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Laís Rios Saad | T9 A avaliação inclui uma história clínica e exame físico direcionados para avaliar se há sinais ou sintomas que indicam a necessidade de exame de imagem imediato ou uma avaliação mais aprofundada. Para a avaliação inicial de um paciente com dor lombar, Deyo e Weinstein propõem um questionário: 1 – Há alguma doença sistêmica causando a dor? 2 – Há alguma questão social ou psicológica que posa estar amplificando ou prolongando a dor? 3 – Há algum comprometimento neurológico que exija intervenção cirúrgica? É importante realizar toda a caracterização semiológica da dor, sendo de relevância saber o tempo de duração, se há ou não irradiação, como a dor é desencadeada e se tem relação com o trabalho, bem como impacto nas funções cotidianas. Deve-se procurar por sinais de alerta que sugiram condições clínicas mais graves, como tumores ou infecções. Para isso, classificamos em sinais de alerta vermelho, nem sempre significa que o paciente deve ser encaminhado para unidade de Urgência/emergência, mas que o mesmo merece uma investigação diagnóstica mais direcionada. E em sinais de alerta amarelo, pois os mesmos ajudam a predizer o prognóstico destes pacientes (risco de recorrência e cronicidade) diante de riscos psicossociais. LOMBALGIAS A coluna lombar possui 5 vértebras, sendo elas as maiores de toda a coluna, com articulações que concentram as foças dos impactos traumáticos. Possui uma ligeira curvatura, formando a lordose lombar. O sacro é composto por 5 níveis vertebrais com fusão no desenvolvimento, seguidos de uma proeminência óssea terminal, o cóccix. Tem como definição a dor, rigidez ou sensação de tensão muscular localizada abaixo da margem costal, mas acima da região glútea. Pode ser: › aguda (até 4 semanas) › subaguda (entre 4 e 12 semanas) › crônica (≥ 12 semanas). Apresenta alguns fatores de risco, como tabagismo, obesidade, idade avançada, sexo feminino, trabalho físico extenuante, trabalho sedentário, além de fatores psicológicos como desordem de somatização, ansiedade e depressão. DEFINIÇÃO ETIOLOGIA MUSCULOESQUELÉTICAS Tensão muscular: apresenta-se com dor e/ou rigidez no movimento; pode não ter um fator precipitante claro, mas muitas vezes está relacionada à postura e posição do sono; ao exame físico, apresenta desconforto à palpação dos músculos do pescoço e trapézio. Pode persistir até 6 semanas e seu diagnóstico é clínico, sendo a imagem desnecessária. Espondilose vertebral: corresponde a alterações degenerativas da coluna, com aparecimento de osteófitos (“bico de papagaio”) ao longo dos corpos vertebrais, que podem comprimir ou não estruturas nervosas (ou seja, podem levar à radiculopatia); porém, normalmente as alterações degenerativas são achadas em pacientes assintomáticos. Discopatia degenerativa: proeminência do disco intervertebral, podendo comprimir o canal medular, mas está presente em muitos indivíduos assintomáticos; apresenta dor e/ou rigidez no movimento e é exacerbada por posições contínuas como dirigir, ler e sentar; sintomas radiculares podem estar presentes; apresenta dor e redução de amplitude ao movimento; o diagnóstico é clínico, mas pode ter suporte da RM. GERAIS Mecânicas: dentro das causas mecânicas, estão: anomalias congênitas (espinha bífida; sacralização); degenerativas (espondiloartrose); síndromes discogênicas (prolapso discal) e traumatismos. Inflamatórias: estão associadas com doenças que possuem manifestações sistêmicas, além do acometimento da coluna vertebra. Nesses casos de etiologia inflamatória, é comum que os pacientes apresentem rigidez matinal importante (com mais de 1 hora de duração) e dor noturna presente em alguns casos. Metabólicas: dentre as causas Metabólicas, as mais frequentes são: Osteoporose; Osteomalácia e Hiperparatireoidismo. Ademais, a presença de calcificações discais nos exames de imagem, devem alertar o examinador quanto a possibilidade de doenças metabólicas subjacentes. Dor visceral referida: diversas Patologias viscerais podem causar dor referida na região lombossacra. A lombalgia raramente é o único sintoma nesses casos, porém, dor com ritmo próprio que não melhora ao repouso deve levar à suspeita de dor referida. AVALIAÇÃO › Sinais ou sintomas sistêmicos: febre, perda de peso, sudorese noturna, calafrios. › Déficit neurológico focal progressivo/profundo. › Dor refratária ou persistente por > 4-6 semanas. › Idade > 70 anos. › História pessoal de câncer. › Incontinência/retenção urinária. › Contusões ou abrasões na coluna. › Trauma/lesão em alta velocidade. › Imunocomprometimento. › Pensamento catastrófico quanto à lombalgia. › Sintomas sem base anatômica ou fisiológica definida. › Elevado comprometimento funcional basal. › Baixo estado geral da saúde. › Depressão, ansiedade ou pessimismo diante da vida. Laís Rios Saad | T9 EXAMES COMPLEMENTARES Devido ao caráter autolimitado da maioria dos casos, não se torna necessário testes de laboratório e exames de imagem, exceto na presença de sinais de alarme ou após observação e tratamento clínico por mais de quatro semanas. Método de escolha quando existem sinais e sintomas neurológicos; usado para tecidos moles, suspeita de hérnica discal, estenose de canal, osteomelite, discite, abscessos epidurais, metástases, aracnoidite e defeitos no tubo neural. Considerada o melhor exame para a investigação de doenças ósseas, seu papel na investigação de lombalgia é secundário. Método de escolha em casos alterações nas articulações sacroilíacas, em fraturas, espondilolistese, facetas articulares, alterações degenerativas ósseas, anormalidades congênitas e espondilite anquilosante. RM TC TRATAMENTO FARMACOLÓGICO MEDICAMENTOSO CIRÚRGICO O repouso absoluto não é aconselhando em pacientes com dor lombar aguda, pois tem uma recuperação mais lenta. Sugere-se a prática proporcional ao limite do paciente, devendo-se aumentar a intensidade progressivamente. Alternativas incluem compressas mornas e fisioterapia. A acupuntura, massagem e ioga só são utilizadas em pacientes com dor lombar crônica. A terapia deve se concentrar no alívio sintomático temporário, para maximizar o conforto do paciente. Os analgésicos não opioides e os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são as drogas de primeira escolha. Os AINEs devem ser mais considerados em pacientes mais jovens, sem lesão renal ou gástrica significativa, ou comorbidade cardiovascular. Em caso de resistência à dor ou dor severa, podem ser utilizados opioides de menor potência (como codeína e tramadol) e, se necessário, opioides de maior potência (como a morfina e a oxicodona). O papel do tratamento cirúrgico na lombalgia é secundário (ou até terciário), visto que a grande maioria dos pacientes melhoram antes de se pensar em qualquer terapia mais agressiva.
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