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AS DIMENSÕES PROFISSIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
AS DIMENSÕES PROFISSIONAIS DO 
SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 03 
 
UNIDADE 2 – OS FUNDAMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS DO SERVIÇO 
SOCIAL ........................................................................................................... 07 
 
UNIDADE 3 – DIMENSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA ............................... 22 
 
UNIDADE 4 – DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA ................................................. 26 
 
UNIDADE 5 – DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA ........................................ 31 
 
UNIDADE 6 – DIMENSÃO PRÁTICO-FORMATIVA ....................................... 40 
 
UNIDADE 7 – ENFIM, O QUE É INSTRUMENTALIDADE DO 
SERVIÇO SOCIAL? ........................................................................................ 54 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 59 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Unir conhecimento e ação, aliar teoria à prática, ser crítico, buscar a 
transformação da realidade social. Assim podemos resumir a instrumentalidade do 
Serviço Social, mas o caminho é longo para se chegar a essa simples definição. Há 
toda uma construção que passa pelos métodos, pela ética, pelas competências, pela 
formação e pela teoria que toma por base o positivismo de Comte, a dialética e a 
fenomenologia social que precisamos explorar a priori. 
Ao longo desta apostila, trataremos de temas que podem parecer recorrentes 
aos profissionais das ciências humanas e sociais, mas que se decompostos, 
refletidos e ressignificados nos levam a compreender a capacidade de construção e 
reconstrução do Serviço Social que busca ser reconhecida como profissão 
importante para inserir os cidadãos marginalizados e excluídos, e em última 
instância atender as demandas sociais. 
Os fundamentos sócio-históricos do serviço social serão nosso ponto de 
partida e, na sequência, evidentemente que para compor o instrumental do Serviço 
Social, apresentaremos suas dimensões teórico-metodológicas, ético-política, 
técnico-operativa e prático-formativa. 
A competência política e teórico-metodológica auxilia o assistente social a 
delimitar os alcances da sua prática profissional que envolvem desde as 
particularidades do terreno da atuação do Serviço Social e suas implicações político-
ocupacionais até o domínio dos recursos técnico-instrumentais para analisar e 
intervir sobre algum aspecto da realidade, bem como para sistematizar e refletir 
sobre sua própria prática. 
A instrumentalização da prática profissional não deve estar restrita ao sentido 
operacional, como vem sendo reforçado historicamente, mas deve ser ampliada 
visando compreender os fenômenos com os quais lida e a orientar sua intervenção. 
Ao se defrontar com problemas sociais de maneira fragmentada, o assistente 
social deve reconhecer as determinações sociais desses problemas e traduzi-las em 
estratégias de ação. Esta deve ser uma preocupação constante na condução do 
processo de trabalho do Serviço Social, em relação aos meios pelos quais 
 
 
 
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ele se realiza, ao invés de uma atuação caracterizada simplesmente pela 
rotina e pela burocracia dos estabelecimentos prestadores dos serviços 
sociais (FONSECA, 2005). 
Concordamos com Carvalho e Iamamoto (2005) quando dizem que as últimas 
três dimensões de competências nunca podem ser desenvolvidas separadamente – 
caso contrário, cairemos nas armadilhas da fragmentação e da despolitização, tão 
presentes no passado histórico do Serviço Social. 
Contudo, pondera Souza (2008), articular essas três dimensões coloca um 
desafio fundamental, e que vem sendo um tema de grande debate entre 
profissionais e estudantes de Serviço Social: a necessidade da articulação entre 
teoria e prática. Investigação e intervenção, pesquisa e ação, ciência e técnica não 
devem ser encaradas como dimensões separadas – pois isso pode gerar uma 
inserção desqualificada do Assistente Social no mercado de trabalho, bem como 
ferir os princípios éticos fundamentais que norteiam a ação profissional: 
 
O que se reivindica, hoje, é que a pesquisa se afirme como uma dimensão 
integrante do exercício profissional, visto ser uma condição para se formular 
respostas capazes de impulsionar a formulação de propostas profissionais 
que tenham efetividade e permitam atribuir materialidade aos princípios 
ético-políticos norteadores do projeto profissional. Ora, para isso é 
necessário um cuidadoso conhecimento das situações ou fenômenos 
sociais que são objeto de trabalho do assistente social (IAMAMOTO, 2005, 
p. 56). 
 
Pensar sob esse ponto de vista significa colocar o Serviço Social em um lugar 
de destaque, tanto no plano da produção do conhecimento científico (rompendo com 
o discurso do senso comum) como no âmbito das instituições públicas e privadas 
que, de algum modo, atuam sobre a “questão social”. 
Na medida em que o Assistente Social atua diretamente no cotidiano das 
classes e grupos sociais menos favorecidos, vislumbrando possibilidades de 
produzir um conhecimento sobre essa mesma realidade, ele passa a ocupar um 
lugar privilegiado no mercado de trabalho. E esse conhecimento é, sem dúvida, o 
 
 
 
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seu principal instrumento de trabalho, pois lhe permite ter a real dimensão das 
diversas possibilidades de intervenção profissional (SOUSA, 2008). 
Concordamos também com as proposições de Suguihiro et al (2009) de que o 
processo de construção e reconstrução do pensar e agir cotidiano profissional deve 
partir da sua fundamentação teórico-metodológica. 
Nesta perspectiva, o profissional passa a se apropriar de conceitos que 
fundamentam a prática profissional de modo a possibilitar a apreensão do ser social 
em sua totalidade histórica, superando a perspectiva do imediatismo enquanto 
profissional responsável pela resolução de conflitos morais e sociais. 
Na sociedade em que vivenciamos hoje, é exigida do assistente social a 
competência de acompanhar a dinamicidade da realidade em que atua, buscando 
dar as respostas às contradições desta sociedade, sempre desvelando o que está 
posto no real aparente, levando em consideração o processo histórico e contextual, 
de superação do imediatismo. 
Portanto, o atual cenário exige do profissional uma visão crítica desta 
realidade, buscando apreender os processos de mudanças sociais e, assim, 
identificar novas possibilidades de intervenção profissional, perseguindo sempre o 
objetivo de materializar o projeto ético-político. 
Após essa breve introdução,devemos explicar que Yolanda Guerra, José 
Paulo Netto e Marilda Iamamoto são alguns dos nossos balizadores e mediadores 
ao longo deste curso, permeado por reflexões de muitos outros estudiosos que 
também se pautaram nestes ícones do Serviço Social no Brasil. 
Esta apostila centra seus estudos nas dimensões citadas anteriormente que 
são a base para o fazer do Assistente Social, respondendo ao final o que vem a ser 
a Instrumentalidade do Serviço Social, assunto em voga na atualidade. 
Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao 
final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha surgir ao longo 
dos estudos. 
Ressaltamos que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser 
científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às 
 
 
 
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regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem 
de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original. 
 
 
 
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UNIDADE 2 – OS FUNDAMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL 
 
Vários são os autores que analisam, explicam e narram o surgimento do 
Serviço Social no Brasil, dentre eles Raichelis (1998) lembra que a profissão surgiu 
em um momento histórico com forte vinculação à ação da Igreja. Um dos relatos 
fidedignos dessa condição sustenta que 
 
tendo suas bases nas formas de assistência social que se desenvolvem 
com a mobilização do movimento leigo pela Igreja Católica, a partir da 
segunda metade da década de 1920, o reconhecimento do Serviço Social, 
enquanto profissão institucionalizada, só ocorrerá quando a Igreja Católica, 
enquanto instituição social, organizar-se para assumir um papel ativo na 
chamada questão social. 
 
Para a autora em epígrafe, o surgimento do Serviço Social caminha com a 
mobilização da Igreja na busca do resgate de seus interesses e privilégios 
corporativos através de uma influência normativa. O reordenamento da Igreja foi 
concretizado a partir da constituição do chamado “Bloco Católico”, que lança 
pessoas à época vinculadas à Igreja, na militância tanto intelectual quanto política, 
adotando como premissas: 
 uma doutrina social totalitária; 
 um projeto de desenvolvimento harmônico para a sociedade; 
 o capitalismo transfigurado e recristianizado que aparece como concorrente 
do socialismo, na luta pela conquista; e, 
 o enquadramento das classes subalternas. 
Observamos que a identidade inicial do Serviço Social está caracterizada pelo 
conteúdo doutrinário e confessional da Igreja, sendo que sua emergência é ampliada 
a partir da criação das primeiras escolas, que visavam à profissionalização da 
assistência e o seu tutelamento pelo aparato religioso. 
O Serviço Social, nascido da Revolução Industrial e legitimado no Brasil na 
década de 1930, passou por diferentes períodos que marcaram profundamente o 
 
 
 
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cenário profissional. Esta constatação decorre do fato de que as bases da inserção 
do Serviço Social no Brasil estão relacionadas à dinâmica das relações sociais 
determinadas historicamente na sociedade brasileira, a partir de um processo 
cumulativo de fatos e eventos ocorridos nos âmbitos social, político, econômico e 
religioso (BRANDÃO, 2006). 
Lima (1982) indica que o século XX no Brasil trouxe as condições necessárias 
para o rompimento do modelo agrário-exportador, vigente até então, e o início da 
industrialização em consequência da organização da classe trabalhadora. É fato 
histórico e conhecido, que no início do século XX a economia brasileira e sua 
exportação centravam-se na produção de café e leite (eixo São Paulo - Minas Gerais 
e a tão conhecida política do café com leite1). 
Os impactos do Serviço social em decorrência da modernização brasileira 
serão vistos em detalhe na apostila que trata do Terceiro Setor e Iniciativa Privada. 
Por ora, lembremos rapidamente da crise de 1929, da revolução de 1930 e do 
conjunto de leis sociais implementadas pelo Estado Novo (1937-1945) que 
pressupõe o reconhecimento político da classe trabalhadora e a necessidade de 
atendimento de seus interesses. Historicamente, a questão social recebe uma nova 
configuração e passa a ser vista como o centro das contradições sociais. 
A legislação social passa a atingir de forma distinta aos patrões e aos 
operários. Os patrões são favorecidos pela justiça do trabalho, enquanto os 
operários proibidos de fazer greve, tendo atrelado seus sindicatos ao Estado, 
passam a competir de forma desigual na luta pelos direitos de classe, tendo como 
contrapartida o ganho do capital. 
Este cenário de mudanças políticas, econômicas e sociais também teve seus 
reflexos no sistema religioso da época devido ao contexto histórico da formação 
brasileira que foi influenciada pela Igreja Católica. O Serviço Social teve como base 
fundamental o doutrinarismo e a moral. Portanto, o elemento vocacional aliado ao 
catolicismo, configura o perfil inicial a ser formado para o exercício do Serviço Social. 
 
1
 Em decorrência da hegemonia econômica destes estados, a primeira república esteve centralizada 
também no âmbito político através da adoção de um sistema de rodízio na escolha de presidentes do 
país, que conservava um grupo restrito no poder, fazendo com que Minas e São Paulo passassem a 
monopolizar as escolhas dos dirigentes da nação. 
 
 
 
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Em 1936, a primeira escola de Serviço Social no Brasil foi fundada em São 
Paulo, estimulada pelo interesse de um grupo de jovens católicas que, durante um 
curso de formação social, idealizou a criação de um Centro de Estudos e Ação 
Social (CEAS) que resultou posteriormente na fundação dessa escola. As bases 
para a criação dessa escola foram fundamentadas na orientação da Escola de 
Serviço Social de Bruxelas e, por isto, a influência europeia (franco-belga), sob 
orientação tomista, é a primeira repercussão doutrinária na formação dos 
Assistentes Sociais brasileiros (BRANDÃO, 2006). 
A influência europeia no processo de formação social brasileiro, através da 
igreja católica e de seus organismos, era tão marcante que assume a forma de 
doutrinação, tendo como referência fundamental o evangelho com forte influência 
positivista. 
Prevalecem as características fundamentais do Tomismo, coesão doutrinal, 
plenitude, docilidade ao real, respeito à tradição, possibilidade de progresso, 
subserviência à autoridade e ao Estado. Tudo isso justifica a posição inicial do 
Serviço Social brasileiro do não questionamento da ordem vigente e de buscar, 
sempre, apenas, reformar a sociedade, melhorando consequentemente a ordem 
vigente. 
Segundo Lima (1982), Yasbek (1999) e Brandão (2006), o Serviço Social, 
como profissão, converteu-se numa das frentes mobilizadas pela Igreja Católica 
para o desenvolvimento da formação doutrináriae social do laicato, qualificando 
seus intelectuais para a recuperação moral do operário, visando afastá-lo das 
influências maléficas dos ideais socialistas e do liberalismo econômico. Por meio da 
Ação Social, a Igreja procura fortalecer sua influência ideológica e reconquistar os 
privilégios perdidos pela crescente laicização da sociedade no bojo das relações que 
estabelece com o Estado. Nesses moldes, encarrega-se durante muito tempo da 
formação dos Assistentes Sociais. 
O conservadorismo católico que caracterizou os anos iniciais do Serviço 
Social brasileiro começa, especialmente, a partir dos anos de 1940, a ser tecnificado 
ao entrar em contato com o Serviço Social norte-americano e ter suas propostas de 
trabalho permeadas pelo caráter conservador da teoria social positivista. Esta 
 
 
 
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reorientação da profissão que exige a qualificação e sistematização de seu espaço 
sócio-ocupacional tem como objetivo atender às novas configurações do 
desenvolvimento capitalista e, consequentemente, às requisições de um Estado que 
começa a implementar políticas sociais. Nesse contexto, a legitimação do 
profissional, expressa em seu assalariamento e ocupação de um espaço na divisão 
sócio-técnica do trabalho, vai colocar o Serviço Social brasileiro diante da matriz 
positivista, na perspectiva de ampliar seus referenciais técnicos para a profissão. 
Esta orientação funcionalista é absorvida pelo Serviço Social, configurando 
propostas de trabalho ajustadoras e um perfil manipulatório, voltado para o 
aperfeiçoamento dos instrumentos e técnicas para a intervenção, com a busca de 
padrões de eficiência, sofisticação de modelos de análise, diagnóstico e 
planejamento, enfim, uma tecnificação da ação profissional que é acompanhada de 
uma crescente burocratização das atividades institucionais (YASBEK, 1999). 
Os serviços sociais, tanto nas agências públicas como privadas, foram 
permeados pela influência racional e organizacional e por uma visão mais crítica em 
relação ao espírito profissional e à competência técnica na prestação de serviços. A 
noção de bem-estar individual ou administração de pessoal contemplava os direitos 
dos trabalhadores e as responsabilidades do empregador, à medida que influenciou 
a formação de uma sociedade sob a ética rigorosa do puritanismo (BRANDÃO, 
2006). 
O protestantismo, marca dominante nesse período e como concepção 
dominante nas ciências e do pragmatismo como método, concorreu para formar uma 
sociedade exemplar, sob o espírito do evangelho. A influência do protestantismo 
também se fez sentir pela imagem assistencial da igreja como fonte de apoio 
psicológico, pelos centros comunitários, pelas visitas domiciliares típicas das 
missões e até pela liberalidade do dízimo que possibilitava aos homens de negócio 
fornecerem apoio financeiro às organizações privadas e fundações. 
O caráter de utilidade social era fortalecido pelo rótulo: “Esmola não, um 
amigo”. Toda essa influência marcou histórica e culturalmente a trajetória do Serviço 
Social na América Latina e abriu espaços para a análise dos indícios ou resquícios 
do protestantismo no exercício profissional do Serviço Social. 
 
 
 
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Para compreendermos o Serviço Social enquanto profissão, torna-se 
necessário inserir essa prática nas relações socais que lhe atribuem um 
determinado significado. Certo é que o Serviço Social desenvolveu-se enquanto 
profissão sob a égide do sistema capitalista industrial e da expansão urbana, 
contexto que afirmou a hegemonia do capital industrial e financeiro, de onde surge a 
denominada “questão social” do profissional especializado. 
Diante da contradição entre proletariado e burguesia, o Estado passa a 
intervir diretamente nas relações entre o empresariado e a classe trabalhadora, 
criando legislação social e trabalhista específicas, além de gerir a organização e 
prestação de serviços sociais, enquanto enfrentamento da questão social, posto que 
havia uma forte preocupação com a manutenção da classe trabalhadora. A 
expansão da noção de cidadania muito colaborou para a expansão dos serviços 
sociais no século XX, à medida que o Estado assume os encargos sociais face à 
sociedade civil, mesmo porque os serviços sociais representam expressão concreta 
dos direitos sociais do cidadão, embora se dirija àqueles que necessitam vender sua 
força de trabalho para sobreviver (BRANDÃO, 2006). 
Não se pode pensar a profissão como se acabasse em si mesma e como 
seus efeitos sociais fossem responsabilidade exclusiva do profissional. O significado 
social da profissão somente será revelado se considerar a atividade profissional 
envolvida na implementação de políticas sociais, embora se torne conflituoso, no 
sentido de que o Estado é considerado um dos maiores empregadores de 
Assistentes Sociais no Brasil. 
A partir da década de 1940, a influência franco-belga vai ceder o lugar à 
norte-americana. A Segunda Guerra Mundial levou os Estados Unidos a uma 
situação de supremacia em relação aos países europeus, fomentando seu interesse 
pelos países da América Latina. Esse fato intensificou a influência norte-americana 
no Serviço Social brasileiro. A Conferência Nacional do Serviço Social, em 1941, 
iniciou esse intercâmbio. Muitos diretores de escolas de Serviço Social da América 
Latina foram convidados oficialmente pelo governo dos Estados Unidos para lá 
fazerem cursos e bolsas de estudos foram oferecidas aos Assistentes Sociais 
brasileiros. 
 
 
 
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A Segunda Guerra Mundial afrouxou um pouco o controle das metrópoles e 
possibilitou a ocorrência de algumas modificações no processo de industrialização 
dos países dependentes. Setores antes desenvolvidos passam a subdesenvolvidos 
e, no Brasil, a produção de bens de consumo para atender a um setor pequeno da 
população contribui ainda mais para a concentração da renda. 
Faleiros (2007) refere-se a esse processo concentrador e excedente como 
círculo vicioso da riqueza, sinônimo de mais-valia. Além disso, durante esse período, 
governos ditatoriais e populistas coexistem com as reivindicações oriundas das 
classes urbanas, agrupando em torno da industrialização e ocasionando uma 
crescente urbanização. O cenário da América Latina, no século XX, é o da 
exploração capitalista dos excedentes econômicos, ocasionando um declínio 
contínuo no intercâmbio da América Latina com as metrópoles. De qualquer forma, o 
poder econômico, o trabalho qualificado e a mudança em todo o sistema institucional 
atingiram tal prosperidade que se firmou hegemonicamente ao lado do processo 
técnico da agricultura e do comércio americano. 
O ideal de democracia e justiça social pregado por Jane Addams e as ideias 
da filantropia científica de Mary Richmond eram desafios apresentados pelos 
reformadores particulares e pelos mais esclarecidos moralizadores dos anos 
progressistas. No entanto, de forma geral, as soluções políticas para os problemas 
sociais não foram satisfatórias, desde a ótica da camada da elite sofisticada, até a 
dos imigrantes humildes (BRANDÃO, 2006). 
Para garantir a dominação, os Estados Unidos instituíram certos mecanismos 
de ajuda e cooperação por meio de organismos internacionais, que culminaram com 
a Aliança parao Progresso. A partir de 1945, com o supremo domínio norte-
americano sobre o mercado industrial e da produção, surge uma nova divisão 
industrial do trabalho como imposição de um sistema que sela a aliança com a 
América Latina que dessa forma passa a oferecer matéria-prima e mercado para 
seus produtos manufaturados (PINTO, 1986). 
Por volta de 1940, o Serviço Social começa a receber a influência norte-
americana que é um dos frutos da hegemonia econômica daquele país no Bloco 
Ocidental, resultando na sua ascensão política, ideológica e cultural. A aproximação 
 
 
 
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do Brasil com os Estados Unidos da América – EUA – foi resultante da supremacia 
americana, com relação à europeia, decorrente do Pós-Segunda Guerra Mundial. 
Também decorreu da política de boa vizinhança que representou uma tentativa 
americana de alcançar maior penetração comercial na América Latina e se 
fortaleceu à medida que o governo americano injetou recursos nos programas de 
industrialização do governo brasileiro (PINTO, 1986). A influência norte-americana 
se fazia notar através da igreja e do Estado na formação do Assistente Social. 
Em 1946, é criada a ABESS (Associação Brasileira de Escolas de Serviço 
Social) entidade civil, de âmbito nacional, sem fins lucrativos e que, de acordo com 
Pinto (1986), até a década de 1960, preocupou-se com a formação profissional do 
Assistente Social na perspectiva cristã. Dessa forma, de 1941 a 1957, o panorama 
do ensino e da profissão no Brasil modificou-se. A intervenção no campo das 
reformas institucionais era facilitada pela origem do Assistente Social: quanto mais 
próxima fosse do poder econômico e político, maiores possibilidades teriam de 
realizar a tarefa destinada. Não só aos assistentes sociais, mas também a todos os 
que participavam do apostolado da Igreja e militavam nessa tarefa era dada atenção 
preferencial. Tal fato já era visível e percebido em trechos da encíclica papal 
(BRANDÃO, 2006). 
Castro (1995) coloca que com a exigência de qualificação acadêmica, 
religiosa e técnica para atender a demanda profissional, as escolas de Serviço 
Social prepararam e formaram um contingente de Assistentes Sociais imbuídos de 
todos os bons valores sociais e religiosos, orientados para a melhoria dos costumes. 
A função do profissional em Serviço Social era atuar junto à família operária, 
intervindo em seus valores e nas instituições, visando a sua reforma. 
Rodrigues (1998) sintetiza que os círculos de estudos da Ação Católica 
representavam um recurso pedagógico, tanto para o profissional como para os 
monitores. As reuniões aconteciam para reflexão e debates sobre os grandes temas, 
ou seja, sobre os que permitiam conhecer as bases sobre as quais todo o projeto de 
formação profissional no Serviço Social se produzia. A prática profissional colocava 
o professor em contato com a realidade social e cotidiana, permitindo-lhe colocar os 
conhecimentos teóricos em prática. A preocupação com a transmissão de 
 
 
 
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conhecimentos era permeada por uma doutrina cristã e a prática do professor era 
fundamental para desempenhar a função docente. 
Em princípio, a única metodologia utilizada na prática didático-pedagógica no 
ensino de Serviço Social era a mesma da qual se valia a ação católica, chamados 
círculos de estudos. A estruturação do Serviço Social enquanto profissão contou, 
inicialmente, com duas bases que acionaram a formação acadêmica e profissional: a 
filosofia, como suporte de formação moral e a preocupação com a cientificidade, na 
busca de uma metodologia própria. Propostas eram incorporadas, gradativamente, 
emergindo da própria prática profissional, o relato de experiências de outros 
profissionais, análises de relatórios elaborados em instituições, leitura de textos, 
além dos conhecimentos emanados dos pensadores cristãos. Fontes norte-
americanas serviam cada vez mais de base ao desempenho profissional. De fato, a 
partir de 1945, o Serviço Social assumiu com força total o modelo funcional 
implantado pelos Estados Unidos. E se afastou do doutrinarismo da Igreja Católica 
que predominava nos fins da década de 1930 e no início da década de 1940. 
As teorias de Caso, Grupo e Comunidade compuseram a tríade metodológica 
que orientou o Serviço Social na busca da integração do homem ao meio social em 
que vivia. Inicialmente, a influência americana ocorreu com a difusão da base 
técnica dos métodos de caso, grupo e comunidade. Posteriormente, com a proposta 
do Desenvolvimento de Comunidade, como técnicas e como campo de intervenção 
profissional. Esse estreitamento das relações entre Brasil-EUA repercutiu no Serviço 
Social através da intensificação de intercâmbios de Assistentes Sociais brasileiros 
que buscavam a ampliação de seus estudos naquele país. 
Nesse período, a ênfase na formação profissional ainda estava sustentada na 
visão terapêutica e na concepção de que a questão social era um desajustamento 
social. Com a influência americana, emergiu a perspectiva funcionalista, que a 
princípio era aliada ao neotomismo cristão e que teve como consequência reforço da 
postura terapêutica, tratamento às feridas sociais, nas linhas da Psicologia e da 
Psiquiatria da época, levando-se em conta os desajustamentos sociais (PINTO, 
1986). 
 
 
 
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De acordo com Castro (1995), o Desenvolvimento de Comunidade ainda está 
presente no Serviço Social de hoje. Traduzem-se na utilização sistemática do poder 
de iniciativa e cooperação dos indivíduos e das comunidades locais visando ao 
desenvolvimento nacional: 
 participação voluntária, baseada na tomada de consciência sobre a 
necessidade de acelerar o desenvolvimento; 
 participação solidária, no sentido de pertencer à comunidade; 
 participação orgânica, no sentido de organização coletiva e responsável; 
 participação dinâmica, no sentido de que o individual e o social se afastem da 
marginalidade e do subdesenvolvimento. 
Segundo Brandão (2006), caracterizada pelo empirismo, a literatura do 
Serviço Social procura explicar o comportamento do indivíduo pelos modelos 
organicistas de Dewey. A ação técnica do Assistente Social acabava por imprimir um 
suposto descomprometimento no agir profissional, uma dicotomia teoria-prática que, 
na verdade, trazia embutida a ideologia dominante. 
Aguiar (1985) ressalta que o perfil do aluno que se formava nos cursos de 
Serviço Social era de caráter religioso e idealista. Os conteúdos teóricos 
concentravam-se nos princípios filosóficos humanistas e eram articulados à prática 
na tentativa de superar a aparente dicotomia. A preocupação em articular teoria e 
prática se construía numa perspectiva cristã de homem. Assim, a intervenção na 
sociedade tinha em vista torná-la mais justa e fraterna, como expressão do bem 
comum. Nos currículos predominavam as tarefas de aconselhamento. O objetivo era 
aliviar as tensões sociais, visando à recondução dos desviados como capital 
humano necessário à industrialização e ao progresso. Igreja, Estado e empresariado 
vão se constituindo no campo de trabalho do Assistente Social. 
Ainda que fique evidenciada a influência ideológica, de natureza positivista, 
na formação para o Serviço Social, durante a década de 1950 e início dadécada de 
1960, o Serviço Social incorpora a política desenvolvimentista no ensino. Esta 
política enfatizou a aceleração econômica, incentivada pela industrialização e 
modernização capitaneada pelos Estados Unidos. Ao Serviço Social caberia 
 
 
 
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contribuir no aprimoramento do ser humano, mesmo que o país convivesse com a 
existência de setores subdesenvolvidos. 
O desenvolvimento de comunidade era uma estratégia lançada para garantir 
a prosperidade, o progresso social e a hegemonia da ideologia americana 
(capitalismo). Esta política visava preservar o mundo livre de ideologias não 
democráticas. Parte do pressuposto de que as populações pobres têm maior 
receptividade ao comunismo. Então, é preciso melhorar e desenvolver o sistema 
capitalista. Daí, a busca de estratégias, uma das quais foi a implantação de 
programas de Desenvolvimento de Comunidade (AGUIAR, 1985). 
Foi na esteira do desenvolvimentismo que o Serviço Social produziu as 
condições necessárias para sua legitimação como profissão na sociedade brasileira. 
Deste modo, a profissão traz uma herança relacionada ao atendimento de interesses 
dominantes, à manipulação do trabalhador e à reprodução social. Esta situação tem 
sido geradora de contradições para a prática profissional, pois a configuração 
historicamente assumida pelos profissionais coloca-os a serviço do capital, embora o 
ideário de categoria fosse o de articulação com os dominados (BRANDÃO, 2006). 
Convivendo com as contradições oriundas de seu legado tipicamente 
assistencial e de sua legitimação por parte das classes dominantes, o Serviço Social 
teve sua identidade atribuída pelo capitalismo, o que significou a ausência de 
identidade profissional. Não reunindo condições para realizar o percurso em direção 
a uma consciência crítica, política, a profissão não consegue igualmente, até mesmo 
por seus limites corporativistas, participar da prática política da classe operária, 
sendo absorvida pela tecnoburocracia da sociedade do capital (MARTINELLI, 
KOUMROUYAN, 1994). 
A partir da identificação da sua ligação à classe dominante, grupos 
organizados de Assistentes Sociais começaram a promover encontros sistemáticos, 
no âmbito latino-americano, para discutir o papel do Serviço Social. Estava 
desencadeado o chamado movimento de reconceituação. Este movimento surge a 
partir de fortes questionamentos, por parte de alguns profissionais, sobre a prática 
profissional, o compromisso e a consciência social de seus agentes. O movimento 
pretendia rever o projeto profissional e redefini-lo a partir da realidade vivenciada, 
 
 
 
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caracterizando-se por um processo de revisão crítica que questionava a orientação 
positivista-funcionalista, que visava à adaptação do homem ao meio social, no que 
se refere ao objeto, objetivos, ideologia e método (PINTO, 1986). 
Podemos dizer que, pelas vias da reconceituação, o Serviço Social deu sinal 
de sua contemporaneidade e renovação. Esta contemporaneidade, por sua vez, 
apontou para questionamentos significativos no processo de formação profissional 
vigente até o período. Assim, de uma formação que visava alcançar os objetivos 
dominantes, surgiu a necessidade de rever o Serviço Social nesta nova realidade, 
caracterizada pela abertura democrática e da sua vinculação com a classe 
considerada dominada. O movimento de reconceituação foi sua resposta na mais 
ampla revisão já ocorrida na trajetória dessa profissão. 
Alguns patamares do movimento de reconceituação podem ser identificados: 
 reconhecer e compreender os rumos do desenvolvimento latino-americano 
em sua relação de dependência aos países desenvolvidos; 
 verificar os esforços empreendidos para sua reconstrução, criação de um 
projeto profissional abrangente e atento às características latino-americanas; 
 explicitar a politização da ação profissional, solidária com a libertação dos 
oprimidos e comprometida com a transformação social; 
 atribuir um estatuto científico ao Serviço Social lançando-o no campo dos 
embates epistemológicos, metodológicos e das ideologias. 
Todos estes fatores canalizam para a reestruturação da formação 
profissional, articulando ensino, pesquisa e prática profissional, exigindo da 
Universidade o exercício da crítica (SILVA, 1995). 
A descoberta do marxismo pelo Serviço Social latino-americano também 
contribuiu decisivamente para um processo de ruptura teórica e prática com a 
tradição profissional, as tentativas de atuar com concepções marxistas foram, 
também, responsáveis por inúmeros equívocos e impasses de ordem teórica, 
política e profissional. Foram transferidas da militância política para a prática 
profissional, uma relação de identidade entre ambas. A aproximação redundou no 
chamamento dos profissionais ao compromisso político. Mostrava-se, em si, 
 
 
 
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insuficiente para desvelar tanto a herança intelectual do Serviço Social como sua 
prática no jogo das relações de poder econômico e nas relações do Estado com o 
movimento das classes sociais (BRANDÃO, 2006). 
Fizeram com que se estabelecesse uma tensão entre os propósitos políticos 
anunciados e os recursos teórico-metodológicos acionados para iluminá-los; entre 
pretensões político-profissionais progressistas e os resultados efetivamente obtidos. 
A herança do movimento de reconceituação foi de continuidade e ruptura. 
Assim, o Serviço Social orientando-se por princípios humanitários, reaparece, sob 
roupagens novas e progressistas, no marxismo da reconceituação, acentuando o 
lado mau das relações sociais capitalistas resultando nesse arranjo teórico-
doutrinário, que dá o tom do conservadorismo profissional, elo esse que faz com que 
a reconceituação não ultrapasse o estágio de uma busca de ruptura com o passado 
profissional (CELATS, 1986). 
A expressão do movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil é 
bem representada pelo esforço de construção da vertente modernizadora da prática 
profissional. Essa vertente modernizadora do Serviço Social, segundo Brandão 
(2006), busca seus fundamentos, principalmente, na sociologia, via positivismo e 
funcionalismo, com superação dos vínculos da profissão com a Doutrina Social da 
Igreja. As bases de legitimação permanecem ligadas aos setores dominantes da 
sociedade e ao Estado, via implementação de políticas sociais e participação em 
programas de desenvolvimento de comunidade, configurando ações em nível micro 
e macro social. 
Observa-se que o movimento de reconceituação do Serviço Social, a partir da 
perspectiva hegemônica no contexto da América Latina, impõe aos Assistentes 
Sociais a necessidade de ruptura com o caráter conservador que deu origem à 
profissão, calcado no atrelamento às demandas e interesses institucionais e coloca, 
como exigência, a necessidade de construção de uma nova proposta de ação 
profissional, tendo em vista as demandas e os interesses dos setores populares que 
constituem, majoritariamente os sujeitos do Serviço Social. 
 
 
 
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O que importaressaltar, em termos da concepção e do desenvolvimento 
histórico do movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil, é o avanço da 
reflexão em torno da adequação às exigências conjunturais. A profissão passa a 
adotar o método dialético, o que lhe permite ampliar a concepção de realidade social 
e “negar a ação individualizada”. 
Silva (1995) coloca que concebendo o homem na sua relação com outros 
homens, inserido numa sociedade em que estão presentes conflitos, desigualdades 
e problemas sociais que fazem parte do contexto global dessa sociedade e, a partir 
dessa visão, redimensionar a sua prática a fim de formular alternativas de ação 
condizentes às proposições do homem enquanto sujeito histórico, isto é, instala-se a 
luta pela superação das relações sociais dominantes. 
Estudos acerca do movimento de reconceituação do Serviço Social frisam a 
importância de compreendê-lo enquanto processo que impulsiona a categoria 
repensar questões emergentes e favorecer a construção de sua nova identidade 
profissional. Cabe aos profissionais do Serviço Social, em tempos atuais, superar as 
limitações e os equívocos, em um permanente esforço de reconstrução histórica da 
profissão. 
Segundo Brandão (2006), a atualização que se impõe ao Serviço Social deve 
considerar a inserção da profissão no momento histórico atual, sem perder de vista 
as possibilidades de desenvolvimento de uma prática profissional que vem tentando 
se firmar e se legitimizar, a partir de uma perspectiva de crítica às sociedades 
marcadas pela exclusão social e econômica da maioria das populações. 
Desde a década de 1980 tem-se observado uma leitura e uma luta diferente 
que prima pela cidadania e pelo direito ao espaço, ou seja, observamos um resgate 
do protagonismo das classes populares situada no contexto das relações sociais e, 
como tal, espaço privilegiado da prática dos Assistentes Sociais. Isto significa o 
entendimento das políticas sociais, na perspectiva de um espaço onde se identificam 
forças contraditórias, podendo contribuir para o fortalecimento dos processos 
organizativos dos setores populares, enquanto formas de realização de direitos 
sociais e enquanto formas concretas de acesso a bens e serviços. Trata-se de um 
espaço político de luta por uma cidadania coletiva (FALEIROS, 2006). 
 
 
 
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A reconceituação foi um marco decisivo no desencadeamento do processo de 
revisão crítica do Serviço Social. Foi um fenômeno tipicamente latino-americano de 
contestação ao tradicionalismo profissional. 
Assim, de uma formação que visava manter os objetivos dominantes, surgiu a 
necessidade de rever o Serviço Social nesta nova realidade, agora caracterizada 
pela abertura democrática, permitindo vinculação da profissão com a classe 
considerada dominada. Contudo, não foram todos os profissionais que aderiram ao 
movimento e, por isso, a reconceituação deixou um forte “divisor de águas” no 
Serviço Social. Abriu-se um grande espaço para as várias formas de entender e 
intervir na realidade. 
De fato, o embate com o Serviço Social tradicional reverteu em uma 
modernização da profissão que atualiza então a sua herança conservadora. 
Verificou-se uma mudança no discurso, nos métodos de ação e nos rumos da 
prática profissional. 
Faleiros (2006) indica ainda que deva existir uma transformação das relações 
profissionais no bojo das instituições para que uma prática reconceituada seja 
sedimentada. Segundo ele, o referido movimento se manifesta como processo que 
se dá nas instituições enquanto local privilegiado da prática do Serviço Social, 
expressando-se no âmbito acadêmico, no que diz respeito à formação profissional. 
Expressou-se, também, no âmbito da organização da categoria e na inserção nos 
movimentos sociais. Nestes movimentos, esse vínculo tem possibilitado o 
desenvolvimento de alternativas de ação diferenciadas na dinâmica das relações de 
forças. A partir dessa compreensão, explicita também que a tônica maior do 
movimento de reconceituação é o compromisso com os setores populares. 
Paulo Netto (2005) indica que o Serviço Social tradicional possuía a prática 
empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada, orientada por uma ética liberal-
burguesa claramente funcionalista, visando enfrentar as incidências psicossociais da 
“questão social” sobre indivíduos e grupos. 
Os Assistentes Sociais inquietos e dispostos a buscar a renovação 
indagaram-se sobre o papel da profissão em face de expressões concretamente 
 
 
 
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situadas na “questão social”; a adequação dos procedimentos profissionais 
tradicionais em face das nossas realidades regionais e nacionais; a eficácia das 
ações profissionais; a pertinência de seus fundamentos pretensamente teóricos e o 
relacionamento da profissão com os novos protagonistas que surgiam na cena 
político-social. O autor faz uma avaliação do movimento e aponta conquistas que 
integraram-se na dinâmica profissional do nosso país: 
1. A articulação de uma nova concepção da unidade latino-americana; 
2. A explicitação da dimensão política da ação profissional e reiterou a 
dimensão política como constitutiva da intervenção profissional; 
3. A edificação de novas bases para uma nova interlocução do Serviço Social 
com as ciências sociais; 
4. A discussão de diferentes concepções acerca da natureza, do objeto, das 
funções, dos objetivos e das práticas do Serviço Social. 
Evidentemente que todo movimento social ocorre com equívocos e avanços e 
não aconteceu diferente com a trajetória histórica do Serviço Social, uma vez que 
algum ativismo político mais profundo pode ter obscurecido os limites entre profissão 
e partidarismo, mas, embora seja cedo para conclusões, acredita-se que os avanços 
superaram os equívocos. Só o tempo dirá. 
 
 
 
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UNIDADE 3 – DIMENSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA 
 
Em linhas gerais, podemos afirmar que o profissional – aqui subtende-se 
Assistente Social – deve ser qualificado para conhecer a realidade social, política, 
econômica e cultural com a qual trabalha. Para isso, faz-se necessário um intenso 
rigor teórico e metodológico, que lhe permita enxergar a dinâmica da sociedade para 
além dos fenômenos aparentes, buscando apreender sua essência, seu movimento 
e as possibilidades de construção de novas possibilidades profissionais (SOUSA, 
2008). 
Segundo Costa (2008), o Serviço Social historicamente se afirmou como 
necessário na sociedade na condição de um exercício profissional, como um tipo de 
especialização do trabalho que objetiva uma intervenção no processo social. Apesar 
de ter um suposto de explicação da vida social como base para essa intervenção, 
não surge tendo como prevalência o saber na sua função social. Dessa forma, não 
se afirma como necessário na sociedade, como um ramo do saber entre as ciências. 
Portanto, o Serviço Social não tem método e teoria próprios, apesar da 
necessidade premente de sustentar uma matriz teórico-métodológica, que viabilize 
uma leitura, de preferência crítica da realidade social e, dessa forma, forneça 
subsídios e parâmetros para a intervenção (IAMAMOTO, 2005). 
É necessário ter em mente, a distinção entre concepções teórico- 
metodológicas e as estratégias, técnicas e procedimentos da intervenção 
profissional.Não se deve atribuir uma estrutura de “metodologia” ao processamento 
da ação, visto que, a partir de qualquer referência teórico-metodológica existe a 
necessidade de se lançar mão de estratégias e procedimentos para a 
implementação do fazer profissional. Dessa maneira, a perspectiva teórico- 
metodológica não pode ser reduzida a pautas, etapas, procedimentos de fazer 
profissional (COSTA, 2008). 
O movimento da teoria, por sua vez, não é de “aplicação” no real. A teoria é a 
reconstrução, no nível do pensamento, do movimento do real apreendido nas suas 
contradições, nas suas tendências, nas suas relações e inúmeras determinações. E 
esse movimento se faz necessário porque a prática social, na sociedade capitalista, 
 
 
 
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não se revela de imediato, reafirmando-se, portanto, a exigência metodológica para 
se apreender as múltiplas determinações e relações com uma totalidade, que é 
histórica. 
Dessa maneira, a questão teórico-metodológica vai além de um esquema de 
procedimentos operativos, uma vez que diz respeito ao modo de ler, de interpretar, 
de se relacionar com o ser social. Uma relação entre o sujeito cognoscente – que 
busca compreender e desvendar essa sociedade – e o objeto investigado 
(IAMAMOTO, 1994, p. 174). Assim, encontra-se estreitamente imbricada à maneira 
de explicar essa sociedade e aos fenômenos particulares que a constituem. 
Segundo Costa (2008), as Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço 
Social no Brasil atualmente em vigência apresentam como pressuposto a adoção da 
teoria social crítica e do método materialista-histórico-dialético, como orientação 
teórico-metodológica. Tal orientação sustenta-se na leitura da realidade como uma 
totalidade formada de vários complexos (múltiplas determinações), dinâmica (em 
constante transformação) e passível de ser apreendida pela razão, embora sempre 
de maneira parcial e sucessiva, uma vez que é sempre mais rica do que o que 
podemos pensar dela. 
Nesse sentido, o documento da Associação Brasileira de Escolas de Serviço 
Social (ABESS) considera que [...] a capacitação teórico-metodológica é que permite 
uma apreensão do processo social como totalidade, reproduzindo o movimento do 
real em suas manifestações universais, particulares e singulares em seus 
componentes de objetividade e subjetividade, em suas dimensões econômicas, 
políticas, éticas, ideológicas e culturais, fundamentado em categorias que emanam 
da adoção de uma teoria social crítica (ABESS/CEDEPSS, 1996, p. 152). 
O entendimento é que o método dialético permite ao assistente social 
apreender na dinâmica social, o processo de construção da demanda em suas 
singularidades, compreendida na e a partir das determinações universais da 
realidade, em que a se encontram os espaços sócio-ocupacionais. Apreensão que 
se dá pela via da mediação, categoria ontológico-reflexiva essencial nos processos 
sociais, trabalhada por Lukács (1979) a partir da teoria social marxiana e que 
Reinaldo Pontes (2002) retomou magistralmente na produção do Serviço Social. 
 
 
 
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A mediação é instância que garante a possibilidade da síntese de muitas 
determinações. Sendo a totalidade 'complexo de complexos', cada complexo tem 
sua existência mediatizada com os demais. Portanto, para insistir no caminho 
metodológico 'das aproximações sucessivas', é imperativo apreender também as 
mediações que vinculam e determinam esses processos (PONTES, 2002b, p. 87). 
A realidade social não se revela a si própria de forma miraculosa e 
espontânea. As mediações permitem o penetrar nas teias da complexidade que 
formam a realidade social, revelando as suas contradições e indo além da aparência 
e do imediato. 
O plano da singularidade é a expressão dos objetos 'em-si', ou seja, é o nível 
de sua existência imediata em que se vão apresentar os traços irrepetíveis das 
situações singulares da vida em sociedade, que se mostram como coisas fortuitas. 
rotineiras, casuais. [...] esse é o plano da imediaticidade. [...] Neste nível, essas 
categorias emergem despidas de determinações históricas (PONTES, 2002b, p. 85). 
O objeto de intervenção profissional visto exclusivamente do ângulo da 
singularidade, não ultrapassa as demandas institucionais, tampouco logra alcançar 
ações mais ousadas no campo das transformações socioinstitucionais. 
No processo de ultrapassagem da facticidade é necessário que se tenham 
visões mais amplas e complexas do real. É preciso aproximar as singularidades com 
o plano das determinações universais da realidade, ou seja, a universalidade, que é 
a legalidade que articula e impulsiona a totalidade social. “É no plano da 
universalidade que estão colocadas grandes determinações gerais de uma dada 
formação histórica” (PONTES, 2002b). 
Assim, na dialética entre o universal e o singular encontra-se a chave para 
desvendar o conhecimento do modo de ser do ser social. E essa dialética é 
chamada por Lukács (1979) de particularidade, caracterizando-a como um campo de 
mediações. É, portanto, nesse campo de mediações que os fatos singulares se 
viabilizam com as grandes leis tendenciais da universalidade e dialeticamente as leis 
universais saturam-se da realidade. 
 
 
 
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Dito de outro modo, [...] faz-se necessário apreender que as grandes leis e/ou 
categorias históricas do ser social podem estar interferindo nesse ou naquele 
problema social/fenômeno que se está enfrentando. [...] é necessário capturar, no 
próprio cotidiano [...] a interferência das forcas, das leis sociais, percebendo 
realmente sua concretude visibilidade (PONTES, 2002b, p. 46). 
Para a efetivação desse processo no cotidiano profissional, o 
desenvolvimento da capacidade investigativa do assistente social é essencial. Se a 
realidade não se revela em sua imediaticidade a investigação das situações 
concretas postas no cotidiano, através do método, constitui-se um recurso 
indispensável para a apreensão das mediações (COSTA, 2008). 
 
 
 
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UNIDADE 4 – DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA 
 
O Assistente Social não é um profissional “neutro”. Sua prática se realiza no 
marco das relações de poder e de forças sociais da sociedade capitalista – relações 
essas que são contraditórias. Assim, é fundamental que o profissional tenha um 
posicionamento político frente às questões que aparecem na realidade social, para 
que possa ter clareza de qual é a direção social da sua prática. Isso implica em 
assumir valores ético-morais que sustentam a sua prática – valores esses que estão 
expressos no Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais2 (Resolução 
CFAS nº 273/93), e que assumem claramente uma postura profissional de articular 
sua intervenção aos interesses dos setores majoritários da sociedade (SOUSA, 
2008). 
A ética enquanto um campo filosófico pressupõe ou possibilita ao ser humano 
atitudes reflexivas de espanto, admiração, inconformismo, indagação na sua 
constante busca pelos fundamentos da vida social (COSTA, 2008). 
Segundo Barroco (2007, p. 19), associada à reflexãosobre a ética, é 
praticamente impossível não considerar a moral. Moral e ética por algumas filosofias 
são considerados como sinônimos: ética como filosofia moral e a moral como 
realização dos valores éticos. Por outras, a moral refere-se ao indivíduo e a ética à 
sociedade. Etimologicamente, o termo moral vem do latim mores, que significa 
costumes e ética deriva do grego ethos, traduzido como modo de ser ou modo de 
vida. 
É indissociada da discussão da ética e da moral a eleição dos princípios e 
valores que vão dar razão aos costumes e ao modo de ser ou modo de viver social. 
Tem-se, dessa forma, que a liberdade é o valor ético-moral fundamental, sendo esta 
entendida como capacidade humana de fazer escolhas e valorações. Assim, agir 
eticamente, em seu sentido mais profundo, é agir com liberdade, é poder escolher 
 
2
 O Código de Ética profissional vigente defende o reconhecimento e a defesa de 11 princípios 
fundamentais. São eles: liberdade, direitos humanos, cidadania, democracia, equidade e justiça 
social, combate ao preconceito, pluralismo, construção de uma nova ordem social (sem dominação-
exploração), articulação com movimentos de trabalhadores, qualidade dos serviços prestados e 
combate a toda espécie de discriminação (SOUSA, 2008). 
 
 
 
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27 
 
conscientemente entre alternativas e valores, com base nas necessidades humano- 
genéricas (COSTA, 2008). 
Contudo, as determinações que incidem sobre a eleição desses valores, 
princípios, só podem ser entendidas na totalidade social, isto é, [...] levando em 
consideração a complexa rede de mediações entre necessidades e interesses sócio- 
econômicos e políticos-culturais, e as possibilidades de escolha dos indivíduos 
sociais (BARROCO, 2007, p. 29). 
Como já visto, são bastante influenciadoras na sociabilidade capitalista 
vigente a moral conservadora e a moral liberal, forjadas pela racionalidade formal- 
abstrata. A primeira, segundo Costa (2008), incorpora a tradição, a autoridade, a 
hierarquia e a ordem como princípios e valores que devem ser conservados e 
legitimados na convivência social. A segunda reforça o individualismo nas relações 
sociais e a coisificação das necessidades humanas. Embora regidas por princípios 
opostos, ambas negam o princípio fundamental da ética e da moral, que é a 
liberdade. 
Porém, pela possibilidade da contradição na realidade social, comparece com 
as demais, uma outra moral que é a socialista, a qual busca a construção de valores 
de emancipação humana, que garanta a liberdade nas escolhas. E a construção 
dessa moralidade que vai de encontro ao moralismo conservador e a moralidade 
burguesa se dá no processo de lutas das classes trabalhadoras que aportam para 
projetos de emancipação humana, colocados no horizonte de uma nova sociedade, 
capaz de criar condições para a sobrevivência e universalização da liberdade. 
Dessa forma, pode-se considerar que a ética das profissões tem uma íntima 
relação com a ética social e com os projetos societários. Expressa, ou deve 
expressar, de forma sistemática, o posicionamento e o compromisso político de uma 
determinada categoria com um projeto societário, ou com determinados [...] valores 
e princípios – assentados em referências teóricas que expressam uma dada 
concepção de homem e de sociedade – que se traduzem em normas e diretrizes 
para a atuação profissional presentes no Código de Ética. 
 
 
 
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Tendo em vista a histórica inserção da profissão no contexto das relações 
entre o Estado e a sociedade, ou seja, na luta de classes, é preciso considerar o 
caráter eminentemente político da prática ou do exercício profissional. 
lamamoto (2005) já chamava a atenção para um desafio intelectual e teórico- 
crítico, e também político: o de desvendar a prática social como condição para 
conduzir e realizar a prática profissional, imprimindo-lhe uma direção consciente, 
tomando-se imprescindível, para isso, o entendimento do sentido ou da natureza 
política da prática profissional. 
A atuação do Serviço Social é visceralmente polarizada por interesses sociais 
de classes contraditórias, inscritos na própria organização da sociedade e que se 
recriam na nossa prática profissional, os quais não podemos eliminar. Só nos resta 
estabelecer estratégias profissionais e políticas que fortaleçam alguns dos atores 
presentes nesse cenário. Assim sendo, a prática profissional tem um caráter 
essencialmente político; surge das próprias relações de poder presentes na 
sociedade (IAMAMOTO, 2005, p. 122). 
Nos marcos da crítica ao conservadorismo no Serviço Social, na década de 
1990, setores da categoria consolidaram um projeto profissional que vem desde a 
transição dos anos de 1970 para 1980. 
O Projeto Ético-político do Serviço Social, que assume essa nomenclatura 
somente na década passada, se constrói com base na defesa da universalidade do 
acesso a bens e serviços, dos direitos sociais e humanos, das políticas sociais e da 
democracia, em virtude por um lado da ampliação das funções democráticas do 
Estado e por outro da pressão de elementos progressistas, emancipatórios (NETTO, 
1999). 
Os seus elementos norteadores têm como respaldo as prerrogativas 
constantes no atual Código de Ética Profissional, o qual tem como núcleo a 
liberdade como valor central, [...] concebida historicamente como possibilidade de 
escolher entre alternativas concretas (NETTO, 1999, p. 104). Esse núcleo, por sua 
vez, implica compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos 
indivíduos sociais. 
 
 
 
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Vincula-se, ainda, a um projeto societário, o qual propõe a construção de uma 
nova ordem social sem dominação ou exploração de classe, etnia e gênero, 
afirmando a defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do 
preconceito e contemplando positivamente o pluralismo na sociedade e no exercício 
profissional. 
Considera a dimensão política articulada à dimensão ética do exercício 
profissional, uma vez que se posiciona a favor da equidade e da justiça social na 
perspectiva da universalização do acesso aos bens e serviços; da ampliação e 
consolidação da cidadania como condição para a garantia dos direitos civis, políticos 
e sociais das classes trabalhadoras e do princípio democrático da socialização da 
participação política e social da riqueza socialmente produzida (COSTA, 2008). 
E, do ponto de vista estritamente profissional, assume o compromisso com a 
competência, com base no aprimoramento intelectual do profissional e com ênfase 
numa formação acadêmica qualificada, alicerçada em concepções teórico- 
metodológicas críticas e sólidas, capazes de viabilizar uma análise concreta da 
realidade social. 
Cabe ressaltar que o Código de Ética não se trata de um dogma. É preciso 
que sua legitimidade junto à categoria profissional seja incorporada por ela própria 
na medida em os seus princípios sejam vivenciados efetivamente em seu exercício 
profissional de forma consciente, responsável e autônoma. 
Nesse sentido, considerando a heterogeneidade da categoria que o Código 
representa, aliada à fundamentação teórica, uma importante referência no diálogo 
plural entre os projetos profissionais comprometidoscom a democracia e com a 
busca da ampliação da liberdade como valor ético central. 
Vale refletir que o projeto ético-político profissional do Serviço Social no 
Brasil, vinculado a um projeto de transformação de sociedade, reitera a teoria crítica 
como fundamentação para o agir profissional. Esta teoria vai ao encontro das novas 
exigências da profissão, na medida em que possibilita novas investigações, não 
naturaliza o real e tampouco reduzindo-o ao que está posto. 
 
 
 
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O projeto ético político pressupõe prática que leve a transitar do reino das 
necessidades para o da liberdade, pressupõe também a capacidade do homem criar 
valores, escolher alternativas e ser reconhecido como cidadão (BATTINI, 2008). 
Diante de todo este movimento, pode-se constatar que o Serviço Social é 
uma profissão dinâmica inserida no próprio contexto sócio-histórico. Portanto, cabe 
ao assistente social modificar a sua forma de atuação profissional, em decorrência 
da demanda que lhe é colocada e da necessidade de responder às exigências e às 
contradições da sociedade capitalista. É preciso acompanhar o movimento da 
sociedade e visualizar os novos espaços como possibilidades de intervenção sobre 
uma realidade social concreta. 
 
 
 
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UNIDADE 5 – DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA 
 
A dimensão técnico-operativa quer dizer que o profissional deve conhecer, se 
apropriar e, sobretudo, criar um conjunto de habilidades técnicas que permitam ao 
mesmo desenvolver as ações profissionais junto à população usuária e às 
instituições contratantes (Estado, empresas, Organizações não governamentais, 
fundações, autarquias, etc.), garantindo assim uma inserção qualificada no mercado 
de trabalho, que responda às demandas colocadas tanto pelos empregadores, 
quanto pelos objetivos estabelecidos pelos profissionais e pela dinâmica da 
realidade social. 
A dimensão técnico-operativa se refere mais estritamente aos elementos 
técnicos e instrumentais para o desenvolvimento da intervenção. Os instrumentos 
devem ser vistos como potencializadores do trabalho, que devem ter a sua utilização 
constantemente aprimorada de forma a que se tornem úteis ao objeto e aos 
objetivos do trabalho, como aponta Trindade (1999, p. 65): 
 
Considera-se instrumental técnico-operativo a articulação entre 
instrumentos e técnicas, pois expressam a conexão entre um elemento 
ontológico do processo de trabalho (os instrumentos de trabalho) e o seu 
desdobramento - qualitativamente diferenciado - ocorrido ao longo do 
desenvolvimento das forças produtivas (as técnicas). 
 
Portanto, as técnicas se aprimoram a partir da utilização dos instrumentos, 
diante da necessidade de sua adequação às exigências de transformação dos 
objetos, visando o atendimento das mais variadas necessidades humanas. A técnica 
pode ser tomada, então, como uma qualidade atribuída ao instrumento para que ele 
se tome o mais utilizável possível, em sintonia com a realidade do objeto de 
trabalho. É a técnica que vai viabilizar esse aprimorar dos instrumentos, contanto 
que não seja isolada em uma concepção tecnicista, mas imbuída e implicada nos 
referenciais teóricos e metodológicos. 
Há um certo consenso de que a palavra “técnica” é empregada para designar 
procedimentos, processos e tarefas humanas as mais diversas. É identificada como 
algo próprio do homem e que nasce dele, acompanhando assim, sua trajetória 
 
 
 
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histórica. Ao longo da história da humanidade, a técnica foi assumindo significados 
diferentes. 
Campagnolli (1993, p. 12) resgata a etimologia da palavra. O vocábulo técnica 
tem origem no grego téchne, que é originário da raiz sânscrita Tvaksh, que significa 
fazer, aparelhar. Na Grécia, o termo técnica foi utilizado desde a ideia de habilidade, 
arte ou maneira de proceder, geralmente à transformação da realidade natural em 
artificial e mais adiante, deixou de restringir-se à fabricação material, passando 
referir-se à ideia de um fazer com eficácia e adequação, até chegar a uma 
compreensão mais ampla, a partir de Heródoto, de Píndaro e dos trágicos, em que a 
téchne passa a ter um sentido de habilidade geral, ou seja, habilidade apropriada e 
eficaz. 
Com o advento do capitalismo industrial do século XVI, a concepção de 
técnica ligada à arte mecânica se acentuou consideravelmente até a compreensão 
que temos atualmente, que é a da tecnologia. Daí, então, a técnica se distancia da 
concepção grega de criação, o que se acentua pelo distanciamento do trabalhador 
dos seus meios de produção ocorrido no processo de produção capitalista. 
Ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX, entusiastas e contrários ao 
desenvolvimento tecnológico fizeram a defesa ou a refutação da técnica, pensando 
nas consequências que seu desenvolvimento vem acarretando para a humanidade. 
Há segmentos que defendem que a técnica em si não é de todo maléfica ou 
benéfica para a humanidade, mas a questão preocupante é a subordinação de todas 
as esferas da vida a ela, o que concorre para a escravidão do homem pela máquina 
e para a desorganização social (CAMPAGNOLLI, 1993, p. 34) 
No entendimento de Costa (2008), a compreensão acerca da dimensão 
técnico-operativa está relacionada a um campo do fazer profissional, especialmente 
relacionado com a prática, mas que vai além de instrumentos aplicáveis puramente. 
Entende-se que o Serviço Social não dispõe de um conjunto específico e 
exclusivo de instrumentos e técnicas, mas faz um uso diferencial do instrumental 
técnico criado pela ciência (sociologia, psicologia, direito, antropologia, por 
exemplo), priorizando aqueles instrumentos, recursos e técnicas que conduzem às 
 
 
 
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suas finalidades e iluminando, permanentemente, o uso da técnica com sua 
intencionalidade. 
Em oposição às práticas ou procedimentos executados mecânica e 
irrefletidamente, o instrumental técnico apoia-se em conhecimentos científicos 
correspondentes É fruto de uma escolha consciente e reflexiva. Sua escolha ou 
seleção leva em conta os determinantes específicos de uma dada realidade e de 
cada situação em particular, devendo ser posto em prática no sentido de facilitar e 
fortalecer as ações propostas (COSTA, 2008) 
Assim sendo, o instrumental não porta única e exclusivamente um aspecto 
técnico, uma vez que demanda uma competência ao criar, selecionar e aplicar, mas 
também precisa ser considerado em sua dimensão política, uma vez que pressupõe 
e se vincula a um projeto político que pode ou não ser de superação, sendo 
primordial o estabelecimento de mediações adequadas no seu manejo. 
Portanto, fica evidente a implicação das demais dimensões sobre a dimensão 
técnico-operativa. No momento em que os instrumentos, técnicas, estratégias ou 
procedimentos são acionados pelo profissional, é preciso que este tenha 
consciência da intencionalidade que se investe no processo. 
Sobre isso, Pires (2005) comenta que o instrumental técnico não indica 
esquemas ou modelos rígidos e preestabelecidos que se mostram sob uma capa de 
neutralidadepolítica. Sua utilização demanda obrigatoriamente seleção, adaptação 
e/ou aprimoramento à luz da perspectiva teórico-metodológica e política do agente 
profissional, assim como dos determinantes específicos da realidade ou situação 
particular enfrentada e dos objetivos mediatos e imediatos da ação profissional. 
O objetivo ao se forjar a instrumentalidade do assistente social é torná-la mais 
do que um agente técnico, um profissional atento às finalidades e objetivos, assim 
como às consequências do seu trabalho. Um profissional técnico, mas também 
intelectual, capaz de realizar leituras críticas da realidade social, num processo 
investigativo por meio de sucessivas aproximações, identificando os nexos que 
constituem os fenômenos, ou seja, apreendendo as mediações. 
 
 
 
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Assim, o domínio do instrumental técnico-operativo é muito importante, mas 
não é suficiente. Precisa ser agregado ao desenvolvimento das demais capacidades 
do profissional. 
Considerar a instrumentalidade do Serviço Social em sua complexidade 
implica fugir do modelismo, tecnicismo e metodologismo vislumbrando a 
possibilidade de uma intervenção profissional mais consequente (COSTA, 2008). 
Essas considerações nos levam à hipótese de que as ações profissionais se 
constroem de forma encadeada e em processo, não sendo dadas a priori. Nessa 
formulação, entende-se ação profissional como um conjunto de procedimentos, atos, 
atividades pertinentes a uma determinada profissão e realizadas por 
sujeitos/profissionais de forma responsável, consciente. 
Portanto, contém tanto uma dimensão operativa quanto uma dimensão ética e 
expressa no momento em que se realiza o processo de apropriação que os 
profissionais fazem dos fundamentos teórico-metodológico e ético-políticos da 
profissão em determinado momento histórico. São as ações profissionais que 
colocam em movimento, no âmbito da realidade social, determinados projetos de 
profissão. Estes, por sua vez, implicam diferentes concepções de homem, de 
sociedade e de relações sociais (MIOTO; LIMA, 2009). 
Ter como foco a dimensão técnico-operativa, entendida como o espaço de 
trânsito entre o projeto profissional e a formulação de respostas inovadoras às 
demandas que se impõem no cotidiano dos assistentes sociais, implica destacar 
categorias que possibilitem realizar esse trânsito, como a visita domiciliar/familiar 
que mostra claramente a dimensão técnico-operativa. 
A partir da leitura de Jacques Donzelot em seu livro “A polícia das famílias”, é 
possível identificar similaridade com o que o autor descreve sobre a França no 
século XlX, em como se caracterizou a atuação do Estado e a sua forma de 
intervenção junto às famílias. Com o surgimento de profissionais como assistente 
social e educadores, as avaliações in locu começaram a ser estimuladas, com 
atuações voltadas a higienização das famílias e imposição de padrões morais. O 
instrumento utilizado era a visita domiciliar que apresenta uma historicidade pautada 
 
 
 
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por períodos onde o foco de sua utilização era o de normalização social, com vistas 
a que as famílias fossem alvo de vigilância e, portanto, tivessem sua organização 
regulada pelo Estado, que se utilizava de entidades religiosas e filantrópicas para 
este fim. Esta concepção, entretanto, com o decorrer dos anos, considerando os 
diversos determinantes históricos que orientaram a construção da identidade do 
Serviço Social no Brasil, acabou sendo redimensionada (MIOTO; LIMA, 2009). 
Atualmente, a utilização da visita domiciliar como instrumento de trabalho do 
assistente social, embora seu histórico conservador, tem em seu projeto ético-
político profissional, uma nova dimensão. O Serviço Social conta em seu processo 
de trabalho com o eixo técnico/operativo, o qual possui alguns instrumentos que 
permitem sua intervenção, sendo que os instrumentos utilizados pelos profissionais 
devem ser considerados como integrantes de um movimento, onde sua utilização 
dependerá das situações sociais a serem abordadas. 
A visita domiciliar é um dos instrumentos que potencializa as condições de 
conhecimento do cotidiano dos sujeitos, no seu ambiente de convivência familiar e 
comunitária. As visitas domiciliares têm como objetivo conhecer as condições 
(residência, bairro) em que vivem tais sujeitos e apreender aspectos do cotidiano 
das suas relações, aspectos esses que geralmente escapam a entrevistas de 
gabinete (MIOTO, 2001). 
Contudo, ela só se realizará efetivamente quando o profissional entender 
necessária e cabível para a situação social em que está intervindo, requerendo 
disponibilidade e habilidades específicas deste profissional. 
As habilidades aqui referidas dizem respeito ao profissional quando da 
operacionalização da visita domiciliar, concebê-la como uma forma de abordagem 
“[...] mais flexível e descontraída do que as práticas do cenário 
institucional[...]”(AMARO, 2003, p.17). 
A opção pela visita domiciliar se depara com limites e possibilidades inerentes 
a sua utilização. Os limites dão conta do fato do profissional não conseguir 
previamente identificar rotinas da família que possam impedir a efetividade da visita 
domiciliar. Pode ocorrer situações do cotidiano daqueles sujeitos que dificultem as 
 
 
 
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condições ideais para uma entrevista com um outro membro da família, pelo fato de 
estarem, muitas vezes, em grupos em suas casas e essas, de modo geral, não 
terem a proteção necessária ao sigilo. 
Segundo Perin (2008), o profissional, nesse sentido, precisa estar atento aos 
possíveis imprevistos e realizar a sua intervenção, sempre compreendendo a ética 
profissional. 
As possibilidades inerentes à visita domiciliar são mais atraentes que seus 
limites. Quando buscamos o contato direto com a vida dos sujeitos nos é permitido 
conhecer de modo mais apurado suas dificuldades, angustias, suas relações 
intrafamiliares; como se estabelece a convivência comunitária; seu modo de vida em 
sua casa, e em sua rotina. 
 
5.1 Como abordar a visita domiciliar? 
A visita domiciliar deve ser utilizada a partir da análise que o profissional 
efetua, sobre a situação social que está sob sua responsabilidade intervir, e dentre 
os distintos instrumentos técnicos disponibilizados para sua atuação, qual deles será 
mais efetivo para obtenção do resultado pretendido. 
O profissional que fizer a opção por utilizar a visita domiciliar como seu 
instrumento de trabalho deve se sentir à vontade com ele, buscando inicialmente 
acordar com o sujeito sua entrada na casa, de modo a explicar-lhe os motivos que o 
levam a efetuar a visitação. Colocando-se à disposição do anfitrião para que ele 
concorde com a entrada do profissional na residência. Torna-se importante que o 
profissional aceite as condições oferecidas pelos que o estão recebendo, não 
importando em que lugar irá sentar-se, ou até se tiver que ficar em pé, a visita 
poderá ser realizada (PERIN, 2008). 
É preciso identificar a realidade exatamente como ela se apresenta, levando 
em conta as condições sociais e culturais daqueles sujeitos, sem interpretações que 
venham ao encontro de seus conceitos morais e culturais. Este cuidado é de suma 
importância, pois o conhecimento da vida social daqueles

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