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Estudo de Casos clínicos

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Roteiro de análise dos casos; 
O despertar da puberdade coloca os jovens frente a algumas questões que eles precisam solucionar para fazer a travessia para a vida adulta. Dentre elas, vale destacar o distanciamento da família de origem, a construção de um novo lugar para si no social, o posicionamento frente a partilha sexual, o luto do corpo infantil, dos pais da infância e do lugar ocupado no seu desejo na infância.
Para Stevens, as soluções que os jovens encontram para essas questões com as quais ele se depara no encontro com o real da puberdade são sempre sintomáticas. 
Nos fragmentos de casos relatados acima, localize qual saída sintomática o jovem construiu e a questão que ele busca solucionar a partir dessa formação sintomática. E os fatores que contribuiram para a busca dessa solução. 
Caso Sabrina 
Sabrina é uma jovem de 15 anos que reside com sua mãe, pai e irmãos. Desde criança, Sabrina sempre teve uma relação muito conflituosa com a mãe, se distanciando ainda mais dela na entrada da adolescência. Esse distanciamento se da em função das atitudes que a mãe assume em relação ao pai de Sabrina, de total submissão. "Minha mãe é muito submissa, vive para e pelo meu pai, faz tudo para ele, isso me irrita." Comenta Sabrina. 
Aos 15 anos, ela se envolveu com um adolescente líder do tráfico de drogas da região onde reside com sua família, o que resultou na sua apreensão. A pedido do namorado escondeu uma quantidade significativa de drogas na sua casa, um vizinho denunciou, e Sabrina acabou detida e encaminhada para o CIA. Passou por uma audiência e foi encaminhada para a medida de Liberdade Assistida. Essa foi a sua primeira passagem pelo CIA (Centro de Integração ao Adolescente, antes denominado Juizado da Infância e da Juventude), até então, Sabrina nunca havia infracionado. 
 Sabrina residia com seus pais e era uma adolescente tranquila, apesar das dificuldades relacionais vivenciadas com sua mãe. Estudava regularmente, era uma boa aluna, frequentava uma oficina de dança no período da tarde, em busca de um sonho, tornar-se bailarina. Sonho que ela se dedicava com muito afinco, além das aulas de balé, se ofereceu para ser assistente da professora, passava suas tardes com ela, assistindo suas aulas para aprender novas técnicas.
Quando iniciou o relacionamento com Wellington, líder do tráfico, foi se ausentando das aulas de balé e se afastando da escola, passou a matar aula, o que nunca havia feito antes. Seu comportamento na família também mudou, quando os pais perguntavam o que estava acontecendo, por que ela estava deixando de frequentar as aulas de balé e matando aula, ela os ignorava ou respondia com agressividade, deixando claro que eles não tinham o direito de intrometer em sua vida. 
Nos atendimentos realizados durante o cumprimento da medida socioeducativa de Liberdade Assistida, Sabrina relatou em atendimento sua paixão pela dança e o sonho de um dia ser uma bailarina conhecida e reconhecida pelo seu trabalho, mas não sabia dizer por que abandonou as aulas de balé. Em relação a escola, disse que gostava de estudar, mas seu namorado era muito ciumento e pediu para que ela deixasse de ir a escola, já que sentia muito ciúmes dela. 
Sobre o ato que resultou na sua apreensão e encaminhamento para a medida, não soube dizer o que a levou a guardar a droga na sua casa, colocando todos da sua família em risco. Sabia que estava fazendo algo errado e mesmo assim não conseguiu dizer não para o seu namorado, “afinal, o amor tem dessas coisas, né? Quando a gente ama faz tudo pelo outro. Ele precisava de mim, não podia negar.” Comenta Sabrina. 
Caso Joana
Joana é uma jovem de 17 anos, que reside desde criança com sua avó, a mãe e uma tia. Filha de mãe solteira, Joana nunca conheceu o pai, que abandonou sua mãe, logo depois do seu nascimento. Ressentida, a mãe de Joana nunca mais se envolveu com outros homens. 
Quando estava com 15 anos, Joana começou a namorar um colega de escola. Apaixonada, vivia pedindo conselhos para as colegas, não sabia como agir com o namorado. Confidenciava para as amigas que desejava ser para ele uma mulher atraente, mas ainda se sentia uma menina em um corpo de mulher. Não conseguia se reconhecer nesse lugar. Buscava nas redes sociais dicas de como ser uma mulher atraente, interessante e bonita. Amava o namorado e temia perdê-lo. Ele era muito bonito, atraia o olhar de outras garotas da escola e Joana se sentia ameaçada. Olhava para as outras garotas e sentia que elas eram verdadeiras mulheres, o que reforçava sua insegurança e a sensação de ser apenas uma menina em um corpo de mulher. 
 Sentia vontade de falar sobre isso com a mãe, mas evitava o assunto, já que ela não aprovava o namoro e preferia evitar esse tipo de assunto, em função da decepção amorosa que teve com seu pai. Com a avó sentia que também não podia falar, já que assim como sua mãe, ela também tinha sido abandonada pela marido, logo que sua mãe nasceu. E com a tia, optava por não falar, porque acreditava que ela não poderia lhe dar bons conselhos, já que era virgem, nunca tinha se envolvido com nenhum homem. 
Com o namorado, Joana perdeu a virgindade e iniciou sua vida sexual. Acabou engravidando, o nascimento da filha lhe trouxe a possibilidade de deixar a casa da avó e viver com o namorado na casa da sogra. Com a chegada da filha, começou a se sentir mais segura e confiante em relação ao companheiro. Já não se sentia mais uma menina em um corpo de mulher. 
Caso João
João é um jovem de 15 anos que reside com seus pais e irmãos mais novos. Na infância, João era muito apegado aos pais, não gostava de ir a casa dos colegas sem os pais, se sentia mais seguro na presença deles. Aos 13 anos, começa a sentir a necessidade de se afastar da família e passar mais tempo com os amigos, que começam a assumir um lugar central na sua vida. Passa as tardes na casa de um vizinho reunido com mais dois amigos do bairro onde reside, que estudam na mesma escola que ele.
Nessa época, João começa a se aproximar das meninas da escola, o que parece ser uma tarefa díficil, quase impossível, para ele e os colegas que, assim como ele, também não sabem como se aproximar das meninas. João alega que a presença delas causa nele uma certa inibição. 
Na escola, começa a observar um grupo de colegas que parece exercer nas meninas da escola uma certa fascinação. São jovens que fazem parte de uma facção do tráfico que domina uma parte da comunidade onde reside com sua família. Jovens que parecem se virar muito bem com as meninas da comunidade. Nas festas, costumam "pegar" muitas garotas. Curioso, João começa a observá-los, como se eles pudessem lhe ensinar algo. 
Decide, então, se aproximar desse grupo, mas logo é afastado por ele. Por ser mais novo, é considerado pelos meninos do tráfico como um "pirralho". João insiste, tenta se aproximar no recreio, quando o grupo se reúne para jogar futebol. Obstinado, começa a cercá-los tentando conquistar sua amizade.
Um dia, voltando da escola, se aproxima de um membro do grupo que tanto almeja, que reside próximo a sua casa. Ganha a simpatia do garoto, que o convida para ir até a boca onde vende drogas na parte da tarde. 
Ao se aproximar da boca, João fica fascinado, observa os meninos trajados com sua roupa de marca e correntes de ouro, que exibem suas armas para as meninas que passam na porta da boca. Pede para entrar para a boca, decidido, inicia nesse momento sua trajetória na criminalidade. 
Caso Lia
Lia é uma jovem de 15 anos, filha de pais separados, que desde criança sempre se sentiu incomodada com sua aparência. Criticada pelo pai por ser uma criança gordinha, que sempre tentou regular sua alimentação na infância, passando a criticá-la na adolescência, por ela ser desleixada e usar roupas pouco feminina, Lia, ao se deparar com o real da puberdade, começa a se comparar com as meninas da sua idade. Diferente delas, Lia sofre por ter um corpo que se distancia do corpo magro idealizado pela sociedade. Sua aparência não se enquadra nesse ideal social de beleza, ao qual todas as meninas,na sua opinião, tentam responder.
Para esconder esse corpo que, na adolescência, se transforma em uma fonte de angústia para ela, começa a usar roupas largas. Nos encontros da escola que acontecem em ambientes em que as meninas da sua idade exibem seus corpos perfeitos circulando com trajes de banho, Lia se recusa a entrar na piscina, faz de tudo para não ser vista. O olhar do outro, sobretudo, dos meninos, a deixa amendrontada. 
 Insegura, não localiza os sinais de interesse dos meninos por ela, dúvida da sua capacidade de despertar o interesse deles, mesmo quando as amigas tentam alertá-la nas festas da presença de algum menino que parece se interessar por ela. 
Aos 15 anos, Lia começa a comer compulsivamente, afirma ser uma jovem ansiosa, justificando, assim, a relação que começa a estabelecer com a comida. Para além disso, afirma não querer se render aos imperativos de sua época. "Meu corpo, minhas regras." Afirma com frequência. Se recusando, assim, a ser como as meninas da sua idade, a corresponder aos apelos estéticos. 
Começa a ganhar peso de forma significativa, e embora afirme se sentir incomodada, não por uma questão de estética, mas de saúde, não consegue imagrecer. A cada tentativa fracassada de se submeter a dietas, de restringir sua alimentação ou de comer de forma saudável, come cada vez mais. 
Associado ao ganho de peso, Lia começa a se isolar dentre de casa, deixa de sair com as amigas, de frequentar festas e de conviver com jovens da sua idade. Justifica seu isolamento pelas dificuldades financeiras que sua família está passando. 
Vale destacar que os pais de Lia se separaram quando ela tinha 7 anos. Os pais tinham uma relação muito conflituosa. Lia testemunhou, na infância, várias situações de conflito entre a mãe e o pai, que acabou se envolvendo com outra mulher. Devastada, a mãe caiu em depressão e munca mais voltou a se envolver com outros homens. 
Caso Maria
Maria é uma jovem de 16 anos que sempre teve uma relação muito difícil e conflituosa com sua mãe. Filha de mãe solteira, Carla, sua mãe, uma mulher autoritária, sempre intercedeu nas suas decisões.
Quando Maria era criança, Carla dizia conhecer Maria a fundo e saber o que era melhor para ela. Quando Maria compartilhava com a mãe alguma dificuldade vivenciada na escola ou frustração, sua mãe dizia como ela deveria agir e caso Maria não seguisse as suas orientações, ela se irritava. Em alguns momentos, tentava resolver os problemas de Maria. Maria relembra um epsódio que a deixou muito envergonhada, a mãe abordou uma colega que tinha zombado dela na escola e repreendeu a menina por isso, na frente de outras crianças, o que a deixou muito constrangida. 
Na adolescência, Maria tenta conquistar uma certa independência da mãe passando a não partilhar com ela tudo o que acontece no seu dia a dia. Em uma noite, sonha que uma serpente gigante envolve seu corpo, Maria tenta escapar, mas não consegue. Acorda assustada, com falta de ar, como se tivesse sido sufocada por alguém. 
Na mesma época, começa a se submeter a dietas cada vez mais restritas, sente uma repulsa em relação a comida, mas não consegue explicar por que. Passa dias em jejum, depois come complulsivamente, culpada, provoca vômitos para se livrar de toda a comida ingerida. Não sabe dizer por que age dessa forma. Afirma não conseguir se controlar. Desesperada, a mãe leva ela em vários médicos, que preescrevem medicamentos e sessões de terapia. Mas todo o esforço da mãe é em vão. Maria continua se recusando a comer, e quanto mais a mãe insiste, menos ela come. Parece sentir prazer em contrariar a mãe. Descobre isso em uma sessão com a analista, com quem iniciou um tratamento.

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