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Atos de delinquencia infantil e privação afetiva

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Atos de delinquencia infantil e privação afetiva 
Guilherme Augusto Nunes Caetano
O que é privação afetiva?
Na psicologia acredita-se que para o individuo se desenvolver plenamente e necessário não somente alimentação e desenvolvimento corporal e intelectual, mas também desenvolvimento emocional.
O desenvolvimento emocional na psicologia é visto por etapas que vão desde o nascimento e total inadequação social até a pessoa adulta que vive em harmonia consigo mesmo e a sociedade.
Desde o nascimento qualquer pessoa vive um conflito entre aquilo que quer e precisa seus INSTINTOS e a aquilo que a sociedade pode fornecer e cobra do indivíduo. A pessoa que encontra uma forma de saciar seus instintos de uma forma que não entre em conflito com a sociedade é considerada em pleno desenvolvimento emocional
Para chegar ao pleno desenvolvimento emocional qualquer pessoa passa por etapas de experimentação das emoções, para entende-las e tolera-las. Só assim é possível descobrir maneiras de vivenciar essas emoções sem machucar a si mesmo e nos limites que a sociedade permite. 
O desenvolvimento emocional só pode ser conquistado com um suporte de outras pessoas mais maduras emocionalmente que nas crianças são os pais e cuidadores, mas para que isso seja pleno tais pessoas que dão esse suporte precisam estar acessíveis FISICAMENTE para a criança e EMOCIONALMENTE. Caso uma dessas condições não ocorram e isso iniba o desenvolvimento emocional é dito que a criança esta em privação afetiva.
Privação afetiva interrompe o desenvolvimento emocional da criança, que fica presa na necessidade de obter uma atenção dos pais ao mesmo tempo que houve que já é “grandinho” para querer esse tipo de atenção. O resultado é que a criança expressa de outras formas essa necessidade e importância da atenção não dada. Dentre elas a delinquência e/ou acessos de raiva descontrolada ou até mesmo baixo rendimento escolar.
Emoção x sentimento
Emoção na raiz do significado da palavra quer dizer movimento, pois é a RESPOSTA que nosso corpo da diante de determinada situação, se a emoção é negativa a função dela é nos orientar que queremos uma mudança em algum aspecto na nossa vida. Se ignorarmos ou reprimirmos tais emoções é possível que adoecemos com consequências tanto de curto para longo prazo.
Sentimentos são o entendimento da pessoa sobre a causa da emoção, o PORQUE: “Meu corpo esta mole, meus olhos choram (emoção) porque não aguento de saudade de ti (sentimento).
IMPORTANTE!!
A culpa por atos de descontrole emocional Nunca é da criança.. ja que não aprenderam a lidar com as emoções ainda.
A culpa é de quem?
Isso importa?
Enquanto pais e cuidadores procuram um culpado para o que ocorre com a criança nesse exato momento a criança sofre! Tanto pelo descontrole emocional, quanto por sentir que não está atendendo as expectativas das pessoas a sua volta.
Quando os pais veem os filhos em situações de delinquência e/ou descontrole emocional em situações com os cuidadores na maioria das vezes se sentem inseguros e quando percebem que algo vai mal acabam por fazer o que lhes mandam, renunciando os próprios sentimentos e aceitando tudo que o cuidador tem a dizer a princípio. 
Num segundo momento justamente por essa insegurança acabam por rivalizar com o cuidador tanto para não se sentirem pais “ruins”, pois se está recebendo ajuda é porque não são pais bons quanto por medo de uma qualidade de vida do seu filho que ela não possa manter em casa. 
Nessa disputa entre cuidadores e pais a criança sempre perde. É natural para uma mãe sentir que somente ela tem o direito de cuidar do filho, mas as vezes ela precisa de ajuda e isso não a diminui no papel de mãe ao contrário. Uma vez em auxílio de cuidadores e terapeutas é natural rivalizar com essas pessoas pela atenção do filho, mas uma vez que isso possa atrapalhar com a melhora da criança é preciso tomar algumas precauções:
Precauções dos pais
Aos pais cabem pelo bem da criança não ignorarem suas próprias dúvidas e sentimentos a respeito dos cuidadores, é necessário que perguntem e saibam quais são os procedimentos adotados pelos cuidadores e entenderem que por mais que seja incômodo para eles a intervenção externa no cuidado de seus filhos às vezes é necessário para criança se sentir plena e capaz para lidar com as frustrações da vida e esse tempo de intervenção deve ser decidido junto com o terapeuta.
Aos cuidadores cabem ser pacientes com os pais, responder suas dúvidas integrar estes aos procedimentos utilizados e deixar claro que o objetivo do procedimento é ser um apoio para a família e não exigir um padrão de vida que os pais não podem dar para o filho.
Causas da privação afetiva
Para além do acesso físico e emocional que as crianças precisam dos pais é preciso dizer que cada pessoa possui uma imagem interna das pessoas que amamos é o que nos permite mesmo a distancia mantermos um sentimento por uma pessoa. A Criança tem capacidade limitada pra manter viva a ideia de alguém que é amado quando não existe a oportunidade de ver o falar com essa pessoa é como se a pessoa morresse para ela.
Sintomas comuns:
Criança se bater
Se arranha
Ter a enurese noturna, 
Bater a cabeça,
Atos de delinquência
Esses são sintomas da experiência da criança com a falta de amor.
A criança vive para o amor e sem ele é como se nada fosse real, nem mesmo ela mesma! Ao invés de somente punir é necessário entender e se aproximar de uma criança que se sente assim.
Atos de delinquência
 A forma mais comum de delinquência infantil é uma excessiva agressividade, um descontrole que leva a machucar as pessoas a volta e a impressão que se tem é que a criança é cruel e sem remorso algum, mas deve-se entender que: Nenhuma agressividade infantil é somente falta de disciplina que não foi dada pelos pais ou educadores, é sempre um algo a mais, um querer sentir-se amado. 
Toda relação humana envolve tanto amor quanto ódio nós lidamos bem com o sentir amor por uma pessoa, mas é difícil lidar quando odiamos uma parte de alguém que nós amamos, para a criança é mais difícil ainda lidar com esse sentimento , especialmente por ainda não ter o esperado controle sobre as emoções.
A criança a princípio não sabe que a sua agressividade fere os outros, depois que percebe isso quer que os outros gostem de ser feridos para sentir que irá ser amada não importa o que aconteça e por último quer que sintam feridos quando estão furiosos, isso faz parte do desenvolvimento emocional.
É preciso ser tolerante com a criança! Ela não tem controle sobre suas emoções.
Quando o ambiente tolera esse estágio de experimentar a agressividade a criança não se sente culpada e pode passar para o próximo estágio, caso não exista essa tolerância a criança passa a não se sentir amada quando esboça sua agressividade e não consegue SE tolerar quando sente ódio que é o sentimento que gera agressividade.
A criança quer sentir que mesmo que faça tudo errado ainda será amada pelos pais.
Odiar aquilo que a criança ama e faz bem é angustiante para ela se o objeto amado não tolerar impulsos violentos advindos da criança a mesma se sente má, indigna de ser amada o que gera ansiedade e uma tentativa de expulsar o ódio por um excesso de cuidado em troca de todo o amor do objeto só para ela ( o que é impossível). Assim na primeira frustração a agressividade se manifesta tanto pelo ódio reprimido, quanto pelo sentimento de desperdício de esforço por tentar cuidar do objeto e ser bonzinho todo o tempo só pra se sentir amado de volta. 
Tolerar toda a nossa realidade interior é uma das dificuldades humanas e a meta para saúde mental do ser humano é estabelecer uma harmonia entre exigências internas e as exigências da realidade externa. 
Quando o amor interno é superado pelas forças internas do ódio e agressividade o individuose angustia e para salvar-se disso ele externaliza esse sentimento na busca de um alivio de tais pressões e clama por uma autoridade externa que lhe devolva o controle sobre si mesmo. 
O desejo da criança agressiva é que esse ódio e esse mal interno se torna uma coisa boa. 
As crianças geralmente tendem a ver seus próprios impulsos reprimidos na agressão de outros, assim há crianças que na expectativa de uma agressão tornam-se agressivas e apesar de ser uma condição de doença a maioria das crianças passa por isso em alguma fase do desenvolvimento emocional. Assim as crianças agressivas tendem a se sentir perseguidas e entrar em brigas por razões que outros possam não entender, mas para ela é uma forma de conseguir ajuda.
Por outro lado
Há casos que a criança reprime toda a sua agressividade e perde o interesse pelas coisas e sua capacidade de criar. 
Impulso construtivo está relacionado a aceitação pessoal aceitar sua natureza destrutiva e a capacidade de reparar suas relações, mas tem que aparecer de forma espontânea para a criança. 
Necessidades emocionais das crianças
Quando as pessoas não podem contribuir ou fazer algo pelos próximos e queridos elas se tornam agressivas. A criança contribui e participa no brincar e esse faz de conta tem que ser levado a sério para ser satisfatório. 
A criança tem mais necessidade de dar do que receber. 
As crianças tendem a amar aquilo que machucam 
As crianças precisam das forças agressivas para se desenvolver sadiamente. A agrerssividade é a emoção mais reprimida, mas é necessária para um individuo pois é ela que nos protege quando somos abusados física ou emocionalmente por outros indivíduos e/ou ambiente. 
Para a criança se desenvolver ela precisa ser aceita como é, para que possa se aceitar.
É necessário para o desenvolvimento aceitar e alcançar a ambivalência de sentimentos a um mesmo objeto, amor e ódio, agressividade e cuidado envolvimento e separação. Para se aceitar que não criamos o mundo a nossa volta ( o que é doloroso pois implica que ele não está sob nosso controle) mas ainda sim faz parte de nós esse mundo a nossa volta. 
Lidar com a pessoa amada é uma brincadeira pra criança.
Num desenvolvimento sadio da agressividade e ódio a criança divide a pessoa amada em duas, pois a criança sente que quando pede , ganha e deseja algo da pessoa amada ela retira dessa pessoa. A criança principalmente pequena rouba o machuca o que é doloroso lidar então basicamente nesse momento a criança divide as pessoas amadas em duas uma que ela pede amor e pode exigir e uma que ela retribui o amor conseguido. 
Mãe objeto: Que pode satisfazer as necessidades urgentes do bebê (que pode ser usada)
Mãe ambiente: que afasta o imprevisível da vida da criança e cuida dela ativamente. (que é amada)
Quando a criança aceita que pode amar e odiar uma mesma pessoa ela aceita que pode se amar e se odiar e isso é um sinal de maturidade.
O próxima etapa do desenvolvimento emocional é a fusão da mãe objeto e mãe ambiente em uma só e consequentemente a criança tolerar tantos os impulsos positivos e os negativos que ela possui tanto para as outras pessoas tanto para com ela.
Condições para essa fusão: A mãe precisa estar acessível fisicamente e não estar preocupada com outra coisa. A mãe quando usada como um objeto deve sobreviver aos ataques da criança enquanto que a mãe ambiente deve continuar sendo empática e presente quando este quiser agrada-la. 
Culpa boa?
Com essa fusão numa única pessoa dos sentimentos a criança se sente capaz de reparar o mal feito através de atos de bondade, se sente amada mesmo quando faz algo errado, mas sente uma culpa que nesse caso é boa pois impulsiona a pessoa a corrigir seus erros e se sentir mais capaz de lidar com as exigências sociais.
 A criança que não passa por esse estágio corretamente utiliza-se da delinquência pra informar que não está preparado para lidar com tais exigências sem sentir que está perdendo a si mesma no processo. isso é chamado de padrão antissocial.
Ciclo do Padrão antissocial
A) tudo está bem 
B) alguma coisa perturba isso 
C) a criança foi exigida emocionalmente para além do que podia suportar 
D) a criança por consequência regride a um desenvolvimento emocional anterior. 
E) A criança passa através de comportamentos antissociais a querer que o ambiente ( mãe, cuidador e lugar) regrida junto com ela para o momento que as coisas deram errado e reconheça isso. 
F) seja por um período onde os ambientes lhe sejam generosos e agradáveis mesmo quando a criança não o é para o ambiente (que em parte o que a terapia proporciona) a criança é capaz novamente de se desenvolver emocionalmente. Pois é capaz de entrar em contato com o objeto bom que a princípio a criança sente que perdeu. 
O padrão antissocial é uma forma de dizer que esta carente de alguma forma de atenção ou amor da pessoa amada (os pais) e que portanto não esta preparado para amadurecer e ser mais responsável sem esse amor que falta.
T
Tudo que leva as pessoas aos tribunais tem seu equivalente na infância de forma normal. Se o lar suporta tudo que a criança pode fazer para desorganiza-lo ela sossega e vai brincar. 
Isso o é assim porque a criança não tem o mesmo contato com a realidade externa que se supõe em um adulto e a criança ainda não aprendeu tolerar seus instintos.A criança somente pode expressar tais instintos apenas se sentir segura. Não achando segurança em casa procurará em outros lugares para não enlouquecer.
Do que a criança de mim pra se desenvolver emocionalmente?
A criança precisa de pessoas amorosas, fortes (certo rigor) e confiantes para que a liberdade venha livres de ansiedades. 
A criança precisa de um ambiente estável, assistência e amor pessoais e doses crescentes de liberdade se isso não for fornecido a criança precisará
 de psicoterapia pessoal. 
O que faz o psicólogo nesses casos?
O trabalho do terapeuta é administrar, tolerar e compreender ir de encontro ao momento de esperança (comportamento antissocial) e corresponder às expectativas (tolerando a criança). Aceitar a desorganização que esta sente para que ela mesma possa tolerar a si mesma e tomar o controle de suas emoções e isso o terapeuta o faz brincando com a criança com a regra de que a criança é quem decide do que irão brincar.
 o terapeuta usa seu próprio ser como recipiente para os sentimentos negativos ao mesmo tempo que tenta dar sentido ao sofrimento da criança e quebrar o ciclo de culpa sem reparação e permitir que a criança entenda e tolere seus próprios sentimentos negativos. 
Diferença da criança e o delinquente
A criança em privação afetiva pode se tornar um delinquente, pois a diferença entre eles é que a criança se vê como doente e tem que ser tratada como o tal, o delinquente por conta de ganhos secundários (ter coisas que nunca pode ter) e pela própria passagem de tempo perde a esperança e não se vê mais como doente mas como parte de quem ele é, tornando muito difícil a terapia surtir efeito, nesses casos reformatórios tem mais chance de sucesso.
Atenção!
TRATAR A CRIANÇA COMO APENAS UM DELINQUENTE SÓ VAI ADIANTAR O PROCESSO DESTA PERDER A ESPERANÇA DE TER O CONTROLE DAS EMOÇÕES.
Retirar a criança de qualquer ajuda seja terapêutica ou escolar por mais que no momento se sinta protegendo a criança é na verdade uma disputa com o cuidador, mas quem sai perdendo é sempre a criança que se vê de mãos atadas para lidar com o que sente. Pais, professores e terapeutas devem agir juntos para proteger o futuro dessas crianças.
MUITO OBRIGADO!!
Referências: 
 Winnicott, D. W. Privação e delinquência; trad. Àlvaro Cabral Revisão: Mônica Stahel. 4° edição São Paulo: Martins Fontes, 2005.

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