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EST - 101 - Apostila ALUNO - 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
 
ESCOLA POLITÉCNICA DA USP 
 
 
 
 
 
PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA 
 
EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA 
 
 
 
 
 
eST-101 / STR-101 
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
ALUNO 
 
 
 
 
SÃO PAULO, 2018 
 
EPUSP/PECE 
 
DIRETOR DA EPUSP 
JOSÉ ROBERTO CASTILHO PIQUEIRA 
 
COORDENADOR GERAL DO PECE 
LUCAS ANTÔNIO MOSCATO 
 
EQUIPE DE TRABALHO 
 
CCD – COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA 
SÉRGIO MÉDICI DE ESTON 
 
VICE - COORDENADOR DO CURSO Á DISTÂNCIA 
WILSON SHIGUEMASA IRAMINA 
 
PP – PROFESSOR PRESENCIAL 
ALESSANDRA ISABELLA SAMPAIO MARTINS 
 
CPD – CONVERSORES PRESENCIAL PARA DISTÂNCIA 
ANDRÉ FILLIPE BEZERRA 
CAROLINA BATISTA 
EMMANUEL BARREIRA FERRARO 
FLAVIA VILHENA SUTTER AFFONSO 
GIOVANNA CABRAL CAZALI 
RODRIGO PEREIRA TONIOLO 
 
FILMAGEM E EDIÇÃO 
FELIPE THADEU BONUCCI 
KARLA JULIANE DE CARVALHO 
THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO 
 
IMAD – INSTRUTORES MULTIMÍDIA Á DISTÂNCIA 
DIEGO DIEGUES FRANCISCA 
FELIPE BAFFI DE CARVALHO 
FELIPE THADEU BONUCCI 
FLÁVIA VILHENA SUTTER AFFONSO 
GIOVANNA CABRAL CAZALI 
PEDRO MARGUTTI DE ALMEIDA 
SEIJI RENAN MICHISHITA 
 
CIMEAD – CONSULTORIA EM INFORMÁTICA, MULTIMÍDIA E EAD 
CARLOS CÉSAR TANAKA 
JORGE MÉDICI DE ESTON 
SHINTARO FURUMOTO 
 
GESTÃO TÉCNICA 
MARIA RENATA MACHADO STELLIN 
 
APOIO ADMINISTRATIVO 
NEUSA GRASSI DE FRANCESCO 
VICENTE TUCCI FILHO 
 
 “Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou 
processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este 
documento”.
 
 
SUMÁRIO 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
i 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ............................ 1 
1.1 A HISTÓRIA DO PREVENCIONISMO E O CONCEITO DE PREVENÇÃO ........ 2 
1.2 A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO .............. 3 
1.3 O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA: ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES
 7 
1.4 REGULAMENTAÇÕES DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA ......................... 12 
1.5 ENTIDADES PÚBLICAS E PRIVADAS ............................................................ 15 
1.6 TESTES ........................................................................................................... 16 
CAPÍTULO 2: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO CONTEXTO CAPITAL-
TRABALHO ................................................................................................................. 17 
2.1 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E A GESTÃO ORGANIZACIONAL .......... 18 
2.2 DIFICULDADES NA APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO ..................................................................................................................... 25 
2.3 TESTES ........................................................................................................... 34 
CAPÍTULO 3: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE I) .. 35 
3.1 A EVOLUÇÃO DA GESTÃO DA SEGURANÇA NO TRABALHO ..................... 36 
3.2 INTRODUÇÃO E CONCEITOS DE SISTEMA DE GESTÃO ............................ 39 
3.2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL ........................................................................ 43 
3.3 REQUISITOS GERAIS – OHSAS 18001:2007 (4.1) ......................................... 48 
3.4 POLÍTICA DE SST – OHSAS 18001:2007 (4.2) ............................................... 50 
3.5 TESTES ........................................................................................................... 51 
CAPÍTULO 4: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE II) . 52 
4.1 IDENTIFICAÇÃO DE CONDIÇÕES PERIGOSAS, AVALIAÇÃO DE RISCO E 
DETERMINAÇÃO DE CONTROLES (OHSAS 18001:2007 – 4.3.1) ................................ 53 
4.1.1 COMPORTAMENTO HUMANO E TIPOS DE ERROS ..................................... 62 
4.2 REQUISITOS LEGAIS E OUTROS (OHSAS 18001:2007 – 4.3.2) ................... 75 
4.3 OBJETIVOS E PROGRAMAS (OHSAS 18001:2007 – 4.3.3) ........................... 76 
4.4 TESTES .......................................................................................................... 79 
CAPÍTULO 5: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE III) 80 
5.1 RECURSOS, FUNÇÕES, RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE (OHSAS 
18001:2007 – 4.4.1) ......................................................................................................... 81 
5.1.1 LIDERANÇA ..................................................................................................... 82 
5.2 COMPETÊNCIA, TREINAMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO (OHSAS 18001:2007 
– 4.4.2) 86 
5.3 TESTES .......................................................................................................... 94 
CAPÍTULO 6: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE IV) 95 
6.1 COMUNICAÇÃO, PARTICIPAÇÃO E CONSULTA (OHSAS 18001:2007 – 4.4.3)
 96 
6.1.1 MOTIVAÇÃO .................................................................................................. 103 
6.1.2 FEEDBACK & RECONHECIMENTO .............................................................. 108 
6.2 DOCUMENTAÇÃO (OHSAS 18001:2007 – 4.4.4) ......................................... 112 
6.3 CONTROLE DE DOCUMENTOS (OHSAS 18001:2007 – 4.4.5) .................... 113 
 
 
SUMÁRIO 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
ii 
6.4 CONTROLE OPERACIONAL (OHSAS 18001:2007 – 4.4.6) .......................... 113 
6.5 PREPARAÇÃO E RESPOSTA À EMERGÊNCIA (OHSAS 18001:2007 – 4.4.7)
 114 
6.6 TESTES ........................................................................................................ 117 
CAPÍTULO 7: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE V) 118 
7.1 MONITORAMENTO E MEDIÇÃO DE DESEMPENHO (OHSAS 18001:2007 – 
4.5.1) 119 
7.2 AVALIAÇÃO DE ATENDIMENTO / CUMPRIMENTO (OHSAS 18001:2007 – 
4.5.2) 121 
7.3 INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTES, NÃO-CONFORMIDADES, AÇÕES CORRETIVAS 
E AÇÕES PREVENTIVAS (OHSAS 18001:2007 – 4.5.3) .............................................. 121 
7.3.1 ACIDENTES: CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO .................................... 122 
7.3.2 CUSTOS DE ACIDENTE ............................................................................... 130 
7.4 CONTROLE DE REGISTROS (OHSAS 18001:2007 – 4.5.4) ......................... 132 
7.5. TESTES .................................................................................................................. 133 
CAPÍTULO 8: IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE SST (PARTE VI)134 
8.1 AUDITORIA INTERNA (OHSAS 18001:2007 – 4.5.5) .................................... 135 
8.1.1 ATIVIDADES PRÉ-AUDITORIA .................................................................... 139 
8.1.2 ATIVIDADES DURANTE A AUDITORIA ....................................................... 144 
8.1.3 ATIVIDADES PÓS-AUDITORIA .................................................................... 147 
8.2 ANÁLISE CRÍTICA / REVISÃO GERENCIAL (OHSAS 18001:2007 – 4.6) ..... 151 
8.3 TESTES ........................................................................................................ 153 
CAPÍTULO 9: MODELOS DE JORNADA DE MATURIDADE EM GESTÃO DE SST 154 
9.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 155 
9.2 MODELO DE JORNADA: DUPONT ............................................................... 155 
9.3 MODELO DE JORNADA: ANGLO AMERICAN .............................................. 157 
9.4 MODELO DE JORNADA: SHELL ................................................................... 163 
9.5 OUTROS MODELOS DE JORNADA ............................................................. 168 
9.6 TESTES ........................................................................................................172 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 173 
 
 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
1 
 
 
CAPÍTULO 1: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
 
OBJETIVOS DO ESTUDO 
• Prover um breve histórico do prevencionismo; 
• Apresentar a evolução da engenharia de segurança do trabalho; 
• Discutir o conceito de prevenção e o papel do engenheiro de segurança. 
 
Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: 
• Entender que a atuação do engenheiro de segurança está condicionada a um cenário 
que muitas vezes ultrapassa os “muros da fábrica”; 
• Entender as razões dessa ampla atuação do engenheiro de segurança, tendo em vista 
o cenário histórico do prevencionismo e suas responsabilidades. 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
2 
1.1 A HISTÓRIA DO PREVENCIONISMO E O CONCEITO DE PREVENÇÃO 
 
Se voltarmos à época da Revolução Industrial, verifica-se que havia uma 
preocupação fundamentada apenas na reparação de danos à saúde e à integridade física 
dos trabalhadores. Praticamente não se pensava em nenhuma ação, atitude ou medida de 
prevenção. Esse novo paradigma começou a ficar caracterizado por volta de 1926, através 
dos estudos de um norte americano conhecido por Heinrich. Com ele, pode-se observar 
com bastante nitidez o alto custo que representava para a seguradora na qual ele 
trabalhava reparar os danos decorrentes de acidentes e doenças do trabalho. A partir 
dessas observações, foram desenvolvidas várias ideias para que esse problema pudesse 
ser gerenciado dentro das empresas, privilegiando a prevenção acima de tudo. Por esta 
razão, Heinrich é considerado o precursor ou o “pai” do prevencionismo. 
 Em 1966, o também norte americano Frank Bird Jr. propôs um novo enfoque para 
as questões de segurança e saúde, a partir da ideia de que a empresa deveria se preocupar 
não somente com os danos aos trabalhadores, mas também com os danos às instalações, 
aos equipamentos e aos seus bens em geral. Ele chamou seu enfoque de Loss Control. 
 Quatro anos depois (1970), ampliando um pouco a extensão do enfoque de Bird, o 
canadense John Fletcher deu outra designação a essas ideias, acrescentando a palavra 
“total” ao enfoque do norte americano, ou seja, Total Loss Control, incrementando o escopo 
proposto por Bird no sentido de englobar também as questões de proteção ambiental, de 
segurança patrimonial e de segurança do produto. 
 Dentro desse contexto de meio ambiente e segurança e saúde no trabalho, é 
importante ressaltar que um dos maiores desafios que a indústria como um todo tem 
atualmente é manter sua competitividade, assegurando um meio ambiente saudável e 
seguro e condições de trabalho que não ameacem a vida dos funcionários nem sua 
integridade física. Para permanecerem competitivas em um mercado acirrado e cada vez 
mais exigente, as empresas deverão, portanto, desenvolver processos novos e melhores, 
bem como implementar sistemas de gestão voltados principalmente para a prevenção da 
poluição e de acidentes, buscando a melhoria contínua e atendendo, no mínimo, a 
legislação vigente. 
Contudo, a fim reduzir os impactos decorrentes da produção em grande escala, as 
empresas precisam definir estratégias e educar-se quanto aos modernos padrões e 
manufaturas, caso desejem manter uma boa reputação. Nesse sentido, Romm (1996) 
enfatiza que mudanças devem ser feitas aos poucos, mas constantemente. Ele diz que ser 
sistemático com o tempo significa ser dinâmico em vez de ser estático, antecipando o futuro 
e aceitando que as mudanças nunca terminam. Essa mudança de cultura tem influenciado 
alguns países rumo a esse novo paradigma de prevenção determinado pelas estruturas 
dos sistemas de gestão. 
E o que se entende por prevenção? É qualquer ação executada dentro da 
perspectiva da engenharia de segurança, com o objetivo de propor medidas de controle 
para as condições perigosas, visando evitar ocorrências que possam fazer com que o 
trabalho venha a ser a causa de sofrimento, doenças, morte e incapacidade para quem o 
realiza. 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
3 
Como abordagem para a prevenção de acidentes, deve-se priorizar aquelas 
estratégias que reduzirão de forma mais efetiva as lesões. As prioridades devem ser dadas 
à medida que protejam automaticamente sem demandar qualquer ação por parte dos 
indivíduos. Esse aspecto será discutido com mais detalhes um pouco mais adiante, no 
capítulo que trata sobre comportamento humano e os tipos de erros. 
 
1.2 A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
A segurança do trabalho é a parte da engenharia que trata de reconhecer, avaliar 
e controlar as condições perigosas e os fatores humanos no ambiente de trabalho, com o 
intuito de evitar acidentes e danos, principalmente à saúde do trabalhador. O objetivo da 
segurança do trabalho é atenuar os riscos, usando recursos tecnológicos disponíveis, 
treinamentos, a busca da conscientização dos trabalhadores em relação às condições 
perigosas e seus riscos associados, sem nunca esquecer que o homem não é uma 
máquina, e as variáveis humanas existem e devem ser respeitadas. 
De acordo com Lago (2006), a segurança como sinônimo de prevenção de acidente 
evoluiu de uma forma crescente, englobando um número cada vez maior de fatores e 
atividades, desde as primeiras ações de reparação de danos até um conceito mais amplo 
onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos indesejados para 
o trabalho. Surgiram e evoluíram em diversos países ações tendentes a prevenir danos às 
pessoas, decorrentes de atividades laborais. 
Apenas em 1912 surgiram as primeiras iniciativas para a prevenção de acidentes. 
Em 1919 foi editada a primeira lei de acidentes do trabalho, instituída com o Decreto 
Legislativo 3.724, de 15 de janeiro de 1919, que possuía uma visão restrita de acidente do 
trabalho, porém previa indenizações para o operário ou sua família, estipulada de acordo 
com a gravidade do acidente. Nela também o empregador se obrigava a prestar socorro 
médico-hospitalar aos seus operários acidentados. Deve-se destacar a atuação da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que desde a sua constituição em 1919, tem 
atribuído um papel prioritário aos temas de higiene e segurança. 
Somente após a revolução de 1930 é que realmente aumentaram as reivindicações 
trabalhistas e passou-se a contar com uma legislação mais direcionada. Com o governo 
de Getúlio Vargas, o Brasil teve em sua estrutura trabalhista uma transformação 
significativa. Foi criado o Ministério do Trabalho, a carteira profissional, estabelecida a 
jornada de trabalho (comércio e indústria) e foi dada atenção ao trabalho da mulher e do 
menor. O Decreto 24.637, de 10 de julho de 1934, instituiu o conceito de acidente do 
trabalho e suas causas, e foi instituído também o seguro obrigatório para os acidentados 
(público ou privado); manteve-se a responsabilidade dos empregadores quanto à 
prestação de assistência médica aos empregados acidentados, bem como a obrigação da 
comunicação do acidente. Em primeiro de maio de 1943, com o Decreto 5452, foi então 
instituída a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que, em seu capítulo V, título II, 
versava sobre a segurança do trabalho. 
A obrigatoriedadeda implantação, pelas empresas, do Serviço Especializado em 
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) só veio através do Decreto 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
4 
e Lei 229, de 28 de fevereiro de 1967, com a primeira grande reformulação no conteúdo 
da CLT. Alguns anos depois, a Lei 6514, de 22 de dezembro de 1977, alterou todo o 
capítulo V, do Título II da CLT, tendo sido incluídas diversas disposições legais, como as 
referentes à insalubridade e periculosidade nos locais de trabalho. 
Até o início da década de 70, a questão da segurança era tratada unicamente no 
âmbito das empresas, sem maiores interferências externas (do governo ou do público). A 
partir do início da década de 70, começaram a surgir os primeiros sinais de insatisfação de 
algumas parcelas da população, de autoridades governamentais e de alguns setores da 
própria indústria, com a ocorrência de acidentes de grande repercussão. 
Em maio de 1977, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu o desafio 
“saúde para todos no ano 2000”, onde era fixada a meta de que os governos deveriam 
proporcionar a todos os cidadãos um nível de saúde que lhes permitisse levar uma vida 
social e economicamente produtiva. Em setembro de 1978, a OMS realizou na cidade de 
Alma-Ata (República do Cazaquistão), a Conferência Internacional sobre os “cuidados 
primários à saúde”, onde na ocasião foi formulada a Declaração de Alma-Ata, um 
compromisso assumido por todas as 134 nações participantes: 
 
A conferência reafirma que a saúde (estado completo de bem 
estar físico, mental e social, não simplesmente a ausência de 
doença ou enfermidade) é um direito humano fundamental, e 
que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais 
importante meta social mundial, cuja realização requer a ação 
de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor 
saúde. 
 
Como desdobramento dessa visibilidade que a segurança e a saúde do trabalhador 
adquiriram nesse período, a OIT aprovou várias recomendações que vinham ao encontro 
desse novo momento da segurança e saúde do trabalhador. Destacam-se: 
 
• A Convenção 148, de junho de 1977, sobre a proteção dos trabalhadores contra os 
riscos profissionais devidos à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de 
trabalho. Nessa convenção ficou estabelecido o princípio de que: 
a) os representantes do empregador e os representantes dos trabalhadores da 
empresa deveriam ter a possibilidade de acompanhar os agentes de inspeção do 
trabalho; 
b) os trabalhadores ou seus representantes teriam direito a apresentar propostas, 
receber informações e orientações, e a recorrer a instâncias apropriadas, a fim de 
assegurar a proteção contra os riscos profissionais existentes nos locais de 
trabalho. 
 
• A Convenção 155, de junho de 1981 sobre segurança e saúde dos trabalhadores, 
onde se estabelecia considerável avanço nos seguintes aspectos: 
 
a) todos os países membros deveriam, em consulta às organizações mais 
representativas de empregadores e de trabalhadores, formular, colocar em prática 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
5 
e reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em matéria de 
segurança e saúde do trabalhador; 
b) definiu que a saúde, com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de 
afecções ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais que afetam 
a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e higiene no trabalho. 
c) estabeleceu o princípio segundo o qual todo trabalhador pode interromper uma 
situação de trabalho, caso julgue que atividade envolva risco grave e iminente. 
 
• A Convenção 161, de junho de 1985, sobre os serviços de saúde no trabalho, onde 
ficaram estabelecidos princípios como: 
a) todos os países membros comprometeram-se a instituir serviços de saúde no 
trabalho para todos os trabalhadores; 
b) os serviços deveriam ser compostos por equipes multidisciplinares; 
c) os serviços de saúde no trabalho teriam como função: 
• avaliar os riscos para a saúde, presentes nos locais de trabalho; 
• vigiar os fatores do meio de trabalho e as práticas de trabalho que possam 
afetar a saúde dos trabalhadores; 
• prestar assessoria quanto ao planejamento e à organização do trabalho, 
inclusive sobre a concepção dos locais de trabalho; 
• participar da elaboração de programas de melhoria de práticas de trabalho 
• promover a adaptação do trabalho ao trabalhador; 
• contribuir para as medidas de readaptação profissional; 
• participar na análise e investigação de acidentes e das doenças profissionais. 
 
Com a portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, surgiram as 28 primeiras Normas 
Regulamentadoras (NRs), presentes no Capítulo V do Título II da CLT. 
A partir de 1993, iniciou-se uma série de discussões para a mudança no modelo de 
elaboração das normas. A portaria 393 do Ministério do Trabalho, de 9 de abril de 1996, 
adota o sistema tripartite (governo, empregados e empregadores), princípio esse 
preconizado pela Organização Internacional do Trabalho, em busca do consenso nas 
negociações. No dia seguinte (10 de abril), foi instituída a Comissão Tripartite Paritária 
Permanente (CTPP), como o local de discussões para a melhoria das NRs. 
Em outubro de 2005, durante o V Congresso Nacional sobre Condições e Meio 
Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção, foi assinado o protocolo de intenção 
entre a OIT e o governo Brasileiro, para a divulgação e implantação das diretrizes sobre 
sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho, que visa contribuir para a prevenção 
das lesões e doenças relacionadas ao trabalho. Essas diretrizes não possuem a intenção 
de certificação; foram acordadas em forma de convenção. 
Em 7 de novembro de 2011 foi publicada a Política Nacional de Segurança e Saúde 
no Trabalho (PNSST), através do Decreto 7.602, assinado por Dilma Rousseff e 
envolvendo três ministérios: Trabalho e Emprego; Saúde; Previdência. 
De acordo com Jófilo Moreira Lima Junior (diretor técnico da Fundacentro na época 
dessa declaração): “É importante ressaltar que a Política contribui para a implementação 
da Convenção 155 da OIT (que inspirou a criação da Política Nacional de Saúde e 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
6 
Segurança no Trabalho), já ratificada pelo Brasil, e cria as condições necessárias para a 
implantação da Convenção 187 da OIT (que destaca a necessidade de desenvolvimento 
de uma política, de um sistema e de um programa nacional de SST)”. 
Praticamente seis meses depois da publicação da PNSST, foi sancionada por Dilma 
Rousseff a Lei 12.645, de 16 de maio de 2012, fruto de reivindicações de muitos 
profissionais da área. Essa Lei institui o dia 10 de Outubro como dia nacional de segurança 
e de saúde nas escolas. Nessa data, as entidades governamentais e não governamentais 
podem, em parceria com as secretarias municipais e estaduais, desenvolver atividades 
como palestras, concursos de frase ou redação, eleição de cipeiro escolar e/ou visitas em 
empresas. 
Com esse movimento crescente em termos de preocupação com o tema 
engenharia de segurança do trabalho em seu aspecto mais abrangente, é importante 
entender as peculiaridades dessa área de atuação profissional, o que ela incorpora, suas 
definições e outras questões. 
A engenharia de segurançado trabalho incorpora conhecimentos oriundos de 
disciplinas diversas como economia, direito, psicologia, sociologia, medicina, fisiologia, 
ciências ambientais, além das provenientes das diferentes modalidades da engenharia. 
 
Quadro 1.1: Qual a abordagem da engenharia de segurança do trabalho? 
 
A engenharia de segurança do trabalho identifica, analisa, avalia e 
controla as condições perigosas nos locais de trabalho, projetando 
sistemas, instruindo, sugerindo e colaborando na modificação da 
organização do trabalho com o objetivo de promover a melhoria dos 
locais de trabalho e buscar, sempre que possível, o conceito de 
pevenção. 
 
 
As questões relativas à segurança e saúde do trabalhador exigem abordagens 
multidisciplinares, onde sociólogos, ergonomistas, químicos, biólogos, médicos e outros 
que, integrados com a engenharia de segurança do trabalho, buscam compreender o 
ambiente de trabalho e encontrar estratégias que possam promover medidas para o efetivo 
controle da saúde e da integridade física dos trabalhadores. 
A saúde no trabalho, usualmente chamada de higiene ocupacional, constitui outro 
campo de conhecimento que trabalha integrado com a engenharia de segurança. Assim 
como a engenharia de segurança, a higiene ocupacional incorpora conhecimentos de 
diferentes disciplinas com o objetivo de promover a antecipação, o reconhecimento, a 
avaliação e o controle das condições perigosas capazes de ocasionar alterações na saúde 
do trabalhador. 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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eST -101 - Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
7 
Mas qual é, realmente, a diferença entre segurança e saúde? De acordo com Asfahl 
(2005), essas palavras são tão comuns que quase todo mundo tem uma imagem formada 
sobre o conceito de segurança e sobre o conceito de saúde. É inquestionável que se 
proteger de equipamentos é uma questão de segurança, e que partículas de amianto em 
suspensão no ar representam uma condição perigosa para a saúde, contudo algumas 
condições perigosas não são tão fáceis de classificar como segurança ou saúde. Algumas 
condições podem ser perigosas tanto para a segurança, quanto para a saúde. 
A segurança trata dos efeitos agudos das condições perigosas, ao passo que a 
saúde trata de seus efeitos crônicos. Um efeito agudo é uma reação repentina a uma 
circunstância adversa; um efeito crônico é uma deterioração a longo prazo, devido à 
exposição prolongada a uma condição adversa. 
Os termos “crônico” e “agudo” estão diretamente relacionados com tempo + 
consequência. É como se o “agudo” estivesse associado ao imediato (curtíssimo prazo) e 
o “crônico” estivesse mais associado ao médio e longo prazo. 
A segurança trata dos efeitos agudos porque são “imediatos”. Em função de uma 
ação que gera o acidente, haverá uma consequência quase que imediata (uma lesão). 
Tomando por base o manuseio de ferramentas em uma bancada, caso haja um acidente 
a consequência se manifesta imediatamente (como um corte, um arranhão, uma lesão por 
prensagem de algum dedo). A causa-efeito ocorre num curto espaço de tempo. 
A saúde trata dos efeitos crônicos porque não são imediatos (vão se manifestando 
gradualmente). Um funcionário que trabalhe em uma bancada com uma postura incorreta 
no seu dia-a-dia, ao longo de certo tempo (que não é imediato), começará a sofrer as 
consequências, como por exemplo, dores lombares. Nesse caso, a causa-efeito ocorre 
num espaço de tempo médio / longo (pois ninguém trabalhando apenas uma hora em uma 
bancada, ainda que em uma postura inadequada, terá sua coluna comprometida ou 
ganhará uma lombalgia). Essa consequência só aparece após certo tempo de exposição 
e vai se manifestando gradualmente. Por isso é chamada de “crônica”. 
 
1.3 O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA: ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES 
 
O contexto social e político no qual o engenheiro de segurança do trabalho atua é 
bastante turbulento. Os sindicatos e os trabalhadores lutam por relações de trabalho cada 
vez mais democráticas. As demandas sociais são cada vez maiores e exige-se das 
organizações não somente que elas sejam mais competitivas e produtivas, mas também 
que tenham respeito com os consumidores, maior compromisso e responsabilidade social 
com as questões ambientais e com os trabalhadores e que acima de tudo, se mostrem 
transparentes sobre como fazem as coisas. 
O exercício profissional do engenheiro de segurança do trabalho não concorre e 
nem se confunde com a de outros profissionais. São atuações que se complementam na 
aplicação de um conjunto de conhecimentos técnicos e científicos na busca permanente 
de encontrar os meios possíveis para promover a segurança e saúde dos trabalhadores 
que sejam viáveis, não somente técnica e economicamente, mas acima de tudo 
eticamente. 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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Pode-se acrescentar que esse conjunto de “meios possíveis para promover a 
segurança e a saúde” visa conhecer a magnitude dos acidentes e doenças relacionados 
ao trabalho, identificar os fatores de riscos ocupacionais, estabelecer medidas de controle 
e prevenção e avaliar os serviços de saúde de forma permanente, visando à transformação 
das condições de trabalho e a garantia da qualidade da assistência à saúde do trabalhador. 
Se voltarmos um pouco no tempo, a partir dos anos 60 várias manifestações de 
caráter social, econômico e político emergiram com grande vitalidade, inicialmente na 
Europa (França, Itália, Alemanha etc.), e logo se espalharam para outros continentes. 
Essas manifestações não foram marcadas somente pelo questionamento do 
sentido da vida, valores de liberdade, significado e sentido do trabalho, mas sobretudo pela 
necessidade de rompimento com valores sociais, políticos e econômicos que conformavam 
o modo de levar a vida iniciada no período pós-guerra e intensificada durante a década 60 
e 70. Nesse cenário, surgiu com força a necessidade dos trabalhadores participarem nos 
processos decisórios e de se organizarem em seus locais de trabalho para discutirem suas 
necessidades. 
A partir da década de 70, o trabalhador deixa de ser um mero espectador dos 
assuntos relacionados ao seu trabalho e adota uma postura mais participativa e 
questionadora sobre os procedimentos empresariais que direcionam as questões relativas 
às condições de trabalho. 
Essa demanda social é refletida nas conquistas de novas leis que incorporam 
princípios fundamentais do movimento dos trabalhadores, tais como o direito à informação 
sobre a natureza das condições perigosas e as medidas de controle que estão sendo 
adotadas pelo empregador, os resultados dos exames médicos e das avaliações 
ambientais, o direito à recusa ao trabalho em condições de risco grave e iminente para a 
saúde ou à vida, a realização de estudos e investigações das condições de trabalho, a 
obrigatoriedade de consulta prévia aos trabalhadores (por parte dos empregadores) antes 
de mudanças de tecnologia, métodos, processos e formas de organização do trabalho, 
entre outras. 
Diante do exposto, é importante destacar que a função “segurança e saúde” tem 
características tanto de linha, quanto de suporte. Conforme Asfahl (2005), a concretização 
física da segurança e da saúde no local de trabalho constitui uma função de linha. As 
práticas de trabalho operacionais, por exemplo, são de responsabilidade dos próprios 
trabalhadores, sob a direção de seu supervisor de linha. Por exemplo, em indústrias em 
que o departamento de manutenção é também considerado como uma função de linha, a 
solução dos problemas das instalações é uma responsabilidadedireta dos operadores de 
manutenção e de seus supervisores de linha. Nesse caso, o líder de segurança e saúde 
desempenha uma função de suporte ao atuar como consultor na tarefa de auxiliar, 
estimular e fazer recomendação à função de linha, para que ela alcance os objetivos de 
segurança e de saúde. 
A Figura 1 a seguir ilustra as principais atribuições que um engenheiro de 
segurança do trabalho pode exercer. 
 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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Figura 1 - Competências do engenheiro de segurança 
Fonte: Revista Proteção 
 
Outro aspecto que deve ser levado em conta pelo engenheiro de segurança é a 
questão econômica. Os líderes de segurança e saúde às vezes sentem-se desanimados 
ao descobrir que a alta direção baseia as decisões sobre segurança e saúde em dinheiro. 
Mas a realidade nua e crua é que os negócios existem para gerar lucros e tudo o que uma 
empresa faz se relaciona, direta ou indiretamente, com os aspectos econômicos. 
Os líderes que são “ingênuos” a ponto de pensar que o objetivo humanitário da 
segurança e saúde do trabalhador transcende os aspectos mais “frios” dos lucros e das 
perdas, devem se fazer a seguinte pergunta: “Até que ponto a atividade de segurança e 
saúde é orientada por objetivos humanitários”? 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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A prevenção de lesões e doenças ocupacionais pode ser reformulada como um 
objetivo de natureza econômica. Vista com essa perspectiva, tal objetivo adquire maior 
significado para a direção de uma empresa do que simples conceitos humanitários. 
Os acidentes, as lesões e as doenças acarretam custos inegáveis que em nada 
acrescentam ao valor dos produtos fabricados ou dos serviços prestados pela empresa. É 
responsabilidade do engenheiro de segurança tentar estimar esses custos e manter a alta 
direção informada, para que sejam tomadas decisões sensatas sobre os investimentos em 
prevenção. 
Segundo Caporali (2009), para enfrentar os atuais desafios para melhorar as 
condições do ambiente de trabalho e a segurança do trabalhador, uma das estratégias é 
que como profissionais da área, deve-se começar a justificar os projetos dentro do ponto 
de vista econômico. Higiene ocupacional, segurança do trabalho e ergonomia são áreas 
que valem à pena ser atendidas. A questão é quantificar o custo que se tem por não 
resolver um problema dessas áreas. Os gastos associados a uma lesão normalmente não 
são vistos de forma clara no sistema de contabilidade tradicional de uma empresa. São 
vários custos indiretos que vão se acumulando e representam um gasto bem severo para 
a indústria. Mas não é um custo que o empregador possa apertar um botão e saber quanto 
ele gastou em higiene no mês passado ou quanto economizou prevenindo. “Fizemos vários 
estudos em Porto Rico. Conseguimos justificar para o empregador que valia mais à pena 
desenvolver um controle de engenharia para resolver um problema de ruído do que se 
basear no uso de proteção auditiva. Difícil foi identificar os custos e oportunidades 
associadas aos programas gerenciais que normalmente são vinculados ao uso de 
equipamento de proteção individual. Proteção respiratória, proteção auditiva fazem parte 
de programas de gestão, que consomem muitos recursos da empresa, mas esse recurso 
não é identificado economicamente de forma fácil. Tanto no continente americano como 
no mundo inteiro, é muito importante começar a justificar os projetos sob esse ponto de 
vista. Os gerentes de segurança e de higiene precisam saber justificar os projetos nos 
mesmos termos que os outros gerentes da empresa fazem, em termos de valores. 
Geralmente as decisões de uma empresa tomadas por um diretor industrial ou gerente 
geral buscam manter a empresa viva, e a empresa só vive se ela é produtiva, e só é 
produtiva se ganha dinheiro. Então, enquanto todos os outros gerentes justificam os seus 
projetos dizendo “quanto nós vamos aumentar os lucros ou em quanto nós vamos diminuir 
os custos”, a gerência de segurança e higiene justifica os seus projetos com base em 
atendimento a regulamentos. A legislação pode ser usada do ponto de vista ideológico 
como justificativa, mas do ponto de vista gerencial devemos começar a justificar os nossos 
projetos de outra forma”. 
Além da questão econômica, o engenheiro de segurança tem que pensar também 
em treinamentos. Apesar de haver uma tendência de se concentrarem nas condições 
inseguras, os especialistas da área ainda atribuem a maioria das lesões e doenças dos 
trabalhadores a ações inseguras (ou os famosos “atos inseguros” – que serão discutidos 
com mais detalhes em um item específico dessa disciplina). 
A Figura 2 a seguir mostra alguns passos para uma atuação efetiva de um 
profissional da área de SST. 
 
 
 
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Figura 2 - Atuação efetiva do profissional de SST 
Fonte: Revista Proteção (coluna de Cosmo Palásio de Moraes Junior) 
 
De acordo com o técnico de segurança do trabalho e coordenador do e-group 
SESMT, Cosmo Palásio de Moraes Júnior (na ocasião dessa publicação): “O fato é que 
hoje cuidamos das formigas enquanto os elefantes andam soltos pelas organizações, 
adoecendo, mutilando e matando. Se o tempo dedicado às pequenas coisas fosse 
dedicado ao cuidado das grandes, as ações implementadas seriam mais eficazes”. 
Os hábitos inseguros de trabalho estão profundamente enraizados, até mesmo 
entre os trabalhadores mais jovens. A sociedade e seus padrões, influenciados pela mídia, 
enaltecem as atividades de alto risco. Desde muito pequenas, as crianças aprendem que 
os heróis são pessoas ousadas, que arriscam suas vidas principalmente no exercício da 
profissão. 
Hábitos inseguros profundamente enraizados, associados ao não conhecimento 
das condições perigosas do ambiente de trabalho, constituem as principais barreiras para 
a segurança e saúde do trabalhador. E é exatamente nessas barreiras que o programa de 
treinamento deve se concentrar. Um dos maiores erros que um engenheiro de segurança 
pode cometer é acreditar que ele é o principal instrutor. Na verdade, os principais 
instrutores de segurança e saúde ou de qualquer outro aspecto do trabalho são os 
supervisores imediatos da linha. Seu contato direto com os funcionários determina como a 
 
 
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tarefa será realizada. Isso mostra que boa parte do treinamento deveria ser informal e 
realizada no próprio local de trabalho. 
Porém, existe também a necessidade de um treinamento formal, em sala, sobre os 
princípios de segurança, normas, reconhecimento de condições perigosas, gerenciamento 
de risco e outros assuntos, direcionado principalmente para supervisores. Nesse caso, o 
engenheiro de segurança pode oferecer esse treinamento diretamente ou atuar como 
suporte, fornecendo informações e recursos de treinamento necessários. 
 
 
1.4 REGULAMENTAÇÕES DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA 
 
 A seguir, algumas legislações associadas diretae especificamente com a área de 
engenharia de segurança do trabalho, apenas para ciência e referência. 
 
• Decreto 70861 (25/07/1972) 
Plano Nacional de Valorização do Trabalhador (criação dos primeiros cursos de 
formação de profissionais de segurança) 
 
• Lei Federal 7410 (27/11/1985) 
Permitiu o exercício da profissão de Engenheiro de Segurança do Trabalho somente 
para aqueles portadores de curso de especialização (pós-graduação). 
• Parecer CFE MEC 19 (27/01/1987) 
Curriculum básico do curso de especialização em Engenharia de Segurança do 
Trabalho 
 
• Resolução 359 (31/07/1991) 
Dispõe sobre o exercício profissional do Engenheiro de Segurança do Trabalho 
 
Resolução nº 359 de 31/07/1991 
Dispõe sobre o Engenheiro de Segurança do Trabalho 
 
O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, no uso da atribuição que lhe 
confere o artigo 27, alínea "f", da Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966, 
 
CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 veio excepcionar a legislação anterior que regulou 
os cursos de especialização e seus objetivos, tanto que o seu Art. 6º revogou as 
disposições em contrário; 
 
CONSIDERANDO a aprovação, pelo Conselho Federal de Educação, do currículo básico 
do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho - Parecer nº 19/87; 
 
CONSIDERANDO, ainda, que tal Parecer nº 19/87 é expresso em ressaltar que "deve a 
Engenharia da Segurança do Trabalho voltar-se precipuamente para a proteção do 
trabalhador em todas as unidades laborais, no que se refere à questão de segurança, 
inclusive higiene do trabalho, sem interferência específica nas competências legais e 
técnicas estabelecidas para as diversas modalidades da Engenharia, Arquitetura e 
Agronomia"; 
 
 
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CONSIDERANDO, ainda, que o mesmo Parecer concluiu por fixar um currículo básico 
único e uniforme para a pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, 
independentemente da modalidade do curso de graduação concluído pelos profissionais 
engenheiros e arquitetos; 
 
CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 faculta a todos os titulados como Engenheiro a 
faculdade de se habilitarem como Engenheiros de Segurança do Trabalho, estando, 
portanto, amparados inclusive os Engenheiros da área de Agronomia; 
 
CONSIDERANDO, por fim, a manifestação da Secretaria de Segurança e Medicina do 
Trabalho, prevista no Art. 4º do Decreto nº 92.530/86, pela qual "a Engenharia de 
Segurança do Trabalho visa à prevenção de riscos nas atividades de trabalho com vistas 
à defesa da integridade da pessoa humana", 
 
RESOLVE: 
 
Art. 1º - O exercício da especialização de Engenheiro de Segurança do Trabalho é 
permitido, exclusivamente: 
 
I - ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de 
especialização, a nível de pós-graduação, em Engenharia de Segurança do Trabalho; 
 
II - ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de Segurança do 
Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério do Trabalho; 
 
III - ao portador de registro de Engenharia de Segurança do Trabalho, expedido pelo 
Ministério do Trabalho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da extinção do curso referido 
no item anterior. 
 
Parágrafo único - A expressão Engenheiro é específica e abrange o universo sujeito à 
fiscalização do CONFEA, compreendido entre os artigos 2º e 22, inclusive, da Resolução 
nº 218/73. 
 
Art. 2º - Os Conselhos Regionais concederão o Registro dos Engenheiros de Segurança 
do Trabalho, procedendo à anotação nas carteiras profissionais já expedidas. 
 
Art. 3º - Para o registro, só serão aceitos certificados de cursos de pós-graduação 
acompanhados do currículo cumprido, de conformidade com o Parecer nº 19/87, do 
Conselho Federal de Educação. 
 
Art. 4º - As atividades dos Engenheiros e Arquitetos, na especialidade de Engenharia 
de Segurança do Trabalho, são as seguintes: 
 
1 - Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de Engenharia de 
Segurança do Trabalho; 
 
2 - Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e 
equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de 
poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento; 
 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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3 - Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e controle 
de riscos; 
 
4 - Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar 
medidas de controle sobre grau de exposição a agentes agressivos de riscos físicos, 
químicos e biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral 
e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e 
perigosos; 
 
5 - Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas preventivas 
e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a custo; 
 
6 - Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança do Trabalho, 
zelando pela sua observância; 
 
7 - Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos de 
obras, instalação e equipamentos, opinando do ponto de vista da Engenharia de 
Segurança; 
 
8 - Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco e 
projetando dispositivos de segurança; 
 
9 - Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de combate a 
incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes; 
 
10 - Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do Trabalho, 
delimitando áreas de periculosidade; 
 
11 - Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de 
segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio, 
assegurando-se de sua qualidade e eficiência; 
 
12 - Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos 
cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento possam apresentar 
riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição; 
 
13 - Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes, 
promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes o funcionamento; 
 
14 - Orientar o treinamento específico de Segurança do Trabalho e assessorar a 
elaboração de programas de treinamento geral, no que diz respeito à Segurança do 
Trabalho; 
 
15 - Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de medidas de 
segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar assim o exigir; 
 
16 - Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções, apontando 
os riscos decorrentes desses exercícios; 
 
17 - Propor medidas preventivas no campo da Segurança do Trabalho, em face do 
conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes do acidente de trabalho, 
incluídas as doenças do trabalho; 
 
 
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18 - Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus 
representantes, as condições que possam trazer danos a sua integridade e as medidas 
que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. 
 
Art. 5º - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. 
 
Art. 6º - Revogam-se as Resoluções 325, de 27 NOV 1987,e 329, de 31 MAR 1989, e as 
disposições em contrário. 
 
Brasília, 31 JUL 1991. 
 
(Publicada no D.O.U. de 01 NOV 1991 - Seção I - Pág. 24.564) 
 
 
1.5 ENTIDADES PÚBLICAS E PRIVADAS 
 
Para finalizar esse capítulo, é importante que o engenheiro de segurança do 
trabalho conheça e esteja familiarizado com as principais entidades públicas e privadas, 
nacionais e internacionais, associadas com os temas dessa atribuição profissional. 
Nesse sentido, ao invés de apresentar a seguir um descritivo de cada uma, essa 
apostila acompanha um arquivo em anexo, informativo a esse respeito. 
 
 
 
Capítulo 1. A Engenharia de Segurança do Trabalho 
 
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1.6 TESTES 
 
1. Quem é considerado o precursor ou “pai” do prevencionismo? 
a) Frank Bird Jr. 
b) John Fletcher. 
c) Tom Connellan. 
d) Heinrich. 
e) Mark Houss. 
 
Feedback: item 1.1 - “diz-se que Heinrich é considerado o precursor... 
 
2. Os aspectos relacionados à segurança e saúde: 
a) Exigem abordagens multidisciplinares, onde diferentes profissionais buscam 
compreender o ambiente de trabalho. 
b) Exigem abordagens multidisciplinares, onde diferentes pesquisadores concentram-se 
em chegar às origens do fator humano associado ao trabalho e como estes interagem 
entre si. 
c) Exige uma abordagem direcionada voltada ao ambiente de trabalho e como os fatores 
nele presentes são afetados pelo comportamento humano. 
d) Exige uma abordagem específica de engenharia, incluindo cálculos, estatísticas, 
processos de amostragem e simulações de consequências para estabelecer os riscos 
do ponto de vista preponderantemente quantitativos. 
e) Exigem abordagens diferentes, mas não necessariamente complementares, onde o 
âmbito de saúde e segurança é avaliado do ponto de vista de como a organização 
oferece ao seu colaborador um local de trabalho livre principalmente de riscos graves 
 
Feedback: item 1.2 - “As questões relativas à segurança e saúde do ... 
 
3. Os termos “crônico” e “agudo” estão diretamente relacionados com: 
a) Tempo e relação de trabalho. 
b) Tempo e fatores pessoais. 
c) Tempo e consequência. 
d) Consequência e severidade. 
e) Relação de trabalho e equipamentos de proteção. 
 
Feedback: item 1.2 - “Os termos crônico e agudo estão diretamente... 
 
 
 
Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho 
 
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CAPÍTULO 2: A ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO CONTEXTO CAPITAL-
TRABALHO 
 
 
 
 
 
OBJETIVOS DO ESTUDO 
• Discutir os conceitos de organização do trabalho e gestão organizacional; 
• Ter a compreensão do significado de boas condições de trabalho; 
• Apresentar algumas das dificuldades no processo de aplicação da organização do 
trabalho. 
 
Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: 
• Conseguir visualizar que a organização é uma combinação de esforços individuais com 
propósitos coletivos; 
• Entender que as condições de trabalho englobam tudo o que influencia o trabalho. 
 
 
 
Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho 
 
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2.1 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E A GESTÃO ORGANIZACIONAL 
 
De acordo com Senge (2009), uma organização pode ser compreendida como 
sendo o resultado ou o produto de como as pessoas pensam e interagem entre si a fim de 
viabilizar objetivos comuns. 
A expressão "organização do trabalho" deverá ser compreendida como o meio 
ambiente de trabalho e a forma pelas quais as operações e tarefas necessárias para se 
realizar as transformações no processo produtivo são concebidas, divididas e atribuídas 
aos membros da empresa. Assim sendo, a organização do trabalho pode ser entendida 
como a definição da estrutura organizacional, representada pelas relações sociais nos 
locais de trabalho, cultura, clima organizacional e a ideologia gerencial empregada para a 
coordenação entre os equipamentos, as operações e as pessoas. 
Pode-se também entender organização do trabalho como uma maneira em que as 
operações necessárias para realizar as transformações no processo produtivo estão 
divididas entre os membros de uma organização. Essa definição traz dois conceitos 
importantes. O primeiro refere-se à forma como se distribui o poder e se exercita o controle 
social no interior da organização. O segundo refere-se aos critérios que são utilizados para 
a distribuição e a concepção das tarefas em relação ao seu conteúdo, significado e 
complexidade. 
Nesse sentido, historicamente há dois modelos de organização do trabalho que 
representam muito bem essa forma de como se distribui o controle social dentro da 
organização, associado aos critérios adotados para a distribuição e concepção das tarefas. 
 
Quadro 2.1: Quais os dois modelos de produção que têm destaque quando se trata da 
organização do trabalho? 
 
O modelo fordista (também conhecido como de produção em 
massa), vigente nas empresas principalmente a partir do início do 
século XX, e o modelo toyotista, de alto desempenho ou de 
produção enxuta, originário do Japão e que se tornou conhecido a 
partir da década de 70. 
 
 
Conforme Marochi (2002), o fordismo teve início em 1914, quando Henry Ford 
introduziu o dia de trabalho de oito horas e cinco dólares como recompensa para os 
trabalhadores de linha de montagem de carros de Dearbon, em Michigan (EUA). Esta data 
é apenas simbólica, pois o fordismo como modo de produção já vinha sendo implantado e 
aperfeiçoado ao longo das últimas décadas do século XIX, durante a fase de construção 
das ferrovias nos Estados Unidos. 
Um dos marcos dessa história ocorreu em 1913, com as fábricas de Highland Park, 
em Detroit (EUA), que introduziu a linha de montagem móvel. O complexo de Rouge, 
 
 
Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho 
 
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19 
também localizado em Detroit e inaugurado em 1927, tentou um modelo de produção 
totalmente padronizado. Seus ganhos de produtividade foram tão expressivos, que seu 
modelo de administração do trabalho passou a ser reconhecido e implantado ao longo do 
tempo em outras organizações, sendo identificado como o modelo de produção fordista. 
Talvez a principal novidade do modelo fordista seja a introdução da linha de 
montagem em movimento contínuo. O trabalhador passou a ficar fixo num espaço físico 
demarcado, limitado (inclusive porque é a linha que “anda”) e passou a fazer uma pequena, 
simples e reduzida tarefa do processo produtivo. 
De acordo com Maximiano (2012), foi Henry Ford quem elevou ao mais alto grau 
os dois princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos em grande 
quantidade: peças padronizadas e trabalhador especializado. 
Consolidou-se a divisão do trabalho e o operador passou a se especializar numa 
única tarefa. Na indústria automobilística, por exemplo, passou a ajustar uma porca a um 
parafuso ou a colocar a roda do carro, sem ter uma visão ou compreensão do processo 
integral da montagem do carro. Isso porque o objetivo maior era garantir o aumento da 
produtividade. 
Os trabalhadores, de modo geral, eram facilmente substituídos. Uma vez que 
realizavam operações simplificadas, em pouco tempo aprendiam a atividade, não 
necessitando de maior aprendizagem ou experiência anterior. Assim, oinvestimento em 
treinamento e formação era mínimo. 
Não havia preocupação com a manutenção dos trabalhadores nas fábricas, visto 
que eram facilmente substituídos. Assim, o trabalhador passou a ser considerado como 
custo móvel, sendo administrado como tal e sofrendo as consequências do ciclo de 
admissões ou demissões conforme as flutuações de mercado, não tendo muita garantia de 
emprego. 
A fragmentação e, como consequência, a perda de visão integral do processo 
produtivo, a falta de estabilidade no emprego e a baixa especialização facilitaram o 
processo de “esvaziamento de responsabilidade” por parte do trabalhador, que inclusive 
tinha seu próprio ritmo de trabalho controlado pela velocidade da linha de produção, 
disciplinando os mais lentos ou mais rápidos segundo as necessidades da produção. Ao 
trabalhador cabia abaixar a cabeça e trabalhar, não se importando com o que acontecia à 
sua volta, mesmo porque muitas vezes não sabia como se comunicar. 
Paulatinamente, essa divisão do trabalho foi acabando com o sentimento de equipe. 
E assim, desapropriado do seu know-how e experiência, da possibilidade de atuar 
coletivamente no local de trabalho, sem possibilidade de se adaptar livremente ao trabalho, 
e sob uma rigorosa vigilância em nível de estrutura hierárquica e do ritmo das próprias 
linhas de produção, os trabalhadores se tornaram corpos isolados e desprovidos de 
iniciativa. Em outras palavras, o trabalhador se transformou num mero realizador de tarefas 
e isso causou uma paralisia mental, induzida pela organização do trabalho. Como 
consequências para o seu estado de saúde mental e físico, ocorriam desde esgotamentos 
e fadigas físicas, passando por estados de tensão, medo, angústia, frustração, úlceras e 
gastrites e encerrando-se por um isolamento ou alienação do mundo à sua volta, 
transformando-se numa pessoa incapaz de ação própria, que se deixava dirigir por outros. 
O auge da produção fordista ou de massa – caracterizada por grandes volumes 
para grande consumo – deu-se no período compreendido entre a segunda guerra mundial 
e 1973, quando a crise do petróleo iniciada naquele ano desencadeou também uma crise 
 
 
Capítulo 2. A Engenharia de Segurança no contexto Capital-Trabalho 
 
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sobre o sistema produtivo global, modificando algumas bases econômicas e colocando o 
Japão em evidência como potência capitalista. Estudos sobre o Japão deram conta de um 
novo modo de produção, denominado de modelo de alta performance, produção enxuta, 
Toyotismo ou modelo toyotista de produção, porque teve origem na Toyota Motor 
Company. 
A produção toyotista nasceu da necessidade de se produzir veículos competitivos, 
mas não nos moldes da produção ocidental, que previa a produção em massa de grandes 
volumes. No Japão, o volume de produção deveria ser reduzido, o que exigia maior 
flexibilidade das máquinas e ferramentas. 
Quem iniciou a mudança do modelo de produção na Toyota foi o engenheiro de 
produção da empresa, Taichi Ohno. Ele começou a trabalhar no desenvolvimento de 
máquinas e ferramentas que permitissem uma maior flexibilidade na troca de peças e 
moldes. Ele foi percebendo que os custos eram menores quando produzia pequenos lotes. 
Em 1949, devido a uma crise econômica seguida de uma greve, a família Toyota 
deixou a presidência da empresa. Em contrapartida, os funcionários concordaram em ser 
mais flexíveis na execução de suas tarefas e mais ativos na promoção dos interesses da 
companhia, introduzindo melhorias, em vez de apenas registrarem ou conviverem com os 
problemas de produção. Em troca, ganharam o direito ao emprego vitalício, com rendas 
crescentes conforme o tempo de empresa e os lucros obtidos. 
Como os operários permaneceriam na empresa por um longo tempo, passou a ser 
preocupação do sistema aproveitar as suas qualificações, conhecimentos e experiências, 
e não somente sua força física. Inicialmente, Taichi Ohno agrupou os trabalhadores em 
equipes, com um líder no lugar do supervisor, que além da coordenação dos trabalhos 
também participava da produção, substituindo os trabalhadores quando fosse necessário. 
Cada uma dessas equipes era responsável por um conjunto de etapas de montagem de 
uma parte da linha de produção, surgindo daí o conceito de mini fábricas. 
Em seguida, foram atribuídas às equipes outras tarefas, além da produção 
específica de cada setor, como a limpeza do seu local do trabalho, a manutenção de 
pequenas máquinas e ferramentas, bem como o controle de qualidade do que produziam. 
Finalmente, quando as equipes já estavam organizadas, passou-se a reservar um período 
diário do tempo para analisar medidas e sugestões para melhorar o processo de produção. 
Esse aperfeiçoamento contínuo e gradual (em japonês, kaizen) dava-se com a colaboração 
de engenheiros industriais e dos operários, que trabalhavam de forma cooperativa, 
diminuindo as distâncias entre os níveis hierárquicos. 
Dessa forma, surgiram os conceitos de polivalência funcional (execução de diversas 
atividades por um mesmo funcionário), de melhoria contínua e também de 
responsabilidade e comprometimento de cada operário em evitar os defeitos e o retrabalho 
para consertar o que estava fora das especificações de qualidade. Foi dado aos operários 
o direito de parar a linha de produção quando percebessem defeitos ou erros. No sistema 
fordista, o ritmo de produção e a qualidade eram prerrogativas das chefias. 
O sistema toyotista previa a eliminação rígida das tarefas, mas exigia um longo 
treinamento e aperfeiçoamento no trabalho, valorizando a experiência do trabalhador e 
acabando com a rigidez e a demarcação das especialidades das tarefas. O trabalho passou 
a ser organizado através da integração dos departamentos e setores, atribuindo aos 
operários a corresponsabilidade sobre os resultados a serem obtidos. 
 
 
 
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Quadro 2.2: Qual a principal característica do toyotismo que se sobressai em relação 
ao fordismo? 
 
É a prioridade da equipe sobre o indivíduo. No toyotismo é 
necessário trabalhar em grupo, porque a produção é organizada 
em mini fábricas. É praticamente impossível ter o domínio de todo 
o conhecimento e experiência existentes dentro de uma fábrica. 
Assim, na solução de determinados problemas, somente o 
trabalho em que 
ipe é viável. 
 
O trabalho em equipe permite ao trabalhador uma visão mais ampla das atividades 
que executa e, portanto, da sua participação no processo produtivo. O processo de 
comunicação é ampliado no modelo Toyota, na medida em que a participação dos 
operários em termos de maior corresponsabilidade exige que ele tenha maiores 
informações sobre o sistema produtivo. Já no sistema fordista, informação significava 
poder, e nem sempre elas eram compartilhadas. Na produção enxuta, parte das 
informações fica disponível a todos os funcionários. 
O processo de formação e treinamento é mais demorado no sistema toyotista. 
Como o sistema é mais flexível, sujeito a constantes aperfeiçoamentos e mudanças, é 
necessário que o operário esteja envolvido num processo de formação constante. A 
possibilidade de melhorias contínuas, o kaizen e a corresponsabilidade no processo 
produtivo, exigem do trabalhador um pensamento mais elaborado, mesmo em nível 
operacional. Necessita desenvolver a iniciativa para buscar soluções. No trabalho em 
equipe, precisa aprimorar suas habilidades interpessoais de participação, comunicação, 
administração de conflitos, etc. Muitas vezes precisa assumir aliderança em determinadas 
questões, o que antes era completamente inibido. 
Cada vez mais as organizações utilizam novos procedimentos relativos à 
organização do trabalho para superar dificuldades, como por exemplo, o da implantação 
de mecanização e automação no processo produtivo, ou de como alavancar a 
produtividade e a qualidade, ou de como buscar o comprometimento e a identificação dos 
trabalhadores com as tarefas que necessitam ser executadas no processo produtivo. Por 
outro lado, os sindicatos entendem que essas abordagens, além de representarem a 
possibilidade de participação dos trabalhadores nas decisões que afetam o processo 
produtivo, podem também proporcionar um ambiente de trabalho onde as condições 
perigosas possam ser controladas. Entretanto, constata-se em muitos casos que grande 
parte dos empresários não consegue ver os trabalhadores como interlocutores capazes e 
dignos para negociar e propor soluções para questões tão importantes como a saúde e a 
segurança. 
Essa parece ser uma das questões fundamentais, ainda não resolvida, em nossa 
sociedade. Constata-se a inexistência de espaços democráticos na maioria dos locais de 
 
 
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trabalho, não havendo oportunidades para que os trabalhadores possam se manifestar e 
expor seus pontos de vistas sem o receio de serem punidos por administrações 
autoritárias, incapazes de darem respostas concretas às demandas dos trabalhadores. 
Suas atribuições resumem-se em apontar ao seu supervisor as condições 
inadequadas, restando-lhe a obrigação de continuar executando suas atividades até que 
alguma providência seja tomada. 
Devemos compreender, entretanto, que ainda que os aspectos técnicos 
compareçam com relevância indiscutível, estes não são suficientes para o equacionamento 
e a compreensão dos problemas decorrentes das condições de trabalho inadequadas, pois 
além dos agentes físicos, químicos e outros presentes nos locais de trabalho, existem 
determinantes de ordem social, política, tecnológica e organizacional que não podem ser 
negligenciadas pelo engenheiro de segurança do trabalho. 
Parâmetros como especificações sobre quais equipamentos serão utilizados no 
processo produtivo; como, quando e onde as tarefas serão executadas pelos 
trabalhadores; como essas tarefas estarão interligadas e alocadas a cada indivíduo; os 
controles gerenciais; o sistema de comunicação, integração e participação nos processos 
de decisão; a delegação de autoridade, liberdade e responsabilidades que os 
trabalhadores terão sobre a execução das tarefas; a definição dos sistemas de avaliação 
de desempenho e como as pessoas serão recompensadas pelo seu trabalho; a 
preocupação com o comprometimento das pessoas com o processo produtivo e as 
relações sociais nos locais de trabalho são cada vez mais estudadas pela organização do 
trabalho. 
A otimização de todos esses parâmetros pode criar as condições necessárias para 
a melhor efetividade do sistema produtivo e, ao mesmo tempo, sua harmonização poderá 
proporcionar condições favoráveis à redução de impactos sobre a integridade física e 
mental dos trabalhadores. A essa otimização podemos chamar de “gestão organizacional”, 
que pode ser definida como uma ação continuada de planejar, organizar e controlar os 
recursos disponíveis para alcançar os objetivos estabelecidos pela organização. 
Espera-se que essa ação continuada seja executada de modo que a organização 
encontre o equilíbrio entre a perspectiva econômica (que deve assegurar sua 
competitividade), a conformidade legal (que deve assegurar sua legalidade no 
cumprimento da legislação aplicável), a sua atuação ética (que deve assegurar sua 
responsabilidade social na busca do que é correto) e a sua postura política (que deve 
assegurar a legitimidade junto às partes interessadas), a fim de criar um ambiente favorável 
para a continuidade de suas atividades. 
De acordo com Sell (1995), as condições de trabalho englobam tudo o que 
influencia o próprio trabalho. Isto inclui: o posto de trabalho, o ambiente de trabalho, os 
meios de trabalho, a tarefa, a jornada de trabalho, a organização do trabalho, alimentação, 
transporte, as relações entre as pessoas e as relações entre produção e salário, entre 
outros. 
Portanto, quando se fala em boas condições de trabalho, se quer dizer, mais 
especificamente: 
• Meios de produção adequados às pessoas, o que significa o projeto ergonômico dos 
equipamentos, dos veículos, das ferramentas e dos dispositivos auxiliares usados no 
trabalho, postos de trabalho ergonomicamente projetados (o que inclui bancadas, 
 
 
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informações e ferramentas) de modo a garantir boa postura, boa visibilidade, bom 
alcance por parte do trabalhador; 
• Objetos de trabalho, materiais e insumos que sejam inócuos às pessoas que com eles 
entram em contato direto; ou ainda evitar a possibilidade desse contato; 
• Controle sobre fatores ambientais adversos, como por exemplo iluminação, 
temperatura, ruído, vibrações, renovação de ar, partículas tóxicas, poeiras, gases; 
• Postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho sem condições perigosas 
mecânicas, físicas, químicas ou outras, isto é, sem partes móveis expostas, sem 
ferramentas cortantes desprotegidas, sem emissão de gases, vapores, poeiras etc.; 
• Organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com conteúdo 
adequado às suas capacidades físicas, compatíveis com as dimensões cognitiva e 
emocional; 
• Tarefa que exija uma captação, tratamento e saída de informações em um nível 
adequado para o trabalhador; 
• Formação de competências adequadas para que os funcionários possam dar 
respostas adequadas às melhores práticas de trabalho. Faz-se necessário ensinar o 
que fazer, como fazer e sobretudo, porque fazer daquela maneira. As justificativas são 
devidas não só pelos aspectos de produção, mas também em função da segurança 
das pessoas e das instalações; 
• Regime de turnos de trabalho que comprometa ao mínimo a saúde do trabalhador, 
bem como o seu convívio familiar e social; 
• Quando necessário, um regime de pausas que possibilite a recuperação das funções 
fisiológicas, psíquicas e mentais para, em longo prazo, não comprometer a saúde do 
trabalhador; 
• Sistema de remuneração de acordo com as solicitações físicas, psíquicas e mentais 
do trabalhador em seu sistema de trabalho, considerando também sua qualificação 
profissional; 
• Clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos; 
possibilidade de contato com colegas durante a jornada de trabalho; 
• Supervisão do trabalho que possibilite mecanismos de feedback; 
• Avaliação de desempenho e consequente remuneração e promoções no trabalho, 
baseadas não somente no ritmo da produção ou no número de peças produzidas, mas 
que contemplem aspectos qualitativos e de criatividade do trabalhador. 
 
A própria norma regulamentadora NR-17 (Ergonomia) trata dessa questão de 
organização do trabalho em seu item 17.6, estabelecendo que: 
 
“17.6.1 - A organização do trabalho deve ser adequada às 
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza 
do trabalho a ser executado. 
 
17.6.2 - A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve 
levar em consideração, no mínimo: 
a) as normas de produção; 
b) o modo operatório; 
 
 
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c) a exigência de tempo; 
d) a determinação do conteúdo de tempo; 
e) o ritmo de trabalho; 
f) o conteúdo das tarefas. 
 
17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática 
ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores 
e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve 
ser observado o seguinte: 
a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para 
efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve 
levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos 
trabalhadores; 
b) devem ser incluídas pausas para descanso; 
c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de 
afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência 
de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de 
produção vigentes na época anterior ao afastamento. 
 
17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, 
deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos 
de trabalho, observar o seguinte: 
a) o empregador não deve promover qualquer sistema de 
avaliação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de 
digitação, baseado no número individual de toques sobre o 
teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração 
e vantagens de qualquer espécie; 
b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador 
não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo 
considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento 
de pressão sobre o teclado; 
c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve 
exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no 
período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá 
exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da 
Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam 
movimentos repetitivos, nem esforço visual; 
d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, 
uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, 
não deduzidos da jornada normal de trabalho; 
e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de 
afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência 
de produção em relação ao número de toques deverá ser 
iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea 
"b" e ser ampliada progressivamente.” 
 
 
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2.2 DIFICULDADES NA APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO 
 
Qualquer proposta de reorganização do trabalho enfrenta várias dificuldades. A 
primeira delas é a desconfiança dos próprios trabalhadores e dos sindicatos. É quase certo 
que os trabalhadores irão resistir a qualquer proposta de mudança na organização do 
trabalho que possa provocar a percepção de um desequilíbrio desfavorável, ainda que essa 
proposta signifique ou ofereça a perspectiva de uma situação mais favorável quanto ao 
conteúdo intrínseco das tarefas que eles realizam. 
Essas manifestações de resistência à mudança têm se acentuado à medida que as 
aspirações dos trabalhadores têm mudado ao longo dos anos, em razão de maior acesso 
à informação, maior democratização do país com liberdade de organização sindical e maior 
conscientização dos trabalhadores de que poderiam executar suas atividades de forma 
diferente e mais interessante. 
Segundo Senge (2009), os líderes que tentam mudar a organização 
frequentemente se surpreendem ao se verem aprisionados em processos de equilíbrio. 
Para eles, é como se seus esforços enfrentassem uma súbita resistência que parece vir do 
nada. Na verdade, a resistência é uma resposta do sistema, na tentativa de manter uma 
meta implícita. Enquanto essa meta não for reconhecida, os esforços de mudança estarão 
condenados ao fracasso. 
Sempre que existe resistência à mudança, com certeza existe um ou mais 
processos ocultos em equilíbrio. A resistência à mudança quase sempre surge de ameaças 
às normas e formas tradicionais de fazer as coisas. Essas normas estão associadas aos 
relacionamentos de poder estabelecidos. Uma norma é arraigada porque a distribuição de 
autoridade e controle é arraigada. Assim, em vez de tentar insistentemente vencer a 
resistência à mudança, líderes habilidosos identificam a fonte de resistência. Concentram-
se diretamente nas normas implícitas e nos relacionamentos de poder associados a essas 
normas. 
Com o intuito de exemplificar como a liderança pode lidar com as mudanças, a 
seguir serão dados três exemplos (dois bem sucedidos, onde houve forte envolvimento de 
líderes "habilidosos"; e um que gerou muitos problemas, por falta de envolvimento da 
liderança). Na matriz de uma grande empresa multinacional, com cerca de 900 
funcionários, houve uma decisão de mudança de layout, que implicaria em uma reforma 
de 6 meses em um prédio de 3 andares, mudanças nos postos de trabalho, mudança de 
localização física em outra área do edifício etc. Quando foi anunciada, a mudança causou 
alvoroço entre os funcionários, mas a infraestrutura que foi criada para que a mudança 
pudesse ser realizada e principalmente o processo de comunicação frequente (feito pela 
liderança), claro e identificando os benefícios da mudança, conseguiu mudar a opinião de 
quase todos, que no final aceitaram e até gostaram da iniciativa da empresa. O segundo 
exemplo é o de uma mudança nos planos de saúde, que envolveriam todos os funcionários 
de uma grande empresa. Inicialmente, houve uma apreensão geral, por temerem que a 
nova estrutura pudesse trazer prejuízos e dificuldades quando seu uso fosse necessário. 
 
 
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Porém, antes de definir as novas regras e estabelecer o novo plano, a empresa (através 
de seus “líderes habilidosos”) tomou o cuidado de avaliar, em diferentes regiões do Brasil, 
quais eram os planos mais fortes em termos de clínicas, hospitais, coberturas e assim por 
diante. A mudança foi tão bem estruturada e planejada com a devida análise prévia 
(comunicação, consulta e suporte ao funcionário durante e após a mudança), que foi aceita 
por todos. O terceiro exemplo (dessa vez mal sucedida) refere-se a uma empresa 
certificada em OHSAS 18001 e que resolveu migrar toda a sua base de documentos de 
um sistema eletrônico para outras bases. Havia um sistema interno (intranet) onde os 
procedimentos, instruções de trabalho, manuais e outros registros eram armazenados. Por 
alguma razão (não informada aos funcionários), decidiu-se separar todo esse conteúdo 
centralizado na rede da empresa em diferentes bases, sendo que uma das que foi 
escolhida foi o SAP, que até então era usada pelo pessoal de compras e de tecnologia da 
informação. A migração foi feita às pressas sem a análise prévia e não foi dado treinamento 
adequado aos novos usuários do sistema. Como consequência, muitos documentos se 
perderam, alguns ficaram com mais de uma versão disponível, quando se acessavam as 
bases nem sempre se conseguia visualizar o conteúdo dos documentos e como o sistema 
ficou sobrecarregado, muitas vezes travava ou trabalhava de maneira muito lenta, sem 
contar os usuários que não sabiam direito como usar a nova base. Desastre! Analisando 
as causas, concluiu-se que um dos grandes fatores contribuidores foi a falta de 
envolvimento das diferentes lideranças, que não se preocuparam em dar o devido suporte 
nem se engajaram nessa fase de transição. 
Diante desses cenários de mudança, originou-se a famosa parábola do “sapo 
escaldado”. 
Se um sapo for

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