Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Futuro(a) Policial Civil do Distrito Federal, Primeiramente, gostaria de dizer que é um grande prazer conversar contigo! A ideia desse eBook é trazer questões inéditas de minha autoria – 60 ao todo – para que você possa chegar na sua prova completamente afiado para gabaritar as questões obre essa Lei. Tenho muita satisfação em afirmar que fui o primeiro Prof. do Brasil a produzir aula analisando ponto a ponto dessa Lei, quando ela ainda estava aguardando a derrubada dos vetos presidenciais pelo Congresso Nacional. Após a derrubada dos vetos, produzi novas aulas comentando cada um dos dispositivos e trazendo questões inéditas. Do início da entrada em vigor até aqui participei de muitos eventos relacionados a essa Lei e criei muitas questões no estilo da banca Cebraspe (antigo Cespe). Hoje eu e a ENAPOL trazemos esse eBook, com todas essas questões com comentários detalhados, como um presente para você! Aproveite ao máximo! 2 Sócio Fundador e Professor da Escola Nacional de Polícia Legislativa (ENAPOL). Policial Legislativo do Senado Federal. Graduado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e em Gestão de Segurança Pública pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Especialista em Inteligência de Estado e Inteligência de Segurança Pública pela International Association for Security and Intelligence Studies (INASIS). Pós-Graduado em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Direito Administrativo, ambas pela Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz. Instrutor na área de Inteligência e Segurança Pública em cursos de diversos órgãos da Administração Pública Federal e nas turmas de Especialização da INASIS. Ministra cursos preparatórios para concursos nas áreas de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Segurança Pública, Legislação Penal Especial, Promoção da Igualdade Racial, Direito das Pessoas com Deficiência e legislações específicas. Aprovado e nomeado nos seguintes certames: Agente Administrativo do Ministério do Trabalho e Emprego (2008), Agente de Inteligência da ABIN (2008), Analista Administrativo da Aneel (2010), Policial Legislativo do Senado Federal (2012), Analista de Apoio Jurídico do MPU (2013) e Policial Legislativo da Câmara dos Deputados (2014). 3 SUMÁRIO 1. QUESTÕES SEM OS COMENTÁRIOS ....................................................................................... 4 2. GABARITO ........................................................................................................................... 17 3. QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................... 18 4 1. QUESTÕES SEM OS COMENTÁRIOS 1. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. 2. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A nova Lei de Abuso de Autoridade prevê crimes de ação penal pública condicionada à representação e crimes de ação penal pública incondicionada. 3. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Lei nº 13.869/2019 prevê expressamente a possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública, exercida no prazo de 12 (doze) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 4. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, constitui efeito automático da condenação por crime de abuso de autoridade a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 5. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a nova Lei de Abuso de Autoridade, para aplicar a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, deve o Juiz motivar de forma específica na sentença condenatória. 5 6. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A perda do cargo, do mandato ou da função pública e a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, como efeitos da condenação por crime de abuso de autoridade, nos termos da Lei nº 13.869/2019, são condicionados à ocorrência de reincidência em crimes dessa natureza. 7. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, não é possível a substituição das penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos, tendo em vista a gravidade da violação aos bens jurídicos protegidos pela referida lei. 8. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a nova Lei de Abuso de Autoridade, a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. 9. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O Delegado de Polícia Civil Floriosmildo submeteu preso, capturado em flagrante delito, a interrogatório policial durante o período de repouso noturno. Nessa situação, Floriosmildo poderá responder por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. 10. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Juíza Sérgia Mara, titular de uma das varas criminais do TJDFT, divulgou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretendia produzir em sede de instrução processual penal, expondo momentos íntimos do investigado Lolo com a sua amante. Nessa situação, a referida magistrada poderá responder por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019, sujeita à pena de reclusão de 1 a 4 anos, e multa. 6 11. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, que abuse do poder que lhe tenha sido atribuído, desde que esteja no exercício de suas funções. 12. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a nova Lei de Abuso de Autoridade, para aplicar a perda do cargo, do mandato ou da função pública, deve o Juiz motivar de forma específica na sentença condenatória, desde que o réu seja reincidente em crime doloso. 13. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Situação Hipotética: O Magistrado Tício decretou, em processo judicial, a indisponibilidade dos ativos financeiros no valor de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais) do réu Caio por conta de uma dívida que este tinha com a parte autora no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). O réu Caio peticionou pela reconsideração da medida, requerendo a redução do valor bloqueado para patamar compatível à sua dívida, mesmo assim o Magistrado Tício manteve a decisão inicial. Assertiva: O magistrado Tício responderá por crime de abuso de autoridade, com pena de detenção de um a quatro anos e multa. 14. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Em qualquer hipótese, o agente público que demora demasiadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado responde por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. 7 15. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui infração de menor potencial ofensivo o fato de o responsável pelas investigações antecipar, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação. 16. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, comete crime de abuso de autoridade o agente público que cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 18h (dezoito horas) ou antes das 5h (cinco horas). 17. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Todos os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 podem ter suas penas privativas de liberdade substituídas por penas restritivas de direito. 18. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Os crimes de abuso de autoridade previstos na Lei nº 13.869/2019 que forem cometidos por militares em serviço serão da competência da justiçacomum. 19. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Serão aplicados o rito e os institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95 aos crimes de abuso de autoridade cometidos por militares, desde que constituam infrações de menor potencial ofensivo. 20. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração administrativa, à falta de qualquer indício da prática de ilícito funcional ou infração administrativa, mesmo nos casos de justificada sindicância ou investigação preliminar sumária. 21. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, as responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, sendo admissível o questionamento sobre a existência ou a autoria do fato nas esferas cível e 8 administrativa quando esses elementos tenham sido elucidados e decididos no juízo criminal. 22. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Segundo a nova lei de abuso de autoridade, faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 23. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responde por crime de abuso de autoridade o agente público que, pelo excesso de serviço e escassez de pessoal, deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas, conseguindo entregar a referida nota apenas após 36 (trinta e seis) horas. 24. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade, previsto expressamente na Lei nº 13.869/2019, o agente público que constrange o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública. O referido agente público poderá, em tese, ser beneficiado pelo instituto da suspensão condicional do processo ou ter sua pena privativa de liberdade substituída pela pena restritiva de direito de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas. 25. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que mantém, por mero capricho ou satisfação pessoal, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado. 9 26. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. A referida previsão se enquadra como causa excludente de ilicitude. 27. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O particular que atua em conjunto com agente público na prática de conduta tipificada pela Lei nº 13.869/2019 pode responder por crime de abuso de autoridade, desde que tenha conhecimento da condição de agente público do aliado. 28. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O crime previsto no art. 9º da Lei 13.869/2019, consistente em decretar medida de privação de liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais, é crime material que se consuma tão somente após o cumprimento da decisão judicial abusiva. 29. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responderá por crime de abuso de autoridade, previsto na Lei n° 13.869/2019, o agente público que, mediante violência, constranger o preso a produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro, causando-lhe sofrimento físico. 30. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A autoridade que inova artificiosamente, no curso de investigação, o estado de coisa com o fim de eximir-se de responsabilidade, responderá por crime de abuso de autoridade consumado, previsto na Lei nº 13.869/2019, por mais que não consiga alcançar o seu objetivo. 31. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responde por crime de abuso de autoridade previsto na Lei n° 13.869/2019 o agente público que faz uso de prova ilícita em desfavor do 10 investigado ou fiscalizado, mesmo que só venha a ter conhecimento dessa ilicitude em momento posterior, após recurso da defesa. 32. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O Delegado de Polícia Epamilondas deu início ao interrogatório do investigado Paulo Roberto, após o seu indiciamento. O indiciado, acompanhado por seu advogado, optou por exercer o seu direito ao silêncio. Em seguida, Epamilondas sugeriu ao indiciado acordo de colaboração premiada, indicando os benefícios possíveis. Nessa situação, o referido Delegado cometeu crime de abuso de autoridade, por ter prosseguido com o interrogatório de Paulo Roberto, mesmo este tendo decidido exercer o seu direito ao silêncio. 33. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a Lei n° 13.869/2019, constitui crime de abuso de autoridade o agente público deixar de identificar-se ao preso quando de sua captura. Pode-se afirmar, portanto, que a referida lei criminalizou como abuso de autoridade a utilização de balaclavas em operações policiais de alto risco. 34. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O agente policial que mantém homem e mulher no mesmo compartimento constritivo de viatura policial, por mero capricho ou satisfação pessoal, comete crime de abuso de autoridade. 35. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade o fato de o agente público, com o intuito de prejudicar terceiro, solicitar o depoimento de pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo. 11 36. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Pode configurar crime de abuso de autoridade previsto na Lei n° 13.869/2019 a omissão dolosa quanto à imediata liberação de criança ou adolescente cuja apreensão tenha sido ilegal. 37. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O empresário Ricardo Brecht foi convidado para depor como testemunha em determinada CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre fatos que já estavam sendo investigados pela Polícia Federal. Era público e notório que o empresário se encontrava na posição de principal suspeito no cometimento de diversos crimes e estava prestes a ser indiciado. No dia do depoimento, por mero capricho, o Senador Presidente da CPI impediu Ricardo de se entrevistar pessoal e reservadamente com seu advogado, por prazo razoável, antes da sessão na qual seria ouvido. Neste caso, o Senador Presidente da CPI cometeu crime de abuso de autoridade previsto expressamente na Lei nº 13.869/2019. 38. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o magistrado que, após avaliar os fatos e as provas, por não entender cabível, deixar de deferir ordem de habeas corpus. O referido crime se consuma após a instância superior, acatando recurso do paciente, conceder o habeas corpus por considerá-lo manifestamente cabível. 39. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Alfredo, servidor público da Receita Federal, acreditando estar respaldado pela legislação fiscal vigente, exigiu de administrado o cumprimento de obrigação sem expresso amparo legal. Nessa situação, Alfredo cometeu crime previsto na nova lei de abuso de autoridade. 40. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que, por mera satisfação pessoal, convence o preso a se exibir à curiosidade pública em programa de televisão de viés editorial sensacionalista. 12 41. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) É efeito automático da condenação em crime de abuso de autoridade tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. 42. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Na condenação por crime de abuso de autoridade, independentemente de requerimento do ofendido, deve o juiz fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos. 43. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) As notícias de crimes previstosna nova lei de abuso de autoridade que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. 44. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade requisitar ou instaurar em desfavor de alguém procedimento investigatório de infração penal sem qualquer indício, não haverá crime, entretanto, se o referido procedimento se referir à infração administrativa, mesmo que igualmente não haja qualquer indício em desfavor do investigado. 45. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Lei nº 13.869/2019 criminaliza a “carteirada”, já que tona típico o fato de se utilizar do cargo ou invocar essa condição para se eximir de obrigação ou obter vantagem ou privilégio indevido. 46. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que estende a investigação em virtude da complexidade das diligências empregadas. 47. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que nega ao interessado, seu defensor ou advogado, acesso aos autos de 13 investigação que contenham diligências em andamento, como a realização de interceptações telefônicas. 48. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, depois de concluídas as apurações e formalizada a acusação. 49. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete abuso de autoridade o magistrado que, por mero capricho, decreta a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem realizar prévia intimação de comparecimento ao juízo. 50. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Com o intuito de prejudicar o investigado Jason, o policial James da equipe de Inteligência da Polícia Civil se fez passar por agente comunitário de saúde, de maneira a conseguir adentrar o imóvel de Jason, por ter falado que precisaria verificar se tinha algum foco de dengue naquele local. No interior do referido imóvel, James obteve provas que foram utilizadas formalmente na investigação. Nessa situação, as mencionadas provas são lícitas, não tendo James cometido crime algum por estar amparado pelo estrito cumprimento do seu dever legal. 51. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o membro do Ministério Público que, com o intuito de prejudicar o investigado, procede à persecução penal sem justa causa fundamentada. 52. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Pratica crime de abuso de autoridade o agente público que não comunica, imediatamente, a prisão de determinada pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ele indicada, pelo fato de uma forte tempestade 14 ter danificado torres de comunicação telefônica e ter inviabilizado o trânsito de veículos dentro da cidade. 53. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O Policial Penal Abreu recebeu alvará de soltura para dar cumprimento e promover a imediata soltura do preso Ayrton. Todavia, nesse mesmo momento Abreu recebeu uma mensagem via whatsapp de sua namorada terminando o namoro. Fragilizado com o término do relacionamento (e pela forma do rompimento amoroso), Abreu acabou se esquecendo de cumprir o alvará de soltura e Ayrton acabou ficando três dias a mais preso, quando a Administração Penitenciária verificou o erro e só então deu cumprimento ao alvará de soltura. Nessa situação, o policial penal Abreu poderá ser responsabilizado na esfera administrativa por descumprimento dos seus deveres funcionais, além de responder por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. 54. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Lei nº 13.869/2019 prevê a suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens. A referida suspensão possui natureza jurídica de sanção administrativo-disciplinar. 55. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Segundo a Lei nº 13.869/2019, será admitida ação privada subsidiária da pública se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 15 56. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responde por crime de abuso de autoridade o agente público que constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, por acreditar que a referida pessoa ainda está viva e, desesperadamente, buscar tratamento médico. 57. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019 a conduta consistente em inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade. 58. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Valtuíno, Diretor de Estabelecimento Penal, temendo responsabilização administrativa de sua gestão, impediu, injustificadamente, o envio de pleito de determinado preso à autoridade judiciária competente para a apreciação das circunstâncias de sua custódia. O magistrado responsável pela vara de execuções penais competente para apreciação do pleito foi cientificado dessa situação por petição firmada por um dos agentes penitenciários do referido estabelecimento penal, que estava revoltado com a injustiça da situação enfrentada pelo mencionado preso. Ciente desse impedimento, o referido Magistrado se manteve inerte, não tomando as providências para saná-lo, pois era amigo de Valtuíno. Nessas circunstâncias, tanto Valtuíno quanto o magistrado cometeram crimes de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. 59. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei nº 13.869/2019, promoveu alterações na Lei de Interceptações Telefônicas. 16 60. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O reincidente em crime de abuso de autoridade tem direito ao benefício da substituição de sua pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, como a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas ou a suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens. 17 2. GABARITO 1 2 3 4 5 C E E E C 6 7 8 9 10 C E C E E 11 12 13 14 15 E E C E C 16 17 18 19 20 E E E E E 21 22 23 24 25 E C E E C 26 27 28 29 30 E C E E C 31 32 33 34 35 E E E C E 36 37 38 39 40 E E E E E 41 42 43 44 45 C E C E C 46 47 48 49 50 E E E C E 51 52 53 54 55 C E E E C 56 57 58 59 60 E C C C E 18 3. QUESTÕES COMENTADAS 1. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. Comentário: A nova Lei de Abuso de Autoridade traz um âmbito subjetivo de aplicação bastante amplo, definindo crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. Pode figurar como sujeito ativo desses crimes qualquer agente público, servidor ou não, que exerça, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade da administração direta, indiretaou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. Gabarito: CERTO. 2. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A nova Lei de Abuso de Autoridade prevê crimes de ação penal pública condicionada à representação e crimes de ação penal pública incondicionada. A Lei nº 13.869 prevê apenas crimes de ação penal pública incondicionada. 19 Gabarito: ERRADA. 3. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Lei nº 13.869/2019 prevê expressamente a possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública, exercida no prazo de 12 (doze) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. É verdade que a nova lei de abuso de autoridade prevê a possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública. Todavia, o prazo para exercício é de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. Gabarito: ERRADO. 4. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, constitui efeito automático da condenação por crime de abuso de autoridade a perda do cargo, do mandato ou da função pública. Comentário: A perda do cargo, do mandato ou da função pública constitui efeito NÃO AUTOMÁTICO da condenação por crime de abuso de autoridade, devendo o juiz motivar especificamente na sentença penal condenatória. Gabarito: ERRADO. 5. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a nova Lei de Abuso de Autoridade, para aplicar a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, deve o Juiz motivar de forma específica na sentença condenatória. 20 Comentário: Perfeito! Como o referido efeito extrapenal da condenação não é automático, o juiz deve motivar especificamente na sentença penal condenatória. Gabarito: CERTO. 6. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A perda do cargo, do mandato ou da função pública e a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, como efeitos da condenação por crime de abuso de autoridade, nos termos da Lei nº 13.869/2019, são condicionados à ocorrência de reincidência em crimes dessa natureza. Comentário: É isso mesmo! Ambos os efeitos referidos na assertiva são condicionados à reincidência específica (reincidência em crimes de abuso de autoridade). Gabarito: CERTO. 7. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, não é possível a substituição das penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos, tendo em vista a gravidade da violação aos bens jurídicos protegidos pela referida lei. Comentário: É possível a substituição por penas restritivas de direitos, mencionadas expressamente nos incisos I e II do art. 5º da nova lei de abuso. Todavia, os crimes de abuso de autoridade cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa (art. 13; art. 22, I; art. 24 da Lei nº 13.869/2019) não são suscetíveis da mencionada substituição, tendo em vista o óbice legal estabelecido no art. 44, I do Código Penal. Gabarito: ERRADO. 21 8. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a nova Lei de Abuso de Autoridade, a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. Comentário: Perfeito! É o teor do §2º do art. 1º da Lei nº 13.869/2019. Ressalte-se que para configurar crime de abuso de autoridade a referida lei exige que o sujeito ativo pratique as condutas nela tipificadas com o dolo específico de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. Dessa maneira, fica evidente que mera divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura as modalidades de dolo específico exigidas pela lei. Gabarito: CERTO. 9. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O Delegado de Polícia Civil Floriosmildo submeteu preso, capturado em flagrante delito, a interrogatório policial durante o período de repouso noturno. Nessa situação, Floriosmildo poderá responder por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. Comentário: A nova Lei de Abuso tipifica como crime de abuso de autoridade a conduta de submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações. Observe que a lei menciona duas exceções: 1. Preso capturado em flagrante delito; 2. Preso consentir em prestar declarações, desde que esteja devidamente assistido pelo seu advogado ou defensor público. Como o preso havia sido capturado em flagrante delito, o interrogatório policial durante o período de repouso noturno não tipifica crime de abuso de autoridade. 22 Gabarito: ERRADO. 10. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Juíza Sérgia Mara, titular de uma das varas criminais do TJDFT, divulgou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretendia produzir em sede de instrução processual penal, expondo momentos íntimos do investigado Lolo com a sua amante. Nessa situação, a referida magistrada poderá responder por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019, sujeita à pena de reclusão de 1 a 4 anos, e multa. Comentário: Qualquer semelhança com os nomes é mera coincidência, ok?! Hehe Veja só meu querido aluno... muito cuidado com essa questão! A conduta descrita em tese configuraria o crime previsto no art. 28 da nova Lei de Abuso: Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Todavia... o examinador (eu, no caso hehe) foi malandro! Tem uma pegadinha no final da questão: a assertiva fala que a juíza estaria sujeita à pena de reclusão de 1 a 4 anos, e multa. Acontece que a nova lei de abuso de autoridade não traz nenhum crime punível com pena de reclusão. Apenas DETENÇÃO! Beleza?! Promete pra mim que não errar uma dessa na hora da prova?! Fechado! Temos um acordo! Gabarito: ERRADO. 23 11. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, que abuse do poder que lhe tenha sido atribuído, desde que esteja no exercício de suas funções. Comentário: Não necessariamente precisa estar no exercício do cargo. Nos termos do art. 1º da Lei nº 13.869/2019, os crimes de abuso de autoridade podem ser cometidos no exercício das funções ou a pretexto de exercê-las. Gabarito: ERRADO. 12. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a nova Lei de Abuso de Autoridade, para aplicar a perda do cargo, do mandato ou da função pública, deve o Juiz motivar de forma específica na sentença condenatória, desde que o réu seja reincidente em crime doloso. Comentário: A primeira parte da questão está correta. Para aplicar a perda do cargo, do mandato ou da função pública ou a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, o Juiz deverá sempre motivar de forma específica, tendo em vista que esses efeitos da condenação não são automáticos. Todavia, a reincidência deve ser específica. Veja que a questão apontou uma reincidência genérica (ser reincidente em crime doloso). De acordo com a Lei nº 13.869/2019, para que se apliquem os referidos efeitos não automáticos deve haver reincidência específica em crime de abuso de autoridade. Gabarito: ERRADO. 24 13. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Situação Hipotética: O Magistrado Tício decretou, em processo judicial, a indisponibilidade dos ativos financeiros no valor de R$ 900.000,00(novecentos mil reais) do réu Caio por conta de uma dívida que este tinha com a parte autora no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). O réu Caio peticionou pela reconsideração da medida, requerendo a redução do valor bloqueado para patamar compatível à sua dívida, mesmo assim o Magistrado Tício manteve a decisão inicial. Assertiva: O magistrado Tício responderá por crime de abuso de autoridade, com pena de detenção de um a quatro anos e multa. Comentário: Nos termos da Lei nº 13.869/2019, responde por crime de abuso de autoridade o magistrado que decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e ante a demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixe de corrigi-la. Observe que o crime só se consuma após a parte demonstrar a excessividade da medida e o Juiz deixar de corrigi-la. Desse modo, Tício cometeu crime previsto na nova lei de abuso de autoridade, para o qual se atribui pena de detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Gabarito: CERTO. 14. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Em qualquer hipótese, o agente público que demora demasiadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado responde por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. Comentário: A questão generalizou ao inserir a expressão “em qualquer hipótese”. Responderá por crime de abuso de autoridade, nos termos do art. 37 da Lei, o agente 25 público que assim o proceder de maneira injustificada, com o intuito de procrastinar o andamento ou retardar o julgamento do referido processo. Gabarito: ERRADO. 15. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui infração de menor potencial ofensivo o fato de o responsável pelas investigações antecipar, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação. Comentário: A conduta mencionada na assertiva está presente no art. 38 da Lei nº 13.869/2019, com a previsão de pena em abstrato de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Como a pena privativa de liberdade máxima prevista em abstrato não ultrapassa o quantum de dois anos, trata-se realmente de uma infração de menor potencial ofensivo, aplicando-se o procedimento e os institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95. Gabarito: CERTO. 16. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, comete crime de abuso de autoridade o agente público que cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 18h (dezoito horas) ou antes das 5h (cinco horas). De acordo com o inciso III do §1º do art. 22 da referida Lei, responderá por crime de abuso de autoridade o agente que cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). Gabarito: ERRADO. 26 17. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Todos os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 podem ter suas penas privativas de liberdade substituídas por penas restritivas de direito. Comentário: Os crimes de abuso de autoridade cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa (art. 13; art. 22, I; art. 24 da Lei nº 13.869/2019) não são suscetíveis da mencionada substituição, tendo em vista o óbice legal estabelecido no art. 44, I do Código Penal. Gabarito: ERRADO. 18. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Os crimes de abuso de autoridade previstos na Lei nº 13.869/2019 que forem cometidos por militares em serviço serão da competência da justiça comum. Comentário: Com a mudança no Código Penal Militar realizada pela Lei nº 13.491/2017, houve um alargamento da competência das justiças militares da União e dos Estados. A mencionada lei considerou como crimes militares não apenas os crimes previstos no Código Penal Militar, mas também os previstos na legislação penal comum, desde que praticados nas circunstâncias enumeradas nas alíneas do inciso II do art. 9º do Código Penal castrense, entre as quais se encontra a circunstância de o militar estar em serviço. Gabarito: ERRADO. 19. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Serão aplicados o rito e os institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95 aos crimes de abuso de autoridade cometidos por militares, desde que constituam infrações de menor potencial ofensivo. 27 Comentário: Essa é uma questão interdisciplinar, que envolve conhecimentos da Lei nº 13.869/2019 e da Lei nº 9.099/95. Aposto muito em uma questão como essa em sua prova, tendo em vista que ambas as leis estão no seu edital! Veja... nos termos do art. 90- A, a Lei nº 9.099/95 não se aplica no âmbito da Justiça Militar! Dessa maneira, mesmo que o militar cometa um crime que constitua infração de menor potencial ofensivo, com pena máxima cominada em abstrato que não ultrapasse o quantum de 2 anos, não teremos a aplicação das disposições da Lei dos Juizados Especiais Criminais, não havendo que se falar na aplicação do rito sumaríssimo ou dos institutos despenalizadores ali previstos. Gabarito: ERRADO. 20. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração administrativa, à falta de qualquer indício da prática de ilícito funcional ou infração administrativa, mesmo nos casos de justificada sindicância ou investigação preliminar sumária. Comentário: Nos termos do parágrafo único do art. 27, não haverá crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Gabarito: ERRADO. 21. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, as responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, sendo admissível o questionamento sobre a existência ou a autoria do fato nas esferas cível e administrativa quando esses elementos tenham sido elucidados e decididos no juízo criminal. 28 Comentário: Quando essas questões tiverem sido elucidadas e decididas no juízo criminal, não será possível o questionamento sobre a existência ou a autoria do fato nas esferas cível e administrativa, nos termos do art. 7º da nova lei de abuso. Gabarito: ERRADO. 22. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Segundo a nova lei de abuso de autoridade, faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Comentário: É o que prevê o art. 8º da Lei nº 13.869/2019. Gabarito: CERTO. 23. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responde por crime de abuso de autoridade o agente público que, pelo excesso de serviço e escassez de pessoal, deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas, conseguindo entregar a referida nota apenas após 36 (trinta e seis) horas. Comentário: Para que o referido agente responda por crime previsto na nova lei de abuso de autoridade, além da prática das condutas objetivamente descritas, deve estar presente o dolo específico mencionado no §1º do art. 1º (prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal). A questão deixa claro que esse dolo não está presente ao referir que na situação hipotética descrita o agente teria deixado de entregar a nota de culpa no prazo de 24 (vinte e quatro) horas devido ao excesso de serviço e escassez de pessoal na repartição. 29 Gabarito: ERRADO. 24. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade, previsto expressamente na Lei nº 13.869/2019, o agente público que constrange o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência,a exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública. O referido agente público poderá, em tese, ser beneficiado pelo instituto da suspensão condicional do processo ou ter sua pena privativa de liberdade substituída pela pena restritiva de direito de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas. Comentário: A conduta descrita trata-se de crime de abuso de autoridade previsto no art. 13, I da nova lei de abuso. Como a pena mínima não é superior a um ano, cabe em tese o benefício da suspensão condicional do processo, desde que cumpridos os outros requisitos enumerados na Lei nº 9.099/95. Todavia, caso haja condenação, não cabe substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, tendo em vista que para os crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa impera o óbice legal estabelecido no art. 44, I do Código Penal. Gabarito: ERRADO. 25. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que mantém, por mero capricho ou satisfação pessoal, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado. Comentário: Trata-se da conduta prevista no parágrafo único do art. 21 da Lei nº 13.869/2019. Veja que está presente o dolo específico de abusar do poder por mero capricho ou satisfação pessoal mencionado no §1º do art. 1º. 30 Gabarito: CERTO. 26. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Nos termos da Lei nº 13.869/2019, a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. A referida previsão se enquadra como causa excludente de ilicitude. Comentário: Na verdade, a previsão normativa mencionada pela questão afasta o dolo específico exigido pela nova lei de abuso de autoridade (prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal). Ao afastar o dolo, o fato passa a ser atípico. Trata-se, portanto, de exclusão da tipicidade e não da ilicitude. Gabarito: ERRADO. 27. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O particular que atua em conjunto com agente público na prática de conduta tipificada pela Lei nº 13.869/2019 pode responder por crime de abuso de autoridade, desde que tenha conhecimento da condição de agente público do aliado. Comentário: Perfeito! Aplica-se no caso o art. 30 do Código Penal, segundo o qual as circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam quando forem elementares do crime e, logicamente, o coautor ou partícipe delas tenha conhecimento. Gabarito: CERTO. 28. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O crime previsto no art. 9º da Lei 13.869/2019, consistente em decretar medida de privação de liberdade em manifesta 31 desconformidade com as hipóteses legais, é crime material que se consuma tão somente após o cumprimento da decisão judicial abusiva. Comentário: Trata-se de crime formal, que se consuma mesmo que não haja o cumprimento da decisão de privação de liberdade. Gabarito: ERRADO. 29. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responderá por crime de abuso de autoridade, previsto na Lei n° 13.869/2019, o agente público que, mediante violência, constranger o preso a produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro, causando-lhe sofrimento físico. Comentário: Nesta situação, por ter causado sofrimento físico, o agente responderá por crime de tortura-prova (ou tortura confissão) previsto no art. 1º, I, a, da Lei nº 9.455/97, que absorverá o crime de abuso de autoridade. Gabarito: ERRADO. 30. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A autoridade que inova artificiosamente, no curso de investigação, o estado de coisa com o fim de eximir-se de responsabilidade, responderá por crime de abuso de autoridade consumado, previsto na Lei nº 13.869/2019, por mais que não consiga alcançar o seu objetivo. Comentário: Perfeito. A figura prevista no art. 23 da nova lei de abuso é crime formal. O fato de o agente público conseguir se eximir de responsabilidade é mero exaurimento da conduta delitiva. O crime se consuma no momento em que a autoridade inova 32 artificiosamente munido do dolo específico de se eximir de responsabilidade, mesmo que não consiga lograr esse intento. Gabarito: CERTO. 31. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responde por crime de abuso de autoridade previsto na Lei n° 13.869/2019 o agente público que faz uso de prova ilícita em desfavor do investigado ou fiscalizado, mesmo que só venha a ter conhecimento dessa ilicitude em momento posterior, após recurso da defesa. Comentário: Absurdo esse item! O agente público só responderia por crime de abuso de autoridade se tivesse prévio conhecimento da ilicitude da prova, nos termos do parágrafo único do art. 25 da Lei nº 13.869/2019. Até porque apenas nesse caso ficaria evidente o dolo específico exigido pelo §1º do art. 1º; Gabarito: ERRADO. 32. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O Delegado de Polícia Epamilondas deu início ao interrogatório do investigado Paulo Roberto, após o seu indiciamento. O indiciado, acompanhado por seu advogado, optou por exercer o seu direito ao silêncio. Em seguida, Epamilondas sugeriu ao indiciado acordo de colaboração premiada, indicando os benefícios possíveis. Nessa situação, o referido Delegado cometeu crime de abuso de autoridade, por ter prosseguido com o interrogatório de Paulo Roberto, mesmo este tendo decidido exercer o seu direito ao silêncio. Comentário: Não há que se falar em crime de abuso de autoridade no caso descrito acima. Percebe-se a ausência do dolo específico mencionado no §1º do art. 1º da mesma Lei. Com efeito, não se pode inferir que a sugestão de acordo de colaboração premiada seja feita 33 com o dolo de “prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal”. Gabarito: ERRADO. 33. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) De acordo com a Lei n° 13.869/2019, constitui crime de abuso de autoridade o agente público deixar de identificar-se ao preso quando de sua captura. Pode-se afirmar, portanto, que a referida lei criminalizou como abuso de autoridade a utilização de balaclavas em operações policiais de alto risco. Comentário: A balaclava ou “capuz” é bastante utilizada pelas polícias civis e militares estaduais em ações operacionais de alto risco realizadas por grupos táticos. Muitas vezes também são utilizadas em operações da Polícia Federal contra grandes organizações criminosas e, de forma esporádica, pelo Exército Brasileiro, por exemplo, nas recentes operações de ocupação dos morros do Rio de Janeiro. A balaclava visa a proteção do policial, resguardando sua segurança em locais públicos nos quais são realizadas essas operações, mas não implica violação ao preceito constitucional segundo o qual “o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial”. Nos termos expressos do art. 16 da nova lei de abuso, constitui crime “deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão”. Pelo texto em negrito da lei, percebe-se que essa identificação não precisa acontecer presencialmente no momento exato da captura, pois isso poderia atrapalhar a execução dos trabalhos e a própria segurança dos envolvidos. Portanto, é comum que a identificação ocorra em momento posterior, durante as etapas administrativas no âmbito policial relacionadas à prisão. Por exemplo, a autoridade policial, no interrogatório do preso ou no registro de ocorrência (prisão 34 cautelar, captura ou recaptura), pode realizar expressa menção do nome dos responsáveis pela prisão. Gabarito: ERRADO. 34. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O agente policial que mantém homem e mulher no mesmo compartimento constritivo de viatura policial, por mero capricho ou satisfação pessoal, comete crime de abusode autoridade. Comentário: Nos termos do art. 21 da Lei n° 13.869/2019, constitui crime de abuso de autoridade “manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento”. Observe que a Lei não se refere tão somente à cela (cárcere), mas a qualquer espaço de confinamento, entre os quais se encontra o referido compartimento da viatura policial (o famoso “camburão”). Veja também que a questão fez referência expressa ao dolo específico de “mero capricho ou satisfação pessoal” presente entre os previstos no §1º do art. 1º da referida Lei. Gabarito: CERTO. 35. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade o fato de o agente público, com o intuito de prejudicar terceiro, solicitar o depoimento de pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo. Comentário: A mera solicitação não constitui crime de abuso de autoridade. Nos termos do art. 15 configura crime de abuso quando o agente público constrange a depor, sob ameaça de prisão, as pessoas referidas na assertiva que possuem prerrogativa de sigilo. 35 Gabarito: ERRADO. 36. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Pode configurar crime de abuso de autoridade previsto na Lei n° 13.869/2019 a omissão dolosa quanto à imediata liberação de criança ou adolescente cuja apreensão tenha sido ilegal. Comentário: O examinador (eu, Prof. Diego, no caso... hehe) tentou lhe confundir, levando-o a crer que se trataria do delito previsto no inciso I do Parágrafo Único do art. 9º da nova lei de abuso (“Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de relaxar a prisão manifestamente ilegal”). Aplica-se ao caso o brocardo hermenêutico segundo o qual “Lex specialis derogat legi generali”, prevalecendo a lei específica. Veja ainda que a Lei de Abuso fala em prisão (imputáveis) e não em apreensão de criança ou adolescente. Trata-se, portanto, de crime específico previsto no art. 234 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990). Gabarito: ERRADO. 37. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O empresário Ricardo Brecht foi convidado para depor como testemunha em determinada CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre fatos que já estavam sendo investigados pela Polícia Federal. Era público e notório que o empresário se encontrava na posição de principal suspeito no cometimento de diversos crimes e estava prestes a ser indiciado. No dia do depoimento, por mero capricho, o Senador Presidente da CPI impediu Ricardo de se entrevistar pessoal e reservadamente com seu advogado, por prazo razoável, antes da sessão na qual seria ouvido. Neste caso, o Senador Presidente da CPI cometeu crime de abuso de autoridade previsto expressamente na Lei nº 13.869/2019. 36 Comentário: Questão polêmica! Nos termos do parágrafo único do art. 20 da nova lei de abuso, constitui crime impedir “o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência JUDICIAL, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.” Em primeiro lugar, veja-se que embora esteja sendo ouvido como testemunha, Ricardo Brecht está de fato na condição de investigado, preservando, por exemplo, seu direito constitucional ao silêncio. Quanto ao suposto crime apontado pela assertiva, este de fato estaria configurado se a mesma conduta tivesse sido praticado em uma audiência JUDICIAL. Direito Penal se interpreta restritivamente para incriminar! Não se pode ampliar o texto legal expresso para considerar criminosa a referida conduta do Presidente da CPI, a qual não ocorreu em uma audiência judicial. Portanto, não teremos a configuração de crime de abuso de autoridade, embora tal conclusão possa parecer injusta e revoltante. Qual foi mesmo o Poder que elaborou essa lei?! Isso talvez explique o fato de terem inserido essa expressão “judicial”. ���� Gabarito: ERRADO. 38. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o magistrado que, após avaliar os fatos e as provas, por não entender cabível, deixar de deferir ordem de habeas corpus. O referido crime se consuma após a instância superior, acatando recurso do paciente, conceder o habeas corpus por considerá-lo manifestamente cabível. Comentário: Ausente o dolo específico (prejudicar outrem, beneficiar a si mesmo ou a terceiro, mero capricho ou satisfação pessoal), não há o crime previsto no art. 9º, 37 Parágrafo Único, inciso III. Ademais, nos termos do §2ºdo art. 1º, a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. Gabarito: ERRADO. 39. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Alfredo, servidor público da Receita Federal, acreditando estar respaldado pela legislação fiscal vigente, exigiu de administrado o cumprimento de obrigação sem expresso amparo legal. Nessa situação, Alfredo cometeu crime previsto na nova lei de abuso de autoridade. Comentário: Ao mencionar que Alfredo acreditava estar respaldado pela legislação fiscal vigente, a assertiva quis deixar claro que não houve dolo. Como não houve dolo (prejudicar alguém, beneficiar a si mesmo ou a terceiro ou por mero capricho ou satisfação pessoal), não há que se falar em crime de abuso de autoridade. Gabarito: ERRADO. 40. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que, por mera satisfação pessoal, convence o preso a se exibir à curiosidade pública em programa de televisão de viés editorial sensacionalista. Comentário: Para que se configure o crime de abuso de autoridade previsto no art. 13, I da Lei nº 13.869/2019 é necessário que o agente público” constranja o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência”, o que não aconteceu no caso apresentado pela assertiva, já que o agente público CONVENCEU o preso a se exibir à curiosidade pública. Gabarito: ERRADO. 38 41. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) É efeito automático da condenação em crime de abuso de autoridade tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. Comentário: Perfeito. Tratando-se de efeito automático da condenação, não se exige motivação específica por parte do Juiz. Gabarito: CERTO. 42. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Na condenação por crime de abuso de autoridade, independentemente de requerimento do ofendido, deve o juiz fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos. Comentário: Nos termos do inciso I do art. 4º da Lei nº 13.869/2019, para que o juiz da seara criminal arbitre patamar mínimo para reparação dos danos, o ofendido deve requerer. Gabarito: ERRADO. 43. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) As notícias de crimes previstos na nova lei de abuso de autoridade que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. Comentário: Como as esferas são independentes, para fins de responsabilização administrativa do agente que cometer crime de abuso de autoridade, a Lei fez previsão do dever de comunicação do fato à autoridade administrativa competente para apurar faltas funcionais. Gabarito: CERTO. 39 44. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade requisitar ou instaurar em desfavor de alguém procedimento investigatório de infração penal sem qualquer indício, não haverá crime, entretanto, se o referido procedimento se referir à infração administrativa, mesmo que igualmente não haja qualquer indício em desfavor do investigado. Comentário: O crime previsto no art. 27 da Lei nº 13.869/2019 se aplica ao contexto de investigação sem indícios seja na esfera penal ou na administrativa.Gabarito: ERRADO. 45. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Lei nº 13.869/2019 criminaliza a “carteirada”, já que tona típico o fato de se utilizar do cargo ou invocar essa condição para se eximir de obrigação ou obter vantagem ou privilégio indevido. Comentário: Perfeito! É isso mesmo. As famosas “carteiradas” foram criminalizadas pelo art. 33, parágrafo único da Lei nº 13.869/2019. Gabarito: CERTO. 46. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que estende a investigação em virtude da complexidade das diligências empregadas. Comentário: Para se configurar o crime previsto no art. 31 da Lei nº 13.869/2019, o agente deve estender INJUSTIFICADAMENTE a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado. Veja que deve estar presente o dolo de prejudicar o investigado ou fiscalizado, de maneira que torna a demora na investigação algo injustificado. Não foi 40 o que aconteceu no comando da assertiva... a questão menciona uma justificativa plausível – a complexidade das diligências. Gabarito: ERRADO. 47. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o agente público que nega ao interessado, seu defensor ou advogado, acesso aos autos de investigação que contenham diligências em andamento, como a realização de interceptações telefônicas. Comentário: De forma alguma! O crime de abuso de autoridade ocorre quando se nega acesso aos documentos relativos a etapas vencidas da investigação, nos termos do art. 32 da Lei nº 13.869/2019, que incorporou entendimento que já era veiculado pela Súmula Vinculante nº 14. Gabarito: ERRADO. 48. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridade antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, depois de concluídas as apurações e formalizada a acusação. Comentário: Uma palavrinha tornou errada a questão. O crime ocorre quando essa antecipação se der ANTES de concluídas as apurações e formalizada a acusação. Gabarito: ERRADO. 49. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete abuso de autoridade o magistrado que, por mero capricho, decreta a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem realizar prévia intimação de comparecimento ao juízo. 41 Comentário: Exatamente! É necessária a prévia intimação que oportunize o comparecimento voluntário. Gabarito: CERTO. 50. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Com o intuito de prejudicar o investigado Jason, o policial James da equipe de Inteligência da Polícia Civil se fez passar por agente comunitário de saúde, de maneira a conseguir adentrar o imóvel de Jason, por ter falado que precisaria verificar se tinha algum foco de dengue naquele local. No interior do referido imóvel, James obteve provas que foram utilizadas formalmente na investigação. Nessa situação, as mencionadas provas são lícitas, não tendo James cometido crime algum por estar amparado pelo estrito cumprimento do seu dever legal. Comentário: As provas obtidas por James são ilícitas! Veja... não se deve confundir a atividade de Inteligência com investigação criminal, sob pena de serem cometidos inúmeros equívocos. Investigação restringe a liberdade individual. Por essa razão, precisa seguir todas as regras previstas na Lei. No contexto de uma investigação para o Policial poder adentrar a casa do investigado seria necessária autorização judicial. Além disso, James cometeu crime de abuso de autoridade, já que com o intuito de prejudicar Jason, adentrou seu imóvel astuciosamente sem determinação judicial (art. 22 da Lei nº 13.869/2019). Gabarito: ERRADO. 51. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Comete crime de abuso de autoridade o membro do Ministério Público que, com o intuito de prejudicar o investigado, procede à persecução penal sem justa causa fundamentada. 42 Comentário: Trata-se do crime previsto no art. 30 da Lei nº 13.869/2019. Gabarito: CERTO. 52. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Pratica crime de abuso de autoridade o agente público que não comunica, imediatamente, a prisão de determinada pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ele indicada, pelo fato de uma forte tempestade ter danificado torres de comunicação telefônica e ter inviabilizado o trânsito de veículos dentro da cidade. Comentário: Veja que houve um fato extraordinário na cidade que impossibilitou a comunicação imediata exigida pela Constituição e pela Lei. Não está presente, portanto, o dolo específico exigido no §1º do art. 1º da Lei n° 13.869/2019. Gabarito: ERRADO. 53. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O Policial Penal Abreu recebeu alvará de soltura para dar cumprimento e promover a imediata soltura do preso Ayrton. Todavia, nesse mesmo momento Abreu recebeu uma mensagem via whatsapp de sua namorada terminando o namoro. Fragilizado com o término do relacionamento (e pela forma do rompimento amoroso), Abreu acabou se esquecendo de cumprir o alvará de soltura e Ayrton acabou ficando três dias a mais preso, quando a Administração Penitenciária verificou o erro e só então deu cumprimento ao alvará de soltura. Nessa situação, o policial penal Abreu poderá ser responsabilizado na esfera administrativa por descumprimento dos seus deveres funcionais, além de responder por crime de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. 43 Comentário: Além de ter ficado solteiro, Abreu responderá por infração administrativa. Todavia, não se caracterizou crime de abuso de autoridade, já que não houve o dolo específico exigido pela Lei: prejudicar alguém, beneficiar a si mesmo ou a terceiro ou por mero capricho ou satisfação pessoal. Gabarito: ERRADO. 54. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A Lei nº 13.869/2019 prevê a suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens. A referida suspensão possui natureza jurídica de sanção administrativo-disciplinar. Comentário: A nova lei de abuso de autoridade realmente prevê a referida suspensão. Todavia, essa suspensão possui natureza jurídica de sanção penal (pena restritiva de direitos substitutiva de pena privativa de liberdade). Gabarito: ERRADO. 55. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Segundo a Lei nº 13.869/2019, será admitida ação privada subsidiária da pública se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Comentário: É o teor do §2º do art. 3º da nova lei de abuso de autoridade. Gabarito: CERTO 44 56. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Responde por crime de abuso de autoridade o agente público que constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, por acreditar que a referida pessoa ainda está viva e, desesperadamente, buscar tratamento médico. Comentário: Não responde por crime de abuso de autoridade por ausência de dolo específico, consistente no especial “fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração” (conduta normalmente levada a cabo para prejudicar alguém ou obter benefício para si ou para outrem). Na nossa questão, o agente público apenas buscava desesperadamente tratamento para uma pessoa que acreditava estar viva. Esse agente pode responder na esfera administrativa ou cível, ou até mesmo criminalmente pela violência ou grave ameaça exercida, mas não responderá por crime de abuso de autoridade por ausência de dolo específico. Gabarito: ERRADO. 57. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Constitui crime de abuso de autoridadeprevisto na Lei nº 13.869/2019 a conduta consistente em inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade. Comentário: Trata-se da conduta prevista no art. 23 da Lei. Gabarito: CERTO. 45 58. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) Valtuíno, Diretor de Estabelecimento Penal, temendo responsabilização administrativa de sua gestão, impediu, injustificadamente, o envio de pleito de determinado preso à autoridade judiciária competente para a apreciação das circunstâncias de sua custódia. O magistrado responsável pela vara de execuções penais competente para apreciação do pleito foi cientificado dessa situação por petição firmada por um dos agentes penitenciários do referido estabelecimento penal, que estava revoltado com a injustiça da situação enfrentada pelo mencionado preso. Ciente desse impedimento, o referido Magistrado se manteve inerte, não tomando as providências para saná-lo, pois era amigo de Valtuíno. Nessas circunstâncias, tanto Valtuíno quanto o magistrado cometeram crimes de abuso de autoridade previsto na Lei nº 13.869/2019. Comentário: A nova Lei de Abuso, em seu art. 19, afirma que constitui crime de abuso de autoridade a conduta de “impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia”. No caso em tela, Valtuíno praticou a referida conduta com o dolo específico de obter benefício próprio consistente em não ser responsabilizado administrativamente. No parágrafo único do mesmo dispositivo, a Lei menciona que “incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja”. Na situação prática trazida pela assertiva, o magistrado pratica a mencionada conduta com o dolo específico de beneficiar Valtuíno, motivado pela amizade existente. Veja, portanto, que ambos serão responsabilizados por crimes de abuso previstos na Lei nº13.869/2019. Gabarito: CERTO. 46 59. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) A nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei nº 13.869/2019, promoveu alterações na Lei de Interceptações Telefônicas. Comentário: Tais alterações estão presentes no art. 41 da Lei nº 13.869/2019, que modifica o art. 10 da Lei nº 9.296/96 (Lei de Interceptações Telefônicas). Gabarito: CERTO. 60. (INÉDITA – Prof. Diego Fontes) O reincidente em crime de abuso de autoridade tem direito ao benefício da substituição de sua pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, como a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas ou a suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens. Comentário: Questão interdisciplinar! Para acertar não bastava conhecer a Lei nº 13.869/2019. De acordo com o art. 44, II do Código Penal, não é possível a substituição quando o réu for reincidente em crime doloso... veja que nesse caso nem se exige a reincidência específica, bastando a reincidência em crime doloso para impossibilitar a substituição. Gabarito: ERRADO. 47 www.enapol.com.br/pcdf http://www.enapol.com.br/pcdf 1. QUESTÕES SEM OS COMENTÁRIOS 2. GABARITO 3. QUESTÕES COMENTADAS
Compartilhar