Buscar

GE - Aspectos Sócioantropológicos_04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aspectos Sócioantropológicos
UNIDADE 4
2
UNIDADE 4
ASPECTOS SÓCIOANTROPOLÓGICOS
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Olá, estudante!
Espero que esteja preparado(a) para darmos continuidade a nossa jornada de estudos. Vamos 
iniciar a nossa quarta e última unidade e conto com o seu comprometimento nesta reta final. 
ORIENtAçõES DA DISCIPlINA
Gostaria de lembrar a importância da leitura de seu livro-texto, pois ela irá nortear o estudo deste 
guia. Você tem à sua disposição vários recursos para facilitar seu aprendizado. Acesse a nossa 
biblioteca virtual e faça novas pesquisas, em alguns momentos deste guia vou indicar a leitura de 
textos complementares com o objetivo de facilitar seu aprendizado. 
Ao final da nossa quarta unidade é primordial que você acesse o nosso ambiente e responda o 
questionário e a atividade contextualizada. Caso tenha alguma dúvida não perca tempo pergunte 
ao seu tutor.
Vamos lá!
Voltamos a nossa reflexão sobre os aspectos socioantropológicos da educação, nessa quarta e úl-
tima unidade veremos os elementos mais relevantes da atualidade nos estudos sobre a educação 
na perspectiva das ciências sociais. Questões ligadas diretamente à exclusão e à inclusão dentro 
do cotidiano e a forma como tais dinâmicas têm sido tratadas por profissionais da educação.
Nossa primeira reflexão será sobre o encontro com o “outro”, como é e o que significa se defron-
tar com as diferenças no contexto escolar. Trata-se de uma reflexão metodológica sobre a análise 
da relação entre diferenças e desigualdades na sociedade e na educação brasileira. Iremos discu-
tir como tratamentos desiguais podem gerar desconfortos e até conflitos sociais e a forma como o 
fundamento cultural dessas posturas comportamentais tem sido fundamental para a continuidade 
de tais práticas. Como consequência destes comportamentos desiguais, surgem processos de 
exclusão, política, social e econômica.
 Nesse momento secundário da quarta unidade, iremos movimentar as ideias sobre a desigualda-
de social e cultural, para que, assim, possamos avaliar criticamente o panorama atual das práticas 
pedagógicas que circundam o tema.
3
Como a educação tem lidado com tais questões? E quais as expectativas da comunidade global 
para os choques culturais e conflitos sociais surgidos a partir da exclusão proporcionada pelas 
desigualdades?
Antes de mergulhar no cerne da questão, discutiremos ainda a capacidade das escolas se configu-
rarem como ambientes de produção de valores culturais. Deixando o posto de reprodutores ou de 
palco para manifestação de ideias e ideologias que reforçam as desigualdades e produzem mais 
exclusão social, preconceito e discriminação.
Avaliaremos a necessidade da construção de um novo paradigma em que a educação não mais 
deve reproduzir práticas e valores, mas deve se posicionar de forma ativa para conduzir todos 
envolvidos na comunidade escolar em um projeto de valorização das diferenças socioeconômicas 
e culturais. Para isso não é a escola que enquadra os estudantes em um modelo culturalmente 
determinado, mas o contrário, a escola deve ser um ambiente que fomente e permita o desenvol-
vimento de cada identidade cultural para uma vida autônoma na sociedade em que vive. Trata-se 
de uma avaliação inclusiva de todos os padrões e perfis socioculturais presentes na sociedade 
contemporânea.
Estarei levando você, estudante dedicado, à última estação da nossa jornada, com essa unidade 
encerramos esse módulo, então vamos lá!
O ENCONtRO COM O “OUtRO” 
Um dos pontos de partida da reflexão antropológica é o encontro com o “outro”, quando os euro-
peus encontraram com outras civilizações, viram outro ser humano vivendo e se relacionando com 
outros seres humanos e com o mundo de forma diferente para o que lhes era “normal”. Pensar 
através da antropologia só é possível quando se adota uma postura de ver como desconhecido 
àquilo que está diante de nossos olhos, somente assim, se pode perceber em detalhes e aspectos 
da realidade pontos questões a serem analisados.
Olhar a vida escolar de perto, requer essa postura para encontrar por trás de práticas educacio-
nais a construção de padrões que excluem determinados grupos sociais ou que podem aproximar. 
Quando pensamos em educação, imaginamos um modelo a ser aplicado a todos da sociedade, 
todos no grupo receberão tratamento igual, devem ser considerados como iguais. Mas a verdade é 
que não somos iguais na sociedade, uma coisa é oferecer iguais oportunidades e outra totalmente 
diferente, é passar por cima das diferenças e desigualdades existentes.
PAlAVRAS DO PROfESSOR
Mas antes de qualquer coisa, vamos esclarecer um detalhe importante, de quais diferenças e 
desigualdades estamos falando?
 
4
Consideramos aqui como desigualdade o tratamento e a valoração de elementos que diferenciam 
as pessoas no convívio entre os indivíduos em sociedade. As desigualdades sociais estão asso-
ciadas a questões étnicas, de gênero, etárias, políticas, religiosas, econômicas, estéticas, e a 
qualquer outro aspecto que possa servir para diferenciar os indivíduos visual ou ideologicamente.
Todos os aspectos que geram desigualdades no tratamento social produzem também valores cul-
turais que vão conduzir novos comportamentos. 
Por exemplo, a situação vivida pelos grupos indígenas no Brasil condiciona o desenvolvimento de 
variações de culturas tradicionais. A forma como não só os grupos indígenas, mas todos os grupos 
que fogem aos padrões sociais são tratados pela sociedade, gera um sentimento que servirá de 
base para a produção e transformação de valores sociais. 
No caso do gênero, apesar de muito avanço na compreensão destas relações sociais, ainda é 
comum um tratamento discriminatório com base no sexo, inclusive no Brasil. A forma como as 
expectativas culturais servem de modelo para a construção dos papeis sociais entre meninos e 
meninas ainda gera desigualdades sociais entre os gêneros. 
A escola acaba sendo mais um espaço de reprodução cultural do que reflexão e/ou desconstrução 
de conceitos; onde posturas, atitudes refletem a opinião do senso comum.
IMPORtANtE
Comportamentos “típicos” do gênero masculino são predominantes, enquanto 
o universo das condutas tradicionalmente associado ao gênero feminino não é 
dado a mesma importância pela sociedade. 
Naturalmente, é atribuído ao gênero feminino o cuidado com os filhos, da gestão 
doméstica e demais atividades voltadas para a família. Em modelos tradicio-
nais a educação feminina é alimentada por ideias de obediência, sensibilidade e 
emoção que levam as mulheres a se compreenderem a realização social dentro 
de um determinismo biológico, mas submissas à realidade social construída pelo 
gênero masculino.
E apesar de muitas lutas vencidas, a mulher ainda continua sendo a principal 
responsável pelos afazeres domésticos e cuidados dos filhos.
 
5
Fonte da figura: http://www.cantaresnet.com.br/wp-content/uploads/2016/01/mulher-do-lar.jpg
Na sociedade contemporânea, ainda existe a aplicação desses padrões sob a forma de lingua-
gem, relações de poder ou de autoridade, nas funções desempenhadas por gêneros distintos e 
nas expectativas de resultados e desempenho. Tudo isso vivido no contexto escolar irá impactar 
diretamente na construção de cidadãos e cidadãs.
GUARDE ESSA IDEIA! 
Completamente ligado à discriminação de gênero está o debate sobre o tema 
da diversidade sexual que vivemos atualmente no mundo. Para refletir melhor 
sobre o assunto, peguemos um exemplo hipotético, mas que talvez você mesmo 
já tenha presenciado em seu contexto social e/ou escolar.
Um rapaz que começa a manifestar sinais de comportamento homossexual logo é alvo de diversos 
apelidos pejorativos. Podendo acontecer também o contrário, no caso de uma garota, que apre-
sente um comportamento tipicamente masculino. 
Mas porque esses comportamentos incomodam tanto aos demais? 
A explicação para esta pergunta é histórica e sociológica. Sabemos que a homossexualidade 
sempre foi presente em todas as civilizações,no entanto, a partir do momento em que o homem 
passou a submeter-se às regras impostas pela Igreja, a concepção de homem e mulher (hete-
rossexuais) passou a ser a conduta considerada a correta; não estando em “condições normais” 
aqueles que não compartilhavam dela.
http://www.cantaresnet.com.br/wp-content/uploads/2016/01/mulher-do-lar.jpg
6
E assim como é com os homossexuais, também não são considerados “normais” os que se en-
quadram no racismo, antissemitismo (julgar o povo judeu inferior), xenofobia (antipatia frente ao 
estrangeiro), e todo e qualquer tipo de discriminação.
 
Fonte da figura: http://sereduc.com/LcydRj
Situações de mal-estar são vividas no cotidiano escolar por muitos outros fatores, não apenas por 
questões étnicas e de gênero (condição financeira, faixa etária, identidade religiosa, etc.). 
Geralmente tais situações ocorrem porque a sociedade e o sistema educacional ainda estão se 
adaptando à necessidade global da construção de um projeto que fomente o diálogo com as 
diferenças. Essa necessidade surgiu como fruto de grandes mudanças que tem acontecido na 
sociedade.
Nunca se teve acesso a tantas opções para a ocupação humana, a massificação do acesso aos 
meios de comunicação levou a ideia de que todos no mundo podem ser o que quiserem. Apesar 
de a mídia ter um peso grande na formação dessa ideia, a educação também carrega um pouco 
dessas possibilidades latentes para a realização de sonhos, da construção de novas e distintas 
identidades.
Até meados do século passado era muito comum que os membros de uma determinada cidade 
brasileira tivessem os mesmos padrões culturais; respeitando as distinções de classe e grupos 
étnicos, é claro, ou seja, as desigualdades também seguiam padrões muito bem definidos. Os 
filhos de agricultores geralmente seriam agricultores, os filhos de médicos provavelmente seriam 
médicos e assim por diante. As mudanças ocorriam lateralmente, sem que houvesse queda ou 
subida na estrutura de posições sociais.
http://4.bp.blogspot.com/-hHykMnbfmAs/T_RYXu97XwI/AAAAAAAABSY/BLHSlplN- 4/s1600/575778_393993673992100_379812759_n.jpg
7
No entanto, a proximidade com a virada do milênio trouxe algumas mudanças, as desigualdades 
passam, aos poucos, a tomar outros contornos. Novas ideias ligadas à religião, estrutura familiar, 
estética, gênero e sexualidade começam a divergir dos modelos tradicionais culturalmente. Pas-
saram a surgir no contexto da diversidade, novos conflitos ideológicos que foram somados aos 
que já existiam.
A obrigatoriedade em frequentar escolas, levou realidades, muitas vezes, completamente distan-
tes; a coexistirem e interagirem em um mesmo ambiente e com um mesmo propósito. Os grandes 
dilemas da sociedade global agora são representados no cotidiano escolar; e o sucesso de um 
indica o sucesso do outro.
Relações sociais na escola: entre a inclusão e a exclusão 
Uma das compreensões básicas desse contexto é a de que um tratamento desigual pode gerar 
exclusão social. Um dos temas mais complexos das ciências sociais, a exclusão social, é algo que 
ocorre, para a educação, pela ausência do acesso à educação e pode ocorrer também dentro no 
sistema educacional por práticas excludentes.
Ao reproduzir padrões sociais, a escola define um sistema de inclusão e exclusão social. Se as 
pessoas devem ter condutas de higiene e cuidados com a saúde de acordo com pesquisas cien-
tíficas e a escola propagar isso entre os estudantes, uma geração inteira poderá vivenciar esse 
padrão cultural. Por consequência, aqueles que não seguirem esse padrão serão tratados como 
diferentes.
Se para toda uma sociedade as pessoas adultas devem saber ler e escrever, então, pode-se ima-
ginar que os analfabetos terão dificuldades de interagirem em determinados contextos. Se as 
pessoas que nascem com condições distintas de audição, ou visão, ou locomoção, por exemplo, 
não puderem participar dos processos educativos iguais aos demais cidadãos, quais serão as 
chances dessas pessoas conseguirem participar da vida social? Imaginemos ainda a situação de 
milhares de jovens e adultos que não obtiveram um desempenho escolar considerado como de 
qualidade, quais serão as chances dessas pessoas conquistarem as promessas de melhoria de 
vida, na sociedade contemporânea?
Mas qual a relação da exclusão social com o desempenho escolar? De que forma a condição social 
afeta a maneira como uma pessoa em formação entende o mundo? 
Essas são questões que nos levam a avaliar a maneira como a educação tem lidado com aspectos 
que diferenciam as pessoas num contexto social e apontam para as soluções que já estão come-
çando a serem colocadas em prática.
Durante muito tempo se pensou que o acesso à escola poderia resolver muitos problemas sociais. 
E essa é uma reflexão muito correta, só que quem pesou isso não imaginou que dependendo de 
como as práticas pedagógicas forem conduzidas, muitos outros problemas podem surgir. É fun-
damental compreender que o acesso à educação deve ser veiculado de forma a articular as reais 
demandas da comunidade que irá frequentar cada escola, caso o contrário ela pode gerar mais 
conflitos.
8
 
Fonte da figura: http://sereduc.com/T0HCAj
Ainda existem milhões de crianças e adolescentes em idade escolar fora da escola. Essa realidade 
nos expõe o número de pessoas que terão dificuldade de se integrarem produtivamente na vida 
social, sofrendo processos de exclusão econômica, social e política. Serão pessoas que ficarão a 
depender dos projetos de sociedade construídos por outros agentes sociais, sua participação ati-
va não será efetivada, pois estarão fora das estruturas formais de construção da realidade social.
Dentre os que frequentam a escola ainda existe outro processo de exclusão social: a chamada 
exclusão de dentro ou exclusão escolar. Dentro do ambiente escolar esses excluídos podem ser 
identificados pela dificuldade de acompanhamento dos conteúdos passados pelos professores, 
muitas vezes pelo analfabetismo e pela evasão. O baixo desempenho escolar geralmente está 
associado com o perfil sócio econômico das famílias desses estudantes.
 
http://sereduc.com/T0HCAj
9
PAlAVRAS DO PROfESSOR
Analisando sob esse prisma, você estudante crítico(a) e questionador(a) já deve ter imaginado que 
o perfil dos estudantes que não se encaixam no desenvolvimento das atividades escolares é se-
melhante à condição social, econômica e cultural das pessoas que não vão para a escola. No Bra-
sil, essas pessoas pertencem aos grupos indígenas, comunidades quilombolas, afrodescendentes, 
filhos de famílias com baixa renda ou com problemas legais (criminalidade ou uso de drogas como 
o crack), crianças que vivem no campo e cuidadas por pessoas de baixa escolaridade.
A política educacional desenvolvida durante as últimas décadas no Brasil não tem sido suficiente 
para superar as desigualdades. Estudantes de grupos indígenas, quilombolas e oriundos de movi-
mentos políticos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) são encaminhados para 
a rede regular de ensino sem passar por um processo de adaptação apropriado.
A mesma dificuldade, ou talvez ainda maior, ocorre com a adaptação de estudantes com necessi-
dades educativas especiais, profissionais da educação, estrutura física dos prédios, demais es-
tudantes e seus familiares não recebem um preparo apropriado para o diálogo com as diferenças 
no contexto escolar. 
Sobretudo quando se trata de casos ligados a problemas neurológicos ou cognitivos, a resistên-
cia ao convívio e interação tem sido ainda mais desafiador e conturbado. Muitos pais ainda não 
conseguiram se desvincular da ideia de que seus filhos devem estudar apenas com estudantes 
“normais”.
É essa noção de “normal” que define os padrões de exclusão na nossa sociedade, há um “estra-
nhamento” a tudo aquilo que não é “normal”. Culturas diferentes, aspectos físicos, cognitivos 
ou sensoriais distintos daquilo que culturalmente é visto como “normal” deve ser tratado em 
separado.
 
Fonte da figura: http://sereduc.com/Pb8vmEhttp://sereduc.com/Pb8vmE
10
EDUCAçÃO, ESCOlA E MUltICUltURAlISMO
 
PAlAVRAS DO PROfESSOR
Destacamos aqui para você, aluno(a), que o ambiente escolar, palco do contato e confronto de 
ideias e valores, também é um espaço para a construção de conteúdo cultural. A partir do momen-
to em que as vivências são traduzidas pelos sujeitos que as vivem; naturalmente essas experiên-
cias irão produzir novos valores que servirão de base para nortear novas interpretações sociais.
Os padrões tradicionais sedimentados na cultura ocidental, letrada, heterossexual, masculina e 
cristã imersa na imaginação social, aos poucos passam a não mais atender aos anseios da diver-
sidade globalizada. Um modelo educacional pautado nesses padrões produz exclusão de todos os 
demais grupos que não se encaixam nesse padrão.
No decorrer do século passado, as ideologias e posicionamentos educacionais que aplicaram, no 
contexto escolar, as perspectivas tradicionais de um modelo de cidadão a ser apresentado perante 
a sociedade, produziram discriminação, racismo, xenofobia, homofobia, e exclusão social, econô-
mica e política. Os conflitos que surgiram a partir desse tipo de choque ideológico ocorreram em 
várias instâncias da vida social, desde a violência individual, até guerras entre grupos étnicos, 
sem falar de ações como o terrorismo.
Ainda hoje, em algumas regiões do mundo, grupos como o Boko Haram desenvolvem ações de 
combate e intolerância ao modelo educacional ocidental. De acordo com a ideologia deste grupo, 
a educação ocidental é um pecado e por isso eles combatem violentamente aqueles que vivem 
segundo outros princípios.
 
GUARDE ESSA IDEIA! 
Não cabe às ciências sociais julgar qual o posicionamento correto, apenas ana-
lisar os impactos desse tipo de atitude na sociedade. Pelo que temos visto até 
o momento, e por posicionamentos mais ou menos extremistas e violentos que 
uma educação voltada para o diálogo com as diferenças passa a fazer sentido 
para a comunidade global. Esse tipo de atividade tem mobilizado a comunidade 
global a inserir no contexto educacional o combate às práticas discriminatórias.
A arbitrária imposição de padrões hegemônicos passa a ser vista com ressalvas por pontos de 
vista mais críticos. E a educação começa a ser aos poucos influenciada por essa perspectiva 
mais voltada para o multiculturalismo com a proposta de mudar injustiças históricas, dando mais 
alternativas à grupos que sempre tiveram as oportunidades de participação social tolhidas ou 
oprimidas.
11
Acredito que você estudante já deve ter percebido que as transformações na educação não é um 
processo simples; envolve grandes e pequenas mudanças (macrossociais e microssociais), tanto 
em esferas governamentais, como nas relações interpessoais. Está associada a própria mudança 
na cultura educacional, na forma como um sistema cultural entende a educação e na utilização de 
uma estrutura como espaço para tais transformações.
Vale à pena destacar que a entrada do debate do multiculturalismo não é inserida na educação, 
apenas pelo medo. Mas também como o resultado de lutas de movimentos sociais que represen-
tavam as expectativas de grupos oprimidos por não serem contemplados culturalmente pelos pa-
drões educacionais aplicados. A luta pela valorização de outros elementos culturais no processo 
educacional tem como bandeira a ideia de que as práticas educacionais não podem ser responsá-
veis pelo aniquilamento de uma identidade cultural.
 
 
 
Fonte da figura: http://images.slideplayer.com.br/3/1253583/slides/slide_2.jpg
Você já deve saber que ao estudar a história do Brasil, se fala muito pouco da participação dos 
povos indígenas e africanos no processo de construção da sociedade brasileira. De tal forma, que 
para um descendente de africanos a formação cidadã proporcionada pela educação regular en-
volve apenas a valorização de uma cultura europeia. Qual a mensagem implícita nesse processo? 
A de que não há espaço na sociedade formal para uma identidade cultural que não seja aquela 
apresentada pela educação.
Desenvolvido em paralelo às lutas pelo reconhecimento cultural de alguns movimentos sociais, 
também nas últimas décadas do século passado, outro conjunto de transformações trouxe o de-
bate sobre a pluralidade para dentro das reflexões educacionais: o desenvolvimento de posições 
intelectuais sobre o assunto. Tendo início com a produção de professores negros de universidades 
americanas, pesquisas na área dos estudos sociais foram desenvolvidas sobre questões sociais, 
políticas e culturais dos afrodescendentes norte-americanos.
http://images.slideplayer.com.br/3/1253583/slides/slide_2.jpg
12
A partir destes, foram surgindo programas de pesquisa em grandes centros universitários nos Es-
tados Unidos como, San Francisco State University e posteriormente em Harvard, Yale e Columbia.
 
 
Fonte da figura: http://sereduc.com/JtHDvO
Na década de 80 essa perspectiva de estudos, o multiculturalismo, chega ao Brasil e influência 
uma série de abordagens distintas sobre a diversidade cultural, uma vez que se posiciona politica-
mente em defesa de grupos em desvantagens nas relações de poder da sociedade contemporânea. 
Direcionam questionamentos sobre os posicionamentos tradicionais que silenciam identidades 
culturais, como o machismo, racismo e qualquer forma de preconceito e discriminação.
Escola, um espaço de socialização e vivências socioculturais 
Vivemos um momento em que grandes conquistas da humanidade devem ser partilhadas e a edu-
cação é a ferramenta apropriada para a conscientização da população mundial dessas conquistas 
sociais. 
As transformações ocorridas em nível de crítica e pensamento devem ser materializadas em pro-
jetos e ações de forma a serem interiorizadas como valores culturais para o maior número de 
pessoas possíveis da sociedade.
A escola durante muito tempo atuou no universo social e cultural como reprodutora das desigual-
dades e processo opressores ou como projeto de produção, recursos humanos para um mercado 
profissional que também reproduz padrões culturais nada transformadores. 
http://sereduc.com/JtHDvO
13
A escola, com isso também não pode se limitar a ser um mero palco para a manifestação de pa-
drões midiáticos de comportamento e objetivos de vida. Urge que os profissionais da educação 
comecem a compreender o verdadeiro potencial dos ambientes escolares no processo de cons-
trução de novos valores culturais. A escola como um ambiente de socialização deve proporcionar 
a conquista da autonomia reflexiva e participativa dos estudantes para, assim, formar cidadãos 
conscientes e integrados com um propósito de justiça social.
 
 
Fonte da figura: http://sereduc.com/qvbAEo
Como espaço de socialização, a escola deve ser voltada para a formação de uma mentalidade 
capaz de lidar com os desafios da vida contemporânea. Permitindo aos cidadãos que passarão 
pelo processo de interiorização de valores culturais, a conquista da autonomia para participar 
integralmente (física e subjetivamente) da vida social, como agentes construtores da realidade 
em que viverão seus descendentes.
Para a realização desse novo modelo é necessária uma verdadeira revolução na estrutura do 
sistema educacional. Desde uma reformulação da valorização dos profissionais que conduzem as 
práticas pedagógicas, passando pela revitalização das estruturas físicas das escolas e, por fim, 
com a formação de profissionais conscientes de seus papeis de facilitadores de uma experiência 
social que irá levar os estudantes a construir um modelo de como viver em sociedade.
Ao invés de construir padrões e modelos em que os estudantes devem se encaixar, a educação 
deve proporcionar ambientes capazes de fomentar o desenvolvimento de suas próprias identida-
des culturais. Permitindo que os estudantes de qualquer perfil consigam desenvolver seu poten-
cial de cidadão ao máximo e se esse limite for diferente para cada um, não tem problema, há um 
lugar para todos.Visando a compreensão de que viver com a diversidade é algo natural e bom 
porque satisfaz a coletividade como um todo.
http://sereduc.com/qvbAEo
14
Tendo esse horizonte em vista, a educação passa a ter que dialogar com os impulsos globalizantes 
através de novas tecnologias da comunicação e informação para viabilizar experiências sociais 
que valorizem essas diferenças. Condicionando o ambiente escolar a uma categoria de produtor 
de novos valores, através de um posicionamento crítico sobre os grandes problemas da sociedade 
contemporânea e de cada comunidade.
A escola, nos moldes como vem sendo apresentadas até o presente momento, precisa encontrar 
formas de envolver seus estudantes nos problemas próprios da comunidade escolar e capacitar 
essa própria comunidade para lidar e resolver esses mesmos problemas. Para isso os profissionais 
encarregados devem estar preparados para articular estudantes e familiares num empreendimen-
to que transforme as práticas sociais e remodele as estruturas de sentido das pessoas envolvidas.
Uma verdadeira mudança no paradigma mental da sociedade que leve os cidadãos a interagirem 
uns com os outros de forma consciente e responsável sobre os rumos que querem para suas vidas. 
Antenados com as consequências de comportamentos e condutas que discriminam e excluem os 
diferentes, quando é na diversidade que a sociedade contemporânea se realiza. Com ambos os 
gêneros, todas as etnias, os diversos níveis sócios econômicos, ideologias políticas e todos os 
perfis sensoriais, locomotivos e cognitivos; a educação tem a finalidade de fazer tudo isso inte-
ragir de forma harmônica.
 
PAlAVRAS DO PROfESSOR
Bom, com isso findamos nossa última unidade do módulo intitulado aspectos sócio antropológi-
cos. Espero que tenha desfrutado destas reflexões, pois todas serão fundamentais para que você 
estudante dedicado(a) tenha muito sucesso em sua trajetória profissional.
ACESSE O AMbIENtE VIRtUAl
Agora prezado(a) estudante, chegou o momento de colocar em prática seus conhecimentos, porém 
acesse o Ambiente e responda as atividades. Caso tenha alguma dúvida não perca tempo pergun-
te ao seu tutor, pois ele está apto para quaisquer tipos de esclarecimentos.
Sucesso em sua jornada acadêmica!

Continue navegando