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A INVISIBILIDADE DA MULHER COM DEFICIÊNCIA NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E INTRAFAMILIAR Oliveira, Nilzete de 1 Faculdade Governador Ozanam Coelho - FAGOC (Pós-) Graduação em Políticas Públicas para mulheres Setembro de 2019 ROQUE, Ludmila2 - Orientadora RESUMO Este artigo apresenta uma discussão sobre a questão da violência doméstica e intrafamiliar contra a mulher com deficiência e a dificuldade de acesso da mesma aos serviços de denúncia e de proteção. Teve como objetivo apresentar a dificuldade de acesso a dados e informações sobre a situação dessas mulheres. Através de pesquisa bibliográfica e mídia eletrônica, baseou-se na “existência de estatísticas mencionando a mulher com deficiência que sofre violência doméstica”, A autora acredita ser necessário fomentar a invisibilidade existente nas estatísticas das políticas de enfrentamento à violência intrafamiliar e doméstica, e alertar a sociedade e o Estado. Para tanto combater a violência contra a mulher com deficiência, é imprescindível que a busca e identificação sejam incessantes de forma a articular políticas públicas de atendimento às vítimas, promovendo mais acessibilidade e incentivando-as a denunciar, tendo em vista que segundo os dados pesquisados estas mulheres sofrem três vezes mais casos de violência, por não conseguirem se defender e ou denunciar. Palavras-chave: Violência doméstica e intrafamiliar, Invisibilidade Feminina, Mulher com deficiência. 1 Bacharel em Serviço Social. Universidade Veiga de Almeida – UVA – E-mailtianilzete@yahoo.com.br 2Assistente Social formada pela PUC/RJ - Mestre em Serviço Social PUC/RJ - Especialista no atendimento a crianças e adolescentes vítimas da violência doméstica PUC/RJ e Especialista em Gerontologia pelo NEZO/FAGOC 2019 E-mail: ludproque@gmail.com 1- Introdução A violência contra a mulher acompanha o ser humano ao longo do decorrer da história e ao redor do mundo, independente da categoria social, raça, etnia, gênero, com ou sem deficiência, sendo considerada como todo ato ou omissão praticado por pais, parentes e ou cuidadores, capaz de causar danos psicológicos, físicos ou sexuais à vítima (Guerra, 1998). A violência é comumente utilizada como uma afirmação de poder do “mais forte” perante o “mais fraco” (Sinclair, 1985). Quanto menos provida de recursos para se defender de agressões ou abusos uma pessoa for, maior é o perigo de ela se tornar uma vítima (Cardoso, 2001). O Relatório Mundial sobre a Deficiência (Cap. 01-2012), esclarece que a história de violência intrafamiliar e doméstica a mulher é uma realidade no mundo da deficiência ao redor do planeta, e quase que diariamente sofrem violência, e estas são físicas, verbais e ou psicológicas trazendo diversas consequências, são geradoras de magoas, tristezas, vergonha entre outros e podem levar a deficiência e ou a morte. Os danos podem ser ainda mais desastrosos quando o “mais fraco” é uma mulher com deficiência, e estudos apontam para a maior probabilidade destas vítimas se tornarem pessoas ansiosas (Christopoulos, 1987); desenvolverem menos habilidades intelectuais e competências sociais (Barahal, Waterman e Bartin, 1981); baixa autoestima (Kadzin, 1985) e até possibilidade de desenvolverem deficiência mental (Barahal, Waterman e Bartin, 1981). Vítimas com deficiência costumam apresentar déficits na percepção e compreensão das situações de abuso, o que pode contribuir para que agressões graves sejam constantes ou “justificadas, levando-as a aceitarem esta condição como se fosse normal” (Dodge, 1980). Segundo Williams (2003): “O indivíduo portador de deficiências de qualquer modalidade - seja visual, auditiva, física ou mental - encontra-se em uma posição de grande vulnerabilidade em relação ao não portador, sendo frequentemente marcante a assimetria das relações de poder na interação entre ambos. Tal assimetria de relação hierárquica é multiplicada, conforme a severidade de cada caso, sendo ampliada se o portador de necessidades especiais pertencer a um outro grupo de risco, como por exemplo, se for mulher ou criança" (p.142). Strickler (2001) aponta que Nosek, Howland & Young (1997) enumeraram 9 (nove) fatores que explicariam tal aumento de risco no grupo das pessoas com deficiências: 1) dependência significativamente maior de outras pessoas para cuidados em longo prazo do que para seus correspondentes não-deficientes; 2) percepção de ausência de poder tanto pela vítima quanto pelo agressor; 3) percepção, pelo agressor, de menor risco de ser descoberto e punido; 4) os relatos das vítimas deficientes obtêm menor credibilidade; 5) menor conhecimento pela vítima do que é adequado ou inadequado em termos de sexualidade; 6) isolamento social, o que pode aumentar do risco de ser manipulado por outros; 7) potencial para desamparo e vulnerabilidade em locais públicos, 8) valores e atitudes mantidos por profissionais na área de educação especial em relação à integração, sem considerar a capacidade do indivíduo de autoproteção; 9) dependência econômica da maioria dos indivíduos portadores de deficiência mental. Strickler (pp. 461-471, (2001). Em resumo, o trunfo do agressor, nestes casos, está na vulnerabilidade das pessoas com deficiência, que costumam apresentar déficits na capacidade de discernir seus direitos e as situações que são abusivas, desafiadoras de sua integridade física, moral e psicológica (Barahal, Waterman e Bartin, 1981). A necessidade de debater a temática da violência domestica e intrafamiliar contra a mulher e em especial contra a mulher com deficiência, inquietou a autora deste artigo por também ter vivenciado essa violação de direitos. Atualmente a autora é graduada em Serviço Social, militante das causas femininas, caminhando em direção a especialização em “Políticas Públicas para Mulheres” no contexto da violência doméstica e intrafamiliar contra a mulher. Por tanto falar sobre o tema “A Invisibilidade da Mulher com Deficiência no Contexto da Violência Doméstica e Intrafamiliar” é uma tarefa profissional e pessoal para a autora, que pretende contribuir para o debate sobre a violência contra a mulher com ou sem deficiência. 2 - A mulher com deficiência vitima de violência, as dificuldades de acesso aos serviços e a falta de dados A pesquisa realizada pelo Data Senado (2015) apresenta que 21% das mulheres agredidas não procuraram ajuda e uma em cada cinco mulheres não fez nada quando agredida. Este percentual aumentou em relação a 2013, quando 15% das vítimas adotaram a mesma postura. Já em 2017 foi revelado o aumento no número de mulheres que declaram ter sofrido algum tipo de violência doméstica: o percentual passou para 29%. Houve crescimento também no percentual de mulheres que disseram conhecer alguma mulher que já sofreu violência doméstica ou familiar praticada por um homem: o índice saltou de 56%, em 2015, para 71%, em 2017 As vítimas que optaram por não denunciar alegaram, como principais motivos: a preocupação com a criação dos filhos (24%), o medo de vingança do agressor (21%) e por acreditar que seria a última vez (16%). A crença na impunidade do agressor e a vergonha da agressão foram citadas por 10% e 7%, respectivamente. Os dados desta pesquisa estão relacionados a mulheres em contexto geral, e não destaca a mulher com deficiência, sem o recorte merecido e sem a atenção especial para as suas especificidades, sendo tratadas como “igual”, ainda que sem o alcance de sua plenitude cidadã. É visível o descaso com esta parcela da população feminina. Ao pesquisar sobre violência intrafamiliar e doméstica pode ser constatado que autores de livros, trabalhos e artigos falam em um contexto geral da violência contra a mulher, poucos falam especificamente da mulher com deficiência, já no INWWD - The International Network of Womenwith Disabilities, 2008, abrange o estudo sobre a esta condição específica e apresenta, o fato de não haver maior publicização da questão aqui discutida, o que se torna incipiente tanto nas pesquisas, quanto nos dados estatísticos disponíveis. A falta de dados aliado a falta de informação e publicização através das mídias em seu contexto geral, em muitos casos vem a impedir a ida aos equipamentos de atendimento como o caso da DEAM – Delegacia da Mulher, do CEAM- Centro Especializado no Atendimento à Mulher, CRÁS - Centro de Referência de Assistência Social e CREAS - Centro de Referências Especializado de Assistência Social, seguido da impossibilidade de usar o disk denúncia – (180). Ao lado desse fator está a falta de acessibilidade adequada no Brasil para essa parcela da população, percebe-se a ausência de rampas, a existência de barreiras arquitetônicas e atitudinais, bem como a falta de intérpretes de Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), Material em Braile e funcionários qualificados, o que dificulta em muito a interpretação no momento de realizar um Boletim de Ocorrência (BO). A Coordenadora de Políticas de Pessoas com Deficiência da Secretaria Nacional de Promoção da Pessoa com Deficiência Solange Ferreira em 2010, apontou que a discriminação sobre a mulher com deficiência é duplamente evidenciada e nos diz que, por ser pessoa com deficiência, ela tem menos oportunidade de denunciar, pois nunca se tem a garantia de quem irá protegê-la depois disso. “Sozinha, ela não terá como se defender ficando assim seus agressores impunes” (FERREIRA S, 15/03/2013). Werneck (2007), Em sua analise sobre a questão da violência sobre a mulher diz: “É um ato violento tanto aquele que gera um dano físico como o que impede o direito de ir e vir de uma pessoa com deficiência, “mesmo que não haja sangue””. Esta fala nos converge as violências: psicológica, sexual, moral e patrimonial e que em muitas vezes as violências são feitas sob ameaças e não geram sangue, porém em muitos casos afetam a saúde mental, mesmo assim a mulher com deficiência não pode ficar fragilizada e escondida, se a violência não for denunciada, sua invisibilidade poderá ser eterna, ou seja, deve denunciar. No geral os receptores da denúncia entendem que as queixosas estão se constituindo como vítimas por terem uma deficiência, sendo assim muitos não compreenderem a importância de constar na estatística sobre violência doméstica e intrafamiliar o quantitativo de mulheres com algum tipo de deficiência que sofrem violências, e por conta disto não são vistas como violências baseadas no gênero com deficiência, ficando na invisibilidade sem a devida divulgação do percentual destas mulheres que sofrem violência doméstica e intrafamiliar. De fato, esta parcela da população são vítimas de todos os tipos de abuso e violências pelos quais as mulheres sem deficiência passam, porem acrescidos de atos e atitudes que podem constituir um agravante e particularmente contra mulher que tenha deficiência psicossocial e ou intelectual, que são provavelmente ignoradas em estudos sobre violência contra mulheres conforme nos apresenta o relatório: The International Network of Women with Disabilities (2001): (1) a) isolamento forçado, confinamento e ocultação dento da casa da própria família; b) aplicação forçada e coercitiva de drogas psicotrópicas ou colocação de drogas na comida; c) institucionalização forçada e coercitiva; d) contenção e isolamento em instituições; e) criação de situações pretextadas para fazer a mulher parecer violenta ou incompetente a fim de justificar sua institucionalização e privação da capacidade legal; f) forjamento de rótulos de raiva e auto declaração das mulheres como um comportamento de “pessoas com transtorno mental e perigosas” (especialmente se a mulher já foi internada em hospitais psiquiátricos); g) negação das necessidades e negligência intencional; h) retenção de aparelhos de mobilidade, equipamentos de comunicação ou medicação que a mulher toma voluntariamente; i) ameaças para negligenciar ou cancelar apoios ou animais assistentes; j) colocação de mulheres em desconforto físico ou em situações constrangedoras por longo período de tempo; k) ameaças de abandono cometidas por cuidadores; l) violações de privacidade; m) estupro e abuso sexual cometidos por membro da equipe ou por outro paciente internado em instituições; n) restrição, desnudamento e confinamento solitário que replica o trauma do estupro; o) aborto forçado; e p) esterilização forçada. (Relatório “Violência contra Mulheres com Deficiência”, 2011) Alguns tipos de violência domésticas não são imediatamente percebidos como violência porque são legais e aceitos pela sociedade, como os cometidos em atendimentos médicos, neste caso a autora se refere aos tratamentos que se apresentam especificamente nas intervenções psiquiátricas e institucionalizações forçadas. Estes atos de violência são cometidos sob autoridade legal do Estado em consequência de uma política governamental discriminatória e preconceituosa. 3 - A cegueira voluntária da sociedade x falta da denúncia anônima Embora os tipos de violência praticados possam diferenciar dependendo da cultura e situação socioeconômica, há aspectos que são universais como o caso da omissão da sociedade em denunciar anonimamente ou não a violência que ocorre no interior dos lares, trazendo a realidade a cegueira voluntária da sociedade. Com relação a questão da violência doméstica e intrafamiliar que ocorre no ambiente privado deve-se questionar o ditado popular que diz: “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Será? A sociedade realmente deve fechar os olhos para esta realidade enquanto vidas se perdem? A pratica da violência pode acontecer com qualquer mulher e pode estar acontecendo com uma pessoa muito próxima. A sociedade e o Estado necessitam colocar em pratica a ação da denúncia e acolhimento das vítimas e desta forma colaborarem para a diminuição da violência praticada no contexto do lar, bem como a praticada dentro dos órgãos públicos. Para elaborar este artigo a autora realizou diversas buscas em gráficos e ou pesquisas de forma qualitativa e quantitativa em periódicos, artigos publicados, noticia em jornais, revistas, internet entre outros, na tentativa de encontrar dados estatísticos e registrados sobre a violência intrafamiliar e doméstica, cometidos contra a população feminina com deficiência. Foram analisadas as pesquisas e estudos empregados em: La mujer en el mundo, 2010: Tendências y estadísticas (2), Panorama da violência contra as mulheres no Brasil indicadores nacionais e estaduais 2018 (3), Relatório Mundial sobre a Deficiência (Cap. 01- 2012) (4) e Conselho Estadual dos Diretos da Mulher-RJ (1992) (5). Cabe ressaltar que não foi possível encontrar dados estatísticos no Brasil, que comprovem a condição de dupla vulnerabilidade da mulher com deficiência, como apontado em algumas pesquisas com relação a mulher sem deficiência. Dentre os autores pesquisados constam: DE ALMEIDA, Haynara Jocely Lima (2009) e (2012); SAFFIOTI, H. I. B. (1997). 3.1 –A conspiração do Silêncio e invisibilidade As mulheres em sua trajetória no decorrer da história da humanidade evidenciam sua condição de vulnerabilidade na medida em que vivenciam de forma sistemática violências das mais variadas e processos de descriminação que reduzem suas potencialidades no mundo do trabalho, na escola e na vida cotidiana e quando aliado ao gênero feminino encontra-se a condição “deficiência” tal vulnerabilidade é silenciosa e invisível, o que leva a ganhar outras dimensões como a conspiração do silêncio, que é o encobrimento dos fatos por parte dos envolvidos nos episódios de violência. Tal fenômeno ocorre por causa da vergonha que as vítimas sentem, da incredibilidade ou da comodidadedos agressores, que permanecem impunes enquanto a agressão não é descoberta (Saffioti, 1997). Aparenta que o silêncio que há em torno da violência intrafamiliar e doméstica, soma- se a invisibilidade que as afeta, de modo a tornar extremamente dificultosa a investigação que tenha como objeto a violência praticada contra esta população. O espaço doméstico pertence à trajetória privada, a violência praticada nele se esconde sob o apagar das luzes e o fechar das cortinas. Estas mulheres em sua grande maioria são mantidas fechadas em seus lares ou não são vistas publicamente por vários motivos, bem como a falta de acessibilidade em todos os sentidos, tornam-se anônimas, sujeitos sem voz ou rosto, e sem direitos. 3.2 - Mulheres com deficiência e os fatores de risco Os fatores de risco são condições resultantes da deficiência em si, combinadas com atitudes em relação às mulheres em sociedades patriarcais e machistas. Em algumas situações, a sociedade se recusa a reconhecer que certos atos constituem violência e as mulheres atacadas podem não se perceber como vítimas porque consideram estas situações como habituais, associadas à sua deficiência e dependência. Isto se torna particularmente verdadeiro em relação aos atos autorizados no direito da família, tais como intervenções psiquiátricas forçadas com drogas que alteram a mente, eletrochoque ou psicocirurgia, institucionalização, contenção e isolamento, que são praticados principalmente em mulheres com deficiência psicossocial (6) Burstow, B. (2006). Mulheres com deficiência podem também ter menos acesso às informações sobre como se proteger contra a violência e o estupro devido à violência patrimonial. Os perpetradores da violência têm a tendência de acreditar que seus atos não serão descobertos; e estas mulheres, muitas vezes, não são levadas a sério quando conseguem, tomam coragem ou se cansam de sofrer e buscam denunciar tais atos (7). Esta população, com frequência, são mais dependentes de outras pessoas para obter ajuda física e/ou financeira (8). Sob tais circunstâncias as mulheres se calam. Em conformidade ao acima elucidado, o relatório apresentado por Juan E. Méndez - Secretário-Geral da ONU (2015) exemplifica que as mulheres com deficiência correm maiores riscos de exposição à violência ao morarem em instituições, lares e hospitais e têm menos credibilidade ao denunciarem a violência que ocorra dentro de instituições. Há pouca possibilidade de auto defesa eficaz quando alguns tipos de violência (tais como: institucionalização compulsória, restrição e confinamento, aplicação forçada de drogas e eletro choque, aborto forçado e esterilização) que são permitidos por lei em muitos países (9). Historicamente conforme o INWWD - 2008, os abusos contra esse grupo de mulheres superam os crimes cometidos contra as mulheres sem deficiência, sendo assim, se todas as delegacias usassem da prática de assinalar e informar a questão da existência da deficiência, poderiam ser comprovados o quantitativo real em estudos e pesquisas voltadas para esta área. Nas pesquisas executadas por organizações nacionais e internacionais, como a ONU Mulheres, que direcionam seus trabalhos para temas relacionados às mulheres, é relatado que a estimativa de que no mundo, cerca de uma em cada cinco mulheres vivem com algum tipo de deficiência. Segundo as pesquisas acima mencionadas aproximadamente 40% das mulheres com deficiência já sofreram algum tipo de violência doméstica e ou intrafamiliar no mundo. Em sua expressiva maioria, elas encontram a invisibilidade e o silenciamento de suas vozes como barreiras iniciais, inviabilizando o exercício de seus direitos humanos e de cidadania. 3.3 – A violência sexual x deficiência As mulheres são por vezes obrigadas a fazer sexo com os companheiros, devido a impossibilidade de se desvencilhar e ou reagir na tentativa de evitar o estupro conjugal em decorrência das limitações ocasionadas por sua deficiência. A resistência a este ato pode vir a acontecer: Tortura, encarceramento, falta de nutrição e até a inutilização de algum aparelho, como muletas, andadores e cadeiras de rodas, etc. Atos de imensuráveis violências físicas e emocionais! (Grifos da autora) A covardia nos casos de estupro conjugal se repete muito principalmente contra a mulher com deficiência, por não conseguir se desvencilhar conforme relata Save the Children da Suécia (2002, p. 10) à falta de capacidade física para defender-se eleva o quantitativo de mulheres que sofrem violência sexual: “A criança, jovem ou adulto com deficiência, em geral, estará em posição de desvantagem física com relação ao adulto”. Neste processo entende-se que à falta do desenvolvimento de habilidades linguísticas, constituem um problema no compartilhamento da experiência e principalmente na tentativa de denunciar a violência acontecida”. Ainda segundo Save the Children da Suécia, existe a falta de recursos físicos e emocionais para enfrentar o abuso e a “sociedade civil e as instituições ainda estão pouco preparadas para lidar com este assunto sensível e não dispõe de meios efetivos para identificá-lo, denunciá-lo e combatê-los através de dispositivos legais eficientes”. Os perpetuadores da violência sexual ficam seguros de que não serão denunciados, devido as condições da mulher abaixo relatadas: - Surda e ou muda que não terá como se expressar verbalmente, apresentam problemas perceptíveis na fala e se mostram indefesas a ataques sexuais, uma vez que não conseguem comunicação satisfatória, tanto para sua defesa frente ao ataque, como para denunciar os fatos às autoridades, vale aqui ressaltar que em muitos casos não são olorizadas e não dominam a escrita, além disso os órgãos competentes ao atendimento a estas vítimas não contam com um interprete de LIBRAS. - Deficiência visual e nem sempre são compreendidas, esta mulher necessita de um funcionário capacitado e com paciência para que possa compreender os fatos por ela relatados, além disso, o fato de não poderem reconhecer visualmente o agressor dificultam a denúncia e facilitam a impunidade. - A mulher com déficit mental não tem como descrever o ocorrido e ainda será desacreditada, e em muitos casos ignorada por não se fazer entender. - A mulher cadeirante, a muletante e a que usa órtese ou prótese não terá como correr ficando à mercê do seu agressor. - A mulher com paraplegia ou tetraplegia ou, ainda, amputação de membro, têm inabilidade para a defesa pessoal devido à falta de locomoção, complicações com a coordenação motora e em alguns casos com a fala. - A mulher com deficiência intelectual, também, devido ao comprometimento da área linguístico-cognitiva, são facilmente seduzidas tendo em vista que quanto maior o vazio no domínio de linguagem, menor é a consciência acerca da realidade do mundo, da noção do certo e errado. O fato de apresentar uma deficiência agrava a vulnerabilidade feminina, visto que essas encontram-se mais suscetíveis à violência sexual como os dados apontados na International Network of Women with Disabilities (INWWD), formada em 2008 e composta por organizações, grupos e redes de mulheres com deficiência em âmbito internacional, apontou que 40% das mulheres com deficiência em todo o mundo são vítimas de violência doméstica e 12% são vítimas de estupro.( Save the Children da Suécia, (2002, p. 10). A crença da vítima sobre não ter escolhas ou sobre não ser capaz de controlar o que acontece a ela também pode contribuir para que a violência seja encoberta. Isto significa que o senso de responsabilidade sobre a própria experiência está deslocado para o outro, geralmente para o cuidador, o que pode gerar um meio perigosamente hierarquizado, onde é “permitido abusar” e “proibido reclamar” (Furey, 1994; Murphy e Razza, 1998). Segundo dados da ONU, mulheres e meninas com deficiência são três vezes maisvulneráveis a abusos sexuais, estupros e violência doméstica. Em entrevista à TV Educativa do Rio Grande do Sul, a psicóloga Vitória Bernardes, que é cadeirante conjectura: “Se a gente suspeita sobre a veracidade de uma menina que foi estuprada por mais de 30 homens, e questiona se foi culpada, ou não, imagina uma pessoa que não tem toda a sua capacidade cognitiva. Ela é ainda mais desvalidada”. Pertinente e bem colocada a fala da psicóloga e totalmente dentro do mundo real destas mulheres o que mostra quão se faz importante o esclarecimento e apontamentos gráficos sobre a violência em geral. Segundo Cardoso (2001), as intervenções com vítimas de violência doméstica não- deficientes costumam demonstrar eficácia significativa ao promover: a) o contato da vítima com um grupo que partilhe experiências comuns, fornecendo condições para diminuir seu sentimento de solidão; b) o desencadear de discussões sobre as concepções de violência, direitos e eventos traumáticos no grupo; c) o fortalecimento da autoconfiança e o empoderamento dos indivíduos, por meio do ensino de técnicas de proteção e enfrentamento não-violento e, d) a eliminação ou atenuação de sentimentos negativos. Nas intervenções típicas com deficientes, para que o atendimento seja efetivo, é preciso conhecer suas necessidades especiais, considerando limitações e potencialidades (Cardoso, L.C. (2001) No entanto, as intervenções com deficientes de que se tem conhecimento no Brasil não são relacionadas ao tema da violência, sendo que a possibilidade de uma ação eficiente se torna pura especulação. Sendo assim, devem ser criadas soluções para minimizar limitações visuais, físicas ou mentais, assegurando a inclusão. 3.5 - Violência psicológica e deficiência A violência de gênero, que vai muito além da agressão física, também é tipificada pelo abuso psicológico. Na tentativa de desenvolver um mecanismo legal específico para as vítimas desse mal, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) apresentou o projeto de lei nº 6.622, de 2013, que classifica como crime de violência psicológica os danos emocionais que podem ser causados pela diminuição da autoestima, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento ou qualquer outra ação de prejuízo à mulher. A Deputada Federal Sheridan (PSDB-RR) lembrou que não há, no atual ordenamento jurídico, uma legislação específica que trate de violência psicológica. “O que ocorre hoje é que os autores de violência psicológica contra a mulher são punidos pelos crimes de ameaça, de constrangimento ilegal, de injúria, etc. Ou seja, são crimes com penas muito baixas e desproporcionais ao sofrimento que é causado às mulheres vítimas desses delitos”. Ainda há muito que caminhar. Sheridan (2016). 4 - Cronologia das leis voltadas a Mulher Em 1988 surgiu a Constituição Federal, acompanhando os tratados internacionais de direitos humanos, estabeleceu, pela primeira vez, dispositivos que contemplam a violência contra a mulher. Em 20 de dezembro de 1993 a ONU, através da Declaração sobre a Eliminação da Violência contra Mulheres (10), ficou assim definida a violência: Artigo 1º - O termo “violência contra mulheres” significa qualquer ato de violência baseada no gênero que resulte, ou provavelmente resulte, em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico para as mulheres, incluindo ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade, que ocorram em público ou na vida particular. Artigo 2º - A violência contra mulheres será entendida como aquela que abrange os seguintes tipos, sem se limitar a estes: -Violência física, sexual e psicológica que ocorra na família, incluindo agressão, abuso sexual de meninas no lar, violência relacionada com o dote, estupro cometido pelo marido, mutilação de genitais femininos e outras práticas tradicionais danosas para mulheres, violência cometida por pessoa não-cônjuge e violência relacionada com a exploração; -Violência física, sexual e psicológica que ocorra na comunidade geral, incluindo estupro, abuso sexual, assédio sexual e intimidação no trabalho, em instituições educacionais e outros lugares, tráfico de mulheres e prostituição forçada; -Violência física, sexual e psicológica perpetrada ou deixada ocorrer pelo Estado, onde quer que ela ocorra. ONU – Declaração (p. 2, 1993) A Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, aprovada pela Organização dos Estados Americanos, conhecida como Convenção de Belém do Pará, ocorrida em 1994, reconheceu a violência contra a mulher como uma violação dos Direitos Humanos em seu artigo 9º que diz: Para a adoção das medidas a que se refere este capítulo, os Estados Partes levarão especialmente em conta a situação da mulher vulnerável a violência por sua raça, origem étnica ou condição de migrante, de refugiada ou de deslocada, entre outros motivos. Também será considerada sujeitada a violência a gestante, deficiente, menor, idosa ou em situação socioeconômica desfavorável, afetada por situações de conflito armado ou de privação da liberdade. (Brasil. 1995) O Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher — NUDEM foi criado no dia 24 de novembro de 1997, através da Resolução DPGE n. 084, e é um órgão de defesa especializado no atendimento às mulheres vítimas de violência, responsável pela elaboração de políticas institucionais e propagação de iniciativas voltadas para o assunto em questão. A Defensoria Pública presta assistência jurídica integral. No ano de 2003, surge a Secretaria de Políticas para as Mulheres, e desde sua criação a secretaria foi fortalecida por meio da elaboração de conceitos, diretrizes, normas e da definição de ações e estratégias de gestão e monitoramento relativas à temática, a partir de 2003, as políticas de enfrentamento são ampliadas com a criação de normas e padrões de atendimento, aperfeiçoamento da legislação, incentivo à constituição de redes de serviços, o apoio a projetos educativos e culturais de prevenção à violência e ampliação do acesso das mulheres à justiça e aos serviços de segurança pública (PNE, 2011) (11). Em 2015, o órgão deixou de ter status de ministério. Em 2 de outubro de 2015 a Secretaria foi incorporada ao então recém-criado Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (MMIRDH), unindo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria de Políticas para as Mulheres e em 20 de junho de 2018 o Decreto nº 9.417, transferiu a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres para a estrutura organizacional do Ministério dos Direitos Humanos. Ainda em 2003 acontece a criação da lei federal n. 10.778/2003 que estabelece a notificação compulsória dos casos, seja a mulher atendida em serviços públicos ou privados. Criação em 2005, da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180, em vigor até os dias de hoje), com foco no acolhimento, orientação e encaminhamento para serviços especializados. A criação destes mecanismos não foram suficientes para diminuição e ou erradicação da violência, vindo a surgir a Lei 11.340/2006, conhecida como Lei “Maria da Penha”, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, no que diz respeito à instituição de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Foram estabelecidas medidas para a prevenção, assistência e proteção às mulheres em situação de violência. Em 2009 tivemos no Brasil a criação do Decreto n° 6.949/2009 que ratifica o Segundo o artigo 6° da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e define no ARTIGO 6 – Mulheres com Deficiência. 1. Os Estados Partes reconhecem que as mulheres e meninas com deficiência estão sujeitas à discriminação múltipla e, portanto, deverão tomar medidas para assegurar a elas o pleno e igual desfrute de todos os direitos humanos e liberdadesfundamentais. 2. Os Estados Partes deverão tomar todas as medidas apropriadas para assegurar o pleno desenvolvimento, o avanço e o empoderamento das mulheres, a fim de garantir-lhes o exercício e o desfrute dos direitos humanos e liberdades fundamentais estabelecidos na presente Convenção. A convenção apresenta que não existe diferenciação quando a vítima de violência é mulher com deficiência, pois ela também é vista de forma naturalizada; porém a sociedade tende a considerar mais aceitáveis, o que as torna mais vulneráveis. Portanto as mulheres e meninas com deficiência estão sujeitas a maiores riscos, tanto no âmbito privativo como no âmbito público, de sofrer violência. A Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (2009) tem status e força de emenda constitucional e assegura o total acesso aos direitos humanos e medidas protetivas a esta parcela da população. Em 2015 foi sancionada a Lei nº13,104 - Homicídio Qualificado (Feminicídio) no parágrafo § 7º - A pena do feminicídio é aumentada de um terço até a metade se o crime for praticado: I – Durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto: II- Contra pessoa menor de 14 anos, maior de sessenta anos ou com deficiência; e III – Na presença de descendente ou ascendente da vítima. A mais nova Lei nº 13.836, de 4 de junho de 2019, altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que obriga o registro da deficiência. Ainda assim os casos de violência doméstica e intrafamiliar continuam acontecendo em todo nosso território, pois mesmo com a moderna legislação constitucional (Constituição Cidadã de 1988) e a Convenção de Belém do Pará,1994), legislação infraconstitucional (Lei Maria da Penha de 2006 e Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência de 2015) e (Lei nº13,104/2015 Homicídio Qualificado (Feminicídio), ainda não foram suficientes para coibir a violência doméstica e intrafamiliar. Por outro lado, e talvez por falta de representatividade das mulheres, é que os homens se veem legitimados a praticar a violência e abusar das mulheres com ou sem deficiência sem o menor sentimento de culpa, pois acreditam que não serão denunciados pela dificuldade que estas mulheres têm em denunciar. A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) reconheceu os avanços da Lei Maria da Penha ao longo dos anos, mas o caminho a ser percorrido ainda é extenso, especialmente nos casos de violência doméstica e intrafamiliar: “A mulher com deficiência já passa privações por falta de políticas públicas na saúde, na educação, no trabalho, e isso acaba aumentando a suscetibilidade à violência”. Segundo a Deputada o International Network of Womenwith Disabilities (INWWD) - 2008, composto por várias organizações e redes internacionais, detectou que 70% das jovens com deficiência intelectual, por exemplo, já sofreram algum tipo de abuso sexual. Desses casos, a maioria nunca chega ao conhecimento das autoridades. São números que te deixam chocada, porque no mundo inteiro são 40% das mulheres com deficiência que já foram vítimas de violência doméstica, sendo assim: “É essa visão de que muitas vezes a mulher com deficiência não tem condição, capacidade de assumir postos de trabalho, de ter uma boa colocação dentro de uma empresa, ou de assumir grandes cargos. Essa visão limitada e desinformada é uma violação, que vai se manifestando de várias formas: como agressão física, como intimidação, como fraude, negligência, manipulação psicológica, coerção econômica, e tudo isso é fruto de uma cultura que muitas vezes não enxerga essa mulher. Precisamos não só conscientizar as próprias mulheres sobre os seus direitos, mas também equipar os órgãos de saúde, os órgãos da Justiça, para um acolhimento mais adequado a essa população. Pensar que, quanto mais vulnerável a pessoa fica, mais se sujeita à violência”, avaliou Gabrilli – Em defesa na Bancada da Lei Maria da Penha: “Mulher com deficiência é mais suscetível à violência” – 2016. 5 - Enfrentamento Para o enfrentamento da violência contra a mulher com deficiência e não deficiente, além de dar visibilidade aos crimes, é fundamental a manutenção, a ampliação e o aprimoramento das redes de apoio à mulher, previstos na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que viabilizam o atendimento e as alternativas de vida para as mulheres com deficiência ou não. A rede de atendimento deve garantir o acompanhamento às vítimas e empenhar um papel importante na prevenção da violência contra a mulher. Além de ser assistida pelo sistema de justiça criminal, a mulher deve conseguir ter acesso à rede também por meio do sistema de saúde, já que em muitos casos as mulheres passam várias vezes por essas unidades, algumas medidas preventivas podem ser tomadas, como a adaptação dos sistemas de denúncias. O disque 180, por exemplo, não atende as pessoas com deficiência auditiva. Além disso, se faz necessário maior capacitação dos profissionais de segurança pública e do sistema antes destas mulheres chegarem a um hospital, a uma delegacia ou a um juizado com a contratação de interpretes de libras para que possam assim efetuar o registro da violência. Os funcionários devem estar preparados para atender a mulher com problemas de coordenação motora (dificuldade na fala), a mulher cega, a mulher com problemas cognitivos, portanto deve ser empregada a capacitação dos funcionários em toda a rede de atendimento. 6 – Considerações finais O presente artigo visa fomentar debates acerca da importância em trazer à tona o apontamento nas fichas, gráficos e estatísticas a questão da mulher ter algum tipo de deficiência, demonstrando que o governo “necessita” ampliar o empenho nesta “Questão Social” para que haja o reconhecimento da existência em larga escala da violência e assim publicitar esta questão, para que saia da invisibilidade a prática do não apontamento do sofrimento destas mulheres no Brasil. Os estudos que abordam a relação entre deficiência e violência são escassos e incipientes, notadamente no Brasil, embora haja tendência a se considerar que estas mulheres tenham maior probabilidade de sofrer episódios de violência, porém não há clareza quanto à incidência quantitativa deste fenômeno. Importante que sejam criadas formas de empoderamento, em nossa cidade de Cabo Frio, não somente fiquem atreladas aos atendimentos e desfechos de suas denúncias, elas precisam de espaços criados com a finalidade de se reunirem em rodas de conversas, acompanhadas por psicólogas, assistentes sociais e pedagogas, de forma a acontecer à troca de experiências e ajuda mutua, sendo então impulsionadas para capacitação profissional de modo a retornar ao mundo profissional, trabalhar, saindo do anonimato e da invisibilidade. Destarte a inclusão ativa para diversas mulheres com deficiência que visem o desenvolvimento e implementação de programas, políticas e protocolos dirigidos para provedores de serviços, responsáveis pela aplicação da lei e outros funcionários que trabalhem junto a este público. Que sejam criadas formas de veiculações acessíveis para disseminar informações, consultorias e denúncias de todos os tipos de violência contra mulheres, adolescentes e meninas com deficiência através de levantamento de dados sobre o número de mulheres que buscam serviços e programas de prevenção da violência e de atendimento às vítimas e utilizem esses dados para desenvolvimento e iniciativas inclusivas. Para que estes acontecimentos venham a ser erradicados é de suma importância a construção e implantação de ações, sejam incluídas conforme a Lei nº 13.836, de 4 de junho de 2019, que altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, o item deficiência nos Boletins de Ocorrência – BO, estatísticas e gráficos, de modo a garantir a produção de dados reais sobre a violência intrafamiliar e doméstica contra essa população feminina com deficiência.Que estas mulheres possam a vir a participar da Rede Internacional de Mulheres com Deficiência (INWWD) (12), sendo este um grupo de organizações internacionais, regionais, nacionais ou locais, redes de mulheres com deficiência, e que tem como missão, capacitar as mulheres com deficiência através do conhecimento e experiência, e apreender a capacidade de defender os seus direitos, em busca do empoderamento para promover mudanças positivas e inclusão em nas comunidades e na sociedade, promovendo o envolvimento em políticas relevantes em todos os aspectos. De forma a criar um mundo mais justo que reconheça a deficiência e o gênero, a justiça e os direitos humanos. Referências Bibliográficas BRASIL. Secretária de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. – Decreto Legislativo nº 186/2008 – Decreto nº 6.949/2009. 4a Edição Revista e Atualizada Brasília 2012. CARDOSO, L. C. (2001). Impacto da Violência Doméstica Sobre a Saúde Mental das Crianças. Sociedade Brasileira de Psicologia. Resumo de Comunicações Científicas, XXIX Reunião Anual de Psicologia, Campinas - SP. CEDIM. Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – RJ. Reflexão sobre a Condição da Mulher Portadora de Deficiência. Rio de janeiro, 1992. DE ALMEIDA, Haynara Jocely Lima. Vulnerabilidade de mulheres com deficiência que sofrem violência. 2012. 55f. Monografia (Bacharelado em Ciências Sociais). Universidade de Brasília - UNB. 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