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Monografia - A dignidade humana e o encarceramento feminino

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A DIGNIDADE HUMANA E O ENCARCERAMENTO FEMININO 
 
Vitória Alves dos Santos 
 
 
 
RESUMO: A prisão, desde suas primitivas manifestações fora extremamente 
lesivo à pessoa do apenado e o descumprimento de regras, a violação de 
direitos e a desconsideração do ser como alvo da pena sempre se mostrou e, 
no Brasil, essa situação tornou-se grave em relação à mulher presa. Contudo, 
a construção normativa aponta para a evolução e o caminho percorrido até 
então foi pouco significativo, entretanto, na análise histórica, muito já 
progredimos. 
 
Palavras-chave: Dignidade da Pessoa Humana. Direito Penitenciário. 
Políticas Criminais. Direitos Humanos. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O aprisionamento desde suas primitivas manifestações fora 
extremamente lesivo à pessoa do apenado e o descumprimento de regras, a 
violação de direitos e a desconsideração do ser como alvo da pena sempre se 
mostro e, no Brasil, essa situação tornou-se grave. 
Com o advento de um Estado todo arvorado na Dignidade da 
Pessoa Humana – erigida à categoria de valor fundamental com a Constituição 
Federal de 1988 –, a proteção da pessoa tornou-se essencial mesmo no 
cumprimento da pena, quando é disciplinado por atos que praticou. O efeito 
penal decorrente da sentença penal condenatória é, em geral, a sanção 
privativa de liberdade, a qual é aplicada à maioria dos delitos ocorridos no 
Brasil. Com tal apenamento, o cidadão passa a ser inserido no sistema 
carcerário brasileiro para que, uma vez lá dentro, possa sentir e perceber as 
finalidades da pena. 
Todavia, vislumbramos na pesquisa que todo o sistema legal fora 
estruturado, desde seu início no Brasil, para o apenamento masculino que 
historicamente representou a imensa maioria da parcela de pessoas 
condenadas e aprisionadas no Brasil. 
2 
 
 
Há, em vigência, uma série de normas tratando de direitos da 
personalidade, consubstanciada ou não em direitos fundamentais, garantindo 
proteção às encarceradas. Todavia, realmente existe resguardo destes direitos 
ou a condenada sofre até mesmo mais do que o encarcerado? Diante de tais 
questionamentos, emergiu o orbe central, a hipótese que permeia o trabalho, 
qual seja, a relação entre os direitos da família e as mulheres presas. 
Fez-se uso do método histórico para situar como determinado 
instituto jurídico evoluiu, bem como o método dedutivo de pesquisa para atingir-
se uma conclusão, uma vez que das premissas apresentadas buscou-se extrair 
conclusões lógicas. 
Com relação aos recursos de pesquisa, acrescento que foram 
utilizados: livros históricos (de caráter científico ou não cientifico); doutrinas 
nacionais, artigos científicos e notícias veiculadas na mídia, ambos disponíveis 
na rede mundial de computadores; bem como consulta à legislação. 
 
 
2 A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
DOS DETENTOS BREVE ANÁLISE HISTÓRICA DO ENCARCERAMENTO 
FEMININO 
 
 
O Brasil conta com uma cláusula geral de proteção de direitos 
nucleada na Dignidade. 
Elimar Szaniawski (2005, p. 141) aponta que o pais fundamenta 
os direitos da personalidade e sua proteção no valor Dignidade, que permite a 
expansão da tutela e seu aprofundamento. Aduz a autora: 
 
 
Nossa Constituição, embora não possua inserido em seu texto um 
dispositivo específico destinado a tutelar a personalidade humana, 
reconhece a e tutela o direito geral de personalidade através do 
princípio da dignidade da pessoa, que consiste em uma cláusula 
geral de concreção da proteção e do desenvolvimento da 
personalidade do indivíduo. Esta afirmação decorre do fato de que o 
princípio da dignidade, sendo um princípio fundamental diretor, 
segundo o qual deve ser lido e interpretado todo o ordenamento 
jurídico brasileiro, constitui-se na cláusula geral de proteção da 
personalidade, uma vez ser a pessoa natural o primeiro e o último 
destinatário da ordem jurídica. O constituinte brasileiro optou por 
construir um sistema de tutela da personalidade humana, alicerçando 
o direito geral de personalidade pátrio a partir do princípio da 
dignidade da pessoa humana e de alguns outros princípios 
constitucionais fundamentais, espalhados em diversos títulos, que 
3 
 
 
garantem o exercício do livre desenvolvimento da personalidade da 
pessoa humana. (SZANIAWSKI, 2005. p. 141-142). 
 
 
Embora se atribua à Immanuel Kant1 a autoria do conceito de 
Dignidade da era moderna por ter este revisitado o tema com profundidade 
ímpar, salienta-se que desde a Magna Grécia2 o homem, sua origem, sua 
natureza, sua vivência e sua materialidade, eram importantes e tutelados ainda 
que não houvesse normatização neste sentido. 
A Dignidade é ínsita ao ser que a tem mesmo antes de sua 
personalidade jurídica e a tem mesmo antes da organização jurídica existir 
(SZANIAWSKI, 2005, p. 137). Por essa razão, constitui princípios de direito 
público e expressões de direito privado para os quais deve o Estado atentar, 
principalmente quando subjulga o ser e de seu corpo se apropria de sua 
liberdade (BRITTO, 2011, p. 91), como ocorre no apenamento: 
 
 
Os princípios constitucionais, principalmente a partir do fenômeno da 
constitucionalização do direito privado e da superação da dicotomia 
do direito, dividindo-os em direito público e privado, constituem-se em 
legítimos preceitos para a realização da vida social, possuindo um 
relevante significado paras as relações entre os particulares. 
Identicamente, possuem as normas constitucionais, para um 
autêntico e social Estado de Direito, efeitos imediatos no âmbito 
privado, nas relações jurídicas entre os indivíduos são 
imprescindíveis para uma sociedade livre. Deste modo, funciona e 
atua o princípio da dignidade da pessoa como uma cláusula geral de 
tutela da personalidade do ser humano, tutelando-a em todas as suas 
dimensões. (SZANIAWSKI, 2005, p. 143). 
 
 
A realidade do homem como ser integral é, num Estado 
construído com base antropológica da Dignidade, obrigatória e de fácil 
constatação, sendo a complexidade ínsita à pessoa humana o alvo do máximo 
interesse público e privado. 
A constituição de 1988 – como esclarece de Luis Luisi (2003, p. 
11) – seguiu tendência de grande parte do mundo ocidental do pós-guerra e 
 
1 Pela criação do imperativo categórico é possível se visualizar a pessoa humana sempre como 
fim para algo e nunca como meio para algo: “age de tal maneira que uses a humanidade, 
tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente 
como fim e nunca simplesmente como meio”. KANT, Immanuel. Fundamentação da 
Metafísica dos Costumes. 1974. p. 229. 
2 Os pensadores da natureza ou pré-socráticos já tratavam da integralidade do ser humanos e 
de suas muitas expressões, embora discutissem sobre o que forma, materialmente, o ser. 
4 
 
 
abarcou, como forma de reconsiderar a pessoa e reforçar a preocupação com 
ela, a Dignidade e seus direitos e princípios derivados como centro do 
Ordenamento. 
Na dicção de Luis Roberto Barroso (2005, s.p.), ocorreu alteração 
na organização axiológica e teleológica das normas, bem como em seu eixo 
jurídico, posto que a lei geral passou a ser a Constituição de caráter 
democrático. 
Como fonte de reposição e interpretação jurídica, a Constituição 
teve revelada sua força normativa que deixou de ser tida como algo disforme e 
abstrato e, com a sua potência revitalizada pelo conteúdo do § 1º do artigo 5º, 
atingiu-se a possibilidade de aplicar automaticamente normas de direitos 
fundamentais. Com isso, os direitos da personalidade também se reforçam, 
pois as mesmas normais que garantem a eles importância constitucional são 
repositórios de reinterpretação dos dispositivos que necessitam, 
inafastavelmente, passar por seu crivo. Do ponto de vista de Joaquim José 
Gomes Canotilho e Vital Moreira (1991, p. 45), a principal manifestação da 
preeminência normativa da Constituição consiste em que toda a ordem jurídica 
deve ser lida à luz dela e passada pelo seu crivo.Assim, é quase automática a compreensão que as demais 
normas – incluindo as reguladoras de direitos da personalidade, devem se 
curvar à Dignidade da Pessoa Humana para sua aferição de conformidade 
axiológica, ou seja, avalia-se se aquela norma atinge a finalidade de garantir a 
materialidade à Dignidade ou não. Com isso, estes direitos inatos da pessoa 
(direitos da personalidade) que foram conduzidos, primeiro à Constituição dos 
Estados Unidos da América de 1776 e, depois, à Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão em 1789, angariam importância máxima e, por isso, 
foram lançados aos demais Ordenamentos e documentos jurídicos. 
A Carta das Nações Unidas de 19453 e a Declaração Universal 
dos Direitos do Homem de 19484 apresentaram a Dignidade como nuclear e 
 
3 [...] nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do 
flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço de nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à 
humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor 
do ser humano, na igualdade dos direitos dos homens e das mulheres, assim como nas nações 
grandes e pequenas [...]. 
5 
 
 
indispensável valor, colocando a pessoa como ápice e suas outras expressões 
tais como honra, imagem, liberdade e integridade psicofísica em destaque. O 
enlace, por conseguinte, entre as diversas facetas da personalidade humana e 
a Dignidade é, indubitavelmente, profunda. 
Com a evolução histórico-social da Dignidade e da centralização 
do homem no Ordenamento é que os direitos da personalidade foram alçados, 
também, a patamares mais importantes nos sistemas jurídicos. 
Apesar de manifestações filosóficas e jurídicas que prestigiavam a 
Dignidade e os direitos da pessoa já serem conhecidos, principalmente com os 
movimentos do Humanismo Jurídico e Iluminismo, no Brasil houve 
acanhamento inicial no Código Civil de 1916 em relação aos direitos da 
personalidade, mas essa situação não era, pelo momento histórico, 
surpreendente, até mesmo porque a revalorização humana ocorreu no pós-
guerra com o grande colapso humano. 
Após tal passagem, as novas leis surgidas foram na maioria do 
Ocidente, ligadas a ideias humanitárias, como ocorreu no Brasil, com a 
Constituição Democrática de 1988 e, depois, o Código Civil de 2002. Mesmo 
antigo em seu projeto5, o Código Civil já considerava os valores do pós-guerra 
e, no momento do amanhecer de sua vigência, alterado em alguns pontos, era, 
em certa medida, adequada a nova realidade constitucional que se abrira mais 
de uma década antes. 
Como visto, os direitos da personalidade, regulados de maneira 
não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da 
pessoa humana, contida no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal.6 
Solidificou-se no Brasil, sem dúvida, uma abertura dos tipos de 
direitos da personalidade que, além de ser sempre interpretada e aplicada de 
forma extensiva para benefícios da pessoa, já desde muito é tratada por 
autores clássicos, como Pontes de Miranda. 
 
4 [...] considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família 
humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça 
e da paz no mundo [...]. 
5 O projeto do atual Código Civil data de 1969. 
6 Enunciado 274 do Conselho da Justiça Federal aprovado na IV Jornada de Direito Civil. 2007. 
6 
 
 
Essa ideia de um rol exemplificativo dos direitos da personalidade, 
por ser fundada na Constituição, encontra expressões nas teorias monistas e 
pluralistas. 
A estrutura empoeirada de teoria geral dos direitos subjetivos, 
então, não comportaria a atual relevância da pessoa e as necessidades de sua 
tutela. Emerge a conclusão da Dignidade como fonte e da abertura conceitual 
desta como características que alcança os direitos da personalidade. 
 
 
3 BREVE ANÁLISE HISTÓRICA DAS FUNÇÕES DO ENCARCEIRAMENTO 
 
 
O encarceramento é utilizado como forma de acondicionar 
indivíduos para disciplina-los sob vigilância e aplicando mecanismos de 
coerção, que somados aos fatores de segregação, visam deixá-los dóceis, 
úteis e submissos. Vejamos a grandiosa lição de Foucault, em sua obra, Vigiar 
e Punir: 
 
 
A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de 
utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de 
obediência). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele 
por um lado uma, uma que ela procura aumentar; e inverte por outro 
lado a energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma 
relação de sujeição estrita (FOUCAULT, 1987, p.127). 
 
 
Importante consignar que a prisão é utilizada com um aparelho 
disciplinar que não se pausa, não se cansa, não se impede. A prisão atinge 
todas as nuances dos indivíduos, buscando moldar cada aspecto de seu 
comportamento enquanto perdurar sua aplicação. Portanto, Foucault conclui 
que ela deve ser a mais potente e enérgica possível, a fim de se atingir a 
educação e a finalidade que ela se propõe: 
 
 
A prisão deve ser um aparelho disciplinar exaustivo. Em vários 
sentidos: deve tomar a seu cargo todos os aspectos do indivíduo, seu 
treinamento físico, sua aptidão para o trabalho, seu comportamento 
cotidiano, sua atitude moral, suas disposições; a prisão muito mais 
que a escola, a oficina ou o exército, que implicam sempre numa 
certa especialização, é [...] é sem exterior nem lacuna; não se 
interrompe, a não ser depois de terminada totalmente a sua tarefa; 
sua ação sobre o indivíduo deve ser ininterrupta: disciplina incessante 
[...] Ela tem que ser a maquinaria mais potente para impor uma nova 
7 
 
 
forma ao pervertido; seu modo de ação é a coação de uma educação 
total (FOUCAULT, 1987, p. 211,). 
 
 
E nesta senda, para ter toda essa ação, a prisão é moldada por 
um sistema de direitos, que se prestam a disciplinar o cotidiano por aqueles 
que suportam os pesados ônus da imposição de sanções penais. Ou seja, para 
que a pena atinja a sua finalidade, ela necessita ter um sistema de direitos 
próprios, o qual acaba por restringir parte dos direitos que o indivíduo detinha 
antes. Neste sentido: 
 
 
A forma jurídica legal que garantia um sistema de direitos em 
princípio igualitários era sustentada por esses mecanismos miúdos, 
cotidianos e físicos, por todos esses sistemas de micropoder 
essencialmente inigualitários e assimétricos que constituem as 
disciplinas. [...] Além disso, enquanto os sistemas jurídicos qualificam 
os sujeitos de direito, segundo normas universais, as disciplinas 
caracterizam, classificam, especializam; distribuem ao longo de uma 
escala, repartem em torno de uma norma, hierarquizam os indivíduos 
em relação uns aos outros, e, levando ao limite, desqualificam e 
invalidam. De qualquer modo, no espaço e durante o tempo em que 
exercem seu controle e fazem funcionar as assimetrias de seu poder, 
elas efetuam uma suspensão, nunca total, mas também nunca 
anulada, do direito. Por regular e institucional que seja, a disciplina, 
em seu mecanismo, é um (FOUCAULT, 1987, p.194-195). 
 
 
Na antiguidade, punições atingiam sua função disciplinar calcadas 
na soberania do rei, que atuava demonstrando a sua máxima crueldade, com o 
fito de gerar temor suficiente pela ingerência aos direitos, de tal forma que até 
os mais soberanos não iriam ousar correr o risco de serem atingidos pela ira do 
soberano. 
Com e evolução dos direitos e garantias fundamentais, a 
humanidade passa a exigir penas menos desumanas. Contudo, nota-se na 
história que em que pese tal evolução, com o desenvolvimento da população, o 
acúmulo de riquezas e a produção de desigualdades pelos sistemas políticos, 
aumentou também os crimes praticados, em razão de que aqueles que mais 
suportam o peso da desigualdade, passam a transgredir mais a legislação 
vigente, na busca por sobrevivência ou até mesmo em razão das vaidades 
humanas. Assim, gerou-seuma nova demanda por vigilância e segurança para 
manutenção da ordem vigente. 
 
8 
 
 
 
Se estabelece progressivamente um conhecimento positivo dos 
delinquentes e de suas espécies, muito diferente da qualificação 
jurídica dos delitos e de suas circunstâncias [...] Nesse novo saber 
importa qualificar cientificamente o ato enquanto delito e 
principalmente o indivíduo enquanto delinquente. Surge a 
possibilidade de uma criminologia (FOUCAULT, 1987, p.225). 
 
 
Ao ingressar no sistema penal, significa que a sociedade julgou 
aquele indivíduo como inadequado para o convívio social e o segrega. Ao 
adentrar a instituição, portanto, precisa o indivíduo compreender que o mesmo 
é diferente do restante da população. Para tal, uma série de procedimentos são 
praticados, com exposição a situações de rebaixamento, humilhações e 
degradações, tudo para romper qualquer e toda ligação com a humanidade do 
mundo externo. 
Assim, o dia-a-dia na prisão vai intensificando a mutação naquele 
indivíduo, subjulgando-o ao diminuir o seu acesso a direitos. 
Contudo, em que pese a mitigação de direitos para serem 
atingidos os fins educativos penais, abordar sobre o cotidiano dos detentos se 
faz necessário para compreender de onde viemos e para onde vamos com tal 
sistema. Nessa perspectiva, precisamos enfrentar tais análises críticas sobre a 
experiência do cárcere, para adiante aplicar as análises e encontrar os 
fundamentos nos problemas atuais do cárcere feminino. 
 
 
4 FINS CONTRADITÓRIOS ATRIBUÍDOS À PENA DE PRISÃO 
 
 
Propõe-se, oficialmente, como finalidade da pena de prisão, a 
obtenção não de um, mas de vários objetivos concomitantes: 
- punição retributiva do mal causado pelo delinquente, - 
prevenção da prática de novas infrações, através da intimação do condenado e 
de pessoas potencialmente criminosas, - regeneração do preso, no sentido de 
transformá-lo de criminoso em não-criminoso. 
Assim, punição e tratamento deveriam ser vistos como os 
extremos de uma série contínua, com variações intermediárias, as diversas 
partes a se imbricarem harmoniosamente, sem fraturas. 
9 
 
 
Enquanto anteriormente a tônica do confinamento carcerário 
recaía sobre o alvo escarmento, já a partir do século passado, pelo menos, 
passou a merecer ênfase especial a meta reabilitação. Designada, 
indiferentemente, por terapêutica, cura, recuperação, regeneração, 
readaptação, ressocialização, reeducação e outras correlatas, ora é vista como 
semelhante à finalidade do hospital ora como à da escola. Hoje, embora a pena 
ainda vise a retribuição, o tratamento desumano passou a ser abominado para 
que se atinja a finalidade penal. Vejam-se, por exemplo, as Regras Mínimas do 
Tratamento dos Reclusos, aprovadas pelo Conselho de Defesa Social e 
Econômica das Nações Unidas, regras 57, 58 e 59, que sustentam dever a 
instituição prisional utilizar toda a assistência educacional, moral e espiritual no 
tratamento de que se mostre necessitado o interno, de sorte a lhe assegurar 
que, no retorno à comunidade livre, esteja apto a obedecer às leis. No nosso 
caso, a Lei de Execução Penal, expressamente assim prevê: 
 
 
Art. 1º - a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de 
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a 
harmônica integração social do condenado e do internado. 
 
[...] 
 
Art. 10º - A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, 
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em 
sociedade. 
 
 
Ressalte-se, de logo, que, apesar da energia usada pelos 
preceitos legais, convergentes no sentido de destacar, especialmente, a 
reabilitação, dentre os escopos da pena carcerária, os fins de punição e 
intimidação permanecem intocados, inexistindo regra alguma a autorizar que 
possa ser desprezado em maior ou menor extensão, se isso for necessário, em 
benefício da atividade reeducativa. Isto é, se houver atrito de caráter 
operacional entre os vários fins, o relaxamento daqueles em favor deste não 
conta com o amparo legal. 
Punir é castigar, fazer sofrer. A intimidação a ser obtida pelo 
castigo, demanda que este seja apto a causar terror. Ora, tais condições são 
reconhecidamente impeditivas de levar ao sucesso uma ação pedagógica. 
10 
 
 
Daí fica extremamente difícil estabelecer uma teoria da punição 
reformadora, a não ser que retificássemos os conceitos vigentes acerca de 
educação. 
Não seria possível, então, criar uma penitenciária exclusivamente 
regeneradora, suprimindo nela a ideia de castigo? A convicção enraizada de 
que o criminoso é internado na penitenciária para ser punido, intimidado e 
recuperado, corresponde a certeza tranquila de que a via para obter tais fins é: 
impedir que o preso fuja e manter em rigorosa disciplina a comunidade 
carcerária. 
Contudo, comprovada a dificuldade ou impossibilidade ede 
estabelecer uma política coerente, num sentido operacional, pela qual todos os 
fins e meios-fins possam ser atingidos concomitantemente, só resta a solução 
de sacrificar alguns em favor de outros. Do que resulta, pelos motivos antes 
apontados, tender a meta recuperação a estagiar em nível verbal, como 
expressão de desejo, para consumo público, pois em verdade, quem já 
conseguiu uma experiência penitenciária que foi reeducativa? 
Há, porém, um recurso capaz de aliviar o sentimento de fracasso 
da pena, que decorreria da constatação franca da impossibilidade das várias 
metas propostas ao trabalho prisional. Consiste na redefinição do objetivo 
readaptação, que é transmudado de readaptação do interno à vida em 
sociedade para adaptação do interno à vida carcerária. Ou seja, se o preso 
demonstra um comportamento adequado aos padrões da prisão, 
automaticamente merece ser considerado readaptado à vida em liberdade. 
 
 
5 O DIREITO INTERNACIONAL E A PRISÃO FEMININA 
 
 
Além das normas internas, existe uma série de dispositivos 
internacionais que tratam dos direitos dos condenados e condenadas. 
Na XXI Assembleia Geral das Nações Unidas, que aconteceu em 
16 de dezembro de 1966, fora discutido e aprovado o Pacto Internacional de 
Direitos Civis e Políticos. Embora a ideia central não seja tratar de direitos dos 
presos, já houveram algumas tutelas importantes em tais documentos, 
especialmente nos artigos 5º, § 2º, 6º, §4º e §5º, artigo 7º, artigo 10º e outros: 
11 
 
 
 
 
Artigo 5º, § 2º - Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos 
direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em 
qualquer Estado Parte do presente Pacto em virtude de leis, 
convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o 
presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau. 
 
Artigo 6º, § 4º - Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir 
indulto ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a comutação da 
pena poderá ser concedido em todos os casos. 
§ 5º - A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes 
cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a 
mulheres em estado de gravidez. 
 
Artigo 7º - Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou 
tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido 
sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a 
experiências médias ou cientificas. 
 
[...] 
 
Artigo 10º 
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com 
humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa humana. 
 
2. a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em 
circunstâncias excepcionais, das pessoas condenadas e receber 
tratamento distinto, condizente com sua condição de pessoa não-
condenada. 
 b) As pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das 
adultas e julgadas o mais rápido possível. 
 
3. O regime penitenciário consistirá num tratamento cujo objetivo 
principal seja a reforma e a reabilitação normal dos prisioneiros. Os 
delinqüentes juvenis deverão ser separados dos adultos e receber 
tratamento condizente com sua idadee condição jurídica. 
 
 
Notório o fato de que o Documento de 1966 já fez previsão à 
vedação da pena de morte para gestante, na intenção de evitar que o fato seja 
também punido por ato de outrem. No entanto, cabe ressaltar que o Pacto não 
proibia o trabalho para pessoas condenadas, segundo teor do artigo 8, § 3º, 
alínea ‘b’: 
 
 
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou 
obrigatórios; 
 
 b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpretada 
no sentido de proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos 
com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena de 
trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente; 
 
 
12 
 
 
No primeiro congresso da ONU sobre prevenção de crimes e 
tratamento de presos em 1955, foram discutidas medidas a serem tomadas em 
relação à pessoas condenadas que pudessem se harmonizar com os demais 
conteúdos normativos das Nações Unidas. Houve aprovação das regras em 
1957 e formulada as Regras Mínimas para Tratamento de Pessoas Reclusas. 
Embora a tratativa das Regras seja vasta, há algumas 
merecedoras de destaque, tal como a prevista no artigo 23: 
 
 
1) Nos estabelecimentos penitenciários para mulheres devem existir 
instalações especiais para o tratamento das reclusas grávidas, das 
que tenham acabado de dar à luz e das convalescentes. Desde que 
seja possível, devem ser tomadas medidas para que o parto tenha 
lugar num hospital civil. Se a criança nascer num estabelecimento 
penitenciário, tal fato não deve constar do respectivo registro de 
nascimento. 
 
2) Quando for permitido às mães reclusas conservar os filhos 
consigo, devem ser tomadas medidas para organizar um inventário 
dotado de pessoal qualificado, onde as crianças possam permanecer 
quando não estejam ao cuidado das mães. 
 
 
Observa-se que há indicação, assim como na Lei de Execuções 
Penais, para a existência de instalações próprias para mulheres nos presídios. 
Estes lugares são destinados à grávidas, gestantes recentes e convalescentes, 
que são aquelas em recuperação pós-parto. 
Também é visto na norma que preferencialmente, considerando 
as condições gerais dos presídios, os partos e cesáreas ocorram em hospitais 
civis. Caso a criança venha a nascer dentro dos limites penitenciários, é 
importante que esse dado não conste em qualquer documento. 
Não obstante o tratamento à gestante, as Regras Mínimas 
indicam alternativas para beneficiar as crianças de mães presas. Conforme se 
vê no inciso 2, caso a mãe apenada conserve consigo a criança deve haver 
local próprio para o contato com a mãe e, quando a mãe estiver em atividade, 
para a criança. Constata-se ainda a necessidade, como faz a Lei de Execuções 
Penais, de que haja pessoal qualificado a todo o momento próximo da criança 
Em 1989 fora entabulada a Convenção Sobre Direitos da Criança, 
a qual abordou algumas situações que se ligaram com a execução da pena, 
13 
 
 
como, por exemplo, o direito à amamentação. O artigo 9º da Convenção 
aborda a situação do afastamento entre pais e crianças e prisão: 
 
 
Artigo 9º 
 
1. Os Estados Partes deverão zelar para que a criança não seja 
separada dos pais contra a vontade dos mesmos, exceto quando, 
sujeita à revisão judicial, as autoridades competentes determinarem, 
em conformidade com a lei e os procedimentos legais cabíveis, que 
tal separação é necessária ao interesse maior da criança. Tal 
determinação pode ser necessária em casos específicos, por 
exemplo, nos casos em que a criança sofre maus tratos ou descuido 
por parte de seus pais ou quando estes vivem separados e uma 
decisão deve ser tomada a respeito do local da residência da criança. 
 
2. Caso seja adotado qualquer procedimento em conformidade com o 
estipulado no parágrafo 1 do presente artigo, todas as partes 
interessadas terão a oportunidade de participar e de manifestar suas 
opiniões. 
 
3. Os Estados Partes respeitarão o direito da criança que esteja 
separada de um ou de ambos os pais de manter regularmente 
relações pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja 
contrário ao interesse maior da criança. 
 
4. Quando essa separação ocorrer em virtude de uma medida 
adotada por um Estado Parte, tal como detenção, prisão, exílio, 
deportação ou morte (inclusive falecimento decorrente de qualquer 
causa enquanto a pessoa estiver sob a custódia do Estado) de um 
dos pais da criança, ou de ambos, ou da própria criança, o Estado 
Parte, quando solicitado, proporcionará aos pais, à criança ou, se for 
o caso, a outro familiar, informações básicas a respeito do paradeiro 
do familiar ou familiares ausentes, a não ser que tal procedimento 
seja prejudicial ao bem-estar da criança. Os Estados Partes se 
certificarão, além disso, de que a apresentação de tal petição não 
acarrete, por si só, conseqüências adversas para a pessoa ou 
pessoas interessadas. 
 
 
Importante no inciso primeiro a determinação de que o 
afastamento não é motivado por prisão dos pais, conteúdo reconfigurado pelos 
incisos terceiro e quarto que informam que se o afastamento familiar for 
decorrente de prisão, o contato e as informações deverão ser garantidos. 
O artigo 24 trata do direito à saúde e inclui a saúde da mãe e o 
aleitamento materno, dada sua imensa relevância médica, social e emocional 
tanto para a mulher quanto para seu filho. 
No ano de 2010, no mês de dezembro, a Assembleia Geral das 
Nações Unidas aprovou as chamadas Regras de Bangkok, na verdade 
intituladas Regras das Nações Unidas para o tratamento das reclusas e 
14 
 
 
medidas não privativas de liberdade para as mulheres delinquentes, mas 
dotadas de apelido em consequência do forte apelo do governo tailandês para 
a criação de tais normas. Em sua nota de abertura, descoberta fica o 
paradigma encontrado e adotado pelas normas: 
 
 
Recordando que, na Declaração de Bangkok, Estados membros 
recomendaram à Comissão sobre Prevenção ao Crime e Justiça 
Criminal que considerasse revisar a adequação dos padrões e 
normas estabelecidas em relação à administração penitenciária e às 
pessoas presas, 
 
Tomando nota da iniciativa do Alto Comissariado das Nações Unidas 
para os Direitos Humanos de denominar a semana entre 6 e 12 de 
outubro de 2008 como a Semana da Dignidade e da Justiça para as 
Pessoas Reclusas, na qual se enfatizavam os direitos humanos de 
mulheres e meninas, 
 
Considerando que mulheres presas são um dos grupos vulneráveis 
com necessidades e exigências específicas, 
 
Consciente de que muitas instalações penitenciárias existentes no 
mundo foram concebidas primordialmente para presos do sexo 
masculino, enquanto o número de presas tem aumentado 
significativamente ao longo dos anos, 
 
Reconhecendo que uma parcela das mulheres infratoras não 
representa risco à sociedade e, tal como ocorre com todos os 
infratores, seu encarceramento pode dificultar sua reinserção social, 
 
Acolhendo a criação pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas 
e Crime do Manual para administradores de prisões e formuladores 
de políticas públicas sobre mulheres e encarceramento. 
 
 
De início, constata-se a afirmação de vulnerabilidade feminina que 
demonstra a aceitação da Organização das Nações Unidas (e adoção implícita 
de inúmeros países signatários) de que há necessidade de proteção suficiente 
à mulher, implicando em arcabouço legal muitas vezes diversos. Essa 
vulnerabilidade faz com que disposições de regulamentação normativa sejam 
específicas às mulheres e distantes daquelas destinadas apenas aos homens. 
Tal particularidade é o núcleo axiológico das Regras editadas, até 
mesmo porque visualiza e realça a nítida distinção de compleição física e 
emocional entre pessoas de sexos distintos. Reconhece-se que a arquitetura e 
a ideia por trás das penitenciárias é a de comportar e (tentar) tratar homens e 
não mulheres. 
15 
 
 
Inclusive Henrique Kloch e Ivan Dias da Motta (2008, p. 21), em 
sua pesquisa sobre penitenciárias,apontam que apenas em 1.559 a Europa 
teve, na cidade de Amsterdã, presídios para mulheres e, ainda segundo os 
autos, somente no ano de 1.819 é que se lançou a ideia de separação plural de 
presos seguindo sexo. 
A Regra 2 de Bangkok tem o seguinte texto: 
 
 
1. Atenção adequada deve ser dedicada aos procedimentos de 
ingresso de mulheres e crianças, devido à sua especial 
vulnerabilidade nesse momento. Recém ingressas deverão ser 
providas de condições para contatar parentes; acesso a assistência 
jurídica; informações sobre as regras e regulamentos das prisões, o 
regime prisional e onde buscar ajuda quando necessário e em um 
idioma que elas compreendam; e, em caso de estrangeiras, acesso 
aos seus representantes consulares. 
 
2. Antes ou no momento de seu ingresso, deverá ser permitido às 
mulheres responsáveis pela guarda de crianças tomar as 
providências necessárias em relação a elas, incluindo a possibilidade 
de suspender por um período razoável a medida privativa de 
liberdade, levando em consideração o melhor interesse das crianças. 
 
 
Enfim, esse conjunto de regras, como se depreende após sua 
leitura, permitem uma composição forte de proteção de direitos da 
personalidade da condenada, expandindo-se para a tutela do filho da mãe 
presa. 
 
 
6 CONCLUSÕES 
 
 
Considerando tudo quanto já fora constatado durante o estudo e 
levando-se em conta a dificuldade na obtenção de obras ligadas ao tema, visto 
que são poucas e raras, tomando-se em foco os objetivos que, de forma 
inaugural, foram apresentados, chegamos a síntese deste estudo. 
A legislação de execução penal é acionada no momento em que 
uma pessoa é submetida ao cumprimento da pena em decorrência da sentença 
penal condenatória e a Lei de Execuções Penais aborda inúmeras 
circunstâncias de proteção e tutela humana. 
Com o cerceamento da liberdade, outros direitos são 
obrigatoriamente mantidos pelo cidadão, em razão do Estado estar 
16 
 
 
sedimentado sobre o pilar do respeito à Dignidade da Pessoa Humana, e que 
por sua própria natureza, não deve abandonar isso em hipótese alguma, nem 
mesmo para reeducar. 
Certamente, as particularidades femininas deveriam ter sido o 
núcleo das medidas, políticas públicas e elaborações legislativas no que tange 
ao sistema penitenciário do Brasil, todavia, é nítida a percepção de que nada 
disso fora levado em conta. 
Com o aumento da criminalidade, consequentemente houve o 
aumento do número de mulheres infratoras. O Estado, detentor do poder de 
punir, não estava preparado para receber mulheres nas celas. Com o passas 
do tempo, o cenário foi se mantendo e os direitos começaram a ser violados e 
ante às transgressões, até o direito internacional começou a agir. 
Contudo, as políticas carcerárias que consideram parcialmente a 
situação da encarcerada, foram tímidas em lidar com as peculiaridades que 
envolvem a mulher, gestante ou mãe inserida nas prisões. 
O caminho para se atingir mínimo em termos de dignidade 
humana ainda é longo, mas muito já foi percorrido. 
 
 
 
 
 
Os deveres do Estado frente aos seus encarcerados na 
jurisprudência da Corte Interamericana e sua relação com a moral kantiana. 
 
17 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
DIAS, Ricardo Gueiros Bernardes; TORRES, João Guilherme Gualberto. O 
Processo de Incorporação de Tratados Internacionais: Novas 
Perspectivas Jurisprudenciais. Revista de direito brasileira. Ano 4, vol.7. 
jan-abril/ 2014. 
 
FOUCAULT Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 10 ed. Petrópolis: 
Vozes; 1987. 
 
LEFEBVRE, Henry. A vida cotidiana no mundo moderno. v. 24, São Paulo: 
Ática; 1991.. 
 
______. O retorno à dialética. São Paulo: Hucitec, 1996. 
 
LISZT, Franz von. Tratado de Direito Penal. T. I. Reus. 1914. 
 
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. rev., 
atual. E ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. 
 
ORGANIZAÇÃO Das Nações Unidas (ONU). Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. 1994. 
 
______. Convenção Sobre Direitos da Criança. 1986. 
 
______. Convenção Sobre Direitos da Criança. 1989. 
 
______. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. 1966. 
 
______. Regras Mínimas para Tratamento das Reclusas. 1989.

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