Estudo dos Fungos: Micologia

Prévia do material em texto

1 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
3 de novembro de 2020 
Fungos 
Micologia – ramo da microbiologia responsável por 
estudar os fungos 
Fungos são organismos eucariontes que não contém 
clorofila, mas possuem parede celular, estruturas 
filamentosas e produzem esporos. Esses organismos 
crescem como saprófitos e decompõem matéria 
orgânica. Existem entre 100.000 a 200.000 espécies 
de fungos, variando de acordo com a classificação 
utilizada. Cerca de 300 espécies são reconhecidas 
atualmente como patogênicas. 
Características das espécies do reino fungi 
• Mais de 100 mil espécies já descritas 
• Na sua maioria organismos terrestres 
• Podem ser unicelulares ou pluricelulares 
• São organismos eucariontes 
• São heterótrofos (absorção) 
• Possuem parede celular formada por quitina 
• Aclorofilados 
Classificação dos fungos 
1) Chytridiomycota 
• Uni ou multicelulares com presença de flagelos 
• Típicos de ambientes aquáticos com aspecto 
gelatinoso 
• Não possuem parede celular constituída por 
quitina 
ex: Spizellomyces, Cladochytrium e Rozella 
 
2) Zygomycota 
• Fungos pluricelulares com hifas cenocíticas 
• Bolores, mofos e os fungos que fazem associação 
com raízes de plantas 
ex: Rhizobus stolonifer, Mucor sp., Rizhopus sp. 
 
• Microsporídeos – eucariotos incomuns = ausência 
de mitocôndria e C. de golgi 
• Intracelulares obrigatórios (reprodução sexuada no 
interior do hospedeiro) 
• Genoma pequeno 
ex: Encephalitozoon spp 
 
3) Glomeromycota 
• Representado por fungos de micorrizas 
arbusculares FMA). 
• Associação mutualística com raízes 
• Filo Zygomycota – hifas cenocíticas 
• Formação de zigosporânangio – reprodução 
sexuada 
• Formação de esporângio – reprodução assexuada 
ex: Mucor sp. e Glomus sp. 
 
 
2 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
4) Ascomycota 
• Uni ou pluricelulares, incluem as leveduras e os 
que fazem associação com algas 
• Fungos fermentadores 
ex: Penicilum (bolor), Pilobolus, Saccharomyces 
(levedura) 
Gênero Saccaromyces (S cerevisae, S. pastorianus, S. 
carisbergensis, S. boulardii) 
Gênero Penicillium (P. glaucum, P. cândida, P. 
roqueforti, P. camembert) 
 
5) Basidiomycota 
• Abrangem cerca de 30 mil espécies 
• Formam corpos de frutificação popularmente 
conhecidos como ‘’cogumelos’’ 
• São os cogumelos comestíveis (Agaricus) ou 
venenosos (Amanita) 
 
Comparação entre fungos e bactérias 
 Fungos Bactérias 
Tipo de célula Eucariótica Procariótica 
Membrana 
celular 
Esteróis 
presentes 
Esteróis ausentes, 
com exceção do 
Mycoplasma 
Parede celular 
Glicanas; 
mananas; quitina 
(sem 
peptideoglicana) 
Peptideoglicana 
Esporos 
Esporos 
reprodutivos 
sexuais e 
assexuais 
Endosporos (não 
para reprodução); 
alguns esporos 
assexuais 
reprodutivos 
Metabolismo 
Limitado a 
heterotrófico; 
aeróbico, 
anaeróbico 
facultativo 
Heterotrófico, 
autotrófico, 
fotoautotrófico; 
aeróbico, 
anaeróbico 
facultativo, 
anaeróbico 
Estrutura das células dos fungos 
• Parede celular composta por quitina, guicanas e 
mananas 
• Membrana citoplasmática e nuclear (eucarioto) 
• DNA (cromossomo linear) e plasmídeo (circular) 
• Organelas (ribossomos, mitocôndrias, reticulo 
endoplasmático e complexo de golgi) 
• Cápsula de mucopolissacarídeos (patogênicos) 
 
Parede celular 
Composta por quitina. Apresenta também diferentes 
polissacarídeos (glucanas, mananas) e 
glicoproteínas. Confere proteção osmótica. Presença 
de partículas antigênicas (induz a produção de Ac) 
Mananas: polissacarídeos de manose 
β-glucanas: polissacarídeos de D-glicose unidos por 
ligações β-glicosídicas 
Quitina: polissacarídeo constituído por longa cadeia 
longa de N-acetilglicosamina 
 
 
 
 
3 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
3 de novembro de 2020 
Membrana celular 
Lipoproteíca, com bicamada lipídica. Principal lipídio 
é o ergosterol (diferente de outras células animais 
que contém colesterol). Ausência de clorofila. 
 
Núcleo 
• Contém genoma fúngico 
• Cromossomos lineares (DNA dupla fita em hélice) 
associados a histonas (proteínas) 
• Presença de nucléolo (corpúsculo esférico 
contendo DNA, RNA e proteínas (responsável pela 
produção do RNA ribossomal) 
Plasmídeos 
• Estruturas circulares de DNA dupla fita, extra 
cromossômica, citoplasmáticas 
• Capacidade de autoduplicação (independentes dos 
cromossomos) 
• Auto transferência para outras células (ou entre 
bactérias e fungos) 
• Raramente evidenciados em leveduras 
Cápsula 
• Facultativa 
• Composta por mucopolissacarídeos 
• Pode ser um fator de virulência (confere 
resistência à fagocitose em algumas leveduras) 
Exemplo: Cryptococcus neoformans e Cryptococcus 
gattii 
Principais características morfológicas 
Hifa: estrutura vegetativa filamentosa de morfologia 
diversificada (delgada ou espessa, septada ou 
contínua, escura ou clara) 
 
Hifa septada 
 
Hifa contínua 
• Fungos filamentos (bolores) 
• Unidade estrutural = hifa 
• Conjunto de hifas = micélio 
 
Micélio: hifas desenvolvidas e ramificadas que se 
entrelaçam 
Pode ser vegetativo (penetra no substrato para 
absorver os nutrientes) ou de reprodução (em geral 
aéreo, permanece na superfície e é responsável pela 
produção de esporos) 
Pode formar uma rede frouxa ou um tecido 
compacto como nos cogumelos 
 
 
4 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
Filamentosos 
• Pluricelulares, uni ou multinucleados 
• É cotonosa, aveludada, pulverulenta 
Exemplo: hifas 
Leveduriformes 
• Unicelulares, células esféricas, núcleo único 
• É cremosa, pastosa 
Exemplo: bolores 
Dimórficos 
• Diferentes formas em função da temperatura 
• Forma leveduriforme à 37ºC 
• Forma filamentosa à 25ºC 
Exemplo: histoplasmose, coccidioidomicose e 
blastomicose 
Maioria são aeróbios obrigatórios (exceção levedura 
facultativas e anaeróbias) 
Substratos preferidos: glicose e sais (amônia, 
sulfatos, fosfatos) 
-> necessitam ainda de oligoelementos (Fe, Zn, Co, 
Mn, Ca) e vitaminas (tiamina, biotina, riboflavina e 
ácido pantotênico) 
Fungos filamentosos 
 
Macromorfologia 
Colônias de aspecto seco, aveludadas, algodonosas e 
pulerulentas 
 
Colônias de aspecto úmido, cremosa ou pastosa 
 
Micromorfologia 
• Células esféricas, ovais ou elipsoides 
• Algumas podem se alongar dando origem as 
células pseudo-hifas (e pseudo micélios) 
 
 
 
 
Hifas = estruturas tubulares, delgadas e ramificadas 
Cenocíticas 
• Sem divisões transversais 
• Filamentos preenchidos por citoplasma 
• Núcleos numerosos 
 
Septadas 
• Possuem divisões transversais 
• Filamentos compartimentados com orifício central 
• 1 ou 2 núcleos por compartimento 
 
 
5 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
3 de novembro de 2020 
 
Micélio = conjunto de hifas (massas filamentosas 
enoveladas) 
Micélio vegetativo 
Sustentação e absorção de nutrientes, se 
desenvolvendo no interior ou sobre o substrato 
Micélio aéreo 
Projeta-se na superfície e cresce acima do meio de 
cultivo = conídios 
Micélio reprodutivo 
Diferenciação do micélio aéreo para sustentar os 
corpos de frutificação 
 
 
 
 
Dimorfismo 
Fase micelial (22-28ºC) – saprofítica, infectante 
Fase leveduriforme (35-37ºC) – parasitária 
Exemplo: fungos de importância médica 
Paracoccidioides brasiliensis 
Blastomyces dermatitidis 
Histoplasma capsulatum 
Metabolismo dos fungos 
• Maioria aeróbios 
• Alguns são anaeróbios facultativos (fazem 
fermentação) 
• Bioquimicamente versáteis: produção de etanol, 
ácido cítrico, antibióticos, toxinas 
• Crescimento lento (quando comparados às 
bactérias) 
• Necessidades nutricionais: glicose, ferro, 
manganês,tiaminas, biotina, riboflavina, nitrogênio, 
etc 
• Liberam enzimas ( lipases, lactases, amilases, 
proteinases, fosfolipases) que degradam moléculas 
complexas (polissacarídeos e proteínas) em 
monômeros que serão absorvidos como fonte de 
carbono e energia 
• Fazem degradação de compostos orgânicos na 
natureza 
• Liquens e Micorrizas: simbiose com raízes de 
pantas 
Nutrição 
 
 
6 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
 
Heterotróficos 
Saprófitas 
Decomposição de organismos mortos 
Penicillium Rhizophus 
 
Parasitas 
Se alimentam de organismos vivos (causadores de 
doenças) 
 
Simbióticos 
Associação não patogênica com seres autotróficos 
(líquen e micorrizas) 
 
Respiração 
 
Condições de crescimento 
 
Reprodução dos fungos 
 
Esporulação na reprodução assexuada = MITOSE 
(mitósporo) 
Esporulação na reprodução sexuada = MEIOSE 
(meiósporo) 
Assexuada por esporos → filamentosos 
1. Esporangióforos 
Corpo de frutificação cuja porção terminal é em 
forma de uma vesícula ou saco 
2. Conidióforos 
Corpo de frutificação cuja forma é variada (pincel, 
cabeça de margarida) e os esporos emergem livres 
 
 
 
 
7 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
3 de novembro de 2020 
3. Talosporos 
Esporos assexuados formados a partir da hifa. Não 
possuem corpo de frutificação 
 
Assexuada por brotamento leveduriforme 
 
Sexuada 
Basidiósporos 
Formado em uma estrutura denominada de basídio. 
Armazenam os basidiósporos externamente, no 
corpo de frutificação denominada basidiocarpo 
 
 
Ascósporos 
Formados no interior de uma estrutura denominada 
asco (saco). Armazena os ascósporos no interior da 
estrutura, no corpo de frutificação denominado 
ascocarpo. 
 
 
Zigósporos 
Fusão de núcleos haploides nas extremidades das 
hifas, pertencentes à micélios diferentes 
 
 
 
 
8 Agravos e Imunidade Animal – Prof. Arnaldo | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 
Resumo – Estruturas reprodutivas 
 Zigomicetos Ascomicetos Basidiomicetos 
Reprodução 
sexuada 
Zigósporos Ascóporos Basidiósporos 
Reprodução 
assexuada 
Esporangiósporos Conidiósporos Conidiósporos 
Exemplo Rhizopus sp. Saccaromyces cerevisae Candida albicans