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Citologia Oncótica
1
Citologia Oncótica
Profº Dr. Marcos Zonta
Citologia Oncótica
2
Anatomia e Histologia do Aparelho Reprodutor Feminino Inferior 3
Colheita de Citologia Cérvico-vaginal 6
Coloração de Papanicolaou 7
Alterações Inflamatórias do Trato Genital Feminino 9
Microbiota Vaginal 9
Fatores que Modificam a Microbiota 9
Processos Inflamatórios do Colo Uterino e da Vagina 10
Mecanismo Histológico de Defesa do Colo Uterino 10
Alterações Citológicas Reativas Inespecíficas 11
Citopatologia nos processos inflamatórios cérvico-vaginais 11
Classificações Citológicas 13
Agentes Infecciosos 15
Infecção Bacteriana Mista 15
Infecção por Fungos, Protozoários e Vírus 16
Papilomavírus Humano 18
Atipias Escamosas de Significado Indeterminado (ASC-US – ASC/H) 19
Lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LSIL) e alto grau (HSIL) 20
Carcinoma de Células Escamosas 22
Atipias Glandulares 23
Atipia de Células Glandulares (AGC) 23
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma Invasor 24
Considerações Finais 25
Referências 26
SUMÁRIO
Citologia Oncótica
3
ANATOMIA E HISTOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO INFERIOR
O aparelho genital feminino está situado na cavidade pélvica e é composto, internamente, por dois ovários, duas 
tubas uterinas, um útero, dividido em corpo uterino e colo uterino, e uma vagina.
Os órgãos externos agregam o aparelho urogenital 
e estão situados abaixo do arco púbico. Esse sistema é 
composto por monte pubiano, lábios maiores e meno-
res situados na vulva, clitóris, vestíbulo e glândulas ves-
tibulares maiores. As glândulas mamárias também são 
consideradas parte do sistema genital feminino (KOSS; 
GOMPEL, 1999). 
A região de interesse para colheita de material para 
análise citológica é o cérvice, ou colo uterino, espe-
ciamente das porções endocérvice, internamente ins-
talada no interior do colo uterino, ectocérvice, região 
que reveste o colo uterino externamente, e junção 
escamo-celular, situada entre essas duas áreas (figura 
1). 
Histologicamente, o epitélio escamoso estratificado 
não queratinizado reveste a mucosa vaginal e a região 
da ectocérvice, porção externa do colo uterino. Esse 
epitélio está dividido em três camadas: profunda, in-
termediária e superficial. A profunda é composta por 
células basais, dispostas sobre uma lâmina basal, que 
separa o epitélio do tecido conjuntivo, e por células pa-
rabasais, sobrepostas àquelas. Essa região é responsá-
vel pela grande atividade mitótica do epitélio, renovan-
do-o a cada quatro dias.
As células basais dificilmente são observadas em 
esfregaços normais. Ocupam uma ou duas camadas 
mais profundas do epitélio e ficam presas à membra-
na basal. Apresentam cerca de 15 μm de diâmetro e 
têm a forma arredondada. O núcleo é grande, redondo 
e central e mede aproximadamente de 8 μm a 10 μm 
de diâmetro. O citoplasma é escasso e cianofílico. As 
células parabasais medem cerca de 15 μm a 30 μm de 
diâmetro, são esféricas e apresentam um núcleo gran-
de, de forma esférica ou oval, que ocupa a maior parte 
do citoplasma, o qual mede de 8 μm a 12 μm de diâme-
tro e apresenta um cromatina fina e bem distribuída. 
O citoplasma das células parabasais normalmente se 
apresenta bem delimitado e cianofílico. Essas células, 
comumente observadas na fase pós-menopausa, são 
normalmente vistas isoladas ou em pequenos grupos 
quando retiradas de forma abrasiva do epitélio.
A camada intermediária é composta por células in-
termediárias. É a região de maior espessura do epitélio, 
contendo o maior número de células, que aumentam 
progressivamente em tamanho no sentido da superfí-
cie. Morfologicamente, elas apresentam formato poli-
gonal, com diâmetro entre 30 μm e 40 μm, e tendem 
a descamar isoladamente, em placas ou em grupos. O 
núcleo é vesicular ou oval, com diâmetro de 9 μm a 11 
μm, e apresenta uma cromatina finamente granular. Os 
nucléolos não são visualizados, mas pode ser observa-
da a cromatina sexual. O citoplasma é fino, transparen-
te e normalmente cianofílico; podem aparecer alguns 
vacúolos amarelados ricos em glicogênio. Sua periferia 
apresenta-se mais escura do que a parte central. Essas 
células também podem adquirir uma formação em pé-
rola córnea, que consiste em um aglomerado circular.
As células intermediárias podem sofrer citólise cau-
sada pelos lactobacilos que normalmente habitam a 
Citologia Oncótica
4
mucosa vaginal e vão à busca do glicogênio intracelular. 
Nesse caso, os núcleos celulares aparecem desnudos 
e isolados no esfregaço e observam-se restos citoplas-
máticos. A presença dessa célula indica a fase secretora 
ou progestacional do ciclo menstrual feminino (GRAY; 
McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 
1999).
A camada superficial é composta por células superfi-
ciais. Representa o último estágio da maturação celular. 
Essas células raramente descamam em grupos e apa-
recem normalmente isoladas. Apresentam uma forma 
poliédrica e medem aproximadamente 40 μm a 60 μm 
de diâmetro. O núcleo é denso e picnótico, medindo 
de 5 μm a 7 μm de diâmetro, normalmente circundado 
por um halo claro, indicando sua zona de retração. O 
citoplasma é plano, transparente, com bordas irregula-
res. Apresenta reação tintorial acidofílica, orangeofílica 
ou eosinofílica. É rico em pequenos grânulos negros 
formados por lipídeos localizados na região perinucle-
ar. Filamentos de queratina também estão presentes. 
As células superficiais podem ser anucleadas, devido à 
grande presença de queratina no citoplasma, o que lhes 
confere uma característica de escama (GRAY; McKEE, 
2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 1999).
O epitélio cilíndrico simples é responsável pelo re-
vestimento do canal interno do colo uterino, ligando a 
cúpula vaginal com o endométrio. Ele apresenta invagi-
nações no interior do canal e do endométrio, formando 
as glândulas endocervicais e endometriais, respectiva-
mente. 
Histologicamente, é composto por uma única cama-
da de células cilíndricas, que sofrem alteração de tama-
nho e forma durante o ciclo menstrual. As células cilín-
dricas apresentam formas arredondadas ou alongadas 
contendo cílios e medem cerca de 20 μm a 30 μm de di-
âmetro. O núcleo, sempre presente, é esférico ou oval, 
deslocado para a periferia do citoplasma. Apresenta 
cromatina fina e bem distribuída; ocasionalmente, 
pode-se observar um nucléolo pequeno. O citoplasma 
distribui-se em padrão oval, normalmente cianofílico, 
podendo ou não ser vacuolizado. Normalmente des-
camam agrupadas na forma de “favo de mel”, em que 
o núcleo arredondado aparece circundado por um ci-
toplasma cianofílico e transparente, ou em fileira na 
forma de “paliçada”. Essas células apresentam um ci-
toplasma colunar e contêm cílios no seu ápice(GRAY; 
McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 
1999).
O encontro do epitélio pavimentoso estratificado 
não queratinizado com o epitélio cilíndrico simples é 
denominado de junção escamo-colunar (JEC) ou zona 
de transformação, região na qual ocorre a maior inci-
dência de neoplasias de colo uterino.
Essa região normalmente está localizada na parte 
externa do colo uterino nas mulheres em idade repro-
dutiva, porém pode sofrer alterações nessa localização 
com a idade. Nas mulheres jovens, ela aparece exte-
riorizada; nas menopausadas, no interior do canal en-
docervical. Nessa região, surge a metaplasia escamosa, 
que se manifesta de duas maneiras: pela presença de 
alterações reversíveis decorrentes da substituição de 
um tipo celular adulto por outro ou pela substituição 
adaptativa das células sensíveis à agressão por tipos ce-
lulares mais bem preparados para suportar o ambiente 
adverso (GRAY; McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; 
KOSS; GOMPEL, 1999).
As células metaplásicas são semelhantes em tama-
nho às parabasais, porém estas são mais largas. Podem 
aparecer isoladas, em placas ou grupos. Essas células 
distinguem-se das parabasais na forma, pois são poligo-
nais, e parte do seu citoplasma é alongado, formando 
pontes intracelulares. O citoplasma apresentauma ou 
mais espículas, é cianofílico e pode apresentar vacúo-
los ricos em muco. O núcleo é oval ou esférico, mede 
de 8 μm a 10 μm de diâmetro e normalmente está 
posicionado no centro da célula. A cromatina é fina e 
bem distribuída. Os centrômeros e a cromatina sexual 
podem ser observados em preparações coradas (GRAY; 
McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 
1999) (figura 1).
 
Citologia Oncótica
5
Figura 1: Anatomia e histologia do trato genital feminino inferior. Fonte: McKee, 1997.
Citologia Oncótica
6
COLHEITA DE CITOLOGIA CÉRVICO-VAGINAL
do de saco vaginal e da parede vaginal e espalha-se o 
material na parte oposta da identificação da lâmina de 
vidro.
Usando a escova de cerdas plásticas, realiza-se a 
colheita de material do canal endocervical, introduzin-
do-se aquela no canal e realizando um movimento de 
rotação em 360°. O material é disposto na lâmina de 
vidro próximo à identificação da paciente.
Essa disposição do material na lâmina de vidro, de-
nominada coleta tríplice, foi proposta por Wied e Bahr 
em 1959. É conhecida como VCE (vagina, colo uterino 
e endocérvice) e foi adotada pela Organização Mundial 
de Saúde (OMS).
Após a retirada do espéculo da paciente, o material 
é fixado utilizando-se um spray (Citofix) com base de 
álcool-éter e é submetido à coloração de Papanicolaou 
(KOSS; MALAMED, 2003) (figuras 2 e 3).
A colheita de amostras citológicas é indicada após 
o preparo prévio das mulheres, as quais deverão ob-
servar algumas orientações: abstinência sexual de 72 
horas, não estar menstruada, não estar em uso de me-
dicamento tópico (creme, pomada, óvulos vaginais) e 
não realizar banho de ducha íntima antes da realização 
do exame. As mulheres normalmente são submetidas 
a um questionário prévio, que serve para fornecer in-
formações básicas necessárias para análise da amos-
tra. Dados como nome completo, número de registro 
citológico, data de nascimento, idade, raça, data da re-
alização da colheita, data do início da atividade sexual, 
data da última menstruação (DUM), uso de anticon-
cepcionais ou hormônios, número de partos, cirurgias 
realizadas nos últimos cinco anos, local da colheita de 
material, suspeita clínica e sinais e sintomas são funda-
mentais para análise das amostras e emissão do laudo.
As mulheres são colocadas em posição ginecológica 
em maca específica sob foco luminoso, de forma que, 
após a introdução do espéculo não lubrificado, possa-
-se observar as paredes vaginais, o colo uterino e o ori-
fício deste. As lâminas de vidro, com uma extremidade 
fosca, são identificadas com as iniciais do paciente e o 
número da amostra.
Para a colheita de material celular, utliza-se uma 
espátula de madeira (espátula de Ayres) e uma escova 
com cerdas plásticas. Após a introdução do espéculo 
vaginal, deve-se identificar o orifício externo do colo 
uterino. Com a parte curvada da espátula de madeira 
posicionada sobre o colo, realiza-se um movimento de 
rotação de 360°, raspando-se totalmente a superfície 
dele, e em seguida espalha-se o material colhido no 
centro da lâmina de vidro. Depois, com a parte redon-
da da espátula, realiza-se a raspagem da região de fun-
Figura 2: Material utilizado para a colheita de exame de colpocitologia 
(Papanicolaou). Fonte: www.mundodastribos.com/exame-papanicolau-
como-funciona-importancia.html.
Citologia Oncótica
7
 
COLORAÇÃO DE PAPANICOLAOU
A coloração de Papanicolaou está descrita desde 1954 e apresenta basicamente três etapas.
A primeira está baseada na fase de hidratação, na qual as lâminas previamente fixadas em álcool 95° são mergu-
lhadas em cubas contendo álcool em concentração regressiva (95°, 70° e 50°). Em seguida, as amostras são mergu-
lhadas em uma cuba contendo o corante hematoxilina de Harris, responsável pela coloração do núcleo. Então essas 
amostras passam por um processo de desclarificação citológica, no qual são mergulhadas em uma cuba contendo 
HCl a 0,2% e, em seguida, colocadas em um fluxo leve de água corrente.
A segunda fase do processo é chamada de desidratação, na qual as amostras são submetidas a concentrações de 
álcool progressivas (50°, 70° e 95°) para permitir a coloração definitiva do núcleo e proporcionar a absorção de dois 
corantes pelo citoplasma e demais estruturas do esfregaço (Orange G, responsável pela coloração das estruturas 
básicas do citoplasma, corando-os acidofilicamente ou de coloração eosinofílica, e eosina alcóolica – EA36, respon-
sável pela coloração das estruturas ácidas do citoplasma, corando-as basofilicamente ou de coloração cianofílica).
A terceira fase do processo é denominada de diafanização, responsável pela desidratação total das células, uti-
lizando álcool absoluto. As células são fixadas no esfregaço, e os espaços anteriormente com água são preenchidos 
por uma substância oleosa, xilol, responsável pela manutenção da morfologia celular e preservação do citoesque-
leto (figura 3 ).
Citologia Oncótica
8
Figura 3: Esquema, em inglês, descreve a coloração de Papanicolaou completa para preparo de amostras celulares e investigação de células neoplásicas. 
Citologia Oncótica
9
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DO TRATO GENITAL FEMININO
A microbiota normal é composta por lactobacilos, 
diretamente relacionados com o depósito de glicogê-
nio no epitélio estratificado, chamados de bacilos de 
Döderlein. Eles mantêm o pH em torno de 5,0. Esse pH 
aumenta até próximo a 7,0 quando chega o período 
ovulatório. 
Na pós-menopausa, o epitélio torna-se hipotrófi-
co, e a quantidade de glicogênio diminui dentro das 
células, promovendo uma diminuição dos lactobacilos 
e permitindo a colonização de bactérias como cocos 
Gram-positivos, difteroides e enterobactérias.
FATORES QUE MODIFICAM A MICROBIOTA
Vários fatores determinam as modificações da mi-
crobiota vaginal, como os anticoncepcionais orais, que 
promovem alterações no ciclo hormonal, promovendo 
a colonização por agentes patogênicos. São as chama-
das vaginoses, muito comuns nos anticoncepcionais de 
barreira (diafragma) e nos de uso contínuo como o DIU, 
promovendo uma infecção ascendente.
O uso de absorventes internos no período da mens-
truação promove a alteração da microbiota. Tratamen-
to prolongado com antibióticos também é outra causa 
(DE PAOLO , 1996). 
Os processos que acometem o trato genital inferior 
estão em evidência e constituem um grande problema 
de saúde pública. Estudos têm valorizado os epitélios 
de transformação que acompanham os processos in-
flamatórios da cérvice. Nessa região, também ocorre 
a maior incidência das neoplasias de colo uterino. Os 
agentes infecciosos envolvidos são considerados como 
fatores de risco no desenvolvimento desses processos, 
bem como na evolução para o câncer de colo uterino. 
MICROBIOTA VAGINAL
A vagina normal é estéril durante a vida fetal. Após 
essa fase, tornando-se uma estrutura de revestimento, 
é colonizada por microrganismos e permanece exposta 
a muitas possibilidades de invasão.
O conteúdo vaginal é composto por 90% a 95% de 
água, sais, ureia, carboidratos, ácidos graxos, albumina, 
que é oriunda do canal cervical e das glândulas de Bar-
tholin, células de defesa oriundas do sangue e restos 
celulares relacionados às alterações hormonais. 
O muco cervical é um importante componente da 
secreção vaginal. É composto, na sua base, por mucina, 
oriunda das células cilíndricas do canal endocervical. 
A presença desse componente confere uma caracte-
rística particular, permitindo uma fácil aderência para 
as estruturas microbianas. Esse muco vaginal é consti-
tuído por imunoglobulinas (IgG e IgA) produzidas pelo 
tecido linfático das submucosa.
Citologia Oncótica
10
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS DO COLO 
UTERINO E DA VAGINA
Os processos inflamatórios podem ser agudos ou 
crônicos e estão frequentemente associados às infec-
ções. Esses processos são classificados quanto à sua 
localização. Quando ocorrem no tecido glandular, re-
cebem o nome de endocervicite, ou simplesmente cer-
vicite. Quando localizadosexclusivamente na mucosa 
vaginal, chamam-se colpites. Quando estão instalados 
no epitélio estratificado e são acompanhados de cor-
rimento vaginal, são denominados de cervicocolpites 
(figura 4 ).
Por definição, ectrópio e ectópio significam a pre-
sença de um revestimento cilíndrico sobre a ectocérvi-
ce, porém, para maior precisão, define-se como ectró-
pio a presença de ectocérvice de mucosa endocervical 
in toto, enquanto que a ectopia é a presença anômala 
de epitélio de superfície.
Histologicamente, o ectrópio deriva do desloca-
mento em direção à ectocérvice de uma mucosa origi-
nalmente endocervical, em consequência de um fator 
traumático (dilatação ou dilaceração do canal do par-
to). A ectopia está presente congenitamente por in-
completa substituição do epitélio estratificado, oriundo 
da ectocérvice e da vagina.
Com a evolução do processo inflamatório, pode 
ocorrer perda do epitélio e mesmo erosão do córion 
subjacente, caracterizando uma ulceração.
As secreções brancas, amareladas, viscosas, sangui-
nolentas podem recobrir o colo. A resposta à agressão 
é conjutivo-vascular, com comprometimento dos epité-
lios. Esse mecanismo é representado por eversão, ex-
pondo o epitélio endocervical ao pH ácido da vagina, 
alteração de microbiota e desenvolvimento de resposta 
inflamatória. 
No epitélio endocervical, a re-epitelização ocorre 
por três processos: a) hiperplasia de células de reser-
va que repõe um novo epitélio colunar; b) hiperplasia 
de células de reserva que recobre a lesão com epitélio 
poliestratificado pavimentoso pelo processo de meta-
plasia epidermoide e c) re-epitelização da zona lesada 
desnuda com epitélio poliestratificado pavimentoso 
oriundo das células basais do epitélio íntegro.
MECANISMO HISTOLÓGICO DE DEFESA DO 
COLO UTERINO
As alterações degenerativas relacionadas com pro-
cessos inflamatórios e agressões físicas e químicas so-
bre o colo uterino, provocadas por agentes, produzem 
alterações morfológicas nas células. Surgem sinais de 
destruição celular e alterações nucleares no tamanho e 
na cromatina nuclear, denominadas de reparação.
O processo de reparo ocorre tanto no epitélio cilín-
drico como no estratificado da cérvice. Essas alterações 
morfológicas causam dificuldades diagnósticas, princi-
palmente nos casos de adenocarcinoma e carcinoma 
epidermoide.
O processo de reparo exibe células dispostas em 
agrupamentos; observam-se fibroblastos de origem 
estromal. Pode aparecer anisocitose. O citoplasma é 
cianofílico, às vezes eosinofílico. A cromatina nuclear é 
granulosa, uniforme, com nucléolos simples ou duplos, 
regulares e pequenos. O fundo do esfregaço é preen-
chido por PMN e hemácias.
Um outro processo adaptativo do epitélio submeti-
do à agressão é a metaplasia escamosa. Essa é a forma 
pela qual o epitélio cilíndrico das glândulas converte-se 
em epitélio estratificado pavimentoso, a partir da dife-
renciação das células de reserva estimuladas a realizar 
hiperplasias mediante a exposição do epitélio cilíndrico 
ao pH ácido da vagina. Esse tipo celular pode sofre hi-
perplasia, que ocorre tanto no epitélio estratificado da 
ectocérvice como no epitélio colunar do canal endocer-
vical. A diferenciação dessas células é gradual. No início 
Citologia Oncótica
11
da fase de metaplasia escamosa, elas apresentam um 
aspecto vesiculoso e núcleo oval e formam de seis a 
oito fileiras de células. As bordas do citoplasma aumen-
tam em espessura (figura 4).
ALTERAÇÕES CITOLÓGICAS REATIVAS 
INESPECÍFICAS
As alterações citológicas inespecíficas estão presen-
tes em certas infecções, e na maioria dos casos o pró-
prio agente pode ser identificado. O fundo do esfregaço 
pode apresentar reação linfo-histiocitária expressiva, 
levando ao diagnóstico de cervicite folicular, enquanto 
a reação granulomatosa fala a favor de corpos estra-
nhos, como DIU, suturas ou infecções tuberculosas.
A colpite senil e as cervicocolpites infecciosas po-
dem promover sangramento, obscurecendo as alte-
rações celulares. As células da camada profunda são 
normalmente visualizadas nas fases pré-pubere e pós-
-menopausa. Quando aparecem na fase de menacme, 
normalmente indicam processos inflamatórios com 
erosão.
Atividade celular dentro dos padrões de normalida-
de é denominada de euplasia, caracterizando um epité-
lio normotrófico. Essa atividade está relacionada com a 
perfeita integração das células que compõem o tecido 
e o meio em que se encontra.
Os núcleos são os melhores indicadores de norma-
lidade. Apresentam espessura ampla. A competência 
funcional celular é avaliada pelas características do 
citoplasma, sobretudo o seu grau de diferenciação. A 
região nucleolar está constituída de RNA e proteínas 
associadas a ele. A cromatina nucleolar continua como 
parte da cromatina marginal. A identificação do nuclé-
olo indica a produção de proteínas necessárias para es-
truturar a célula nos processos reativos e na replicação, 
além de participar da produção de produtos de excre-
ção, como o muco cervical.
A cromatina nuclear está composta por DNA e RNA 
associados a proteínas. O núcleo recebe a coloração 
pela hematoxilina. A cromatina marginal ou periférica é 
confundida com a membrana nuclear. A biologicamen-
te inativa, heterocromatina, condensada na superfície 
interna do núcleo, é observada na microscopia óptica 
(MO). Ela projeta-se da cromatina marginal para o nu-
cleoplasma e é constituída de fios ou linhas e peque-
nos grânulos, cromocentros, que podem aparecer deli-
cados ou grosseiros. A ativa, eucromatina, presente na 
cariolinfa, é sustentada pela heterocromatina.
Atividade biológica e funcional diminuída é chama-
da de hipoplasia. Esse processo degenerativo ocorre 
com envelhecimento, injúria, degeneração, morte, ne-
crose, autólise, traumatismo, toxinas, radiação, calor e 
virose.
Um dos motivos de diminuição de atividade celular 
está relacionado com o aumento e a perda de água da 
célula, aumentando ou diminuindo o seu volume. O 
aumento do volume celular produz degeneração hidró-
pica, caracterizando a presença de múltiplos vacúolos 
de tamanho variado no núcleo e principalmente no ci-
toplasma. A membrana pode romper-se, com perda de 
parte do citoplasma, promovendo o aumento da rela-
ção núcleo/citoplasma. A perda do citoplasma promo-
ve o aparecimento de núcleos desnudos no esfregaço. 
A perda de água promove a diminuição do volume do 
núcleo, gerando o enrugamento da membrana nuclear. 
O processo degenerativo promove desnaturação pro-
teica, e o núcleo pode se apresentar hipocromático.
Citopatologia nos processos inflamatórios cérvico-
-vaginais
A coloração de Papanicolaou permite a identificação 
de alguns agentes infecciosos. O fundo do esfregaço 
por reação leucocitária representa inflamação aguda 
ou crônica. Ela pode ser composta por polimorfonucle-
ares, mononucleares e células histiocitárias. 
Nos processos inflamatórios, a célula apresen-
ta uma série de alterações reativas inespecíficas que 
Citologia Oncótica
12
ocorrem no núcleo e no citoplasma. Alguns agentes 
mostram alterações específicas sugestivas de viroses, 
infecção bacteriana e por protozoários. Geralmente, as 
mais comuns são formação de corpúsculo de inclusão, 
degeneração hidrópica, necrose, presença de células 
gigantes, proliferação celular, alterações da coesividade 
e do citoesqueleto célular (figura 5).
Alterações reativas associadas à atrofia, comuns na 
fase pós-menopausa, promovem nas células paraba-
sais um aumento nuclear, porém sem hipercromasia 
evidente. Processo de autólise pode ser observado. 
Observa-se células parabasais degeneradas eosinofí-
licas, com picnose evidente, semelhante à ds células 
paraqueratóticas. O fundo apresenta material amorfo, 
basofílico, resultante da degeneração celular.
As alterações associadas ao uso de dispositivo in-
trauterino (DIU) e à exposição à radiação evidenciam 
alterações nas células colunares, que descamam em 
pequenos grupos, geralmente de 5 a 15 células. Estão 
presentes células epiteliaisisoladas, com aumento da 
relação N/C. A quantidade de citoplasma é variável, e 
grandes vacúolos são observados, deslocando o núcleo 
para a periferia.
Nos quadros de radiação, a célula aumenta em ta-
manho, sem aumento substancial do núcleo. Frequen-
temente adquire forma bizarra. O núcleo pode mostrar 
alterações degenerativas como palidez, enrugamento, 
borramento da cromatina e vacuolização nuclear. Nos 
quadros associados a reparo, observam-se nucléolos 
proeminentes únicos ou múltiplos. O citoplasma pode 
ser vacuolizado e/ou policromático.
A paraqueratose, mecanismo ligado à defesa da 
mucosa, está associada a processos proliferativos be-
nignos, de proteção (acantose, queratose e paraquera-
tose). Esses fatores podem ser perturbados por fatores 
endógenos ou exógenos na fase proliferativa e na dife-
renciação.
A intensa atividade proliferativa, com aumento de mitoses, predispõe a célula a mutações, multiplicando o risco 
de transformação e de aparecimento de lesões intraepiteliais.
Quadro: Alterações reativas celulares inespecíficas
Núcleo Citoplasma
Hiper ou hipocromia Vacuolização
Aumento da relação N/C (até 2x) Metacromasia
Anisonucleose Pseudoeosinofilia
Bi e multinucleação Granulações
Espessamento da membrana Halo perinuclear
Picnose, cariorrexe, cariólise Apagamento de bordas
Cromatina fina e granular Irregularidade celular
Numerosos cromocentros Autólise
Contorno regular e liso
 Figura 4: A figura exibe a presença de célu-
las escamosas apresentando dupla coloração 
citoplasmática, aumento da relação núcleo-
-citoplasma, hipercromia nuclear. Figura 5: 
Presença de células metaplásicas reativas 
(Papanicolaou – 400X). Fonte: Acervo pessoal 
Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
13
CLASSIFICAÇÕES CITOLÓGICAS 
Richart et al (1967) criaram uma melhor classifi-
cação para as amostras consideradas como suspeitas 
para neoplasia, focando a necessidade de acompanha-
mento das pacientes, visto que cerca de 40% dessas le-
sões evoluíam para o carcinoma invasor.
As classificações foram criadas como o objetivo de 
poder indicar o grau de alteração celular presente nas 
células cervicais.
A primeira classificação a ser padronizada foi a pro-
posta por George Nicholas Papanicolaou, o criador da 
metodologia de coloração. Ela tinha o objetivo de cate-
gorizar as lesões em estágios de desenvolvimento, pro-
movendo melhor interpretação pelo clínico e melhor 
conduta sobre o caso analisado.
Classificação de Papanicolaou – 1943
CL I – Citologia normal
CL II – Citologia inflamatória
CL III – Sugestiva, porém não conclusiva
CL IV – Fortemente sugestiva
CL V – Citologia maligna
Com a necessidade de confirmação dos graus de 
diferenciação de lesão e principalmente de verificação 
do desenvolvimento de hiperplasia atípica, Reagan et 
al (1953) verificaram a necessidade de um melhor de-
talhamento para o diagnóstico de citologias sugestivas 
e não conclusivas para neoplasia (CL III). Assim, melho-
raram o conceito dessa evolução pré-maligna quando 
analisada no exame citopatológico.
Classificação de Reagan – 1953
Displasia leve
Displasia moderada
Displasia severa
Carcinoma in situ
Classificação de Richart – 1967
Neoplasia intraepitelial cervical – Grau I – NIC I
Neoplasia intraepitelial cervical – Grau II – NIC II
Neoplasia intraepitelial cervical – Grau 
III – NIC III/Carcinoma in situ
Em 1988, uma nova classificação foi criada para pa-
dronizar a interpretação e a conduta clínica a partir de 
exames citológicos. O Sistema Bethesda permite a clas-
sificação da amostra citológica desde o momento da 
colheita de material até o diagnóstico citológico final da 
lesão. Essa classificação promoveu um grande avanço 
nessa área, visto que foram propostos critérios de re-
jeição para amostras citológicas que não apresentavam 
condições ideais para avaliação e, principalmente, fo-
ram oferecidas informações descritivas que permitiam 
uma melhor interação entre o laboratório e o clínico.
Citologia Oncótica
14
Essa classificação foi aprimorada em 1991 e revisa-
da em 2001.
Sistema Bethesda 2001
Tipo de amostra
 Convencional/meio líquido
Avaliação da amostra
 Satisfatória/insatisfatória
Categorização da amostra
 Negativo para lesões in-
traepiteliais e malignidade
 Reativo: inflamação/atro-
fia/radioterapia/uso de DIU
Quando presentes, sugesti-
vo de presença de agentes:
 Sugestivo de Trichomonas vaginalis
 Sugestivo de infecção por fun-
gos compatível com Candida ssp.
 Sugestivo de vaginose bacteriana
 Sugestivo de Actinomyces SSP.
 Alterações celulares sugesti-
vas de infecção por herpesvírus.
Atipias escamosas
 Atipia escamosa de signifi-
cado indeterminado (ASC-US)
 Atipia escamosa de significado indetermi-
nado, não descartar lesão de alto grau (ASC/H)
Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau – LSIL
 Compreende displasia leve/NIC I – Efei-
to citopático do papilomavírus humano.
Lesão intraepitelial escamosa de alto grau – HSIL
 Compreende displasia leve e mo-
derada/NIC II e III – Carcinoma in situ
Carcinoma escamoso
 Positivo para carcino-
ma de células escamosas.
Células glandulares
 Atípicas
 Células endocervicais (sem outras especifi-
cações (SOE) ou especificar nos comentários
 Células endometriais (SOE ou 
especificar nos comentários).
 Células glandulares (SOE ou es-
pecificar nos comentários).
 Células glandulares, pos-
sivelmente neoplásicas
 Adenocarcinoma endocervical in situ
 Adenocarcinoma endocervi-
cal/endometrial/extrauterino
Citologia Oncótica
15
 
AGENTES INFECCIOSOS
O trato genital feminino inferior pode sofre agres-
sões endógenas, como alteração do pH vaginal em 
virtude da mudança do ciclo hormonal, e exógenas, 
decorrentes das infecções por agentes biológicos sexu-
almente transmissíveis.
As infecções bacterianas normalmente são cau-
sadas por via sexual. Muitas delas são impossíveis de 
identificar pelo exame citológico. Mas algumas são su-
geridas pela visualização de seus agentes e pelas carac-
terísticas citomorfológicas decorrentes da agressão ao 
hospedeiro.
INFECÇÃO BACTERIANA MISTA
É causada normalmente por agentes bacterianos 
que habitam o trato geniturinário. Essa microbiota 
oportunista é composta por cocos, cocobacilos e anae-
róbios. Essas infecções normalmente vêm acompanha-
das das alterações inflamatórias inespecíficas acima 
descritas (figura 6).
A vaginose bacteriana é uma infecção causada por 
agentes anaeróbios, geralmente caracterizada pela 
presença de uma sobreposição de cocobacilos (Gard-
nerella vaginalis, Mobilluncus ssp.) na periferia das cé-
lulas intermediárias, levando a uma retração do núcleo, 
achado esse denominado de clue cell (figura 7).
Figura 6: Presença de microbiota mista ao redor de células intermediárias 
e metaplásicas. 
Figura 7: Exibe a presença de sobreposição de cocobacilos em células 
superficiais (clue cell) (Papanicolaou – 400X). Fonte: Acervo pessoal Lab. 
IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
16
Outras infecções bacterianas podem acometer a re-
gião genital levando a alterações reativas importantes 
nas células escamosas e na região de JEC e canal endo-
cervical.
A Chlamydia ssp promove infecções reativas im-
portantes nas células metaplásicas e endocervicais, 
formando um corpúsculo de inclusão acidofílico no in-
terior de um vacúolo no citoplasma, vacúolo este re-
presentado por uma área de necrose calcificada, iso-
lando a infecção e promovendo modificações reativas 
importantes no núcleo celular (figura 8).
Uma infecção bactéria filamentosa pode ser obser-
vada em mulheres que fazem o uso de DIU (dispositivo 
intrauterino), decorrente da presença de uma haste 
metálica à base de cobre nesse dispositivo. Essas bacté-
rias formam um conglomerado simulando um chumaço 
de algodão – cotton ball (figura 9).
INFECÇÃO POR FUNGOS, PROTOZOÁRIOS E 
VÍRUS
Outras infecções comumente observadas no trato 
geniturinário são as causadas por fungos, comumente 
por Candida ssp., e protozoários, como o Trichomonas 
vaginalis (figuras 10 e 11).
As infecçõesfúngicas, muitas vezes consideradas 
oportunistas, normalmente são caracterizadas pela 
observação de psedo-hifas acidofílicas, septadas, e bla-
toconídeos (esporos), ora acidofílicos, ora amarelados, 
promovendo uma resposta inflamatória nas células 
escamosas caracterizada pelo apagamento das bordas 
citoplasmáticas.
A tricomoníase, também considerada uma DST, ca-
racteriza-se pela presença de um protozoário de forma 
piriforme (em forma de pera), basofílico, em meio a 
uma resposta inflamatória aguda. Esta desenvolve uma 
resposta das células escamosas, que aumentam a pro-
dução de queratina, promovendo uma pseudoeosinofi-
lia no citoplasma celular.
Figura 8: Representa a presença de células endocervicais apresentando 
vacúolo de inclusão acidofílico no interior de um vacúolo citoplasmático. 
As células escamosas e endocervicais apresentam alterações inflamatórias 
reativas. 
Figura 9: Presença de um grupamento celular basofílico configurando a 
formação em cotton ball (Papanicolaou – 400X). Fonte: Acervo pessoal 
Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Figura 10: Exibe a presença de pseudo-hifas acidofílicas e esporos em 
meio a células escamosas inflamatórias e polimorfonucleares. Figura 11: 
Exibe células escamosas acidofílicas rodeadas por estruturas piriformes, 
caracterizando a infecção por Trichomonas vaginalis (Papanicolaou – 
400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
17
 As infecções virais também são comuns no colo 
uterino. Aquelas causadas pelo herpesvírus, até algum 
tempo atrás, estavam associadas ao desenvolvimento 
do carcinoma cervical. Hoje se sabe que essas modi-
ficações são temporárias, desaparecendo assim que o 
grau de infecção diminui. Modificação nucleares são vi-
sualizadas com frequência, ocorrendo multinucleação 
e deposição de cromatina na periferia dos núcleos, ca-
racterizando a formação de núcleos “em vidro fosco”. 
Essas células alongam-se, levando à formação de um 
sincício celular (figura 12).
O papilomavírus humano (HPV) é hoje a principal 
DST e está diretamente envolvido no processo de car-
cinogênese cervical. O HPV está envolvido em cerca de 
95% das lesões cervicais e neoplasias do colo uterino. A 
coilocitose é a alteração celular característica observa-
da no epitélio infectado pelo papilomavírus humano. O 
coilócito apresenta 100% de especificidade no diagnós-
tico da infecção pelo HPV. Essa alteração caracteriza-
-se pela presença de células superficiais e intermedi-
árias apresentando núcleo aumentado em tamanho, 
com contorno irregular e hipercromasia. A cromatina 
é levemente granular e bem distribuída, e a membrana 
nuclear aparece moderadamente irregular. Essa célula 
não apresenta nucléolo ou inclusões, e o núcleo não é 
moldado. Este é carregado de partículas virais que não 
são digeridas pelas desoxirribonucleases. Mitoses típi-
cas e atípicas podem estar presentes.
A disqueratose é uma alteração celular originária do 
epitélio escamoso, caracterizada pela presença de uma 
célula com núcleo hipercromático e citoplasma quera-
tinizado, indicado por uma coloração eosinofílica ou 
orangeofílica intensa. O disqueratócito pode estar pre-
sente em diversos níveis do epitélio. Na camada super-
ficial, sua presença é mais comum, e aparece frequen-
temente na forma achatada e anucleada (figura 13).
Figura 12: Presença de célula multinucleada promovendo amoldamento nuclear e formação em sincício. 
Figura 13: Presença célula de madura com atipia nuclear e halo perinuclerar proeminente, caracterizando o quadro de coilocitose (Papanicolaou – 
400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
18
PAPILOMAVÍRUS HUMANO
tecidos cervicais sob a forma latente. Nas neoplasias 
malignas, as células sofrem transformações, nas quais 
o DNA viral aparece integrado ao genoma celular, liga-
do a sítios cromossômicos específicos de integração.
Nas lesões malignas, a interação gênica induz rup-
tura dos genes reguladores da replicação viral (E1/E2), 
deficiência na transcrição dos genes tardios e transcri-
ção incontrolável dos genes E6/E7. Nesse momento, o 
ciclo celular é abortado, partículas virais completas não 
são produzidas, e as células infectadas desencadeiam 
transformações malignas, sofrendo alteração de cres-
cimento e diferenciação. Há modificação do padrão de 
estratificação do epitélio cérvico-vaginal nas camadas 
de células mais diferenciadas, e as células superficiais 
passam a expressar citoqueratinas em quantidade 
abundante.
O aparecimento de lesões malignas é resultado da 
perda do controle do ciclo celular. Normalmente, on-
cogenes na célula hospedeira estão em constante ins-
peção do processo de reprodução irregular ou muta-
ção. Essas alterações no ciclo celular são verificadas e 
reparadas, ou a célula é destruída por apoptose. Como 
dito, o processo é regulado por dois oncogenes na cé-
lula hospedeira, denominados de p53 e pRb, gene do 
retinoblastoma. A função deles é bloquear o ciclo celu-
lar em caso de dano no genoma, reparando o dano ou 
conduzindo a célula a apoptose. Se p53 e pRb são ina-
tivados pelas proteínas virais E6/E7, as células não en-
tram em apoptose ou não há reparo do dano no DNA. 
Dessa forma, há acumulo de lesões gênicas no núcleo 
das células hospedeiras, determinando, assim, a carci-
nogênese.
Os HPVs estão divididos em dois grandes grupos. Os 
tipos mais comuns, classificados como vírus de baixo 
risco para o desenvolvimento de neoplasias, são os ti-
pos 6 e 11, mais comumente encontrados na genitália 
externa e ocasionalmente no colo uterino. Tipos como 
34, 40, 43, 44, 53, 54, 57 e 66 são normalmente iden-
tificados em casos de condiloma acuminado, verrugas 
em mucosas e lesões intraepiteliais escamosas de baixo 
grau (LSIL). O segundo grupo são os HPVs de alto risco 
oncogênico, representados pelos tipos 16, 18, 31 e 45. 
Normalmente, são detectados nas lesões intraepiteliais 
de alto grau (HSIL) e nos carcinomas invasivos de colo 
uterino. 
O ciclo viral inicia-se com a infecção das células da 
camada basal do epitélio em decorrência da abrasão 
ou de microlesões da pele e da mucosa. Após a ma-
turação nas células parabasais, a replicação viral efe-
tiva inicia-se quando a célula-filha que contém o vírus 
sofre maturação. O DNA-HPV é replicado num grande 
número de cópias, e posteriormente ocorre sua inser-
ção no DNA celular. Após a transcrição e a tradução do 
DNA-HPV inserido no DNA celular, ocorre a formação 
de partículas virais maduras. A região tardia (L1/L2) sin-
tetiza as proteínas do capsídeo viral, que são direciona-
das aos núcleos das células hospedeiras, onde ocorre a 
formação da partícula viral completa. 
O genoma viral pode ser encontrado sob a forma 
epissomal no núcleo das células infectadas ou, nos 
subtipos causadores de lesões malignas, pode estar in-
tegrado aos cromossomos das células do hospedeiro. 
Nas lesões benignas, o DNA viral aparece em padrão 
epissomal, ou seja, sob a forma circular, não integrado 
ao genoma celular. Nessas lesões, o vírus fica retido nos 
Citologia Oncótica
19
ATIPIAS ESCAMOSAS DE SIGNIFICADO INDETERMINADO (ASC-US – ASC/H)
tificação do grau da lesão em células imaturas (figura 
15).
Outras alterações com características indefinidas 
podem ser visualizadas no esfregaço. Esse tipo de ocor-
rência dá-se no epitélio escamoso e é interpretado 
como sendo alterações de significado indeterminado 
para a ocorrência de lesões escamosas, ASC-US, segun-
do o Sistema Bethesda.
Os ASC-US estão no limiar de diferenciação entre o 
processo inflamatório e a neoplasia intraepitelial cer-
vical (NIC). Esse tipo de alteração celular não oferece 
critério suficiente para um diagnóstico seguro da lesão, 
porém possibilita a exclusão de alterações celulares be-
nignas.
Os parâmetros celulares adotados para se caracte-
rizar um esfregaço como ASC-US são aumento da rela-
ção núcleo/citoplasma em duas a três vezes o tamanho 
da célula intermediária normal, leve variaçãoda forma 
nuclear, hipercromia discreta, cromatina regularmente 
distribuída e membrana nuclear bem delimitada. Po-
dem ocorrer alterações celulares compatíveis com a 
infecção pelo HPV. A presença de metaplasia escamosa 
reativa também foi relatada em esfregaços dessa natu-
reza (figura 14).
As atipias classificadas como de significado indeter-
minado não descartam lesão de alto grau (ASC/H). São 
caracterizadas pela presença de alteração importante 
nas células, porém não se pode definir o quadro de dis-
plasia moderada/NIC II ou severa/NIC III/carcinoma in 
situ. Uma das condições mais comuns de emprego do 
uso dessa classificação é em mulheres que apresentam 
atipia em esfregaços atróficos pela dificuldade de iden-
Figura 14: Exibe células escamosas eosinofílicas apresentando aumento 
da relação núcleo-citoplasma e hipercromia leve, não caracterizando um 
grau intenso de atipia (ASC-US). 
Figura 15: Exibe células profundas, agrupadas e sobrepostas. Os núcleos 
celulares apresentam atipia moderada (Papanicolaou – 400X). Fonte: 
acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
20
LESÃO ESCAMOSA INTRAEPITELIAL DE BAIXO GRAU (LSIL) E ALTO GRAU (HSIL)
As alterações celulares associadas ao HPV, descritas 
como coilocitose e disqueratose, acompanhadas de ati-
pias nucleares em células maduras, discariose, quase 
sempre começam na junção escamo-colunar, na zona 
de transformação. Histologicamente, mostram desor-
ganização da arquitetura do epitélio escamoso, atipia 
nuclear e algumas mitoses anormais (figuras 16 e 17).
A história natural das lesões escamosas de baixo 
grau (LSIL) e de alto grau (HGSL) está diretamente liga-
da à ação do HPV no trato genital feminino, associada 
principalmente ao vírus de alto risco. Este é responsá-
vel pelo aumento da vulnerabilidade da junção esca-
mo-colunar, promovendo diferenciação irregular. Essas 
alterações foram relatadas em 1988 na cidade ameri-
cana de Bethesda, onde foi criada a nova nomenclatura 
denominada de Sistema Bethesda.
As LSIL, anteriormente classificadas como displasia 
leve/NIC I, são lesões pré-neoplásicas do epitélio es-
camoso, também chamadas de precursoras, e podem 
permanecer em latência por um período de 20 anos, 
com eliminação de células anormais. As lesões pré-ma-
lignas representam uma continuidade de alterações 
morfológicas, com limites relativamente indistintos, e 
não irão, obrigatoriamente, evoluir para lesões malig-
nas, podendo sofrer regressões espontâneas.
Em 95% dos casos, as lesões de alto grau e malignas 
estão associadas à infecção pelo papilomavírus (HPV) 
de alto risco. A persistência delas é diretamente pro-
porcional ao grande número de cópias virais.
As lesões pré-neoplásicas são consideradas como 
precursoras do câncer cervical e são referidas como 
lesões escamosas intraepiteliais de baixo grau (LSIL). 
Elas estão diretamente associadas à infecção pelo HPV. 
Essas lesões podem ser causadas por qualquer tipo de 
HPV, ser transitórias ou autolimitadas e regredir espon-
taneamente, em especial em mulheres com menos de 
30 anos. Na maioria dos casos, estão associadas à infec-
ção pelo HPV 6 e 11.
Figura 15: Presença de coilocitose e disqueratose em células maduras. 
Figura 16: Presença de célula intermediária apresentando discariose leve 
e binucleação (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN 
CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
21
As lesões escamosas intraepiteliais de alto grau 
(HSIL), anteriormente classificadas como displasia mo-
derada/severa e/ou NIC II/III-Carcinoma in situ, e as 
neoplasias de colo uterino estão relacionadas com os 
tipos 16 e 18 do HPV. Essas lesões caracterizam-se pela 
presença de células imaturas com discariose severa e 
carioteca irregular, pleomorfismo nuclear, depósito de 
cromatina na membrana nuclear. O citoplasma é escas-
so e basofílico, caracterizando a imaturidade celular 
(figura 18).
Os quadros de carcinoma in situ, enquadrados no 
sistema Bethesda como lesão de alto grau, são carac-
terizados pela presença de esfregaços contendo células 
com características de HSIL e mais três critérios impor-
tantes que mostram a evolução da doença para malig-
nidade: núcleos em tinta da China, agrupamento de 
cromatina em “sal e pimenta” e grupamento de células 
atípicas em fila indiana (figura 19).
Figura 18: Exibe células imaturas evidenciando discariose severa, grumos 
de cromatina, hipercromia severa e pleomorfismo nuclear (HSIL). Figura 
19: Exibe células profundas dispostas em fila indiana, algumas exibindo 
cromatina em “sal e pimenta”, e células escamosas apresentando núcleos 
em tinta da China (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN 
CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
22
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS
grosseira e mal distribuída, com acúmulo na periferia 
da membrana nuclear, membrana nuclear irregular, 
pleomorfismo nuclear e celular, presença de macro-
nucléolos, núcleo hipercorado, marcado em forma de 
tinta da China, células de reserva e basais pequenas, 
células parabasais e metaplásicas grandes. Comumente 
observa-se a presença de formas bizarras. Raramente 
observa-se coilocitose.
Alterações citoplasmáticas incluindo células com ci-
toplasma escasso, cianofílico ou eosinofílico, vacúolos 
citoplasmáticos, formação em fila indiana, disquerato-
se com picnose ou anucleadas, células pequenas que 
podem ser confundidas com leucócitos, macrófagos e 
células metaplásicas e de reserva e presença de diátese 
tumoral e hemorrágica (figuras 20 e 21).
O câncer do colo uterino é uma doença que acome-
te 69 milhões de mulheres acima dos 15 anos em todo 
o mundo. No Brasil, em 2010, 18.430 novos casos fo-
ram estimados, sendo 18 casos por 100 mil mulheres. 
Essa doença é a segunda maior causa de morte por 
neoplasia em mulheres, principalmente nas regiões de 
baixo poder socioeconômico. Pesquisas mostram que, 
por ano, cerca de 50 mil mulheres desenvolverão neo-
plasia de colo uterino, sendo o papilomavírus humano 
(HPV) o seu principal cofator. 
Nos Estados Unidos, aproximadamente 6.200 no-
vos casos de infecção pelo HPV ocorrem anualmente, e 
cerca de 20 milhões de mulheres apresentam infecção 
ativa pelo vírus, com grande potencial de progressão da 
doença. O Center of Disease Control (CDC) estima que 
metade das mulheres sexualmente ativas vá adquirir 
a infecção pelo HPV em algum momento de sua vida, 
cerca de 80% antes dos 50 anos. Relatos da Internatio-
nal Agency for Research on Cancer (IARC) evidenciaram 
em 2008 que o câncer cervical é o mais comum entre 
as mulheres em todo o mundo, estimando a sua ocor-
rência em cerca de 530 mil novos casos. Mais de 85% 
deles ocorrem em países em desenvolvimento. Regiões 
como África, Ásia, Central, América Central e América 
do Sul estão entre as mais prevalentes na ocorrência 
da doença. 
Citologicamente, o carcinoma de células escamosas 
caracteriza-se pelas seguintes modificações celulares: 
Alterações nucleares como cariomegalia (aumento 
do volume nuclear mais que seis vezes o volume da 
célula normal), hipercromia nuclear severa, cromatina 
Figura 20: Exibe a presença de células neoplásicas de origem escamosa. 
Observa-se pleomorfismo nuclear com cromatina grosseira e depósito na 
perifiria do citoplasma. Pode-se observer a presence de macronucléolo. 
Figura 21: Exibe a presence de células bizarras na forma de girino, 
com núcleo apresentando cariomegalia, hipercromia severa, depósito 
de cromatina na membrane nuclear e macronucléolos (Papanicolaou – 
400X). Fonte: aAcervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
23
ATIPIAS GLANDULARES
da. Citomorfologicamente, pode-se observar discariose 
leve, com aumento da relação N/C de duas a cinco ve-
zes, hipercromia nuclear, nucléolo aumentado em ta-
manho, porém único, e membrana nuclear que começa 
mostrar graus de irregularidade. O citoplasma apare-
ce pouco preservado, e os grupamentos celulares são 
mais frequentes (figura 23).
Asatipias glandulares são classificadas em benignas 
e malignas, decorrentes normalmente de processos 
como hiperplasia microglandular, pólipo endocervical, 
uso de anticoncepcionais orais e de DIU. Observa-se 
que muitas das alterações no canal endocervical estão 
associadas aos processos de metaplasia escamosa ou 
reação de reparo. 
As alterações reativas dessas células caracterizam-
-se por modificações citomorfológicas semelhantes às 
que ocorrem no epitélio escamoso, adequando-se às 
características do tipo de células glandulares. Podem-
-se observar conjuntos de células que descamam em 
grupos pequenos e sobrepostas, normalmente com 
mais de 20 delas. Em alguns casos, esse conjunto man-
tém o padrão em favo de mel. Observa-se o aumento 
da relação N/C de duas a três vezes e leve hipercromia 
nuclear. Os nucléolos são, frequentemente, visíveis, o 
que pode dificultar a caracterização de reatividade das 
células. O citoplasma pode estar bem conservado (fi-
gura 22).
ATIPIA DE CÉLULAS GLANDULARES (AGC)
São alterações das células glandulares que excedem 
os critérios de benignidade, porém ainda não exibem 
um padrão de malignidade definido. Podem ser de ori-
gem endocervical e endometrial. Essas modificações 
podem ter influência de infecção pelo HPV, hormo-
nioterapia, radiação, medicamentos. Normalmente, 
as células apresentam atipia nuclear com abundante 
citoplasma, o que garante a não evolução maligna ain-
Figura 22: Presença de células endocervicais apresentando reatividade, 
dispostas em grupos com mais de 20 células, sem sobreposição. O 
grupamento apresenta o padrão em favo de mel. Figura 23: Presença 
de células glandulares atípicas, com núcleos hipercorados e sobrepostos. 
O grupo perdeu o padrão de favo de mel (Papanicolaou – 400X). Fonte: 
acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
24
ADENOCARCINOMA IN SITU E 
ADENOCARCINOMA INVASOR
Esse tipo representa cerca de 10% das neoplasias 
malignas do colo uterino, muitas vezes apresentando-
-se como extensões das lesões escamosas que aden-
tram o canal endocervical. Cerca de 50% dos esfrega-
ços neoplásicos são classificados erroneamente como 
negativos, pois mimetizam alterações reativas de difícil 
interpretação. Os adenocarcinomas podem ser confun-
didos com carcinomas de células pequenas, macrófa-
gos, metaplasia reativa.
O AdenoCa in situ caracteriza-se por grupamentos 
celulares com núcleos enegrecidos, compostos por 
mais de 20 células, exibindo nucléolos proeminentes. 
Observa-se sobreposição de núcleos malignos aglome-
rados. Pode-se observar uma estratificação do epitélio, 
simulando um corte de tecido.
Os núcleos são de tamanho variado, com membra-
na nuclear irregular, cromatina pontilhada e grosseira, 
hipercromia nuclear. Observa-se a presença de mais de 
um macronucléolo e de células malignas isoladas dis-
postas em formação de fila ou rosetas e mitoses atípi-
cas (figura 24).
O AdenoCa invasor caracteriza-se por alterações 
celulares semelhantes às do adenocarcinoma in situ, 
porém podemos evidenciar formação acinar, papilar 
ou em roseta. Os núcleos desenvolvem um processo 
de amoldamento, e numerosos macronucléolos são 
observados. 
Uma característica dessa neoplasia é a presença de 
numerosas células tumorais isoladas, caracterizando a 
dissociação delas da massa tumoral. Essa característica 
recebe o nome de plumagem. São observadas células 
com formas bizarras e em anel de sinete, caracterizan-
do a origem glandular do tumor. Essa neoplasia vem 
acompanhada de diátese tumoral e hemorrágica e ex-
sudato inflamatório (figura 25).
Figura 24: Exibe células endocervicais apresentando critérios de 
malignidade e pseudoestratificação, caracterizando o quadro de AdenoCa 
in situ. Figura 25: Exibe células de origem glandular com alterações 
malignas. Núcleos dicarióticos e presença de macronucléolos. O gurpo 
exibe células dispersando-se do grupo, caracterizando a figura de 
plumagem (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – 
Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este texto tem como objetivo mostar os principais achados citomorfológicos encontrados em esfregaços cervicais 
corados pelo método de Papanicolaou. Ele introduz noções básicas de anatomia e fisiologia humana, características 
histológicas e citológicas do aparelho genital feminino, bem como as principais alterações benignas, precursoras e 
malignas possivelmente identificadas em esfregaços cervicais.
As imagens são de uso exclusivo deste manual, não podendo ser reproduzidas sem a autorização do autor. Fonte: 
Prof. Dr. Marco Antonio Zonta – Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda.
Citologia Oncótica
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