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Instrumentos Tecnicos da Avaliação - U3

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UNIDADE III 
Instrumentos 
Técnicos da Avaliação 
Mª. Janaina Mourão de Ciganda
Tipos de Aprendizagem
Introdução
Prezado(a) estudante, bem-vindo à terceira Unidade! Nesta aula iremos estudar os diferentes
tipos de aprendizagem. Até agora, nesta disciplina, pudemos compreender que para se realizar
um processo avaliativo que de fato sirva para a promoção da aprendizagem é preciso que o
professor esteja atento a uma multiplicidade de fatores. Entre eles está o entendimento de que
nem todos os sujeitos aprendem da mesma forma ou com a mesma estratégia de ensino-
aprendizagem. Bons estudos!
Compreensão do processo ensino-
aprendizagem
Aula 01
VÍDEO
Para abrir a aula, segue o video com uma tirinha da Chico Bento que
exemplifica de forma bastante lúdica as diferenças pessoais no processo de
aprendizagem.
1
Cada pessoa tem uma maneira diferente de aprender aquilo que lhe é proposto de forma
intencional. Essas formas são únicas e pessoais, caracterizando facilidades e dificuldades nos
diferentes processos de ensino-aprendizagem, essas diferenças são chamadas de estilos de
aprendizagem.
Figura 1 - Maneiras diferentes de aprender.
A existência de diferentes estilos de aprendizagem faz com que o professor tenha que 
identificar o estilo de cada estudante dentro da sala de aula, para assim, facilitar o 
desenvolvimento e a compreensão do que está sendo ensinado. Para isso, é necessário que se 
proponha determinadas atividades, que ajudarão a definir as habilidades de cada estudante e 
por consequência o estilo de aprendizagem de cada um.
Conhecer o estudante é um começo, mas é preciso ir além, é necessário saber como funciona o 
processo de aprendizagem, quais os fatores que facilitam ou prejudicam tal processo, 
compreender que o estudante pode aprender de forma mais eficiente, ou seja, estar atento a 
todos os aspectos que envolvem, estudantes, professores e a sala de aula.
É evidente que trabalhar com crianças de quatro anos é bem diferente de trabalhar com 
adolescentes. O estudante em formação tem características diferentes, necessidades 
diferentes, maneiras diferentes de compreender as coisas. Por isso, é fundamental que o 
professor tenha conhecimento integral do estudante em seus aspectos físico, emocional, 
intelectual e social.
2
Normalmente a escola tem o foco no desenvolvimento intelectual mais do que em outros 
aspectos. Porém, principalmente em regiões menos favorecias, é papel da escola atender às 
necessidades da comunidade e promover o desenvolvimento físico, emocional e social dos 
estudantes. A evolução da intelectualidade pode estar comprometida se não acontecer 
simultaneamente ao desenvolvimento dos outros aspectos.
Para além dos conhecimentos sobre o desenvolvimento afetivo e intelectual dos estudantes, a 
Psicologia da Educação contribui para que o professor compreenda as relações dos estudantes 
com a família, com os amigos, com a escola, com a comunidade, etc. No seu cotidiano o 
estudante é influenciado por vários fatores que repercutem de forma negativa ou positiva no 
seu trabalho escolar.
A área do conhecimento que estuda a aprendizagem é composta por uma variedade enorme de 
correntes teóricas que procuram explicar e conceituar os modelos e tipos de aprendizagem e 
como isso influencia o desenvolvimento de práticas pedagógicas escolares e extraescolares. 
Por exemplo, a teoria cognitivista foca seus esforços em compreender as estruturas do saber, 
os processos mentais, as estratégias didáticas de ensino, buscando a solução de problemas e o 
processamento da informação, transpondo as aprendizagens do sujeito para novas situações.
Independentemente da teoria, o objetivo é sempre construir e aplicar metodologias de ensino-
aprendizagem eficientes, alguns focam na aprendizagem escolar sob a ótica da construção de 
saberes, o que resulta numa categorização de modelos de aprendizagem. Esses modelos 
podem ser definidos como maneiras ou processos que permitem que as pessoas aprendam ou 
construam conhecimentos.
Vamos ver agora como três grandes teorias definem o processo de aprendizagem.
Teorias Ambientalistas: a aprendizagem é decorrente do ensino em ambientes formais
de transmissão do conhecimento acumulado historicamente e sistematizado. Nessas
teorias, a aprendizagem é consequência da ação de pessoas que têm algum conhecimento
ou sabem realizar algo e ensinam a outros aquilo que sabem. Essas teorias se vinculam à
educação escolar.
Teorias Inatistas: a aprendizagem é inata ao indivíduo, decorrente de atividades da
própria pessoa que aprende, atividades essas que englobam a observação e a imitação, a
pesquisa, o estudo e a reflexão. São teorias que se vinculam ao conceito de autodidatismo
e a ideia de que a aprendizagem decorre de capacidades intrínsecas à pessoa.
Teorias Sócio-Interacionistas: a aprendizagem é consequência direta da interação entre
as pessoas, interação que se manifesta por meio da troca de ideias, de diálogo, da
discussão e da crítica. A aprendizagem é vista como consequência das relações
estabelecidas entre o sujeito e seu meio sociocultural.
3
Estilos de Aprendizagem
Os estilos de aprendizagem são as diferentes formas de adquirir conhecimento. Os indivíduos
apresentam maneiras próprias de aprender, é uma forma individual de construir
conhecimentos e é definida como Estilo de Aprendizagem. Como exemplo, podemos pensar
que algumas crianças aprendem com maior facilidade através de jogos ou cantando músicas,
outras crianças aprendem melhor por meio de brincadeiras, brinquedos pedagógicos etc.
O modo operacional exclusivo e pessoal de cada sujeito que define a preferência para o
aprender é, em verdade, o seu estilo de aprender. Crianças que gostam de ouvir histórias
podem ter um estilo de aprendizagem diferente daquelas que preferem cantar músicas ou
simplesmente brincar sem motivo aparente.
Figura 2 - Dr. Howard Gardner.
Fonte: http://tinyurl.com/zlynxcz
Dessa forma, conhecer o tipo de abordagem mais adequado para cada estudante pode 
simplificar a promoção de experiências educativas que geram aproveitamento cognitivo muito 
mais eficiente e eficaz. Mais que isso, essa compreensão faz o processo educativo ser divertido 
e proveitoso para todos, estudantes e professores terão, assim, um rendimento maximizado.
4
As áreas do conhecimento da Educação e da Psicologia têm desenvolvido inúmeras teorias 
para explicar como as pessoas aprendem e pensam. O teórico mais significativo é o psicólogo 
Dr. Howard Gardner, da Universidade de Harvard. Ele publicou um livro em 1983 chamado
“Frames of Mind: the Theory of Multiple Intelligences”. Nesse livro ele apresenta a ideia de que os 
indivíduos não são dotados de uma inteligência fixa, ou seja, apenas uma maneira de captar, 
absorver ou assimilar informações. Ele define pelo menos sete tipos diferentes de 
aprendizagem.
Os sete estilos de aprendizagem de Gardner são:
Físico – indivíduo que usa muito a expressão corporal.
Interpessoal – indivíduo extrovertido.
Intrapessoal – indivíduo introspectivo.
Linguístico – aqueles que se expressam melhor com palavras, faladas ou
escritas.
Matemático – os que usam mais o pensamento/raciocínio lógico, racional.
Musical – se interessam mais por sons, música e artes.
Visual – exploram mais o aspecto visual, estético das coisas.
VÍDEO
Veja a seguir um vídeo com o professor doutor Gardner falando sobre sua
teoria. Confira!
5
Estilo Físico
Figura 3 - Estilo físico.
Ao conhecer o estilo de aprendizagem do estudante, o professor estará melhor preparado para
criar oportunidades educacionais de forma personalizada e, por isso, mais motivadoras,
significativas e adequadas ao temperamento e personalidade cognitiva dos estudantes,
potencializando a capacidade de aprendizagem do indivíduo.
Todas as pessoas aprendem melhor quando o assunto ou atividade proposta desperta o
interesse e a atenção, quando há empatia entre professor e estudante. Desse modo, conhecer
o estilo de aprendizagem do estudante é a mesma coisa que saber como ensinarcom eficiência
e assim alcançar resultados de fato significativos.
Diante do exposto até agora, podemos concluir que quando são utilizadas abordagens
cognitivas diferentes podemos chegar a resultados surpreendentes. Talvez seja por isso que
existam tantas atividades, livros, canções, jogos etc. O fato é que independentemente do estilo
de aprendizagem, são inúmeros os recursos disponíveis para adequar a ação pedagógica ao
perfil do estudante.
Vejamos a seguir, de forma mais detalhada, cada um dos estilos definidos por Gardner.
Indivíduos inquietos, que gostam de fuçar, de desmontar equipamentos e brinquedos, além de 
querer saber como funciona, precisam ver por dentro. São os hiperativos, aqueles que não 
conseguem ficar sossegados em seu lugar. São pessoas que não conseguem ficar sentadas por 
muito tempo. Simplesmente raciocinam melhor quando seus corpos estão em movimento. 
Interagem melhor com o mundo através do contato manual e corporal. Quem tem 
predominância do estilo físico adoram esportes, inventar, construir e dançar.
6
Estilo Intrapessoal
Indivíduos solitários, que caminham de acordo com sua própria conveniência e podem ser 
vistos pelos outros como tímidos ou antissociais. Mas, sem rotular, não são pessoas acanhadas, 
apenas pensam melhor quando são deixadas à vontade para definirem seu próprio ritmo. Se 
relacionam melhor com o mundo numa ótica independente e através da autorreflexão. 
Atividades preferidas são escrever, pesquisar e explorar qualquer coisa.
Quando estão aprendendo alcançarão melhores resultados com atividades em que possam 
trabalhar sozinhos, com projetos independentes, e trabalhos de pesquisa.
Estilo Interpessoal
Indivíduos que estão sempre disponíveis para o outro, os assistentes comunitários, os 
originais carregadores da equipe. Conseguem o melhor de si quando podem defender suas 
ideias e ajudar os outros a resolverem problemas. Se relacionam melhor com o mundo por meio 
de suas interações com os outros. As atividades mais propícias são equipes esportivas, grupos 
de discussões e organização de eventos.
Quando estão assimilando novas informações e conhecimentos, obterão melhor desempenho 
com jogos coletivos, trabalhos de pesquisa em grupo ou trabalhando em pequenas equipes.
Estilo Linguístico ou Verbal
Indivíduos que gostam de ler livros, escrever textos e que sempre sabem o que falar. Sempre 
causam impacto, são possuidores de força presencial quando se expressam através de 
palavras, faladas ou escritas. Se relacionam com o meio através da linguagem. Podem obter 
melhores resultados com atividades que utilizem a palavra falada, a escrita e a leitura de livros 
e textos.
Quando estão aprendendo as atividades mais adequadas são a contação de histórias, a 
explanação em público, a condução de entrevistas etc.
Estilo Matemático
Indivíduos com grande facilidade para os conceitos matemáticos, gostam muito de jogos, e 
teorias científicas. A relação com o mundo se dá por meio do raciocínio, dos números, dos 
padrões e das sequências. As atividades motivadoras sãos as que incluem contagem e 
classificação de objetos, criação de tábuas cronológicas e tabelas, além da solução de 
problemas complexos.
No processo de ensino-aprendizagem, obterão melhor desempenho com as experiências 
científicas, acompanhamento do passo a passo de processos, e por meio do uso de cálculos 
matemáticos.
7
Figura 4 - Estilo musical.
Indivíduos que gostam de cantar ou entoar algum som até mesmo com a boca fechada, 
possuem um “ouvido musical”, encontram sons em tudo. Podem não ser os melhores cantores 
ou músicos, mas têm uma habilidade natural para interagir e entender os sons, musicais ou não. 
A relação com o mundo é através dos sons e ritmos sonoros. As atividades que podem ser mais 
proveitosas para eles são: ouvir músicas, tocar instrumentos, interpretar sons e cantar.
Quando estão aprendendo, se beneficiarão escrevendo letras e canções para músicas, tocando 
instrumentos ou desenvolvendo projetos de multimídia.
Estilo Musical
8
Indivíduos que gostam de desenhar, pintar, grafitar, possuem um talento natural para as cores
e para harmonizar ambientes. Parecem ter um senso artístico, padrão estético incomum, o que
torna suas criações muitas vezes agradáveis aos olhos. Sua relação com o mundo é através de
pinturas e imagens. As atividades que podem ser mais proveitosas para eles são a pintura, a
escultura, e a criação de artes gráficas de todos os tipos.
Quando estão aprendendo, essas pessoas se beneficiarão mais com desenho e criação de
diagramas inclusive gráficos, leitura cartográfica, criação de mapas, ou realizando
demonstrações.
Fechamento
Nesta aula conhecemos os diferentes estilos de aprendizagem, com isso podemos seguir
adiante em nosso conteúdo e aprofundar nosso entendimento de que a aprendizagem se dá de
forma diferente em cada individuo, não sendo possível se conceber uma avaliação única para
todos.
Figura 5 - Estilo visual.
Estilo Visual
9
Avaliar o Ensino ou a Aprendizagem?
Nesta aula iremos refletir sobre o que deve ser avaliado no processo educativo: o ensino ou a
aprendizagem. Na aula anterior, conhecemos os tipos de aprendizagem e com isso pudemos
perceber que devemos realizar a avaliação de acordo com as potencialidades de cada
estudante. Sendo assim, agora vamos entender o porquê e o quê deve ser avaliado. Bom
estudo!
Já vimos, nesta disciplina, que a avaliação durante muito tempo foi usada como instrumento
para classificar e rotular os estudantes entre bons e ruins. A prova era tida como um
instrumento que causava medo e ameaçava os estudantes. Também já vimos, que essa
perspectiva está sendo superada e em seu lugar está sendo colocada uma visão mais
humanitária do processo avaliativo.
Aula 02
Introdução
Avaliação e Ensino
10
Atualmente, a avaliação é entendida como uma estratégia importante para alcançar o
principal objetivo da educação: promover os estudantes na caminhada do conhecimento. O
fundamental de hoje em diante é realizar ações que possam medir a qualidade da
aprendizagem e sua utilidade na vida cotidiana dos estudantes.
Assim, em primeiro lugar, o professor deve ter em mente que não existe certo ou errado, mas
sim estratégias mais adequadas para cada uma das diversas situações possíveis dentro da sala
de aula. Observar, realizar provas, produzir redações e registrar o desempenho individual de
cada estudantes são algumas das estratégias que podem ser utilizadas como meio de avaliação.
Cada uma das estratégias deve ser utilizada de acordo com a intenção do trabalho que está
sendo realizado. O ideal é mesclar a utilização de todas as estratégias disponíveis, adaptando-
as não só aos objetivos do professor, mas também às necessidades de cada turma, de cada
estudante.
A avaliação serve como uma lente para reorientação da atividade pedagógica em busca de uma
melhor aprendizagem e, por consequência, um melhor sistema de ensino. Por isso é tão
importante que o professor pense e planeje antes de propor uma atividade para a sua turma.
Em qualquer processo de avaliação educacional há um foco no individual e no coletivo.
Dessa forma, deve-se considerar que existem dois protagonistas nesse processo: o professor e
o estudante. O professor precisa identificar o que o estudante quer e se posicionar como um
parceiro. Ou seja, discutir os critérios de avaliação de forma coletiva com o objetivo que
Figura 6 - Avaliação e ensino.
11
alcançar melhores resultados. Ao professor cabe, desse modo, selecionar os conteúdos
realmente importantes, informar os estudantes e evitar mudanças sem necessidade.
A boa avaliação envolve três passos: diagnóstico (saber o nível atual de desempenho do
estudante; qualificação (identificar o que é necessário ensinar); e planejar atividades, com os
respectivos instrumentos avaliativos para cada etapa do processo educativo (LUCKESI,
2008).
A avaliação só faz sentido se for para contribuir no desenvolvimento do estudante. Só deve ser
avaliado aquilo que foi ensinado. Não adianta exigir que os estudantesapresentam um
seminário, se o professor não der orientações sobre como realizar esse seminário. Ou seja, o
professor deve escolher formas eficazes de abordar os temas propostos, de preferência que
eles estejam ligados à vivência e ao cotidiano dos estudantes.
É de fundamental importância compreender a relação de poder que permeia o processo
avaliativo, pois através dele o professor tem a possibilidade de controlar a turma. Muitos
professores têm dificuldade de lidar com esse poder de forma positiva, pois em suas vivências,
enquanto estudantes, a avaliação sempre foi ameaçadora, classificatória, privilegiando a mera
atribuição de notas. Daí a dificuldade de agir de outra forma.
Esse aspecto negativo do processo avaliativo vem sendo transformado na medida em que essa
discussão é feita dentro dos cursos de formação docente. Assim, o professor passa a
compreender e a utilizar novos modelos e ferramentas avaliativas, para que o fracasso escolar
deixe de ser entendido como uma deficiência do estudante e passe a ser um desafio que não
permite ninguém ser deixado para trás.
A avaliação só faz sentido se for para contribuir no desenvolvimento do estudante. Só deve ser
avaliado aquilo que foi ensinado. Não adianta exigir que os estudantes apresentam um
seminário, se o professor não der orientações sobre como realizar esse seminário. Ou seja, o
professor deve escolher formas eficazes de abordar os temas propostos, de preferência que
eles estejam ligados à vivência e ao cotidiano dos estudantes.
É de fundamental importância compreender a relação de poder que permeia o processo
avaliativo, pois através dele o professor tem a possibilidade de controlar a turma. Muitos
professores têm dificuldade de lidar com esse poder de forma positiva, pois em suas vivências,
enquanto estudantes, a avaliação sempre foi ameaçadora, classificatória, privilegiando a mera
atribuição de notas. Daí a dificuldade de agir de outra forma.
12
Esse aspecto negativo do processo avaliativo vem sendo transformado na medida em que essa
discussão é feita dentro dos cursos de formação docente. Assim, o professor passa a
compreender e a utilizar novos modelos e ferramentas avaliativas, para que o fracasso escolar
deixe de ser entendido como uma deficiência do estudante e passe a ser um desafio que não
permite ninguém ser deixado para trás.
Ser professor é educar, e educação é sinônimo de: acreditar, amar, agir, participar, construir,
transformar, problematizar, criar e realizar, tudo isso com sabedoria.
A avaliação deve ser entendida como um meio e não como um fim em si mesma, dessa forma
ela está delimitada pela teoria e pela prática que a orienta. O processo avaliativo não se dá em
um vazio conceitual, mas sim amparada por um modelo teórico do universo da educação
traduzido em prática pedagógica. Para um verdadeiro processo avaliativo, não importa a
aprovação ou reprovação de um estudante, mas sim sua aprendizagem e seu consequente
crescimento.
Avaliação Educacional para Humanização
Figura 7 - Avaliação educacional para humanização.
13
Na prática pedagógica, o ideal da avaliação é a sua função diagnóstica, fazendo disso um
momento dialético do processo no sentido de avançar no desenvolvimento da ação, do
crescimento para a autonomia e na formação de competências e habilidades. Sob essa
perspectiva, a avaliação convida para a melhoria, almejando a transformação do sujeito e da
sociedade.
Isso não significa menor rigor na prática avaliativa, e sim um rigor técnico e científico que
garante ao professor um instrumental mais eficaz de tomada de decisão. Dessa maneira, a ação
do professor se torna mais adequada e eficiente no alcance da transformação, avaliar é ação –
reflexão – ação.
Atualmente, o conjunto de referências teóricas que orientam a avaliação educacional no Brasil,
entende que ela deve ser um procedimento necessário para definir prioridades e garantir a
qualidade do ensino. A proposta é que o sistema de avaliação seja capaz de diagnosticar e
indicar necessidades de controle e correções de rumos na política educacional coordenada
pelo MEC, em colaboração com os Estados e Municípios.
Orientações Oficiais sobre Avaliação no
Brasil
Figura 8 - Orientações sobre avaliação.
14
As orientações oficiais são de desenvolver metodologias de avaliação que possam contribuir
para a política educacional, na medida em que os processos avaliativos das escolas apresentem
informações sobre o desempenho do estudante.
A avaliação de desempenho dos estudantes é uma das estratégias para a avaliação dos
sistemas de ensino, com o objetivo de definir prioridades por parte da União e dos Estados, que
possam ser necessárias para a definição ou redirecionamento dos rumos da política
educacional.
É dever da União dar apoio técnico e financeiro aos entes da federação e as avaliações
realizadas nas escolas sobre as mesmas indicam suas necessidades, permitindo a correção de
rumos. A orientação é que a avaliação aconteça ao longo de processo formativo e não somente
ao final. Pois assim, tanto os sistemas de ensino quanto os estudantes poderão perceber o
desenvolvimento da aprendizagem e se necessário tomar providências para a recuperação.
Como parte de uma avaliação sistêmica, os resultados das avaliações devem permitir projetar
a qualidade do ensino, projeções essas que devem ser verificadas a partir da análise de fatores
determinantes para um melhor processo educativo. Por exemplo:
Condições de infraestrutura e de equipamentos de apoio didático
(laboratórios, bibliotecas, etc.);
Condições do ambiente escolar em termos físicos (localização, sonoridade,
iluminação, ventilação) e sócio-políticos (gestão democrática, valorização dos
trabalhadores, autoestima dos alunos, envolvimento da comunidade, etc.);
Adoção de livros didáticos e possibilidade de acesso a eles e a outras fontes
impressas de conhecimento, pelos alunos;
Características da organização curricular e do trabalho pedagógico;
Valorização dos professores, considerando a qualidade da formação inicial, as
oportunidades de formação continuada, o estímulo à participação no projeto
pedagógico da escola, os princípios norteadores da carreira e as condições de
trabalho;
Características socioeconômicas e culturais dos(as) estudantes.
15
A avaliação educacional deve ser compreendida a partir de uma perspectiva científica que lhe
imprime validade e precisão nos resultados, além de uma perspectiva que permita maior e
melhor conscientização e participação do pessoal envolvido.
Participar e conscientizar os sujeitos envolvidos no sentido de envolvê-los numa discussão
conjunta e crítica acerca dos resultados e da elaboração e recomendação de alternativas de
solução. O maior envolvimento das pessoas nos processos avaliativos (coleta de dados) leva a
Avaliação: Prática Técnico-Político-
Pedagógicas
Figura 9 - Prática técnico-político-pedagógica.
VÍDEO
Maura Barbosa, consultora pedagógica de Gestão Escolar, visita a EE Jardim
Santa Maria III, em Osasco, São Paulo, para falar sobre como é possível utilizar
a avaliação dos(as) estudantes a fim de melhorar o processo de ensino e
aprendizagem. Confira no vídeo disponível a seguir.
16
uma maior apropriação dos dados, o que resulta em uma avaliação como maior credibilidade e
relevância como fator de mudança.
Dessa forma, entende-se a educação como uma prática social, uma atividade humana concreta
e histórica, que se determina a partir das relações sociais. A escola, nesse contexto, é o local
para a formação de um ser social consciente e participativo, por isso ela deve promover uma
aprendizagem dinâmica, que envolva um processo de cognição. Aprender não é apenas
responder a um estímulo, mas sim realizar mudanças qualitativas nas capacidades humanas.
Com certeza essas mudanças se darão mais facilmente se houver boa interação em
professores e estudantes, resultando em maior participação de ambos no processo avaliativo.
Existe uma estreita relação entre os níveis de autonomia e a participação, quanto maior o nível
de raciocínio,maior a autonomia no desempenho das ações.
O professor deve receber constante capacitação para desenvolver de modo eficiente as
atividades didático-pedagógicas, portanto ele deve ter um espírito crítico desenvolvido para
que forme estudantes críticos, também deve ter condições dignas de trabalho, como salário,
plano de carreira, valorização da sua função etc.. O(a) estudante é o sujeito e não o objeto do
processo de ensino-aprendizagem, devendo ser tratado(a) como um ser em formação e,
portanto, alguém que precisa de acompanhamento na estrada do conhecimento.
As concepções de educação, docente, estudante, currículos, planejamento de ensino e
avaliação devem ser as mais amplas possíveis, objetivando sempre a formação do indivíduo
como ser social, assim as avaliações devem fazer a comunidade escolar se perguntar
constantemente se estão contribuindo para despertar consciência, estimular a busca de
alternativas, desenvolvimento de ações individuais e coletivas de transformação.
Não existem receitas nem modelos que sirvam para todas as escolas, mas temos um alerta
comum: educação é processo, avaliar esse processo é dever da escola; e ganhar espaços, gerar
mudanças, promover melhorias é parte integrante da consciência do educador.
VÍDEO
Para encerrar esta aula, assista a seguir, ao vídeo da mesa redonda sobre
avaliação, “Instrumentos e práticas de avaliação e a prática do professor”, do
canal Portal Dia a Dia Educação. Confira!
17
Vimos nesta aula que o processo avaliativo avalia tanto o ensino, como a aprendizagem. O
importante é perceber que esses dois processos são profundamente relacionados e que o
fracasso de um resulta no fracasso do outro. Portanto, a avaliação educacional tem como foco
o olhar sobre o processo ensino-aprendizagem em sua perspectiva mais ampla. Até a próxima
aula!
Fechamento
18
Diferentes Instrumentos de Avaliação
e seus Usos
Olá, turma! Nesta aula, vamos conhecer na prática a utilização de alguns instrumentos
avaliativos que, quando bem empregados, são ferramentas importantes para a concretização
da perspectiva da avaliação mediadora.
A forma mais eficiente de o professor se aproximar da aprendizagem da criança é utilizar a
observação como instrumento de avaliação. Ao observar, o professor consegue coletar
informações sem alterar a rotina da sala de aula. É importante ressaltar que o registro das
observações deve sempre ser feito, seja no diário ou na própria atividade que a criança
realizou.
Ao realizar a observação como instrumento avaliativo, o professor acaba por reconstruir a
prática avaliativa e passa a questionar sua própria postura como educador. Avaliar é refletir
Aula 03
Introdução
Observação como Instrumento de
Avaliação na Escola
19
sobre a própria ação e, a partir dos resultados, refletir e agir novamente. Manter o processo de
práxis (ação-reflexão-ação) de acordo com a realidade e o acompanhamento do educando são
as bases para a construção do conhecimento.
Nesse sentido, avaliar é um processo de autoconhecimento e de conhecimento da realidade,
tanto para educandos como para educadores. Joel Martins (1980) diz que “o que deveria estar
presente no paradigma de avaliação do aluno e do professor, como indivíduos humanos, é que
a essência do relacionamento fosse sempre um encontro em que ambos os participantes se
modificassem”. (MARTINS, 1980, apud HOFFMANN, 2000, p. 18-19)
A história que você vai ler a seguir foi contada pela educadora Amy Laura Dombro e a
experiência faz parte do livro O poder da observação – do nascimento aos 8 anos, de autoria de
Amy Dombro, Margo L. Dichtelmiller, Judy R. Jablon, Ronaldo Cataldo Costa.
Com o seu relato, Dombro chama atenção para a importância da observação no processo
pedagógico da educação infantil.
A autora conta a história de Jones, de 2 anos, que era um menino agitado e ativo que adorava
esvaziar prateleiras, espalhar brinquedos pela creche e ver a educadora correr atrás dele para
Observação e Registro
Figura 10 - Observando o comportamento dos alunos.
20
retomar a ordem do lugar. Instigada por informações sobre observação infantil, a educadora se
forçou a olhar para Jones todos os dias com outros olhos. Ela notou, então, que a música
prendia a atenção e a concentração da criança e, com isso, passou a estimulá-lo com diferentes
instrumentos. Como resultado, o menino começou a passar mais tempo com a educadora
lendo livros, conversando e preparando o lanche. Com isso, a imagem de garoto caótico,
hiperativo e problemático deu espaço a uma criança curiosa, esperta e com um ótimo senso de
humor.
A partir do caso de Jones, podemos perceber que as informações coletadas com a observação
permitem ao professor escolher os materiais mais adequados, planejar atividades que tragam
mais resultados e estabelecer questões que sirvam como guias orientadores da aprendizagem
e compreensão do ambiente circundante. Por conta disso, é fundamental que o professor
tenha em mente que cada criança se relaciona de forma única com a aprendizagem. Dessa
forma, o olhar do professor deve estar focado nos interesses, nas relações, na personalidade e
nas interpretações que cada criança faz sobre as suas experiências. Isso tudo constitui a base
de informação para que o educador avalie a eficácia da sua prática e reveja aquilo que se fizer
necessário.
Qualquer projeto pedagógico está condenado ao fracasso se não houver a observação. Olhar
para a criança em processo de aprendizagem significa querer saber o que acontece com o
outro quando instigado por uma ação objetiva. Sendo assim, a observação, quando bem-feita, é
um termômetro do desempenho do projeto pedagógico.
Já compreendemos que a observação é fundamental para o processo de aprendizagem das
crianças. Porém, existem questões que sempre estarão presentes no momento de
planejamento da observação. Entre elas, podemos citar: de onde partir? Como ser um
observador? O que observar? Alguns aspectos podem ser considerados para moldar o olhar, de
O que observar?
VÍDEO
Assista, a seguir, a experiência da escola Espaço da Vila, em São Paulo. As
perguntas que orientam a análise das turmas até três anos são elaboradas
coletivamente pela coordenação e a equipe docente.
21
forma que os dados obtidos contribuam para uma avaliação mediadora e significativa, tanto
para o estudante como para o professor. Na educação infantil, é fundamental o professor estar
atento à saúde, ao desenvolvimento físico, ao temperamento, às habilidades e capacidades, aos
interesses, à cultura e à vida familiar, ao uso das linguagens (verbal, corporal, escrita) e às
interações sociais. A finalidade dessa modalidade educacional é o desenvolvimento integral da
criança. Sendo assim, é preciso observar a criança como um todo.
Nesse sentido, a observação deve ser guiada pelo planejamento. Assim, outras questões se
colocam como fio condutor do planejamento da observação: qual é o projeto pedagógico? Qual
é o planejamento para colocá-lo em prática? Quais resultados quero alcançar? De posse dessas
respostas, o professor pode, então, definir as perguntas que irão nortear a observação,
percebendo o desenvolvimento de cada indivíduo a partir das atividades propostas.
Um olhar direcionado é a base de uma boa observação. Isto é, é preciso observar a sala de aula
tendo em mente boas perguntas a serem respondidas.
O livro citado anteriormente apresenta uma sugestão de organização das informações
coletadas pela observação. Os autores orientam que o professor estruture uma tabela com
três colunas. A primeira deve conter o nome e a idade do estudante. Na segunda, o que foi
observado e, na terceira, as possíveis soluções para a situação observada. Por exemplo, para
verificar como uma criança lida com a separação, é significativo observar essa criança no
momento de despedida de quem a leva para a escola. No caso da criança não responder bem a
Figura 11 - O que observar?
Como organizar a observação?
22
essa situação, uma possível solução seria fazer um mural com fotos da família na sala de aula. O
professorainda pode acrescentar mais uma coluna à tabela de registro de observação para
anotar suas próprias percepções sobre o fato observado.
Não existe um momento único de observação. Toda hora é hora de observar! O professor deve
estar atento em todos os aspectos da rotina escolar, sendo que a observação pode variar,
podendo ser espontânea ou planejada. O professor não deve se focar em observar apenas
aquilo que foi planejado ou previsto. Ele deve, sim, aproveitar os momentos espontâneos para
retirar deles informações que talvez não haviam sido sequer ponderadas. É preciso que o
educador esteja aberto a surpresas e, por isso, precisa exercitar seu poder de observador.
O registro das observações deve ser feito de forma cuidadosa e no tempo correto. As
anotações devem ser realizadas de acordo com a natureza da atividade. Pode-se usar caneta e
papel, gravador de áudio e/ou vídeo, câmera fotográfica. Cada tipo de situação vai exigir um
tipo de registro diferente, sempre lembrando que o professor não pode negligenciar sua
relação com os estudantes em função de realizar as anotações necessárias para a avaliação.
Tudo precisa ser bem pensado, organizado e executado.
O momento do registro é muito importante, pois é a partir dele que podemos agrupar
informações que serão primordiais para realizar a reflexão sobre a prática do educador e
compreender para que, para quem e em nome de que se organiza a prática educativa. A
observação é um instrumento de avaliação e planejamento.
Quando observar?
O registro e a avaliação
VÍDEO
A seguir você vai assistir ao Programa Conexão Futura, que discute como
registros, anotações, fotos e vídeos em sala de aula podem ajudar os
professores na hora de avaliar os alunos e o próprio trabalho como
educadores.
23
Já sabemos que, na atualidade, o trabalho com competências e habilidades é imperativo e é
também um grande desafio para o educador. A aprendizagem, no século 21, está diretamente
relacionada à capacidade de utilizar os conhecimentos em situações cotidianas da vida real. Os
conteúdos trabalhados devem ter uma aplicação quase imediata na vida dos estudantes. Ou
seja, a aprendizagem precisa ser significativa.
Uma das estratégias para promover aprendizagem significativa na perspectiva da avaliação
mediadora é o trabalho em grupo. Talvez, a maior dificuldade dos professores ao trabalhar com
esse instrumento avaliativo seja fazer com que todos os estudantes participem. Muitas vezes,
o trabalho fica centrado em um ou dois elementos do grupo. Desenvolver trabalhos em grupo é
desenvolver um conteúdo atitudinal. Isto é, precisa ser aprendido na prática, na experiência
sob orientação do professor. É preciso que o professor esteja disposto a desenvolver essas
habilidades em seus estudantes, independentemente da disciplina que está sendo ministrada,
até porque o desenvolvimento de habilidades e competências é uma questão transversal, uma
vez que perpassa todas as áreas.
No trabalho em grupo, o debate acontece e os estudante podem perceber como a discussão e
as experiências de todos são mais ricas do que as de uma só pessoa. Para isso, o professor deve
dominar bem o assunto sobre o qual serão desenvolvidos o trabalho e o debate. O tema deve
ser preparado pelos participantes, com leituras, pesquisas etc. O professor deve fazer a
Trabalho em grupo e debate
Figura 12 - Trabalho em grupo.
24
mediação para que todos participem, evitando, assim, o monopólio de falas. Inclusive, o próprio
professor deve se policiar para não fazer muitas intervenções, comprometendo, com isso, o
objetivo da realização da atividade.
Agora, vamos ver algumas estratégias para superar os desafios e aproveitar todo o potencial
do trabalho em grupo:
Quando organizamos os estudantes em grupos, precisamos ter a certeza que a proposta de
atividade a ser desenvolvida exige que realmente o trabalho seja feito em equipe.
Um dos maiores erros cometidos por professores, ao trabalhar com atividades em grupo, é
oferecer material igual para cada estudante e pedir que trabalhem juntos. Se a ideia é que o
grupo atue de forma coletiva, a melhor estratégia é oferecer um único informativo por grupo.
Assim, os estudantes serão motivados a ler e entender juntos a situação a ser resolvida, para
depois decidirem coletivamente sobre o problema a ser solucionado. Com isso, poderão
discutir, argumentar e decidir como irão agir e registrar os resultados.
Quando os estudantes exercitam a reflexão de forma coletiva, eles aprendem a ouvir,
argumentar, defender seus pontos de vista e a chegar em um consenso sobre a solução que
irão adotar. Para que tudo isso aconteça, é preciso que a proposta de atividade permita que
Estratégias para potencializar o trabalho
em grupo na sala de aula
1 – A atividade deve ser desafiadora, proporcionando
reflexão e participação de todos
VÍDEO
Veja a seguir uma pequena animação que demonstra bem a funcionalidade do
trabalho em grupo. Nela, os animais demonstram que trabalhar em grupo faz
a diferença.
25
eles pensem sobre o tema e tenham diferentes possibilidades de solução. Assim, os estudantes
estarão diante de diferentes oportunidades de criar e poderão, ao final do trabalho, conhecer
outras formas de solução apresentadas pelos outros grupos.
Uma importante questão a ser pensada no desenvolvimento de trabalhos em grupo é que
algumas pessoas sentem muita dificuldade em colocar suas opiniões e se fazerem ouvidas.
Segundo Cohen e Lotan (2017), os integrantes de um grupo possuem diferentes status em um
grupo e isso pode, ou não, afetar a participação e a interação entre todos. Em alguns casos, o
posicionamento de um estudante com menor status social pode acabar por ser desprezado
pelos participantes do grupo, enquanto que a opinião de um estudante com mais facilidade
social tende a ser aceita sem resistência, e este estudante acaba se tornando uma referência
para o grupo.
Nesse processo, o ideal é garantir a participação de todos. Para isso, o professor pode definir
papéis específicos dentro dos grupos de trabalho. Dessa forma, todos os membros poderão,
em algum momento, assumir a função de líder. Cohen e Lotan (2017) apresentam, ainda, que
funções poderiam ser essas:
Mediador: media a conversa dentro do grupo, estimulando a participação e monitorando
se todos estão compreendendo a orientação da atividade.
2 - Papéis com funções definidas para cada membro do
grupo
Figura 13 - Potencializar o trabalho em grupo.
26
Relator: faz os registros e é o orador do grupo.
Monitor de recursos: garante que não falte nada para que o grupo realize a atividade
proposta.
Cuco: controla o tempo.
Harmonizador: garante o conforto, engajamento e felicidade dos integrantes do grupo.
É importante estar atento para que a organização do trabalho em grupo funcione. Para tanto,
dois aspectos precisam ser cuidadosamente observados. Primeiramente, os papéis assumidos
pelos integrantes do grupo precisam ser trocados de tempos em tempos. Não se pode deixar
que sempre as mesmas pessoas assumam os mesmos papéis. Todos precisam circular pelos
diferentes papéis, para que possam desenvolver e aproveitar todo o potencial da atividade. Em
segundo lugar, definir papéis não significa que apenas um integrante é responsável por
resolver o problema colocado pela atividade, mas todos devem participar colocando suas
opiniões e, assim, todos se sentem compromissados em solucionar e finalizar o trabalho
proposto.
Assim como toda atividade planejada para sala de aula, o trabalho em grupo também dever ser
estruturado em função dos objetivos da aula. O docente deve avaliar se a estratégia do
trabalho em grupo é a mais eficiente para alcançar os objetivos daquele dia. Também precisa
averiguar qual a quantidade de componentes cada grupo deve ter para que os objetivos sejam
atendidos.
Pode-se trabalhar com duplas no início da atividade, para que haja discussão sobre
determinado tema e para que os conhecimentos prévios venham à tona para a troca de
informações. O trabalho também pode ser organizado a partir de gruposde quatro membros,
de maneira que todos possam falar e interagir. Grupos muito grandes podem atrapalhar a troca
e participação de todos de forma mais profunda. Dessa forma, é fundamental que o professor
tenha os olhos atentos no momento da organização para evitar que isso ocorra.
O professor também pode definir os componentes do grupo no sentido de direcionar o
trabalho de acordo com os objetivos pré-estabelecidos. Masetto (2010) chama esse
procedimento de “agrupamento produtivo”. Segundo ele, o importante é identificar os saberes
dos estudantes e agrupá-los por proximidade de saberes ou pela complementação entre eles.
Tudo dependerá dos objetivos da aula.
3 – O tamanho e as pessoas do grupo em função dos
objetivos da aula
27
A socialização das discussões de dentro do grupo com o restante da turma é um momento
fecundo, e que contribui para o desenvolvimento de competências de comunicação. O
planejamento do professor deve levar em consideração tempo e espaço para que cada equipe
possa compartilhar suas reflexões e descobertas, os caminhos que optaram por seguir e o
porquê de terem escolhido tal caminho. É na situação de compartilhamento que os estudantes
aprendem a ouvir uns aos outros, a demonstrar seus argumentos, a descrever caminhos
percorridos pelo grupo e a conhecer outras estratégias diferentes das que haviam pensado.
Sabemos que existem variados instrumentos de coleta de dados que podem ser usados na ação
avaliativa. A qualidade e o embasamento na construção desse instrumento irão influenciar no
resultado da avaliação. A escolha pelo tipo de instrumento a ser utilizado passa pela reflexão
sobre a finalidade e o porquê da escolha de determinado instrumento.
Nessa perspectiva, a seleção de instrumentos para avaliação deve ser realizada durante o
processo de planejamento de ensino, adequando-se aos objetivos propostos, aos conteúdos do
currículo e as atividades realizadas no processo de ensino-aprendizagem.
4 – O trabalho em grupo deve permitir o compartilhamento
de estratégias e soluções
Adequação dos Instrumentos de
Aprendizagem
VÍDEO
A seguir você poderá ver uma das autoras que estudamos nessa aula falando
sobre a utilização dos trabalhos em grupo em sala de aula. A pesquisadora da
Universidade de Stanford, Rachel Lotan responde sete perguntas sobre como
fazer isso, apontando indicações e vantagens.
28
A avaliação tem a função de promover aos estudantes a autonomia e autoavaliação, levando
o(a) estudante a ter um papel ativo no desenvolvimento de seu conhecimento, ou seja,
fazendo com que o(a) estudante seja sujeito(a) histórico de sua formação. O aprender é
parte do direito à educação, quando avaliamos estamos identificando se esse direito está de
fato sendo garantido a todos os cidadãos.
É o professor quem define as técnicas e instrumentos de avaliação que serão utilizados, para
que de forma objetiva e confiável comprove publicamente as capacidades e competências
desenvolvidas pelos estudantes.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a avaliação deve ser continuada e diversificada com o
objetivo de registrar um diagnóstico do desempenho escolar do estudante. Esse registro deve
ser feito em formato de relatório, que serve para o replanejamento das ações pedagógicas e
para complementar ou ampliar as discussões no conselho de classe.
Esse relatório dever apresentar uma análise do desempenho do estudante sobre os
conhecimentos curriculares que foram trabalhados no período, e as estratégias de
recuperação de estudos que foram utilizadas, se for o caso. Nos anos iniciais não é adotada
uma avaliação com critérios quantitativos, o relatório de avaliação é um instrumento oficial
onde são feitos os registros do desenvolvimento dos estudantes. O objetivo é evitar a
fragmentação do currículo e possibilitar maior integração dos conhecimentos. Dessa forma
a retenção do estudante só acontece após a aplicação de estratégias de recuperação
paralela e quando não houver a superação das dificuldades de aprendizagem.
Nessa perspectiva, o foco passa da aprovação/reprovação para o processo de construção de
conhecimentos pelos estudantes, pois todas as situações de aprendizagem passam a ser
consideradas como relevantes e devem estar registradas no relatório. Em caso de
transferência no transcorrer do período letivo, um relatório parcial deverá ser anexado ao
documento de transferência do estudante.
Avaliação no Ensino Fundamental (Anos
Iniciais)
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O relatório de avaliação adquire um viés reflexivo que demonstra a evolução do estudante, não
apenas um documento burocrático, mas um guia para a ação pedagógica. A utilização do
relatório permite que a equipe técnico-pedagógica da escola e o professor estabeleçam,
juntos, um planejamento específico que atenda o estudante em suas necessidade.
É direito do estudante ter um processo de recuperação de estudos no caso dele não
apresentar rendimento mínimo estabelecido pelo sistema de ensino. Para isso cada escola
Figura 14 - Avaliação nos anos iniciais.
Recuperação de Estudos
VÍDEO
A seguir está um trecho do programa “Um salto para o futuro: Avaliação no
Ciclo de Alfabetização”. Nele, professores e especialistas da área falam sobre
a avaliação no primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Confira!
30
deve construir, no âmbito do PPP, um planejamento de ações para recuperar o aprendizado de
estudantes que não alcançaram as metas estabelecidas. Esse plano de ação tem como foco:
Habilidades e competências que o estudante ainda não desenvolveu;
Conteúdos necessários e atividades diversificadas que possibilitarão o desenvolvimento
dessas habilidades e competências;
Instrumentos que serão utilizados para avaliar o estudante.
O planejamento de ações de recuperação de estudos é um instrumento que dá norte para a
execução das ações de recuperação, portanto deve conter atividades significativas,
metodologias diversificadas adequadas à necessidade do estudante e em consonância com as
regras de avaliação estabelecidas pela escola.
O desenvolvimento das ações de recuperação deve acontecer concomitantemente ao
processo de ensino-aprendizagem, ou seja, paralelo ao período letivo. Deve ser entendido e
praticado como uma ação de natureza contínua, passível de mudanças e aberto para lançar
mão de novos instrumentos de avaliação objetivando alcançar os objetivos propostos.
A recuperação de estudos é um processo de ensino-aprendizagem, contudo é um processo que
oferece a possibilidade de dinamizar novas oportunidades de aprendizagem para o estudante.
Essa é uma ação que é de responsabilidade do professor, mas que deve ser planejada com o
conjunto da equipe escolar e de acordo com o PPP e com a legislação educacional em vigor.
Figura 15 - Recuperação de estudos.
31
O conselho de classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa que tem a
responsabilidade de analisar as ações educacionais e indicar alternativas que garantam o
processo de ensino-aprendizagem. Baseia suas decisões no PPP da escola e na legislação
vigente. É composto por todos os professores de uma mesma turma, representantes da equipe
técnico-pedagógica, representantes dos estudantes e representantes dos pais/responsáveis. O
conselho de classe é presidido pelo coordenador pedagógico ou pelo diretor da unidade
escolar.
O conselho de classe é o espaço para apresentar e debater o desenvolvimento geral de uma
turma, é o momento em que se dá a análise dos fatores que influenciaram o rendimento do
estudante. A partir dessa análise é possível decidir pela aplicação, repetição ou anulação de
algum instrumento de avaliação da aprendizagem realizado.
Os mecanismos de recuperação de estudos, que devem acontecer paralelamente ao processo
de ensino-aprendizagem, são estabelecidos no âmbito do conselho de classe, que também
decide sobre a aprovação ou reprovação do estudante.
Ou seja, o conselho de classe é o momento de planejamento coletivo, consultivo e deliberativo,
fundamentado no Projeto Político-Pedagógico e marcos regulatórios, propositor de
alternativas que garantama efetivação do processo de Ensino-aprendizagem e responsável
pelas decisões de aprovação/reprovação de estudantes em casos especiais.
As decisões resultantes da reunião de conselho de classe devem ser registradas em ata e
assinada por todos os presentes. É função do conselho sistematizar os processos de
acompanhamento e avaliação desenvolvidos ao longo do período letivo. As reuniões devem
acontecer pelo menos uma vez a cada período letivo ou quando convocados pela direção da
escola.
Conselho de Classe
32
A adequação dos instrumentos de avaliação passa por questões metodológicas,
estabelecimento de normas, períodos de aplicação dos instrumentos e passa também pela
profunda reflexão sobre a finalidade da avaliação, resultando em um uso mais eficiente dos
instrumentos disponíveis. O importante não é elaborar atividades diferentes, mas sim
interpretar de outras maneiras os registros e as tarefas realizadas. A reflexão no plano
teórico e prático das respostas dos estudantes permite compreender se os instrumentos
utilizados poderiam ter sido elaborados de outras maneiras, ou aplicados em outro
momento. A interpretação séria do professor sobre a reação dos estudantes a uma atividade
proposta pode favorecer, mais do que qualquer orientação técnica, o aperfeiçoamento dos
registros e dos instrumentos de avaliação.
Os registros do professor devem incluir referências significativas sobre a individualidade de
cada estudante, suas estratégias de raciocínio na resolução de problemas, modos de ser e agir
em sala de aula, comentários e perguntas em diferentes momentos de aprendizagem e a sua
evolução na compreensão dos conteúdos. De nada servem conceitos genéricos e números,
porque não recuperam a memória significativa das observações feitas, ou seja, não contribuem
para a tomada de decisão por parte de estudantes e professores. A comunicação entre
estudantes e professores acontece pelas diferentes linguagens, entre elas as formas de
registro. Comunicar que o estudante alcançou determinado conceito numa atividade, não é a
mesma coisa do que mostrar a ele, utilizando registros individuais, os pontos a melhorar em
suas respostas.
VÍDEO
Assista a um trecho do filme “Entre os Muros da Escola” em que mostra um
momento do conselho de classe, ficando bastante claro a complexidade e a
importância desse espaço para construção de uma educação que esteja mais
próxima da realidade dos sujeitos que dela usufruem: professores, estudantes
e toda equipe técnico-pedagógica. Confira!
33
O uso e a elaboração dos instrumentos de avaliação são resultado de escolhas de
concepções metodológicas. Os métodos evoluem e não aceitam mais que se acompanhe e se
analise os processos de aprendizagem usando registros classificatórios; ou que se interprete
as ideias construídas pelo(a) estudante apenas através de provas objetivas corrigidas por
gabaritos. Esses instrumentos classificatórios não condizem com a complexidade do
conhecimento. Os melhores instrumentos de avaliação são todas as atividades e registros
feitos pelo professor que o auxiliam a resgatar uma memória significativa do processo,
permitindo uma análise abrangente do desenvolvimento do estudante.
Na visão mediadora de avaliação os instrumentos avaliativos são vistos como ponto de
partida, um questionamento que se faz á espreita de muitas respostas inéditas, diferentes,
imprevistas. Perguntar, questionar o estudante para saber o que sabe e até onde ele sabe ou
de que jeito está aprendendo...não para saber se ele sabe determinada resposta.
(HOFFMANN, 2005).
Atividades avaliativas de qualidade, possibilitam a expressão individual de ideias e de
diferentes maneiras de solucionar um problema por parte dos estudantes e contribui para que
o professor aprofunde sua investigação sobre as hipóteses construídas pelos estudantes até
aquele momento. É uma ação que traz à tona diferentes respostas de diferentes estudantes
para uma mesma questão.
As atividades avaliativas, na visão mediadora, são planejadas tendo como principal referência a
sua finalidade, a clareza de intenções do professor sobre o uso que fará dos seus resultados,
muito mais do que embasadas em normas de elaboração. Dar-se conta das incertezas e das
múltiplas interpretações possíveis sobre a atividade de um estudante é um ponto de partida
importante para se analisar a finalidade dos testes e tarefas elaborados.
Nesta aula estudamos sobre a adequação dos instrumentos de avaliação. Agora, ao final da
aula, é possível compreender que não se trata apenas de utilizar diferentes tipos de
instrumentos, o principal é interpretar essas informações de maneira comprometida e
consciente da finalidade do processo avaliativo. Até a próxima aula!
Fechamento
34
BNCC e Avaliação
Olá, pessoal! Nesta aula, vamos aprofundar nosso estudo sobre a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Vamos compreender como esse documento direciona a realização das
avaliações de aprendizagem e como isso pode influenciar as ações pedagógicas dentro da sala
de aula.
No texto de introdução da BNCC está apresentado o conceito de Educação que deve orientar
as escolas brasileiras. Dessa maneira, o documento reforça a necessidade de construção de
consenso sobre os sujeitos que a sociedade deseja que sejam formados.
De forma resumida, a Base orienta que a educação brasileira deve atuar no sentido de
formação e desenvolvimento humano global dos estudantes no sentido de que eles sejam
instrumentalizados para construir uma sociedade mais justa, ética, democrática, responsável,
inclusiva, sustentável e solidária. Dessa orientação podemos inferir que o documento aborda
Aula 04
Introdução
Base Nacional Comum Curricular - BNCC
35
uma concepção de Educação Integral, não no sentido de tempo na escola, mas, sim, de
formação global do indivíduo.
A integralidade da educação apontada no texto diz respeito ao desenvolvimento de jovens e
crianças em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural. Isso quer
dizer que, além das questões acadêmicas, é preciso ampliar a capacidade dos estudantes em
lidar com seu corpo e bem-estar, suas emoções e relações, sua atuação profissional e cidadã,
sua identidade e repertório cultural.
Diante disso, a atuação das escolas deve ter como foco o desenvolvimento de competências
que, na Base, são entendidas como soma de conhecimentos (saberes), habilidades, descritas
como capacidade de aplicar saberes na vida cotidiana. Atitude, que é a força interna para
utilização de conhecimentos e valores, que é a aptidão de usar os conhecimentos baseados em
valores universais como direitos humanos, ética, justiça social e consciência ambiental.
Dentro dessa perspectiva, o documento define dez competências gerais que são os pilares de
todo trabalho a ser desenvolvido ao longo dos anos de escolarização, desde a Educação Infantil
até o Ensino Médio. As escolas devem continuar assegurando a aprendizagem dos
componentes curriculares, mas devem ir além, garantindo também a formação da capacidade
de lidar com o pensamento crítico, criatividade, sensibilidade cultural, diversidade,
comunicação, tecnologias e cultura digital, projeto de vida, argumentação, autoconhecimento,
autocuidado, emoções, empatia, colaboração, autonomia, ética, responsabilidade, consciência
socioambiental e cidadania.
VÍDEO
Veja um vídeo sobre as disposições gerais da BNCC. O foco do vídeo está na
apresentação das competências essenciais a serem desenvolvidas na
Educação Básica brasileira.
36
BNCC e Avaliação na Educação Infantil
VÍDEO
Para começarmos a pensar na relação entre avaliação e BNCC na Educação
Infantil, assista ao vídeo. Nele, você poderá ver um exemplo de atividade que
abrange o Campo de Experiências: escuta, fala, pensamento e imaginação.
A BNCC apresenta referências curriculares claras que devem servir de matrizes para apoiar o
trabalho do professor. Nesse sentido, o docente precisa diferenciar objetivos metodologias e
os resultados das avaliações, para que esses dados possam, de fato, contribuir para umaeducação brasileira de qualidade. As avaliações devem sempre estar a serviço do currículo,
seja ele implícito ou explicito.
Dessa forma, as referências curriculares apontadas pela Base, servem de baliza para a
construção das avaliações nacionais, estaduais, municipais e em sala de aula. Tendo em vista as
competências e habilidades previstas pelo documento, as avaliações tendem a mudar o seu
perfil. O período de implementação da Base vai até 2020. Até lá, é importante que as escolas
estudem o documento a fim de adequar suas práticas, currículos e diretrizes avaliativas.
É importante destacar que a avaliação em larga escala é um recorte do currículo, e com o texto
da Base, é preciso que essas avaliações também passem por adequações para estar em
concordância com as novas referências curriculares.
A relação entre as competências gerais e a avaliação é importante para que não ocorra a
utilização do processo avaliativo apenas ao final do período letivo, alterando, inclusive, a
organização curricular e o trabalho pedagógico de toda escola e de toda a sala de aula. A
implementação da Base é uma oportunidade de compreensão e formulação da prática da
avaliação formativa. O documento estabelece que essas decisões se referem a várias ações,
dentre elas: “construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de
resultado que levam em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais
registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos
alunos”.
Articulação entre BNCC e avaliações
37
As diretrizes da Base definem para Educação Infantil seis direitos de aprendizagem: conviver,
brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Esta organização curricular renovada
estabelece a criança como protagonista do processo educativo. Com isso, professores e
coordenadores poderão ter maior entendimento do papel da Educação Infantil a partir dos
campos de experiências que definem objetivos de aprendizagem e habilidades que as crianças
precisam desenvolver de zero a cinco anos de idade.
Ancorada nas diretrizes, a avaliação contempla, agora, a evolução individual das crianças ao
longo do tempo, identificando se estão sendo garantidos os seus direitos. Assim, é fundamental
que tanto professores como coordenadores assumam o papel de observadores do cotidiano,
para planejar intervenções de acordo com as orientações nacionais e com as necessidades de
cada escola e turma.
A avaliação na Educação Infantil é feita, em grande proporção, através da observação do
professor, tanto individual como coletiva. Assim, é importante que os docentes tenham o
hábito de registrar os acontecimentos. Esses registros serão a referência para que a
coordenação planeje as intervenções necessárias no que diz respeito à formação dos
professores. O registro docente a as produções das crianças são documentos importantes de
serem debatidos nos encontros formativos.
Figura 16 - BNCC na educação infantil.
38
O Ensino Fundamental está organizado em nove anos, sendo a etapa mais longa da Educação
Básica, atendendo alunos de seis aos 14 anos de idade, o que implica em lidar com uma série de
questões ligadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais e emocionais. Um dos desafios
dessa etapa é lidar com momentos de transições, não só da etapa anterior para a posterior,
mas também como dos anos iniciais e finais, superando as rupturas presentes nesses
processos.
A estrutura da BNCC para o Ensino Fundamental está organizada em cinco áreas: Linguagens,
Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Ensino Religioso. Essa estrutura segue
as determinações da LDB. Cada área tem competências de ensino específicas para a etapa do
Ensino Fundamental, quando a área é composta por mais um componente. São definidas
também as competências especificas de cada componente. Para cada componente são
definidas as habilidades, ou seja, as aprendizagens essenciais que todos os estudantes têm
direito. Essas habilidades são distribuídas ano a ano e, nessa definição, busca-se determinada
progressão de habilidades. A progressão, ao longo dos nove anos, facilita o trabalho das
escolas na elaboração de seus currículos no que se refere a atividades de reforço e
recuperação. Se, por exemplo, um aluno não desenvolveu determinada habilidade e isso pode
ser diagnosticado, é possível investir no desenvolvimento de tal habilidade. Outro aspecto
importante é que a Base aponta a progressão nos aspectos cognitivos, ou seja, o aluno inicia
com aprendizagens que envolvem identificação e avança paulatinamente para aprendizagens
que envolvam, por exemplo, análise. O intuito é que, ao final, os alunos se tornem cidadãos
críticos, participativos e que façam opções com base nos conhecimentos construídos na escola.
Figura 17 - BNCC no ensino fundamental.
BNCC e Avaliação no Ensino Fundamental
39
Nos anos iniciais, as aulas são dadas por professores unidocentes. Na abordagem das
aprendizagens, deve-se atentar àquilo que foi trabalhado na Educação Infantil. É importante
observar como a criança chega nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e as aprendizagens
que foram consolidadas a fim de garantir a progressão das aprendizagens ao longo dos anos.
Nesse momento, é fundamental dar atenção ao lúdico e à experiência das crianças.
A BNCC faz algumas considerações acerca da passagem do quinto para o sexto ano. Uma delas
é que o aluno passe a ter professores por componente curricular a partir do sexto ano, o que
demanda da equipe escolar um planejamento que garanta um bom acolhimento desses alunos,
para que não estranhem em demasia essa nova organização. Deve-se atentar-se ainda que os
jovens dessa etapa estão inseridos em mundo digital, em que são cada vez mais protagonistas,
envolvendo-se diretamente nele. Assim, a escola deve aproveitar o potencial de comunicação
do universo digital, instituindo novos modos de promover aprendizagens, a interação e o
compartilhamento de significados entre professores e estudantes, conforme previsto na
BNCC.
Vimos, nesta aula, as mudanças que a Base Nacional Curricular estabelece para a educação
brasileira. Podemos perceber que essas transformações podem contribuir muito para o
fortalecimento de uma avaliação mediadora e promotora de aprendizagens significativas.
Fechamento
VÍDEO
Você pode assistir a professora Priscilla Boy, que explica de forma bastante
clara a organização do Ensino Fundamental segundo a BNCC.
40
Autoavaliação da Aprendizagem
Olá, turma! Nesta aula, vamos refletir um pouco sobre as possibilidades de utilização da
autoavaliação como uma importante ferramenta de coleta de dados acerca da escola e
também de autoconhecimento, tanto para estudante como para o professor e coordenação da
escola.
A função formativa da avaliação é aquela que fornece informações que contribuem para a
regulação dos processos de ensino e aprendizagem durante o período em que ele acontece.
Por isso, entendemos que tal processo não deve acontecer nem no início, nem ao final, mas,
sim, ao longo do período letivo. Dessa maneira, podemos inferir que toda avaliação que se
realiza dentro da escola tem, em alguma instância, algo da avaliação formativa, já que,
teoricamente, é sempre tempo de aprender aquilo que não foi aprendido. E a avaliação se
Aula 05
Introdução
Autoavaliação na perspectiva a Avaliação
Formativa
41
apresenta como uma coleção de informações importantes a respeito do processo de
aprendizagem.
Sabemos que há predominância de avaliação nas instituições escolares. Não estamos nos
referindo a que passa pela função formativa, e isso faz com que o processo avaliativo não
esteja, de fato, a serviço da aprendizagem. Com muita frequência, podemos encontrar um
desequilíbrio entre as funções avaliativas, sempre com um grande predomínio da função
somativa. Isto é, uma avaliação que coleta dados apenas ao final do período letivo. Algumas
vezes, essa função é tão predominante que gera uma inversão: não se avalia para que se
aprenda. Se aprende para a avaliação.
Dar lugarde valor à função formativa da avaliação significa colocar em prática técnicas e
ferramentas que, de fato, melhorem a aprendizagem dos estudantes. Uma dessas técnicas diz
respeito a ampliar o conjunto de sujeitos da avaliação. Ou seja, o professor não deve ser o
único avaliador da aprendizagem, mas, sim, os estudantes devem ser incluídos a partir da
utilização do processo de autoavaliação.
Um dos grandes empecilhos da concretização dessa prática nas escolas é a necessidade de
mudança de mentalidade. Quando estamos acostumados em atuar mediante uma lógica
predominantemente somativa, a autoavaliação é vista com desconfiança, pois poderia haver
conflitos de interesse em jogo. Será que os estudantes vão avaliar a própria aprendizagem com
imparcialidade?
Figura 18 - Autoavaliação.
42
A noção de avaliação formativa foi introduzida por Scriven (1967) em oposição à ideia da
avaliação somativa. A grande diferença entre essas duas perspectivas avaliativas é exatamente
o papel do erro. Enquanto a somativa compreende o erro como uma falta definitiva de algo, na
perspectiva formativa, essa falta é apenas momentânea. A falta que o erro evidencia passa a
ser vista como parte integrante do processo de aprendizagem. Piaget (1993) diz que para o
estudante considerar novas possibilidades é preciso que haja a “liberação de limitações
resistentes”. Dessa forma, o erro serve para trazer à tona as limitações, promovendo, assim, a
apropriação de novos aspectos de um novo referencial a ser compartilhado em sala de aula.
Para Perrenoud (1999), a regulação é um conjunto das operações metacognitivas do estudante
e das interações com o meio e que modificam o processo de aprendizagem. Na interação com o
meio, o estudante recebe informações a respeito do seu desempenho em uma ação.
Refletir sobre o próprio desempenho é uma ação eficiente para o estudante aprender a
identificar e corrigir seus erros. Nesse processo, a atuação do professor é de primordial
importância. A autoavaliação pode ser feita ao final de cada bimestre, quando o professor
separa um tempo para que cada estudante reflita sobre o que estudou e como fez isso. Para
isso, ele pode disponibilizar ao aluno, por exemplo, uma ficha com itens a serem respondidos
sobre o seu comportamento, procedimentos de estudo e conteúdos. E, ao final, cada estudante
terá condições de mensurar uma nota para si que será considerada na média da disciplina. O
diálogo, na avaliação, é fundamental para que o estudante tome consciência do seu percurso
de aprendizagem e se responsabilize pelo esforço de avançar. Depois que o estudante reflete
sobre o que e como aprendeu, o professor deve promover ações no sentido de transformar os
erros em acertos. Assim, o intuito é fazer com que o estudante confronte seu desempenho com
o que se esperava. E, então, passe a agir para reduzir ou eliminar essa diferença.
Nesse sentido, o professor deve ter alguns cuidados para que a autoavaliação não seja
considerada uma mera formalidade e as respostas recebidas sejam apenas aquilo que o
professor, na verdade, gostaria de ouvir. Abaixo vamos conhecer os principais equívocos
cometidos e que levam à superficialidade da autoavaliação.
O estudante dar a sua própria nota: isso em nada contribui para aprendizagem. Deixar
claro os conceitos que constituem a nota é muito importante, mas definir o valor a ser
mensurado é tarefa apenas do professor.
Autoavaliação: como ajudar os estudantes
nesse processo
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Utilizar perguntas genéricas: perguntas do tipo “O que você aprendeu neste semestre?”
abrem a possibilidade de respostas vagas. A especificidade das perguntas leva o
estudante a focar no que precisa avançar naquele momento.
Apresentar resultados sem comentários: o olhar do professor sobre as observações
feitas pelos estudantes é fundamental para promover a autorregulação do trabalho
pedagógico. Portanto, cabe ao professor promover conversas e debates no sentido de
evidenciar dificuldades que passaram despercebidas pelos estudantes.
Tudo no fim do período letivo: para que o estudante reflita profundamente sobre o seu
processo de aprendizagem é preciso que haja mais de um momento para isso ao longo do
período letivo, pois assim será possível identificar os pontos que precisam ser melhorados
de forma objetiva.
No início do processo com a autoavaliação como ferramenta avaliativa, pode ser que os
estudantes se comportem em extremos, da rigidez à condescendência. Ter conhecimento
sobre o que o professor pensa contribui para que o estudante se avalie. A ação do professor
deve ser a de orientar para a construção de um relato o mais próximo possível da realidade. O
posicionamento do professor leva o estudante a estabelecer parâmetros para pensar sobre a
sua aprendizagem.
Um outro cuidado que se deve ter ao trabalhar com autoavaliação é o de não misturar
procedimentos, atitudes e conteúdos. É possível e desejável que a análise seja feita de forma
separada. No tocante aos conteúdos, é importante que a abordagem seja feita logo após o
encerramento de cada tema, garantindo-se, assim, que haja tempo para as necessárias
correções. Ter constância na reflexão é fundamental, principalmente pela dificuldade de voltar
ao erro muito tempo depois dele ter ocorrido. Por exemplo, um estudante que errou em uma
atividade de contas no dia anterior a autoavaliação estará mais propenso a considerar o erro
com mais atenção do que ao final do bloco de conteúdos.
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Existem vários tipos de autoavaliação, e é essa variedade que vai fazer com que os estudantes
assumam a responsabilidades pelo seu próprio aprendizado. A autoavaliação escrita é a mais
utilizada e pode servir para uma diversidade de finalidades. Conferir a aquisição de conteúdos
é uma delas, mas também é uma boa estratégia para avaliar a aquisição de procedimentos.
Para isso, a utilização de questões que exijam respostas discursivas é uma feliz alternativa. Já
para avaliar atitudes, um bom procedimento é trabalhar com fichas que possam demonstrar
para os estudantes a evolução ao longo do tempo.
Sabemos que refletir sobre a sua própria atuação exige certa maturidade, mas isso não impede
que crianças pequenas realizem a prática da autoavaliação. Os pequenos são conseguem
identificar pontos fortes e o que precisam melhorar. Na Educação Infantil, os espaços para
reflexão acontecem principalmente nas rodas de conversa. Aspectos procedimentais e
atitudinais são os que costumam aparecer com maior facilidade e demandam mais atenção do
professor. A postura da criança, a organização do material e a relação com os colegas são os
principais pontos de discussão nesta faixa etária.
Para além das autoavaliações orais e escritas, uma outra maneira de promover a reflexão dos
estudantes é a utilização do portfólio, que, por sua vez, deve trazer com clareza os critérios de
escolha dos trabalhos que irão compô-lo.
Seja qual for o tipo de autoavaliação a ser utilizado, existe algo que não pode ser deixado de
lado em hipótese alguma: a definição de ações concretas para corrigir as fraquezas apontadas
pela autoavaliação. Com o tempo, os estudantes se acostumam e passam a interiorizar a ação e
Figura 19 - Ajudar os estudantes nesse processo.
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começam a assumir a responsabilidade pelo seu próprio processo e aprendizagem. Assim, a
autoavaliação cumpre o seu papel!
Assista, a seguir, duas experiências reais de utilização da autoavaliação em sala de aula.
Com a ajuda da comunidade, professores e gestores devem avaliar a própria postura e, assim,
crescer e melhorar a prática educativa. Os gestores, em especial, além de fazer análises dos
projetos desenvolvidos, da formação docente realizada, da relação com a comunidade e dos
índices de aprendizagem, devem incluir a avaliação do seu papel como diretores. Isso porque a
sua atuação é primordial para o bom desempenho das ações da escola. A autoavaliação dos
processos da escola contribui para que ela atinja seus objetivos de aprendizagem e pode
motivar a equipe para que percebam que todos têm muito a ganhar com a reflexãosobre as
práticas executadas na instituição. Quando a cultura da reflexão permeia todos os atores da
escola, é mais simples trazer a comunidade para participar dos momentos de autoavaliação,
dando lugar de valor às opiniões a respeito das decisões da gestão.
Autoavaliação: momento de reflexão do
professor e da gestão
VÍDEO
Auto Avaliação na Avaliação de Aprendizagem em Processo AAP - Parte 1
VÍDEO
Auto Avaliação na Avaliação de Aprendizagem em Processo AAP - Parte 2
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A autoavaliação da gestão costuma ser feita mediante a aplicação de questionários que são
desenvolvidos de acordo com o grupo que irá responder: estudantes, professores e família.
Cada segmento tem posicionamento e opiniões que podem contribuir muito para a melhoria
das práticas dentro da escola. Abaixo, veremos alguns pontos que precisam ser cuidados no
momento da elaboração e aplicação dos questionários:
Público-alvo: todos os segmentos da comunidade escolar devem participar.
Questionário: deve ser de fácil compreensão e com, no máximo, dez questões, sendo que
as questões podem ser objetivas ou descritivas.
Linguagem: simples, evitando palavras técnicas, buscando ao máximo se aproximar do
respondente.
Anonimato: o ideal é não pedir que os respondentes se identifiquem, pois assim
incentiva-se a sinceridade e resguarda-se a privacidade. Uma sugestão é distribuir os
questionários em envelopes padrão e espalhar pela escola algumas caixas de devolução.
Devolução: é razoável estabelecer um prazo de, pelo menos, dez dias.
Utilização dos resultados: organizar as informações coletadas, compartilhar os
resultados com a comunidade e estabelecer novas frentes de ação. Algumas demandas
poderão exigir mudanças no PPP.
VÍDEO
A seguir você irá assistir a um vídeo que explica como a avaliação participativa
da escola envolvendo toda comunidade escolar pode ser uma maneira de
garantir que as experiências, as opiniões e as propostas de todos e todas
sejam levadas em conta. A autoavaliação é um jeito de fortalecer a gestão
democrática, e de construir uma avaliação educacional viva e com sentido
que, de fato, gere transformações na educação de crianças, adolescentes,
jovens, adultos e idosos de nosso país.
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Vimos, nesta aula, a importante função que a autoavaliação desempenha no levantamento de
informações que são fundamentais para a melhoria dos processos que acontecem dentro da
escola. Vimos como o professor pode utilizar essa ferramenta para garantir aprendizagens
significativas. E como a gestão da escola pode aprimorar suas práticas a partir do olhar da
comunidade.
Fechamento
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