Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo feito por: Jéssica Cristina da Silva Introdução As células são as unidades funcionais e estruturais dos seres vivos, elas existem em duas formas: procariontes e eucariontes. Células procariontes são aquelas desprovidas de um núcleo, enquanto células eucariontes possuem núcleo. As células passaram durante sua evolução e passam na formação embrionária, por um processo importantíssimo, a diferenciação celular que é o processo responsável pela modificação das células primitivas indiferenciadas, que executam apenas as funções celulares básicas, essenciais para a própria sobrevivência, em uma célula capaz de realizar algumas funções com grande eficiência. Os tecidos são constituídos pelas células e pela matriz extracelular (MEC). A MEC é composta por muitos tipos de moléculas, algumas altamente organizadas, formando estruturas complexas como as fibrilas de colágeno e membranas basais. As células e a matriz extracelular apesar de parecerem estar "separadas" pelas membranas celulares, são componentes do corpo que têm continuidade física e funcionam conjuntamente e respondem de modo coordenado às exigências do organismo. O organismo humano é constituído por 4 tipos de tecido: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Tecido epitelial: formado por células que revestem superfícies e que secretam moléculas, apresenta pouca MEC. Tecido conjuntivo: apresenta grande quantidade de MEC secretada por suas próprias células. Tecido muscular: apresenta células com a habilidade de se contrair Tecido nervoso: apresenta células com longos prolongamentos emitidos pelo corpo celular que têm as funções especializadas de receber, gerar e transmitir impulsos nervosos Também existem e têm grande importância funcional as células livres nos fluidos do corpo, como o sangue e a linfa. Os órgãos são formados por vários tipos de tecidos e a maioria dos órgãos é constituída de dois componentes: o parênquima, composto pelas células responsáveis pelas funções do órgão, e o estroma, que é o tecido de sustentação representado quase sempre pelo tecido conjuntivo. 1 Tecido epitelial Os epitélios podem ser classificados em epitélios de revestimento, epitélios glandulares e neuroepitélios, com funções de revestimento, absorção, secreção e percepção. A função de revestimento está quase sempre associada a outras funções como proteção, absorção de íons e de moléculas (por exemplo nos rins e intestinos), percepção de estímulos (por exemplo, o neuroepitélio olfatório e o gustativo). A função de secreção pode ser realizada por células de epitélios de revestimento ou por células epiteliais que se reúnem para constituir estruturas especializadas em secreção, ou seja, as glândulas. Além disso algumas células epiteliais, como as células mioepiteliais, são capazes de contração. Os epitélios são constituídos por células poliédricas, isto é, células que têm muitas faces. Essas células são justapostas, elas se aderem firmemente umas as outras por meio de junções intercelulares e entre elas, há pouca MEC. São parâmetros para classificação das células epiteliais: formato celular, número de camadas e presença de especializações de membranas da superfície livre da célula. Principais características Os parâmetros para classificação dos epitélios são: ● Formato celular (podem ser pavimentosas, cúbicas ou cilíndricas) ● Número de camadas (simples quando há apenas uma camada ou estratificada quando há mais de uma camada) ● Presença de especializações de membrana da superfície livre da célula Como geralmente não se pode distinguir os limites entre as células epiteliais por meio de microscopia de luz, a forma dos núcleos nos da, indiretamente, uma ideia sobre a forma das células. A forma e a posição dos núcleos também são de grande utilidade para se determinar se as células epiteliais estão organizadas em camada única ou em várias camadas. Praticamente todos os epitélios estão apoiados em tecido conjuntivo. No caso dos epitélios que revestem as cavidades dos órgãos ocos (principalmente nos aparelhos digestivo, respiratório e urinário), esta camada de tecido conjuntivo recebe o nome de lâmina própria. A porção da célula epitelial voltada para o tecido conjuntivo é determinada porção basal ou polo basal, enquanto a extremidade oposta, geralmente voltada para uma 2 cavidade ou espaço, é denominada porção apical ou polo apical e sua superfície chamada de superfície livre. As superfícies das células epiteliais que confrontam células adjacentes são chamadas superfícies laterais e elas geralmente continuam com a superfície que forma a base das células, sendo então denominadas superfícies basolaterais. A superfície externa da membrana plasmática é recoberta por uma camada mal delimitada, o glicocálice, bem visível ao microscópio eletrônico. O glicocálice é constituído pelas cadeias glicídicas das glicoproteínas e glicolipídios da membrana e por glicoproteínas e proteoglicanos secretados pela célula. O glicocálice participa do reconhecimento celular e intercelular, da união das células umas com as outras e com as moléculas extracelulares, além disso, ele protege a célula contra agressões físicas e químicas, retém nutrientes e enzimas e confere permeabilidade seletiva. Lâmina basal Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo subjacente há uma fina lâmina de moléculas chamada lâmina basal cuja principal função é promover a adesão entre as células epiteliais e tecido conjuntivo, essa lâmina se prende ao tecido conjuntivo por meio de fibrilas de ancoragem constituídas por colágeno tipo VII, está presente também onde outros tipos de células entram em contato com tecido conjuntivo. Ao redor de células musculares, células adiposas e células de Schwann a lâmina basal forma uma barreira que limita ou controla a troca de macromoléculas entre essas células e o tecido conjuntivo. Os componentes das lâmina basal são secretados pelas células citadas, ou seja, epiteliais, musculares, adiposas e de Schwann. 3 Entretanto, promover adesão não é sua única função, essa lâmina também é responsável por filtrar moléculas, influenciar a polaridade das células, regular a proliferação e a diferenciação celular pelo fato de se ligar a fatores de crescimento, influir no metabolismo celular, organizar as proteínas nas membranas plasmáticas de células adjacentes, afetando a transdução de sinais através dessas membranas, servir como caminho e suporte para migração de células e promover a reinervação de células musculares desnervadas. Obs: a lâmina basal não é visível ao microscópio de luz, entretanto, a membrana basal é visível,pois é uma camada abaixo dos epitélios que é mais espessa, pois inclui além da própria lâmina basal, algumas das proteínas que se situam no tecido conjuntivo próximo à lâmina basal. Especializações da superfície basolateral das células epiteliais Interdigitações São uma maneira de aumentar a adesão entre as células, por meio de dobras das membranas que se encaixam nas dobras das membranas de células adjacentes. Várias estruturas associadas à membrana plasmática contribuem para a coesão e a comunicação entre as células. Elas são encontradas na maioria dos tecidos, mas são muito abundantes em epitélios em especial na pele por ser um órgão muito propenso a tração e pressão. Junções intercelulares São pontos de união na superfície basolateral das células epiteliais, cujas funções são: ● Adesão 4 ● Vedação ● Comunicação De acordo com sua respectiva função, as junções podem ser: ● Junções de adesão ● Junções de oclusão ● Junções comunicantes (junções gap) Junções de oclusão Do ápice para a base da célula, essa é a primeira junção encontrada, ela são conhecidas também como zônulas de oclusão pois a junção forma uma espécie de cinturão ao redor de toda a célula, daí a razão do uso da palavra "zônula" e essa união realizada pela junção é como uma fusão feita entre locais salientes dos folhetos externos das membranas de células adjacentes, vedando assim o espaço intercelular, daí o nome zônula de "oclusão". Junções de adesão Existem 3 tipos: zônulas de adesão, desmossomos e hemidesmossomos As junções de adesão vem logo abaixo das junções de oclusão nas células, sua função é auxiliar na adesão das células adjacentes e como as junções de oclusão podem ser chamadas de zônulas de oclusão, as junções de adesão podem ser chamadas de zônulas de adesão. O conjunto dessas duas zônulas (oclusão e adesão) pode ser chamado de complexo unitivo. Os desmossomos são estruturas em forma de disco presentes nas membranas plasmáticas das células epiteliais adjacentes (podendo também ser encontrados nas células musculares cardíacas) e que se sobrepõem. No lado interno (citoplasmático) da membrana do desmossomo de cada uma das células há uma placa circular chamada placa de ancoragem, composta de pelo menos 12 proteínas e é nessa placa que se ancoram filamentos intermediários de queratina nas células epiteliais, visto que esses filamentos são muito fortes, os desmossomos promovem uma adesão entre as células muito forte também. Os hemidesmossomos tem esse nome pois possuem a estrutura de metade de um desmossomo e tem como função prender a célula epitelial a sua lâmina basal, além disso, nas placas de ancoragem dos hemidesmossomos, há proteínas que podem agir como receptores transmembrana para facilitar o transporte de macromoléculas da MEC como a laminina e o colágeno tipo IV. Junções comunicantes (junções gap) Essa junções são formadas por porções de membrana plasmática unidas por agregados de partículas intramembranosas reunidas em forma de placa. Essas junções podem existir em qualquer lugar das membranas laterais das células epiteliais e estão presentes também em outros tecidos, exceto no músculo esquelético. 5 Especializações da superfície livre A superfície livre de muitos tipos de células epiteliais apresenta modificações com a função de aumentar sua superfície ou mover partículas e essas modificações podem ser: ● Microvilos ● Estereocílios ● Cílios e flagelos Microvilos Tem forma de dedos e podem ser curtos ou longos. As células que fazem absorção intensamente, como as células do epitélio de revestimento do intestino delgado e dos tubulos proximais dos rins apresentam centenas de microvilos. Nas células que exercem intensa absorção por sua superfície apical, o glicocalice é mais espesso e o conjunto formado pelos microvilos e pelo glicocalice é chamado de borda em escova, ou borda estriada (termos mais utilizados no caso dos tubulo contorcidoss proximais nos rins) ou planura estriada (termo mais utilizado no intestino delgado). Estereocílios Estereocílios são prolongamentos longos e imóveis, que, na verdade, são microvilos longos e ramificados. São comuns nas células de revestimento epitelial do epidídimo e do ducto deferente e servem para aumentar a área de superfície da célula para facilitar o movimento de moléculas para dentro e para fora da mesma. 6 Cílios e flagelos Os cílios e os flagelos possuem motilidade. Os cílios são encontrados em grande quantidade na superfície de alguns tipos de células epiteliais e são envolvidos pela membrana plasmática, os flagelos são encontrados apenas em espermatozóides e são limitados a um por célula, mas sua estrutura é semelhante a dos cílios. Tipos de epitélios Existem 2 grupos principais de epitélio, são eles: ● Epitélios de revestimento ● Epitélios glandulares A divisão entre esses grupos tem fins didáticos já que não é uma divisão exatamente rígida pois há epitélios de revestimento nos quais todas as células secretam, como o epitélio que reveste a cavidade do estômago, da mesma forma que há algumas células glandulares espalhadas entre as células de revestimento, como as células caliciformes produtoras de muco no epitélio dos intestinos e da traqueia. Epitélios de revestimento Nos epitélios de revestimento, as células se dispõem em camadas que podem ser simples, estratificados ou pseudoestratificado para revestirem a superfície externa do corpo, o lúmen de órgãos ocos, de vasos sanguíneos. O epitélio simples é aquele em que as células estão dispostas em uma camada única. De acordo com a forma de suas células o epitélio simples pode ser: ● Pavimentoso ● Cúbico ● Prismático (também chamado de colunar ou cilíndrico O epitélio simples pavimentoso apresenta células achatadas, como ladrilhos. Muitas vezes não é possível determinar a forma das células por isso pode-se determinar sua forma a partir da forma de 7 seu núcleo, logo, como a célula é pavimentosa seu núcleo também será achatado. Esse tipo de epitélio é muito comum no revestimento do lúmen de vasos sanguíneos e linfáticos, constituindo o que chamamos de endotélio. As grandes cavidades do corpo como as cavidades pleural, pericárdica e peritoneal e os órgãos contidos nelas também são revestidas por ele, sendo então chamado de mesotélio nessa localização. O epitélio simples cúbico apresenta células cuboides e núcleos arredondados e é encontrado na superfície externa do ovário e formandoa parede de pequenos ductos excretores de muitas glândulas. O epitélio simples prismático apresenta células alongadas e núcleos igualmente longos, seguindo o formato da célula. Esse tipo de epitélio forma o revestimento do lúmen intestinal e do lúmen da vesícula biliar e alguns epitélios simples prismáticos são ciliados, como, por exemplo, na tuba uterina, onde o movimento dos cílios ajuda no transporte de espermatozoides. O epitélio pseudoestratificado apesar de apresentar apenas uma camada de células é chamado assim pois os núcleos de suas células se apresentam em alturas diferentes, dando a impressão de ser um epitélio estratificado, por isso o nome, isso ocorre pois todas as suas células estão apoiadas na lâmina basal mas nem todas alcançam a superfície do epitélio. Esse epitélio reveste o epidídimo mas seu exemplo mais bem conhecido é o epitélio pseudoestratificado prismático ciliado que reveste as passagens respiratórias mais calibrosas desde o nariz até os brônquios. Os cílios desse epitélio são úteis porque transportam para fora dos pulmões (em direção à faringe) poeira e microrganismos aspirados que aderem à superfície do epitélio. O epitélio estratificado é aquele em que as células estão dispostas em mais de uma camada. De acordo com a forma de suas células o epitélio estratificado pode ser: ● Pavimentoso ● Cúbico 8 ● Prismático ● De transição O epitélio estratificado pavimentoso tem seu nome derivado das camada de células mais superficiais pois nem todas as células desse epitélio são achatadas, as células basais que são aquelas mais próximas ao tecido conjuntivo e à lâmina basal geralmente tem formato cúbico ou prismático e vão migrando lentamente, em direção a superfície do epitélio enquanto mudam suas formas para uma forma de ladrilho, se tornando pavimentosas, porque essas células descamam. Esse epitélio pode se apresentar queratinizado e não queratinizado, aquele que reveste superfícies úmidas no corpo, sujeitas a atrito, como boca, esôfago, vagina etc., é o epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. Já o epitélio estratificado pavimentoso queratinizado reveste a superfície seca da pele, suas células mais superficiais morrem e tem seu citoplasma repleto por queratina e essa queratina tem confere proteção a superfície da pele e impede a perda de líquido. O epitélio estratificado cúbico é raro no corpo, sendo encontrado em curtos trechos de ductos excretores de glândulas. O epitélio estratificado prismático também é raro no corpo, sendo encontrado na conjuntiva do olho. O epitélio de transição é um epitélio em que a forma das células das camadas mais superficiais varia de acordo com de distensão ou relaxamento do órgão que reveste, e esse epitélio reveste a bexiga urinária, o ureter e a porção inicial da uretra, daí a importância da flexibilidade de distensão dessas células, pois quando a bexiga está vazia as células mais superficiais se apresentam globosas com sua superfície convexa, sendo chamadas de células em abóboda e quando a bexiga urinária está cheia, as células mais superficiais tornam-se achatadas fazendo com que o epitélio fique mais delgado. Nutrição, inervação e regeneração dos epitélios 9 A maioria dos tecidos epiteliais é ricamente inervada por terminações nervosas provenientes de plexos nervosos originários da lâmina própria, formando uma rede intra-epitelial, um exemplo é a córnea, que apresenta um grande número de fibras nervosas sensoriais que se ramificam entre suas células epiteliais. Além disso, os epitélios não possuem vasos sanguíneos, sua nutrição é feita por difusão através do tecido conjuntivo. A maioria dos tecidos epiteliais são estruturas dinâmicas cujas células são continuamente renovadas através da mitose. A velocidade na renovação varia, pode ser rápida como no epitélio intestinal, que é totalmente substituído a cada semana, ou lenta, como no fígado e pâncreas. Referência bibliográfica e fonte das imagens: Junqueira, L.C. & Carneiro, J. Histologia Básica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 10
Compartilhar