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Comparação da taxa de eficácia entre vacinas já comuns à população e das vacinas contra o coronavírus. Russo, Ana Paula1 Resumo A vacina tem como principal função mexer no Sistema Imunológico do Ser Humano, obrigando o corpo a produzir anticorpos ao ser injetado o patógeno atenuado. Nenhuma vacina dará 100% de imunização, mas reduzirá bastante o número de casos e sintomas. No caso da COVID-19 não é diferente. O Corona vírus foi estudado e as vacinas produzidas a partir do vírus e suas características. Mesmo sendo um tempo curto, os resultados estão acima do esperado pela Organização Mundial de saúde (OMS). Esse artigo revisional, totalmente individual e voluntário, fez uma comparação entre as vacinas de doenças mais comuns e da COVID-19 quanto a sua eficácia e concluiu que é perfeitamente aceitável, eficiente e confiável. Palavras-chaves: covid 19; vacina; coronavírus; imunização; pandemia. 1. Introdução Algumas doenças humanas, quanto à sua propagação, podem ser endêmicas, epidêmicas ou até pandêmicas Em qualquer dessas situações, os países se desdobram para resolver a situação instalada. É claro que os doentes devem ser tratados e todos os casos tratados com respeito e preocupação. Então, existe um movimento em busca da cura do infectado. Mas o problema não é só esse! Não adianta curar os doentes, pois o custo é alto e remanescente para o Estado. O mais eficaz é diminuir a proliferação. Nesse momento discute-se como evitar a infecção. O patógeno (agente infeccioso) precisa ser estudado minuciosamente, sendo observadas características morfológicas e fisiológicas desse patógeno. Assim, pode-se buscar uma eficiente forma de bloquear o contágio, a vacina. 1 Graduada em Bacharel e Licenciatura em ciências biológicas pela UNESA. Pós Graduada em Gestão Escolar pela UCDB. Pós graduanda em Biotecnologia, pela UCDB. 2 A vacina tem como principal função mexer no Sistema Imunológico do Ser Humano, obrigando o corpo a produzir anticorpos ao ser injetado o patógeno atenuado. Nenhuma vacina dará 100% de imunização, mas reduzirá bastante o número de casos, além de poder zerar o número de óbitos e/ou reduzir os sintomas da doença em questão. Sabendo que são sistemas imunológicos, patógenos e reações diferenciadas, esse artigo trará a taxa de eficácia das vacinas comumente conhecidas, bem como comparar com a taxa das vacinas contra a COVID-19. 2. Desenvolvimento A vacina precisa de um tempo hábil para ser estudada e produzida. Após sua produção, uma gama de testes devem ser realizados para reduzir possibilidades de erros, afinal trata-se de vidas. Esses testes em humanos são divididos em 3 fases, após a fase experimental: I. é administrada a um pequeno número de voluntários e avalia segurança, confirma resposta imune e determina a dosagem certa; II. administrada em centenas de voluntários de mesmo sexo e idade, que são monitorados de perto quanto a quaisquer efeitos colaterais e reações em relação à doença. Alguns recebem placebo e outros a vacina. III. é administrada a milhares de voluntários (um grupo recebe o placebo e outro a vacina). Assim pode-se ver qual a eficácia em uma amostragem relativa à população. (“Vaccines and immunization: What is vaccination?,” 2018) Como já dito, as reações são variadas, mas precisa-se de um mínimo de eficácia para que ela seja considerada apta a ser utilizada na população. De acordo com MAÍRA ALVES (2021), A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda percentual mínimo de 50% para que a vacina seja liberada pela Vigilância Sanitária. Sabe-se que o mínimo para que a imunidade de rebanho (quando imunizar uma parte da população protege a todos) é de 75%. Porém, quanto mais gente se vacina, melhor a eficácia. (AKPAN,N 2020) 3 Apesar de todas utilizarem o patógeno como princípio da vacina, existem formas diferentes de produção e isso influencia no tempo de estudo e produção e resultados. Foi feito um levantamento bibliográfico sobre a eficácia de algumas vacinas que já fazem parte do calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). 2.1 BCG - Tuberculose Estudos para avaliar a proteção conferida na primeira dose da vacina. Em 2006, Barreto, Pereira e Ferreira relataram que o nível de proteção variou entre 10 e 66% para as formas pulmonares, enquanto que, superior a 50% em todos os estudos para as formas meníngeas. Hoje, sabe-se que varia entre 70% a 80%. (SATIE, 2020) 2.2 Varicela Em uma análise recente (2003 - 2018), confirmou-se na Itália que a eficácia da vacinação contra varicela trouxe uma redução do risco de hospitalização de até -80,0% na faixa etária < 1 ano e -86,7% em crianças entre 1 a 5 anos. Em outros países também houve redução de taxa de hospitalizações, como Alemanha (-77,6% em crianças < 5 anos) ou Espanha (-83,5% em crianças < 5 anos), Austrália (-76,8% em crianças de 1 a 4 anos), Canadá (-93,0% em crianças de 1 a 4 anos) e Uruguai (-94% em crianças de 1 a 4 anos). (VITALE; AMODIO, 2020) 2.3 Poliomielite A vacina é trivalente e dada em 2 doses, para a criança por via oral. Em um estudo feito com crianças da Amazônia, em 1982, mostrou que já na primeira dose, 84 % das crianças (com alimentação regular) apresentaram anticorpos ativos. Incluindo a segunda dose, o percentual de imunizados para 2 ou 3 tipos de poliomielite foi de 75%. (STEWIEN et al., 1985)2 2.4 Sarampo 2 Revista de Saúde Pública. 4 Dentre os estudos feitos no Brasil, a maioria não mostra resultados de eficácia considerando a idade da imunização, mas a idade de contágio. Um estudo feito em Panaltina traz resultados mais favoráveis, pois os vacinados foram divididos por faixa etária. Sendo assim, obteve-se um resultado de 42,7 % antes dos 9 meses, contra 82,9 % a partir desta idade. (BECKER; OLIVEIRA, ROSELY CERQUEIRA DE, 2021) 2.5 Meningite (antimenigocócica BC) A eficácia para todos os casos confirmados por laboratório ou clínica foi de 69%. Para os casos confirmados por exames bacteriológicos, a eficácia global da vacina foi de 68%. Dividindo por faixa etária foi de 59% para os menores de 4 anos e de 78% para os maiores de 4 anos. (E. COSTA; H. MARTINS; C. KLEIN, 2019) 2.6 Hepatite B A vacina recombinante contra a hepatite B é altamente imunogênica e protetora, é dada em duas doses e apresenta alta eficácia logo na primeira dose. Sendo assim, as primeiras doses induzem anticorpos detectáveis contra o HBsAg em torno de 70% a 85% dos indivíduos vacinados, porém com baixa quantidade de anticorpos. A dose final induz uma resposta adequada em torno de 90% dos adultos e em mais de 95% das crianças, já contando com alto nível de anticorpos. (EXPEDITO et al., 2021) 2.7 HPV A vacina Papilomavírus Humano (HPV) entrou pro calendário do SUS em 2014, ampliando consideravelmente a proteção contra o câncer de colo do útero. Ela abrange os 4 tipos de HPV que mais desenvolvem tal doença.(CHALINE BARBOSA DE LAIA NUNES; KIMBERLY MARQUES ARRUDA; THÉA NOBRE PEREIRA, 2014) Quando administradas na infância, antes da iniciação sexual, apresenta uma eficácia de quase 100% nas meninas e 90% entre os meninos.Caso seja 5 administrada em mulheres já sexualmente ativas, a eficácia pode cair para 44%. (HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/MDSAUDE, 2014) 2.8 H1N1 - Influenza A PAULA; PATRÍCIA SILVA COSTA, 2017 disseram que a vacina utilizada no Brasil é constituída por três tipos de cepas do vírus influenza, sendo dois tipos de vírus de influenza A e um vírus de influenza B. A eficácia varia entre 40 a 60%. Suas doses são anuais devido ao tempo de duração de anticorpos e as novas cepas encontradas por conta das mutações do vírus. 2.9 COVID-19 Cinco nomes circulam quando se fala de vacina contra COVID-19 no Brasil. Cada uma com uma empresa diferente e até produções diferentes também. O que se sabe quanto a eficácia de cada uma? (SATIE, 2020) I. Coronavac: desenvolvida pela Sinovac Life Science Co.,Ltd (China) em parceria com o Instituto Butantan, SP. Seus números são muito satisfatórios, marcando 78% em casos leves; 100% em casos graves e moderados, mesmo sendo a última das 5 mais principais a apresentar seus dados de eficácia. II. AstraZeneca: desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Em 08 de dezembro divulgaram que a vacina apresentou uma eficácia de 70,4%. Ainda temos a Pfizer/BioNTech (Estados Unidos e Alemanha) com 95%, a Moderna (Estados Unidos) com 94,5% e a Sputnik V (Rússia) com 91,4%, sendo essa última ainda em andamento. 3. Considerações finais Se a OMS considera aceitável uma vacina ser liberada tendo 50% de eficácia comprovada e se outras vacinas usadas com frequência têm baixa eficácia, por que 6 as vacinas contra COVID-19 (principalmente a Coronavac) estão demorando tanto para serem liberadas pela ANVISA? Por que tanta gente está inseguro em receber essas vacinas? Sim, a produção foi mais rápida, porém são processos já estudados e utilizados em outras vacinas, só precisaram ser adaptados para esse vírus. Medo de reações? Que bom que tem reação! Toda vez que o corpo entra em contato com alguns antígenos (causadores de doença) ele precisa reagir, por isso dores, inflamações, alergias e febres. Ou seja, tudo isso é muito normal e esperado. O importante é considerar que os testes já foram feitas e já mostraram eficácia. Referências BARRETO, M. L.; PEREIRA, S. M.; FERREIRA, A. A. Vacina BCG: eficácia e indicações da vacinação e da revacinação. Jornal de Pediatria, v. 82, n. 3, jul. 2006. VITALE, F.; AMODIO, E. Evaluation of varicella vaccine effectiveness as public health tool for increasing scientific evidence and improving vaccination programs. Jornal de Pediatria, v. 96, n. 6, p. 670–672, nov. 2020. STEWIEN, K. E. et al. Eficácia da vacina Sabin em crianças subnutridas da Amazônia. Revista de Saúde Pública, v. 19, n. 1, p. 51–57, fev. 1985. CHALINE BARBOSA DE LAIA NUNES; KIMBERLY MARQUES ARRUDA; THÉA NOBRE PEREIRA. APRESENTAÇÃO DA EFICÁCIA DA VACINA HPV DISTRIBUÍDA PELO SUS A PARTIR DE 2014 COM BASE NOS ESTUDOS FUTURE I, FUTURE II, E VILLA et al. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 6, n. 1, p. 1–9, 2014. HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/MDSAUDE. VACINA CONTRA HPV: eficácia e segurança • MD.Saúde. Disponível em: <https://www.mdsaude.com/ginecologia/hpv-vacina/#:~:text=Nos%20homens%20nu nca%20expostos%20ao,ben%C3%A9fico%20sobre%20a%20atual%20infec%C3%A 7%C3%A3o.>. Acesso em: 8 jan. 2021. 7 EXPEDITO, L. et al. Eficácia e segurança da vacina brasileira contra hepatite B em recém-nascidos. Revista de Saúde Pública, v. 43, p. 1014–1020, 2021. E. COSTA; H. MARTINS; C. KLEIN. Avaliação da proteção conferida pela vacina antimeningocócica BC no Estado de Santa Catarina, Brazil, 1990/92. Disponível em: <https://www.semanticscholar.org/paper/Avalia%C3%A7%C3%A3o-da-prote%C3%A 7%C3%A3o-conferida-pela-vacina-BC-no-Costa-Martins/dcaba81b37a59e1d4fcd1e5 4d4b01d9e99b43f1e>. Acesso em: 9 jan. 2021. Vaccines and immunization: What is vaccination? Disponível em: <https://www.who.int/news-room/q-a-detail/vaccines-and-immunization-what-is-vacci nation?adgroupsurvey={adgroupsurvey}&gclid=CjwKCAiAxeX_BRASEiwAc1QdkZf9 m5QwvYHhTs_0y18nb5JPhN13e1E5S1ntFp3YJnTUHW1BmeVP8BoCWtQQAvD_B wE>. Acesso em: 9 jan. 2021. MAÍRA ALVES. Entenda o que significa os 78% de eficácia da vacina CoronaVac. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/01/4898916-entenda-o-que-signifi ca-os-78--de-eficacia-da-vacina-coronavac.html>. Acesso em: 9 jan. 2021. AKPAN,N. Pensar em imunização de rebanho não funciona para pandemias. Nem uma vacina fraca. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2020/10/coronavirus-imunidade-d e-rebanho-pandemia-covid-19-vacina-eficaz> 08/10/20202. Acesso em: 9 jan. 2021. BECKER, R. A.; OLIVEIRA, ROSELY CERQUEIRA DE. Eficácia da vacina e outros aspectos do sarampo em surto ocorrido em Planaltina, Distrito Federal, Brasil. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana (OSP);98(5),mayo 1985, 2021. PAULA, A.; ISABEL; PATRÍCIA SILVA COSTA. INFLUENZA A (H1N1): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. SaBios-Revista de Saúde e Biologia, v. 12, n. 2, p. 53–67, 2017. SATIE, A. Saiba qual é a eficácia das principais vacinas contra a Covid-19. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/12/08/qual-a-eficacia-das-principais-vacin as-contra-a-covid-19>. Acesso em: 9 jan. 2021. https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2020/10/coronavirus-imunidade-de-rebanho-pandemia-covid-19-vacina-eficaz https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2020/10/coronavirus-imunidade-de-rebanho-pandemia-covid-19-vacina-eficaz 8
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