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Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 1 Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos Professora Marceli Rodrigues Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 2 Dos jesuítas às escolas do Império 3 Os jesuítas 4 As reformas pombalinas 6 As escolas no Império 7 Reformas e ideários pedagógicos 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22 SUMÁRIO Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 3 A história é a história do homem, visto como um ser social, vivendo em sociedade. É a história das transformações humanas, desde o seu aparecimento na terra até os dias em que estamos vivendo. Desde o início, portanto, pode-se tirar uma conclusão fundamental: quer saibamos ou não, quer aceitemos ou não, somos partes da história, e todos desempenhamos nela um papel. E temos então todos, desde que nascemos, uma ação concreta a desempenhar nela. (...) A história procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a essência da história; quem olhar para trás, na história e sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual, e é através do tempo que se percebem as mudanças. (BORGES, pp. 48 e 50) Podemos dizer que a importância do estudo da história reside justamente na característica humana de constante mudança e transição. Ou seja, para modificar o presente e projetar um melhor futuro, é necessário que se conheça e compreenda o passado. E por isso, se no caso específico da educação brasileira o que se deseja for sua qualidade, é fundamental que se compreenda as influências que nos marcam. Vamos acompanhar um trecho do vídeo onde o historiador Boris Fausto fala sobre a chegada dos portugueses ao Brasil. DOS JESUÍTAS ÀS ESCOLAS DO IMPÉRIO Primeira Missa no Brasil, 1861 Victor Meirelles (Brasil 1832- 1903) Óleo sobre tela, 268 x 358 cm Museu Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 4 Erro de português Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio teria despido O português. Oswald de Andrade O período colonial brasileiro compreende os anos de 1500 a 1822. Neste período a educação regular teve três importantes fases: a vinda dos jesuítas, as reformas do Marquês de Pombal e a vinda da Corte ao Brasil. Os jesuítas O paraíso que os colonizadores procuravam nas terras descobertas não era idêntico ao que era oferecido aos povos colonizados, os índios e os escravos africanos. Os conquistadores estavam em busca da riqueza, do poder e da glória, e estavam dispostos a tudo para alcançar o que procuravam, mesmo que fossem os crimes mais hediondos, pois tinham certeza do perdão, já que julgavam estar conquistando almas para o reino de Deus. Procuravam, portanto, uma espécie de “terra prometida”, onde vivessem do bom e do melhor, ou seja, o paraíso terrestre. Aos povos conquistados oferecia-se o paraíso celeste. Mas este tinha um preço, que não era baixo: a renúncia o seu modo de vida, às suas crenças, e a submissão pura e simples ao conquistador, para quem deveriam trabalhar como escravos. Esta vida seria passageira, e só aqueles que nela se sacrificassem, renunciando aos prazeres do mundo, submetendo-se à vontade dos representantes de Deus na Terra – o papa e o rei – é que conquistariam a felicidade eterna após a morte. Como responsáveis praticamente exclusivos pela educação brasileira durante pouco mais de dois séculos (1549-1759), os jesuítas prestaram decisiva contribuição ao processo de colonização do Brasil. (PILETTI, p, 31) A Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como jesuítas, é uma ordem religiosa fundada em 1534 por Inácio de Loyola. Foi com a vinda dos jesuítas que se deu continuidade de forma sistematizada ao processo de imposição cultural, baseada no modelo europeu vigente, pois a escola jesuítica enfatizava, pelo menos, três grandes objetivos: catequizar os índios, propagar a fé cristã e divulgar a cultura européia. Desse modo, a presença dos jesuítas nos países recém conquistados era importante porque cumpria o papel de Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 5 difusão da fé católica e também facilitava o domínio do colonizador sobre o colonizado por meio da religião. Sendo assim, podemos concluir que os jesuítas serviam não só à Igreja (missão), mas também ao Estado (colonização). Por cerca de 200 anos coube aos jesuítas a totalidade do ensino escolar no Brasil. Foi assim que os filhos da elite receberam algum estudo e por isso se submetiam ao ensino religioso mesmo sem o desejar, já que os únicos colégios existentes eram os fundados pelos jesuítas. É justo lembrar que a educação jesuítica era oferecida à elite apenas na juventude. As crianças eram educadas pelas próprias famílias ou por professores contratados. De acordo com Luís Alves de Mattos, a educação jesuíta iniciada em meados do século XVI pode ser marcada por duas fases: o período heróico e o período de consolidação. O período heróico diz respeito à fase vivida nas aldeias pelos jesuítas. A catequese se fazia por contato e convencimento, através de alianças com os chefes indígenas e ajuda de intérpretes. Houve adaptação e permeabilidade nos comportamentos de ambas as partes. No entanto, os índios resistiram à catequização, levando os jesuítas a utilizarem novas metodologias, como por exemplo, suprimir a cultura indígena para depois doutrinar. Foi a partir disso que surgiram os aldeamentos de adultos e os recolhimentos de crianças, iniciadas pelo padre Nóbrega com o apoio da Coroa Portuguesa. Essa fase do ensino jesuíta aos índios, especificamente as “casas de meninos”, oferecia atividades de aprendizado oral da língua portuguesa e do contar, cantar, tocar flauta e outros instrumentos musicais, catecismo e a doutrina cristã. Mais tarde, foi introduzido o ler e escrever português e o ensino profissional artesanal e agrícola. A separação das crianças era feita por ser mais fácil catequizar os que ainda tinham pouco contato com a cultura que se queria suprimir. Ao entrar na vida dos índios, a primeira coisa a ser feita era destituí-los de suas crenças e apresentar-lhes o modelo ideal de homem: branco, europeu e católico. Já o período de consolidação abrange a instalação dos colégios e a procura pelo ensino jesuítico por parte da burguesia mercantil, que tinha grande interesse na educação de seus filhos. O vídeo a seguir, produzido pela UnivespTV ilustra esse assunto. http://www.youtube.com/watch?v=ic28PaXiM14&NR=1 (Os primeiros tempos: a educação pelos jesuítas 1/2) Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 6 Os métodos aplicados pelos jesuítas estavam reunidos no Ratio Studiorum, um manual detalhado de organização e administração escolar e comportamental. Todos os professores deveriam seguir tal plano de estudos, podendo até mesmo ser expulsos da docência caso se afastassem das orientações ali previstas. Acompanhe o vídeo (UnivespTV). http://www.youtube.com/watch?v=HGr_MQMWPfY&feature=relmfu (Os primeiros tempos: a educação pelos jesuítas 2/2) A educação promovida pelos padres jesuítas se dava de forma tradicional. O professor centralizava o processo educacional na sua pessoa, não havendo oportunidade para debates e discordâncias. Quanto à educação feminina, esta se limitava ao aprendizado das boas maneiras e dos afazeres domésticos. De acordo com Paulo Ghiraldelli Jr., os colégios jesuítas tiveram grande influência sobre a sociedade e sobre a elite brasileira. Não foram muitos, diante das necessidades da população. Todavia, foram suficientes para gerar uma relação de respeito entre os que eram os donos das terras e os que eram os donos das almas. Quando os jesuítas foram expulsos de Portugal e,portanto, de suas colônias, em 1759, tínhamos em nosso país mais de cem estabelecimentos de ensino, considerando os colégios, as residências, as missões, os seminários e as “escolas de ler e escrever”, sob a administração direta dos jesuítas. (p. 26) Em 1759, os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e MeIo) e se criaram as Aulas Régias de latim, grego, retórica e filosofia. Dezoito estabelecimentos de ensino secundário e vinte e cinco escolas de ler e escrever foram fechadas. As reformas pombalinas Chegamos agora à reforma pombalina. Nas palavras de Ghiraldellli, A Companhia de Jesus foi expulsa de Portugal e do Brasil quando o Marquês de Pombal, então Ministro de Estado de Portugal, empreendeu uma série de reformas no sentido de adaptar aquele país e suas colônias às transformações econômicas, políticas e culturais que ocorriam na Europa. No campo cultural, o que se queria era a implementação em Portugal de idéias mais ou menos próximas do Iluminismo. (p.26) Vamos assistir ao vídeo (UnivespTV) que ilustra o tema. http://www.youtube.com/watch?v=LLp6dcAaQes&feature=relmfu (A reviravolta de pombal: nasce a educação laica 1/3) Para saber mais O Iluminismo ou, mais exatamente, a Ilustração, corresponde ao período do pensamento europeu caracterizado pela ênfase na experiência e na razão, pela desconfiança em relação à religião e às autoridades tradicionais, e pela emergência gradual do ideal das sociedades liberais, seculares e democráticas. Na Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 7 Inglaterra do século XVII, o movimento já podia ser apreciado nos textos de Francis Bacon (1561-1626) e de Thomas Hobbes (1588-1679). Na França, nos de Renné Descartes, através da nova ênfase deste em relação à independência da razão. No século XVIII tal movimento alcançou seu ápice na França, com a edição da Enciclopédia, na Escócia com David Hume (1711-1776), Adam Smith (1723-1790) e outros e, enfim, na Alemanha, com uma conotação filosófica complexa através dos trabalhos de Immanuel Kant (1724- 1804). Apesar de não vermos com facilidade doutrinas positivas comuns a todos esses pensadores, podemos apontar para alguns pontos relevantes que se repetiram: o Iluminismo está associado a uma concepção materialista dos seres humanos, a um otimismo quanto ao seu progresso por meio da educação e a uma perspectiva em geral utilitarista da sociedade e da ética. Em Portugal, no entanto, o Iluminismo, apesar de atingir duramente a Companhia de Jesus, não se efetivou no sentido de uma liberalização geral das obras dos muitos escritores do período, sendo que vários autores, mesmo os do século XVII, foram censurados na Universidade. (GHIRALDELLI, pp. 26 e 27 ) O objetivo de Pombal era substituir a escola criada pela Companhia de Jesus porque esta servia aos interesses da Igreja e também era detentora de um poder econômico que a seu ver deveria ser devolvido ao governo. Havia também o desejo de adaptar o país às mudanças ocorridas na Europa por conta do Iluminismo. As Aulas Régias não possuíam organização curricular, eram autônomas e isoladas; não se articulavam com outras disciplinas e não pertenciam a nenhuma escola. Os alunos matriculavam-se nas aulas que queriam, evidenciando a ausência de seqüência nos estudos. A qualidade do ensino ministrado pelas Aulas Régias ficava comprometida devido à própria condição do pessoal docente. Professores mal pagos, vitalícios e improvisados formavam o magistério. Pitaletti observa que “(...) o ensino brasileiro, ao iniciar-se o século XIX, estava reduzido a pouco mais que nada, em parte como conseqüência do desmantelamento do sistema jesuítico, sem que nada de similar fosse organizado em seu lugar.” (p. 37). No próximo vídeo, também produzido pela UnivespTV, poderemos ver um pouco sobre as aulas régias e a precariedade da formação docente. http://www.youtube.com/watch?v=KfqFQtD4QE0&feature=relmfu (A reviravolta de pombal: nasce a educação laica 3/3) As escolas no Império Com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, o ensino existente foi alterado para abrigar a Corte. Em 1808, a família real portuguesa transferiu-se para o Brasil, para fugir do ataque francês. A presença da corte portuguesa no Brasil, com todo o seu aparato, propiciou o desencadeamento de transformações na Colônia. Neste processo, foram abertos os portos brasileiros ao comércio exterior acabando com o monopólio português. Para suprir as carências oriundas do longo período colonial foram criadas várias instituições de ensino superior, “com a finalidade estritamente utilitária, de caráter profissional, visando formar os quadros Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 8 exigidos por essa nova situação.” (WEREBE, 1994). Assim, foram criados diversos cursos de nível superior: na Academia Real da Marinha (1808), Academia Real Militar (1810), Academia Médico-cirúrgica da Bahia (1808) e Academia Médico-cirúrgica do Rio de Janeiro (1809). MARIA ISABEL MOURA NASCIMENTO, in http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_imperial_intro.html Porém, podemos dizer que apesar de apenas o ensino superior ter sido impulsionado, não houve interesse na criação de uma universidade. O ensino superior no Brasil desde o seu princípio se constituiu de cursos e escolas isoladas. As medidas reforçaram o caráter elitista e aristocrático da educação brasileira, a que tinha acesso os nobres, os proprietários de terras e uma camada intermediária, surgida da ampliação dos quadros administrativos e burocráticos. O ensino elementar não era prioridade, visto que a grande população rural analfabeta era composta, sobretudo, por escravos. Além disso, não havia articulação entre este e o ensino secundário, o que prejudicava o sistema educacional. Não havia relação entre os currículos dos diversos níveis, o que implicava a não exigência do cumprimento dessa escolaridade para a ascensão ao ensino secundário e acabava por privilegiar um ensino preparatório para a faculdade. Somado a isso este nível de ensino mostrou-se pouco difundido devido aos orçamentos escassos das províncias, à proibição da freqüência dos escravos à escola e à tradição das elites em oferecer o aprendizado das primeiras letras no interior da própria casa. Em 1824, três anos após a volta da Corte para Portugal, D. Pedro I outorgou a primeira constituição brasileira, que possuía um tópico específico dedicado à educação. Tal tópico esboçava a idéia de um sistema nacional de educação onde a instrução primária seria gratuita a todos os cidadãos. Mas é justo ressaltar que essa atitude não garantiu de fato que a população se beneficiasse deste grau de ensino. Isto fica claro com a implantação o método Lancaster, ou seja, o ensino mútuo ou monitorial, uma das poucas iniciativas do governo referentes ao ensino primário. O objetivo da introdução deste método era atenuar a falta de professores. O método Lancaster previa a figura de monitores, responsáveis por dez alunos cada. Um professor por escola orientava o trabalho dos alunos monitores. A disciplina era obtida através da ação repressora dos inspetores e também através de prêmios e castigos. As primeiras escolas normais surgiram na década de 1830, nas províncias da Bahia e do Rio de Janeiro. Essas escolas apresentavam inúmeras dificuldades, pois eram noturnas, faltavam professores qualificados e não existia a prática de ensino. Os estudos podiam ser parcelados, porém a ordem das séries deveria ser respeitada. Antes da criação das escolas normais os professores eram selecionados tendo em vista três critérios: maioridade, moralidade e capacidade. Algumas vezes, os professores eram submetidos a concursos. Para saber mais Para muitos historiadores, entre eles Prado Jr, a independência do Brasil não pode ser compreendida somente a partir de setembro de 1822, pois já na colônia começava a se constituir uma elite local que almeja maior poder político. Com a vindada família real em 1808, o processo ganhou outra dinâmica, pois a partir de então, várias medidas foram tomadas no âmbito econômico, político, social e cultural, as quais estimularam as elites locais e fortaleceram a luta pela independência (...). A Independência chegou, e tudo transcorreu Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 9 em harmonia, sem guerra, de cima para baixo, ou seja, sem nenhuma ruptura significativa. No entanto, tal fato foi importantíssimo para nossa história. A partir de então o poder estava próximo, e por isso mais sujeito às criticas, as contradições e ao jogo de interesses. Coube à nova Nação a tarefa de criar instituições e leis para substituir as existentes. Nesse sentido, o imperador convocou eleições, onde foram eleitos noventa ilustres cidadãos para compor a Assembléia Constituinte no ano de 1823 e elaborar a nova Constituição. Nela, intensos debates foram travados entre os parlamentares sobre os mais variados temas da época, dentre eles a instrução pública, a criação da universidade brasileira e muitos outros. No calor dos debates alguns grupos políticos foram ganhando força, entre eles os conservadores, os liberais moderados e os exaltados. Os liberais queriam restringir o poder do imperador e a intervenção do Estado na vida econômica e política da Nação. Mas como bem lembra Emilia Viotti da Costa “o liberalismo brasileiro, no entanto só pode ser entendido com referência à realidade brasileira. Os liberais brasileiros importaram princípios e fórmulas políticas, mas as ajustaram às suas próprias necessidades”. (1999, p. 132). Entre os blocos políticos não havia grandes divergências ideológicas, pois ambos eram formados por proprietários rurais, comerciantes, intelectuais. As principais diferenças estavam na forma de organização do Estado: monarquia constitucional, parlamentar, federativa, república. Sentindo as tensões políticas Dom Pedro I dissolveu a Constituinte e pouco tempo depois outorgou a Constituição de 1824. As tensões no âmbito do Estado daí em diante se agravaram: revoltas no nordeste, crise econômica, pressão de Portugal. Estes fatos, aliados a outros levaram D. Pedro I a abdicar o trono em 1831 em favor de seu filho menor, Pedro de Alcântara. A renúncia do imperador desencadeou no Brasil um dos períodos mais tensos da nossa história. Como estabelecia a Constituição Imperial, no seu artigo 123 foi instituída a regência trina provisória que depois virou regência una definitiva. Com o objetivo de minimizar os conflitos políticos gerados pela vacância do monarca, pela própria instituição das regências, e de interesses regionais aprovou-se o Ato Adicional de 1834, que delegou poderes às câmaras municipais e às províncias. Criaram-se as assembléias legislativas provinciais, as quais passaram a ter poder de legislar e organizar vários setores da administração pública, entre eles a instrução primária e secundária. (...) Mesmo com a vacância do Imperador o Brasil não parou e aos pouco foi se incorporando de forma mais efetiva ao capitalismo, que estava em franca ascensão na Europa e Estados Unidos. O século XIX consolidou a Revolução Industrial, abrindo uma nova perspectiva de desenvolvimento para os países ligados, por relações de comércio às nações da Europa Ocidental. A ideologia liberal burguesa se impôs como vencedora e o padrão europeu de progresso e civilização tornou-se o espelho para muitos países, sendo um deles o Brasil. Os anos oitocentos também se caracterizaram pelo desenvolvimento da ciência, onde várias teorias foram elaboradas tentando explicar a dinâmica social, política e econômica da sociedade de então. O rápido crescimento na produção industrial trouxe a necessidade de novos mercados consumidores e fornecedores de matérias primas para atender à crescente demanda. A grande produção industrial permitiu alta acumulação de capitais gerando forte concorrência entre as nações e trazendo enormes transformações nos países que receberam partes desses capitais como investimentos. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 10 Paradoxalmente, ao contrário do que ocorria no Brasil, a produção industrial tinha como motor o trabalhador livre assalariado, e isso entrou em choque com a realidade brasileira, que se dinamizava a partir do trabalho escravo. Dentro do ideal burguês, o trabalho figura associado ao progresso e representa a possibilidade de ascensão individual, constituindo-se em direito natural do indivíduo. A expressão máxima do liberalismo é: o trabalho dignifica o homem. No Brasil o confronto entre trabalho escravo e trabalho livre passou a ocupar lugar central nas discussões nacionais e provinciais. Era necessário efetuar essa transição preservando o direito dos proprietários de escravos e donos das terras. ANDRÉ PAULO CASTANHA, in http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_014.html REFORMAS E IDEÁRIOS PEDAGÓGICOS O Império só se consolidou realmente em 1850, quando as divisões internas diminuíram e quando a economia cafeeira deu ao país um novo rumo, após a decadência da mineração. A década de 1850 ficou marcada por uma série de realizações importantes para a educação institucional. Em 1854 criou-se a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, cujo trabalho era orientar e supervisionar o ensino, tanto o público quanto o particular. Tal órgão ficou incumbido do estabelecimento de regras para o exercício da liberdade de ensino para a preparação dos professores primários, além de ser autorizado a reformular os estatutos de colégios preparatórios no sentido de colocá-los sob o padrão dos livros usados nas escolas oficiais. Também coube à Inspetoria Geral reformular os estatutos da Academia de Belas Artes, organizar de modo novo o Conservatório de Música e refazer os estatutos da Aula de Comércio da Corte. (...) Um elemento de destaque da época imperial foi, sem dúvida, a criação do Colégio Pedro II, em 1838. Seu destino era servir como modelo de instituição do ensino secundário. Mas ele nunca se efetivou realmente como modelo para tal nível, tomado em si mesmo, e vingou como uma instituição preparatória aos cursos superiores. Ao longo do Império, sofreu várias reformas curriculares. Tais reformas oscilaram entre a acentuação da formação literária dos alunos em detrimento da formação científica e o inverso, a acentuação da formação científica em detrimento do cultivo das humanidades. Tal oscilação se deveu às disputas do ideário positivista contra o ideal humanista de herança jesuítica. Quando o ideário positivista levava vantagem, na medida em que caía nas graças dos gostos intelectuais da época, o Colégio Pedro II passava a incorporar mais disciplinas científicas. Quando os positivistas perdiam terreno, voltava-se para uma grade curricular de cunho mais literário. (...) Além do Colégio Pedro II, outro elemento marcante do ensino no Império foi a Reforma Leôncio de Carvalho, de 1879. Leôncio de Carvalho, Ministro do Império e professor da Faculdade de Direito de São Paulo, promulgou o decreto 7.247, ad referendum da Assembléia, e com isto instituiu a liberdade do ensino primário e secundário no município da Corte e a liberdade do ensino superior em todo o país. Por liberdade de ensino a nova lei entendia que todos os que achassem, por julgamento próprio, capacitados a ensinar, poderiam expor suas idéias e adotar os métodos que lhes conviessem. A nova lei também entendia que o trabalho do magistério era incompatível com o trabalho em cargos públicos e administrativos. A freqüência aos cursos Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 11 secundários e superiores tornou-se livre, de modo que o aluno poderia aprender com quem lhe conviesse e, no final, deveria se submeter aos exames de seus estabelecimentos. Com isso, as instituições se organizaram por matérias, de modo que o aluno pudesse escolher quais as que cursaria e quaisele julgava que eram desnecessárias diante do exame final. Enfim, aconselhava-se que as escolas, no final, fossem rigorosas nos exames. O Império, assim fazendo, tornou o ensino brasileiro menos um projeto educacional público e mais um sistemas de exames, característica esta que mutatis mutantis permaneceu durante a Primeira República e deixou vestígios até a atualidade, como o caso da incapacidade que temos de fazer o ensino secundário funcionar sem o parâmetro dado pelos exames vestibulares. (GHIRALDELLI, pp.29 e 30) Conforme a sociedade brasileira vai avançando, a educação vai sendo modificada para atender suas novas características. Nas palavras de Francisco Leonardo dos Santos Cavalcante, as incipientes tentativas de reforma do ensino ocorridas no Brasil-Império não sinalizaram para diminuir as disparidades educacionais do país, pelo contrário, (...) serviram de corolário para ratificar a incompetência e a incapacidade do Estado em solucionar tais diferenças. Desta maneira, o Brasil aporta à República com uma elevada taxa de analfabetismo e vergonhosa parcela da população excluída da escola. Para entendermos um pouco do panorama político da época recorremos a Ghiraldelli: a “Primeira República” durou quarenta anos. Foi a época da “política do café com leite”. Grupos de proprietários e homens influentes em Minas Gerais (“Coronéis do leite”) e em São Paulo (“Barões do café”) se alternaram no controle da presidência da República. Esse acordo de alternância no governo federal ruiu em 1930, criando a oportunidade de grupos gaúchos e outros ascenderem ao poder, mas não através das eleições, e sim através da Revolução de Outubro de 1930. Então, passamos a viver uma nova fase, em geral dividida em três períodos: o primeiro período teve Getúlio Vargas no poder como membro importante do governo revolucionário pós-outubro de 1930 (o “Governo Provisório”); no segundo período Vargas governou após a promulgação da Constituição de 1934; por fim, no terceiro, Vargas exerceu o poder de 1937 até 1945 como ditador, à frente do que chamou de “Estado Novo”. Durante a década de 1930, o Brasil continuou se industrializando e se urbanizando. A produção industrial foi superior ao valor da produção agrícola em 1933. cidades como Rio de Janeiro e São Paulo ultrapassaram a casa de um milhão de habitantes. Sabemos que quanto mais urbano se torna um país, mais cresce os setores de serviços, menos as pessoas querem se submeter ao trabalho braçal e, então, mais os setores médios ou os aspirantes a tal exigem educação e escolas. Foi isso que ocorreu. Uma boa parte de nosso povo começou a sonhar com algo bastante simples: ver se seus filhos poderiam, uma vez fora da zona rural, escapar do “serviço físico bruto”. Dessa forma, a educação tornou-se tema central em debates sobre o crescimento do país. Por esse motivo, o período que compreende 1889 a 1930 foi o mais fértil em questão de reformas. O que não significa, necessariamente, melhoria e democratização do ensino. Foi nesse período que alguns atos importantes ocorreram de acordo com Cavalcante: a Constituição Republicana de 1891 introduziu o princípio federalista, ou seja, os Estados passaram a organizarem-se por leis próprias, desde que respeitando a carta magna. Essas mudanças incidiram diretamente sobre a configuração do sistema de ensino do país. É efetivamente a partir desse período que o movimento pela educação popular toma fôlego. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 12 A primeira reforma ocorre no ensino secundário. Organizada por Benjamin Constant – Primeiro-Ministro da Pasta da Instrução, Correios e Telégrafos (1890/1892) – atingiu diretamente o Colégio Pedro II que era considerado o modelo oficial de educação no país. Benjamin Constant foi um dos maiores propagadores do ideário positivista no Brasil, logo, a reforma por ele pensada, revestia-se daqueles princípios. No que diz respeito à grade curricular, o ensino secundário passou a compreender “o estudo das ciências, incluindo noções de sociologia, moral, direito e economia política, ao lado das disciplinas tradicionalmente ensinadas” (Xavier, M. Elizabete, 1994, p. 106). A mudança mais significativa decorrente da reforma Benjamin Constant foi a laicização do ensino público por meio da institucionalização da liberdade de culto, expandiram-se os colégios privados, ou seja, iniciava- se, ainda que timidamente, a desoficialização do ensino, o que seria ratificado mais tarde pela Lei Orgânica Rivadávia Corrêa (1911). Relativo à educação, Nelson Piletti afirma que a Primeira República é o período no qual se colocou em questão o modelo educacional herdado do Império, que privilegiava a educação da elite – secundário e superior – em prejuízo da educação popular – primário e profissional. A educação elitista entrou em crise, de modo especial, na década de 20, quando também se tornou mais aguda a crise de outros setores da vida brasileira – político, econômico, cultural e social. A crise da educação elitista e as inúmeras discussões que provocou desembocaram na Revolução de 30, que foi responsável por numerosas transformações que fizeram avançar o processo educacional brasileiro. (p. 54) Em termos pedagógicos, três correntes representam os diferentes setores da sociedade da época: a Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia Libertária. De acordo com Ghiraldelli Na década de 1930, nossas elites, divididas em grupos ideológicos de um modo bem mais acirrado que em qualquer outro período da história do Brasil, produziram reflexões marcadas pelas disputas políticas de um modo bem mais claro que nos períodos anteriores. Tivemos em nosso país, então, o surgimento de quatro grandes conjuntos de idéias a respeito da educação. Tais conjuntos de idéias indicavam o que se deveria e o que não se deveria fazer com a educação brasileira, segundo os grupos mais ativos da época, tanto do ponto de vista político quanto do ponto de vista intelectual. Esses quatro projetos são os dos ideários liberal, católico, integralista e comunista. (GHIRALDELLI, p. 53) Façamos a ligação entre as correntes e os ideários acima descritos. A Pedagogia Tradicional estava ligada às oligarquias dirigentes e à Igreja. A disciplina rígida, o cultivo da atenção e a competição, individual ou coletiva (ou seja, a emulação), constituíam algumas das características desta corrente, que sofreu importante influência da pedagogia dos jesuítas. É possível perceber que o ideário católico está presente nesta corrente. Com a Revolução Constitucionalista de 1932 a Igreja Católica percebeu a oportunidade de reverter a separação instaurada entre Igreja e Estado instituída na Constituição de 1891. Tal reversão teve início com o Decreto de abril de 1931, de Francisco de Campos, então ministro da Educação. O decreto diz respeito a institucionalização do ensino de religião de forma facultativa na rede escolar pública, o que gerou reação de intelectuais laicos e grande polêmica. Citando Ghiraldelli, Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 13 a Igreja Católica armou uma trincheira e centrou fogo na filosofia do pragmatismo americano e nos teóricos do movimento renovador do ensino no Brasil, principalmente nos que haviam incorporado alguma coisa das leituras que fizeram de John Dewey. Mas, há bastante diferença entre o combate que os educadores católicos empreenderam contra as pedagogias libertárias da década de 1910, aqueles grupos seguidores de Ferrer e outras formas de pedagogias libertárias. Naquela época, a Igreja Católica buscou, por todos os meios, bloquear as possibilidades de disseminação das pedagogias libertárias. Em relação ao ideário “escolanovista”, os intelectuais católicos tiveram em geral outra atitude. Não a rechaçaram em bloco. Disputaram com a intelectualidade laica o que começaram a ver como possíveis virtudes da pedagogia renovadora que, afinal, ganhava adeptos velozmente no seio da vanguarda doprofessorado. (p. 59) Isto significa que o que se buscava era o meio termo entre o tradicional e a Escola Nova. De fato, a grande batalha se dava contra a Pedagogia Libertária. Alguns princípios escolanovistas eram utilizados, o que foi chamado de “escolanovismo católico”. Ainda com relação à Pedagogia Tradicional temos o ideário integralista, que apesar de conservador não deve ser confundido com o católico. Aqui, a cultura era questão fundamental e a educação deveria ser formadora de caráter visando um homem integral nos aspectos físico, intelectual, cívico e espiritual. Outras características são a divisão entre trabalhadores da inteligência, braçais e do capital; a defesa do ensino gratuito e obrigatório nas séries iniciais e do ensino secundário e superior gratuito apenas aos alunos capacitados; a busca pela perpetuação da hierarquia social como forma de manter a ordem; necessidade da escola profissional voltada ao desenvolvimento industrial; educação diferenciada às mulheres. A presença da religião na escola era também defendida formando o tripé da formação integral do homem: Deus, Pátria e Família. O ideário integralista também se utilizou de idéias da Escola Nova. Segundo Ghiraldelli, os testes vocacionais defendidos por Fernando de Azevedo e Lourenço Filho, nas mãos dos integralistas, ganharam uma conotação elitista, racista e altamente discriminatória, principalmente nos textos de Backheuser, que, mais tarde, escreveu um Ensaio de biopatologia educacional buscando casar os métodos individualistas do escolanovismo com a busca de vocações através da biopatologia racista. (p. 68) A Pedagogia Nova, baseada nos estudos de John Dewey, enfatizou os métodos ativos de ensino- aprendizagem, a liberdade e interesse das crianças, o trabalho em equipe e a prática dos trabalhos manuais. O centro do processo de ensino e de aprendizagem passava a ser o aluno e não mais o professor, como na Pedagogia Tradicional. No Brasil, alguns dos representantes do ideal escolanovista foram Fernando de Azevedo, que redigiu o famoso Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, e Anísio Teixeira e Lourenço Filho, que o assinaram. Nelson Piletti destaca algumas das idéias do Manifesto: 1. A educação é vista como instrumento essencial de reconstrução da democracia no Brasil, com a integração de todos os grupos sociais. 2. A educação deve ser essencialmente pública, obrigatória, gratuita, laica e sem qualquer segregação de cor, sexo ou tipo de estudos, e desenvolver-se em estreita vinculação com as comunidades. 3. A educação deve ser “uma só”, com os vários graus articulados para atender às diversas fases do crescimento humano. Mas, unidade não quer dizer uniformidade; antes, pressupõe multiplicidade. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 14 Daí, embora única sobre as bases e os princípios estabelecidos pelo Governo Federal, a escola deve adaptar-se às características regionais. 4. A educação deve ser funcional e ativa e os currículos devem adaptar-se aos interesses naturais dos alunos, que são o eixo da escola e o centro da gravidade do problema da educação. 5. Todos os professores, mesmo os do ensino primário, devem ter formação universitária. (p. 77) De acordo com o que foi exposto, identificamos nesta corrente o ideário liberal, responsável por motivar alguns setores da sociedade em buscar ascensão social por meio da educação. Isto explica a busca pela melhoria de ensino nesta proposta. Para Ghiraldelli, quatro aspectos caracterizam este ideário: a igualdade de oportunidades e democratização da sociedade via escola; a noção de escola ativa (com a idéia de atividade pensada tanto de modo amplo quanto de modo estreito, voltada para orientação vocacional- profissional); a distribuição hierárquica dos jovens no mercado de trabalho por meio de uma hierarquia de competências e não por outro mecanismo qualquer; e, por fim, a proposta da escola como posto de assistência social. (pp. 55 e 56) Ou seja, uma escola que prepare para o mercado de trabalho e divisão social do trabalho. O final dos anos 1930 foi marcado por forte crítica por parte de fascistas e comunistas ao liberalismo. Mas, mesmo assim o ideário liberal não foi abandonado. Liberalismo Liberalismo pode ser resumido como o postulado do livre uso, por cada indivíduo ou membro de uma sociedade, de sua propriedade. O fato de uns terem apenas uma propriedade: sua força de trabalho, enquanto outros detêm os meios de produção não é desmentido, apenas omitido no ideário liberal. Nesse sentido, todos os homens são iguais, fato consagrado no princípio fundamental da constituição burguesa: todos são iguais perante a lei, base concreta da igualdade formal entre os membros de uma sociedade. Em uma extensão dessa, uma segunda idéia propõe o bem comum (o Commonwealth), segundo a qual a organização social baseada na propriedade e na liberdade serve o bem de todos. Um corolário dessa proposição é que não havendo antagonismo entre classes sociais, a ação pode ser orientada simplesmente pela razão -- donde racionalismo. Essa é a cerne da proposição ideológica, que visa à dominação consentida dos trabalhadores, através da operação de identificar o interesse da classe dominante (a manutenção da ordem social vigente) com o interesse da sociedade como um todo -- a nação. http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/liberal/index.html Outro aspecto deste ideário é a utilização da psicologia como forma de contribuição à escola descobrindo aptidões e padrões de comportamento, visando a harmonia social. Lourenço Filho afirma que quaisquer que sejam as concepções filosóficas e sociais da educação, ou qualquer que seja a visão dos fins possíveis ou julgados possíveis na formação humana, um denominador comum existe: é o de que podemos alterar, fazer variar ou modificar o comportamento e a experiência do educando, no sentido de objetivos que tenhamos como úteis, justos ou necessários. Cabendo à psicologia, e não a outro ramo de estudos, a Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 15 investigação de tais problemas, segue-se que o adiantamento das formas gerais da ação educativa dependerá do progresso dessa disciplina, embora, é certo também, não apenas dele. (p. 114) (...) As aplicações com base no estudo das diferenças individuais são de grande alcance na ação educativa como técnica. Um dos erros da escola tradicional era conceber um tipo de criança em abstrato, uma criança de tipo ideal por todos os aspectos, na vida real inexistente. Daí, as forma de má aplicação do ensino, segundo critérios da lógica do adulto em relação ao material que se pretendesse ensinar sem atenção às condições de adequação psicológica. Hoje, o mestre sabe que está em face de educandos similares em grupos, mas todos diferentes entre si, e que, em conseqüência, terá de adaptar o ensino não só em relação às fases evolutivas, mas também às diferenças de cada aluno em particular. Mediante provas relativamente simples, é possível obter um diagnóstico do educando. É possível também prognosticar, ou ter idéia do que se deva esperar de cada criança ou jovem, com a adoção nos casos necessários de procedimentos educativos especiais, indicados pelos resultados de provas de rendimento e de personalidade. Nisso têm fundamento as técnicas de orientação educacional e de orientação profissional, como também as de readaptação social para indivíduos desajustados e delinqüentes. Num e noutro caso, as indicações pelos testes não são suficientes, pois a orientação envolve também fatores sociais. Ainda assim, são elementos insubstituíveis. (p. 130) (...) Ao professor, em razão de suas funções específicas, que são as do trabalho na classe, não cabem obrigatoriamente as tarefas de psicologista escolar. Nem por isso, deverá ele desconhecer os modernos recursos da psicologia aplicada e, em particular, as bases gerais das aplicações de testes e escalas. Também o médico clínico não cuidade realizar, por si, delicados exames de laboratório necessários à completa elucidação de um diagnóstico; mas deverá conhecer desses exames para saber como pedi-los a especialistas, e como bem interpretar os resultados. Deverão, pois, os mestres ter uma clara noção das diferenças individuais e recursos para seu reconhecimento. Ademais, na aplicação e interpretação dos testes mais simples, poderão habilitar-se sem qualquer dificuldade. (p. 131) Entre o início do século XX e os anos 1920, a Pedagogia Libertária começou a despontar criticando a sociedade capitalista, o Estado, a Igreja e a pedagogia oficial. Sua proposta de sociedade fundava-se nos ideais anarquistas e chegaram ao Brasil juntamente com os imigrantes. Entre outros defensores deste movimento podemos citar Francisco Ferrer Y Guardia, pensador anarquista catalão criador da Escola Moderna onde eram colocadas em prática as idéias de educação anarquista. Podemos identificar aqui o ideário comunista, que segundo Ghiraldelli, não realizou muitas publicações em relação à educação. De acordo com Wilton Rodrigues Machado, pode-se dizer que um dos principais objetivos da pedagogia libertária é preparar os indivíduos para a vivência plena da liberdade. Para isso, desenvolve a autonomia, a responsabilidade, o respeito, a solidariedade, a cooperação e a criatividade nos educandos. Assim, além de estabelecer novas formas de relações interpessoais, é também um instrumento de luta para a superação das condições de exploração que sustentam nossa sociedade. É interessante perceber que os ideários católico e integralista combatiam a Pedagogia Libertária com energia, mas de certa forma “toleravam” e até mesmo adaptavam algumas idéias da Pedagogia Nova. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 16 O vídeo a seguir produzido pela Unitins nos mostra um pouco das pedagogias Tradicional, Nova e Libertária e também das reformas ocorridas na Primeira República: http://www.youtube.com/watch?v=JwJ8QsClY_Q Educação na primeira república Reforma Benjamin Constant (1890) Proclamada a República, coube a Benjamin Constant o recém-criado Ministério de Instrução, Correios e Telégrafos. A burguesia mercantilista tinha presença constante nos meios sociais, sustentada por uma classe média em franco crescimento. A vida urbana se desenvolvia e tinha sua importância já impressa no modo de vida dos brasileiros. O pensamento cultural brasileiro, ainda preso à tradição de Coimbra, ia cedendo lugar ao racionalismo de Descartes, ao positivismo de Comte, ao transformismo de Darwin, ao evolucionismo de Spencer. O meio cultural fervilhava de nacionalistas: Castro Alves, Aluísio de Azevedo, Raul Pompéia. A ruína do Império abria as portas aos questionamentos da vida brasileira. Entretanto, o quadro educacional não diferia do Período Imperial. Os recentes estados brasileiros eram desigual educacionalmente, conseqüência da desregulamentação educacional iniciada na Constituição de 1823. As escolas públicas existentes nas cidades eram freqüentadas pelos filhos das famílias de classe média. Os ricos contratavam preceptores, geralmente estrangeiros, que ministravam aos filhos o ensino em casa ou em colégios particulares. As elites não só enviavam seus filhos aos colégios particulares, como também utilizavam o Estado para criar uma rede de ensino público que os atendesse. Assim, muitas das reformas da legislação do ensino provindas do governo federal priorizavam o ensino secundário e superior. Com a Reforma proposta por Benjamim Constant em 8 de novembro de 1890, pela primeira vez, após a expulsão dos jesuítas, era executada no Brasil uma diretriz educacional que abrangia todos os níveis de ensino. O ensino secundário foi o mais atingido pela reforma. Este se encontrava resumido aos preparatórios que habilitavam o aluno ao ensino superior. Com cunho secundarista, a reforma caiu principalmente sobre o Colégio Pedro II. Nesse nível de ensino ela rompeu drasticamente com a tradição do currículo clássico jesuítico para introduzir um currículo estritamente positivista. Desde então se formaram duas correntes sobre currículo. Uma tradicional, defendendo na estrutura curricular a predominância das humanidades clássicas, e a outra pleiteando, no currículo, mais espaço para as ciências, em nome do progresso, da técnica, do comércio, da indústria e da agricultura. A reforma teve o grande mérito de romper com o ensino humanístico, porém não cuidou de propor uma educação para a realidade vigente. Mas o fundamental dessa reforma foi o ato de assumir um sistema de idéias, expresso através do positivismo comteano, com um conteúdo filosófico mais ou menos definido. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 17 Nesse momento da história nacional, as idéias de Augusto Comte, ao lado da mentalidade humanística, retórica e jurídica da grande maioria da elite dirigente, educada no antigo regime, tiveram grande influência na determinação das diretrizes educacionais do país. O objetivo do modelo seriado era de restringir o processo, que caminhava aleatoriamente sem as interferências do estado, à instituição escolar, dando-lhe forma, bases e meios para ação e justificativa social. Com a seriação obrigatória, a Reforma de Benjamin Constant (1890) extinguiu os preparatórios e fez do Colégio Pedro II, agora chamado Ginásio Nacional, o padrão do ensino secundário a ser seguido por todo o país. Essa reforma teve seus méritos quando tentou acabar com os preparatórios, estabelecer o processo educativo sob o modelo seriado, como também ampliar o currículo das escolas brasileiras, abrindo-o ao enciclopedismo. Por esta vertente, a Reforma Benjamin Constant buscava a substituição do ensino acadêmico por um currículo mais enciclopédico, com a inclusão de disciplinas científicas e a consagração do ensino seriado. Com o tempo a reforma foi assimilada pelos ensinos primário e secundário. Os méritos dessa reforma, entretanto, não residem somente na introdução do modelo seriado de ensino ou mesmo na ampliação da base positivista na educação brasileira. Os méritos que quero ressaltar não se referem à qualidade do modelo utilizado, mas ao simples fato de ter definido de um modelo, o que, por si só, já trouxe enorme contribuição à educação nacional, ainda esfacelada nas províncias. A Reforma Benjamin Constant rompeu drasticamente com a tradição do currículo clássico jesuítico para introduzir um currículo baseado no princípio científico de Comte. Buscava a substituição do ensino acadêmico por um currículo mais enciclopédico, com a inclusão de disciplinas científicas e a consagração do ensino seriado. Os méritos dessa reforma não residem somente na introdução do modelo seriado de ensino ou mesmo na ampliação da base positivista na educação brasileira mas também no fato de ter definido um modelo, o que, por si só, já trouxe enorme contribuição à educação nacional, ainda esfacelada nas províncias devido à aprovação da federação em 1888. A Federação, ao mesmo tempo em que integrava a nação, distanciava as regiões através do caráter político e econômico. A princípio, a introdução do modo republicano federativo não alterou a educação do povo brasileiro. http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm Reforma de Epitácio Pessoa (1901) Essa reforma deu exeqüibilidade ao idealismo de Constant, corrigindo e adaptando sua reforma às realidades regionais. Sob a perspectiva dessa reforma, a educação nacional deveria priorizar a formação secundária, visando consolidar a estrutura seriada do modelo educacional, tendo em vista que, até aquela data, o ensino era desvinculado de freqüência obrigatória, prevalecendo os exames preparatórios. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 18 Cabe aqui a ressalva que, visando consolidar a estrutura seriada do modelo educacional, a reforma extinguiu os exames que possibilitavam, aos alunos, o acesso ao ensino sem contudo percorrerou freqüentar uma instituição escolar e inaugurou a matrícula por disciplina. A existência dos exames preparatórios oportunizava aos alunos duas formas de acesso ao conhecimento: ou pela via seriada, ou através de estudos individualizados e orientados fora da escola. Entretanto, a coexistência entre exames preparatórios e modo de ensino seriado desobrigava o aluno da freqüência escolar. Essa situação, evidenciada na junção modo seriado e os exames preparatórios, explicitava a contraditória possibilidade da existência de uma educação e acesso ao conhecimento ‘com’ e ‘sem’ escola. Esse fato colocava em dúvida a necessidade de diretrizes educativas, como a reforma em apreço, uma vez que trazia em seu interior um discurso que a negava e a afirmava, simultaneamente. http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm Reforma Rivadávia (1911) A Reforma de Rivadávia criou em 1911 os parcelados e o vestibular do 3o grau, não exigindo comprovação de escolaridade anterior para a inscrição nestes exames. Uma das razões alegadas para a não exigência dessa comprovação era a desobrigação criada pelos preparatórios. Até o momento vemos que as vias legislativas que admitem a existência de instrução fora das vias escolares, o fazem pelo fato de não disporem de meios para fornecer essa instrução a toda população. Entretanto, cabe ressaltar, que não existia uma determinação em que eram traçados os conhecimentos mínimos exigidos ao candidato para o reconhecimento de sua instrução. http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm Reforma Maximiliano (1915) A determinação de um conhecimento mínimo na escola só irá ocorrer com a Reforma Maximiliano (1915) que tornou obrigatória a seriação dos estudos na medida em que impedia a realização de outras provas que não as constantes no currículo da série que o aluno estivesse cursando. A Reforma Maximiliano buscou dar uma ordem ao ensino brasileiro, ordem estabelecida nos molde do ensino europeu. Retomou vários pontos de políticas educacionais anteriores, incluindo a proposta da seriação escolar da Reforma Benjamin Constant (1890), a estruturação proposta na Reforma Epitácio Pessoa (1901) e, da Reforma Rivadávia (1911), retoma o exame vestibular, tornando-o extremamente rigoroso. http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm Reforma Rocha Vaz (1925) A Reforma Rocha Vaz, em 1925, tentou romper com a idéia dos preparatórios ou parcelados, deixando, como única opção educativa, o modo de ensino seriado, e forçando a continuidade e a articulação dos estudos obrigatórios. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 19 Durante 6 anos a reforma tentou romper com a idéia dos preparatórios ou parcelados, deixando, como única opção educativa, o modo de ensino seriado, e forçando a continuidade e a articulação dos estudos obrigatórios com duração de 5 anos no secundário. A reforma propôs que o currículo preparasse o aluno para a vida e não para o ensino superior e ainda instituiu bancas examinadoras de composição idônea. Esta reforma não foi totalmente aplicada, pois em 1929 ainda existiam escolas com exames preparatórios, sem currículo definido. Visou à moralização do ensino, não tendo nenhum sentido inovador, foi mais uma reforma com características administrativas, tal como as demais que caracterizaram a época. Nesse breve espaço de tempo, de 1879 a 1925, em que ocorreram várias reformas na recente nação brasileira, não podemos perder de vista as idéias educacionais que compunham o universo mundial. Dentre elas ressaltamos algumas, como as de Giovanni Gentile, grande teórico da educação fascista, com a educação sustentada em Hegel e no nacionalismo e catolicismo; Lunatscharsky e Krupskaia, na Rússia, com as reformas educacionais pós-revolução de 1917; Leon Bérard, na França; Lord Fischer, na Inglaterra; Dewey e Kilpatrick, nos Estados Unidos. Nesta época, temos um Brasil eminentemente analfabeto, tanto analfabeto em escolaridade como o próprio termo designa, como analfabeto nos novos meios de produção cobrados da sociedade pela comunidade internacional. Só a partir da década de vinte começa a tomar corpo no Brasil um movimento renovador visando transformar as condições de ensino. Esse movimento, que se chamou Escola Nova, era liderado por educadores renomados nos principais estados da federação, como Francisco Campos, empreendedor das reformas em Minas Gerais. http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm Quando, em 1930, ruiu a Primeira República e com ela muitas instituições tradicionais, o Brasil viveu um dos períodos de maior radicalização política de sua história. No campo educacional são nítidos os conflitos pedagógicos advindos de todo o processo educacional. As principais linhas pedagógicas em choque eram a Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia Libertária, que foram as bases, ora alternadas, ora conciliadas, da formulação legislativa educacional. Parafraseando Guiraldelli, estas três vertentes pedagógicas, a grosso modo, podem ser vistas associadas a três diferentes setores sociais. Pode-se dizer, sucintamente, que a Pedagogia Tradicional se associava às oligarquias dirigentes e à Igreja, a Pedagogia Nova, à Burguesia e a Pedagogia Libertária, aos movimentos sociais populares, buscando a transformação social. A Reforma Francisco Campos (1930) tentou tirar do ensino secundário a conotação de ponte para o ensino superior e criou um corpo de inspetores especializados por grupos de matérias e estabelecimentos, o que reforçou a estrutura curricular desses estabelecimentos na medida em que deu suporte técnico e administrativo. Dessa forma, as escolas foram obrigadas a abandonar os cursos preparatórios, aulas avulsas e implantar um currículo, que, em sua maioria, era enciclopedista. Todavia, declaradamente elitista, a reforma não mencionou o ensino primário e os problemas da educação popular, mas traçou diretrizes e soube dar uma organização ao ensino secundário do ponto de vista geral. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 20 Teve como característica o predomínio do ensino científico sobre o clássico. O curso ginasial, de sete anos na Reforma Benjamim Constant (1890), de seis anos na Reforma Epitácio Pessoa (1901) e Reforma Rivadávia (1911), de cinco anos na Reforma Maximiliano (1915), de seis anos na Rocha Vaz (1925), voltou a ser de cinco anos na Reforma Francisco Campos (1931). Seguia ao Curso Ginasial o curso complementar de dois anos, que era subdividido de acordo com os ramos pelos quais o aluno poderia optar no curso superior. Eram os curso pré-jurídico, pré-médico e pré-politécnico. O desajuste da Reforma Francisco Campos nos outros campos de ensino, principalmente o primário, e a falta de professores para aplicar o conteúdo enciclopédico deu base para a Reforma Capanema (1942), que redimensionou o ensino secundário em favor do desenvolvimento industrial, reduziu seu tempo para quatro anos e diversificou a formação e função do ginásio. http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm Reforma Francisco de Campos, primeira reforma educacional de caráter nacional, realizada pelo então Ministro da Educação e Saúde Francisco Campos (1931). A reforma deu uma estrutura orgânica ao ensino secundário, comercial e superior. Estabeleceu definitivamente o currículo seriado, a freqüência obrigatória, o ensino em dois ciclos: um fundamental, com duração de cinco anos, e outro complementar, com dois anos, e ainda a exigência de habilitação neles para o ingresso no ensino superior. Além disso, equiparou todos os colégios secundários oficiais ao Colégio Pedro II, mediante a inspeção federal e deu a mesma oportunidade às escolas particulares que se organizassem, segundo o decreto, e se submetessem à mesma inspeção. Com relação ao ensino de línguas estrangeiras, a reforma introduziu mudanças não somente no conteúdo com maior ênfase às línguas modernas - francês, inglês e alemão, que prevaleceramsobre o Latim - mas principalmente quanto à metodologia com o uso do Método Direto. (http://www.helb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=88:a-reforma-francisco-de- campos&catid=1015:1931&Itemid=2 ) Reforma Capanema (1942) Nome da reforma do sistema educacional brasileiro realizada durante a Era Vargas (1930-1945), sob o comando do ministro da educação e saúde Gustavo Capanema. Essa reforma, de 1942, foi marcada pela articulação junto aos ideários nacionalistas de Getúlio Vargas e seu projeto político ideológico, implantado sob a ditadura conhecida como “Estado Novo”. De todas as áreas do plano educacional, a educação secundária seria aquela em que o ministério Capanema deixaria sua marca mais profunda e duradoura. Segundo os autores de Tempos de Capanema, o sistema educacional proposto pelo ministro correspondia à divisão econômico-social do trabalho. Assim, a educação deveria servir ao desenvolvimento de habilidades e mentalidades de acordo com os diversos papéis atribuídos às diversas classes ou categorias sociais. Teríamos a educação superior, a educação secundária, a educação primária, a educação profissional e a educação feminina; uma educação destinada à elite da elite, outra educação para a elite urbana, uma outra para os jovens que comporiam o grande “exército de trabalhadores necessários à utilização da riqueza potencial da nação” e outra ainda para as mulheres. A educação deveria estar, antes de tudo, a serviço da nação, “realidade moral, política e econômica” a ser constituída. Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 21 No contexto do ideário do governo Vargas, Capanema é mais explícito ao sugerir instrumentos para a ampliação da influência do governo na educação: “É com a educação moral e cívica que se cerra e se completa o ciclo da educação individual e coletiva e é por ela que se forma o caráter do: cidadãos, infundindo-lhes não apenas as preciosas virtudes pessoais senão também as grandes virtudes coletivas que formam a têmpera das nacionalidades - a disciplina, o sentimento do dever, a resignação nas adversidades nacionais, a clareza nos propósitos, a presteza na ação, a exaltação patriótica.” Dessa forma, a preocupação com a moral, o civismo e responsabilidades trazem para a esfera educacional os objetivos propostos pelo Estado Novo, a valorização da auto imagem do brasileiro e a criação de uma identidade nacional. Nesse período, o ministério da educação também aprovou a criação de uma série de órgãos, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Instituto Nacional de Serviços Pedagógicos (INEP) e o Serviço Nacional de Radiofusão Educativa. Vigorou até a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1961. http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=371 Dos Jesuítas às Escolas do Império/Reformas e Ideários Pedagógicos 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1993. CASTANHA, André Paulo. Pedagogia da moralidade: a Ordem Civilizatória Imperial. In http://www.histedbr. fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_014.html CAVALCANTE, Francisco Leonardo dos Santos. Proposições Liberais e Não Liberais e as Reformas Educacionais no Brasil (Período de 1889 a 1989). In http://www.conteudoescola.com.br/site/content/ view/118/42/ CORREA, Gilvane Gonçalves. A seriação escolar brasileira: aspectos legislativos. In http://www.ichs.ufop. br/conifes/anais/EDU/edu2014.htm#_ftn1 DEAK, Csaba. Verbetes de economia, política e urbanismo. In http://www.usp.br/fau/docentes/ depprojeto/c_deak/CD/4verb/index.html EDUCABRASIL, Agência. Dicionário Interativo da Educação Brasileira. In http://www.educabrasil.com.br/ eb/dic/dicionario.asp FILHO, Lourenço. Introdução ao Estudo da Escola Nova. 14ª. edição. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002. GHIRALDELLI Jr., Paulo. História da educação brasileira. 4ª. edição. São Paulo: Cortez, 2009. HELB. Linha do tempo sobre a história do ensino de línguas no Brasil. In http://www.helb.org.br/index. php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=20&Itemid=2 MACHADO, Wilton Rodrigues. Pedagogia Libertária: projeto e utopia educacional na sociedade capitalista. In http://www.urutagua.uem.br/010/10machado.htm MATTOS, Luiz Alves. Primórdios da Educação no Brasil: O Período Heróico (1549-1570). Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1958. NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. O Império e as primeiras tentativas de organização da Educação Nacional (1822-1889). In http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_imperial_intro.html PILETTI, Nelson. Historia da educação no Brasil. São Paulo: Editora Ática, 1990. RIBEIRO, Maria L. S. História da Educação Brasileira – A organização Escolar. Coleção Educação Universitária. 4ª. edição. São Paulo: Editora Moraes, 1982. TOBIAS, José Antonio. História da educação brasileira. 2ª. edição. São Paulo: Juriscredi.
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