Buscar

civil 1 bii

Prévia do material em texto

Direitos Reais 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
É o ramo do direito patrimonial que estuda a relação do sujeito homem com coisas apropriáveis, 
podendo ser bens móveis e imóveis e bens incorpóreos (ex. propriedade intelectual). 
 
Características 
 Taxativo (numerus clasulus): ao total são 15 hipóteses: 13 previstas no art. 1225 do CC e a 
preferência do inquilino na compra imóvel locado (lei de locação) e alienação fiduciária (art. 
1936 e seguintes, CC). 
 Sequela (vem do verbo seguir): é o direito do proprietário de rever a coisa de quem a 
injustamente a possua, não importando com quem a coisa esteja. 
 Preferência: os direitos reais preferem aos direitos obrigacionais. 
 Oponível “erga omnes”: vale perante todos 
 Publicidade: o registro (bens imóveis e intelectuais) ou posse direta (bens móveis). 
Classificação 
 Coisa própria (“in res própria”): sobre a coisa própria, somente a propriedade 
 Coisa alheia (“in res aliena”): direito sobre a coisa que se aliena 
- gozo/fruição: superfície, servidão, uso, usufruto, habitação, concessão de uso, concessão 
de direito real e laje. 
- aquisição: promitente comprador de imóvel e preferência do inquilino na compra do 
imóvel locado 
- garantia: penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária. 
Direitos reais X Direitos Obrigacionais 
 DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIOANAIS 
Objeto São as coisas apropriadas, sendo 
determinado. 
Prestação (dar, fazer ou não fazer), sendo 
indeterminado até seu cumprimento 
Violação Depende de uma ação (invasão) Omissão (não cumprimento da obrigação) 
Duração Permanente Temporário (extingue quando cumprido) 
Usucapião São usucapíveis Não são usucapíveis 
Sujeito Passivo Toda a coletividade (erga omnes) Devedor 
Tipicidade Típicos Atípicos 
corpóreos 
Figuras Híbridas 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 
As figuras híbridas são situações jurídicas nas quais possuem características tanto de direito real como 
de direito obrigacional. 
 
Obrigação propter rem 
 
É a obrigação que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real e, a sua natureza 
jurídica é de direito obrigacional, pois a mesma surge “ex vi legis”, sendo atrelada a direitos reais, pois 
esta obrigação emerge da coisa. 
 É uma obrigação oriunda da coisa 
 Ex: IPVA, IPTU 
 
Obrigação com eficácia real 
 
As obrigações terão eficácia real quando, sem perder o seu caráter de direito a uma prestação, se 
transmitem e são oponíveis perante a terceiros que adquiram o direito sobre determinado bem, certas 
obrigações resultantes de contrato alcançam, por força de lei, a dimensão de direito real. 
 Estas obrigações não podem ser consideradas como de natureza real, pois, pelo 
princípio da tipicidade a eles inerentes, toda limitação ao direito de propriedade que 
não esteja prevista em lei como direito real tem natureza obrigacional. 
 Ex: obrigação estabelecida no art. 576 do CC, pelo qual a locação pode ser oposta ao 
adquirente da coisa locada, se constar do registro. 
 
Ônus real 
 
São obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade constituindo gravames ou direitos oponíveis 
erga omnes. 
 Limitam a fruição da coisa 
 Ex: servidão predial, o usufruto, o uso, a habitação, a hipoteca, o penhor, a anticrese 
 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 
A posse é o estado de fato que corresponde ao direito de propriedade, ou seja, a exteriorização da 
propriedade que é o principal direito real, existindo a presunção de que o possuidor seja o proprietário 
da coisa. 
 A posse existe antes mesmo da propriedade, posse é um fato que está na natureza, 
enquanto propriedade é um direito criado pela sociedade. 
 O objeto da posse são as coisas, que podem ser possuídas, materiais (como bens móveis e 
imóveis) e imateriais (conta de luz). 
 
 
 
 
 
 
Teorias da posse 
 
 Teoria subjetiva (Savingy): considerou que a posse seria a soma “corpus” + “animus” (subjetivo + 
interno), sendo conceituada como, a posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente da 
coisa (CORPUS), com a intenção de tê-la para si (animus). 
 
 Teoria objetiva (Ihering): fragmentou a posse em direta e indireta, considerando que o 
proprietário pode transferir sua posse a terceiros para melhorar o uso econômico. Podendo ser 
conceituada como posse a relação de fato entre a pessoa e a coisa para fim de sua utilização 
econômica, seja para si, seja cedendo-a para outrem, considerando que ambos os possuidores 
têm legitimidade para defender a posse. 
- A teoria objetiva é a adotada pelo Código civil: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade. 
 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de 
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto 
defender a sua posse contra o indireto. 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Classificação da posse 
 Quanto ao sujeito: 
- Posse direta: quem está ligado ao diretamente a coisa (ex: inquilino) 
- Posse indireta: há uma vinculação econômica, sem ter a posse direta (ex: proprietário) 
 Quanto à origem: 
- Posse justa: quando ela não for injusta. 
 
 
- Posse injusta: quando ela for violenta (ação), clandestina (omissão, é cessada quando o 
proprietário/possuidor toma ciência) ou precária (quebra de contrato, não podendo ser 
convalescida e usucapida). 
 Quanto ao “animus”: 
- Posse boa-fé: quando o possuidor não tem ciência de que a sua posse sobre determinado bem 
está prejudicando um terceiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Posse má-fé: quando sabe que está prejudicando alguém. 
Posse justa de má-fé: um juiz, usando do seu cargo e poder de indicar um bem para leilão, e arremata-o. 
Posse injusta de boa-fé: sem saber que sua posse está prejudicando um terceiro (comprar carro roubado) 
 Quanto aos interditos/efeitos: 
- Posse interdicta: aquele que tem o interesse de proteger a posse, ou seja, tem a legitimidade 
para defender a posse por meio das ações possessórias. 
- Posse “ad usucapionem”: é aquele que possui a intenção de ser dono, ou seja, tem interesse de 
usucapir, quando cumprido seus requisitos 
 Quanto duração: 
- Posse nova: Posse até 1 ano e 1 dia. 
- Posse velha: Posse posterior a 1 ano e 1 dia. 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a 
aquisição da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo 
prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as 
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que 
foi adquirida. 
 
 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Fâmulo da posse 
O fâmulo da posse é aquele que possui relação de dependência com o proprietário do bem, agindo de 
acordo com as suas determinações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O detentor, que exerce poder sobre a coisa, mas não um poder próprio, e sim dependente. Dessa forma, 
não lhe é conferido os efeitos da posse, logo não tem legitimidade ativa nas ações possessórias. 
 
O detentor apenas cumpre ordens, como um subordinado do possuidor ou proprietário. 
 
 
 
 
 
Composse 
É a posse exercida em conjunto por dois ou mais indivíduos sobre um bem indivisível. 
 
 
 É possível ao compossuidor valer-se dos interditos possessórios para proteger sua posse (ex.: a 
companheira contra o marido que a expulsa de casa) 
 
 
 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com 
outro,conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em 
relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. 
 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos 
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. 
 
PROPRETÁRIO 
POSSUIDOR 
DETENTOR 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Formas de aquisição da posse 
 
 
 
 
 Por via originária: é oriundo de assenhoreamento autônomo, sem a participação da vontade de 
outro possuidor antecedente. Dá-se sem qualquer interferência do anterior titular, não há 
transmissão de um direito. Não é necessário que o bem seja “virgem de sujeição do homem” 
- Ocupação 
- Apreensão 
 
 Derivada: forma de aquisição da coisa que pressupõe a existência de uma posse anterior e, 
consequentemente, a transmissão desta posse ao adquirente 
- Tradição (onerosa ou gratuita) 
- real (a exata entrega da coisa) 
- ficta (a entrega da coisa é ficta; ex.: X vende a casa para Y e, ao mesmo tempo, X aluga a 
casa de Y e não sai da casa) 
- simbólica (Ex.: um vale presente). 
- Herança (por causa mortis ou judicialmente) 
 
 
 
 
 
*sucessor universal: recebe toda a herança ou uma cota de toda ela 
* sucessor singular: recebe um bem especifico 
 
- O sucessor universal recebe a posse do falecido com os mesmos vícios e qualidades 
que anteriormente possuía. Já no caso da posse a título singular (compra e venda, 
doação, dação em pagamento), o adquirente, recebendo embora uma posse de outrem, 
começa a sua como estado de fato novo. Permite-lhe a lei, entretanto, unir (o tempo 
para fins de usucapião) à sua posse a do seu antecessor se quiser (é uma faculdade e 
não obrigação, porém se unir terá que assumir os vícios, se tiver). Caso queira iniciar 
novamente, não poderá adicionar o tempo, porém reiniciará sem vícios. 
 
 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome 
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. 
 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular 
é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 
Legitimidade para aquisição da posse 
 
 
 
 
 
Dessa forma, qualquer pessoa pode a própria pessoa, podendo ser, inclusive por meio de um 
representante, com ou sem procuração, desde que seja ratificada depois. 
Obs: a ação de imissão da posse é usada quando o sujeito tem a posse, mas nunca esteve na posse. 
Ex.: pessoa que comprou uma propriedade e nesta propriedade há um caseiro que não quer sair. 
 
Observações sobre a aquisição de posse 
 
 
 
 
 Os atos de permissão são aqueles que o possuidor consentiu expressamente para que terceiros 
praticassem determinados atos ou utilizassem o bem, não geram beneficio a esses. 
 Os atos de tolerância são autorizados tacitamente, não gerando benefícios (ex: cortar caminho) 
 Não constituem atos possessórios. 
 
 
 
 
 Os bens móveis, por presunção, são partes indissociáveis dos bens imóveis. 
 
 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; 
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a 
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade. 
 
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele 
estiverem. 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Efeitos da posse 
 POSSUIDOR DE BOA FÉ POSSUIDOR DE MÁ FÉ 
Frutos Colhidos (percebidos) SIM: enquanto houver boa-fé NÃO: tem somente direito as 
despesas de produção 
Frutos Pendentes 
NÃO: mas deve ressarcir os gastos 
e devolver os colhidos antes 
Perda/deterioração 
DEPENDE: somente as que ele deu 
causa. 
SIM: somente não responde por 
aquelas que aconteceriam de 
qualquer maneira 
Benfeitorias Necessárias 
(conservação/manutenção) 
SIM: possui direito a indenização e 
retenção* 
SIM: mas não pode reter 
Benfeitorias Úteis (facilitam 
o uso) 
NÃO 
Benfeitorias Voluptuárias 
(torna o uso mais agradável) 
SIM: se for fisicamente possível, 
caso contrário será convertido em 
pagamento* 
NÃO 
*direito de retenção: poderá ficar no/com o bem até o ressarcimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de 
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com 
antecipação. 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; 
os civis reputam-se percebidos dia por dia. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos 
que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às 
despesas da produção e custeio. 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der 
causa. 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, 
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem 
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento 
da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste 
o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
Posse 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Perda da posse 
 
 
 
 
- Perda da coisa 
- Deterioração da coisa. Ex.: a destruição da coisa. 
- Pela ocupação de outrem 
- Pela tradição (quem está entregando a posse, está perdendo-a) 
- Pelo abandono/renúncia. (a renúncia deve ser expressa). 
- Coisa fora do comércio. (ex.: mercadoria vencida ou não aprovada para venda). 
Ações possessórias 
Um dos efeitos da posse é a defesa dela, por meio dos interditos, nas quais são fungíveis entre si. 
- Ação de reintegração de posse: em caso de esbulho 
- Ação de manutenção de posse: em caso de turbação 
- Interdito proibitório: ameaça de turbação ou esbulho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o 
bem, ao qual se refere o art. 1.196. 
 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo 
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de 
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, 
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à 
manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro 
direito sobre a coisa. 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que 
tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras pormodo vicioso. 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que 
recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo 
quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este 
o houve. 
 
Propriedade 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
O direito de propriedade se constitui no mais importante e mais solido de todos os direitos subjetivos, o 
direito real por excelência, o eixo em torno do qual gravita o direito das coisas. 
A propriedade é a titularidade formal sobre o bem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Características 
 Absolutismo: as faculdades inerentes ao proprietário são absolutas, sendo oponível erga 
omnes 
 
 
 
 Exclusividade: o proprietário tem o poder sobre a coisa, podendo excluir quaisquer terceiros 
que pretendam se opor ao seu direito 
 Irrevogabilidade: a propriedade, em regra, não poder ser revogada. 
- Exceções: desapropriação e termo condicionado (quando a propriedade for resolúvel). 
 Perpetuidade: a propriedade tem caráter perpétuo, em que será passada para seus sucessores. 
 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do 
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas 
e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a 
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem 
como evitada a poluição do ar e das águas. 
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam 
animados pela intenção de prejudicar outrem. 
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou 
utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público 
iminente. 
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa 
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, 
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo 
juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago 
o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. 
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. 
 
Propriedade 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Abrangência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Restrições 
 Restrições constitucionais: função social, propriedade subsolo, abuso do poder econômico, 
usucapião constitucional, desapropriação e tombamento como patrimônio histórico-cultural. 
 Restrições administrativas: rodizio de veículo e área industrial/residencial 
 Limitações ambientais: preservação da fauna e flora e licenciamento ambiental 
 Restrições no CC: regras de vizinhança - 
 Restrições voluntárias: servidão, usufruto, inalienabilidade e bem de família. 
 
Formas de aquisição 
 Originária: ocupação → sem vínculo com possuidor/proprietário anterior. Ex. Usucapião ou a 
acessão. 
 Derivada: Pela tradição (gratuita/onerosa) ou herança. Ex. Registro ou sucessão. 
 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e 
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam 
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em 
impedi-las. 
 
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os 
potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis 
especiais. 
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego 
imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o 
disposto em lei especial. 
Usucapião 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Requisitos mínimos: posse mansa, pacífica e contínua com ânimo de dono + lapso temporal determinado 
em lei (de e 2 a 15 anos) 
Espécies 
 Usucapião especial urbana ou constitucional urbana: necessário a posse mansa, pacífica, continua, 
com ânimo de dono, não podendo possuir outro imóvel em seu nome. A pessoa deve morar no 
local, no mínimo por 5 anos e o imóvel deve ter no máximo 250m². 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Usucapião especial rural constitucional rural: necessário posse mansa, pacífica, continua, com 
ânimo de dono, não podendo possuir outro imóvel, pelo período de no mínimo 5 anos. A 
destinação deve ser para moradia e para agricultura de subsistência, com no máximo 50 
hectares. 
 
 
 
 
 
 
 Usucapião coletiva urbana – Lei 10.257/01: necessário a posse mansa, pacífica, continua, pelo 
prazo de 05 anos. O imóvel deve possuir, no mínimo, de 250m² com a finalidade de moradia. 
 
 
 
 
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta 
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a 
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à 
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo 
possuidor mais de uma vez. 
 
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua 
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural 
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de 
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco 
anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos 
e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos 
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel 
urbano ou rural. 
 
Usucapião 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 Usucapião conjugal/familiar: necessário a posse mansa, pacífica, continua, com ânimo de dono, 
no prazo de 2 anos, o imóvel deve ter no máximo de 250m² e não pode possuir outro imóvel. 
 
 
 
 
 
 
 Usucapião extraordinária: a posse mansa, pacífica, continua, pelo prazo de 15 anos, com ânimo 
de dano. Serve tanto para imóvel rural como para a urbana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obs: Usucapião extraordinária (reduzida:) se o individuo fizer a sua moradia e 
produção no imóvel, o prazo é reduzido para 10 anos. 
 Usucapião ordinária: necessário a posse mansa, pacífica, continua, com ânimo de dano. Serve 
tanto para imóvel rural como para a urbana. Precisa de justo título e boa-fé. O prazo é de 10 
anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obs: Usucapião ordinária (Reduzida): prazo é reduzido para 05 anos. Tem que 
comprovar: Onerosidade, Registrado e cancelado ou para Moradia/produção 
(interesses sociais de interesse econômico). 
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta 
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a 
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir 
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e 
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá 
de título para o registrono Cartório de Registro de Imóveis. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o 
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele 
realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel 
houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do 
respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele 
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social 
e econômico. 
Usucapião 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 Usucapião extrajudicial (Lei 6.015/73): perante cartório de registro por meio da anuência do 
proprietário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Usucapião indígena (Lei 6.001/73): a posse deve ser mansa, pacífica, continua, com ânimo de 
dono pelo prazo de 10 anos, com até 50 hectares, devendo ser indígena. 
 
 
 
 
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de 
reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente 
perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o 
imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, 
instruído com: 
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do 
requerente e de seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias, 
aplicando-se o disposto no art. 384 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil); 
II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente 
habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo 
conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos registrados ou 
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis 
confinantes; 
III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel 
e do domicílio do requerente; 
IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, 
a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos 
impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel. 
 
 
Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos 
consecutivos, trecho de terra inferior a cinqüenta hectares, adquirir-lhe-á a 
propriedade plena. 
 
Acessão 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Acessão é uma forma de aquisição originária em que o acessório agrega ao principal, ampliando a 
propriedade, tudo o que se incorpora a um determinado bem fica ao proprietário deste pertencendo. 
 
Espécies 
 Formação de ilhas (forma natural): é uma porção de terra cercada de água, na qual pertencerá ao 
titular do domínio de onde passam as águas. 
- Se a água for navegável, a ilha pertence a União. 
- Se a água não for navegável, é verificado o meio do rio (álveo) e determinado o acréscimo a 
propriedade para as terras que fazem margem com o rio e estão na mesma linha da ilha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Aluvião (forma natural): o processo é lento para a formação de terras acrescendo a propriedade 
de um individuo enquanto outrem perde terras por processo natural, assim não há indenização 
para aquele que perdeu terras. 
Obs: acréscimos artificiais não são considerados aluviões (ex: aterros) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares 
pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: 
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos 
terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas 
testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; 
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se 
acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; 
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam 
a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. 
 
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos 
e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas 
destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. 
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de 
proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada 
um sobre a antiga margem. 
Acessão 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 
 Avulsão (forma natural): o processo é rápido, veloz, de forma abrupta, quando uma porção se 
terra se desloca de uma propriedade e adere à outra. Nesta hipótese cabe a indenização por 
prazo decadencial de um ano da data do fato. Quando o individuo se negar a pagar, a lei prevê 
que quem perdeu a terra pode ir buscar o que perdeu, sob pena de enriquecimento ilícito. 
 
 
 
 
 
 
 
 Álveo abandonado (forma natural): quando uma corrente de águas, de forma natural, altera seu 
curso e abandona o leito, passando a correr sobre outra terra e tornando o leito anterior seco. A 
divisão será de acordo com a metade do álveo. 
Obs.: Os proprietários do álveo abandonado não são obrigados a indenizar os 
donos do novo leito, em razão da força da natureza. 
 
 
 
 
 
 
 Construções e plantações. são chamadas de acessões ou artificiais, já que construídas pelo ser 
humano, fazendo presumir ser do mesmo proprietário do dono do terreno que se encontrem. 
 
 
 
 
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de 
um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, 
se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém 
houver reclamado. 
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a 
que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte 
acrescida. 
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos 
das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as 
águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem 
até o meio do álveo. 
 
Acessão 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo 
proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. 
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, 
plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-
lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do 
proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a 
indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do 
terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, 
mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. 
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, 
plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. 
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou 
lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. 
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as 
sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. 
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do 
proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou 
construtor. 
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmenteem solo próprio, invade solo alheio em 
proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a 
propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e 
responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a 
desvalorização da área remanescente. 
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o 
construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em 
proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o 
dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a 
construção. 
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a 
vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por 
perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área 
perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o 
que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro. 
 
Registro de Título 
 
Ana Carolina Grespan Zago 
Se transfere uma propriedade imobiliária pelo registro do título junto ao Cartório de Registro de imóveis. 
 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título 
translativo no Registro de Imóveis. 
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser 
havido como dono do imóvel. 
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de 
invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser 
havido como dono do imóvel. 
 
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao 
oficial do registro, e este o prenotar no protocolo. 
 
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado 
reclamar que se retifique ou anule. 
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, 
independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

Continue navegando