Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direitos Reais Ana Carolina Grespan Zago É o ramo do direito patrimonial que estuda a relação do sujeito homem com coisas apropriáveis, podendo ser bens móveis e imóveis e bens incorpóreos (ex. propriedade intelectual). Características Taxativo (numerus clasulus): ao total são 15 hipóteses: 13 previstas no art. 1225 do CC e a preferência do inquilino na compra imóvel locado (lei de locação) e alienação fiduciária (art. 1936 e seguintes, CC). Sequela (vem do verbo seguir): é o direito do proprietário de rever a coisa de quem a injustamente a possua, não importando com quem a coisa esteja. Preferência: os direitos reais preferem aos direitos obrigacionais. Oponível “erga omnes”: vale perante todos Publicidade: o registro (bens imóveis e intelectuais) ou posse direta (bens móveis). Classificação Coisa própria (“in res própria”): sobre a coisa própria, somente a propriedade Coisa alheia (“in res aliena”): direito sobre a coisa que se aliena - gozo/fruição: superfície, servidão, uso, usufruto, habitação, concessão de uso, concessão de direito real e laje. - aquisição: promitente comprador de imóvel e preferência do inquilino na compra do imóvel locado - garantia: penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária. Direitos reais X Direitos Obrigacionais DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIOANAIS Objeto São as coisas apropriadas, sendo determinado. Prestação (dar, fazer ou não fazer), sendo indeterminado até seu cumprimento Violação Depende de uma ação (invasão) Omissão (não cumprimento da obrigação) Duração Permanente Temporário (extingue quando cumprido) Usucapião São usucapíveis Não são usucapíveis Sujeito Passivo Toda a coletividade (erga omnes) Devedor Tipicidade Típicos Atípicos corpóreos Figuras Híbridas Ana Carolina Grespan Zago As figuras híbridas são situações jurídicas nas quais possuem características tanto de direito real como de direito obrigacional. Obrigação propter rem É a obrigação que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real e, a sua natureza jurídica é de direito obrigacional, pois a mesma surge “ex vi legis”, sendo atrelada a direitos reais, pois esta obrigação emerge da coisa. É uma obrigação oriunda da coisa Ex: IPVA, IPTU Obrigação com eficácia real As obrigações terão eficácia real quando, sem perder o seu caráter de direito a uma prestação, se transmitem e são oponíveis perante a terceiros que adquiram o direito sobre determinado bem, certas obrigações resultantes de contrato alcançam, por força de lei, a dimensão de direito real. Estas obrigações não podem ser consideradas como de natureza real, pois, pelo princípio da tipicidade a eles inerentes, toda limitação ao direito de propriedade que não esteja prevista em lei como direito real tem natureza obrigacional. Ex: obrigação estabelecida no art. 576 do CC, pelo qual a locação pode ser oposta ao adquirente da coisa locada, se constar do registro. Ônus real São obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes. Limitam a fruição da coisa Ex: servidão predial, o usufruto, o uso, a habitação, a hipoteca, o penhor, a anticrese Posse Ana Carolina Grespan Zago A posse é o estado de fato que corresponde ao direito de propriedade, ou seja, a exteriorização da propriedade que é o principal direito real, existindo a presunção de que o possuidor seja o proprietário da coisa. A posse existe antes mesmo da propriedade, posse é um fato que está na natureza, enquanto propriedade é um direito criado pela sociedade. O objeto da posse são as coisas, que podem ser possuídas, materiais (como bens móveis e imóveis) e imateriais (conta de luz). Teorias da posse Teoria subjetiva (Savingy): considerou que a posse seria a soma “corpus” + “animus” (subjetivo + interno), sendo conceituada como, a posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente da coisa (CORPUS), com a intenção de tê-la para si (animus). Teoria objetiva (Ihering): fragmentou a posse em direta e indireta, considerando que o proprietário pode transferir sua posse a terceiros para melhorar o uso econômico. Podendo ser conceituada como posse a relação de fato entre a pessoa e a coisa para fim de sua utilização econômica, seja para si, seja cedendo-a para outrem, considerando que ambos os possuidores têm legitimidade para defender a posse. - A teoria objetiva é a adotada pelo Código civil: Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. Posse Ana Carolina Grespan Zago Classificação da posse Quanto ao sujeito: - Posse direta: quem está ligado ao diretamente a coisa (ex: inquilino) - Posse indireta: há uma vinculação econômica, sem ter a posse direta (ex: proprietário) Quanto à origem: - Posse justa: quando ela não for injusta. - Posse injusta: quando ela for violenta (ação), clandestina (omissão, é cessada quando o proprietário/possuidor toma ciência) ou precária (quebra de contrato, não podendo ser convalescida e usucapida). Quanto ao “animus”: - Posse boa-fé: quando o possuidor não tem ciência de que a sua posse sobre determinado bem está prejudicando um terceiro. - Posse má-fé: quando sabe que está prejudicando alguém. Posse justa de má-fé: um juiz, usando do seu cargo e poder de indicar um bem para leilão, e arremata-o. Posse injusta de boa-fé: sem saber que sua posse está prejudicando um terceiro (comprar carro roubado) Quanto aos interditos/efeitos: - Posse interdicta: aquele que tem o interesse de proteger a posse, ou seja, tem a legitimidade para defender a posse por meio das ações possessórias. - Posse “ad usucapionem”: é aquele que possui a intenção de ser dono, ou seja, tem interesse de usucapir, quando cumprido seus requisitos Quanto duração: - Posse nova: Posse até 1 ano e 1 dia. - Posse velha: Posse posterior a 1 ano e 1 dia. Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Posse Ana Carolina Grespan Zago Fâmulo da posse O fâmulo da posse é aquele que possui relação de dependência com o proprietário do bem, agindo de acordo com as suas determinações. O detentor, que exerce poder sobre a coisa, mas não um poder próprio, e sim dependente. Dessa forma, não lhe é conferido os efeitos da posse, logo não tem legitimidade ativa nas ações possessórias. O detentor apenas cumpre ordens, como um subordinado do possuidor ou proprietário. Composse É a posse exercida em conjunto por dois ou mais indivíduos sobre um bem indivisível. É possível ao compossuidor valer-se dos interditos possessórios para proteger sua posse (ex.: a companheira contra o marido que a expulsa de casa) Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. PROPRETÁRIO POSSUIDOR DETENTOR Posse Ana Carolina Grespan Zago Formas de aquisição da posse Por via originária: é oriundo de assenhoreamento autônomo, sem a participação da vontade de outro possuidor antecedente. Dá-se sem qualquer interferência do anterior titular, não há transmissão de um direito. Não é necessário que o bem seja “virgem de sujeição do homem” - Ocupação - Apreensão Derivada: forma de aquisição da coisa que pressupõe a existência de uma posse anterior e, consequentemente, a transmissão desta posse ao adquirente - Tradição (onerosa ou gratuita) - real (a exata entrega da coisa) - ficta (a entrega da coisa é ficta; ex.: X vende a casa para Y e, ao mesmo tempo, X aluga a casa de Y e não sai da casa) - simbólica (Ex.: um vale presente). - Herança (por causa mortis ou judicialmente) *sucessor universal: recebe toda a herança ou uma cota de toda ela * sucessor singular: recebe um bem especifico - O sucessor universal recebe a posse do falecido com os mesmos vícios e qualidades que anteriormente possuía. Já no caso da posse a título singular (compra e venda, doação, dação em pagamento), o adquirente, recebendo embora uma posse de outrem, começa a sua como estado de fato novo. Permite-lhe a lei, entretanto, unir (o tempo para fins de usucapião) à sua posse a do seu antecessor se quiser (é uma faculdade e não obrigação, porém se unir terá que assumir os vícios, se tiver). Caso queira iniciar novamente, não poderá adicionar o tempo, porém reiniciará sem vícios. Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Posse Ana Carolina Grespan Zago Legitimidade para aquisição da posse Dessa forma, qualquer pessoa pode a própria pessoa, podendo ser, inclusive por meio de um representante, com ou sem procuração, desde que seja ratificada depois. Obs: a ação de imissão da posse é usada quando o sujeito tem a posse, mas nunca esteve na posse. Ex.: pessoa que comprou uma propriedade e nesta propriedade há um caseiro que não quer sair. Observações sobre a aquisição de posse Os atos de permissão são aqueles que o possuidor consentiu expressamente para que terceiros praticassem determinados atos ou utilizassem o bem, não geram beneficio a esses. Os atos de tolerância são autorizados tacitamente, não gerando benefícios (ex: cortar caminho) Não constituem atos possessórios. Os bens móveis, por presunção, são partes indissociáveis dos bens imóveis. Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem. Posse Ana Carolina Grespan Zago Efeitos da posse POSSUIDOR DE BOA FÉ POSSUIDOR DE MÁ FÉ Frutos Colhidos (percebidos) SIM: enquanto houver boa-fé NÃO: tem somente direito as despesas de produção Frutos Pendentes NÃO: mas deve ressarcir os gastos e devolver os colhidos antes Perda/deterioração DEPENDE: somente as que ele deu causa. SIM: somente não responde por aquelas que aconteceriam de qualquer maneira Benfeitorias Necessárias (conservação/manutenção) SIM: possui direito a indenização e retenção* SIM: mas não pode reter Benfeitorias Úteis (facilitam o uso) NÃO Benfeitorias Voluptuárias (torna o uso mais agradável) SIM: se for fisicamente possível, caso contrário será convertido em pagamento* NÃO *direito de retenção: poderá ficar no/com o bem até o ressarcimento Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. Posse Ana Carolina Grespan Zago Perda da posse - Perda da coisa - Deterioração da coisa. Ex.: a destruição da coisa. - Pela ocupação de outrem - Pela tradição (quem está entregando a posse, está perdendo-a) - Pelo abandono/renúncia. (a renúncia deve ser expressa). - Coisa fora do comércio. (ex.: mercadoria vencida ou não aprovada para venda). Ações possessórias Um dos efeitos da posse é a defesa dela, por meio dos interditos, nas quais são fungíveis entre si. - Ação de reintegração de posse: em caso de esbulho - Ação de manutenção de posse: em caso de turbação - Interdito proibitório: ameaça de turbação ou esbulho Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras pormodo vicioso. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve. Propriedade Ana Carolina Grespan Zago O direito de propriedade se constitui no mais importante e mais solido de todos os direitos subjetivos, o direito real por excelência, o eixo em torno do qual gravita o direito das coisas. A propriedade é a titularidade formal sobre o bem. Características Absolutismo: as faculdades inerentes ao proprietário são absolutas, sendo oponível erga omnes Exclusividade: o proprietário tem o poder sobre a coisa, podendo excluir quaisquer terceiros que pretendam se opor ao seu direito Irrevogabilidade: a propriedade, em regra, não poder ser revogada. - Exceções: desapropriação e termo condicionado (quando a propriedade for resolúvel). Perpetuidade: a propriedade tem caráter perpétuo, em que será passada para seus sucessores. Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. Propriedade Ana Carolina Grespan Zago Abrangência Restrições Restrições constitucionais: função social, propriedade subsolo, abuso do poder econômico, usucapião constitucional, desapropriação e tombamento como patrimônio histórico-cultural. Restrições administrativas: rodizio de veículo e área industrial/residencial Limitações ambientais: preservação da fauna e flora e licenciamento ambiental Restrições no CC: regras de vizinhança - Restrições voluntárias: servidão, usufruto, inalienabilidade e bem de família. Formas de aquisição Originária: ocupação → sem vínculo com possuidor/proprietário anterior. Ex. Usucapião ou a acessão. Derivada: Pela tradição (gratuita/onerosa) ou herança. Ex. Registro ou sucessão. Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. Usucapião Ana Carolina Grespan Zago Requisitos mínimos: posse mansa, pacífica e contínua com ânimo de dono + lapso temporal determinado em lei (de e 2 a 15 anos) Espécies Usucapião especial urbana ou constitucional urbana: necessário a posse mansa, pacífica, continua, com ânimo de dono, não podendo possuir outro imóvel em seu nome. A pessoa deve morar no local, no mínimo por 5 anos e o imóvel deve ter no máximo 250m². Usucapião especial rural constitucional rural: necessário posse mansa, pacífica, continua, com ânimo de dono, não podendo possuir outro imóvel, pelo período de no mínimo 5 anos. A destinação deve ser para moradia e para agricultura de subsistência, com no máximo 50 hectares. Usucapião coletiva urbana – Lei 10.257/01: necessário a posse mansa, pacífica, continua, pelo prazo de 05 anos. O imóvel deve possuir, no mínimo, de 250m² com a finalidade de moradia. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. Usucapião Ana Carolina Grespan Zago Usucapião conjugal/familiar: necessário a posse mansa, pacífica, continua, com ânimo de dono, no prazo de 2 anos, o imóvel deve ter no máximo de 250m² e não pode possuir outro imóvel. Usucapião extraordinária: a posse mansa, pacífica, continua, pelo prazo de 15 anos, com ânimo de dano. Serve tanto para imóvel rural como para a urbana. Obs: Usucapião extraordinária (reduzida:) se o individuo fizer a sua moradia e produção no imóvel, o prazo é reduzido para 10 anos. Usucapião ordinária: necessário a posse mansa, pacífica, continua, com ânimo de dano. Serve tanto para imóvel rural como para a urbana. Precisa de justo título e boa-fé. O prazo é de 10 anos. Obs: Usucapião ordinária (Reduzida): prazo é reduzido para 05 anos. Tem que comprovar: Onerosidade, Registrado e cancelado ou para Moradia/produção (interesses sociais de interesse econômico). Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registrono Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Usucapião Ana Carolina Grespan Zago Usucapião extrajudicial (Lei 6.015/73): perante cartório de registro por meio da anuência do proprietário. Usucapião indígena (Lei 6.001/73): a posse deve ser mansa, pacífica, continua, com ânimo de dono pelo prazo de 10 anos, com até 50 hectares, devendo ser indígena. Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e de seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias, aplicando-se o disposto no art. 384 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil); II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes; III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente; IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel. Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinqüenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. Acessão Ana Carolina Grespan Zago Acessão é uma forma de aquisição originária em que o acessório agrega ao principal, ampliando a propriedade, tudo o que se incorpora a um determinado bem fica ao proprietário deste pertencendo. Espécies Formação de ilhas (forma natural): é uma porção de terra cercada de água, na qual pertencerá ao titular do domínio de onde passam as águas. - Se a água for navegável, a ilha pertence a União. - Se a água não for navegável, é verificado o meio do rio (álveo) e determinado o acréscimo a propriedade para as terras que fazem margem com o rio e estão na mesma linha da ilha. Aluvião (forma natural): o processo é lento para a formação de terras acrescendo a propriedade de um individuo enquanto outrem perde terras por processo natural, assim não há indenização para aquele que perdeu terras. Obs: acréscimos artificiais não são considerados aluviões (ex: aterros) Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. Acessão Ana Carolina Grespan Zago Avulsão (forma natural): o processo é rápido, veloz, de forma abrupta, quando uma porção se terra se desloca de uma propriedade e adere à outra. Nesta hipótese cabe a indenização por prazo decadencial de um ano da data do fato. Quando o individuo se negar a pagar, a lei prevê que quem perdeu a terra pode ir buscar o que perdeu, sob pena de enriquecimento ilícito. Álveo abandonado (forma natural): quando uma corrente de águas, de forma natural, altera seu curso e abandona o leito, passando a correr sobre outra terra e tornando o leito anterior seco. A divisão será de acordo com a metade do álveo. Obs.: Os proprietários do álveo abandonado não são obrigados a indenizar os donos do novo leito, em razão da força da natureza. Construções e plantações. são chamadas de acessões ou artificiais, já que construídas pelo ser humano, fazendo presumir ser do mesmo proprietário do dono do terreno que se encontrem. Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. Acessão Ana Carolina Grespan Zago Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar- lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmenteem solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro. Registro de Título Ana Carolina Grespan Zago Se transfere uma propriedade imobiliária pelo registro do título junto ao Cartório de Registro de imóveis. Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo. Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
Compartilhar