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1 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA E VENTILAÇÃO MECÂNICA Coordenação Pedagógica – IPEMIG 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------- 03 1. ESTRUTURA E FUNÇÃO PULMONAR ---------------------------------------------- 05 2. ANATOMIA DA CAIXA TORÁCICA --------------------------------------------------- 07 2.1. Músculos inspiratórios ----------------------------------- 09 2.2. Músculos expiratórios ------------------------------------ 11 3. COMPONENTES DA CAIXA TORÁCICA: ÓRGÃOS E FUNÇÕES ---------- 11 4. FISIOLOGIA DA CAIXA TORÁCICA: ARTICULAÇÕES E MOVIMENTOS 12 5. VENTILAÇÃO PULMONAR -------------------------------------------------------------- 14 6. DIFUSÃO DOS GASES -------------------------------------------------------------------- 16 7. PERFUSÃO PULMONAR------------------------------------------------------------------ 16 8. RELAÇÃO VENTILAÇÃO/PERFUSÃO ----------------------------------------------- 17 9. TRANSPORTE DOS GASES ------------------------------------------------------------ 18 10. VENTILAÇÂO MECÂNICA --------------------------------------------------------------- 19 10.1. Objetivos da ventilação mecânica ---------------------------------- 20 11. RECOMENDAÇÕES E INDICAÇÕES DO SUPORTE VENTILATÓRIO ------- 21 12. MÉTODOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ------------------------------------------- 22 13. CICLAGEM DOS VENTILADORES DE PRESSÃO POSITIVA ----------------- 23 13.1. Ventilação ciclada a volume ----------------------------------------------------- 24 13.2. Ventilação ciclada a fluxo (pressão de suporte) -------------------------- 25 13.3. Ventilação com relação inversa ------------------------------------------------ 26 13.4. Hipercapnia permissiva ---------------------------------------------------------- 27 13.5. Indicações da Ventilação Mecânica ------------------------------------------- 27 13.6. Parâmetros auxiliares para indicação de ventilação mecânica ----- 28 13.7. Estratégia inicial de uso ---------------------------------------------------------- 28 14. MONITORIZAÇÃO DE PACIENTE SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA ---- 29 15. COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À VENTILAÇÃO MECÂNICA ----- 31 16. SUPORTE VENTILATORIO NÃO INVASIVO ----------------------------------------- 35 17. DESMAME -------------------------------------------------------------------------------- 41 18. REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------- 42 3 INTRODUÇÃO Prezados alunos, Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Nesta primeira apostila introduzimos conceitos pertinentes à Fisiologia Respiratória e Ventilação Mecânica e discorreremos sobre o conhecimento a respeito dos fundamentos, objetivos, métodos e áreas da fisioterapia, com foco na otimização da capacidade funcional e no desenvolvimento de programas de prevenção e reabilitação, fornecendo embasamento para capacitar fisioterapeutas. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras 4 de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 5 1. ESTRUTURA E FUNÇÃO PULMONAR Fonte: www.mundoboaforma.com.br Os pulmões, direito e esquerdo, têm forma grosseiramente cônica com um ápice, uma base e três lados. Seu peso depende da quantidade de líquido presente, em média pesa 900 gramas na mulher e 1100 gramas no homem. O pulmão direito é ligeiramente maior que o esquerdo e é responsável por 55% da função pulmonar total. O pulmão direito apresenta três lobos (superior, médio e inferior) enquanto o pulmão esquerdo apresenta apenas dois (superior e inferior). Contudo, existe correspondência do lobo médio direito com a região do esquerdo chamada língula (figura 01). 6 Figura 01: Lobos pulmonares. Superior, Médio e Inferior à direita e Superior e Inferior à esquerda. Na cavidade torácica a pleura visceral é uma fina membrana de tecido conjuntivo-elástico que envolve os pulmões e suas reentrâncias de forma independente. A pleura parietal reveste toda a cavidade torácica em sua face interna. Em condições normais uma quantidade mínima de líquido, menos de 10 mililitros, está presente entre estas duas membranas. Este líquido é conhecido como líquido pleural. O líquido pleural é um ultrafiltrado do plasma, secretado por linfáticos da pleura parietal e absorvido por linfáticos da pleural visceral. A função principal do líquido pleural é lubrificar as superfícies do pulmão durante seu deslocamento nas fases inspiratória e expiratória. A traqueia é uma estrutura formada por anéis cartilaginosos incompletos em forma de “U”. Na sua parte livre a cartilagem é substituída por músculo liso. Seu epitélio é do tipo cilíndrico ciliado com inúmeras glândulas na submucosa e vasos. A traqueia se divide nos brônquios fontes principais direito e esquerdo. O brônquio principal direito é mais curto com apenas 2,5 centímetros e de calibre mais grosso quando comparado com o brônquio fonte esquerdo, praticamente é uma continuação da traqueia. O brônquio principal esquerdo é mais longo (5 centímetros) e estreito, apresenta um ângulo mais agudo com a 7 traqueia (figura 02) Figura 02: Divisões da traqueia, brônquios principais e lobares. Os brônquios fontes principais direito e esquerdo se dividem em brônquios lobares e estes em segmentares. A dicotomia irregular se segue em 23 gerações até os alvéolos. 2. ANATOMIA DA CAIXA TORÁCICA O tórax é um arcabouço hermético, expansível, não colapsável e em forma de cone, que armazena e protege os órgãos intratorácicos e oferece apoio às extremidades superiores. A caixa torácica é composta por 12 pares de costelas arranjados por múltiplas cartilagens sobre o esterno e as vértebras torácicas, juntamente com as clavículas (figura 03). 8 Figura 03: 12 pares de costelas e suas classificações. Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. A caixa torácica é composta pelos músculos peitoral maior e menor, subclávio, intercostais externos e internos, músculo subcostal, músculo transverso do tórax e o músculo oco axilartambém chamado de fossa axilar. Os ossos torácicos são cobertos por três grupos musculares, os primários - diafragma, intercostais internos e externos - e os secundários - esternocleidomastóideo, serrátil posterior e elevadores costais - para a respiração e aqueles que se anexam aos membros superiores do corpo, classificado como terceiro grupo - peitorais maior e menor, trapézio e grande dorsal. Os músculos respiratórios são constituídos por fibras estriadas, as quais apresentam diferentes distribuições em cada músculo. Por exemplo, o diafragma apresenta aproximadamente 55% de fibras do tipo I vermelhas (resistentes à fadiga); e 45% de fibras estriadas tipo II brancas (fatigáveis). Esses músculos trabalham vencendo cargas elásticas, que são as forças de retração dos pulmões e da caixa torácica, bem como as cargas resistivas das vias aéreas. A partir daí a VE pulmonar ocorre pela geração de pressão negativa com o tórax em expansão simultânea da caixa torácica, com uma 9 excursão diafragmática em sentido caudal. Os músculos da respiração podem ser classificados em duas categorias: músculos inspiratórios e expiratórios. a. Músculos inspiratórios São músculos que participam da fase inspiratória da respiração, eles podem ser principais ou acessórios. Na tabela 1 serão listados os músculos inspiratórios com sua classificação e suas respectivas funções. Tabela1. Músculos inspiratórios MÚSCULOS CLASSIFICAÇÃO FUNÇÕES Diafragma Principais É responsável por 70% do volume inspirado; quando o diafragma se contrai, o conteúdo abdominal é deslocado para baixo e para frente, aumentando o diâmetro cefalocaudal do tórax, movendo a caixa torácica como uma “alça de balde”; e a parte distal das costelas é elevada e gira para fora. Em repouso, o deslocamento 10 do diafragma é de aproximadamente 1cm, ao passo que na inspiração forçada pode chegar até 10cm. Intercostais externos Principais Estabilizadores da caixa torácica e desempenham papel importante na postura. Porção intercondral dos intercostais internos Principais Agem no esterno e no diafragma, atuando no tórax inferior e no abdome, garantindo a integridade da caixa torácica. Escalenos Principais Quando se contraem, elevam as costelas e o esterno, no movimento denominado de “braço de bomba”. Peitoral maior Acessórios - Peitoral menor Acessórios - Eretores da espinha Acessórios - Serrátil anterior Acessórios Abduz a escápula. 11 Esternocleidomastóideo Acessórios Realiza flexão, inclinação e rotação da cabeça; auxilia os escalenos b. Músculos expiratórios São músculos que participam da expiração forçada ou tosse, haja vista que a expiração acontece normalmente sem a utilização da musculatura por causa das propriedades elásticas e complacentes do pulmão, acarretando em uma expiração passiva. Na tabela 2 serão listados os músculos expiratórios e suas respectivas funções. Tabela 2. Músculos expiratórios MÚSCULOS FUNÇÃO Reto abdominal Oblíquo interno Oblíquo externo Transverso do abdominal Empurrar a parede abdominal para dentro, aumentando a pressão intra- abdominal Porção interóssea dos intercostais Internos Neutraliza a retração elástica dos pulmões e da caixa torácica. 3. COMPONENTES DA CAIXA TORÁCICA: ÓRGÃOS E FUNÇÕES A caixa torácica é uma importante estrutura corporal que tem como 12 principal função proteger órgãos vitais, como os pulmões e o coração. Os mesmos apresentam funções específicas, um garante o bombeamento do sangue por todo o corpo e o outro é o principal órgão do sistema respiratório. Para que haja o funcionamento correto do organismo, o sistema cardiovascular e o sistema respiratório atuam de forma interligada e trabalham em conjunto. Os pulmões são órgãos duplos localizados um de cada lado do tórax, na região interior da cavidade torácica. O coração fica apoiado sobre o diafragma, perto da linha média da cavidade torácica, no mediastino e cerca de 2/3 de massa cardíaca ficam à esquerda da linha média do corpo. Atua como uma bomba contrátil propulsora de sangue, auto ajustável, capaz de proporcionar pressão e sucção, atuando em conjunto com uma imensa rede de vasos sanguíneos para conduzir sangue a todas as partes do corpo humano. 4. FISIOLOGIA DA CAIXA TORÁCICA: ARTICULAÇÕES E MOVIMENTOS O tórax é constituído pelo esterno, costelas, cartilagens costais e vértebras torácicas. É limitado anteriormente pelo esterno, superiormente pela clavícula e inferiormente pelo diafragma. A cavidade torácica serve para fixar a coluna vertebral posteriormente e faz a fixação do esterno na parte anterior, além de proteger os órgãos internos. Há um total de 24 costelas, 12 em cada lado. As sete superiores são chamadas verdadeiras, fixando-se diretamente no esterno, em sua parte anterior. Da 8ª à 10ª, são chamadas de falsas-costelas, porque se fixam indiretamente ao esterno através da cartilagem costal da 7ª costela, enquanto a 11ª e a 12ª são chamadas flutuantes por não apresentam fixações anteriores. A variação dos diâmetros transversais das costelas verdadeiras é explicada da seguinte maneira: quando o movimento do esterno chega ao seu limite, a porção média do corpo das costelas é elevada e, portanto, o ângulo condrocostal é aberto, aumentando o diâmetro transversal. As costelas articulam-se com as vertebras, principalmente, em duas áreas: corpos das vértebras e processo transverso. Estas articulações são chamadas articulações costovertebrais. O movimento dessa articulação produz 13 durante a inspiração o aumento do diâmetro do tórax e sua diminuição durante a expiração. A articulação da cabeça das costelas é do tipo sinovial plana que se faz entre cabeça de uma costela típica com as fóveas costais das margens contíguas das vértebras torácicas e seus discos intervertebrais. A segunda costela se articula com a primeira e com a segunda vértebra torácica, a terceira costela se articula com a segunda e com terceira vértebra torácica e assim sucessivamente. As exceções se encontram na primeira, décima, décima primeira e décima segunda costela. Elas se articulam, cada uma, com uma única vértebra de mesmo número. Os ligamentos presentes nessas articulações são os ligamentos radiado e intra-articular. A articulação entre o tubérculo da costela e a fóvea costal do processo transverso de sua própria vértebra torácica denomina-se articulação costotransversária. Os ligamentos presentes nessa articulação são: ligamento costotransversário superior; ligamento costotransversário posterior; ligamento do colo da costela e ligamento do tubérculo da costela. Articulações costocondrais são as articulações entre as costelas e suas cartilagens costais e são classificadas em anfiartrose do tipo sincondrose. Articulações Intercondrais são articulações sinoviais planas, possuem cavidade sinovial envolvida por cápsula articular reforçada lateralmente pelos ligamentos intercondrais. Presente entre as margens adjacentes da sexta cartilagem e sétima, sétima e oitava; e oitava e nona. A articulação entre a nona costela e a décima é fibrosa. Por último temos as articulações do esterno, são elas: Articulação manúbrioesternal: o manúbrio e o corpo do esterno situam- se em planos ligeiramente diferentes, portanto, quando se articulam formam um ângulo denominado ângulo do esterno ou ângulo de Louis. É uma anfiartrose do tipo sínfise, pois possui fibrocartilagem unindo os dois ossos. Articulação xifoesternal: Entre o processo xifóide e o corpo do esterno, é uma articulação cartilagínea que está normalmente ossificada por volta dos cinquenta anos de idade. Articulações esternocostais: são sinoviais (diartroses)planas, 14 apresentando todas as características de uma articulação sinovial com uma exceção: a cartilagem da primeira costela está diretamente unida ao esterno e se trata de uma sincondrose. Os ligamentos presentes nessas articulações são: ligamentos esternocostais radiados, ligamento esternocostal intra-articular e ligamento costoxifoideo. 5. VENTILAÇÃO PULMONAR A respiração tem por objetivo fornecer oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono. Considerando-se esta função, a respiração pode ser dividida em quatro eventos principais: (1) ventilação pulmonar, que se refere a entrada e saída de ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares, (2) difusão de oxigênio e de dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue, (3) transporte de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue e nos líquidos corporais, para e das células, e (4) regulação da ventilação e de outros aspectos da respiração. Os pulmões podem sofrer expansão e retração por duas maneiras: (1) pelos movimentos do diafragma para baixo e para cima, a fim de aumentar ou diminuir a altura da cavidade torácica, e (2) pela elevação e abaixamento das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro ântero-posterior da cavidade torácica. A respiração normal é efetuada quase inteiramente pelo primeiro desses dois métodos, isto é, pelo movimento do diafragma. Durante a inspiração, a contração do diafragma traciona as superfícies inferiores dos pulmões para baixo. A seguir, durante a expiração, o diafragma simplesmente se relaxa, e é a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais que comprime os pulmões. Durante a respiração intensa, as forças elásticas não são ricas o suficiente para causar a expiração rápida necessária, de modo que a força adicional necessária é obtida principalmente pela contração dos músculos abdominais, que força o conteúdo abdominal para cima, contra a parte inferior do diafragma. O segundo método para expandir os pulmões é efetuado pela elevação 15 da caixa torácica. Esse processo determina a expansão dos pulmões, visto que, na posição natural de repouso, as costelas estão voltadas para baixo, permitindo ao esterno inclinar-se para trás, em direção à coluna vertebral. Quando a caixa torácica é elevada, as costelas se projetam quase direta- mente para a frente, de modo que o esterno também passa a se mover para frente, afastando-se da coluna; em consequência, a espessura ântero-posterior do tórax passa a ser cerca de 20% maior durante a inspiração máxima do que durante a expiração. Por conseguinte, os músculos que elevam a caixa torácica são classificados como músculos da inspiração, enquanto os que abaixam a caixa torácica são conhecidos como músculos da expiração. Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os intercostais externos; entretanto, outros músculos que também participam do processo incluem: (1) os músculos esternodeidomastóides, que elevam o esterno; (2) os serráteis anteriores, que elevam muitas das costelas; e (3) os escalenos, que elevam as duas primeiras costelas. Os músculos que tracionam a caixa torácica para baixo durante a expiração são: (1) os retos abdominais, que têm o poderoso efeito de tracionar as costelas inferiores para baixo, ao mesmo tempo que, juntamente com os outros músculos abdominais, comprimem o conteúdo abdominal para cima, contra o diafragma, e (2) os intercostais internos. O pulmão é uma estrutura elástica que sofre colapso à semelhança de um balão e expele todo seu ar pela traqueia toda vez que não houver uma força para mantê-lo insuflado. Além disso, não existe qualquer inserção entre o pulmão e a parede da caixa torácica, exceto no local em que é suspenso no hilo, do mediastino. Com efeito, o pulmão literalmente flutua na caixa torácica, circundado por uma camada muito delgada de líquido pleural, que lubrifica os movimentos dos pulmões no interior da cavidade. Além disso, o bombeamento contínuo desse líquido para os canais linfáticos mantém leve sucção entre a superfície visceral da pleura pulmonar e a superfície pleural parietal da cavidade torácica. Os dois pulmões aderem à parede torácica como se estivessem colados, embora possam deslizar livremente, quando bem lubrificados, à medida que o tórax se expande e se retrai. 16 6. DIFUSÃO DOS GASES A hematose ocorre no ácino respiratório, que de forma simplificada, consta da difusão do O2 e CO2 pela barreira alvéolo-capilar, em sentidos opostos. Essa hematose depende de alguns fatores que estão descritos pela Lei de Fick: “a quantidade de gás transferida através de uma barreira tecidual é proporcional a sua área, a uma constante de difusão e à diferença de pressão parcial, e é inversamente proporcional à espessura. A constante é proporcional à solubilidade do gás, mas inversamente proporcional à raiz quadrada de seu peso molecular. ” A difusão de um gás depende de quanto maior for a sua concentração, quanto maior for a área do alvéolo e do capilar, da espessura da parede alvéolo-capilar e da velocidade de transferência desse gás (cada gás tem um índice de solubilidade) ou seja, quão mais fácil e rápido esse gás se difunde. A difusão de um gás ocorre quando existe movimento das moléculas de uma área na qual o gás exerce uma elevada pressão parcial para outra de baixa pressão parcial. A difusão dos gases através da membrana alvéolo-capilar fica na dependência da lei de Fick. Esta lei estabelece que a velocidade de transferência de um gás através de uma membrana permeável ao gás é proporcional à área desta membrana e ao gradiente de pressão parcial deste gás entre os lados. Estabelece também que é inversamente proporcional à espessura desta membrana. 7. PERFUSÃO PULMONAR 17 A perfusão é a passagem do sangue pelo capilar pulmonar, carreando o oxigênio para nutrição tecidual. Ela depende do débito cardíaco, da frequência cardíaca, do retorno venoso e da resistência vascular periférica. A ventilação pulmonar e a perfusão são desiguais nos pulmões. A ventilação depende das posturas adotadas pelos indivíduos, depende da ação da gravidade ou de patologias pulmonares associadas, que podem reduzir a capacidade da ventilação. Existe uma inter-relação direta entre a ventilação e a perfusão. O resultado da relação ventilação/perfusão (V/Q) fisiológico é igual a 0,8. Em análises obtiveram que há uma relação melhor nas bases pulmonares. Na prática, o desequilíbrio desta relação gera uma hipoxemia no indivíduo, em algumas situações como: efeito shunt e efeito espaço morto. O efeito shunt trata-se de um capilar perfundido, mas sem ventilação pulmonar, ou seja, há sangue em contato com os alvéolos, mas por algum motivo, o ar não está chegando aos mesmos. A outra situação é o efeito espaço morto, no qual o alvéolo está sendo ventilado, mas não há perfusão adequada no capilar alveolar. 8. RELAÇÃO VENTILAÇÃO/PERFUSÃO O movimento de ar até a partir da interface sangue-gás, a difusão de gás através dela, e o movimento do sangue até e a partir da barreira. O desequilíbrio entre a ventilação e a perfusão é responsável pela maioria das trocas gasosas defeituosas nas doenças pulmonares. O nível da PO2 alveolar é determinado por um balanço entre a velocidade de remoção do O2 pelo sangue, que é ajustada pelas demandas metabólicas dos tecidos e a velocidade de reposição do O2 pela ventilação alveolar. Assim, se a ventilação alveolar for anormalmente baixa, a PO2 alveolar cai (WEST, 1996). 18 A PCO2 eleva-se, isto é conhecido como hipoventilação. As causas de hipoventilação incluem drogas como a morfina e os barbitúricos, que deprimem o estímulo central para os músculos respiratórios, lesão da parede torácica ou paralisia dos músculos respiratórios, em uma alta resistência. Em condiçõesnormais a diferença de PCO2 entre o gás alveolar e o sangue capilar final resultando de difusão incompleta é imensuravelmente pequena, a diferença pode torna-se maior quando uma mistura pobre em O2, é inspirada ou a barreira sangue-gás é espessada. Uma outra razão pela qual a PCO2 do sangue arterial é menor do que aquele no gás alveolar é o sangue desviado (shuntado). Shunt designa o sangue que entra no sistema arterial sem passar através de áreas ventiladas do pulmão (WEST, 1996). Na relação ventilação-perfusão, consideramos três causas de hipoxemia: a hipoventilação, difusão e shunt. A concentração de O2, ou a melhor, a PO2, em qualquer unidade pulmonar é determinada pela relação entre a ventilação e o fluxo sanguíneo; e não apenas O2 mas CO2 N2 e qualquer outro gás que esteja presente em condições de estado constante. Esta é a razão pela qual a relação ventilação-perfusão desempenha um papel chave na troca gasosa pulmonar. 9. TRANSPORTE DOS GASES O transporte de oxigênio dos pulmões até os tecidos é simples, ocorrendo apenas de dois modos: dissolvido no plasma ou ligado à hemoglobina. O oxigênio é transportado pela hemoglobina, uma metaloproteína constituída de ferro, que está presente nas hemácias (glóbulos vermelhos). O oxigênio dentro dos alvéolos pulmonares difunde-se até os capilares sanguíneos penetrando nas hemácias, onde se liga com a hemoglobina, sendo https://www.infoescola.com/sangue/hemoglobina/ https://www.infoescola.com/sangue/hemacias/ https://www.infoescola.com/sangue/hemacias/ https://www.infoescola.com/sangue/hemacias/ https://www.infoescola.com/sistema-circulatorio/capilar-sanguineo/ https://www.infoescola.com/sistema-circulatorio/capilar-sanguineo/ 19 o gás carbônico jogado para fora. Este processo denomina-se hematose. O processo nos tecidos acontece quando o gás oxigênio desliga-se das moléculas de hemoglobina sendo difundido pelo líquido tissular chegando até as células. As células liberam o gás carbônico que reage com a água formando o ácido carbônico que logo é difundido no plasma do sangue. O oxigênio dissolvido no plasma obedece à lei de Henry que estabelece que a concentração de um gás dissolvida em um líquido é diretamente proporcional a sua pressão parcial, a determinada temperatura. A quantidade dissolvida no plasma de oxigênio é proporcional à pressão parcial deste. 10. VENTILAÇÂO MECÂNICA Fonte: www.fisioterapia.com https://www.infoescola.com/quimica/acido-carbonico/ 20 Antes, utilizada somente em procedimentos de emergência em reanimação ou em última instância no tratamento do paciente crítico, hoje a ventilação pulmonar mecânica é um método de suporte respiratório ao paciente, podendo ser utilizada até mesmo preventivamente (VNI) porém, não constituindo uma terapia curativa. Ventiladores de várias gerações ainda são utilizados nas UTIs do Brasil. Desde ventiladores de 1ª geração (como o consagrado Bird Mark-7) até os microprocessados de 3ª geração. Modalidades foram desenvolvidas, e hoje temos em nossas mãos terapias menos agressivas ao paciente e ao mesmo tempo mais eficientes. Porém, o emprego da ventilação mecânica implica riscos próprios, devendo sua indicação ser prudente e criteriosa, e sua aplicação cercada por cuidados específicos. Objetivos da ventilação mecânica Objetivos Fisiológicos Manter ou modificar a troca gasosa pulmonar; Ventilação Alveolar (PaCO2 e pH); O suporte ventilatório tem como objetivo intervir na ventilação alveolar. Em certas circunstâncias, o objetivo pode ser aumentar a ventilação alveolar (hiperventilação para reduzir a pressão intracraniana) ou reduzir a ventilação alveolar de maneira controlada (hipercapnia permissiva); porém, o objetivo usualmente adotado é normalizar a ventilação alveolar. Oxigenação Arterial (PaO2, SaO2 e CaO2); O objetivo é atingir e manter valores aceitáveis de oxigenação arterial (PaO2 > 60 mmHg, SaO2 > 90%). A oferta de oxigênio aos tecidos (D’O2) deve ser considerada, corrigindo fatores como o conteúdo arterial de oxigênio (hemoglobina) e o débito cardíaco. 21 Aumentar o volume pulmonar; Insuflação pulmonar inspiratória final; Visa prevenir ou tratar atelectasia; Otimizar a Capacidade Residual Funcional (CRF); Utilizar a PEEP em situações em que a redução na CRF pode ser prejudicial (redução da PaO2, maior injúria pulmonar), como na SARA e em pós-operatório com dor; Reduzir o trabalho muscular respiratório. Objetivos Clínicos Reverter hipoxemia: aumentando a ventilação alveolar, aumentando o volume pulmonar, diminuindo o consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio; Reverter a acidose respiratória aguda; C - Reduzir o desconforto respiratório; Prevenir ou reverter atelectasias; Reverter fadiga dos músculos respiratórios; Permitir sedação, anestesia ou uso de bloqueadores neuromusculares; Reduzir consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico; Reduzir pressão intracraniana; I - Estabilizar parede torácica; 11. RECOMENDAÇÕES E INDICAÇÕES DO SUPORTE VENTILATÓRIO Importância da conceituação mais ampla de insuficiência respiratória (considerando a oxigenação tecidual) para que o paciente seja abordado amplamente. Na indicação, considerar a evolução das manifestações clínicas e da monitoração dos parâmetros fisiológicos. A ventilação mecânica deve ser precoce e essencialmente baseada nas 22 manifestações clínicas do paciente. Os parâmetros considerados de maior aplicabilidade e os indicadores da falência ventilatória são PaO2, PaCO2, P(A-a)O2 e PaO2/FIO2. Indicações da ventilação mecânica: IRpA já estabelecida, decorrente de alterações da função pulmonar: da mecânica ventilatória; da troca gasosa. Profilática: Consequente às condições clínicas que podem potencialmente levar à insuficiência respiratória. Exemplo: pós-operatório. Disfunção em outros órgãos e sistemas: Exemplo: choque, hipertensão intracraniana. 12. MÉTODOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA Como métodos de ventilação mecânica devemos entender todo e qualquer método de suporte ventilatório capaz de prover, com o menor dano e custo possível, a melhor ventilação e oxigenação capazes de suprir a demanda do paciente. Os métodos de suporte ventilatório mais praticados na rotina assistencial e, por isso, considerados convencionais, são os seguintes: Ventilação com pressão positiva intermitente, assistida e/ou controlada, ciclada a volume ou pressão (IPPV); Ventilação a pressão controlada (PCV); Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV); Ventilação com suporte pressórico (PSV); Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP); Associações: SIMV + PSV, PSV + CPAP, SIMV + CPAP. Assim, temos como técnicas essenciais de suporte ventilatório aquelas que têm demonstrado melhorar a condução das insuficiências respiratórias, principalmente na SARA, isto é, as técnicas de suporte ventilatório total ou parcial, com respiradores de pressão positiva ciclados a tempo, pressão, volume ou fluxo, PEEP, CPAP, SIMV, suas associações, PCV, VAPSV 23 (ventilação com suporte pressórico e volume garantido). Técnicas que ainda não se tornaram convencionais, mas tem seguidores e indicações, também devem ser consideradas como recursos de suporte ventilatório. Entre elas estão a hipercapnia permissiva, a relação I:E invertida, a ventilação com jatos de alta frequência e a ventilação com liberação de pressão em vias aéreas. 13. CICLAGEM DOS VENTILADORES DE PRESSÃO POSITIVA São classificados em quatro modalidades de acordo com o término da inspiração: Ciclados a Tempo A inspiração termina após um tempo inspiratório predeterminado. A quantidade de gás ofertada e a pressão das vias aéreas vão variar, a cada respiração, dependendo dasmodificações da mecânica pulmonar. São ventiladores também utilizados em domicílio. A ventilação a pressão controlada (PCV) é diferente neste modo, pois o fluxo desacelerado proporciona uma pressão constante durante a inspiração, reduzindo os riscos de barotrauma. Isso possibilita aumentar o tempo inspiratório, permitindo inverter a relação I:E. Ciclados a Pressão A inspiração cessa quando é alcançada a pressão máxima predeterminada. Os volumes oferecidos variarão de acordo com as mudanças da mecânica pulmonar. A ventilação-minuto não é garantida. Ciclados a Volume A inspiração termina após se completar um volume corrente 24 predeterminado. Ciclados a Fluxo A inspiração termina quando determinado fluxo é alcançado. A ventilação por pressão de suporte é um exemplo. Neste caso, uma pressão predeterminada em via aérea é aplicada ao paciente, o respirador cicla assim que o fluxo inspiratório diminui e alcança um percentual predeterminado de seu valor de pico (normalmente 25%). 13.1. Ventilação ciclada a volume Ventilação Controlada Na ventilação controlada, o volume-minuto é completamente dependente da frequência e do volume corrente do respirador. Nenhum esforço respiratório do paciente irá contribuir para o volume-minuto. Entre suas indicações estão os pacientes que não conseguem realizar esforço respiratório (traumatismo raquimedular, depressão do SNC por drogas, bloqueio neuromuscular). A combinação de ventilação controlada e bloqueio neuromuscular possibilita a redução do consumo de oxigênio, sendo frequentemente empregada em pacientes com SARA. Adicionalmente, esta combinação, especialmente quando associada à hipercapnia permissiva, é utilizada para a redução do volutrauma em pacientes com SARA e, também, para a diminuição do barotrauma em asmáticos difíceis de ventilar. Ventilação Assisto-Controlada No modo assisto-controlado, o ventilador “percebe” o esforço inspiratório do paciente e “responde” oferecendo-lhe um volume corrente predeterminado. Esse esforço inspiratório deve ser o necessário para vencer o limiar de 25 sensibilidade da válvula de demanda do ventilador, desencadeando, a partir daí a liberação do volume corrente. Assim, o paciente “trabalha” para ciclar o respirador realizar a inspiração Na presença de auto-PEEP aumenta- se o trabalho respiratório proporcional à quantidade de auto-PEEP presente. Um modo controlado de back-up de freqüência é necessário para prevenir hipoventilação. Ventilação Mandatória Intermitente (IMV, SIMV) Na ventilação mandatória intermitente (IMV-SIMV), o grau de suporte ventilatório é determinado pela freqüência do IMV. A intervalos regulares, o respirador libera um volume previamente determinado. Fora destes ciclos, o paciente respira espontaneamente através do circuito do ventilador, portanto, com freqüência e volume corrente que variarão de acordo com a necessidade e capacidade individuais. A SIMV representa a sincronização com o movimento inspiratório; essa modificação, entretanto, cria a necessidade de uma modalidade de “disparo”, seja uma válvula de demanda ou um mecanismo de flow-by. Ambas as situações aumentam o trabalho respiratório. São vantagens do SIMV em relação à ventilação assisto-controlada: Melhor sincronismo com o ventilador; Menor necessidade de sedação; Menor tendência a alcalose respiratória; Menor pressão média de vias aéreas, com redução dos riscos de barotrauma e comprometimento hemodinâmico, especialmente na vigência de PEEP; Manutenção da resistência muscular possibilitada pela respiração espontânea. 13.2. Ventilação ciclada a fluxo (pressão de suporte) Modalidade ciclada a fluxo, em que, uma vez disparada pela válvula de 26 demanda, uma pressão predeterminada é mantida até que caia o fluxo inspiratório do paciente, habitualmente 25% do seu valor máximo. Tende a ser muito confortável, uma vez que o paciente detém o controle sobre o ciclo respiratório. Pode ser adicionada ao suporte ventilatório total ou parcial (SIMV), vencendo a resistência do tubo e do circuito durante a respiração espontânea. A resistência ao tubo endotraqueal é função do diâmetro do tubo e do fluxo inspiratório. Valores superiores a 10 cmH2O podem ser necessários para vencer esta resistência, particularmente naqueles tubos de menor calibre (7 mm ou inferior) ou em pacientes com DPOC. Sua aplicação possibilita o aumento do volume corrente e a redução da frequência respiratória. O suporte ventilatório total exige altos valores de pressão de suporte (27 ± 5 cmH2O). Valores baixos aumentam o risco de colabamento alveolar. A monitorização cuidadosa é necessária, uma vez que nem volume corrente ou minuto são garantidos por esta modalidade. A PSV pode ser mal tolerada em pacientes com alta resistência de vias aéreas. O seu uso em pacientes com DPOC não diminui a auto-PEEP, a qual, por aumentar o trabalho respiratório, pode inviabilizar o uso de PSV nestes pacientes. Assim como ocorre na ventilação A/C e SIMV, pode ocorrer assincronia durante o uso de PSV na modalidade total de assistência ventilatória. No momento, a PSV não constitui uma modalidade adequada para a abordagem da insuficiência respiratória aguda, entretanto, esforços têm sido feitos para contornar estes problemas, para que a PSV possa ser utilizada em maior escala no futuro (ventilação assistida proporcional e PSV com volume garantido). PEEP define-se como sendo a manutenção da pressão alveolar acima da pressão atmosférica ao final da expiração. 13.3. Ventilação com relação inversa Na faixa etária pediátrica, os estudos prospectivos, randomizados e controlados não demostraram diminuição da morbidade e da mortalidade com o uso da relação inversa. Poderia ser utilizada nas condições caracterizadas por diminuição da 27 complacência (SARA), com hipoxemia refratária (SaO2 < 85%), apesar do uso de FIO2 > 0,8 e PEEP > 15 cmH2O. 13.4. Hipercapnia permissiva Recomenda-se hipercapnia permissiva na obstrução grave das vias aéreas inferiores (asma, bronquiolite), não- responsivas ao modo convencional de ventilação. Recomenda-se nas doenças pulmonares com diminuição da complacência (SARA) que necessitam de PIP > 30 a 35 cmH2O e FIO2 > 0,6. É contraindicada nos pacientes com risco de hipertensão intracraniana, nas arritmias cardíacas graves e na hipertensão arterial grave. Os níveis aceitáveis do pH sanguíneo devem situar-se acima de 7,1. 13.5. Indicações da Ventilação Mecânica Mudança do paradigma in extremis traduzida pela morte da maioria, para situação atual, na qual o suporte ventilatório constitui em importante e indispensável método para a recuperação do paciente grave sendo utilizado inclusive de forma preventiva. 28 13.6. Parâmetros auxiliares para indicação de ventilação mecânica Este valor da FR não se aplica em pacientes pediátricos. 13.7. Estratégia inicial de uso A modalidade inicial da ventilação mecânica deve ser preferencialmente assitido-controlada. Os parâmetros deverão ser ajustados inicialmente como protocolo a seguir: FiO2 : 100%. (Recomenda-se que no início do suporte ventilatório seja ofertado o valor máximo de concentração de oxigênio, que posteriormente deverá ser adequado de acordo com o quadro do paciente, reduzindo a FiO2 mais segura, em torno de 50% objetivando uma concentração de O2 suficiente para manter uma SpO2 > 90%.). Frequência respiratória:8 a 12irpm (o valor estabelecido após os primeiros momentos de suporte ventilatório deverá estar de acordo com parâmetros como a PaCO2 e pH desejados podendo variar e chegar a níveis de até 20 irpm. Porém deve-se tomar cuidados para com o desenvolvimento de auto-PEEP em altas freqüências). Volume corrente: 8 - 10ml / kg (valores baseados em 10ml/Kg geralmente29 são satisfatórios, porém variações de acordo com determinados quadros são necessárias. Em SARA, por exemplo, não raro é necessário basearmos o volume corrente em 5ml/Kg e em quadros de pulmões mais estáveis poderemos chegar a volumes baseados em até 12ml/Kg. É prudente, além de calcular-se adequadamente o VC, evitando que a Pins ultrapasse 35cmH2O como padrão de segurança inicial). Fluxo inspiratório:40-60l/min ou manter a relação I/E desejada (Nos ciclos controlados, um fluxo entre 40 e 60l/min geralmente é suficiente, podendo chegar a níveis de até 90l/min. A relação I:E adequada (normal) é de 1:1,5 a 1:2 com tempo inspiratório de 0,8 a 1,2 s. Em pacientes obstrutivos recomenda-se uma relação I:E < 1:3. Em quadros de hipoxemia grave podemos usar esta relação invertida. Recomenda-se 3:1). PEEP: 5 cmH2O (Iniciando a ventilação com PEEP em torno de 5cmH2O, recomenda-se aumenta-la progressivamente objetivando manter uma SpO2 satisfatória (>90%). A monitorização hemodinâmica é recomendada após 15cmH2O. Sensibilidade: 1 cmH2O (o consenso recomenda valores de 0,5 a 2,0cmH2O. O valor estipulado aqui é um valor médio e seguro, porém pode ser ajustado de acordo com o quadro do paciente em questão. Existem ventiladores que oferecem variações de até 10cmH20 de sensibilidade de disparo.) Os ajustes posteriores dependerão das condições do paciente* 14. MONITORIZAÇÃO DE PACIENTE SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA Todos os pacientes necessitam de contínua monitorização da oxigenação/saturação, o que é possível através da oximetria de pulso. A gasometria arterial com a medida direta da PaO2 é o método-padrão de 30 avaliação da oxigenação sangüínea. Para sua melhor caracterização, o dado mais simples e rápido consiste na relação PaO2/ FIO2. O número de gasometrias necessárias depende das condições de cada paciente e das manipulações que forem feitas no respirador, não existindo qualquer rotina recomendada. Entretanto, opina-se que ao menos uma gasometria por dia deva ser realizada. Quando o paciente estiver sob FiO2 de 1,0, o cálculo de outros parâmetros, como P(A-a)O2 e fração shunt (Q’s/Q’t), pode ser útil na avaliação, não sendo, no entanto, recomendado como rotina. Na avaliação da ventilação alveolar, utiliza-se diretamente a PaCO2, obtida através da gasometria arterial, associada aos dados de volume corrente e freqüência respiratória (volume-minuto — VE). VE1 x (PaCO2)1 = VE2 x (PaCO2)2. A capnometria acoplada à capnografia é uma técnica bastante útil, devendo ser aplicada sempre que possível, especialmente em pacientes neurológicos ou com hipercapnia. Recomenda-se que se disponha de, ao menos, um capnógrafo por unidade de serviço. A obtenção dos dados de mecânica respiratória é extremamente útil; para tanto, é preciso ventilar em volume controlado, com fluxo constante (forma de onda quadrada) e com pausa inspiratória de pelo menos dois segundos. Assim, é possível a obtenção dos valores de complacência e resistência do sistema respiratório. Recomenda-se sua medida em todo paciente sob ventilação mecânica, desde que não se faça indispensável a sedação adicional apenas para este fim, no paciente estável, com perspectiva de descontinuação da ventilação. Nos casos em que a sedação adicional for imprescindível para estas medidas, a situação clínica e a experiência dos assistentes devem determinar a propriedade da sua realização, assim como a sua periodicidade É recomendada a medida da auto-PEEP, principalmente nos pacientes obstrutivos (resistência de vias aéreas elevada). Pela quantidade de informações obtidas com a análise das curvas de Pva, VT e VI’, sugere-se que se usem monitores gráficos acoplados aos ventiladores. Todo paciente sob VM deve ser submetido à radiografia de tórax 31 diariamente. Assim, a ficha de avaliação dos pacientes submetidos à VM deve conter os seguintes dados, quando uma gasometria for colhida, para podermos otimizar ao máximo a monitorização dos parâmetros respiratórios: FIO2; Frequência respiratória; Volume corrente; Modo ventilatório; Pico de pressão inspiratória; Pressão de platô; PEEP e auto-PEEP; Fluxo inspiratório; Hemoglobina; Gasometria; 15. COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À VENTILAÇÃO MECÂNICA A aplicação de suporte ventilatório mecânico requer alguns cuidados. Apesar dos benefícios, o mesmo não é isento de complicações, as quais, podem ser altamente lesivas ao indivíduo. A instituição de ventilação mecânica em qualquer paciente altera a mecânica pulmonar e a função respiratória, podendo, além de afetar outros órgãos, causar grande morbidade ou mortalidade. Os profissionais devem conhecer os aspectos anatômicos fundamentais das estruturas envolvidas, a fisiologia de tais estruturas e as alterações patológicas. Entre as principais complicações e intercorrências, destacam-se as seguintes: Diminuição do Débito Cardíaco A ventilação mecânica sob pressão positiva aumenta a pressão intratorácica média e, desta forma, reduz o retorno venoso e a pré-carga 32 ventricular direita, principalmente com a utilização da PEEP. A distensão pulmonar, pela ventilação mecânica, associada ou não à PEEP, também aumenta a resistência vascular pulmonar (RVP). Ressalte-se que ambos os efeitos diminuem o débito cardíaco, principalmente em pacientes hipovolêmicos. Alcalose Respiratória Aguda É uma das ocorrências mais comuns. Pode prejudicar a perfusão cerebral, predispor à arritmia cardíaca, além de ser razão frequente para insucesso do desmame. Comumente secundária à dispneia, dor ou agitação, a hiperventilação alveolar também pode resultar de uma regulagem inadequada do ventilador e ser corrigida por ajustes da frequência respiratória, do volume corrente, de acordo com as necessidades do paciente. Elevação da Pressão Intracraniana A ventilação com pressão positiva na presença de pressão intracraniana (PIC) elevada pode prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral, principalmente quando se utilizam altos níveis de PEEP, devido à diminuição do retorno venoso do território cerebral e o consequente aumento da PIC. Meteorismo (Distensão Gástrica Maciça) Pacientes sob ventilação mecânica, principalmente aqueles com baixa complacência pulmão-tórax, podem desenvolver distensão gasosa gástrica e/ou intestinal. Isto, presumivelmente, ocorre quando o vazamento do gás ao redor do tubo endotraqueal ultrapassa a resistência do esfíncter esofágico inferior. Este problema pode ser resolvido ou aliviado pela introdução de uma sonda nasogástrica ou ajustando-se à pressão do balonete. Pneumonia Uma epidemia de pneumonia nosocomial acompanhou o surgimento da 33 ventilação mecânica. Pneumonia nosocomial define-se por aquela que ocorre após 48 horas de hospitalização. Constatou-se que esta situação se deveu primariamente aos nebulizadores contaminados por flora polimicrobiana, e que os bacilos Gram- negativos eram geralmente os predominantes. O reconhecimento do problema, a implementação de rotinas de troca e cuidados com os circuitos e nebulizadores, além da adequada desinfecção de alto nível ou esterilização dos mesmos, diminuíram a incidência de tal complicação. A maioria dos ventiladores atuais de UTI utiliza umidificadores que não aerossolizam bactérias, ao contrário dos nebulizadores. Entretanto, os nebulizadores de pequeno volume, utilizados para a administração de broncodilatadores ou outras medicações, podem ser fontes de infecção quando não são manuseados, esterilizados ou trocados adequadamente. O condensado que se acumula no circuito expiratório é contaminado por microrganismos das vias respiratórias do paciente e, se não for manuseado adequadamente, pode servir como fonte de infecção nosocomial. Outra importante fonte de disseminação infecciosa, na unidade de terapia intensiva,são as mãos dos médicos, enfermeiras e outras pessoas da equipe de saúde; esta fonte pode ser bastante reduzida pelo hábito de lavar as mãos e pela utilização adequada de luvas. Podemos classificar as pneumonias associadas a VM em: Precoce (< 5 dias); Por germes comunitários; Por germes nosocomiais; Tardia (> 5 dias); Critérios mínimos para diagnóstico: Febre; Secreção purulenta; Leucocitose ou leucopenia; Infiltrado pulmonar novo ou progressivo ao RX de tórax; Métodos complementares de diagnóstico: RX de tórax; 34 Oximetria de pulso e hemogasimetria arterial; Hemocultura; Microbiologia do aspirado traqueal; Liquido pleural (se existir); Diagnóstico para exclusão de Pneumonia: Ausência de infiltrado pulmonar; Ausência de germes ou em nº insignificantes; Outra possibilidade diagnóstica que possa explicar a presença de infiltrado pulmonar; Alterações anatomopatológicas sem evidência de pneumonia; Atelectasia As causas de atelectasia relacionadas à ventilação mecânica estão associadas à intubação seletiva, presença de rolhas de secreção no tubo traqueal ou nas vias aéreas e hipoventilação alveolar. Barotrauma As situações como pneumotórax, pneumomediastino e enfisema subcutâneo traduzem a situação de ar extra- alveolar. A existência de pressões ou de volumes correntes muito elevados foi correlacionada ao barotrauma nos pacientes em ventilação mecânica. Fístula Broncopleural O escape broncopleural persistente de ar, ou fístula broncopleural (FBP), durante a ventilação mecânica, pode ser consequente à ruptura alveolar espontânea ou à laceração direta da pleura visceral. A colocação de um sistema de sucção conectado ao dreno de tórax aumenta o gradiente de pressão através do sistema e pode prolongar o vazamento, principalmente se o pulmão não se expandir completamente. É desconhecida a frequência de desenvolvimento de FBP como 35 complicação direta da ventilação mecânica. Um estudo demostrando a heterogeneidade do padrão de comprometimento pulmonar na síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA) reforça a antiga noção de que o barotrauma pode ser mais uma manifestação da doença do que de seu tratamento, principalmente quando ocorre tardiamente na evolução da síndrome e quando existe sepse associada. Lesões de Pele e/ou Lábios (TOT, TNT e TQT) Estas ulcerações ocorrem devido ao modo de fixação do tubo, ao tipo de material utilizado (esparadrapos) e à falta de mobilização da cânula em intervalos de tempos regulares. Lesões Traqueais Estas lesões podem ser provocadas por fatores como a alta pressão do cuff ou o tracionamento dos TOT ou TQT. Pressões elevadas do balonete levam à diminuição de atividade do epitélio ciliado, isquemia, necrose até fístulas traqueais. 16. SUPORTE VENTILATORIO NÃO INVASIVO Suporte ventilatório não-invasivo (SVNI) é caracterizado pela não existência de via aérea artificial (VAA) para realizar o suporte ventilatório. A ventilação é realizada através de máscaras faciais ou nasais, ou dispositivo semelhante, que funciona como interface paciente/ventilador, em substituição às próteses endotraqueais. Tem como principais objetivos fornecer adequada troca gasosa e reduzir o trabalho da respiração. A SVNI diminui a necessidade de intubação e suas complicações associadas, como infecções nosocomiais, e em situações específicas (por exemplo, DPOC agudizado) é capaz de reduzir a mortalidade. Assim, acreditamos que SVNI deva ser parte integrante da abordagem terapêutica inicial em pacientes com insuficiência respiratória aguda. 36 Suporte ventilatório não-invasivo inclui o uso de ventilação com pressão positiva (VPP), ventilação com pressão negativa (VPN), leito cinésico (rocking bed), cinta pneumática (Pneumobelt), marcapasso diafragmático (diaphragm pacing), respiração glossofaríngea e métodos não-invasivos usados na terapia de higiene brônquica. Considerando as características de abrangência deste consenso, abordaremos, exclusivamente, os tópicos relacionados à VPP. Aplicação na insuficiência respiratória aguda Hipercapnia; Agudização da DPOC; Asma; Doenças neuromusculares; Alterações da caixa torácica (traumas); Pós-extubação; Agudização da fibrose cística; Pacientes terminais que recusam a intubação; Hipoxêmia; Edema pulmonar cardiogênico; Lesão pulmonar aguda; Insuficiência respiratória pós-operatória; Insuficiência respiratória pós-broncoscopia; Desmame; Retirada precoce da prótese traqueal; Doenças neuromusculares; Distúrbios respiratórios do sono; 37 Aplicação na insuficiência respiratória crônica Doenças neuromusculares; Distúrbios respiratórios do sono; Alterações de caixa torácica; Pacientes em programa de transplante pulmonar; DPOC; Contraindicações Insuficiência Respiratória absoluta; Instabilidade hemodinâmica e arritmias; Angina instável; Necessidade de intubação para proteger vias aéreas. Alto risco de aspiração (por exemplo, pacientes suscetíveis a vômitos e que apresentarem importante distensão abdominal); Trauma de face; Pneumotórax não-tratado; Relativa; História recente de infarto do miocárdio; Paciente não-cooperativo; Pós-operatório do trato digestivo alto; Obesidade mórbida; Má adaptação a máscara; Necessidade de sedação; Necessidade de elevada FiO2; Considerar as seguintes condições: Fratura facial Limitação de movimentos nas articulações temporomandibulares Tubos nasogástricos; Pêlos faciais (barba e bigode); Escape aéreo; Inadequado pico de fluxo na tosse (< 3 L/s); 38 Distúrbios da deglutição; Complicações Necrose facial; Distensão abdominal (aerofagia); Aspiração do conteúdo gástrico; Hipoxemia transitória; Ressecamento nasal, oral e de conjuntiva; Barotrauma / Volutrauma; Estratégia inicial de uso Escolha de um ventilador que atenda às necessidades do paciente; Escolha da interface adequada; Explicar a técnica e suas vantagens ao paciente; Fixar manualmente a máscara quando do início do método, mantendo o ventilador em modo assistido; Ajustar pressão (habitualmente < 25 cmH2O de Ppico) e/ou volume corrente (habitualmente 8-10 ml/kg); Ajuste da PEEP: Menor PEEP que possibilite SatO2 > 92% e FIO2 < 60% (habitualmente < 10-15 cmH2O); DPOC 85% auto-PEEP (quando não disponível a medida da auto-PEEP usar PEEP de 5 a 8 cmH2O); PEEP mínima: 5 cmH2O; Fixar a máscara de forma confortável ao paciente, permitindo, se necessário, vazamentos que não comprometam a eficácia do modo utilizado. Ajustar alarmes (pressão inspiratória mínima e máxima, PEEP mínima, 39 mínimo volume corrente e mínimo volume-minuto); Reavaliação constante na primeira hora; Utilizar o maior tempo possível, principalmente nas primeiras 24 horas; PEEP (Pressão Positiva ao Final da Expiração) A pressão positiva ao final da expiração é definida como sendo a manutenção da pressão alveolar acima da pressão atmosférica, no final da expiração. Utilizam-se valores de PEEP variados, de 5 a 30cmH2O e praticamente pode ser utilizado em qualquer modalidade ventilatória. A PEEP mínima após intubação traqueal, ou PEEP fisiológica é de 5cmH2O e tem a função básica de impedir o colabamento alveolar. A seguir, a relação dos possíveis benefícios da PEEP em diferentes condições. Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SARA) e Lesão Pulmonar Aguda (LPA): Melhora da oxigenação. Diminuição da lesão pulmonar causada pelo ventilador. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) Diminuição do trabalho ventilatório imposto pela PEEP intrínseca (Auto- PEEP). Objetivo: diminuir o trabalho ventilatório imposto pela auto-PEEP Valor de PEEP: 85% da auto-PEEP 40 Asma Diminuição do trabalho ventilatório impostopela PEEP intrínseca. Diminuição da resistência das vias aéreas Diminuição do trabalho ventilatório imposto pelo ventilador Risco: piorar a hiperinsuflação pulmonar A ventilação mecânica na asma, na maioria das vezes, dár-se-á por curtos períodos, estando o paciente, parte destes períodos, sedado e até mesmo curarizado. Questionamos a validade de se tentar combater a auto- PEEP para diminuir o trabalho ventilatório, sob o risco de hiperinsuflação. Não recomendamos a utilização de PEEP acima de 5 cmH2O (PEEP mínima após intubação traqueal). Edema Agudo de Pulmão Cardiogênico Diminuição do retorno venoso. Aumento da pressão intra-alveolar. Diminuição da pressão transmural do ventrículo esquerdo, favorecendo seu desempenho. Efeitos Indesejáveis Diminuição do retorno venoso, podendo comprometer o débito cardíaco, principalmente em situações de hipovolemia. Risco de hiperinsuflação em situações de ajustes inadequados da ventilação. Diminuição da força dos músculos inspiratórios. Obs.: A realização destas manobras deve ser feita com cuidado, sendo contra-indicadas as situações de hipertensão intracraniana, instabilidade hemodinâmica ou fístula broncopleural ativa. 41 PEEP na SARA Métodos para a escolha da PEEP: Obtenção de PaO2 > 60 mmHg com uma FIO2 < 0,6; Obtenção de shunt < 15%; Diminuição do espaço morto; Curva pressão x volume; Curva PEEP x complacência; Redução progressiva do valor da PEEP, após recrutamento máximo, avaliando-se a oximetria pulso. O Consenso recomenda a realização curva pressão x volume (avaliando-se a pressão de abertura pela relação PEEP x complacência). As curvas “P x V” e “PEEP x complacência” podem ser realizadas nas fases inspiratória ou expiratória. Provavelmente são mais fidedignas na parte expiratória, mas os dados de literatura ainda são insuficientes. Iniciar com PEEP = 10 cmH2O, incrementos de 2 cmH2O a cada 30 minutos, baseando-se na SaO2 e na PaO2/ FIO2. Periodicidade das medidas: dependente da monitorização da PaO2/ FIO2 17. DESMAME É o processo relacionado à retirada gradual do suporte ventilatório mecânico que era proporcionado ao paciente restabelecendo a sua ventilação espontânea. O conceito de transição gradual da ventilação mecânica para a espontânea está vinculado a técnicas ventilatórias que permitem ao paciente progressiva readaptação à ventilação espontânea em função da redução dos ciclos de ventilação assistida do ventilador artificial (p.ex. VCV – VCV/ A – SIMV – PSV – TT – máscara facial). Recentes estudos mostraram que, na maioria dos pacientes com recuperação do evento agudo que motivou a ventilação mecânica, o retorno gradual à ventilação espontânea é desnecessário e pode ser abreviado. Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes criticamente enfermos e 42 ventilados artificialmente podem ser extubados após breve teste de duas horas de ventilação espontânea. O protocolo de desmame deve estar programado já no início da VM. Atentar para o treinamento muscular, principalmente diafragma, nutrição, correção da doença de base, hemodinâmica, estabilidade da relação oferta/ demanda ventilatória dentre outros parâmetros. 18. REFERÊNCIAS Fisiologia Respiratória - 6ª Edição 2002 - West, John B Tratado de Fisiologia Médica de Guyton & Hall – 11a Edição Sarro KJ, Silvatti AP, Barros RML. Análise cinemática dos padrões de movimentação da caixa torácica de nadadores durante a respiração. UNICAMP/Faculdade de Educação Física/Laboratório de Instrumentação para Biomecânica; Campinas - SP. 2005. Chiappa GR, Vieira PJC, Roncada C. Avaliação da função muscular ventilatória. Profisio - Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória; ciclo 2; volume 3. 2016. Sarro KJ. Metodologia para análise da movimentação da caixa torácica durante a respiração. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física; 85f. Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP. 2006. Romani JCP, Miara N, Carradore MJK. Clinical evaluation of the role of respiratory muscles in adults: a review of the literature. Cadernos da Escola de Saúde, Curitiba, 11: 1-19 ISSN 1984 – 7041. Silva ROE et al. Valores de referência e fatores relacionados à mobilidade torácica em crianças brasileiras. Revista paulista de pediatria; volume 30; nº 4. São Paulo. 2012. Kenyon CM et al. Rib cage mechanics during quiet breathing and exercise in humans. Journal of Applied Physiology, 1997. Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Veronez DAL. Abordagem Morfofuncional do Tórax. Universidade Federal do Paraná; 2013. 43 Thibodeau GA; Patton KT. Estrutura e Funções do Corpo Humano. 11ed. São Paulo: Manole, 2002. Rodrigues JR, M; Bueno MAS; Hoelz C. Exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica. In: KNOBEL, E. Terapia intensiva: pneumologia e fisioterapia respiratória. São Paulo: Atheneu, 2004. Sarro KJ. Proposição, validação e aplicação de um novo método para anáilise cinemática tridimensional da movimentação da caixa torácica durante a respiração. Sa75p; Campinas, SP: [s.n], 2007. 44 AVALIAÇÃO 1) O parto é o momento mais esperado durante toda a gravidez. Nas últimas semanas a gestante poderá começar a sentir a “descida” da barriga. Marque a alternativa correta: Os primeiros sinais de início de trabalho de parto são: a) Contrações uterinas regulares b) Expulsão da placenta c) Dilatação da bolsa de aguas d) Dequitadura 2) Complete as lacunas abaixo de acordo com o material estudado: Uma gravidez depois do termo é a que continua para além das__________. A _______________ é uma síndrome em que a ________ começa a deixar de funcionar normalmente numa gravidez pós-termo e põe o feto em perigo. Qual das alternativas abaixo corresponde de forma correta a sequência: a) 40 semanas; pós-maturidade e bolsa de aguas b) 32 semanas; linfodonos e bolsa de aguas c) 42 semanas; pós-maturidade e placenta d) 40 semanas; pré-maturidade e placenta 3) Sobre a os cuidados contínuos da assistência de enfermagem ao recém nascido, no período inicial pós-parto, marque a alternativa correta: a) Realizar tricotomia, se necessário. b) Continuar protegendo contra acidentes ou infecção e identificando problemas atuais ou potenciais que possam requerer atenção. c) Manter a gestante em jejum. d) Identificar a parturiente com pulseira de identificação. 4) Segundo o Ministério da Saúde, Alojamento Conjunto é o sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento, permanece com a mãe, 24h por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar. Este sistema possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde de binômio mãe e filho. È correto afirmar que é objetivo do alojamento conjunto: a) Possibilitar o acompanhamento da amamentação, com rigidez de 45 horário, visando esclarecer às dúvidas da mãe e incentiva-la nos momentos de segurança. b) Orientar e incentivar a mãe (ou pais) na observação de seu filho, visando esclarecer dúvidas. c) Diminuir o número de crianças acompanhadas por serviço de saúde. d) Aumentar a ansiedade da mãe (ou pais) frente às experiências vivenciadas. 5) Sobre as mudanças fisiológicas da parturiente no Puerpério, é incorreto afirmar: a) O útero entra em um processo de regressão gradativo até voltar ao seu tamanho original. Nas primeiras 24 horas a redução deverá ser de 50%. Diminuição do Débito Cardíaco b) Secreção liberada pela mama nos primeiros dias de amamentação, chamada Colostro. Tem coloração amarelada, consistência grossa e rica em gordura. É a alimentação ideal do recém-nascido nos primeiros dias. c) O leite materno apresenta uma consistência mais fina, mais transparente.É o alimento ideal nos primeiros 6 meses. Possuem todos os nutrientes necessários, propriedades imunológicas e água. Além de proporcionar momento de interação entre mãe e filho. d) O volume de loquiação será menor nos primeiros dias, aumentando ao passar do tempo. A sua coloração também sofre alterações indo do vermelho até o esbranquiçado. 6) Sobre as complicações pós-parto, é incorreto afirmar: a) A hemorragia puerperal é a perda superior a meio litro de sangue durante ou após dequitação, é a terceira causa mais comum de morte materna durante o parto, após as infecções e complicações da anestesia. As causas variam e a maioria delas é evitável, sendo delas o sangramento da área onde a placenta descola do útero, esse sangramento pode ocorrer quando o útero não contrai adequadamente por ter sido distendido excessivamente, pelo trabalho de parto prolongado ou anormal, pelas múltiplas gestações ou pela administração de um anestésico miorrelaxante durante o trabalho de parto. b) Lacerações do trato genital são a segunda maior causa de sangramento pós-parto. As lacerações baixas da parede vaginal e do períneo geralmente não sangram profusamente, mas aquelas que ocorrem no colo ou na porção superior do canal vaginal podem ser profundas e extensas a ponto de romper grandes vasos sanguíneos. 46 c) A infecção puerperal ou febre puerperal continua sendo uma das principais causas de mortalidade no puerpério. d) Causa menos freqüente de hemorragia pós-parto é a atonia uterina, ou comprometimento do tono muscular uterino.. 7) É correto afirmar que a pré-eclâmpsia pode ser grave se houver: a) Pressão arterial diastólica igual ou menor que 110mmHg. b) Presença de menos 2,0 g de proteínas na urina de 24 horas. c) Sinais de falência cardíaca (falta de ar, cansaço, aumento do número de batimentos cardíacos). d) N.R.A 8) È um fator de risco para mulher apresentar pré-eclâmpsia: a) História de familiares com pré-eclâmpsia ou eclampsia b) Terceira gravidez c) Não ter apresentado pré-eclâmpsia em gestação anterior d) N.R.A 9) O quadro clinico de hiperemese gravídica é encontrado na paciente no curso de sua gestação, que apresenta náuseas e vômitos, muitas vezes levando a um comprometimento de seu estado nutricional. Acomete 60% a 80% das gestantes no primeiro trimestre no período gestacional compreendido entre a 12-16 semanas. Sobre o tratamento para hiperemese gravídica, é incorreto afirmar: a) Avaliação clinica da paciente, hidratação, reposição de eletrólitos, complexos vitamínicos. b) Acompanhamento por Psicólogo. c) Acompanhamento por Nutricionista. d) Aumentar a ingesta de gorduras. 10) A gravidez ectópica é qualquer gestação localizada fora da cavidade uterina. Pode ocorrer em tubas uterinas, abdome, ovário e outras localizações do útero. 47 Sobre os cuidados da enfermagem na gravidez ectópica, é incorreto afirmar: a) Apenas observar volume e aspecto de sangramento. b) Administração de medicamentos c) Observar, anotar e comunicar queixas álgicas. d) Aferir sinais vitais
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