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Aula 06
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) -
Pós-Edital
Autor:
Michael Procopio
Aula 06
24 de Novembro de 2020
 
 
 
1 
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AULA 06 
PUNIBILIDADE 
 
SUMÁRIO 
PUNIBILIDADE .................................................................................................................. 1 
SUMÁRIO .......................................................................................................................... 1 
1. PUNIBILIDADE ............................................................................................................ 3 
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................. 3 
1.2. CONCEITO DE PUNIBILIDADE .......................................................................................................... 3 
1.3. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA PUNIBILIDADE .......................................................................................... 5 
1.3.1 Imunidades absolutas ou escusas absolutórias .................................................................. 5 
1.3.2 Imunidades parlamentares, diplomáticas e dos advogados ............................................... 7 
1.4. CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE .......................................................................................... 7 
1.4.1 Constituição definitiva do débito nos crimes tributários .................................................... 8 
1.4.2 Sentença de falência, recuperação judicial ou extrajudicial e crimes falimentares: .......... 8 
1.4.3 Condições para a extraterritorialidade condicionada ......................................................... 8 
1.5. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ......................................................................................... 10 
1.5.1 Morte do agente ................................................................................................................ 15 
1.5.2 Anistia, Graça e Indulto ..................................................................................................... 17 
1.5.3 Abolitio Criminis ................................................................................................................ 24 
1.5.4 Decadência ........................................................................................................................ 25 
1.5.5 Perempção ......................................................................................................................... 29 
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Aula 06
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1.5.6 Renúncia ............................................................................................................................ 30 
1.5.7 Perdão do ofendido ........................................................................................................... 32 
1.5.8 Retratação ......................................................................................................................... 34 
1.5.9 Perdão judicial ................................................................................................................... 35 
1.5.10 Prescrição ....................................................................................................................... 37 
2. QUESTÕES ................................................................................................................ 39 
2.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ........................................................................................ 39 
2.2 GABARITO ................................................................................................................................ 53 
2.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS ....................................................................................... 54 
3. DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA................................................ 85 
4. RESUMO ................................................................................................................... 97 
Conceito de culpabilidade .............................................................................................................. 97 
Causas de exclusão da punibilidade ............................................................................................... 98 
Condições objetivas de punibilidade .............................................................................................. 98 
Causas de extinção da punibilidade ............................................................................................... 99 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 111 
 
 
Michael Procopio
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1. PUNIBILIDADE 
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Nas aulas passadas, estudamos os elementos do crime, segundo a teoria tripartida. Vimos, então, o fato 
típico, a ilicitude e a culpabilidade. Adentraremos, nesta aula, no conceito de punibilidade, nas suas causas 
de exclusão, nas suas condições objetivas e nas causas de sua extinção. A punibilidade é, para a teoria 
tripartida, pressuposto de pena, não sendo parte do conceito analítico de crime. Portanto, a punibilidade é 
importante apenas para a definição da possibilidade de efetiva aplicação da sanção penal, e não da 
configuração ou não do crime. 
A presente aula será composta pelos seguintes capítulos: 
 
 
 
Com esses estudos, será possível ter uma visão ampla sobre a punibilidade, bem como sobre as hipóteses 
de o Estado não ter direito de punir, seja por sua perda ou pela sua não incidência. Entretanto, dada sua 
extensão, uma causa de extinção da punibilidade não será estudada nesta aula, a prescrição. A próxima aula 
terá a prescrição como tema, com uma análise mais detalhada. 
Deixo meu desejo de sempre de que a aula seja produtiva. Estudaremos a fundo o tema da culpabilidade. 
Lembrem-se: para que a prova seja leve, nosso treino deve ser pesado! Pesado no sentido de estudo com 
afinco, mas de forma que os temas sejam interessantes. Espero que gostem desta aula e absorvam bem o 
tema da punibilidade. 
 
1.2. CONCEITO DE PUNIBILIDADE 
A punibilidade é a possibilidade de o Estado aplicar a sanção penal, seja pena ou a medida de segurança, 
ao sujeito ativo da infração penal. Portanto, a punibilidade é a perspectiva de aplicação da sanção penal, 
surgida a partir da prática de um crime ou uma contravenção. 
Dito de outra forma, a punibilidade é o próprio ius puniendi, isto é, o direito de punir que pertence ao Estado. 
Este direito surge quando é praticado uma infração penal, permitindo que se aplique a sanção penal prevista 
em lei. 
Sua natureza jurídica, segundo a teoria tripartida, é de mero pressuposto para aplicação da sanção penal. 
Portanto, é uma consequência do crime, não fazendo parte do seu conceito. 
Conceito de 
punibilidade
Causas de 
exclusão da 
punibilidade
Condições 
objetivas de 
punibilidade
Causas de 
extinção da 
punibilidade
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Em razão de se adotar a teoria tripartida, ser ou não punível a conduta não lhe tira a natureza de crime. Isto 
porque a punibilidade, como dito acima, não faz parte dos elementos ou substratos da infração penal. 
Portanto, é possível que haja crime e que não seja possível a aplicação da sanção penal. 
Basta imaginar um serial killer que, tendo completado 18 anos de idade, invada uma escola, mate vários 
colegas de sala e se mate logo em seguida. Crime houve. Entretanto, a morte do sujeito impede sua punição. 
É um caso de infração penal sem punibilidade. 
A punibilidade pode não estar presente por diversas causas, que costumam ser classificadas pela doutrina 
da seguinte forma: Causas de exclusão da punibilidade: são hipóteses que impedem o surgimento do direito de punir 
do Estado. Em razão de condições pessoais do agente, há hipóteses em que a prática de uma infração 
penal não implica no direito do Estado de aplicar uma punição, por motivos de política criminal. Nem 
todos os doutrinadores utilizam essa nomenclatura, sendo que muitos tratam como causas de 
isenção de pena, imunidades dos crimes contra o patrimônio ou escusas absolutórias. 
 Condições objetivas de punibilidade: é a condição, externa ao delito, de que depende a imposição 
da sanção penal pela prática de um crime. As condições objetivas de punibilidade a condicionam, 
não dependendo da vontade do agente. O direito de punir fica suspenso até o advento dessa 
condição. 
 Causas de extinção da punibilidade: são as situações que, após o surgimento do direito de punir do 
Estado, causam sua extinção. O direito de punir surge, mas deixa de existir por um motivo 
superveniente. As causas de extinção da punibilidade podem ser comuns ou gerais, referentes a 
todos os delitos, e especiais ou particulares, quando se limitam a determinadas infrações penais. 
 
Segue um esquema com a diferenciação entre as hipóteses, tratando de alguns exemplos 
desses casos: 
 
 
Os exemplos e as hipóteses de cada uma das modalidades de não incidência da punibilidade serão estudados 
separadamente. As causas de exclusão da punibilidade devem ser estudadas de forma mais detida no estudo 
dos crimes patrimoniais, por exemplo. Por sua vez, a condições objetivas de punibilidade serão estudadas 
ao longo de todo o curso, envolvendo também a disciplina de Direito Penal Especial, pois se referem a 
determinados crimes, com peculiaridades próprias. 
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As causas extintivas da punibilidade devem ser estudadas aqui, especialmente aquelas listadas no artigo 107 
do Código Penal. Entretanto, também existem as causas não elencadas em referido dispositivo, que serão 
tratadas ao longo do curso. 
De todo modo, o mais relevante é entender a diferença entre as causas de exclusão da punibilidade, as 
condições objetivas de punibilidade e as causas extintivas de punibilidade, em uma abordagem que busca o 
entendimento majoritário, considerando que há divergências doutrinárias. 
 
1.3. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA PUNIBILIDADE 
Em relação às situações em que há um delito, mas não há punibilidade, encontram-se as chamadas causas 
de exclusão da punibilidade. A causa de exclusão da punibilidade impede o surgimento do direito de punir 
do Estado. Portanto, apesar de haver a prática de um fato típico, ilícito e culpável, não haverá a punibilidade. 
As causas de exclusão da punibilidade delimitam o direito de punir do Estado, determinando que a prática 
de delitos por algumas pessoas, em certas circunstâncias, não implica na imposição de sanção penal. Os 
motivos são de política criminal, conforme escolha feita pelo legislador e expressa no ordenamento jurídico. 
As causas de exclusão da punibilidade são consideradas, por parte da doutrina, como imunidades absolutas 
ou escusas absolutórias. São hipóteses em que, apesar de configurado o delito, não há imposição de pena 
em razão de condição pessoal do agente, por política criminal. Também podem ser denominadas de causas 
de isenção de pena. 
Segundo Luiz Regis Prado, são condições objetivas de punibilidade negativamente formuladas, ou seja, se 
estiverem presentes não se impõe pena ao agente1. São, assim como as condições objetivas (que suspendem 
a prescrição) e como o próprio nome diz, de natureza objetiva, não sendo necessário que o dolo ou culpa 
do agente as alcance. Devem já estar presentes à época do delito, como condição pessoal do agente que 
impede que surja o direito de punir do Estado. 
No caso das imunidades relativas, que serão estudadas quando da análise dos crimes 
patrimoniais, o que se tem é a imposição de uma condição objetiva de punibilidade, 
consistente na exigência de representação do ofendido em razão de determinada condição 
pessoal do agente. Portanto, as imunidades relativas não implicam na exclusão da 
punibilidade e, por isso, não fazem parte do rol de causas de isenção de pena. 
1.3.1 Imunidades absolutas ou escusas absolutórias 
As imunidades absolutas ou escusas absolutórias são hipóteses de exclusão da punibilidade em razão da 
relação existente entre o sujeito ativo e o passivo do delito. O Estado fica impedido de exercer seu direito 
de punir em determinadas hipóteses, mesmo que tenha havido crime, por opção legislativa de política 
criminal. 
Quando determinados delitos são cometidos no seio familiar, não há interesse social na repressão penal. 
Isto porque se entende que referida responsabilização seria mais gravosa, interferindo nas relações 
familiares de forma gravosa. 
 
1 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Parte Geral e Parte Especial. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 352. 
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Existe previsão de escusas absolutórias para delitos patrimoniais, cometidos sem violência, envolvendo 
membros da mesma família. As hipóteses estão elencadas no artigo 181 do Código Penal: 
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
O artigo transcrito acima faz referência ao Título II, denominado “Dos Crimes Contra o Patrimônio”. Sua 
incidência é limitada pelo artigo 183 do Código Penal, que exclui de sua incidência determinadas hipóteses: 
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou 
violência à pessoa; 
II - ao estranho que participa do crime. 
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
Essas hipóteses devem ser estudadas de forma mais detalhada na análise dos crimes contra o patrimônio. 
Entretanto, cumpre aqui entender como essas escusas absolutórias impedem que surja o ius puniendi. 
Se o marido subtrair dois mil reais da bolsa de sua esposa, sua conduta será típica. Digamos que não haja 
nenhuma excludente de ilicitude e, por isso, seja antijurídica. Por fim, a culpabilidade está presente, pois ele 
tinha consciência da ilicitude do que fez, era capaz de querer e entender o que fez, o que torna sua conduta 
reprovável. Temos, portanto, a prática de um crime (fato típico, ilícito e culpável). 
Entretanto, a causa de exclusão da punibilidade impede que o direito de punir do Estado nasça. O artigo 
181, inciso I, do Código Penal impede que se imponha sanção penal ao agente, razão pela qual o marido não 
deve ser processado nem denunciado pelo delito cometido. 
O exemplo demonstra que a causa de exclusão da punibilidade, chamada escusa absolutória, não se 
confunde com a causa de extinção da punibilidade. A escusa absolutória não permite sequer o nascimento 
da pretensão estatal de aplicação da sanção, de modo que o agente não pode ser condenado e ter contra 
si imposta uma pena em razão da conduta que praticou. 
Pensemos em outro exemplo. A prática do crime de furto por João em relação à Maria, sua vizinha, com 
quem namorou, não está acobertada por nenhuma escusa absolutória. Portanto, com a configuração do 
delito, o direito de punir do Estado surge. Se a investigação demorar e houver o reconhecimento da 
prescrição, durante o curso do processo penal, o direito de punir terá nascido, mas será extinto em razão 
de um evento superveniente. 
Na causa de exclusão de punibilidade, não nasce o direito de punir. Já a causa de extinção da punibilidade 
põe fim ao direitode punir em razão de um fator superveniente. 
Por fim, Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini defendem que também há escusa absolutória no caso 
do artigo 348, § 2º, do Código Penal2. Se adotada a denominação de causa de exclusão de punibilidade, 
teremos outro caso de referida hipótese: 
 
2 Mirabete, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 32 ed. rev. e atual. São Paulo: 
Atlas, 2016, p. 376. 
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Favorecimento pessoal 
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de 
reclusão: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. 
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento 
de pena. 
Portanto, a hipótese de isenção de pena no crime de favorecimento pessoal constitui outro exemplo de 
exclusão da punibilidade. No caso de o crime ser praticado para favorecer um ascendente, descendente, 
cônjuge ou irmão do sujeito ativo, não nascerá o direito de punir do Estado. Teremos um fato típico, ilícito 
e culpável, mas desde sua configuração não haverá a punibilidade. Como a punibilidade é pressuposto da 
aplicação de pena, não será possível sua imposição. 
 
1.3.2 Imunidades parlamentares, diplomáticas e dos advogados 
Entendemos que as imunidades materiais dos parlamentares, dos agentes diplomáticos e dos advogados 
também podem ser denominadas causas de exclusão da punibilidade, já que prevalece na doutrina que elas 
têm natureza de causa pessoal de isenção de pena. Entretanto, cuida-se de assunto já estudado neste curso 
e de classificação não unânime na doutrina, razão pela qual não o abordaremos aqui. 
 
1.4. CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE 
Condições objetivas de punibilidade são requisitos para a imposição da pena que não integram o tipo penal. 
Tipo penal, como estudaremos adiante, é a previsão da conduta que configura o crime, sendo que, no caso 
de homicídio, é “matar alguém”. A adequação da conduta praticada ao tipo penal (tipicidade) é necessária 
para que o agente possa ser punido pela conduta (ação ou omissão) que praticou. 
Atuam de forma objetiva, sem necessidade de que o agente atue com elemento subjetivo com relação a tais 
condições3. Condicionam a aplicação da pena, apesar de o delito estar configurado, com os seus elementos 
presentes. A punibilidade depende de uma condição futura simplesmente por razões de política criminal. 
Para alguns, apesar de se referir à punibilidade, haveria impedimento à própria configuração do delito, já 
que não haveria sequer sanção penal atrelada à conduta. É o que se nota da Súmula Vinculante 24 do STJ 
(“não se tipifica”). A matéria, portanto, é controversa. 
Referidas condições são denominadas objetivas por não dependerem do dolo ou culpa do agente. Na 
verdade, são condições cuja ocorrência não está sujeita ao arbítrio do sujeito ativo, mas depende de fatores 
externos. 
 
3 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Parte Geral e Parte Especial. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 351. 
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São baseadas em política criminal, ou seja, em juízo de oportunidade, conveniência e necessidade ou não 
de imposição de sanção penal. Sem que se constate a condição objetiva de punibilidade, não se pode 
intentar a ação penal, pois o fato não é punível. 
Em conjunto com as escusas absolutórias, são condições para a imposição da pena de acordo com a 
política criminal vigente, permitindo que o legislador adeque eventual necessidade de punição à realidade 
social do momento. 
São exemplos de condições objetivas de punibilidade: 
 
1.4.1 Constituição definitiva do débito nos crimes tributários 
Ainda que haja divergências, tem prevalecido na doutrina que a constituição definitiva do débito tributário 
é condição objetiva de punibilidade dos respectivos crimes. Entretanto, prevê a Súmula Vinculante nº 24 
que o crime não se tipifica, o que não se compatibiliza perfeitamente com a noção de condição de 
punibilidade: 
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
Deste modo, ainda que não haja essa previsão no próprio tipo penal de cada um dos crimes tributários, só 
se pode punir a conduta formalmente típica após o lançamento definitivo do tributo. A punibilidade dos 
delitos previstos no artigo 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/90 depende da constituição definitiva do crédito 
tributário, ficando suspensa até o advento desta condição. 
 
1.4.2 Sentença de falência, recuperação judicial ou extrajudicial e crimes falimentares: 
A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou homologa a recuperação extrajudicial 
é condição objetiva de punibilidade nos crimes tributários. Neste caso, a própria lei prevê a natureza jurídica 
desta condição de punibilidade: para aplicação de sanção penal no caso dos crimes tributários, é necessário 
que haja decretação da falência, concessão de recuperação judicial ou homologação da recuperação 
extrajudicial. É o que prevê o artigo 180 da Lei 11.101/2005: 
Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação 
extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais 
descritas nesta Lei. 
Deste modo, ainda que praticado um crime falimentar, com todos os seus elementos (fato típico, ilícito e 
culpável), o direito de punir do Estado ficará sob a condição suspensiva da prolação de sentença que decrete 
a falência, homologue a recuperação extrajudicial ou conceda a recuperação judicial. 
 
1.4.3 Condições para a extraterritorialidade condicionada 
A extraterritorialidade representa a aplicação excepcional da lei penal brasileira em casos ocorridos fora do 
território nacional. Pode ser condicionada ou incondicionada. A extraterritorialidade condicionada diz 
respeito às hipóteses de aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos no exterior, quando submetida a 
aplicação a determinadas condições. Está prevista no artigo 7º, inciso II e §§ 2º e 3º, do Código Penal: 
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Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
(...) 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando 
em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
(...) 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
No caso de prática de algum dos crimes previstos no artigo 7º, inciso II, do Código Penal, só haverá a 
aplicação da lei penal brasileirase implementadas as condições previstas no parágrafo segundo do referido 
artigo. 
Deste modo, se um brasileiro, visitando Londres, pratica o crime de dano, depredando um museu antigo, 
ele só será punido no Brasil se preenchidas as condições da extraterritorialidade. Deste modo, será 
necessário que ele retorne ao território nacional, que haja a dupla punibilidade da conduta segundo as leis 
brasileiras e britânicas, que o crime praticado seja um daqueles que autoriza a extradição, que o turista não 
tenha sido absolvido ou cumprido a pena no Reino Unido, que não tenha sido lá perdoado e que sua 
punibilidade não tenha sido extinta, seja conforme a lei brasileira ou a britânica, a que lhe for mais favorável. 
Enquanto não implementadas todas as condições, o direito de punir fica suspenso. Caso as condições sejam 
satisfeitas, o ius puniendi surge e será possível a imposição da pena ao sujeito, após o devido processo legal. 
Se não satisfeitas as condições, o Estado não poderá puni-lo. 
Por fim, ressalto que as condições objetivas de punibilidade serão estudadas ao longo 
do curso, quando for necessário para compreensão de algum tipo penal. Abordamos 
aqui o conceito e alguns exemplos para demonstrar que a punibilidade pode restar 
afastada nesses casos. O direito de punir fica sob a condição objetiva, dependendo 
do seu implemento. A condição objetiva é um elemento de que depende a punição 
do agente, sem estar diretamente previsto no tipo penal como elementar, como 
componente da própria definição da infração penal. 
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(CESPE/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2014) 
Julgue o item, relativo aos crimes falimentares. 
 
Para a que se consume um crime falimentar, é necessário que haja sentença que decrete falência, conceda 
recuperação judicial ou conceda recuperação extrajudicial, ou seja, tal sentença é condição objetiva de 
punibilidade para esse tipo de crime. 
( ) Certo ( ) Errado 
Comentários 
O item está correto. É exatamente o que prevê o artigo 180 da Lei 11.101/2005: 
Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação 
extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais 
descritas nesta Lei. 
 
1.5. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
As causas de extinção da punibilidade são as que sobrevêm após o nascimento do direito de punir do Estado. 
Após a prática de uma infração penal, surge para o Estado o ius puniendi, que lhe permite, após o devido 
processo legal, a imposição da sanção penal prevista em lei. Entretanto, há fatos ou eventos cujo advento 
determina a extinção deste direito de punir. São justamente as chamadas causas extintivas da punibilidade. 
As causas extintivas da punibilidade podem ser: 
 Gerais ou comuns: são as causas extintivas da punibilidade que se aplicam a todas as infrações 
penais. É o caso da morte do agente, que determina o desaparecimento do direito de punir do Estado 
em relação a qualquer crime ou contravenção penal que o falecido tenha cometido em vida. 
 Especiais ou particulares: são as causas extintivas da punibilidade que se relacionam a infrações 
penais determinadas. É o caso da reparação do dano antes da prolação da sentença irrecorrível, o 
que extingue a punibilidade no caso do crime de peculato culposo (artigo 312, § 3º, CP). 
Sobre a extinção da punibilidade, é muito relevante estudarmos o artigo 108 do Código Penal: 
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou 
circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da 
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da 
conexão. 
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Referido dispositivo deixa claro que a extinção de punibilidade de um crime não afeta outros eventualmente 
praticados pelo agente. 
O Código Penal traz várias causas de extinção da punibilidade em seu artigo 107. Este elenco constitui um 
rol exemplificativo, ou seja, numerus apertus. Isto significa que há outras causas de extinção da punibilidade 
não referidas no mencionado dispositivo. Vejamos o que ele prevê: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Estudaremos nesta aula, de forma individualizada, cada uma das causas acima elencadas, à exceção da 
prescrição, que será tratada na aula seguinte, dada a extensão do tema. Vale anotar que a anistia e a abolitio 
criminis eliminam a punibilidade e, por serem causas extintivas decorrentes de lei formal específica, ensejam 
o desaparecimento da própria infração penal. 
Como já dito, existem outras causas de extinção da punibilidade previstas em outros dispositivos do Código 
Penal, assim como em leis diversas. Vejamos alguns exemplos: 
 
 Reparação do dano, antes de sentença irrecorrível, no peculato culposo: esta causa de extinção já 
foi utilizada como exemplo de causa especial, por se referir a um crime específico. Está prevista no artigo 
312, § 2º, do Código Penal: 
Art. 312 (...) 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, 
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
Portanto, reparado o dano antes do trânsito em julgado, há a extinção da punibilidade do crime de peculato 
culposo, previsto no artigo 312, § 2º, do Código Penal. 
 
 Pagamento do débito em relação aos crimes tributários: o pagamento integral dos débitos 
tributários e seus acessórios implica na extinção da punibilidade dos crimes previstos nos artigos 1º e 2º da 
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Lei 8.137/90 e nos artigos 168-A e 337-A do Código Penal. É o que prevê o artigo 9º, § 2º, da Lei 10.684/2003, 
que dispõe sobre parcelamento de débitos tributários: 
Art. 9o É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o 
da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada 
com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. 
§ 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. 
§ 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica 
relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e 
contribuições sociais, inclusive acessórios. 
Em razão desta previsão legal, o STJ tem entendido que é possível a extinção da punibilidade, pelo 
pagamento dos tributos e seus acessórios, mesmo após o trânsito em julgado da condenação, no que se 
refere aos crimes dos artigos 1º e 2º da Lei 8.137/90 e artigos 168-A e 337-A do Código Penal: 
“PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 
AUSÊNCIA DE EXCEPCIONALIDADE. 2. CRIME TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO. 
SÚMULA VINCULANTE 24/STF. JUSTA CAUSA. 3. DISCUSSÃO NA SEARA CÍVEL. IRRELEVÂNCIA. 
INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS.4. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE SUSPENSÃO DA AÇÃO PENAL. POSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO 
MESMO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. 5. RECURSO EM HABEAS CORPUS IMPROVIDO. 
1. O trancamento da ação penal na via estreita do habeas corpus somente é possível, em caráter 
excepcional, quando se comprovar, de plano, a inépcia da denúncia, a atipicidade da conduta, a 
incidência de causa de extinção da punibilidade ou a ausência de indícios de autoria ou de prova da 
materialidade do delito. 
2. Somente há justa causa para a persecução penal pela prática do crime previsto no art. 1º da Lei 
n. 8.137/1990, com o advento do lançamento definitivo do crédito tributário. Nesse sentido, é o teor 
da Súmula Vinculante n. 24 do Supremo Tribunal Federal: "Não se tipifica crime material contra a 
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento 
definitivo do tributo". 
3. Ocorrido o lançamento definitivo do crédito tributário, eventual discussão na esfera cível não obsta 
o prosseguimento da ação penal que apura a ocorrência de crime contra a ordem tributária, haja 
vista a independência das esferas cível e penal. 
4. Não tendo havido o pagamento, não há se falar em extinção da punibilidade. Igualmente, mostra-
se despicienda a suspensão da ação penal, porquanto, mesmo após o trânsito em julgado da 
condenação, é possível a extinção da punibilidade pelo efetivo pagamento do tributo. 
5. Recurso em habeas corpus improvido.” (STJ, RHC 91237/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
Quinta Turma, DJe 28/02/2018). 
 
 Aquisição posterior de renda, em relação ao condenado pela contravenção penal de vadiagem: a 
aquisição superveniente de renda extingue o direito de punir do Estado em relação à contravenção penal 
de vadiagem, nos termos do artigo 59, parágrafo único, da Lei das Contravenções Penais: 
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Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter 
renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante 
ocupação ilícita: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. 
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios bastantes 
de subsistência, extingue a pena. 
Portanto, a aquisição de renda pelo acusado, após a prática da infração penal de vadiagem, causa a extinção 
da punibilidade, impedindo a aplicação de pena ao agente. 
 
 Conciliação nos casos dos crimes contra a honra: no caso de injúria, calúnia e difamação, o Código 
de Processo Penal prevê rito especial em que, antes do recebimento da queixa, o juiz ouve as partes sobre 
a possibilidade de reconciliação. Havendo reconciliação, a queixa deve ser arquivada, o que implica na 
extinção da punibilidade. É o que prevê o artigo 522 do CPP: 
Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo querelante o termo da desistência, a 
queixa será arquivada. 
 
 
 A regularização de imóvel ou posse rural, perante o órgão competente, em relação aos crimes 
ambientais: O Código Florestal, no seu artigo 59, prevê a implantação de Programas de Regularização 
Ambiental. Caso o agente assine termo de compromisso para regularização do imóvel ou posse rural, 
perante o órgão ambiental competente, a punibilidade dos crimes previstos nos artigos 38, 39 e 48 da Lei 
9.605/98 ficará suspensa. Cumprida efetivamente a regularização, a punibilidade será extinta, nos termos 
do art. 60, § 2º, do Código Florestal: 
 Art. 60. A assinatura de termo de compromisso para regularização de imóvel ou posse rural 
perante o órgão ambiental competente, mencionado no art. 59, suspenderá a punibilidade dos 
crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, enquanto o 
termo estiver sendo cumprido. 
§ 1o A prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva. 
§ 2o Extingue-se a punibilidade com a efetiva regularização prevista nesta Lei. 
Cumpre mencionar que o STF entendeu, com relação à suspensão da punibilidade, que se deve aplicar 
extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará 
interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”. Deste modo, não corre o prazo 
prescricional “no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de 
regularização ambiental” (ADC 42/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento: 28/02/2018). 
 
 Cumprimento do acordo de leniência, nos casos de crimes contra a ordem econômica e os 
relacionados à prática de cartel: a Lei 12.529/2011 estruturou o Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência, dispondo sobre a possibilidade de celebração de acordo de leniência entre o CADE e as 
pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica. Exige-se efetiva colaboração 
dos autores das infrações, com a identificação dos demais envolvidos e a obtenção de informações e 
documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. Cumprido o acordo de leniência, há 
extinção da punibilidade dos crimes contra a ordem econômica e dos diretamente relacionados à prática do 
cartel, como o de associação criminosa. É o que prevê o artigo 87, caput e parágrafo único, de referida lei: 
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Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 
1990, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados 
na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, 
determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com 
relação ao agente beneficiário da leniência. 
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a 
punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo. 
 
Vistas as causas elencadas no artigo 107 do Código Penal e outras previstas em dispositivos legais diversos, 
a dúvida que surge é a possibilidade de existência de causas extintivas da punibilidade não previstas 
expressamente em lei. 
 
 É possível a existência de causa supralegal de extinção da punibilidade? 
Parte da doutrina aponta que sim, usando como exemplo o entendimento do Supremo Tribunal Federal a 
respeito do crime de fraude no pagamento por meio de cheque. Vejamos, a princípio, o tipo legal da referida 
infração: 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo 
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. 
(...) 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
Com relação a esta figura equiparada ao estelionato, o STF editou o seguinte enunciado da sua súmula, de 
nº 554: 
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta 
ao prosseguimento da ação penal. 
O STF pacificou o entendimento jurisprudencial de que, após recebida a denúncia, o pagamento do cheque 
não é obstáculo ao trâmite da ação penal. Interpretando a contrario sensu, podemos extrair do enunciado 
que o pagamento do cheque, antes do recebimento da denúncia pelo juiz, impede o prosseguimento do 
processo penal. 
Qual seria o motivo? Ora, pelo entendimento da Suprema Corte, o pagamento do débito, no caso de fraude 
por meiode cheque, extingue a punibilidade. Só a extinção da punibilidade justifica que o processo penal 
não possa prosseguir, já que não há nenhuma previsão legal neste sentido. 
Portanto, a Súmula 554 consubstancia, por decorrência da sua interpretação, uma causa supralegal de 
extinção da punibilidade, já que sua consagração surge de entendimento jurisprudencial, e não de previsão 
normativa. 
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Por fim, as causas de extinção da punibilidade podem estar previstas no Código Penal e em leis esparsas, 
além de ser possível que sua origem seja supralegal, ou seja, sem disposição expressa de lei. 
Cabe, agora, estudar as hipóteses principais de extinção da punibilidade, conforme o rol do artigo 107 do 
Código Penal: 
 
1.5.1 Morte do agente 
A morte do sujeito ativo do crime implica na extinção da punibilidade. Conforme a expressão latina, mors 
omnia solvit, ou seja, a morte solve tudo. Ou seja, a morte apaga tudo que havia, não havendo mais o que 
se solver e não restando obrigações a serem adimplidas. 
Na aula sobre princípios, foi visto o princípio da pessoalidade ou da intranscendência da pena. Segundo 
esta norma, a pena não pode passar da pessoa do condenado. Deste modo, os efeitos penais da condenação 
se extinguem com a morte do agente, permanecendo apenas os extrapenais. 
Entretanto, o princípio da intranscendência da pena, previsto na Constituição da República, no seu artigo 
5º, inciso XLV, comporta duas exceções: 
 XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
As exceções que permitem a extensão dos efeitos penais aos sucessores são as seguintes: 
 Obrigação de reparar o dano; 
 Decretação de perdimento de bens. 
Em ambos os casos, é necessário que se observe o limite do valor do patrimônio transferido ao sucessor. 
Se as sanções tiverem valor superior ao quinhão recebido pelo sucessor, serão extintas naquilo que 
ultrapassarem as forças da herança, sendo executadas dentro do limite. 
Não é demais destacar que a pena de multa, que não está citada como uma das exceções constitucionais, 
não pode ser executada contra os herdeiros ou legatários. Deste modo, a pena de multa sempre se extingue 
com a morte do condenado. 
Sobre o critério para a definição de quando ocorre a morte do agente, tem-se adotado o estabelecido pela 
lei 9.434/97, que trata da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para transplante e 
tratamento. Em seu artigo 3º, caput, referido diploma legal traz o critério da morte encefálica para a 
definição de morte, nos seguintes termos: 
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante 
ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por 
dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de 
critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. 
A morte do agente, abrangidos neste conceito o investigado, o réu e o condenado, é causa personalíssima 
de extinção da punibilidade. A morte de um dos corréus, por óbvio, não acarretará o fim do ius puniendi em 
relação aos demais, pois sua causa não se comunica a todos. 
A morte deve ser provada, judicialmente, por meio de certidão de óbito. Apesar de adotado o sistema do 
livre convencimento motivado no Código de Processo Penal, há resquícios do sistema das provas legais ou 
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das provas tarifadas em questões específicas. Uma dessas questões é a morte, que deve ser provada 
necessariamente com a certidão de óbito, não admitindo outros meios de prova, conforme prevê o artigo 
62 do referido Estatuto: 
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido 
o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. 
Um problema que surge é o caso de falsificação da certidão de óbito, com a decretação da extinção da 
punibilidade sem que o agente efetivamente tenha morrido. 
 E se a extinção da punibilidade for decretada com base em certidão de óbito falsa? 
Há duas posições a respeito da possibilidade ou não de se reverter ou não a extinção da punibilidade do 
agente com base em certidão de óbito falsificada. A certidão de óbito pode ter sido objeto de falsificação 
material ou ideológica. O que importa é que o agente continua vivo, tendo sido o juiz induzido a erro para 
decretar a extinção da punibilidade: 
 1ª posição: a decisão extintiva da punibilidade não pode ser revista, pois não existe revisão criminal 
pro societate. Logo, só resta ao Estado processar e punir os autores da falsificação da certidão de 
óbito. É a posição do professor Damásio de Jesus. 
 2ª posição: a decisão é inexistente, pois baseada em uma premissa falsa. Como a verdadeira causa 
da extinção da punibilidade é a morte do agente, sem a efetiva ocorrência do seu pressuposto fático 
a decisão fica sem conteúdo. 
A segunda posição, de que a decisão baseada no documento falso é inexistente, foi adotada pelo Supremo 
Tribunal Federal em alguns precedentes, como no seguinte: 
 “EMENTA "HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE AMPARADA 
EM CERTIDÃO DE ÓBITO FALSA. DECISÃO QUE RECONHECE A NULIDADE ABSOLUTA DO 
DECRETO E DETERMINA O PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. INOCORRÊNCIA DE REVISÃO 
PRO SOCIETATE E DE OFENSA À COISA JULGADA. PRONÚNCIA. ALEGADA INEXISTÊNCIA DE 
PROVAS OU INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA EM RELAÇÃO A CORRÉU. INVIABILIDADE DE 
REEXAME DE FATOS E PROVAS NA VIA ESTREITA DO WRIT CONSTITUCIONAL. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA. 1. A decisão que, com base em 
certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do réu pode ser revogada, dado que não gera coisa 
julgada em sentido estrito. 2. Não é o habeas corpus meio idôneo para o reexame aprofundado dos 
fatos e da prova, necessário, no caso, para a verificação da existência ou não de provas ou indícios 
suficientes à pronúncia do paciente por crimes de homicídios que lhe são imputados na denúncia. 3. 
Habeas corpus denegado.” 
(STF, HC 104998/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, Julgamento em 14/12/2010) 
Por fim, cumpre analisar a possibilidade de decretação da extinção da punibilidade em caso de declaração 
de ausência. Há diferentes posicionamentos na doutrina: 
 Não é possível decretar a extinção da punibilidade com base decretação de ausência: não é possível 
a decisão de extinção da punibilidade com base em morte presumida, pois há a exigência da certidão 
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de óbito e a declaração de ausência só tem efeitos civis. É o que defendem Júlio Fabbrini Mirabete e 
Renato N. Fabbrini4. 
 É possível decretar a extinção da punibilidade com base na decretação de ausência: a morte 
presumida produz os efeitos jurídicos da morte, podendo servir de fundamento para a extinção da 
punibilidade. Posição defendida por Nelson Hungria. 
 É possível decretar a extinção da punibilidade apenas nos casos de morte presumida sem 
decretação de ausência: há casos de extrema probabilidade de morte do agente, previstas no artigo 
7º do Código Civil, em que é possível a decretação da morte por sentença, com fixação da data 
provável da morte. São as hipóteses de ser extremamente provável a morte de quem estava em 
perigo de vida, bem como de uma pessoa, desaparecida em campanha ou feita prisioneira, não ser 
encontrada até dois anos após o fim da guerra. Vejamos o teor da norma: 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida,sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos 
após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
falecimento. 
Há, ainda, a previsão do artigo 88, caput e parágrafo único, da Lei de Registros Públicos, a respeito 
de desaparecimento do indivíduo em determinas situações calamitosas: 
Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas 
desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, 
quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o 
cadáver para exame. 
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, 
provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que 
convençam da ocorrência do óbito. 
Nestas hipóteses de catástrofes, como de naufrágio e inundação, o desaparecimento pode ensejar 
o processo de justificação, se provada a presença do desaparecido no local dos referidos eventos e 
não for encontrado o seu corpo. Como há o assento do óbito e a expedição da respectiva certidão, é 
possível a extinção da punibilidade por decisão judicial. Esta é a posição defendida por Fernando 
Capez5. 
 
1.5.2 Anistia, Graça e Indulto 
A anistia, a graça e o indulto são formas de renúncia do Estado ao direito de punir, configurando-se como 
causas de extinção da punibilidade. Fundamentam-se em razões de política criminal, como na diminuição 
do encarceramento, e de clemência. 
A anistia se diferencia da graça e do indulto, vejamos: 
 
4 Mirabete, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 32 ed. rev. e atual. São Paulo: 
Atlas, 2016, p. 379. 
5 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 598-599. 
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 Anistia: é concedida por meio de lei formal, elaborada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo 
Presidente da República (ou com veto derrubado pelos parlamentares). 
 Graça e indulto: concedidos por decreto do Presidente da República, ato que pode ser delegado aos 
Ministros de Estado, ao Advogado-Geral da União ou ao Procurador-Geral da República. 
Vistas as diferenças entre os institutos, cabe estudá-los de forma separada. 
 
Anistia 
Anistia é a causa de extinção da punibilidade, formalizada por ato legislativo, de renúncia estatal ao direito 
de punir. É a lei que prevê a anulação dos efeitos penais de uma conduta criminosa. 
A anistia apaga todos os efeitos penais, tanto os principais quanto secundários. Isto é possível porque sua 
concessão se dá por meio de lei formal, assim como a própria previsão do crime. Permanecem, entretanto, 
os efeitos extrapenais, como o dever de reparar os danos decorrente da responsabilidade civil ex delicto. 
Seus efeitos são ex tunc, ou seja, retroativos, voltados para o passado, para delitos que já foram cometidos. 
A competência exclusiva pertence à União, sendo privativa do Congresso Nacional. Deste modo, cabe ao 
Congresso a aprovação da lei que concede anistia, nos termos do artigo 48, VIII, da Constituição da 
República. 
A lei de anistia não pode ser revogada por lei posterior, em razão do princípio da irretroatividade. Tendo 
sido extinta a punibilidade, não pode ela ser reinstituída por lei posterior mais gravosa, ou seja, lex gravior. 
Dependendo do momento da sua concessão, a anistia pode ser: 
 Própria: concedida antes da condenação transitada em julgado. 
 Imprópria: concedida após a condenação transitada em julgado. 
 
 
 
Quanto aos crimes que abrange, a anistia pode ser: 
 Comum: concedida para os delitos comuns. 
 Especial: concedida para os crimes políticos. 
 
ANISTIA 
PRÓPRIA
Concedida antes do trânsito em 
julgado.
ANISTIA 
IMPRÓPRIA
Concedida após o trânsito em 
julgado
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Podemos, ainda, classificar a anistia conforme a previsão ou não de requisitos para usufruir do benefício: 
 Irrestrita ou incondicionada: não impõe qualquer requisito para sua concessão. 
 Restrita ou condicionada: exige a prática de algum ato como condição para sua concessão. Como 
exemplos de requisitos, podemos citar a obrigatoriedade de ressarcimento do dano ou a deposição 
das armas. 
 
 
 
Como exemplo de anistia, temos a Lei n. 6.683, de 28 de agosto de 1979. Chama de Lei de Anistia, foi 
aprovada após o fim da ditatura militar, como forma de conciliação dos dois lados dos conflitos armados 
que ocorreram em tal período. 
 
Graça e indulto 
A graça e o indulto são causas de extinção da punibilidade, formalizadas por Decreto Presidencial, que 
representam uma renúncia do Estado ao seu direito de punir, por razões de política criminal ou clemência. 
Referido ato, de competência do Presidente da República, pode ser delegado aos Ministros de Estado, ao 
Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União. 
Tal qual a anistia, a graça e o indulto apagam os efeitos penais principais. Entretanto, no caso da graça e 
do indulto, permanecem os efeitos penais secundários e os efeitos extrapenais. Um exemplo de efeito 
penal secundário é a reincidência. Mesmo que o crime anterior tenha sido indultado, a prática de um novo, 
dentro do período do trânsito em julgado do fato anterior até cinco anos após a extinção da pena, fará com 
que o sujeito seja considerado reincidente. 
O STJ, inclusive, aprovou o enunciado 631 da sua Súmula sobre o assunto: 
ANISTIA COMUM
Concedida para os crimes 
comuns.
ANISTIA 
ESPECIAL
Concedida para os crimes 
políticos.
ANISTIA 
IRRESTRITA
Concedida sem qualquer 
requisito.
ANISTIA 
RESTRITA
Há requisitos que condicionam 
sua concessão.
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O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os 
efeitos secundários, penais ou extrapenais. 
Como vimos acima, exemplo de efeito extrapenal é a obrigação de reparar os danos. A responsabilidade civil 
decorrente da prática da infração penal permanece incólume, não sendo afetada pela concessão da graça 
ou do indulto. 
A previsão desta causa de extinção da punibilidade está no artigo 84, inciso XII e parágrafo único, da 
Constituição: 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
(...) 
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em 
lei; 
(...) 
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos 
incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República 
ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 
Como se nota do teor das normas constitucionais acima transcritas, não há previsão expressa de graça como 
ato de competência do Presidente da República. Entretanto, a Constituição menciona a graça ao vedar sua 
concessão a determinados delitos, como estudaremos adiante, no seu artigo 5º, XLIII. Com isso, conclui-se 
forçosamente que as normas constitucionais reconhecem a existência do instituto em nosso ordenamento 
jurídico, permitindo sua concessão. 
A doutrina costuma tratar dos dois institutos conjuntamente, dada sua proximidade e em razão de a graça 
– em sentido amplo – ser o gênero, o qual abarca o indulto e a graça em sentido estrito. Visualizemos essa 
relação de gênero e espécie no seguinte esquema:Enumeradas as semelhanças, cabe, agora, diferenciarmos os dois institutos: 
 Graça em sentido estrito: é um benefício individual. Depende de provocação do interessado para 
sua concessão e, com isso, enseja a extinção da punibilidade. 
 Indulto: é um benefício coletivo. Sua concessão atinge todos aqueles aos quais o decreto se destina, 
não dependendo de nenhuma provocação. 
A graça e o indulto podem ser classificados conforme seus efeitos, sejam eles de extinguir totalmente a pena 
ou de apenas causar sua diminuição: 
 Plenos: são assim chamados a graça e o indulto que extinguem totalmente a pena, causando a 
extinção da punibilidade. 
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 Parciais: concedem apenas uma diminuição da pena, tornando a situação do condenado ou 
executado mais benéfica. Quando parciais, a graça e o indulto são denominados de comutação. 
Neste caso, não há extinção da punibilidade, mas diminuição da pena. 
Neste caso, admite-se a recusa, nos termos do artigo 739 do Código de Processo Penal: 
Art. 739. O condenado poderá recusar a comutação da pena. 
 
 
 
 Quanto aos crimes de ação penal privada, é possível a concessão de graça, indulto ou anistia? 
Sim, pois, nos casos em que somente se procede mediante queixa, o direito de punir (ius puniendi) continua 
pertencendo ao Estado. Apenas a iniciativa da ação penal (ius persequendi) é delegada ao particular nos 
crimes de ação penal privada exclusiva ou personalíssima. O Estado continua detendo o ius puniendi, razão 
pela qual pode dele dispor conforme lhe aprouver, por meio dos instrumentos de renúncia, consistentes na 
concessão de graça, indulto ou anistia. 
Um exemplo de indulto é o Decreto 9.246, de 21 de dezembro de 2017, que foi questionado no Supremo 
Tribunal Federal, por meio da ADI 58746. Seu artigo 1º, inciso I, por exemplo, traz uma hipótese de concessão 
do indulto: 
Art. 1º O indulto natalino coletivo será concedido às pessoas nacionais e estrangeiras que, até 25 
de dezembro de 2017, tenham cumprido: 
I - um quinto da pena, se não reincidentes, e um terço da pena, se reincidentes, nos crimes 
praticados sem grave ameaça ou violência a pessoa; (...) 
 
Casos de vedação 
Nem todos os crimes podem ter sua punibilidade extinta por meio da anistia, da graça e do indulto. A 
Constituição Federal impõe limites a referidos atos de renúncia ao ius puniendi, em seu artigo 5º, inciso XLIII: 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por 
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Percebam que, apesar de termos dito que a vedação constitucional abrange a anistia, a graça e o indulto, o 
dispositivo constitucional somente menciona a graça e a anistia. 
 
6 Referida ação direta de inconstitucionalidade teve sua pretensão julgada improcedente em 9 de maio de 2019. Disponível em: 
<http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5336271>. Acesso em: 19/08/2020. 
GRAÇA E 
INDULTO 
PLENOS
Exinguem totalmente a pena.
GRAÇA E 
INDULTO 
PARCIAIS
Concedem uma diminuição na 
pena. Denominam-se COMUTAÇÃO.
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A Lei 8072/90, que dispõe sobre os crimes hediondos, trata do tema no seu artigo 2º, inciso I, fazendo 
menção aos três institutos: 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o 
terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. 
Ao contrário da Constituição, que não menciona a vedação do indulto, a lei é expressa ao proibir sua 
concessão aos delitos hediondos e aos equiparados (tortura, tráfico de drogas e terrorismo – percebam que 
os três delitos equiparados têm seu nome iniciado com a letra “T”). 
Surge, então, a controvérsia se a lei inovou, impondo restrição não prevista na Constituição, ou se apenas 
especificou institutos previstos explícita ou implicitamente na norma constitucional. 
 A previsão do artigo 2º, caput e inciso II, da Lei 8.072/90 é constitucional, ao incluir o indulto na 
proibição? 
Há duas posições a respeito: 
 1ª posição: não pode lei ampliar o rol, criando limitação não prevista na Constituição e diminuindo 
atribuições do Presidente da República. Se o texto constitucional menciona apenas graça e anistia, o 
indulto não deve ser compreendido na vedação. Por isso, a Lei 8.072/90 é materialmente 
inconstitucional, por limitar a abrangência de institutos previstos na Constituição sem previsão 
expressa. É o que defende o jurista Alberto Silva Franco; 
 2ª posição: o indulto é modalidade de graça (em sentido amplo). Logo, está abrangido pela vedação 
constitucional, pois, ao mencionar graça, o constituinte já se referiu a graça e indulto. Ademais, 
argumenta-se que o legislador infraconstitucional pode sim limitar a abrangência do indulto, já que 
não há vedação expressa. Possui referido posicionamento o professor Fernando Capez7. 
O Supremo Tribunal Federal tem adotado a segunda posição, como se nota do seguinte precedente: 
 “1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o instituto 
da graça, previsto no art. 5.º, inc. XLIII, da Constituição Federal, engloba o indulto e a 
comutação da pena, estando a competência privativa do Presidente da República para a 
concessão desses benefícios limitada pela vedação estabelecida no referido dispositivo 
constitucional. Precedentes. 2. O Decreto n. 7.046/2009 dispõe que a concessão dos 
benefícios de indulto e comutação da pena não alcança as pessoas condenadas por crime 
hediondo, praticado após a edição das Leis ns. 8.072/1990, 8.930/1994, 9.695/1998, 11.464/2007 e 
12.015/2009. 3. Ordem denegada.” (STF, HC 115099/SP, Rel. Min. Carmen Lúcia, Segunda Turma, 
Julgamento em 19/02/2013) 
O Superior Tribunal de Justiça possui a mesma posição: 
 “Há previsão expressa no art. 5º, inciso XLIII, da Constituição da República no sentido de que os crimes 
definidos em lei como hediondos serão insuscetíveis de graça, assim também compreendido o indulto.” 
(STJ, AgRg no HC 486603/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe 30/08/2019). 
 
7 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume I, parte geral: (art. 1º ao 120). 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 604. 
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Outro tema divergente diz respeito aos crimes cometidos antes da sua previsão como hediondos ou 
equiparados. É possível que delitos que, ao tempo da sua prática, eram considerados comuns, submetam-
se à vedação do artigo 2º, II, da Lei 8.072/90? 
O Supremo Tribunal tem entendido que sim, que é possível estender a vedação à concessão de indulto, 
graça e anistia aos crimes praticados antes da vigência da Lei 8.072/90. Entende-se que a hediondez ou não 
do delito deve ser aferida no momento da concessão da anistia, da graça ou do indulto, e não ao tempo do 
crime (quando ocorreu a conduta do agente)8. Deste modo, se o decreto presidencial já exclui o indulto dos 
crimes hediondos, são aqueles assim considerados àquela época. 
Podemos conferir este entendimento em acórdão relativamente recente, da Primeira Turma do Supremo 
Tribunal Federal: 
“EMENTA HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. NÃO ESGOTAMENTO DA 
JURISDIÇÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CRIME COMETIDO ANTES DA VIGÊNCIA DAS LEIS 
8.072/1990 e 8.930/1994. INDULTO. COMUTAÇÃO DE PENA. DECRETO N.º 2.838/1998. 1. Há 
óbice ao conhecimento de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro 
Relator do Superior Tribunal de Justiça, em que dado provimentoao recurso especial do Parquet 
interposto naquela Corte, cuja jurisdição não se esgotou. 2. Tratando-se o indulto de ato 
discricionário do Presidente da República, restrito, portanto, às condições estabelecidas em decreto 
presidencial, a vedação de sua concessão aos apenados por crimes hediondos, ainda que cometidos 
antes da vigência das Leis 8.072/1990 e 8.930/1994, não configura violação do princípio da 
irretroatividade da lei penal mais gravosa. Precedentes. 3. A aferição da natureza do crime, para 
concessão do indulto, há de se fazer na data da edição do decreto presidencial respectivo, não na do 
cometimento do delito. Precedentes. 4. Habeas corpus extinto sem resolução de mérito.” 
 (STF, HC 117938/SP, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, Julgamento em 10/12/2013). 
Por outro lado, pode-se argumentar, o que me parece mais correto, que se trata de matéria penal, já que 
há efeitos nitidamente penais ao se classificar o crime como hediondo. De todo modo, devemos nos atentar 
à posição tomada no precedente do STF, já seguido em julgados do STJ (por exemplo, HC 50342/SP e HC 
276024/SP, este último publicado no DJe de 04/09/2015). O argumento das Cortes Superiores repousa no 
fato de que o próprio Presidente, nos casos analisados, exclui a concessão do indulto aos hediondos no 
próprio texto do indulto, o que, a rigor, ocorre não por mera opção política, mas em decorrência da vedação 
constitucional. 
Cabe destacar que referidas vedações (ao indulto, à graça e à anistia) não se estendem ao chamado tráfico 
de entorpecentes privilegiado, previsto no artigo 33, § 4º, da Lei 11.313/2006. É o que decidiu o Pleno do 
STF no HC 118533, em 23 de junho de 2016. 
Por fim, o Superior Tribunal de Justiça vinha entendendo cabível o indulto humanitário, mesmo nos casos 
de crimes hediondos e equiparáveis, se assim dispuser o decreto do Presidente da República. O indulto 
humanitário é dado àqueles que possuem doenças graves, como ato de clemência. Vejamos um precedente 
neste sentido: 
“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO APROPRIADO. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO DA PENA. 
PLEITO PELO INDULTO HUMANITÁRIO DO DECRETO Nº 7.648/11. CEGUEIRA. COMPROVAÇÃO POR 
 
8 Cleber Masson em sentido contrário (Direito Penal, Parte Geral (arts. 1º a 120). 13 ed. São Paulo: Método, 2019, p. 757. O autor 
cita, no STF, o julgado do RE 274.265/DF, julgado em 2001, e, no STJ, o HC 276.686/SP, de 18/06/2014. 
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LAUDO MÉDICO. PACIENTE CONDENADA POR TRÁFICO DE DROGAS. POSSIBILIDADE. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. 1. Nos termos do art. 1.º, inciso X, alínea a, do Decreto 
Presidencial n.º 7.648/11, foi concedido indulto aos apenados acometidos com paraplegia, tetraplegia 
ou cegueira, desde que tais condições não sejam anteriores à prática do delito e se comprovem por 
laudo médico oficial ou, na falta deste, por médico designado pelo juízo da execução. 2. A restrição 
contida no art. 8º do mencionado Decreto, que afasta a possibilidade de se conceder indulto aos 
condenados pela prática de tráfico de drogas, não atinge aqueles que, assim como a paciente, se 
enquadram na hipótese do art. 1º, inciso X, conforme ressalva contida no próprio art. 8º, § 1º. 3. 
Habeas corpus concedido de ofício para cassar o acórdão impugnado e deferir à paciente o benefício 
do indulto humanitário, nos termos do Decreto Presidencial nº 7.648/11.” (STJ, HC 291275/SP, Rel. 
Min. Moura Ribeiro, Quinta Turma, DJe 14/08/2014). 
Entretanto, o STJ possui recente precedente que contraria a jurisprudência até então firmada: 
“Trata-se, no caso, de condenação por crime hediondo – homicídio qualificado -, o qual, por expressa 
vedação constitucional (art. 5.º, inciso XLIII, da Constituição Federal), não pode ser objeto de indulto 
(até mesmo o humanitário).” (STJ, AgRg no HC 538.858/PE, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 
02/06/2020). 
Tornando a matéria mais controversa, o STF já decidiu em sentido contrário: 
“Habeas corpus. 2. Tráfico e associação para o tráfico ilícito de entorpecentes (arts. 33 e 35 da Lei 
11.343/2006). Condenação. Execução penal. 3. Sentenciada com deficiência visual. Pedido de 
concessão de indulto humanitário, com fundamento no art. 1º, inciso VII, alínea a, do Decreto 
Presidencial n. 6.706/2008. 4. O Supremo Tribunal Federal já declarou a inconstitucionalidade da 
concessão de indulto a condenado por tráfico de drogas, independentemente da quantidade da 
pena imposta [ADI n. 2.795 (MC), Rel. Min. Maurício Corrêa, Pleno, DJ 20.6.2003]. 5. Vedação 
constitucional (art. 5º, inciso XLIII, da CF) e legal (art. 8º, inciso I, do Decreto n. 6.706/2008) à concessão 
do benefício. 6. Ausência de constrangimento ilegal. Ordem denegada.” (STF, HC 118213/SP, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, Segunda Turma, Julgamento em 06/05/2014). 
 
1.5.3 Abolitio Criminis 
A abolitio criminis é a causa de extinção da punibilidade que consiste na descriminalização da conduta, em 
decorrência da superveniência de lei que deixa de prever aquela conduta como infração penal. 
Está prevista no artigo 2º do Código Penal: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
A lei que revoga a previsão da norma penal incriminadora, seja de forma expressa ou tática, provoca a 
extinção da sanção penal imposta, bem como os efeitos penais da condenação. A coisa julgada não impede 
os efeitos desta causa extintiva da punibilidade, que deve abranger quem está sendo investigado ou 
processado, bem como aquelas que estão cumprindo pena, com imediata cessação de todos os efeitos 
penais, trancamento do inquérito policial e absolvição do réu. 
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Notem que, assim como o crime é previsto em lei formal, a abolitio criminis ocorre quando surge lei formal 
que deixa de prever a conduta como crime. Por isso, a responsabilização criminal não pode subsistir, 
desaparecendo os efeitos penais principais e secundários. 
Os efeitos extrapenais permanecem. No caso da responsabilidade civil decorrente da prática delitiva, o 
direito de reparação a que faz jus a vítima ou seus sucessores restará inalterado. 
Referido instituto foi abordado, de forma aprofundada, na aula inaugural deste Curso, ao tratarmos da Lei 
Penal no Tempo. Vimos que há controvérsia quanto à a natureza jurídica do instituto, sendo que Flávio 
Monteiro de Barros defende se tratar de causa extintiva da tipicidade. Aqui fica nítida a opção do legislador, 
pois o Código Penal elencou a abolitio criminis dentre as hipóteses de extinção da punibilidade no seu artigo 
107. Portanto, a legislação vigente considera que sua natureza é de causa de extinção da punibilidade. 
Cumpre relembrar, ainda, o princípio da continuidade normativo-típica, que esclarece não haver abolitio 
criminis no caso de o legislador passar a prever o mesmo tipo penal em outro dispositivo. A mera 
modificação da localização ou da forma de previsão da conduta como infração penal não gera a extinção da 
punibilidade. 
Por fim, vale destacar que, se já houve o trânsito em julgado, compete ao juízo da execução decretar a 
extinção da punibilidade, se sobrevier lei que não mais considera o fato criminosa. É o que se compreende 
a partir do enunciado da Súmula nº 611 do STF, já que a abolitio criminis não deixa de ser lei mais benéfica 
para o condenado: 
Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei 
mais benigna. 
 
1.5.4 Decadência 
Decadência é a causa de extinção da punibilidadeque consiste na perda do direito de oferecer queixa crime 
(em penal de iniciativa privada) ou de oferecer representação (nas ações penais públicas condicionadas), 
em razão da inércia do titular durante determinado intervalo de tempo. 
A decadência envolve, então, duas hipóteses: 
Primeiro, abrange a perda do direito de oferecer queixa-crime, que é a peça inicial acusatória nos casos de 
crimes de ação penal privada (exclusiva e personalíssima). Referida peça também pode ser oferecida nos 
casos de ação penal privada subsidiária da pública, que o ofendido ou seus familiares podem intentar em 
razão da inércia do Ministério Público. 
Em segundo lugar, a decadência também constitui a perda do direito de oferecer representação, que é 
condição imprescindível para a atuação do Ministério Público nos casos de ação penal pública condicionada. 
Vejamos o esquema sobre a decadência e as situações possíveis, sendo que nem todas elas implicam na 
extinção da punibilidade: 
 
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Há doutrinadores que defendem não se tratar de causa extintiva da punibilidade, mas de extinção do direito 
de promover a ação ou de oferecer representação, o que impede o exercício do direito de punir. Entretanto, 
o Código Penal foi expresso ao prever a decadência como uma das causas extintivas da punibilidade. 
A decadência está prevista no artigo 103 do Código Penal: 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de 
representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo 
para oferecimento da denúncia. 
A princípio, devemos destacar que o artigo acima transcrito excepciona o caso de haver disposição expressa 
em sentido contrário, determinando o início da contagem do prazo de forma diferente. Neste caso, 
prevalecerá a norma especial sobre a geral, esta última a extraída do artigo 103 do CP. 
A referência que o artigo 103 faz ao parágrafo terceiro do art. 100 do Código Penal diz respeito à ação penal 
privada subsidiária da pública. Neste caso, o ofendido ou, no caso de sua morte, seu cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão, pode oferecer queixa, se o Ministério Público não agir no prazo legal. O prazo começa 
a correr do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. 
Nos demais casos, o prazo começa a correr do dia em que a autoria do delito se torna conhecida. Assim, se, 
desde o dia da prática do crime, a vítima já sabia quem era o sujeito ativo, começa de tal data o prazo de 
seis meses para oferecimento de queixa ou da representação. 
No caso de pluralidade de agentes, o prazo começa a correr do conhecimento da identidade do primeiro 
autor. 
Segue um esquema com o início dos prazos para o oferecimento da queixa e da representação: 
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Notem que, no caso de ação penal privada (exclusiva ou personalíssima), se não for oferecida a queixa no 
prazo legal, haverá a extinção da punibilidade. De igual modo, o não oferecimento da representação, no 
caso de ação penal pública condicionada, levará à extinção da punibilidade do agente. 
 
Entretanto, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, o não oferecimento da 
queixa-crime no prazo não acarreta a extinção da punibilidade. Nesta hipótese, a 
decadência não é causa de extinção da punibilidade, mas apenas acarreta a perda do direito 
do ofendido de propor a ação penal. Isto porque o Ministério Público mantém sua 
legitimidade, podendo (e devendo) oferecer denúncia, mesmo após a decadência do direito 
de queixa. Portanto, o agente não terá sua punibilidade extinta, conservando o Estado seu 
ius puniendi. O prazo para o órgão acusatório é impróprio e, portanto, ele pode oferecer a denúncia fora do 
prazo, sem que isso impeça o seu recebimento pelo juiz e o prosseguimento da ação penal. 
A decadência, por implicar na extinção da punibilidade, tem natureza penal e, portanto, deve ser contada 
nos termos do artigo 10 do CP. Como vimos, ainda que tenha também natureza de norma processual, seu 
caráter de norma material (de Direito Penal) atrai a contagem nos termos do Código Penal. Isto, é, inclui-se 
no cômputo do prazo o dia do começo. Além disso, ele não se interrompe em domingos, férias ou feriados. 
Cumpre anotar a posição do professor Fernando Capez, minoritária, de que o prazo decadencial deve ser 
contado como prazo processual em uma única hipótese: no caso de ação penal privada subsidiária da 
pública. Isto porque, como não há extinção da punibilidade no caso de fruição do prazo sem iniciativa do 
ofendido, não haveria influência no Direito Penal. Entretanto, não parece estar com a razão, já que o decurso 
do prazo limita a legitimidade para a ação penal e, assim, implica na abrangência do ius puniendi. Por isso, 
o instituto, mesmo em tais casos, possui natureza híbrida e deve ser contado como prazo penal. 
De todo modo, prevalece que todo prazo decadencial (implique ou não na extinção da punibilidade) deve 
ser computado como um prazo penal, conforme determina o artigo 10 do Código Penal: 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo 
calendário comum. 
O prazo não se interrompe por pedido de explicações em juízo nem por instauração de inquérito policial. 
Mesmo que as investigações estejam tramitando na delegacia, o conhecimento da autoria já é suficiente 
para iniciar a contagem do prazo, devendo a vítima oferecer a queixa ou a representação dentro de seis 
meses da data da ciência. 
Há alguns crimes que possuem regramento específico acerca do início da contagem do prazo, por suas 
peculiaridades: 
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 Crime permanente: é aquele cuja consumação se protrai no tempo. Deste modo, o prazo de 
decadência só se inicia após cessada a permanência. 
 Crime continuado: é a ficção jurídica que considera como um crime a prática de vários delitos da 
mesma espécie, por serem os subsequentes tidos como continuação do primeiro pelas condições de 
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. Para esses crimes, o prazo flui de cada 
delito considerado de forma isolada, já que na verdade são vários crimes tratados como se fossem 
um só por razões de política criminal. 
 Crime habitual: é aquele cuja configuração exige uma habitualidade, um conjunto de condutas que 
se amolda ao tipo penal. Para os crimes habituais, o prazo de decadência é contado do último ato 
praticado pelo agente. 
Quanto à titularidade do direito de queixa e de representação e a ocorrência da decadência, vejamos as 
seguintes situações: 
 Ofendido menor de 18 anos: neste caso, a titularidade do direito de queixa e de representação 
pertence ao representante legal do menor. Se o representante legal não oferecer representação ou 
queixa no prazo, o menor poderá oferecê-la ao atingir a maioridade. 
É o que prescreve a Súmula 594 do STF: 
Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou 
por seu representante legal. 
Assim tem entendido o Supremo Tribunal Federal, aplicando o seu enunciado: 
EMENTA Habeas corpus. Penal. Atentado violento ao pudor (CP, art. 214 na redação anterior à Lei nº 
12.015/09). Ofendida menor de 18 anos. Representação. Prazo. Contagem. Dualidade. Súmula nº 594 
da Suprema Corte. Decadência. Não ocorrência. Ordem denegada. 1. Na ocorrência do delito descrito 
no art. 214 do Código Penal – antes da revogação pela Lei nº 12.015/2009 –, o prazo decadencial

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