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TEXTO ESPÍRITO SANTO

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ESPÍRITO SANTO: UM ESTADO DE ESPÍRITO.
Curiosamente, um dos estados mais antigos do país, outrora uma Capitania Hereditária e que mantém seu nome desde a fundação, em 1535 pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho; que está na principal região mais industrial e financeira do país, não ostenta entre os principais estados da federação. Muito pelo contrário, durante décadas, o Espírito Santo era figurava entre os últimos nos rankings brasileiros. Mas qual a razão disso?
A resposta começa com a descoberta de ouro no interior do Espírito Santo. O problema é que era extremamente difícil de chegar até a zona aurifica pela costa do estado, pois se enfrentava uma fauna repleta de animais perigosos como vários tipos de cobras e de onças, além de índios antropófagos da etnia botocudos que habitavam o vale do rio doce e que não tinham a mínima simpatia pelos invasores. 
Deste modo, para chegar até “as minas” de modo seguro, a melhor rota era pela província de São Paulo, o que fez o Rei de Portugal da época dividir o Espírito Santo, que havia “falhado” no projeto de capitania em duas províncias distintas: Minas Gerais, contendo a maior parte e o litoral de fauna e flora exuberante e hostil, que manteve o nome original. Assim, enquanto Minas prosperava, o Espírito Santo foi literalmente deixado de lado e só voltou a receber incentivos de crescimento por volta de 1850, quando os cafeicultores do Rio de Janeiro precisavam de novas terras e se mudaram para o sul do Espírito Santo, transformando aquela região na mais importante da província e Cachoeiro do Itapemirim na cidade mais rica. 
É também nesta época que o Brasil começa a receber gigantescas levas de imigrantes vindos da Europa: Alemães, Suíços, habitantes do Império Austro-húngaro e de Italianos, que rapidamente se tornaram a maior parcela imigrante do lugar. 
Por conta do clima e de promessas de terras para plantar, os imigrantes europeus partiram para as “terras devolutas” que estavam à sua disposição: As matas virgens e montanhas. É neste cenário que ocorrem as histórias de superação dos imigrantes contra animais, doenças tropicais como a malária e contra os Botocudos, nativos que habitavam as florestas. Contudo, algo deve ser comentado: Enquanto os brancos europeus receberam terras para viver e trabalhar, o império Brasileiro havia proibido a aquisição de terras por parte de negros, mesmo que alforriados. Quando ocorre a “libertação”, em 1888, a lei se mantém inalterada obrigando os ex-escravos a buscar alternativas não convencionais quanto à moradia, habitação e sobrevivência. Muitos, não encontrando alternativa senão o crime. 
Durante o século XX o Espírito Santo experimentou a chegada de mais imigrantes por conta das guerras mundiais, que ajudaram a construir novas cidades no interior para recebê-los. É também neste período que ocorre uma grande explosão desenvolvimentista por conta da estrada de ferro Vitória-Minas, que ajuda a derrubar centenas de quilômetros quadrados de mata. Esta madeira é exportada e os Botocudos encontram a extinção sob as armas dos jagunços que abriam fazendas ou pela pá do trator. 
A estrada de ferro passa a levar toneladas de minério de Minas Gerais para o porto de Atalaia no Espírito Santo. Porém, apesar desta movimentação industrial e humana, o estado não se comparava a seus vizinhos quanto à economia, se mantendo radicalmente agrário e dependente do café como principal produto de exportação. 
O Estado do Espírito Santo não tinha quase nenhuma representação nacional, adotando uma postura de subordinação e dependência em relação aos acontecimentos do eixo Rio-São Paulo. A sociedade era predominantemente masculina e sua economia basicamente agrária, onde todos dependiam da colheita e do preço do café no mercado internacional. Quase ninguém colocava as mãos na terra, pois a maioria da população urbana era de comerciantes e funcionários públicos. As mulheres exerciam o papel de donas de casa, cuidando dos filhos e da economia doméstica e que, na cidade de Vitória havia o predomínio dos indivíduos de cor branca, porém, a miscigenação era evidente. Os poucos pardos e negros que conseguiram se infiltrar na sociedade o fizeram como indivíduos e não como grupo. O modelo dominante era o oligárquico-agrário-tropical-exportador.
Este cenário durou até meados da década de 1970, quando grandes investimentos na indústria de siderurgia trouxeram unidades da Companhia Vale do Rio Doce e a instalação da Companhia Siderúrgica de Tubarão, ao seu lado. O nascimento do Porto de Tubarão, de águas profundas mudou drasticamente o panorama rural da Grande Vitória, que viu a necessidade de outra leva de migrantes, desta vez, de Minas Gerais, para ocupar os postos de trabalho nessas indústrias – e de outras que nasciam por conta delas – que necessitavam de mão de obra especializada, algo que não havia em grande quantidade no Espírito Santo. 
Milhares de trabalhadores de Minas Gerais mudam-se, com suas famílias, para o Espírito Santo, que vê a necessidade de construir bairros para acomodar esses trabalhadores. Deste modo, a cidade de Serra é escolhida por ser mais próxima às indústrias, criando, inclusive, um polo industrial chamado CIVIT (Centro Industrial de Vitória). Os bairros que nasceram a partir dos anos 1970 foram: Manoel Plaza, Hélio Ferraz, Bairro de Fátima, José de Anchieta, Barcelona, Serra Dourada I, II e III; Maringá entre outros. 
O crescimento econômico aumenta com a chegada da Petrobrás, na virada do século XX para o XXI, pois há anos o Espírito Santo brigava na justiça federal por áreas de petróleo que estavam sob controle do Rio de Janeiro, mas que, geograficamente, pertenciam ao estado. O Espírito Santo experimentou um novo crescimento e a elevação do padrão de vida do Capixaba. 
Todavia, esta melhora na qualidade de vida ecoou também fora das fronteiras espírito-santense, impulsionando pessoas do sul da Bahia e leste de Minas a tentarem uma vida melhor no Espírito Santo, onde mais uma vez, quem abrigou esses migrantes foi à cidade de Serra, onde bairros como Novo Horizonte, Planalto Serrano e Jardim Carapina absorveram essas populações entrando em um processo de crescimento impressionante. 
Os jornais da primeira década do século XXI apontam que a população do Espírito Santo era de aproximadamente 2.500.000 habitantes, em 1990 e 4.018.650 em 2019, sendo que 1.960.213 habitantes (48%) vivem nos municípios que compõem a região metropolitana de Vitória: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Fundão e Guarapari.
Com seus 410 quilômetros de litoral e mais de 100 praias que o litoral capixaba da fronteira com a Bahia até o limite com o Rio de Janeiro as características do nosso litoral é rochoso ao sul, com falésias de arenito, e também na parte central, com grandes morros e afloramentos graníticos a beira mar, além de ser recortado com enseadas e baias. É arenoso ao norte, com praias longas de ar aberto e cobertas por uma vegetação rasteira. Destaque para as dunas de Itaúnas, no extremo norte capixaba.

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