Buscar

ANAIS DA 11ª JORNADA JURÍDICA DA UNISULMA - 2019

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 397 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 397 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 397 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANAIS DA 11ª JORNADA JURÍDICA 
Os Direitos Sociais e as Reformas Institucionais 
 
 
Imperatriz – MA, v. 3, n.3, Dez. 2019. 
ISSN 2594-9098 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019
 
 
 
 
 
Comissão Organizadora dos Anais do Evento 
Profa. MSc. Paula Regina Pereira dos Santos Marques Dias 
Profa. Esp. Leticia de Jesus Pereira 
Profª MSc. Francine Adília Rodante Ferrari Nabhan 
Profa. Msc. Adelia Solange Soares Diniz 
Prof. Esp. Leidiane Sousa Lima Fernandes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS DA 11ª JORNADA JURÍDICA DA UNISULMA 
Os Direitos Sociais e as Reformas Institucionais 
 
 
IESMA/UNISULMA 
 
 
23 e 24 de Outubro de 2019 
 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adélia Diniz 
UNISULMA – Bibliotecária CRB 13/507 
 
 
 
 
 
11ª Jornada Jurídica da Unisulma : Os direitos Sociais e as reformas 
institucionais. Anais da 11ª Jornada Jurídica da Unisulma: Os direitos 
Sociais e as reformas institucionais, realizada nos dias 23 e 24 de 
Outubro de 2019. Imperatriz, 2019. Instituto de Ensino Superior do Sul do 
Maranhão / Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão, Imperatriz, 2019. 
ISSN2594-9098 
 1 Pesquisa científica. 2 Iniciação científica. 3. Reformas Institucionais 
 CDU 001.891 
J82 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A 11ª Jornada Jurídica da Unisulma: Os direitos Sociais e as reformas 
institucionais é uma modalidade de pesquisa acadêmica desenvolvida por estudantes de 
graduação do curso de Direito que demonstram interesse pela pesquisa científica. Em 
geral, os estudantes que se dedicaram a esta atividade possuem pouca ou nenhuma 
experiência em trabalhos ligados à pesquisa, representando assim, uma oportunidade 
para os acadêmicos ingressarem na pesquisa científica. 
A iniciação científica é uma atividade de vital importância para os alunos de 
graduação, incentivando à formação de novos pesquisadores que, através de projetos de 
pesquisa com qualidade acadêmica, base científica e orientação adequada, desenvolvam 
seus conhecimentos, vivências e experiências. 
A 11ª Jornada Jurídica da Unisulma: Os direitos Sociais e as reformas 
institucionais foi realizada pelo IESMA / UNISULMA nos dias 23 e 24 de Outubro de 
2019 com a finalidade de divulgar trabalhos de pesquisa, proporcionando troca de 
informações e experiências em ambiente propício a esta atividade. Buscou também 
incentivar e estimular o desenvolvimento da vocação para os campos da ciência e 
tecnologia em alunos de graduação, qualificar o corpo discente da graduação para o 
ingresso em programas de pós-graduação, aprimorar o processo de formação de 
profissionais da área jurídica para atuação nos diversos setores da sociedade e, ainda 
estimular professores e pesquisadores a engajar estudantes de graduação no processo de 
investigação científica. 
Salienta-se, que este evento, chegou a sua 11ª edição, e, assim, vem contribuindo 
para o desenvolvimento da pesquisa científica na área jurídica no Município de 
Imperatriz e região. 
É difícil relatar aos leitores o clima gratificante das discussões que se 
desenvolveram durante o evento que manteve a participação dos autores de quase 70 
trabalhos e de cerca de 600 alunos inscritos. Assim é importante a divulgação dos 
resumos para que o leitor possa avaliar a relevância dos assuntos apresentados, como 
prestação de contas do nosso trabalho e como contribuição à realização de novas 
pesquisas. 
Agradecemos a todos aqueles que contribuíram para a realização deste evento, e 
destacamos particularmente a importância dos alunos que, de diferentes formas nos 
acompanharam ao longo da organização e realização do mesmo. 
 
Comissão Organizadora 
 11ª Jornada Jurídica da Unisulma:Os Direitos Sociais e as Reformas 
Institucionais. 
 
 
 5 
 
 
 
 
Diretora Geral do IESMA/UNISULMA 
Joane Gláucia da Silva de Almeida e Almeida 
 
Diretora Acadêmica do IESMA/UNISULMA 
Raquel de Moraes Azevedo 
 
Coordenadora do curso de Direito 
Paula Regina Pereira dos Santos Marques Dias 
 
Coordenação Geral 
Profª MSc. Paula Regina Pereira dos Santos Marques Dias 
 
Coordenação Científica 
Profª MSc. Paula Regina Pereira dos Santos Marques Dias 
Profª Esp. Leticia de Jesus Pereira 
 
Coordenação Executiva do evento 
Prof. MSc. Miguel Daladier Barros 
Profª MSc. Francine Adília Rodante Ferrari Nabhan 
Prof. Esp. Tiago Vasconcelos Silva 
Profª Esp. Xermona Milhomem Costa Silva 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. ANÁLISE DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE À LUZ DA LEGISLAÇÃO 
TRIBUTÁRIA 
2. PARADIGMA DO POSITIVISMO JURÍDICO E OS DESAFIOS DA 
TRIDIMENSIONALIDADE NO CONTEXTO DO PENSAMENTO COMPLEXO 
3. ERA DA PÓS-VERDADE: a contribuição das Fake News na maximização e reprodução de 
preconceito contra a comunidade LGBTQ+ 
4. SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO E OS IMPACTOS NOS DIREITOS SOCIAIS 
5. Sistema de Capitalização Previdenciária e Sistema de Repartição Simples: breve comparativo 
6. UMA ANÁLISE DA MATERNIDADE CARCERÁRIA COM BASE NA LEI N° 13.769/2018 
7. O tributo, o ICMS e a importância do mesmo para o Estado do Maranhão. 
8. A IMPLEMENTAÇÃO DA REMIÇÃO DA PENA PELA LEITURA, COMO CRITÉRIO DE 
HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO 
9. O JULGAMENTO DO TEMA 944 DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL: DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS ARGUMENTOS DAS 
PARTES 
10. REFORMA TRIBUTÁRIA: principais mudanças propostas 
11. HANNAH ARENDT: O TERROR COMO FORMA DE GOVERNO 
12. RELAÇÃO DE EMPREGO: uma análise das características da relação empregatícia. 
13. O USO DA MÁQUINA PÚBLICA PARA PROMOÇÃO PESSOAL DE AGENTES E O 
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. 
14. COMENTÁRIOS AO “PROJETO FAMÍLIA PLENA” DA 2ª PROMOTORIA CÍVEL DE 
IMPERATRIZ: os limites da interferência estatal à luz do melhor interesse da criança 
15. NEOPROCESSUALISMO: a efetivação das ondas renovatórias de acesso à justiça somada à 
força normativa dos princípios 
16. AS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NA PERSPECTIVA DO PLURALISMO JURÍDICO 
17. AGRONEGÓCIO E AS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS: desafios e perspectivas 
18. MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NA ADVOCACIA 
PREVENTIVA. 
19. APLICAÇÃO DA LEI Nº 11.340 DE 07.08.2006 (LEI MARIA DA PENHA) PARA OS 
TRANSEXUAIS E TRANSGÊNEROS 
20. AS LIMITAÇÕES DO POSITIVISMO JURÍDICO FRENTE À AXIOLOGIA NO DIREITO 
21. BANDERSNATCH: UMA CRÍTICA AO CONTROLE MIDIÁTICO DE MASSAS 
POPULACIONAIS FRENTE A ERA DIGITAL 
22. MULHERES NO CÁRCERE E PRISÃO PREVENTIVA: ANÁLISE DO HABEAS CORPUS 
COLETIVO N° 143.641. 
23. POSITIVISMO JURÍDICO, COMPLEXIDADE E O PENSAMENTO CRISTÃO: um olhar de 
René Girard sobre a violência. 
24. FILOSOFIA MEDIEVAL: as formas jurídicas da Era Medieval 
25. LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DIREITO À INFORMAÇÃO: O impulsionamento de 
discurso de ódio nas redes sociais em tempos de pós-verdade. 
 
 7 
26. A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ENQUANTO INSTRUMENTO PARA O EFETIVO 
DIREITO À EDUCAÇÃO 
27. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL GARANTIA DE ATENDIMENTO NA ESCOLA 
MUNICIPAL PROFESSOR JOSÉ QUEIROZ 
28. DIREITO EDUCACIONAL: o acesso à cidadania por meio conhecimento 
29. A (IN) EFICÁCIA DO SERVIÇO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL OFERECIDO 
PELO INSS FRENTE A OMISSÃO DO BENEFICIÁRIO A SUBMETER-SE AO 
PROCESSO DE REABILITAÇÃO NO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ/MA 
30. A VIOLÊNCIA COMO CONTRATEMPO PARA A EFETIVAÇÃO DO DIREITO A 
EDUCAÇÃO PÚBLICA 
31. A REFORMA DA PREVIDÊNCIA E SEUS REFLEXOS NO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO 
DO RETROCESSO 
32. O ENFRENTAMENTO DAS SITUAÇÕES DE DEPENDÊNCIAS E CONSUMO DE 
DROGAS NO ÂMBITO ESCOLAR 
33. O DIREITO DE BRINCAR COMO DIREITO FUNDAMENTAL DE PROTEÇÃO À 
INFÂNCIA 
34. O PORNÔ DE VINGANÇA NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO: CRÍTICA 
CRIMINOLÓGICA AO PATRIARCALISMO. 
35. INFLUÊNCIA DA FAMILIA NO ENSINO ESCOLAR 
36. O NOVO ENTENDIMENTO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO SOBRE A PROVA 
TESTEMUNHAL PARA A CONCESSÃO DA PENSÃO POR MORTE EM UNIÃO 
ESTÁVEL 
37. O PACIENTE PORTADOR DA NEOPLASIA MALIGNA E OS ASPECTOS 
CONSTITUCIONAIS SOBREO DIREITO À SAÚDE. 
38. FILOSOFIA MEDIEVAL: o Cristianismo e a Filosofia 
39. DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL: da confusão 
40. FÉ E RAZÃO EM TOMÁS DE AQUINO 
41. CONTINGENCIAMENTO DE VERBAS NA EDUCAÇÃO: UMA OFENSA AO DIREITO 
SOCIAL À EDUCAÇÃO 
42. A ADAPTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS FACE A REFORMA 
TRABALHISTA E O CLAMOR SOCIAL ANTE A “REFORMA POLÍTICA 
43. O SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO: uma análise crítica dos possíveis impactos ocasionados 
pela reforma da previdência 
44. A LEI Nº 13.844/2019 E OS IMPACTOS NA GARANTIA DO DIREITO HUMANO 
FUNDAMENTAL SOCIAL À ALIMENTAÇÃO 
45. A POLÍTICA CRIMINAL DE GUERRA ÀS DROGAS E O RECRUDESCIMENTO DO 
ENCARCERAMENTO FEMININO NO BRASIL. 
46. AS POSSIBILIDADES DO CONHECIMENTO: correntes filosóficas ao tocante âmbito 
jurídico 
47. HANNAH ARENDT: O TERROR COMO FORMA DE GOVERNO 
48. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DE MENORES E O DIREITO Á CONVIVÊNCIA FAMILIAR 
E COMUNITÁRIA 
49. A (IN)CONSTITUCIONALIDADE DA OBRIGATORIEDADE DE EXTRAÇÃO DE DNA 
CONSTANTE DO DENOMINADO PACOTE ANTICRIME. 
 
 8 
50. POPULISMO PENAL MIDIÁTICO: a exploração comercial e política do crime 
51. FILOSOFIA MEDIEVAL: escolástica na idade média 
52. A ATUAÇÃO DO CEJUSC E A CONTRIBUIÇÃO NAS DEMANDAS JUDICIAIS DE 
IMPERATRIZ 
53. A IMPORTÂNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PARA OS SINDICATOS E SEUS 
IMPACTOS PÓS REFORMA TRABALHISTA 
54. DIREITO POSITIVO E O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA 
55. FILOSOFIA MEDIEVAL: a metafísica da relação entre a fé e a razão 
56. FILOSOFIA MEDIEVAL: João Duns Escotos e a Teoria da Univocidade do Ser 
57. A REGULAMENTAÇÃO DA JORNADA 12x36 SOB A ÉGIDE DA REFORMA 
TRABALHISTA 
58. POLÍTICAS PÚBLICAS E JUSTIÇA SOCIAL NO DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO 
59. ASPECTOS HISTÓRICOS E GERAIS DA TEOLOGIA MEDIEVAL 
60. O DIREITO AO ESQUECIMENTO E A DICOTOMIA: ABUSO DE INFORMAÇÃO X 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO CASO DA CHACINA DA CANDELÁRIA 
61. A COBRANÇA DOS IMPOSTOS INDIRETOS EM CONTRAMÃO AO PRINCÍPIO DA 
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA 
62. OS FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DA SOCIOLOGIA E SUAS CORRELAÇÕES 
COM A NORMA JURÍDICA DE HANS KELSEN 
63. A INSTRUMENTALIZAÇÃO POLÍTICA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
CONTEMPORÂNEOS NO BRASIL 
64. FEMINISMO JURÍDICO: a luta pela equidade no Poder Judiciário 
65. O DIREITO TRIBUTÁRIO COMO GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS 
66. DE CABRAL À LEI COMPLEMENTAR 150: historicidade do trabalhador doméstico e 
discussão dos efeitos da reforma trabalhista 
67. LINCHAMENTOS NO MARANHÃO E A MOVIMENTAÇÃO DE VIOLAÇÕES A 
DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
BRASILEIRO 
 
 
 9 
 
 
 
 
 
Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
 
ANÁLISE DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE À LUZ DA LEGISLAÇÃO 
TRIBUTÁRIA 
 
Genilza Sipiao Oliveira1 
Katiane da Silva Viana2 
Francine A. Rodante Ferrari Nabhan3 
 
 
Este resumo objetiva analisar o princípio da anterioridade tributária, expresso no art. 150, 
III, alínea “b”, “c” da Constituição Federal. Para Alexandre Mazza (2018, p. 267) sua 
finalidade é dar um prazo de respiro a fim de que o contribuinte possa preparar se para pagar 
novos valores ao fisco. A partir da EC/2003 o princípio passou a funcionar combinando a 
anterioridade anual e a nonagesimal. Para aplicar-se os mesmos analisa - se caso a caso a 
fim de tornar o mais distante possível a data da exigência do tributo, deste modo, visa, 
garantir um intervalo mínimo de 90 dias entre as datas da publicação da lei e da efetiva 
cobrança do tributo (princípio da carência, aplicando separadamente as duas anterioridades 
sobre o dia em que foi publicada a lei que majorou ou instituiu o tributo). Alguns impostos 
que tem a finalidade de regular a economia (impostos extra fiscais) como o Imposto de 
Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), 
além dos Impostos Extraordinário de Guerra e os Empréstimo Compulsório são exceções a 
esta regra, pois sua cobrança ocorre de maneira imediata. Enquanto, os Impostos sobre 
produtos Industrializados (IPI), Contribuições Sociais, bem como a CIDE Combustível e 
ICMS combustível respeitam apenas a anterioridade nonagesimal. Por fim, temos o Imposto 
de Renda, IPTU e IPVA que somente respeitam a anterioridade anual. Quando existe a 
redução de desconto no pagamento ou alteração do prazo legal para recolhimento do tributo, 
não incide o princípio da anterioridade. Ao longo deste trabalho, busca-se analisar todos os 
impostos previstos na Constituição Federal à luz do principio da legalidade. Como 
metodologia utilizou-se a pesquisa qualitativa com base de análise bibliográfica. Ao final, 
verifica-se que o princípio da anterioridade, constitui uma limitação ao poder impositivo do 
Estado e uma conquista político jurídica dos contribuintes tendo a finalidade de coibir a 
tributação de surpresa, permitindo o razoável tempo de espera para o evento e gerando uma 
segurança jurídica entre a Administração e os administrados. 
 
Palavras-chave: Sistema Tributário Nacional; Princípio da anterioridade; Princípio da não 
surpresa 
 
 
1Acadêmica do 9 período do Curso de Direito da IESMA/UNISULMA. Email:genilza2819@hotmail.com 
2Acadêmica do 9 período do Curso de Direito da IESMA/UNISULMA. E-mail: katiane_s.viana@hotmail.com 
3 Orientadora, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional – Universidade de Taubaté – (UNITAU), Especialista em 
Direito e Processo do Trabalho (UNITEC), Especialista em Direito Civil (UNISUL) Pós graduanda em Direito Tributário 
(Damásio). Pesquisadora do grupo de estudos Direitos Fundamentais e Novos Direitos da IESMA/UNISULMA. 
Professora do curso de graduação em Direito da UNISULMA/ IESMA. E-mail: francinenabhan@hotmail.com 
 
 11 
 
 
 
O PARADIGMA DO POSITIVISMO JURÍDICO E OS DESAFIOS DA 
TRIDIMENSIONALIDADE NO CONTEXTO DO PENSAMENTO COMPLEXO 
 
Esdra Salomão Pereira da Silva4 
Wanderson Wendel Noronha Lô5 
 
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutiro paradigma do positivismo 
jurídico e os desafios da tridimensionalidade no contexto do pensamento complexo. 
Ademais, buscou-se através deste trabalho evidenciar o processo de decadência do 
positivismo na esfera das ciências exatas quanto no universo das ciências jurídicas, em 
detrimento, a ascensão do pensamento complexo de Edgar Morin no meio científico e a 
elevação da tridimensionalidade jurídica de Miguel Reale.A pesquisaé de natureza 
qualitativa, com caráter exploratório. A pesquisa mostrou que são grandes os desafios na 
promoção de um diálogo entre o paradigma positivista jurídico frente os desafios da 
tridimensionalidade no contexto do pensamento complexo. A pesquisa esclareceu ainda que 
o positivismo jurídico é uma concepção incapaz de corresponder sozinha as impertinências 
da justiça social. Pois, se, por um lado, assiste-se uma maior segurança jurídica, por outro 
lado, ao preconizar o monopólio da lei por intermédio das limitações estatais, mostra-se 
totalmente indiferente a aqueles que requerem a sua intervenção para alcançar o mínimo de 
dignidade. 
 
Palavras-Chave:Positivismo Jurídico. Fragmentação. PensamentoComplexo. 
TridimensionalidadeJurídica. 
 
ABSTRACT: This article aims to discuss the paradigm of legal positivism and the 
challenges of three-dimensionality in the context of complex thinking. In addition, this 
paper sought to highlight the process of decay of positivism in the sphere of exact sciences 
as in the universe of legal sciences, to the detriment of the rise of Edgar Morin's complex 
thinking in the scientific environment and the elevation of the legal three-dimensionality of 
Miguel Reale. . The research is qualitative, exploratory in nature. Research has shown that 
the challenges in promoting a dialogue between the positivist legal paradigm and the 
challenges of three-dimensionality in the context of complex thinking are great. The 
research also clarified that legal positivism is a conception unable to correspond alone to 
the impertinences of social justice. For if, on the one hand, there is greaterlegal certainty, 
on the other hand, by advocating the monopoly of the law through state limitations, it is 
totally indifferent to those who require its intervention to achieve the minimum of dignity. 
 
1Acadêmico do quarto período do curso de Direito da UNISULMA. (esdra_789@hotmail.com) 
2Professor de Filosofia do Direito da UNISULMA. Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília - UCB. 
Especialista em Didática Universitária e em Gestão Escolar. Licenciado em Filosofia, Pedagogia e Teologia. Contato para 
consultoria em pesquisa: (wandersonlo@hotmail.com). 
 
 12 
Keywords:Legal positivism. Fragmentation. Complex thinking. Legal three-
dimensionality. 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O pensamento complexo ou a complexidade de Edgar Morin apresenta-se como uma 
nova proposta epistemológica e ontológica, que possui como objetivo norteador a superação 
da fragmentação e simplificação presentes no bojo do paradigma positivista. Apesar de o 
termo remeter a algo de difícil compressão, complexo ou complexidade, na verdade refere-
se a tecido junto, produzindo um elo entre a unidade e multiplicidade (LÔ, 2012; MORIN, 
2006). 
Nesta linha de raciocínio, Morin explica que a complexidade desempenha a função 
de um principio regulador do pensamento, o qual concebe a realidade de um modo 
unificado, em oposição a visão positivista que a concebe de modo fragmentado. 
Com isso, a complexidade possibilita a reintegração de áreas do 
conhecimentohumano antagonizadas pelo princípio fragmentador do ideal positivista como, 
por exemplo, arte e ciência, fé e razão, homem e natureza. Portanto, trata-se de uma rede 
com interconexões pautada na transdisciplinaridade, que visa romper com paradigma 
dicotômico, fragmentário e reducionista massificado pelo pensamento positivista através da 
ciência moderna (MORAES, 2004; NASCIMENTO, 2008). 
Já a tridimensionalidade jurídica é uma concepção no âmbito jurídico que visa sanar 
as inúmeras falhas presentes no positivismo jurídico, por meio da inserção do componente 
valor no momento da análise da norma jurídica produzida por um fato com repercussões 
nessa esfera. 
Aliás, vale ressaltar-se que o positivismo jurídico foi o responsável pela legitimidade 
de inúmeras atrocidades cometidas por regimes totalitários ao longo do século passado.Pois 
tais regimes, simplesmente desprezavam a existência de direitos fundamentais inerentes a 
pessoa humana, tendo em vista o total repúdio a conceitos metafísicos presentes no cerne 
do pensamento positivista. 
 
1. O positivismo jurídico 
 
Francesco Carnelutti (1960), no estudo intitulado “Balanço do Positivismo 
Jurídico”, fala-nos que o positivismo jurídico é espécie jurídica do gênero positivismo, 
sendo, portanto, a projeção do positivismo filosófico no setor do Direito (NADER, 2002, 
p.369). 
 
 
1.1 O positivismo filosófico 
 
 13 
 
O positivismo filosófico teve início no século XIX, na ascensão da metodologia 
experimental, no âmbito científico-natural.O positivismo pretendeu transportar o método 
para o campo das ciências sociais. De acordo com essa metodologia, o trabalho científico 
deveria basear-se na observação dos fatos que poderiam ser comprovados pela via 
experimental. A mera abstração, dedução ou especulação, não possuíam compatibilidade 
com discurso científico, e, com isso, deveriam ser totalmente desqualificadas (NADER, 
2002). 
A metodologia experimental, adotada pelo positivismo, constitui-se 
fundamentalmente de três fases: A primeira é a observação, o ponto de partida. A segunda 
é a formulação de hipótese, fase essa que é caracterizada pela formulação de hipótese através 
da observação de fatos sucessivos. Já a terceira é a experimentação, fase na qual a hipótese 
formulada é colocada à prova. Caso obtenha êxito, ou seja, caso seja comprovada, adquire 
o status de conhecimento científico. 
Augusto Comte (1798- 1857) é considerado o fundador dessa corrente filosófica, 
através da sua obra Curso de Filosofia Positiva, composta de seis volumes. Ao longo de sua 
obra, há dois aspectos que se destacam. Primeiramente, a lei dos três estados, segunda a 
qual o pensamento humano, ao longo da história, passou por três etapas. 
A primeira é mitológica ou teológica, etapa na qual os fatos eram explicados por 
meio das "atividades divinas". A segunda é a metafísica, etapa na qual as explicações 
provinham de princípios abstratos. Contudo, o que a diferencia da etapa teológica, é o fato 
de suas explicações pautarem-se no plano especulativo filosófico. E, em virtude disso, a 
natureza seria explicada pelas suas causas e finalidades. 
A terceira e última é a positiva, etapa essa que representa uma reação às duas 
primeiras. Caracteriza-se pelo exame empírico dos fatos. Ironicamente, apesar de ser um 
dos pensamentos permeadores do discurso positivista, alguns autores qualificam a "lei dos 
três estados" de metafísica, pois, não pode fazer uso da metodologia científica para ser 
comprovada. 
Em segundo plano, a classificação das ciências, aonde Comte formulou uma 
classificação das ciências, fazendo uso do seguinte critério: caminhar das mais gerais às 
mais específicas, concomitantemente, das mais simples às mais complexas. A ordem foi a 
seguinte: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia. Entretanto, essa 
classificação é incompleta, pois contempla apenas as ciências da matéria, deixando de lado 
as ciências do espírito. Ademais, para Comte o Direito era uma mera seção da Sociologia e 
a Psicologia, devido a isso, denominou-a de "biologia transcendental" (NADER, 2002). 
 
 
 
1.2 O positivismo jurídico 
 
O positivismo jurídico mantendo-se fiel aos princípios filosóficos positivos repudia 
todos os elementos abstratos do Direito, primordialmente, a ideia de Direito Natural, pois a 
julga metafísica e anticientífica. “Em seu afã de focalizar apenas os dados fornecidos pela 
 
 14 
experiência, o positivismo despreza os juízos de valor, para se apegar apenas aos fenômenos 
observáveis” (NADER, 2002, p.370). De acordo com essa corrente jurídica o objeto da 
Ciência do Direito deve abster-se ao estudo das normas que compõe o ordenamento jurídico 
vigente. Nessa tarefa o investigador deverá fazer uso apenas dos juízos de contestação ou 
juízos de realidade, rejeitando os juízos de valor. No que se refere à justiça, a corrente 
positivista mantêm-se absolutamente cética. Pois, considera-a um ideal irracional, pelo fato 
de ser acessível apenas pela via emocional. 
Para o positivismo jurídico existe somente uma ordem jurídica: a emanada do Estado 
e que é soberana. Eis, na opinião de Eisenmann, um dos críticos do Direito Natural, a 
proposição que melhor caracteriza o positivismo jurídico: “Não há mais Direito que o 
Direito Positivo” (EISENMANN, 1966, p.276). Além disso, o jus positivismo satisfaz-se 
plenamente com o plano ontológico do Direito Positivo, sem cogitar-se sobre o plano 
deontológico jurídico, a forma ideal do Direito. Assim, para o adepto dessa corrente a lei 
assume o papel de valor único. 
Admite-se apenas o método indutivo como válido, pois este se baseia nos fatos 
experimentais. Já o método dedutivo é recusado cientificamente, pelo fato do meio 
científico considerá-lo dogmático. Porém, o uso do método dedutivo é aceito no âmbito 
científico quando atendidas determinadas condições, todavia, as conclusões obtidas por esse 
método nada serão além de meras hipóteses. 
A chamada Escola da Exegese, já vencida pelo tempo, desenvolveu programa típico 
do positivismo. Essa Escola defendeu o fetichismo legal. A sua doutrina era o codicismo. 
Segundo essa doutrina, o código tinha a solução para todos os problemas. O Direito 
encontra-se exclusivamente na lei. 
 
1.3 A decadência do discurso positivista jurídico 
 
O positivismo jurídico encontra-se em decadência, após viver o seu auge no início 
do século XX. “Surgiu em um período crítico da história do Direito Natural, durou enquanto 
foi novidade e entrou em declínio quando ficou conhecido em toda asua extensão e 
consequências” (NADER, 2002, p.371). Tendo por base a metodologia científica-natural, 
na observação e análise dos fatos concretos, a corrente filosófica positivista reduziu o 
significado humano. O ser complexo, que é o homem, passou a ser visto como um mero 
prodígio da Física a ser explicado pelo princípio "linear" da causalidade. 
No que diz respeito à justiça, o positivismo a considera um ideal irracional, pois se 
faz necessário o uso da via emocional para alcançá-la, o que abrange o âmbito axiológico, 
algo que é completamente repudiado pelo positivismo. A sua atenção encontra-se voltada 
exclusivamente para o plano do ser jurídico, desconsiderando por completo o que há em seu 
conteúdo. Identificando o Direito com a lei, o positivismo jurídico é uma porta aberta para 
a ascensão de regimes totalitários, fato esse que se assistiu ao longo do século passado 
(GALVÃO DE SOUSA, 1977). 
O positivismo jurídico é uma doutrina incapaz de satisfazer as exigências da justiça 
social. Se, de um lado, assiste-se ao favorecimento do valor segurança, pelo outro lado, ao 
 
 15 
defender o monopólio da lei atravésdas limitações estatais, mostra-se totalmente inerte a 
aqueles que necessitam de sua intervenção para alcançar o ideal de vida digna. 
O Direito não compõe-se exclusivamente de normas. As regras jurídicas possuem 
sempre um valor. O jus positivismo apegou-se somente ao concreto. Os limites impostos ao 
Direito foram muitos estritos ante a grandiosidade e importância que o Direito possui. A lei 
por si só é incapaz de abarca todo o ideal de justiça. 
A lei, sem condicionantes, é uma arma que pode ser usada tanto para bem quanto 
para o mal.O mérito que Carnelutti vê no positivismo é conduzir a atenção do analista para 
a descoberta do Direito Natural: “A observação daquilo que se vê é o ponto de partida para 
chegar àquilo que se não vê” (CARNELLUTI, 1960, p.289). 
 
2 A tridimensionalidade jurídica 
 
O simples fato de existirem várias acepções da palavra Direito deve suscitar a 
seguinte pergunta: esses significados que, através do tempo, têm sido atribuídos a uma 
mesma palavra, já não revelam a existência de diferentes aspectos complementares na 
experiência jurídica? 
 
Apesar de o tridimensionalismo estar implícito na obra de vários 
autores, como a de Emil Lask, Gustav Radbruch, Roscoe Pound e 
em todas as concepções culturalistas do Direito, é justamente com 
Miguel Reale que encontra a sua formulação ideal e que o credencia 
como rigorosa teoria (NADER, 2002, p.377). 
 
O fenômeno jurídico, independentemente da forma que venha expressar-se requer a 
participação dialética implicação-polaridade do fato, valor e norma. A originalidade do jus 
filósofo brasileiro encontra-se na maneira como descreve o relacionamento entre esses três 
componentes. Enquanto que para as fórmulas genéricas ou abstratas, os três elementos 
vinculam-se através de uma adição, aonde geralmente um tende a sobrepor-se aos outros, 
na concepção de Reale (1975), denominada específica ou concreta, a realidade fático-
axiológico-normativa apresenta-se como uma unidade, havendo uma implicação dinâmica. 
Cada qual faz referência aos demais e por isso só alcança sentido no conjunto. 
Além disso, onde quer que haja um fenômeno jurídico, há, sempre e 
necessariamente, um fato um valor, que confere determinada significação a esse fato, 
inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa 
finalidade ou objetivo; e, finalmente, uma regra ou norma, que representa a relação ou 
medida que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor (REALE, 1976). 
O Direito não possui uma estrutura simplesmente factual, como querem os 
sociólogos.valorativa, como proclamam os idealistas.normativa, como defendem os 
normativistas (SICHES, 1970). Essas visões são parciais e não abrangem toda 
complexidade envolvendo um fenômeno jurídico. Juntos formaram uma síntese integradora, 
na qual cada elemento é explicado pelos demais e pela totalidade do processo. 
 
 16 
As Lebenverhaltnis - relações da vida - são a fonte material do Direito. Ao disciplinar 
uma conduta, a ordem jurídica estabelece um modelo aos fatos da vida social, uma fórmula 
de vivência coletiva. O fato é o acontecimento social ao qual o Direito objetivo faz 
referência. É o fato interindividual que envolve interesses básicos humanos e com isso 
enquadra-se nos assuntos regulados pelo ordenamento jurídico. 
O valor é o elemento moral do Direito, é a perspectiva sobre o ideal de justiça. Toda 
ação humana possui um valor. A norma jurídica é um padrão de comportamento social, 
imposto pelo Estado aos indivíduos que o constituem, que devem fazer sua observância em 
determinadas circunstâncias. Fato, valor e norma encontram-se intimamente vinculados. Há 
uma interdependência entre os três componentes. A referência de um deles implica, 
necessariamente, a referência dos demais (GUSMÃO, 1955). 
Para Reale (1976), o Direito é fruto da experiência e localiza-se no âmbito cultural. 
Constituído por três fatores, o Direito é formado da seguinte maneira: Um valor - podendo 
ser mais de um - incide sobre um prisma e refrata-se em um grupo de normas possíveis, 
cabendo ao Estado a escolha. O jus filósofo ressalta o fato de toda lei possuir vários 
caminhos. Contesta, entretanto, o decisionismo, que erra ao exagerar o poder de escolha. 
No que tangencia ao fato, pontua que nunca é um fato isoladamente, e sim um conjunto de 
circunstâncias, muitas vezes alheias à vontade do indivíduo. 
Na perspectivatridimensionalista de Miguel Reale, o fenômeno jurídico é uma 
realidade fático-axiológico-normativa, que se revela como um produto histórico-cultural, 
direcionado para a realização do bem comum. À medida que rejeita o historicismo absoluto, 
concomitantemente, não admite que sejam meta-históricos. A ênfase que é dada a 
experiência não abstrai a concepção jus naturalismo em termos realistas. Apesar de sua 
natureza dinâmica, o Direito possui um núcleo resistente, uma constate axiológica, que não 
se encontra sujeito às mudanças históricas (NADER, 2002). 
Ademais, o jus filósofo brasileiro Miguel Reale definiu o Direito como “realidade 
histórico-cultural-tridimensional, ordenada de forma bilateral atributiva, segundo valores de 
convivência”. A bilateralidade-atributiva é específica do fenômeno jurídico, pois apenas ele 
confere a possibilidade de exigir-se um comportamento. 
Portanto, a compreensão completa do Direito somente pode ser alcançada através da 
correlação unitária e dinâmica das três dimensões da experiência jurídica, que se confunde 
com a história da humanidade na sua busca incessante pela harmonizaçãodo ser com o deve 
ser. 
 
3 O pensamento complexo 
 
O pensamento complexo ou a complexidade apresenta-se como uma nova proposta 
epistemológica e ontológica, na superação da fragmentação do conhecimento 
valorizadopeloparadigmacartesiano. Para Morin (2006), complexidade funciona como um 
princípio regulador do pensamento, para conceber a realidade dando-lhe um tratamento sem 
fragmentá-la (LÔ, 2012). 
“O paradigma clássico, que circunscreve os parâmetros de atuação da ciência 
moderna, vem perdendo, gradualmente, a sua capacidade explicativa” (ESTRADA, 2009, 
 
 17 
p.86). De acordo com Edgar Morin (2001), a perda da capacidade explicativa científica não 
se deve, exclusivamente, a sua metodologia, mas também a disparidade entre a maneira 
como a ciência moderna concebe o mundo e como realmente ele é. Ou seja, enquanto a 
ciência moderna acredita que o mundo seja regido pelo determinismo, na verdade ele 
compõe-se por um conjunto de relações complexas que transcendem a análise 
simplificadora e reducionista do saber científico.Jáque,os fatos científicos são meros 
recortes da realidade que buscam explicá-la por completo. 
A ciência moderna tem como partida o pressuposto de que o mundo é estável, por 
ser constituído por um conjunto de sistemas estáveis e que tais sistemas são regidospor um 
regramento natural que se caracteriza pela estabilidade e pela ordem. Contudo, a mesma 
ciência admite a existência de sistemas instáveis dentro desse mundo, mas somente como 
meras exceções. 
Entretanto, ao longo do seu processo histórico, a ciência vem chegando à constatação 
de que tal raciocínio é ilusório, pois a mesma por intermédio de várias de suas constituintes, 
em especial a física, chegou ao parecer de que a desordem e instabilidade não são exceções 
desse mundo, e sim regras (PRIGOGINE, 1999). E tal afirmação torna-se mais evidente, 
quando nos deparamos com várias teorias da física quântica que inserem a figura da 
desordem e da incerteza, vide a teoria do caos e o princípio da incerteza de Heisenberg. 
Além disso, com o predomínio da desordem e instabilidade, houve a introdução das 
múltiplas possibilidades, e com isso, a limitação da previsibilidade, que até pouco tempo 
caracterizava o paradigma cientifico (WALLERSTEIN, 2002). E com isso assiste-se a 
decadência da corrente determinista no âmbito cientifico, pois tal corrente prega a ideia de 
que tendo-se conhecimento das condições iniciais de um dado processo, podemos prever o 
seu final ou até mesmo retrocedê-lo. 
Porém, o cientista na sua visão fragmentadora, simplificadora e reducionista rejeita 
uma série de elementos fundamentais na análise de um dado processo, o que acaba por 
impossibilita não apenas a exatidão do resultado, mas também uma maior proximidade da 
exatidão desse resultado. Sob o mesmo ponto de vista, para Bachelard, não existe teorias e 
conceitos simples e sim conceitos e teorias simplificados pela ciência. 
Como exemplo da inexatidão da simplificadora e reducionista metodologia 
cientifica pode citar-se a Economia, uma vez que foi incapaz de prever as diversas crises 
econômicas que assolaram o mundo nas últimas décadas, apesar de fazer uso e “abuso” do 
método científico (PRIGOGINE, 1996). Aliás, os especialistas econômicos detêm o 
monopólio da decisão (vide o Ministério da Fazenda), e com isso inibe exposição de ideias 
dos “leigos”. Porém, tais especialistas são incapazes de solucionarem novos problemas, 
apenas os já existentes. 
 Ademais, pode dar-se como exemplo da decadência do discurso determinista a 
criação e ascensão da lógica difusa. Essa lógica visa opor-se a dicotomia encontrada na 
lógica formal, inserido a multiplicidade de possibilidades, visando enquadra o conteúdo 
lógico ao mundo real e não o mundo real ao conteúdo lógico. Nas palavras de Albert 
Einstein: “Na medida em que as leis da matemática se referem à realidade, não são certas, 
e na medida em que são certas, não se referem à realidade” (DEMO, 2000, p.93). 
 
 18 
Nesse sentido, há o neo-obscurantismo, que se refere à fragmentação do objeto de 
estudo científico, o que impede a comunicação das várias disciplinas científicas e resulta 
não reflexão sobre os dados obtidos, o que origina as ideias gerais e infundadas. Por outro 
lado, há uma contradição, visto que, simultaneamente, fragmenta-se através da criação de 
disciplina (especializações) e une-se através da elaboração de teoria. 
A ciência é complexa, pois se apoia no empirismo e racionalismo como também na 
imaginação e verificação. Haja vista, os vários conceitos e ideias metafísicas que a compõe, 
por exemplo, a themata (uma ampla concepção da realidade que impulsiona a elaboração 
científica, porém não sujeita à verificação, tem-se como exemplo a themata platônica 
através do mundo inteligível) e paradigma (uma concepção universal a qual partir um 
conjunto de teorias que estão sujeitos à refutação, pode citar-se como exemplo o paradigma 
quântico). 
Em síntese, a ciência lida com questões que vão além do mundo empírico e da 
fragmentação, sendo assim faz-se necessário uso do pensamento complexo para melhor 
compreendermos o mundo estamos inseridos. 
 
4 A complexidade e a tridimensionalidade jurídica 
 
Ao longo deste artigo, abordou-se a decadência do discurso positivista, não apenas 
no âmbitofilosófico, mas também na esferajurídica. Ao passo que assistiu-se a ascensão do 
tridimensionalismo, especialmente de Miguel Reale, no mundo jurídico, assiste-se a 
elevação do pensamento complexo de Edgar Morin no universo filosófico. Tanto o 
pensamento complexo quanto a tridimensionalidade jurídica originaram-se das inúmeras 
deficiências presentes no paradigma positivista. 
Primeiramente, ambos buscam não apenas inserir a subjetividade em suas 
respectivas realidades, e sim, explicitá-las em tais realidades, pois, como bem destaca Edgar 
Morin por meio de sua obra Ciência com consciência(1982), toda obra humana encontra-se 
impregnada de subjetividade. 
Além disso, tanto Edgar Morin quanto Miguel Reale compartilham de ideias 
convergentes naquilo diz respeito ao papel que o homem desempenha na obtenção do 
conhecimento. Para os dois pensadores, o ser humanonão é um mero “espectador” em tal 
processo, como prega a ideologia positivista, e sim, parte integrante do processo estudado. 
Este pensamento encontra-se presente na tridimensionalidade jurídica quando 
afirma-se que o Direito é fruto do processo histórico e cultural, o que justificaria o seu 
dinamismo, em oposição a estaticidade enraizada no viés positivista. 
Já na complexidade de Morin (1982), tal aspecto verifica-se quando o pensador 
francês afirma que a total objetividade nos estudos científicos é impossível, pois, como já 
abordado, toda obra humana encontra-se impregnada de subjetividade. Contudo, segundo o 
mesmo pensador, essa subjetividade desempenha papel fundamental em uma melhor 
compreensão das ciências sociais, por possuir como objeto de estudo o próprio homem em 
sociedade. 
Por último, vale a pena ressaltar-se, a teoria do agir comunicativo do filósofo alemão 
Jürgen Habermas, aonde se propõem que em vez de o intérprete da norma jurídica colocar-
 
 19 
se de um modo neutro, em relação ao objeto, o mesmo deveria projetar a sua experiência 
pessoal no modo de ver a lei, e tal experiência adquiria-se na medida de sua participação no 
meio social. 
Em suma, à medida que o positivismo filosófico e jurídico surgiu com intuito de 
suprir as lacunas presentes no discurso filosófico e no Direito Natural, o pensamento 
complexo e a tridimensionalidade jurídica ascendem visando sanar as diversas 
inconsistências encontradas no paradigma positivista. 
 
CONCLUSÃO 
 
Reconhecemos que não são poucos os desafios na promoção de um diálogo entre o 
paradigma positivista jurídico frenteos desafios da tridimensionalidade no contexto do 
pensamento complexo. Dito isso, a pesquisa mostrou que o positivismo jurídico é uma 
concepção incapaz de correspondersozinha as impertinências da justiça social. Pois, se, por 
um lado, assiste-se uma maior segurança jurídica, por outro lado, ao preconizar o monopólio 
da lei por intermédio das limitações estatais, mostra-se totalmente indiferente a aqueles que 
requerem a sua intervenção para alcançar o mínimo de dignidade. 
Naquilo que faz referência a tridimensionalidade jurídica, a compreensão completa 
do Direito somente pode alcançar-se por meio da correlação unitária e dinâmica das três 
dimensões da experiência jurídica, ou seja, fato, valor e norma. 
Já no que refere-se a complexidade de Morin, ficou claro que a ciência lida com 
questões que transpõem o mundo empírico e a fragmentação. Devido a isso,torna-se 
necessário ouso do pensamento complexo para uma melhor compreensãodo mundo no qual 
estamos inseridos. 
E por fim, ao passo que o positivismo filosófico e jurídico surgiu objetivando o 
suprimento de lacunas encontradas no discurso filosófico e no Direito Natural, o 
pensamento complexo e a tridimensionalidade jurídica ascendem visando o saneamento de 
diversas inconsistências presentes no paradigma positivista. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
CARNELUTTI, Francesco. “Balanço do Positivismo Jurídico”, in Heresias do Nosso 
Tempo. Porto:Livraria Tavares Martins, 1960. 
 
DEMO, Pedro. Certeza da incerteza: ambivalência do conhecimentoe da vida. Brasília: 
Plano, 2000. 
 
EISENMANN, Charles.El Jurista y el Derecho Naural, Critica del Derecho Natural. 
Madrid: Taurus, 1966. 
 
 
 20 
ESTRADA, Adrian Alvarez. Os fundamentos da teoria da complexidade em Edgar 
Morin. Umuarama:Akrópolis, v. 17, n. 2, p. 85-90, abr./jun. 2009. 
 
GALVÃO DE SOUSA, José Pedro. Direito natural, direito positivo e estado de direito. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977. 
 
GUSMÃO, Paulo Dourado de. O Pensamento Jurídico Contemporâneo. São Paulo: 
Saraiva, 1955. 
 
HABERMAS, Jüngen. Direito e Democracia. 1. Ed. Brasileira. Trad. da 4. Ed. Alemã, Rio 
de Janeiro: Edições Tempos Brasileiros, 1979, v. I. 
 
LÔ. Wanderson Wendel Noronha. Complexidade e fragmentação na dinâmica 
curricular de um curso de bacharelado em Administração. 2012. 34 f. Dissertação 
(Mestrado em Educação) - UCB, Brasília, 2012. 
 
MORAES, Maria Cândida. Complexidade e mediação pedagógica: novas perspectivas 
para a educação e a pesquisa. Universidade Católica de Brasília. Outubro de2004. 
 
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educaçãodo futuro. São Paulo: Cortez; 
UNESCO, 2001. 
 
_____________. Introdução ao pensamento complexo. Trad. Eliane Lisboa. Porto 
Alegre: Sulina, 2006. 
 
_____________. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand, 2005. 
 
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 22. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 
 
NASCIMENTO, Patrícia Limaverde. Educação Bio-sustentável, uma prática da escola da 
vila. Fortaleza: Expressão gráfica editora, 2008. 
 
PRIGOGINE, Ilya. O fim das certezas. São Paulo: UNESP, 1996. 
 
_______________. O nascimento do tempo. Lisboa: Edições 70, 1999. 
 
REALE, Miguel. Filosofia do Direito.7. Ed. São Paulo: Saraiva, 1975. 
 
_____________. Lições Preliminares de Direito.2. Ed. São Paulo: Saraiva, 1976. 
 
SICHES, LuisRecaséns. Introducciónal EstudiodelDerecho. México: Porrua, 1970. 
 
 
 21 
WALLERSTEIN, Immanuel. O fim do mundo como o concebemos: ciência social para o 
século XXI.Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Revan, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
 
ERA DA PÓS-VERDADE: a contribuição das Fake News na maximização e reprodução 
de preconceito contra a comunidade LGBTQ+ 
 
 Fernanda Arruda Léda Leite Zenkner 6 
João Victor Sampaio Mesquita 7 
Paulo Henrique Rodrigues de Brito 8 
 
No momento da desvalorização da verdade, onde o fato fica de lado e o que prevalece são 
os sentimentos e opiniões, enfrenta-se cada vez mais dificuldade em distinguir o que é falso 
e o que é verdadeiro. Nesse prisma, surge um protagonista perigoso que vem ganhando 
espaço nos debates, que são as fake news. Bakir e McStay definem notícias falsas como 
“totalmente falsas ou que contêm elementos deliberadamente enganosos incorporados no 
seu conteúdo ou contexto” (Bakir&McStay, 2018, p.2). Durante o ano de 2018, a presença 
desse tipo de notícia tornou-se mais evidente durante as eleições. Segundo uma pesquisa 
feita pela Transparência Internacional, que tem como resultado o número de 82% de 
brasileiros que afirmam que o uso de fake news influenciou no produto das eleições 
passadas. Uma das principais e mais divulgadas fake news, foi a do kit gay. Tal notícia, 
propagada na campanha de Jair Bolsonaro, juntamente com o uso do termo ideologia de 
gênero – no sentido negativo - ajudam na validação e maximização do preconceito e 
violência contra a comunidade LGBTQ+. Nesse sentido, o presente artigo tem por objetivo 
analisar o impacto das fake news envolvendo a comunidade LGBTQ+ na legitimação e 
perpetuação do preconceito contra esse grupo. Para tanto, partiu-se do método dedutivo, 
pois o conceito geral do termo fake news foi analisado sociogicamente para então abordar 
notícias falsas específicas contra a comunidade em comento. Utilizou-se como 
procedimento metodológico de revisão bibliográfica sobre o tema e, posteriormente, análise 
documental de algumas notícias e pesquisas específicas que foram abordadas ao longo do 
trabalho. Falas como “ideologia de gênero é uma forma de ensinar meninos a brincarem de 
boneca” ou mostrar o livro errado de maneira proposital, durante entrevista, ainda na 
campanha eleitoral para validar uma segunda fake news, a do kit gay, ajudam a disseminar 
o ódio compartilhado por parcelada da sociedade. O elo que liga tais inverdades e a vitória 
presidencial é uso de forma profissional de sistemática para propagação de inverdades, 
fazendo com que atinja uma maior massa. Com a repetição de inverdades como estas 
ocasiona uma demonização do grupo LGBTQ+, fazendo com que direitos fundamentais 
sejam impugnados e que haja uma disseminação de preconceito. Isso pode ser observado, 
em mudanças práticas já implementadas como por fim no uso da grafia “genitores” nos 
passaportes infantis como vinha sendo usado, trazendo o direito de reconhecimento legal de 
 
6Mestra em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade Federal do Maranhão (PPGDIR/UFMA). 
Advogada pela OAB/MA. Contato: fernandaarrudaledal@gmail.com 
7Acadêmico do 6° período matutino do Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior do Superior do Sul do Maranhão 
(IESMA). Contato: sampaiom.jv16@gmail.com 
8 Acadêmica do 6° período matutino do Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior do Superior do Sul do Maranhão 
(IESMA). Contato: paulozz16@hotmail.com 
 
 
 23 
famílias homoafetivas, nesse caso, e a volta do termo “pai e mãe”. Outro ponto preocupante 
é a retirada, com a publicação da Medida Provisória n° 870/19, da comunidade LGBTQ+ 
das diretrizes do Ministério dos Direitos Humanos. As fake news são o ponto de conexão 
entre tais práticas excludentes e preconceituosas, pois legitimaram e dando força e espaço 
para implementação dessas políticas. Por fim, o que precisa ser feito, de forma urgente, é 
um projeto de desestruturação dessas mentiras, baseada em educação, respeito, 
alfabetização virtual. Esta última será importante para interpretação em relação a notícias 
espalhadas nos meios virtuais, bem como a efetiva inserção da educação consciente sobre 
temas sexuais e de gênero. 
Palavras-chave: Fake News, preconceito, LGBTQ+, Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
 
 
 
 
SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO E OS IMPACTOS NOS DIREITOS SOCIAIS 
 
 
Kethelly Rubi Lima9 
Lidianne Kelly N. Rodrigues de Aguiar Lopes10 
 
 
 
Tendo em vista o que dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 
notadamente sobre a separação de poderes e a urgência em se estabelecer, cada vez mais o 
equilíbrio do funcionamento das Instituições é que o presente resumo tem como objetivo 
geral, analisar o sistema político desde a CRFB/88 e como objetivos específicos os impactos 
da atuação desequilibrada dos Poderes no exercício de suas funções. Assim é que, a 
CRFB/88 estabelece que o Brasil tem como forma de governo, o modelo Republicano e 
sistema de governo o Presidencialismo. Desta forma, o Chefe do Poder Executivo em 
âmbito federal concentra as funções de chefe de Estado e chefe de Governo. Na CRFB/88, 
artigo 2º há previsão da separação dos Poderes, quais sejam, Executivo, Legislativo e 
Judiciário, que são independentes e harmônicos entre si. Porém, nem sempre essa harmonia 
se efetiva e, a partir dessa atuação é que se problematiza: o sistema político no Brasil é 
eficiente do ponto de vista da garantia dos direitos sociais? Cicco e Gonzaga afirmam que 
“embora combatidos pelos pensadores da época, é no séc. XIX que os partidos políticos 
foram se impondo e ganhando relevo como realidade social e política” (2015 p. 116). Ocorre 
que essa proliferação de partidos políticos, atualmente denominados partidos de esquerda, 
de direita ou de centro, mesmo tendo amparo no ordenamento jurídico brasileiro, já que 
adotamos o modelo pluripartidarista, que é o mais democrático, muitas vezes não 
desempenham seu papel de representatividade, o que nos faz repensar sobre a possibilidade 
dessas múltiplas agremiações para a garantia dos direitos sociais.Palavras-chave: Direito eleitoral, Direitos Sociais, Sistemas eleitorais 
 
 
 
 
 
 
 
 
9Acadêmico do Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior do Superior do Sul do Maranhão (IESMA). 
10Doutoranda pela faculdade Estácio. Docente do Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior do Superior do Sul do 
Maranhão (IESMA). lidiannelopesadv@outlook.com 
 
 25 
 
 
SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO PREVIDENCIÁRIA E SISTEMA DE 
REPARTIÇÃO SIMPLES: breve comparativo 
 
 
Arisson Carneiro Franco11 
Francine Adilia Rodante Ferrari Nabhan12 
 
 
O advento da crise previdenciária no Brasil trouxe consigo propostas de reformas. Ainda 
em campanha pelo cargo de Presidente da República, o atual eleito expôs uma proposta de 
um modelo garantista conhecido como “Sistema de Capitalização da Previdência”, que por 
sua vez, sofreu severas críticas. Por outro lado, o proponente governo apresentara reais 
motivos de que o sistema praticado atualmente encontra-se em déficit ou, simplesmente, 
falido. O Sistema de Capitalização consiste na contribuição individual de cada trabalhador 
para uma conta pessoal que, via de regra, seria administrada por entidades privadas e 
funcionaria como uma espécie de poupança individual a qual o trabalhador poderia gozar 
ao alcançar os requisitos. Em contrapartida, o Sistema de Repartição Simples, praticado no 
Brasil atualmente, atua de forma coletiva de modo que os trabalhadores ativos contribuem 
para os pagamentos dos inativos, fazendo jus ao princípio da solidariedade social. Vale 
destacar que este último modelo é de filiação compulsória e dispões de um teto, enquanto 
àquele, ainda em proposta, pode ser compulsória ou voluntária existindo a possibilidade de 
apostes. Ambos os modelos de previdência detêm adeptos e críticos. O modelo de 
capitalização visa que cata trabalhador ganhe, enquanto gozo de um benefício, sobre 
somente do que conseguiu dispor em sua conta privada de capitalização, o que na maioria 
das vezes tornaria o valor dos benefícios inferiores ao salário mínimo e comprometimento 
do bem-estar durante a velhice. Por outro lado, esse sistema fomentaria a criação de 
empregos e regularização de empregados, uma vez que não haveria a contribuição patronal 
sobre a folha de pagamento, realizada pelo empregador, desonerando substancialmente as 
empresas. Em tempos que a população idosa é inferior a pulação jovem o atual sistema é 
viável. Segundo o IBGE no ano de 2031 a população idosa irá ultrapassar a população 
jovem. Tal índice revela que o sistema de solidariedade ou repartição irá encontrar óbice, 
uma vez que, embora disponha de outras formas de arrecadação o modelo praticado tem 
como principal contribuinte o trabalhador ativo, aquele que contribui mensalmente, por 
meio das contribuições sociais. Ocorre ainda que, havendo possibilidade de migração do 
modelo previdenciário haveria uma evasão fiscal e imensa perda de receitas, visto que os 
atuais beneficiários careceriam de financiador, que pela legislação vigente, seria o próprio 
governo, com base no princípio previdenciário do Não-Retrocesso. Portanto, o atual cenário 
 
11Acadêmico do 9º período do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão UNISULMA/IESMA 
12Orientadora, Advogada, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional – Universidade de Taubaté – (UNITAU), 
Especialista em Direito e Processo do Trabalho (UNITEC), Especialista em Direito Civil (UNISUL) Pós graduanda em 
Direito Tributário (Damásio). Professora do curso de graduação em Direito da UNISULMA/ IESMA E-mail: 
francinenabhan@hotmail.com 
 
 26 
de beneficiários e contribuintes é oneroso para todos os que fazem parte do sistema, de 
modo que o trabalhador não se encontra satisfeito pela prestação de serviços disponibilizada 
pelo INSS, e os empregadores são onerados com inúmeros tributos. A responsabilidade 
social previdenciária, em suma não pode ser colada aos ombros do empregado, uma vez que 
cada lei deve ser aplicada de acordo com os parâmetros sociais para os quais foram criadas 
e a população brasileira não tem o hábito de prevenção. A metodologia utilizada, neste 
trabalho, será a pesquisa qualitativa com delineamento bibliográfico e nosso objetivo será 
apresentar um comparativo entre o Sistema de Capitalização Previdenciária e o Sistema de 
Repartição Simples. O fato é que, a aplicação de uma política previdenciária tão radical 
deve ocorrer de modo lento, atuando, primeiramente, no costume da população em poupar 
e, caso ocorra, é necessário que se busque acentuados impactos aos cofres públicos. Por 
outro lado, ainda é possível a reestruturação do atual modelo, com investimento em políticas 
de prevenção, fiscalização de sonegação de contribuições previdenciárias, corte de 
benefícios indevidos, alteração legislativa para redução de super-aposentadorias e cobranças 
de dívidas fiscais provenientes de apropriação indébita previdenciária. 
 
Palavras-chave: Princípios; Previdência Social; Garantias Constitucionais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
UMA ANÁLISE DA MATERNIDADE CARCERÁRIA COM BASE NA LEI N° 
13.769/2018 
Bruna Silva Alencar 13 
Hiane Karoline Moura Silva14 
Larissa Gomes Pinheiro15 
Letícia de Jesus16 
Resumo: 
O presente artigo tem por objetivo analisar a realidade do cárcere feminino no Brasil, a 
partir de uma análise histórica e sócio jurídica com enfoque na maternidade. Para tanto, 
utiliza-se a pesquisa bibliográfica e documental, analisando o sistema carcerário brasileiro, 
partindo de uma premissa geral para uma específica – a maternidade no cárcere, 
confirmando o método dedutivo. Assim, levantam-se as consequências de ser mãe dentro 
do presídio, principalmente no que concerne ao direito do menor, o qual acaba sendo 
submetido a uma privação de liberdade ou sendo furtado do convívio com a genitora 
mesmo quando esta não tem uma condenação definitiva transitada em julgado. Por essa 
razão, em decorrência de um número exacerbado de parturientes nessa situação, a Lei n° 
13.769/2018 surgiu com a finalidade de alterar o Código de Processo Penal e a Lei de 
Execução Penal e assegurar os direitos da mulher encarcerada, bem como de sua prole. 
 
Palavras-chave: Cárcere. Maternidade. Alteração. Privação de Liberdade. 
 
Abstract 
This article aims to analyze the reality of the women's prison in Brazil, based on a 
historical, sociological and legal analysis focused on motherhood. To this porpuse, it was 
used the bibliographic and documentary research, analyzing the Brazilian prison system, 
starting from a general premise to a specific one - maternity in prison, confirming the 
deductive method. Therefore, the consequences of being a mother within the prison are 
raised, especially with regard to the right of the child, who ends up being deprived of liberty 
or stolen from living with the parent even when she does not have a final conviction passed 
on trial. For that reason, due to an exacerbated number of parturients in this situation, the 
Law n ° 13.769/2018 arose in order to amend the Code of Criminal Procedure and the 
Penal Enforcement Act to guarantee the rights of the imprisoned women, well as your 
offspring. 
Key Words: Incarceration. Motherhood. Alteration. Deprivation of Liberty. 
 
Introdução 
 
 
13Acadêmico do 6º período do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão UNISULMA/IESMA 
14Acadêmico do 6º período do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão UNISULMA/IESMA 
15Acadêmico do 6º período do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão UNISULMA/IESMA 
16 Docente do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão UNISULMA/IESMA. Especialista 
em Direito Penal e Processo Penal. 
 
 
 28 
Ao longo da história a mulher vem sendo inferiorizada em vários âmbitos sociais, 
e no sistema carcerário não é diferente, tanto que de acordo com dados do INFOPEN 
apenas 7% dos presídios brasileiros são exclusivamente 
femininos, mesmoque seja a 4º maior população carcerária feminina do mundo, ficando 
atrás somente dos Estados Unidos, Rússia e China (INFOPEN, 2018). 
Não obstante, além da pouca atenção com presídios femininos, melhor ainda é a 
preocupação com mulheres mães e gestantes em situação de cárcere. Entretanto, com o 
intuito de modificar um pouco essa realidade, foi impetrado o Habeas Corpus nº 
143641/18 para se discutir um dos aspectos essenciais da mulher: a maternidade. 
Assim, considerando que a privação de liberdade em uma situação de fragilidade 
feminina deveria ser apenas depois da condenação definitiva e não em uma prisão 
provisória, o legislador brasileiro elaborou a Lei 13.769/2018 que modifica o Código de 
Processo Penal e a Lei de Execução Penal com o objetivo de melhorar as circunstâncias 
da mãe presa e seu filho. 
 
Metodologia 
A pesquisa tem por objetivo geral, portanto, analisar a realidade do cárcere 
feminino no Brasil, a partir de uma análise histórica e sócio jurídica, com enfoque na 
maternidade, com o intuito de perquirir se os direitos previstos na Lei de Execução Penal 
estão sendo cumpridos. Para tanto, utiliza-se a pesquisa bibliográfica e documental, 
analisando o sistema carcerário brasileiro, partindo de uma premissa geral para uma 
específica – a maternidade no cárcere, confirmando o método dedutivo. 
 
1 O Sistema Prisional no Brasil 
Atualmente muito se sabe sobre a precariedade do sistema prisional brasileiro, e de 
fato, é um tema muito abordado pelos noticiários, sites de informações, pesquisadores ou 
interessados em geral pelo assunto. A precariedade das políticas de encarceramento ou o 
encarceramento em massa é uma problemática visível de nossa sociedade, onde prender 
ou manter sob custódia é a “solução” mais viável para as autoridades que veem isso como 
 
 29 
uma forma rápida de resolver os problemas vindo das ruas para dentro das delegacias ou 
penitenciárias, enchendo, assim, o sistema carcerário. 
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Presos, disponível através do Banco 
Nacional de Monitoramento de Prisões, pesquisa mais recente feita pelo CNJ até o dia 6 
de agosto de 2018 o número de pessoas cadastradas no sistema eram de 602.217 (seiscentos 
e dois mil duzentos e dezessete) – aqui incluídas penas privativas de liberdade, prisões 
civis e internações como medidas de segurança, distribuídas em todas as unidades da 
federação. Dentre esses números, um total de 40,03% das pessoas privadas de liberdade 
estão sem condenação. 
Segundo afirma Beccaria (1764, p. 10): 
Por conseguinte, só a necessidade constrange os homens a ceder 
uma parte de sua liberdade; daí resulta que cada um só consente 
em pôr no depósito comum a menor porção possível dela, isto é, 
precisamente o que era preciso para empenhar os outros em 
mantê-lo na posse do resto. 
 
Em outros termos, o atual sistema penitenciário consiste no recolhimento do 
indivíduo da sociedade – aqui englobando todas as relações sociais dele, como família e 
amigos - para que, privando-o de sua liberdade, possa refletir sobre seus atos. Assim sendo, 
a pena adquire não apenas um caráter punitivo fisicamente, mas também com um teor 
psicológico, na tentativa de evitar que o criminoso não volte a delinquir. 
Nesse sentido, de acordo com os ensinamentos de Foucault (1987) a finalidade da 
prisão deixou de ser unicamente algo relacionado com a dor física e passou a assumir um 
novo papel, o de punição da alma. 
 
 A evolução histórica das penitenciárias femininas no Brasil. 
O registro da primeira penitenciária feminina no Brasil é a de Madre Pelletier, de 
Porto Alegre (RS), criada em 1937 por freiras da Igreja Católica – porque até então esse 
não era um problema do qual o Estado tinha conhecimento e interesse. Logo após, em São 
Paulo, surgiu um presídio feminino, em 1942, e no mesmo ano inaugurou-se o presídio 
feminino de Bangu, no Rio de Janeiro. 
Até a antecedente criação dessas penitenciárias, as presas eram mantidas – e até 
hoje são - em presídios mistos, onde evidentemente não representavam a maioria, nesse 
contexto da época, e dividiam as celas com os homens. 
De acordo com Queiroz (2015, p. 73), a criação específica da Penitenciária Madre 
Pelletier, não era o de ressocialização da presa, mas manter em cárcere mulheres que não 
estavam em sintonia com o modo de agir ou a maneira de ser mulher naquela época: 
Era uma casa destinada a criminosas, mas também a prostitutas, 
moradoras de rua e mulheres “desajustadas”. E “desajustadas”, 
naquela época, podia significar uma série de coisas muito 
distantes do desajuste. Eram mandadas para lá, por exemplo, 
mulheres “metidas a ter opinião”, moças que se recusavam a casar 
com os pretendentes escolhidos pelos pais ou até “encalhadas” 
 
 30 
que, por falta de destreza nas tarefas do lar, tinham dificuldades 
em arrumar marido. (QUEIROZ, 2015, p. 73) 
 
Contudo, quando as mulheres já não mais estavam totalmente sobre o controle 
religioso e começaram a cometer crimes de verdade, as freiras passaram a responsabilidade 
da penitenciária para a Secretaria de Justiça do Rio Grande do Sul, só que continuaram na 
direção por muitos anos, com resquícios sombrios. 
Sobre o tema: 
Durante a ditadura militar, em um pavilhão com quatro celas ao 
fundo da penitenciária, oculto por um matagal e uma gruta de 
Nossa Senhora de Fátima, esconderam presas políticas, que eram 
continuamente torturadas. Ninguém lembrava que havia mulheres 
presas e torturadas. Eram invisíveis. O fato só foi descoberto em 
2012, pelo Comitê de Memória e Verdade do Rio Grande do Sul, 
que coletou uma série de depoimentos e documentos. 
(QUEIROZ, 2015, p. 74) 
 
Atualmente o encarceramento feminino vem se tornando um dos mais caóticos 
pontos da crise de superlotação do sistema prisional, com cerca de 
42.355 mil mulheres presas, se apresentando como a quarta maior população carcerária 
feminina do mundo, representando um aumento de 656% em relação ao início dos anos 
2000, quando menos de 6 mil mulheres se encontram presas (INFOPEN, 2018). O estado 
de São Paulo é o que detém os maiores números, com cerca de 34,26% do total de mulheres 
privadas de liberdade. 
É evidente a distinção existente no sistema prisional para homens e mulheres, já que ele 
foi universalmente pensando apenas para classe masculina, deixando, assim, de atender as 
necessidades básicas delas, se tornando um ponto negativo. Dentro desse contexto, de 
acordo com o INFOPEN Mulheres 2018, cerca de 7% dos estabelecimentos prisionais são 
exclusivos para o público feminino e outros 16% são definidos como misto, ou seja, 
contam com celas ou alas determinadas para o encarceramento de mulheres dento de 
prisões destinadas ao sexo masculina. 
Mais o que leva a mulher ao caminho da prisão? Alguns dos fatores são a baixa 
escolaridade e o desemprego, a falta de oportunidades, de novos caminhos que as levem 
para longe da prática de atividades ilegais. Estes fatores influenciam diretamente, não só 
para o aumento de números, mas também para a criação de um padrão – que normalmente 
se formam por mulheres negras ou pardas, pobres, mãe solo ou que são obrigadas por seus 
parceiros que estão presos à enveredar para o caminho do crime, seja o de tráfico de drogas, 
roubo, furto, entre outros. 
 
2 A maternidade nos presídios: uma mulher, uma mãe, uma detenta. 
O cerceamento da liberdade feminina vai muito além da própria limitação de ir e 
vir, a começar por uma questão que historicamente e socialmente está ligada a ela que é a 
 
 31 
maternidade, a qual ganha novos contornos a partir do momento em que a mãe está 
encarcerada. 
Primeiro, uma mãe que passa a adentar o sistema penitenciário, que já teve que 
passar a responsabilidade da criação de seu filho para outrem, acaba passando por uma 
situação de desestruturação familiar, que pesa ainda mais quando ela é o único pilar de 
sustentação da família. Nesse sentido, cite-se relato de uma detenta à pesquisadora Queiroz 
(2015, p. 12): 
Eu não conheçomeus filhos. Eu sou assim: eles sabem que eu sou 
a mãe deles, mas praticamente sou uma desconhecida. Além de 
eu ter que me adaptar às coisas que eu perdi todo esse período que 
estive presa, eu tenho que aprender a conhecer os MEUS filhos. 
 
A segunda situação a ser destacada é a mulher que ao ser presa está grávida ou engravida 
dentro do cárcere. Tem-se, assim, duas vidas encarceradas, pois ainda que esteja em período 
gestacional, o nascituro vai deixar de ter todos os cuidados imprescindíveis para o pré e pós-
natal, considerando a realidade carcerária no Brasil. Em um dos relatos de uma detenta, 
explicita-se: 
Foi um nascimento prematuro, um parto rápido, e uma saída- 
relâmpago da sala — quase como se fosse um apêndice retirado. 
Não se deu ao luxo de descansar do esforço de nascer no colo da 
mãe. Não deixaram nem que Gardênia segurasse a filha. Só 
conseguiu, de relance, conferir que era menina, como havia 
anunciado a médica. “Até nisso é diferente a gente presa do que a 
gente solta. Solta, você pega seu filho, vê. E eu nem consegui 
olhar os dedos da mão e do pé, pra ver se não tava faltando 
nenhum”, ficou se repetindo. (QUEIROZ, 2015, p. 42) 
 
Dados do INFOPEN Mulheres 2018 revelam que cerca de 74% das mulheres no 
sistema prisional têm filhos. Entre essas 313 crianças estão entre a faixa etária de 0 meses 
a 1 ano de vida e 798 crianças têm entre 1 ano e mais de 3 anos de vida. Em igual período 
dos dados do INFOPEN Mulheres (março de 2018), o número de gestantes privadas de 
liberdade era de 317 e as lactantes 215, todas à mercê da sensibilidade do Estado, com a 
ajuda da família da mulher encarcerada e do pai dos seus filhos - se este se fizer presente, 
prestar o devido cuidado com sua vida e integridade física e mental. 
E a partir desses fatos mencionados, casos e números verdadeiros da rotina de nosso 
país, que se propõe a indagação sobre as condições na qual uma gestante/mãe é tratada 
dentro do cárcere brasileiro, sobre como as políticas públicas versam sobre tal assunto, 
sobre como a sociedade se porta diante de tais relatos. 
 
3 Alterações nas Leis especiais e suas contradições 
A história das mulheres nas prisões brasileiras ressalta a desigualdade material 
entre gênero que já se via exposta em outros âmbitos sociais, destacando assim a falta de 
interesse, até recentemente, do legislador brasileiro em criar medidas que reconhecessem 
 
 32 
as necessidades femininas dentro da prisão e que evitassem o encarceramento 
desnecessário. 
Nesse sentido, importante citar o texto do Ministro Ricardo Lewandowski na 
edição traduzida das Regras de Bangkok: 
As mulheres em situação de prisão têm demandas e necessidades 
muito específicas, o que não raro é agravado por históricos de 
violência familiar e condições como a maternidade, a 
nacionalidade estrangeira, a perda financeira ou o uso de drogas. 
Não é possível desprezar, nesse cenário, a distinção dos vínculos 
e relações familiares estabelecidos pelas mulheres, bem como 
sua forma de envolvimento com ocrime, quando comparados 
com a população masculina, o que repercute de forma direta as 
condições de encarceramento a que estão submetidas. 
Historicamente, a ótica masculina tem sido tomada como regra 
para o contexto prisional, com prevalência de serviços e políticas 
penais direcionados para homens, deixando em segundo plano as 
diversidades que compreendem a realidade prisional feminina, 
que se relacionam com sua raça e etnia, idade, deficiência, 
orientação sexual, identidade de gênero, nacionalidade, situação 
de gestação e maternidade, entre tantas outras nuanças. Há 
grande deficiência de dados e indicadores sobre o perfil de 
mulheres em privação de liberdade nos bancos de dados oficiais 
governamentais, o que contribui para a invisibilidade das 
necessidades dessas pessoas. (LAWANDOWSKI, 2016) (deu-se 
destaque) 
 
Na tentativa de modificar essa realidade que priva as mulheres de sua dignidade e 
não apenas de sua liberdade, o legislador cria no ordenamento jurídico nacional duas leis 
(Lei nº 11.942/2009 e 13.769/2018) que modificam o Código de Processo Penal e a Lei de 
Execução Penal somando-se aos tratados internacionais já ratificados no Brasil, como as 
Regras de Bangkok – “Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e 
medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras”, entre outros. 
A Lei nº 11.942/2009 acrescenta a possibilidade do acompanhamento médico à 
mulher e seu filho no pré-natal e pós-parto no art. 14, § 3º da LEP, levando a crer que 
apesar de ser assegurada assistência à saúde, tanto na Constituição Federal quanto no caput 
do artigo supracitado, fez-se necessário especificar a necessidade hospitalar materna, pois 
todo o sistema prisional (até as leis) foi criada pensando apenas nos homens, por causa do 
descaso do poder executivo nas condições básicas de saúde e vivencia de mães e filhos na 
prisão. 
E neste mesmo raciocínio temos os artigos 83, § 2° da LEP que impõe às 
penitenciárias femininas terem berçários para as condenadas (e presas temporárias) 
cuidarem de seus filhos, inclusive amamentá-los, por no mínimo 6 meses de idade. 
 
 33 
Entretanto, as pesquisas mostram que somente pouco mais da metade dos presídios 
brasileiros possuem seção própria para lactantes e gestantes. 
Com esses dados vêm outros questionamentos como, por exemplo, quais outras 
situações carcerárias agridem a dignidade da mulher-mãe encarcerada? Ao sair do 
presidio para cuidados médicos pré-natal ou pós-parto, ou até mesmo para o parto, a lei 
dita não ser necessário o uso de algemas, porém, os dados fornecidos pelo CNJ mostram 
que “20,6% dos estabelecimentos visitados não asseguram o cumprimento da Lei 
13.434/2017 (que veda o uso de algemas em mulheres grávidas durante o parto e em 
mulheres durante a fase de puerpério imediato).” 
Quando falamos em crianças acima dos 6 meses aumenta o descaso do poder 
público que não assegura o que determina o artigo 89 da LEP: 
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária 
de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de 
creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores 
de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança 
desamparada cuja responsável estiver presa 
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche 
referidas neste artigo 
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as 
diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades 
autônomas; e 
II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à 
criança e à sua responsável. 
 
Segundo a pesquisa já mencionada do CNJ “Nenhum estabelecimento visitado é 
dotado de creche para abrigar crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos 
desassistidas e desamparadas cuja responsável esteja presa.” Em outros termos, no caso 
concreto, as crianças são encaminhas a um parente próximo ou colocadas em abrigos, 
longe da mãe. Assim sendo, vale afirmar que esses foram os motivos que levaram a criação 
da Lei 13.769/2018 que visa diminuir o encarceramento em massa, principalmente prisões 
provisórias, de mulheres grávidas ou que sejam mãe ou ainda as únicas responsáveis por 
crianças ou pessoa portadora de deficiência. 
Ressalta-se que antes dessa Lei o legislador já trouxe a possibilidade de o juiz 
modificar a prisão preventiva pela domiciliar, com o marco legal da primeira infância, se 
a mulher for gestante ou mãe com filho menor de 12 anos. Todavia, ainda havia muita 
divergência entre as decisões judiciais no país, sendo necessário determinar a 
obrigatoriedade de critérios objetivos para a aplicação de prisão domiciliar nesses casos. 
Nesse contexto, o Habeas Corpus Coletivo nº 143.641/18 corroborou na criação de 
uma lei que alterou a Lei de Execução Penal nos casos de situações específicas para presas 
que são mães em condições de encarceramento, o que se verifica em tópico próprio para 
melhor compreensão do assunto. 
 Habeas Corpus Coletivo 143.641/18e Lei 13.769/2018 
 
 34 
Os estudos mostram que a primeira infância é um marco na formação da 
personalidade de uma criança, dessa forma, é vital um desenvolvimento pleno de todas as 
suas faculdades e convívio com a mãe sem “estresse tóxico” como é falado no livro Pela 
liberdade lançado pelo Programa do Instituto Alana e Coletivo de Advocacia em Direitos 
Humanos (CADhu): 
A permanência da gestante ou da criança com a mãe no cárcere, 
bem como a separação destas, prejudica severamente o 
desenvolvimento infantil e viola uma infinidade de direitos. Um 
dos principais fatores responsáveis por esse dano ao 
desenvolvimento infantil é o estresse tóxico, fruto de situações 
que envolvem um sofrimento grave, frequente, ou prolongado, no 
qual a crianças não têm o apoio adequado da mãe, pai ou 
cuidadores. No caso de crianças com mães encarceradas, o 
estresse tóxico decorre do ambiente prisional que não permite 
condições adequadas e dignas à criança, tanto pelas condições e 
funcionamento estruturais de um presídio, como em decorrência 
da situação precária que a mulher encarcerada vivência. Também 
nos casos de separação da mãe e consequente institucionalização 
infantil, o rompimento do vínculo gera estresse à criança e a falta 
de um laço emocional constante nas instituições de acolhimento 
também pode gerar significativos riscos para o seu 
desenvolvimento sadio. Estudos indicam que o estresse tóxico 
pode impactar negativamente a arquitetura cerebral e aumentar o 
risco de doenças físicas e mentais relacionadas ao estresse, 
levando ainda a efeitos danosos no aprendizado, no 
comportamento, e na saúde durante toda a vida. 
Para assegurar, portanto, o convívio e mesmo a dignidade humana da criança que 
tenha a mãe como única responsável pela criação do menor, impetrou-se um Habeas 
Corpus Coletivo de nº 143.641/18 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em favor 
dessas. Em sua decisão, o Ministro Lewandwski, então relator, decidiu determinar a 
substituição das mulheres que estavam presas preventivamente pela prisão domiciliar, 
desde que estivessem gestantes, puérperas ou fossem mães de crianças e/ou deficientes sob 
a sua guarda, com exceção daquelas que tivessem praticado o crime com violência ou grave 
ameada contra os próprios filhos. 
Além disso, a decisão foi estendida a adolescentes mães em cumprimento de 
medidas socioeducativas, concretizando garantias previstas pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA). 
É inegável, assim, a importância do Habeas Corpus nº 143.641 de 2018 para o 
sistema penitenciário feminino, pois trouxe grande inovação, dentre elas a ideia de que o 
cárcere não é lugar adequado a uma mulher grávida ou a crianças e que não pode submeter 
uma pessoa que juridicamente é considerada inocente, até uma sentença condenatória, a 
uma vivência indigna e perigosa à sua saúde e de seu filho dentro da prisão. 
 
 35 
Diante disso, o Habeas Corpus Coletivo se tornou a única solução viável de acesso 
à justiça desses grupos mais vulneráveis na sociedade do ponto de vista social e econômico, 
como aponta o Ministro Ricardo Lewandowski (relator dessa ação) em seu voto, tendo 
repercussão na vida de mais de 15 mil mulheres presas provisoriamente no Brasil segundo 
dados do Departamento Penitenciário Nacional (DPN). 
Em dados de 2018 o DPN informou que 426 mulheres tiveram a prisão domiciliar 
concedida. Após tal decisão histórica, coube determinar quais mulheres se encaixavam nos 
critérios. Nesse compasso, foi elaborada a Lei nº 13.769/2018 para determinar critérios 
objetivos com o intuito de assegurar tais direitos a mais mulheres. 
Assim sendo, o art. 2º da Lei supradita modificou o Código de Processo Penal, 
acrescentando o art. 318-A e B em sua estrutura, que passa a vigorar da seguinte forma: 
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que 
for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência 
será substituída por prisão domiciliar, desde que: 
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a 
pessoa; 
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. 
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A 
poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das 
medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. 
 
Desse modo, não se tem atualmente apenas uma decisão, um precedente da Corte 
Suprema do país para a concessão da prisão domiciliar nos casos acima expostos, tem-se 
um comando normativo, um texto de lei, portanto, de aplicação obrigatória, posto que é 
direito subjetivo da presa, quando preenchidos todos os requisitos legais, ter a sua pena 
preventiva substituída pela prisão domiciliar. 
A Lei nº 13.769/2018 também alterou a Lei de Execução Penal, acrescentando ao 
art. 112 os seguintes parágrafos: 
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável 
por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para 
progressão de regime são, cumulativamente: 
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a 
pessoa; 
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; 
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime 
anterior; 
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, 
comprovado pelo diretor do estabelecimento; 
V - não ter integrado organização criminosa. 
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará 
a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo.” (NR) 
Importante esclarecer, no entanto, que as condições estabelecidas em lei devem ser 
atendidas de forma cumulativa. Alguns doutrinadores ressaltam ainda pontos negativos na 
 
 36 
alteração, como a obrigatoriedade de ser primária (exigência que não existe nem na 
progressão de regime de crimes hediondos), a subjetividade do bom comportamento 
carcerário (a maternidade já é tratada como um meio de inferiorizar e julgar negativamente 
a mulher dentro do cárcere) e a exigência de prova de não participação em organização 
criminosa, condição preocupante já que atualmente 62% das mulheres são presas por 
tráfico de drogas. 
Entretanto, há pontos a serem comemorados, como, por exemplo, a progressão de 
regime em fração diferenciada. Explique-se. Como regra geral haverá a progressão de 
regime quando o réu cumprir alguns requisitos subjetivos, tais como o comportamento 
carcerário, bem como deverá cumprir 1/6 (um sexto da pena). Para os casos de mulheres, 
nas condições mencionadas no §3º, do art. 112, basta que cumpra 1/8 (um oitavo). 
Nos casos de crime hediondos ou equiparados, além do comportamento carcerário, 
o réu deve cumprir 2/5 (dois quintos) da pena quando for primário e 3/5 (três quintos) 
quando for reincidente. Entretanto, para mulheres, nas condições previstas na lei, aplica-
se também o mesmo percentual de 1/8 (um oitavo), já que a Lei nº 13.769/2018 alterou a 
redação do art. 2º, §2º da Lei de Crimes Hediondos: 
§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos 
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 
(dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três 
quintos), se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 
4º do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de 
Execução Penal). 
Portanto, apesar do avanço legislativo com o objetivo de proteger os direitos da 
mãe e da criança, ainda há muito que se discutir, pois a realidade dos presídios ainda não 
comporta em sua estrutura um acolhimento adequado. Por outro lado, cria-se uma 
“solução” paliativa, já que a regra seria o encarceramento nos termos do que preconiza a 
Lei de Execução Penal. Em outros termos, a possibilidade de prisão domiciliar, bem como 
a progressão de regime em patamar diferenciado, só atesta a ineficiência do Poder Público 
no encarceramento da mulher-mãe. 
 
4 As consequências jurídicas e sociais de ser uma mãe presidiária 
O cárcere brasileiro por si só já coloca presidiárias femininas em situações 
precárias, visto que ao longo da nossa evolução histórica não se pensou

Outros materiais