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O que é Regime Jurídico de Direito Adm?

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MATERIAL DE APOIO1 
 
Fernando do Rego Barros Filho2 
Leonardo Evangelista de Souza Zambonini3 
 
Introdução 
 
 Esta será uma série de doze cursos que 
abordarão temais iniciais de Direito Administrativo, 
tais como regime jurídico de direito público, 
contratos, servidores, responsabilidade civil, dentre 
outros temas. Qual o objetivo de fazermos esses 
comentários? Dar suporte aos jurisdicionados em 
conceitos básicos utilizados na Administração 
Pública, aproxima-los dos demais cursos que 
oferecemos em nosso site e oferecer um primeiro 
contato com as principais decisões proferidas pelo 
TCE-PR. 
 Neste segundo curso, apontaremos o regime 
jurídico de direito público, característico no direito 
administrativo. A partir da construção teórica da 
relação do particular com o Estado, o regime jurídico 
resultante não possui as mesmas características do 
que, por exemplo, a relação entre particulares. 
Assim, se torna muito importante termos a exata 
dimensão das diferenças entre os regimes, sem falar 
em todos os caracteres que são pertinentes à análise 
do direito administrativo. 
 
Regime jurídico de direito público 
 
 A compreensão do conceito de regime 
jurídico de direito público, ou regime jurídico da 
Administração Pública, é de fundamental 
importância. Dentre os elementos que o integram, 
muitos deles são percebidos durante a celebração 
dos contratos firmados pelos Poder Público. 
 Uma de suas principais características é a 
preservação do interesse público, o que, contudo, 
não significa restrição automática à esfera jurídica 
 
1 Este material não possui a função de esgotamento do tema, mas tão somente servir como apoio às aulas em vídeo que constam no curso. 
2 Analista de Controle do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Currículo na plataforma lattes disponível em 
<http://lattes.cnpq.br/1039825565487153>. 
3 Analista de Controle do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. 
dos particulares. Com efeito, a superioridade do 
interesse público, às vezes em que ocorre, é 
estabelecida com o objetivo de dar continuidade ao 
atendimento e à prestação de serviços públicos. 
 Outra característica marcante desse regime 
jurídico é a permanente vinculação à lei, a que os 
agentes públicos se sujeitam estritamente. É como 
um conhecido brocado diz: enquanto o particular 
pode fazer tudo aquilo que a lei não veda, o 
administrador público só pode fazer o que ela 
permite. De fato, o campo de discricionariedade 
deste é muito menor. 
 A necessidade de motivação dos atos e 
contratos firmados é outra decorrência. Daí surge a 
obrigação, por exemplo, de publicação dos termos 
de minuta do contrato no edital de convocação. 
 Aliás, a observância dessas disposições é 
garantida por outra exigência desse regime jurídico: 
a previsão de mecanismos de controle interno e 
externo, aptos a realizar a anulação ou a revogação 
de um determinado ato lesivo. 
 A compreensão de regime jurídico de direito 
público envolve também a identificação das 
características e atributos dos atos administrativos 
como um todo: a presunção de legalidade de que se 
revestem, a autoexecutoriedade – que resulta na 
dispensa da chancela do Judiciário para a atuação da 
Administração –, a obediência à forma legal, o 
preenchimento de uma finalidade de interesse 
público, a sua motivação – devidamente publicada e 
amparada em embasamentos fáticos e de direito – 
e, finalmente, a possibilidade de revogação por 
razões de interesse público. 
 Em relação aos contratos administrativos, a 
distinção essencial que subsiste em face dos 
contratos privados é a prevalência da 
indisponibilidade do interesse público. Isso 
determina a relativização de conceitos arraigados 
Roney Schaskos
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nas relações privadas, como o da autonomia da 
vontade e o do pacta sunt servanda (força 
obrigatória dos contratos). Nesse sentido, na esfera 
administrativa, modificadas as condições iniciais do 
interesse público almejado, modificadas serão as 
condições contratuais estabelecidas inicialmente. 
 Há, assim, um direito legalmente 
reconhecido de a Administração instabilizar o 
vínculo existente entre ela e o contratado, o que não 
elide o direito de este ver restabelecido o equilíbrio 
econômico-financeiro pactuado. 
 Outra resultante da tutela do interesse 
público nos contratos administrativos é a atribuição 
conferida à Administração de controlar a execução 
do contrato: estabelecer requisitos para 
contratação, sancionar o contratado inadimplente, 
anular o contrato viciado, ocupar provisoriamente a 
execução de determinado serviço, dentre outras 
prerrogativas. Ressalta-se, assim, a importância da 
figura do gerente de contrato em cada entidade. 
 Ainda, afirme-se que o regime jurídico 
administrativo se reflete mais especificamente em 
relação aos requisitos legais para contratar. Desde 
1964, por exemplo, através da Lei n.º 4.320, o 
legislador é taxativo em exigir a prévia 
disponibilização de recursos orçamentários para que 
a Administração Pública possa contratar.

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