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CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS DEFEITOS ASSOCIADOS AO FLUXO SANGUÍNEO PULMONAR DIMINUIDO → Neste grupo de defeitos, existe uma obstrução ao fluxo sanguíneo pulmonar e defeitos anatômico septais (DSA ou DSV). → Como o sangue tem dificuldade de sair do lado D do coração através da artéria pulmonar, a pressão do lado D excede a pressão do lado E (shunt da D para E). Complicações decorrentes do baixo fluxo pulmonar →Cianose → Baqueteamento digital →Policitemia: • Alteração dos fatores de coagulação • Formação de trombos • Infecções (endocardite bacteriana) →Aumento da pressão dos vasos sanguíneos pulmonares →Crises cianóticas (Tet Spells) Defeitos: 1. Tetralogia de Fallot (T4F) 2. Atresia de tricúspide TETRALOGIA DE FALLOT (T4F) →A tetralogia de Fallot consiste no conjunto de quatro alterações cardíacas: CIV, EP, dextroposição da aorta e hipertrofia ventricular direita. →O defeito anatômico fundamental é o desvio anterossuperior do septo infundibular. ASSOCIAÇÃO DE 4 DEFEITOS • DSV ou CIV • Estenose pulmonar (valva ou saída de VD) • Dextroposição da aorta • Hipertrofia do VD MORFOLOGIA →O ventrículo direito apresenta dimensões externas aumentadas por causa da hipertrofia. →A EP, em geral, é infundíbulo-valvar. →A morfologia do infundíbulo (subpulmonar) é de grande importância clínica e cirúrgica, pois ele é a estrutura responsável pela progressão da EP. →Em alguns casos, a obstrução da via de saída é total, sendo denominada atresia pulmonar com CIV. →Geralmente, a CIV é do tipo perimembranosa, grande e não restritiva. →As artérias pulmonares podem ser normais ou apresentar diferentes anormalidades, incluindo alterações de calibre, de confluência e de distribuição. →O cavalgamento ou dextroposição da valva aórtica é uma alteração essencial na tetralogia de Fallot; entretanto, o seu grau é bastante variável, de 15 a 50%. Quando é maior que 50%, passa a ser denominada dupla via de saída de ventrículo direito (DVSVD). →A circulação colateral sistêmico-pulmonar é mais comum em pacientes com atresia pulmonar e CIV, podendo ser a única forma de suprimento sanguíneo pulmonar. →Pode ocorrer a associação de várias outras anomalias cardíacas, como CIA, PCA, DSAV, estenose subaórtica fibromuscular, estenose valvar aórtica, anomalias das conexões venosas sistêmicas e pulmonares e coarctação da aorta. →O arco aórtico à direita é um achado relativamente comum nesses pacientes. FISIOLOGIA →Fisiologicamente, a CIV e a estenose subpulmonar são os defeitos mais importantes. →A CIV serve, na realidade, como via de saída sistêmica para o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo, portanto, é responsável pela equivalência de pressões entre as duas cavidades. →A apresentação clínica depende da EP. →A quantidade de sangue desviado do ventrículo direito para a circulação sistêmica será maior quanto maior for a EP. Assim, pacientes com EP leve são pouco cianóticos ou até mesmo acianóticos, enquanto aqueles com EP grave apresentam cianose importante. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS →Estão diretamente relacionadas com a anatomia da doença. →No caso de EP leve, o paciente pode ser acianótico, com sopro cardíaco alto. →À medida que a EP progride, aparece a cianose e o sopro vai diminuindo. →A cianose é do tipo central, generalizada, atingindo pele e mucosas. →Crianças maiores podem apresentar baqueteamento digital e adotar a posição de cócoras para melhora da hipóxia _ a crise de hipóxia é uma manifestação clínica frequente nessa doença. Trata-se de uma situação grave e requer reconhecimento rápido e tratamento adequado, pois pode levar a complicações neurológicas graves. Durante a crise de hipóxia, o paciente apresenta cianose intensa, acompanhada por taquipneia e, frequentemente, alterações de consciência. O sopro tende a diminuir ou, até mesmo, a desaparecer, refletindo a diminuição da passagem de sangue pela valva pulmonar. #Resumindo: • Cianose • Baqueteamento digitais • Acocoramento • Déficit de crescimento • Riscos para: embolia, AVE, abcesso cerebral, convulsão, perda de consciência e morte súbita durante crise DIAGNÓSTICO – exames complementares RADIOGRAFIA DE TÓRAX →Presenta várias alterações na tetralogia de Fallot, mas nenhuma é patognomônica. →A cardiomegalia raramente é observada. →Em crianças maiores, o coração adquire uma forma bastante sugestiva da doença: sua ponta é desviada superiormente com o bordo esquerdo côncavo, lembrando um “tamanco holandês”. →A circulação pulmonar, em geral, é diminuída, mas pode estar normal ou aumentada nos casos com EP leve. ELETROCARDIOGRAMA →Os sinais mais característicos são desvio do eixo do QRS para a direita e hipertrofia ventricular direita. ECOCARDIOGRAMA →Todas as características morfológicas da tetralogia de Fallot podem ser exploradas e definidas para uma correta indicação cirúrgica: 1) tamanho e localização da CIV; 2) confluência e tamanho das artérias pulmonares; 3) lateralidade do arco aórtico; 4) suprimento sanguíneo pulmonar; 5) anomalias associadas; e 6) origem e trajeto das artérias coronárias. CATETERISMO CARDÍACO →Muito invasivo e só utilizado quando o ecocardiograma não é suficiente. TRATAMENTO CLÍNICO →Suporte para evitar a piora da cianose e a crise de hipóxia – manter um controle rigoroso da hemoglobina, a fim de evitar anemia e policitemia. →Pacientes com crises de cianose em espera para cirurgia podem beneficiar-se com uso de propranolol (1 a 3 mg/kg/dia), para promover relaxamento da musculatura infundibular e, assim, evitar as crises de hipóxia • Paliativo: Derivação de Blalock Taussing (aumento do fluxo pulmonar por derivação da artéria pulmonar com subclávia D ou E) CIRÚRGICO →A correção total definitiva dos defeitos vem sendo realizada, na grande maioria dos centros especializados, a partir dos 6 meses de vida, embora alguns serviços já a indiquem aos 3 meses _ a cirurgia de correção total definitiva consiste no fechamento da CIV e na ampliação da via de saída do ventrículo direito. Em algumas situações, quando a valva pulmonar e o tronco pulmonar são hipoplásicos, há necessidade da colocação de homoenxerto para manter um adequado fluxo pulmonar (Correção completa: fechamento da CIV, ressecção da estenose infundibular e aumento da via de saída de VD) →A cirurgia paliativa só é indicada nas situações de urgência ou quando existe uma anatomia desfavorável, como artérias pulmonares hipoplásicas, ou, ainda, em crianças com idade inferior a 3 meses. EVOLUÇÃO →Os principais fatores de risco para o óbito são embolia paradoxal, trombose cerebral e pulmonar, abscesso cerebral e endocardite infecciosa. →A cirurgia modificou a evolução natural desses pacientes, com bom prognóstico pós-operatório. Têm sido descritas complicações após longo tempo de seguimento, como arritmias, disfunção do ventrículo direito, hipertensão pulmonar e morte súbita ATRESIA DE TRICÚSPIDE →Ausência da valva tricúspide _ consequentemente, ausência completa da conexão atrioventricular direita →O sangue circula por meio de um DSA e DSV. →CIA (ou FO patente) e CIV ou PCA são lesões associadas obrigatórias para a manutenção do fluxo pulmonar. MORFOLOGIA →Em função da ausência da valva tricúspide, o assoalho do átrio direito é completamente muscular (fechado) e o ventrículo direito, hipoplásico. →A CIA necessária para a sobrevida dos pacientes geralmente é do tipo FO. FISIOLOGIA →Todo o sangue do retorno venoso sistêmico passa para o átrio esquerdo por meio da CIA e mistura-se com o sangue oxigenado proveniente da circulação pulmonar antes de atingir o ventrículo esquerdo. →Essa mistura de sangue que chega ao ventrículo esquerdo é direcionada tanto para a circulação sistêmica como paraa circulação pulmonar. →Nos casos em que os vasos estão normoposicionados, o sangue que alcança a circulação pulmonar passa, obrigatoriamente, pela CIV ou, em sua ausência, pelo canal arterial. O fluxo pulmonar, portanto, depende do diâmetro dessas comunicações e do grau da EP. →Nos casos em que os vasos estão em transposição, o sangue que passa pela CIV alcança a aorta. Se a CIV for restritiva, o paciente apresentará sinais de estenose aórtica. O fluxo pulmonar pode ser controlado exclusivamente pelo grau de comprometimento da valva pulmonar. →O tipo mais frequente apresenta CIV restritiva, EP e vasos da base normoposicionados. Nessa condição, há uma diminuição do fluxo pulmonar; o pouco sangue que alcança a circulação pulmonar mistura-se, no átrio esquerdo, com uma quantidade maior de sangue insaturado proveniente do átrio direito, e essa mistura chega à circulação sistêmica, determinando o quadro de cianose central do paciente. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS →O principal sintoma é a cianose central, que surge no 1º dia de vida e está diretamente relacionada com o fluxo sanguíneo pulmonar, sendo mais intensa nos casos com CIV restritiva e EP. →Sinais de IC, como taquipneia, cansaço às mamadas, sudorese, palidez e infecções respiratórias, são comuns nos casos com fluxo sanguíneo pulmonar aumentado. →Outras manifestações: • Taquicardia • Dispneia • Hipoxemia crônica com baqueteamento digital • Risco para: endocardite bacteriana, AVE e abcesso cerebral EXAMES COMPLEMENTARES →Radiografia de tórax →Eletrocardiograma →Ecocardiograma →A indicação do cateterismo cardíaco é imprescindível antes da correção definitiva, para estudo das pressões. Outra indicação é a realização da atriosseptostomia com cateter-balão nos casos com CIA restritiva. TRATAMENTO →O uso de prostaglandina é fundamental para manter a permeabilidade do canal arterial. →O tratamento cirúrgico é obrigatório para todos os tipos de atresia tricúspide. →Em crianças com menos de 3 meses de vida com hipoxemia importante, indica-se uma cirurgia paliativa de derivação sistêmico-pulmonar (cirurgia de Blalock-Taussig modificada), que consiste na colocação de um tubo entre a artéria subclávia e a artéria pulmonar direita ou esquerda. →Após 3 meses da cirurgia, o paciente deve ser submetido à anastomose da veia cava superior com o ramo direito da artéria pulmonar (cirurgia de Glenn ou Hemi Fontan). →Após 6 a 12 meses da cirurgia de Glenn ou hemi-Fontan, indica-se a conexão da veia cava inferior com a artéria pulmonar, derivando-se, dessa maneira, todo o sangue venoso sistêmico para a circulação pulmonar (cirurgia de Fontan). →Nos pacientes com hiperfluxo pulmonar e IC, a primeira cirurgia a ser realizada é a bandagem da artéria pulmonar, a fim de se evitar o desenvolvimento de hipertensão pulmonar, o que inviabiliza as correções futuras. #resumindo • Paliativo: A) Rashkind; B) Derivação bidirecional de Glenn (anastomose cavopulmonar => derivação sistêmica para artéria pulmonar); C) Bandagem pulmonar; D) Procedimento de Fontan (conexão do AD com artéria pulmonar)
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