICULDADES NA APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................................................................... 25 2.3 TESTES ........................................................................................................... 34 CAPÍTULO 3: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE I) .. 35 3.1 A EVOLUÇÃO DA GESTÃO DA SEGURANÇA NO TRABALHO ..................... 36 3.2 INTRODUÇÃO E CONCEITOS DE SISTEMA DE GESTÃO ............................ 39 3.2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL ........................................................................ 43 3.3 REQUISITOS GERAIS – OHSAS 18001:2007 (4.1) ......................................... 48 3.4 POLÍTICA DE SST – OHSAS 18001:2007 (4.2) ............................................... 50 3.5 TESTES ........................................................................................................... 51 CAPÍTULO 4: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE II) . 52 4.1 IDENTIFICAÇÃO DE CONDIÇÕES PERIGOSAS, AVALIAÇÃO DE RISCO E DETERMINAÇÃO DE CONTROLES (OHSAS 18001:2007 – 4.3.1) ................................ 53 4.1.1 COMPORTAMENTO HUMANO E TIPOS DE ERROS ..................................... 62 4.2 REQUISITOS LEGAIS E OUTROS (OHSAS 18001:2007 – 4.3.2) ................... 75 4.3 OBJETIVOS E PROGRAMAS (OHSAS 18001:2007 – 4.3.3) ........................... 76 4.4 TESTES .......................................................................................................... 79 CAPÍTULO 5: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE III) 80 5.1 RECURSOS, FUNÇÕES, RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE (OHSAS 18001:2007 – 4.4.1) ......................................................................................................... 81 5.1.1 LIDERANÇA ..................................................................................................... 82 5.2 COMPETÊNCIA, TREINAMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO (OHSAS 18001:2007 – 4.4.2) 86 5.3 TESTES .......................................................................................................... 94 CAPÍTULO 6: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE IV) 95 6.1 COMUNICAÇÃO, PARTICIPAÇÃO E CONSULTA (OHSAS 18001:2007 – 4.4.3) 96 6.1.1 MOTIVAÇÃO .................................................................................................. 103 6.1.2 FEEDBACK & RECONHECIMENTO .............................................................. 108 6.2 DOCUMENTAÇÃO (OHSAS 18001:2007 – 4.4.4) ......................................... 112 6.3 CONTROLE DE DOCUMENTOS (OHSAS 18001:2007 – 4.4.5) .................... 113 SUMÁRIO __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. ii 6.4 CONTROLE OPERACIONAL (OHSAS 18001:2007 – 4.4.6) .......................... 113 6.5 PREPARAÇÃO E RESPOSTA À EMERGÊNCIA (OHSAS 18001:2007 – 4.4.7) 114 6.6 TESTES ........................................................................................................ 117 CAPÍTULO 7: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE V) 118 7.1 MONITORAMENTO E MEDIÇÃO DE DESEMPENHO (OHSAS 18001:2007 – 4.5.1) 119 7.2 AVALIAÇÃO DE ATENDIMENTO / CUMPRIMENTO (OHSAS 18001:2007 – 4.5.2) 121 7.3 INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTES, NÃO-CONFORMIDADES, AÇÕES CORRETIVAS E AÇÕES PREVENTIVAS (OHSAS 18001:2007 – 4.5.3) .............................................. 121 7.3.1 ACIDENTES: CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO .................................... 122 7.3.2 CUSTOS DE ACIDENTE ............................................................................... 130 7.4 CONTROLE DE REGISTROS (OHSAS 18001:2007 – 4.5.4) ......................... 132 7.5. TESTES .................................................................................................................. 133 CAPÍTULO 8: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE VI)134 8.1 AUDITORIA INTERNA (OHSAS 18001:2007 – 4.5.5) .................................... 135 8.1.1 ATIVIDADES PRÉ-AUDITORIA .................................................................... 139 8.1.2 ATIVIDADES DURANTE A AUDITORIA ....................................................... 144 8.1.3 ATIVIDADES PÓS-AUDITORIA .................................................................... 147 8.2 ANÁLISE CRÍTICA / REVISÃO GERENCIAL (OHSAS 18001:2007 – 4.6) ..... 151 8.3 TESTES ........................................................................................................ 153 CAPÍTULO 9: MODELOS DE JORNADA DE MATURIDADE EM GESTÃO DE SST 154 9.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 155 9.2 MODELO DE JORNADA: DUPONT ............................................................... 155 9.3 MODELO DE JORNADA: ANGLO AMERICAN .............................................. 157 9.4 MODELO DE JORNADA: SHELL ................................................................... 163 9.5 OUTROS MODELOS DE JORNADA ............................................................. 168 9.6 TESTES ........................................................................................................172 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 173 Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 1 CAPÍTULO 1: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO OBJETIVOS DO ESTUDO • Prover um breve histórico do prevencionismo; • Apresentar a evolução da engenharia de segurança do trabalho; • Discutir o conceito de prevenção e o papel do engenheiro de segurança. Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: • Entender que a atuação do engenheiro de segurança está condicionada a um cenário que muitas vezes ultrapassa os “muros da fábrica”; • Entender as razões dessa ampla atuação do engenheiro de segurança, tendo em vista o cenário histórico do prevencionismo e suas responsabilidades. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 2 1.1 A HISTÓRIA DO PREVENCIONISMO E O CONCEITO DE PREVENÇÃO Se voltarmos à época da Revolução Industrial, verifica-se que havia uma preocupação fundamentada apenas na reparação de danos à saúde e à integridade física dos trabalhadores. Praticamente não se pensava em nenhuma ação, atitude ou medida de prevenção. Esse novo paradigma começou a ficar caracterizado por volta de 1926, através dos estudos de um norte americano conhecido por Heinrich. Com ele, pode-se observar com bastante nitidez o alto custo que representava para a seguradora na qual ele trabalhava reparar os danos decorrentes de acidentes e doenças do trabalho. A partir dessas observações, foram desenvolvidas várias ideias para que esse problema pudesse ser gerenciado dentro das empresas, privilegiando a prevenção acima de tudo. Por esta razão, Heinrich é considerado o precursor ou o “pai” do prevencionismo. Em 1966, o também norte americano Frank Bird Jr. propôs um novo enfoque para as questões de segurança e saúde, a partir da ideia de que a empresa deveria se preocupar não somente com os danos aos trabalhadores, mas também com os danos às instalações, aos equipamentos e aos seus bens em geral. Ele chamou seu enfoque de Loss Control. Quatro anos depois (1970), ampliando um pouco a extensão do enfoque de Bird, o canadense John Fletcher deu outra designação a essas ideias, acrescentando a palavra “total” ao enfoque do norte americano, ou seja, Total Loss Control, incrementando o escopo proposto por Bird no sentido de englobar também as questões de proteção ambiental, de segurança patrimonial e de segurança do produto. Dentro desse contexto de meio ambiente e segurança e saúde no trabalho, é importante ressaltar que um dos maiores desafios que a indústria como um todo tem atualmente é manter sua competitividade, assegurando um meio ambiente saudável e seguro e condições de trabalho que não ameacem a vida dos funcionários nem sua integridade física. Para permanecerem competitivas em um mercado acirrado e cada vez mais exigente, as empresas deverão, portanto, desenvolver processos novos e melhores, bem como implementar sistemas de gestão voltados principalmente para a prevenção da poluição e de acidentes, buscando a melhoria contínua e atendendo, no mínimo, a legislação vigente. Contudo, a fim reduzir os impactos decorrentes da produção em grande escala, as empresas precisam definir estratégias e educar-se quanto aos modernos padrões e manufaturas, caso desejem manter uma boa reputação. Nesse sentido, Romm (1996) enfatiza que mudanças devem ser feitas aos poucos, mas constantemente. Ele diz que ser sistemático com o tempo significa ser dinâmico em vez de ser estático, antecipando o futuro e aceitando que as mudanças nunca terminam. Essa mudança de cultura tem influenciado alguns países rumo a esse novo paradigma de prevenção determinado pelas estruturas dos sistemas de gestão. E o que se entende por prevenção? É qualquer ação executada dentro da perspectiva da engenharia de segurança, com o objetivo de propor medidas de controle para as condições perigosas, visando evitar ocorrências que possam fazer com que o trabalho venha a ser a causa de sofrimento, doenças, morte e incapacidade para quem o realiza. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 3 Como abordagem para a prevenção de acidentes, deve-se priorizar aquelas estratégias que reduzirão de forma mais efetiva as lesões. As prioridades devem ser dadas à medida que protejam automaticamente sem demandar qualquer ação por parte dos indivíduos. Esse aspecto será discutido com mais detalhes um pouco mais adiante, no capítulo que trata sobre comportamento humano e os tipos de erros. 1.2 A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO A segurança do trabalho é a parte da engenharia que trata de reconhecer, avaliar e controlar as condições perigosas e os fatores humanos no ambiente de trabalho, com o intuito de evitar acidentes e danos, principalmente à saúde do trabalhador. O objetivo da segurança do trabalho é atenuar os riscos, usando recursos tecnológicos disponíveis, treinamentos, a busca da conscientização dos trabalhadores em relação às condições perigosas e seus riscos associados, sem nunca esquecer que o homem não é uma máquina, e as variáveis humanas existem e devem ser respeitadas. De acordo com Lago (2006), a segurança como sinônimo de prevenção de acidente evoluiu de uma forma crescente, englobando um número cada vez maior de fatores e atividades, desde as primeiras ações de reparação de danos até um conceito mais amplo onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos indesejados para o trabalho. Surgiram e evoluíram em diversos países ações tendentes a prevenir danos às pessoas, decorrentes de atividades laborais. Apenas em 1912 surgiram as primeiras iniciativas para a prevenção de acidentes. Em 1919 foi editada a primeira lei de acidentes do trabalho, instituída com o Decreto Legislativo 3.724, de 15 de janeiro de 1919, que possuía uma visão restrita de acidente do trabalho, porém previa indenizações para o operário ou sua família, estipulada de acordo com a gravidade do acidente. Nela também o empregador se obrigava a prestar socorro médico-hospitalar aos seus operários acidentados. Deve-se destacar a atuação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que desde a sua constituição em 1919, tem atribuído um papel prioritário aos temas de higiene e segurança. Somente após a revolução de 1930 é que realmente aumentaram as reivindicações trabalhistas e passou-se a contar com uma legislação mais direcionada. Com o governo de Getúlio Vargas, o Brasil teve em sua estrutura trabalhista uma transformação significativa. Foi criado o Ministério do Trabalho, a carteira profissional, estabelecida a jornada de trabalho (comércio e indústria) e foi dada atenção ao trabalho da mulher e do menor. O Decreto 24.637, de 10 de julho de 1934, instituiu o conceito de acidente do trabalho e suas causas, e foi instituído também o seguro obrigatório para os acidentados (público ou privado); manteve-se a responsabilidade dos empregadores quanto à prestação de assistência médica aos empregados acidentados, bem como a obrigação da comunicação do acidente. Em primeiro de maio de 1943, com o Decreto 5452, foi então instituída a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que, em seu capítulo V, título II, versava sobre a segurança do trabalho. A obrigatoriedadeda implantação, pelas empresas, do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) só veio através do Decreto Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 4 e Lei 229, de 28 de fevereiro de 1967, com a primeira grande reformulação no conteúdo da CLT. Alguns anos depois, a Lei 6514, de 22 de dezembro de 1977, alterou todo o capítulo V, do Título II da CLT, tendo sido incluídas diversas disposições legais, como as referentes à insalubridade e periculosidade nos locais de trabalho. Até o início da década de 70, a questão da segurança era tratada unicamente no âmbito das empresas, sem maiores interferências externas (do governo ou do público). A partir do início da década de 70, começaram a surgir os primeiros sinais de insatisfação de algumas parcelas da população, de autoridades governamentais e de alguns setores da própria indústria, com a ocorrência de acidentes de grande repercussão. Em maio de 1977, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu o desafio “saúde para todos no ano 2000”, onde era fixada a meta de que os governos deveriam proporcionar a todos os cidadãos um nível de saúde que lhes permitisse levar uma vida social e economicamente produtiva. Em setembro de 1978, a OMS realizou na cidade de Alma-Ata (República do Cazaquistão), a Conferência Internacional sobre os “cuidados primários à saúde”, onde na ocasião foi formulada a Declaração de Alma-Ata, um compromisso assumido por todas as 134 nações participantes: A conferência reafirma que a saúde (estado completo de bem estar físico, mental e social, não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade) é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde. Como desdobramento dessa visibilidade que a segurança e a saúde do trabalhador adquiriram nesse período, a OIT aprovou várias recomendações que vinham ao encontro desse novo momento da segurança e saúde do trabalhador. Destacam-se: • A Convenção 148, de junho de 1977, sobre a proteção dos trabalhadores contra os riscos profissionais devidos à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho. Nessa convenção ficou estabelecido o princípio de que: a) os representantes do empregador e os representantes dos trabalhadores da empresa deveriam ter a possibilidade de acompanhar os agentes de inspeção do trabalho; b) os trabalhadores ou seus representantes teriam direito a apresentar propostas, receber informações e orientações, e a recorrer a instâncias apropriadas, a fim de assegurar a proteção contra os riscos profissionais existentes nos locais de trabalho. • A Convenção 155, de junho de 1981 sobre segurança e saúde dos trabalhadores, onde se estabelecia considerável avanço nos seguintes aspectos: a) todos os países membros deveriam, em consulta às organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores, formular, colocar em prática Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 5 e reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em matéria de segurança e saúde do trabalhador; b) definiu que a saúde, com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de afecções ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e higiene no trabalho. c) estabeleceu o princípio segundo o qual todo trabalhador pode interromper uma situação de trabalho, caso julgue que atividade envolva risco grave e iminente. • A Convenção 161, de junho de 1985, sobre os serviços de saúde no trabalho, onde ficaram estabelecidos princípios como: a) todos os países membros comprometeram-se a instituir serviços de saúde no trabalho para todos os trabalhadores; b) os serviços deveriam ser compostos por equipes multidisciplinares; c) os serviços de saúde no trabalho teriam como função: • avaliar os riscos para a saúde, presentes nos locais de trabalho; • vigiar os fatores do meio de trabalho e as práticas de trabalho que possam afetar a saúde dos trabalhadores; • prestar assessoria quanto ao planejamento e à organização do trabalho, inclusive sobre a concepção dos locais de trabalho; • participar da elaboração de programas de melhoria de práticas de trabalho • promover a adaptação do trabalho ao trabalhador; • contribuir para as medidas de readaptação profissional; • participar na análise e investigação de acidentes e das doenças profissionais. Com a portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, surgiram as 28 primeiras Normas Regulamentadoras (NRs), presentes no Capítulo V do Título II da CLT. A partir de 1993, iniciou-se uma série de discussões para a mudança no modelo de elaboração das normas. A portaria 393 do Ministério do Trabalho, de 9 de abril de 1996, adota o sistema tripartite (governo, empregados e empregadores), princípio esse preconizado pela Organização Internacional do Trabalho, em busca do consenso nas negociações. No dia seguinte (10 de abril), foi instituída a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), como o local de discussões para a melhoria das NRs. Em outubro de 2005, durante o V Congresso Nacional sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção, foi assinado o protocolo de intenção entre a OIT e o governo Brasileiro, para a divulgação e implantação das diretrizes sobre sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho, que visa contribuir para a prevenção das lesões e doenças relacionadas ao trabalho. Essas diretrizes não possuem a intenção de certificação; foram acordadas em forma de convenção. Em 7 de novembro de 2011 foi publicada a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), através do Decreto 7.602, assinado por Dilma Rousseff e envolvendo três ministérios: Trabalho e Emprego; Saúde; Previdência. De acordo com Jófilo Moreira Lima Junior (diretor técnico da Fundacentro na época dessa declaração): “É importante ressaltar que a Política contribui para a implementação da Convenção 155 da OIT (que inspirou a criação da Política Nacional de Saúde e Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 6 Segurança no Trabalho), já ratificada pelo Brasil, e cria as condições necessárias para a implantação da Convenção 187 da OIT (que destaca a necessidade de desenvolvimento de uma política, de um sistema e de um programa nacional de SST)”. Praticamente seis meses depois da publicação da PNSST, foi sancionada por Dilma Rousseff a Lei 12.645, de 16 de maio de 2012, fruto de reivindicações de muitos profissionais da área. Essa Lei institui o dia 10 de Outubro como dia nacional de segurança e de saúde nas escolas. Nessa data, as entidades governamentais e não governamentais podem, em parceria com as secretarias municipais e estaduais, desenvolver atividades como palestras, concursos de frase ou redação, eleição de cipeiro escolar e/ou visitas em empresas. Com esse movimento crescente em termos de preocupação com o tema engenharia de segurança do trabalho em seu aspecto mais abrangente, é importante entender as peculiaridades dessa área de atuação profissional, o que ela incorpora, suas definições e outras questões. A engenharia de segurançado trabalho incorpora conhecimentos oriundos de disciplinas diversas como economia, direito, psicologia, sociologia, medicina, fisiologia, ciências ambientais, além das provenientes das diferentes modalidades da engenharia. Quadro 1.1: Qual a abordagem da engenharia de segurança do trabalho? A engenharia de segurança do trabalho identifica, analisa, avalia e controla as condições perigosas nos locais de trabalho, projetando sistemas, instruindo, sugerindo e colaborando na modificação da organização do trabalho com o objetivo de promover a melhoria dos locais de trabalho e buscar, sempre que possível, o conceito de pevenção. As questões relativas à segurança e saúde do trabalhador exigem abordagens multidisciplinares, onde sociólogos, ergonomistas, químicos, biólogos, médicos e outros que, integrados com a engenharia de segurança do trabalho, buscam compreender o ambiente de trabalho e encontrar estratégias que possam promover medidas para o efetivo controle da saúde e da integridade física dos trabalhadores. A saúde no trabalho, usualmente chamada de higiene ocupacional, constitui outro campo de conhecimento que trabalha integrado com a engenharia de segurança. Assim como a engenharia de segurança, a higiene ocupacional incorpora conhecimentos de diferentes disciplinas com o objetivo de promover a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle das condições perigosas capazes de ocasionar alterações na saúde do trabalhador. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 7 Mas qual é, realmente, a diferença entre segurança e saúde? De acordo com Asfahl (2005), essas palavras são tão comuns que quase todo mundo tem uma imagem formada sobre o conceito de segurança e sobre o conceito de saúde. É inquestionável que se proteger de equipamentos é uma questão de segurança, e que partículas de amianto em suspensão no ar representam uma condição perigosa para a saúde, contudo algumas condições perigosas não são tão fáceis de classificar como segurança ou saúde. Algumas condições podem ser perigosas tanto para a segurança, quanto para a saúde. A segurança trata dos efeitos agudos das condições perigosas, ao passo que a saúde trata de seus efeitos crônicos. Um efeito agudo é uma reação repentina a uma circunstância adversa; um efeito crônico é uma deterioração a longo prazo, devido à exposição prolongada a uma condição adversa. Os termos “crônico” e “agudo” estão diretamente relacionados com tempo + consequência. É como se o “agudo” estivesse associado ao imediato (curtíssimo prazo) e o “crônico” estivesse mais associado ao médio e longo prazo. A segurança trata dos efeitos agudos porque são “imediatos”. Em função de uma ação que gera o acidente, haverá uma consequência quase que imediata (uma lesão). Tomando por base o manuseio de ferramentas em uma bancada, caso haja um acidente a consequência se manifesta imediatamente (como um corte, um arranhão, uma lesão por prensagem de algum dedo). A causa-efeito ocorre num curto espaço de tempo. A saúde trata dos efeitos crônicos porque não são imediatos (vão se manifestando gradualmente). Um funcionário que trabalhe em uma bancada com uma postura incorreta no seu dia-a-dia, ao longo de certo tempo (que não é imediato), começará a sofrer as consequências, como por exemplo, dores lombares. Nesse caso, a causa-efeito ocorre num espaço de tempo médio / longo (pois ninguém trabalhando apenas uma hora em uma bancada, ainda que em uma postura inadequada, terá sua coluna comprometida ou ganhará uma lombalgia). Essa consequência só aparece após certo tempo de exposição e vai se manifestando gradualmente. Por isso é chamada de “crônica”. 1.3 O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA: ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES O contexto social e político no qual o engenheiro de segurança do trabalho atua é bastante turbulento. Os sindicatos e os trabalhadores lutam por relações de trabalho cada vez mais democráticas. As demandas sociais são cada vez maiores e exige-se das organizações não somente que elas sejam mais competitivas e produtivas, mas também que tenham respeito com os consumidores, maior compromisso e responsabilidade social com as questões ambientais e com os trabalhadores e que acima de tudo, se mostrem transparentes sobre como fazem as coisas. O exercício profissional do engenheiro de segurança do trabalho não concorre e nem se confunde com a de outros profissionais. São atuações que se complementam na aplicação de um conjunto de conhecimentos técnicos e científicos na busca permanente de encontrar os meios possíveis para promover a segurança e saúde dos trabalhadores que sejam viáveis, não somente técnica e economicamente, mas acima de tudo eticamente. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 8 Pode-se acrescentar que esse conjunto de “meios possíveis para promover a segurança e a saúde” visa conhecer a magnitude dos acidentes e doenças relacionados ao trabalho, identificar os fatores de riscos ocupacionais, estabelecer medidas de controle e prevenção e avaliar os serviços de saúde de forma permanente, visando à transformação das condições de trabalho e a garantia da qualidade da assistência à saúde do trabalhador. Se voltarmos um pouco no tempo, a partir dos anos 60 várias manifestações de caráter social, econômico e político emergiram com grande vitalidade, inicialmente na Europa (França, Itália, Alemanha etc.), e logo se espalharam para outros continentes. Essas manifestações não foram marcadas somente pelo questionamento do sentido da vida, valores de liberdade, significado e sentido do trabalho, mas sobretudo pela necessidade de rompimento com valores sociais, políticos e econômicos que conformavam o modo de levar a vida iniciada no período pós-guerra e intensificada durante a década 60 e 70. Nesse cenário, surgiu com força a necessidade dos trabalhadores participarem nos processos decisórios e de se organizarem em seus locais de trabalho para discutirem suas necessidades. A partir da década de 70, o trabalhador deixa de ser um mero espectador dos assuntos relacionados ao seu trabalho e adota uma postura mais participativa e questionadora sobre os procedimentos empresariais que direcionam as questões relativas às condições de trabalho. Essa demanda social é refletida nas conquistas de novas leis que incorporam princípios fundamentais do movimento dos trabalhadores, tais como o direito à informação sobre a natureza das condições perigosas e as medidas de controle que estão sendo adotadas pelo empregador, os resultados dos exames médicos e das avaliações ambientais, o direito à recusa ao trabalho em condições de risco grave e iminente para a saúde ou à vida, a realização de estudos e investigações das condições de trabalho, a obrigatoriedade de consulta prévia aos trabalhadores (por parte dos empregadores) antes de mudanças de tecnologia, métodos, processos e formas de organização do trabalho, entre outras. Diante do exposto, é importante destacar que a função “segurança e saúde” tem características tanto de linha, quanto de suporte. Conforme Asfahl (2005), a concretização física da segurança e da saúde no local de trabalho constitui uma função de linha. As práticas de trabalho operacionais, por exemplo, são de responsabilidade dos próprios trabalhadores, sob a direção de seu supervisor de linha. Por exemplo, em indústrias em que o departamento de manutenção é também considerado como uma função de linha, a solução dos problemas das instalações é uma responsabilidadedireta dos operadores de manutenção e de seus supervisores de linha. Nesse caso, o líder de segurança e saúde desempenha uma função de suporte ao atuar como consultor na tarefa de auxiliar, estimular e fazer recomendação à função de linha, para que ela alcance os objetivos de segurança e de saúde. A Figura 1 a seguir ilustra as principais atribuições que um engenheiro de segurança do trabalho pode exercer. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 9 Figura 1 - Competências do engenheiro de segurança Fonte: Revista Proteção Outro aspecto que deve ser levado em conta pelo engenheiro de segurança é a questão econômica. Os líderes de segurança e saúde às vezes sentem-se desanimados ao descobrir que a alta direção baseia as decisões sobre segurança e saúde em dinheiro. Mas a realidade nua e crua é que os negócios existem para gerar lucros e tudo o que uma empresa faz se relaciona, direta ou indiretamente, com os aspectos econômicos. Os líderes que são “ingênuos” a ponto de pensar que o objetivo humanitário da segurança e saúde do trabalhador transcende os aspectos mais “frios” dos lucros e das perdas, devem se fazer a seguinte pergunta: “Até que ponto a atividade de segurança e saúde é orientada por objetivos humanitários”? Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 10 A prevenção de lesões e doenças ocupacionais pode ser reformulada como um objetivo de natureza econômica. Vista com essa perspectiva, tal objetivo adquire maior significado para a direção de uma empresa do que simples conceitos humanitários. Os acidentes, as lesões e as doenças acarretam custos inegáveis que em nada acrescentam ao valor dos produtos fabricados ou dos serviços prestados pela empresa. É responsabilidade do engenheiro de segurança tentar estimar esses custos e manter a alta direção informada, para que sejam tomadas decisões sensatas sobre os investimentos em prevenção. Segundo Caporali (2009), para enfrentar os atuais desafios para melhorar as condições do ambiente de trabalho e a segurança do trabalhador, uma das estratégias é que como profissionais da área, deve-se começar a justificar os projetos dentro do ponto de vista econômico. Higiene ocupacional, segurança do trabalho e ergonomia são áreas que valem à pena ser atendidas. A questão é quantificar o custo que se tem por não resolver um problema dessas áreas. Os gastos associados a uma lesão normalmente não são vistos de forma clara no sistema de contabilidade tradicional de uma empresa. São vários custos indiretos que vão se acumulando e representam um gasto bem severo para a indústria. Mas não é um custo que o empregador possa apertar um botão e saber quanto ele gastou em higiene no mês passado ou quanto economizou prevenindo. “Fizemos vários estudos em Porto Rico. Conseguimos justificar para o empregador que valia mais à pena desenvolver um controle de engenharia para resolver um problema de ruído do que se basear no uso de proteção auditiva. Difícil foi identificar os custos e oportunidades associadas aos programas gerenciais que normalmente são vinculados ao uso de equipamento de proteção individual. Proteção respiratória, proteção auditiva fazem parte de programas de gestão, que consomem muitos recursos da empresa, mas esse recurso não é identificado economicamente de forma fácil. Tanto no continente americano como no mundo inteiro, é muito importante começar a justificar os projetos sob esse ponto de vista. Os gerentes de segurança e de higiene precisam saber justificar os projetos nos mesmos termos que os outros gerentes da empresa fazem, em termos de valores. Geralmente as decisões de uma empresa tomadas por um diretor industrial ou gerente geral buscam manter a empresa viva, e a empresa só vive se ela é produtiva, e só é produtiva se ganha dinheiro. Então, enquanto todos os outros gerentes justificam os seus projetos dizendo “quanto nós vamos aumentar os lucros ou em quanto nós vamos diminuir os custos”, a gerência de segurança e higiene justifica os seus projetos com base em atendimento a regulamentos. A legislação pode ser usada do ponto de vista ideológico como justificativa, mas do ponto de vista gerencial devemos começar a justificar os nossos projetos de outra forma”. Além da questão econômica, o engenheiro de segurança tem que pensar também em treinamentos. Apesar de haver uma tendência de se concentrarem nas condições inseguras, os especialistas da área ainda atribuem a maioria das lesões e doenças dos trabalhadores a ações inseguras (ou os famosos “atos inseguros” – que serão discutidos com mais detalhes em um item específico dessa disciplina). A Figura 2 a seguir mostra alguns passos para uma atuação efetiva de um profissional da área de SST. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 11 Figura 2 - Atuação efetiva do profissional de SST Fonte: Revista Proteção (coluna de Cosmo Palásio de Moraes Junior) De acordo com o técnico de segurança do trabalho e coordenador do e-group SESMT, Cosmo Palásio de Moraes Júnior (na ocasião dessa publicação): “O fato é que hoje cuidamos das formigas enquanto os elefantes andam soltos pelas organizações, adoecendo, mutilando e matando. Se o tempo dedicado às pequenas coisas fosse dedicado ao cuidado das grandes, as ações implementadas seriam mais eficazes”. Os hábitos inseguros de trabalho estão profundamente enraizados, até mesmo entre os trabalhadores mais jovens. A sociedade e seus padrões, influenciados pela mídia, enaltecem as atividades de alto risco. Desde muito pequenas, as crianças aprendem que os heróis são pessoas ousadas, que arriscam suas vidas principalmente no exercício da profissão. Hábitos inseguros profundamente enraizados, associados ao não conhecimento das condições perigosas do ambiente de trabalho, constituem as principais barreiras para a segurança e saúde do trabalhador. E é exatamente nessas barreiras que o programa de treinamento deve se concentrar. Um dos maiores erros que um engenheiro de segurança pode cometer é acreditar que ele é o principal instrutor. Na verdade, os principais instrutores de segurança e saúde ou de qualquer outro aspecto do trabalho são os supervisores imediatos da linha. Seu contato direto com os funcionários determina como a Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 12 tarefa será realizada. Isso mostra que boa parte do treinamento deveria ser informal e realizada no próprio local de trabalho. Porém, existe também a necessidade de um treinamento formal, em sala, sobre os princípios de segurança, normas, reconhecimento de condições perigosas, gerenciamento de risco e outros assuntos, direcionado principalmente para supervisores. Nesse caso, o engenheiro de segurança pode oferecer esse treinamento diretamente ou atuar como suporte, fornecendo informações e recursos de treinamento necessários. 1.4 REGULAMENTAÇÕES DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA A seguir, algumas legislações associadas diretae especificamente com a área de engenharia de segurança do trabalho, apenas para ciência e referência. • Decreto 70861 (25/07/1972) Plano Nacional de Valorização do Trabalhador (criação dos primeiros cursos de formação de profissionais de segurança) • Lei Federal 7410 (27/11/1985) Permitiu o exercício da profissão de Engenheiro de Segurança do Trabalho somente para aqueles portadores de curso de especialização (pós-graduação). • Parecer CFE MEC 19 (27/01/1987) Curriculum básico do curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho • Resolução 359 (31/07/1991) Dispõe sobre o exercício profissional do Engenheiro de Segurança do Trabalho Resolução nº 359 de 31/07/1991 Dispõe sobre o Engenheiro de Segurança do Trabalho O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 27, alínea "f", da Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966, CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 veio excepcionar a legislação anterior que regulou os cursos de especialização e seus objetivos, tanto que o seu Art. 6º revogou as disposições em contrário; CONSIDERANDO a aprovação, pelo Conselho Federal de Educação, do currículo básico do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho - Parecer nº 19/87; CONSIDERANDO, ainda, que tal Parecer nº 19/87 é expresso em ressaltar que "deve a Engenharia da Segurança do Trabalho voltar-se precipuamente para a proteção do trabalhador em todas as unidades laborais, no que se refere à questão de segurança, inclusive higiene do trabalho, sem interferência específica nas competências legais e técnicas estabelecidas para as diversas modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia"; Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 13 CONSIDERANDO, ainda, que o mesmo Parecer concluiu por fixar um currículo básico único e uniforme para a pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, independentemente da modalidade do curso de graduação concluído pelos profissionais engenheiros e arquitetos; CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 faculta a todos os titulados como Engenheiro a faculdade de se habilitarem como Engenheiros de Segurança do Trabalho, estando, portanto, amparados inclusive os Engenheiros da área de Agronomia; CONSIDERANDO, por fim, a manifestação da Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, prevista no Art. 4º do Decreto nº 92.530/86, pela qual "a Engenharia de Segurança do Trabalho visa à prevenção de riscos nas atividades de trabalho com vistas à defesa da integridade da pessoa humana", RESOLVE: Art. 1º - O exercício da especialização de Engenheiro de Segurança do Trabalho é permitido, exclusivamente: I - ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de especialização, a nível de pós-graduação, em Engenharia de Segurança do Trabalho; II - ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério do Trabalho; III - ao portador de registro de Engenharia de Segurança do Trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da extinção do curso referido no item anterior. Parágrafo único - A expressão Engenheiro é específica e abrange o universo sujeito à fiscalização do CONFEA, compreendido entre os artigos 2º e 22, inclusive, da Resolução nº 218/73. Art. 2º - Os Conselhos Regionais concederão o Registro dos Engenheiros de Segurança do Trabalho, procedendo à anotação nas carteiras profissionais já expedidas. Art. 3º - Para o registro, só serão aceitos certificados de cursos de pós-graduação acompanhados do currículo cumprido, de conformidade com o Parecer nº 19/87, do Conselho Federal de Educação. Art. 4º - As atividades dos Engenheiros e Arquitetos, na especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho, são as seguintes: 1 - Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de Engenharia de Segurança do Trabalho; 2 - Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento; Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 14 3 - Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e controle de riscos; 4 - Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição a agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e perigosos; 5 - Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a custo; 6 - Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança do Trabalho, zelando pela sua observância; 7 - Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos de obras, instalação e equipamentos, opinando do ponto de vista da Engenharia de Segurança; 8 - Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco e projetando dispositivos de segurança; 9 - Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes; 10 - Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do Trabalho, delimitando áreas de periculosidade; 11 - Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficiência; 12 - Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição; 13 - Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes o funcionamento; 14 - Orientar o treinamento específico de Segurança do Trabalho e assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que diz respeito à Segurança do Trabalho; 15 - Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar assim o exigir; 16 - Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios; 17 - Propor medidas preventivas no campo da Segurança do Trabalho, em face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes do acidente de trabalho, incluídas as doenças do trabalho; Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 15 18 - Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos a sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. Art. 5º - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 6º - Revogam-se as Resoluções 325, de 27 NOV 1987,e 329, de 31 MAR 1989, e as disposições em contrário. Brasília, 31 JUL 1991. (Publicada no D.O.U. de 01 NOV 1991 - Seção I - Pág. 24.564) 1.5 ENTIDADES PÚBLICAS E PRIVADAS Para finalizar esse capítulo, é importante que o engenheiro de segurança do trabalho conheça e esteja familiarizado com as principais entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, associadas com os temas dessa atribuição profissional. Nesse sentido, ao invés de apresentar a seguir um descritivo de cada uma, essa apostila acompanha um arquivo em anexo, informativo a esse respeito. Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 16 1.6 TESTES 1. Quem é considerado o precursor ou “pai” do prevencionismo? a) Frank Bird Jr. b) John Fletcher. c) Tom Connellan. d) Heinrich. e) Mark Houss. Feedback: item 1.1 - “diz-se que Heinrich é considerado o precursor... 2. Os aspectos relacionados à segurança e saúde: a) Exigem abordagens multidisciplinares, onde diferentes profissionais buscam compreender o ambiente de trabalho. b) Exigem abordagens multidisciplinares, onde diferentes pesquisadores concentram-se em chegar às origens do fator humano associado ao trabalho e como estes interagem entre si. c) Exige uma abordagem direcionada voltada ao ambiente de trabalho e como os fatores nele presentes são afetados pelo comportamento humano. d) Exige uma abordagem específica de engenharia, incluindo cálculos, estatísticas, processos de amostragem e simulações de consequências para estabelecer os riscos do ponto de vista preponderantemente quantitativos. e) Exigem abordagens diferentes, mas não necessariamente complementares, onde o âmbito de saúde e segurança é avaliado do ponto de vista de como a organização oferece ao seu colaborador um local de trabalho livre principalmente de riscos graves Feedback: item 1.2 - “As questões relativas à segurança e saúde do ... 3. Os termos “crônico” e “agudo” estão diretamente relacionados com: a) Tempo e relação de trabalho. b) Tempo e fatores pessoais. c) Tempo e consequência. d) Consequência e severidade. e) Relação de trabalho e equipamentos de proteção. Feedback: item 1.2 - “Os termos crônico e agudo estão diretamente... Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 17 CAPÍTULO 2: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO CONTEXTO CAPITAL- TRABALHO OBJETIVOS DO ESTUDO • Discutir os conceitos de organização do trabalho e gestão organizacional; • Ter a compreensão do significado de boas condições de trabalho; • Apresentar algumas das dificuldades no processo de aplicação da organização do trabalho. Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: • Conseguir visualizar que a organização é uma combinação de esforços individuais com propósitos coletivos; • Entender que as condições de trabalho englobam tudo o que influencia o trabalho. Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 18 2.1 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E A GESTÃO ORGANIZACIONAL De acordo com Senge (2009), uma organização pode ser compreendida como sendo o resultado ou o produto de como as pessoas pensam e interagem entre si a fim de viabilizar objetivos comuns. A expressão "organização do trabalho" deverá ser compreendida como o meio ambiente de trabalho e a forma pelas quais as operações e tarefas necessárias para se realizar as transformações no processo produtivo são concebidas, divididas e atribuídas aos membros da empresa. Assim sendo, a organização do trabalho pode ser entendida como a definição da estrutura organizacional, representada pelas relações sociais nos locais de trabalho, cultura, clima organizacional e a ideologia gerencial empregada para a coordenação entre os equipamentos, as operações e as pessoas. Pode-se também entender organização do trabalho como uma maneira em que as operações necessárias para realizar as transformações no processo produtivo estão divididas entre os membros de uma organização. Essa definição traz dois conceitos importantes. O primeiro refere-se à forma como se distribui o poder e se exercita o controle social no interior da organização. O segundo refere-se aos critérios que são utilizados para a distribuição e a concepção das tarefas em relação ao seu conteúdo, significado e complexidade. Nesse sentido, historicamente há dois modelos de organização do trabalho que representam muito bem essa forma de como se distribui o controle social dentro da organização, associado aos critérios adotados para a distribuição e concepção das tarefas. Quadro 2.1: Quais os dois modelos de produção que têm destaque quando se trata da organização do trabalho? O modelo fordista (também conhecido como de produção em massa), vigente nas empresas principalmente a partir do início do século XX, e o modelo toyotista, de alto desempenho ou de produção enxuta, originário do Japão e que se tornou conhecido a partir da década de 70. Conforme Marochi (2002), o fordismo teve início em 1914, quando Henry Ford introduziu o dia de trabalho de oito horas e cinco dólares como recompensa para os trabalhadores de linha de montagem de carros de Dearbon, em Michigan (EUA). Esta data é apenas simbólica, pois o fordismo como modo de produção já vinha sendo implantado e aperfeiçoado ao longo das últimas décadas do século XIX, durante a fase de construção das ferrovias nos Estados Unidos. Um dos marcos dessa história ocorreu em 1913, com as fábricas de Highland Park, em Detroit (EUA), que introduziu a linha de montagem móvel. O complexo de Rouge, Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 19 também localizado em Detroit e inaugurado em 1927, tentou um modelo de produção totalmente padronizado. Seus ganhos de produtividade foram tão expressivos, que seu modelo de administração do trabalho passou a ser reconhecido e implantado ao longo do tempo em outras organizações, sendo identificado como o modelo de produção fordista. Talvez a principal novidade do modelo fordista seja a introdução da linha de montagem em movimento contínuo. O trabalhador passou a ficar fixo num espaço físico demarcado, limitado (inclusive porque é a linha que “anda”) e passou a fazer uma pequena, simples e reduzida tarefa do processo produtivo. De acordo com Maximiano (2012), foi Henry Ford quem elevou ao mais alto grau os dois princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos em grande quantidade: peças padronizadas e trabalhador especializado. Consolidou-se a divisão do trabalho e o operador passou a se especializar numa única tarefa. Na indústria automobilística, por exemplo, passou a ajustar uma porca a um parafuso ou a colocar a roda do carro, sem ter uma visão ou compreensão do processo integral da montagem do carro. Isso porque o objetivo maior era garantir o aumento da produtividade. Os trabalhadores, de modo geral, eram facilmente substituídos. Uma vez que realizavam operações simplificadas, em pouco tempo aprendiam a atividade, não necessitando de maior aprendizagem ou experiência anterior. Assim, oinvestimento em treinamento e formação era mínimo. Não havia preocupação com a manutenção dos trabalhadores nas fábricas, visto que eram facilmente substituídos. Assim, o trabalhador passou a ser considerado como custo móvel, sendo administrado como tal e sofrendo as consequências do ciclo de admissões ou demissões conforme as flutuações de mercado, não tendo muita garantia de emprego. A fragmentação e, como consequência, a perda de visão integral do processo produtivo, a falta de estabilidade no emprego e a baixa especialização facilitaram o processo de “esvaziamento de responsabilidade” por parte do trabalhador, que inclusive tinha seu próprio ritmo de trabalho controlado pela velocidade da linha de produção, disciplinando os mais lentos ou mais rápidos segundo as necessidades da produção. Ao trabalhador cabia abaixar a cabeça e trabalhar, não se importando com o que acontecia à sua volta, mesmo porque muitas vezes não sabia como se comunicar. Paulatinamente, essa divisão do trabalho foi acabando com o sentimento de equipe. E assim, desapropriado do seu know-how e experiência, da possibilidade de atuar coletivamente no local de trabalho, sem possibilidade de se adaptar livremente ao trabalho, e sob uma rigorosa vigilância em nível de estrutura hierárquica e do ritmo das próprias linhas de produção, os trabalhadores se tornaram corpos isolados e desprovidos de iniciativa. Em outras palavras, o trabalhador se transformou num mero realizador de tarefas e isso causou uma paralisia mental, induzida pela organização do trabalho. Como consequências para o seu estado de saúde mental e físico, ocorriam desde esgotamentos e fadigas físicas, passando por estados de tensão, medo, angústia, frustração, úlceras e gastrites e encerrando-se por um isolamento ou alienação do mundo à sua volta, transformando-se numa pessoa incapaz de ação própria, que se deixava dirigir por outros. O auge da produção fordista ou de massa – caracterizada por grandes volumes para grande consumo – deu-se no período compreendido entre a segunda guerra mundial e 1973, quando a crise do petróleo iniciada naquele ano desencadeou também uma crise Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 20 sobre o sistema produtivo global, modificando algumas bases econômicas e colocando o Japão em evidência como potência capitalista. Estudos sobre o Japão deram conta de um novo modo de produção, denominado de modelo de alta performance, produção enxuta, Toyotismo ou modelo toyotista de produção, porque teve origem na Toyota Motor Company. A produção toyotista nasceu da necessidade de se produzir veículos competitivos, mas não nos moldes da produção ocidental, que previa a produção em massa de grandes volumes. No Japão, o volume de produção deveria ser reduzido, o que exigia maior flexibilidade das máquinas e ferramentas. Quem iniciou a mudança do modelo de produção na Toyota foi o engenheiro de produção da empresa, Taichi Ohno. Ele começou a trabalhar no desenvolvimento de máquinas e ferramentas que permitissem uma maior flexibilidade na troca de peças e moldes. Ele foi percebendo que os custos eram menores quando produzia pequenos lotes. Em 1949, devido a uma crise econômica seguida de uma greve, a família Toyota deixou a presidência da empresa. Em contrapartida, os funcionários concordaram em ser mais flexíveis na execução de suas tarefas e mais ativos na promoção dos interesses da companhia, introduzindo melhorias, em vez de apenas registrarem ou conviverem com os problemas de produção. Em troca, ganharam o direito ao emprego vitalício, com rendas crescentes conforme o tempo de empresa e os lucros obtidos. Como os operários permaneceriam na empresa por um longo tempo, passou a ser preocupação do sistema aproveitar as suas qualificações, conhecimentos e experiências, e não somente sua força física. Inicialmente, Taichi Ohno agrupou os trabalhadores em equipes, com um líder no lugar do supervisor, que além da coordenação dos trabalhos também participava da produção, substituindo os trabalhadores quando fosse necessário. Cada uma dessas equipes era responsável por um conjunto de etapas de montagem de uma parte da linha de produção, surgindo daí o conceito de mini fábricas. Em seguida, foram atribuídas às equipes outras tarefas, além da produção específica de cada setor, como a limpeza do seu local do trabalho, a manutenção de pequenas máquinas e ferramentas, bem como o controle de qualidade do que produziam. Finalmente, quando as equipes já estavam organizadas, passou-se a reservar um período diário do tempo para analisar medidas e sugestões para melhorar o processo de produção. Esse aperfeiçoamento contínuo e gradual (em japonês, kaizen) dava-se com a colaboração de engenheiros industriais e dos operários, que trabalhavam de forma cooperativa, diminuindo as distâncias entre os níveis hierárquicos. Dessa forma, surgiram os conceitos de polivalência funcional (execução de diversas atividades por um mesmo funcionário), de melhoria contínua e também de responsabilidade e comprometimento de cada operário em evitar os defeitos e o retrabalho para consertar o que estava fora das especificações de qualidade. Foi dado aos operários o direito de parar a linha de produção quando percebessem defeitos ou erros. No sistema fordista, o ritmo de produção e a qualidade eram prerrogativas das chefias. O sistema toyotista previa a eliminação rígida das tarefas, mas exigia um longo treinamento e aperfeiçoamento no trabalho, valorizando a experiência do trabalhador e acabando com a rigidez e a demarcação das especialidades das tarefas. O trabalho passou a ser organizado através da integração dos departamentos e setores, atribuindo aos operários a corresponsabilidade sobre os resultados a serem obtidos. Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 21 Quadro 2.2: Qual a principal característica do toyotismo que se sobressai em relação ao fordismo? É a prioridade da equipe sobre o indivíduo. No toyotismo é necessário trabalhar em grupo, porque a produção é organizada em mini fábricas. É praticamente impossível ter o domínio de todo o conhecimento e experiência existentes dentro de uma fábrica. Assim, na solução de determinados problemas, somente o trabalho em que ipe é viável. O trabalho em equipe permite ao trabalhador uma visão mais ampla das atividades que executa e, portanto, da sua participação no processo produtivo. O processo de comunicação é ampliado no modelo Toyota, na medida em que a participação dos operários em termos de maior corresponsabilidade exige que ele tenha maiores informações sobre o sistema produtivo. Já no sistema fordista, informação significava poder, e nem sempre elas eram compartilhadas. Na produção enxuta, parte das informações fica disponível a todos os funcionários. O processo de formação e treinamento é mais demorado no sistema toyotista. Como o sistema é mais flexível, sujeito a constantes aperfeiçoamentos e mudanças, é necessário que o operário esteja envolvido num processo de formação constante. A possibilidade de melhorias contínuas, o kaizen e a corresponsabilidade no processo produtivo, exigem do trabalhador um pensamento mais elaborado, mesmo em nível operacional. Necessita desenvolver a iniciativa para buscar soluções. No trabalho em equipe, precisa aprimorar suas habilidades interpessoais de participação, comunicação, administração de conflitos, etc. Muitas vezes precisa assumir aliderança em determinadas questões, o que antes era completamente inibido. Cada vez mais as organizações utilizam novos procedimentos relativos à organização do trabalho para superar dificuldades, como por exemplo, o da implantação de mecanização e automação no processo produtivo, ou de como alavancar a produtividade e a qualidade, ou de como buscar o comprometimento e a identificação dos trabalhadores com as tarefas que necessitam ser executadas no processo produtivo. Por outro lado, os sindicatos entendem que essas abordagens, além de representarem a possibilidade de participação dos trabalhadores nas decisões que afetam o processo produtivo, podem também proporcionar um ambiente de trabalho onde as condições perigosas possam ser controladas. Entretanto, constata-se em muitos casos que grande parte dos empresários não consegue ver os trabalhadores como interlocutores capazes e dignos para negociar e propor soluções para questões tão importantes como a saúde e a segurança. Essa parece ser uma das questões fundamentais, ainda não resolvida, em nossa sociedade. Constata-se a inexistência de espaços democráticos na maioria dos locais de Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 22 trabalho, não havendo oportunidades para que os trabalhadores possam se manifestar e expor seus pontos de vistas sem o receio de serem punidos por administrações autoritárias, incapazes de darem respostas concretas às demandas dos trabalhadores. Suas atribuições resumem-se em apontar ao seu supervisor as condições inadequadas, restando-lhe a obrigação de continuar executando suas atividades até que alguma providência seja tomada. Devemos compreender, entretanto, que ainda que os aspectos técnicos compareçam com relevância indiscutível, estes não são suficientes para o equacionamento e a compreensão dos problemas decorrentes das condições de trabalho inadequadas, pois além dos agentes físicos, químicos e outros presentes nos locais de trabalho, existem determinantes de ordem social, política, tecnológica e organizacional que não podem ser negligenciadas pelo engenheiro de segurança do trabalho. Parâmetros como especificações sobre quais equipamentos serão utilizados no processo produtivo; como, quando e onde as tarefas serão executadas pelos trabalhadores; como essas tarefas estarão interligadas e alocadas a cada indivíduo; os controles gerenciais; o sistema de comunicação, integração e participação nos processos de decisão; a delegação de autoridade, liberdade e responsabilidades que os trabalhadores terão sobre a execução das tarefas; a definição dos sistemas de avaliação de desempenho e como as pessoas serão recompensadas pelo seu trabalho; a preocupação com o comprometimento das pessoas com o processo produtivo e as relações sociais nos locais de trabalho são cada vez mais estudadas pela organização do trabalho. A otimização de todos esses parâmetros pode criar as condições necessárias para a melhor efetividade do sistema produtivo e, ao mesmo tempo, sua harmonização poderá proporcionar condições favoráveis à redução de impactos sobre a integridade física e mental dos trabalhadores. A essa otimização podemos chamar de “gestão organizacional”, que pode ser definida como uma ação continuada de planejar, organizar e controlar os recursos disponíveis para alcançar os objetivos estabelecidos pela organização. Espera-se que essa ação continuada seja executada de modo que a organização encontre o equilíbrio entre a perspectiva econômica (que deve assegurar sua competitividade), a conformidade legal (que deve assegurar sua legalidade no cumprimento da legislação aplicável), a sua atuação ética (que deve assegurar sua responsabilidade social na busca do que é correto) e a sua postura política (que deve assegurar a legitimidade junto às partes interessadas), a fim de criar um ambiente favorável para a continuidade de suas atividades. De acordo com Sell (1995), as condições de trabalho englobam tudo o que influencia o próprio trabalho. Isto inclui: o posto de trabalho, o ambiente de trabalho, os meios de trabalho, a tarefa, a jornada de trabalho, a organização do trabalho, alimentação, transporte, as relações entre as pessoas e as relações entre produção e salário, entre outros. Portanto, quando se fala em boas condições de trabalho, se quer dizer, mais especificamente: • Meios de produção adequados às pessoas, o que significa o projeto ergonômico dos equipamentos, dos veículos, das ferramentas e dos dispositivos auxiliares usados no trabalho, postos de trabalho ergonomicamente projetados (o que inclui bancadas, Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 23 informações e ferramentas) de modo a garantir boa postura, boa visibilidade, bom alcance por parte do trabalhador; • Objetos de trabalho, materiais e insumos que sejam inócuos às pessoas que com eles entram em contato direto; ou ainda evitar a possibilidade desse contato; • Controle sobre fatores ambientais adversos, como por exemplo iluminação, temperatura, ruído, vibrações, renovação de ar, partículas tóxicas, poeiras, gases; • Postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho sem condições perigosas mecânicas, físicas, químicas ou outras, isto é, sem partes móveis expostas, sem ferramentas cortantes desprotegidas, sem emissão de gases, vapores, poeiras etc.; • Organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com conteúdo adequado às suas capacidades físicas, compatíveis com as dimensões cognitiva e emocional; • Tarefa que exija uma captação, tratamento e saída de informações em um nível adequado para o trabalhador; • Formação de competências adequadas para que os funcionários possam dar respostas adequadas às melhores práticas de trabalho. Faz-se necessário ensinar o que fazer, como fazer e sobretudo, porque fazer daquela maneira. As justificativas são devidas não só pelos aspectos de produção, mas também em função da segurança das pessoas e das instalações; • Regime de turnos de trabalho que comprometa ao mínimo a saúde do trabalhador, bem como o seu convívio familiar e social; • Quando necessário, um regime de pausas que possibilite a recuperação das funções fisiológicas, psíquicas e mentais para, em longo prazo, não comprometer a saúde do trabalhador; • Sistema de remuneração de acordo com as solicitações físicas, psíquicas e mentais do trabalhador em seu sistema de trabalho, considerando também sua qualificação profissional; • Clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos; possibilidade de contato com colegas durante a jornada de trabalho; • Supervisão do trabalho que possibilite mecanismos de feedback; • Avaliação de desempenho e consequente remuneração e promoções no trabalho, baseadas não somente no ritmo da produção ou no número de peças produzidas, mas que contemplem aspectos qualitativos e de criatividade do trabalhador. A própria norma regulamentadora NR-17 (Ergonomia) trata dessa questão de organização do trabalho em seu item 17.6, estabelecendo que: “17.6.1 - A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2 - A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 24 c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas. 17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; b) devem ser incluídas pausas para descanso; c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento. 17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte: a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie; b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual; d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho; e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada progressivamente.” Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 25 2.2 DIFICULDADES NA APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Qualquer proposta de reorganização do trabalho enfrenta várias dificuldades. A primeira delas é a desconfiança dos próprios trabalhadores e dos sindicatos. É quase certo que os trabalhadores irão resistir a qualquer proposta de mudança na organização do trabalho que possa provocar a percepção de um desequilíbrio desfavorável, ainda que essa proposta signifique ou ofereça a perspectiva de uma situação mais favorável quanto ao conteúdo intrínseco das tarefas que eles realizam. Essas manifestações de resistência à mudança têm se acentuado à medida que as aspirações dos trabalhadores têm mudado ao longo dos anos, em razão de maior acesso à informação, maior democratização do país com liberdade de organização sindical e maior conscientização dos trabalhadores de que poderiam executar suas atividades de forma diferente e mais interessante. Segundo Senge (2009), os líderes que tentam mudar a organização frequentemente se surpreendem ao se verem aprisionados em processos de equilíbrio. Para eles, é como se seus esforços enfrentassem uma súbita resistência que parece vir do nada. Na verdade, a resistência é uma resposta do sistema, na tentativa de manter uma meta implícita. Enquanto essa meta não for reconhecida, os esforços de mudança estarão condenados ao fracasso. Sempre que existe resistência à mudança, com certeza existe um ou mais processos ocultos em equilíbrio. A resistência à mudança quase sempre surge de ameaças às normas e formas tradicionais de fazer as coisas. Essas normas estão associadas aos relacionamentos de poder estabelecidos. Uma norma é arraigada porque a distribuição de autoridade e controle é arraigada. Assim, em vez de tentar insistentemente vencer a resistência à mudança, líderes habilidosos identificam a fonte de resistência. Concentram- se diretamente nas normas implícitas e nos relacionamentos de poder associados a essas normas. Com o intuito de exemplificar como a liderança pode lidar com as mudanças, a seguir serão dados três exemplos (dois bem sucedidos, onde houve forte envolvimento de líderes "habilidosos"; e um que gerou muitos problemas, por falta de envolvimento da liderança). Na matriz de uma grande empresa multinacional, com cerca de 900 funcionários, houve uma decisão de mudança de layout, que implicaria em uma reforma de 6 meses em um prédio de 3 andares, mudanças nos postos de trabalho, mudança de localização física em outra área do edifício etc. Quando foi anunciada, a mudança causou alvoroço entre os funcionários, mas a infraestrutura que foi criada para que a mudança pudesse ser realizada e principalmente o processo de comunicação frequente (feito pela liderança), claro e identificando os benefícios da mudança, conseguiu mudar a opinião de quase todos, que no final aceitaram e até gostaram da iniciativa da empresa. O segundo exemplo é o de uma mudança nos planos de saúde, que envolveriam todos os funcionários de uma grande empresa. Inicialmente, houve uma apreensão geral, por temerem que a nova estrutura pudesse trazer prejuízos e dificuldades quando seu uso fosse necessário. Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho __________________________________________________________________________________________________ eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 26 Porém, antes de definir as novas regras e estabelecer o novo plano, a empresa (através de seus “líderes habilidosos”) tomou o cuidado de avaliar, em diferentes regiões do Brasil, quais eram os planos mais fortes em termos de clínicas, hospitais, coberturas e assim por diante. A mudança foi tão bem estruturada e planejada com a devida análise prévia (comunicação, consulta e suporte ao funcionário durante e após a mudança), que foi aceita por todos. O terceiro exemplo (dessa vez mal sucedida) refere-se a uma empresa certificada em OHSAS 18001 e que resolveu migrar toda a sua base de documentos de um sistema eletrônico para outras bases. Havia um sistema interno (intranet) onde os procedimentos, instruções de trabalho, manuais e outros registros eram armazenados. Por alguma razão (não informada aos funcionários), decidiu-se separar todo esse conteúdo centralizado na rede da empresa em diferentes bases, sendo que uma das que foi escolhida foi o SAP, que até então era usada pelo pessoal de compras e de tecnologia da informação. A migração foi feita às pressas sem a análise prévia e não foi dado treinamento adequado aos novos usuários do sistema. Como consequência, muitos documentos se perderam, alguns ficaram com mais de uma versão disponível, quando se acessavam as bases nem sempre se conseguia visualizar o conteúdo dos documentos e como o sistema ficou sobrecarregado, muitas vezes travava ou trabalhava de maneira muito lenta, sem contar os usuários que não sabiam direito como usar a nova base. Desastre! Analisando as causas, concluiu-se que um dos grandes fatores contribuidores foi a falta de envolvimento das diferentes lideranças, que não se preocuparam em dar o devido suporte nem se engajaram nessa fase de transição. Diante desses cenários de mudança, originou-se a famosa parábola do “sapo escaldado”. Se um sapo for
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