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Citologia Oncótica 1 Citologia Oncótica Profº Dr. Marcos Zonta Citologia Oncótica 2 Anatomia e Histologia do Aparelho Reprodutor Feminino Inferior 3 Colheita de Citologia Cérvico-vaginal 6 Coloração de Papanicolaou 7 Alterações Inflamatórias do Trato Genital Feminino 9 Microbiota Vaginal 9 Fatores que Modificam a Microbiota 9 Processos Inflamatórios do Colo Uterino e da Vagina 10 Mecanismo Histológico de Defesa do Colo Uterino 10 Alterações Citológicas Reativas Inespecíficas 11 Citopatologia nos processos inflamatórios cérvico-vaginais 11 Classificações Citológicas 13 Agentes Infecciosos 15 Infecção Bacteriana Mista 15 Infecção por Fungos, Protozoários e Vírus 16 Papilomavírus Humano 18 Atipias Escamosas de Significado Indeterminado (ASC-US – ASC/H) 19 Lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LSIL) e alto grau (HSIL) 20 Carcinoma de Células Escamosas 22 Atipias Glandulares 23 Atipia de Células Glandulares (AGC) 23 Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma Invasor 24 Considerações Finais 25 Referências 26 SUMÁRIO Citologia Oncótica 3 ANATOMIA E HISTOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO INFERIOR O aparelho genital feminino está situado na cavidade pélvica e é composto, internamente, por dois ovários, duas tubas uterinas, um útero, dividido em corpo uterino e colo uterino, e uma vagina. Os órgãos externos agregam o aparelho urogenital e estão situados abaixo do arco púbico. Esse sistema é composto por monte pubiano, lábios maiores e meno- res situados na vulva, clitóris, vestíbulo e glândulas ves- tibulares maiores. As glândulas mamárias também são consideradas parte do sistema genital feminino (KOSS; GOMPEL, 1999). A região de interesse para colheita de material para análise citológica é o cérvice, ou colo uterino, espe- ciamente das porções endocérvice, internamente ins- talada no interior do colo uterino, ectocérvice, região que reveste o colo uterino externamente, e junção escamo-celular, situada entre essas duas áreas (figura 1). Histologicamente, o epitélio escamoso estratificado não queratinizado reveste a mucosa vaginal e a região da ectocérvice, porção externa do colo uterino. Esse epitélio está dividido em três camadas: profunda, in- termediária e superficial. A profunda é composta por células basais, dispostas sobre uma lâmina basal, que separa o epitélio do tecido conjuntivo, e por células pa- rabasais, sobrepostas àquelas. Essa região é responsá- vel pela grande atividade mitótica do epitélio, renovan- do-o a cada quatro dias. As células basais dificilmente são observadas em esfregaços normais. Ocupam uma ou duas camadas mais profundas do epitélio e ficam presas à membra- na basal. Apresentam cerca de 15 μm de diâmetro e têm a forma arredondada. O núcleo é grande, redondo e central e mede aproximadamente de 8 μm a 10 μm de diâmetro. O citoplasma é escasso e cianofílico. As células parabasais medem cerca de 15 μm a 30 μm de diâmetro, são esféricas e apresentam um núcleo gran- de, de forma esférica ou oval, que ocupa a maior parte do citoplasma, o qual mede de 8 μm a 12 μm de diâme- tro e apresenta um cromatina fina e bem distribuída. O citoplasma das células parabasais normalmente se apresenta bem delimitado e cianofílico. Essas células, comumente observadas na fase pós-menopausa, são normalmente vistas isoladas ou em pequenos grupos quando retiradas de forma abrasiva do epitélio. A camada intermediária é composta por células in- termediárias. É a região de maior espessura do epitélio, contendo o maior número de células, que aumentam progressivamente em tamanho no sentido da superfí- cie. Morfologicamente, elas apresentam formato poli- gonal, com diâmetro entre 30 μm e 40 μm, e tendem a descamar isoladamente, em placas ou em grupos. O núcleo é vesicular ou oval, com diâmetro de 9 μm a 11 μm, e apresenta uma cromatina finamente granular. Os nucléolos não são visualizados, mas pode ser observa- da a cromatina sexual. O citoplasma é fino, transparen- te e normalmente cianofílico; podem aparecer alguns vacúolos amarelados ricos em glicogênio. Sua periferia apresenta-se mais escura do que a parte central. Essas células também podem adquirir uma formação em pé- rola córnea, que consiste em um aglomerado circular. As células intermediárias podem sofrer citólise cau- sada pelos lactobacilos que normalmente habitam a Citologia Oncótica 4 mucosa vaginal e vão à busca do glicogênio intracelular. Nesse caso, os núcleos celulares aparecem desnudos e isolados no esfregaço e observam-se restos citoplas- máticos. A presença dessa célula indica a fase secretora ou progestacional do ciclo menstrual feminino (GRAY; McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 1999). A camada superficial é composta por células superfi- ciais. Representa o último estágio da maturação celular. Essas células raramente descamam em grupos e apa- recem normalmente isoladas. Apresentam uma forma poliédrica e medem aproximadamente 40 μm a 60 μm de diâmetro. O núcleo é denso e picnótico, medindo de 5 μm a 7 μm de diâmetro, normalmente circundado por um halo claro, indicando sua zona de retração. O citoplasma é plano, transparente, com bordas irregula- res. Apresenta reação tintorial acidofílica, orangeofílica ou eosinofílica. É rico em pequenos grânulos negros formados por lipídeos localizados na região perinucle- ar. Filamentos de queratina também estão presentes. As células superficiais podem ser anucleadas, devido à grande presença de queratina no citoplasma, o que lhes confere uma característica de escama (GRAY; McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 1999). O epitélio cilíndrico simples é responsável pelo re- vestimento do canal interno do colo uterino, ligando a cúpula vaginal com o endométrio. Ele apresenta invagi- nações no interior do canal e do endométrio, formando as glândulas endocervicais e endometriais, respectiva- mente. Histologicamente, é composto por uma única cama- da de células cilíndricas, que sofrem alteração de tama- nho e forma durante o ciclo menstrual. As células cilín- dricas apresentam formas arredondadas ou alongadas contendo cílios e medem cerca de 20 μm a 30 μm de di- âmetro. O núcleo, sempre presente, é esférico ou oval, deslocado para a periferia do citoplasma. Apresenta cromatina fina e bem distribuída; ocasionalmente, pode-se observar um nucléolo pequeno. O citoplasma distribui-se em padrão oval, normalmente cianofílico, podendo ou não ser vacuolizado. Normalmente des- camam agrupadas na forma de “favo de mel”, em que o núcleo arredondado aparece circundado por um ci- toplasma cianofílico e transparente, ou em fileira na forma de “paliçada”. Essas células apresentam um ci- toplasma colunar e contêm cílios no seu ápice(GRAY; McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 1999). O encontro do epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado com o epitélio cilíndrico simples é denominado de junção escamo-colunar (JEC) ou zona de transformação, região na qual ocorre a maior inci- dência de neoplasias de colo uterino. Essa região normalmente está localizada na parte externa do colo uterino nas mulheres em idade repro- dutiva, porém pode sofrer alterações nessa localização com a idade. Nas mulheres jovens, ela aparece exte- riorizada; nas menopausadas, no interior do canal en- docervical. Nessa região, surge a metaplasia escamosa, que se manifesta de duas maneiras: pela presença de alterações reversíveis decorrentes da substituição de um tipo celular adulto por outro ou pela substituição adaptativa das células sensíveis à agressão por tipos ce- lulares mais bem preparados para suportar o ambiente adverso (GRAY; McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 1999). As células metaplásicas são semelhantes em tama- nho às parabasais, porém estas são mais largas. Podem aparecer isoladas, em placas ou grupos. Essas células distinguem-se das parabasais na forma, pois são poligo- nais, e parte do seu citoplasma é alongado, formando pontes intracelulares. O citoplasma apresentauma ou mais espículas, é cianofílico e pode apresentar vacúo- los ricos em muco. O núcleo é oval ou esférico, mede de 8 μm a 10 μm de diâmetro e normalmente está posicionado no centro da célula. A cromatina é fina e bem distribuída. Os centrômeros e a cromatina sexual podem ser observados em preparações coradas (GRAY; McKEE, 2003; KOSS; MALAMED, 2003; KOSS; GOMPEL, 1999) (figura 1). Citologia Oncótica 5 Figura 1: Anatomia e histologia do trato genital feminino inferior. Fonte: McKee, 1997. Citologia Oncótica 6 COLHEITA DE CITOLOGIA CÉRVICO-VAGINAL do de saco vaginal e da parede vaginal e espalha-se o material na parte oposta da identificação da lâmina de vidro. Usando a escova de cerdas plásticas, realiza-se a colheita de material do canal endocervical, introduzin- do-se aquela no canal e realizando um movimento de rotação em 360°. O material é disposto na lâmina de vidro próximo à identificação da paciente. Essa disposição do material na lâmina de vidro, de- nominada coleta tríplice, foi proposta por Wied e Bahr em 1959. É conhecida como VCE (vagina, colo uterino e endocérvice) e foi adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após a retirada do espéculo da paciente, o material é fixado utilizando-se um spray (Citofix) com base de álcool-éter e é submetido à coloração de Papanicolaou (KOSS; MALAMED, 2003) (figuras 2 e 3). A colheita de amostras citológicas é indicada após o preparo prévio das mulheres, as quais deverão ob- servar algumas orientações: abstinência sexual de 72 horas, não estar menstruada, não estar em uso de me- dicamento tópico (creme, pomada, óvulos vaginais) e não realizar banho de ducha íntima antes da realização do exame. As mulheres normalmente são submetidas a um questionário prévio, que serve para fornecer in- formações básicas necessárias para análise da amos- tra. Dados como nome completo, número de registro citológico, data de nascimento, idade, raça, data da re- alização da colheita, data do início da atividade sexual, data da última menstruação (DUM), uso de anticon- cepcionais ou hormônios, número de partos, cirurgias realizadas nos últimos cinco anos, local da colheita de material, suspeita clínica e sinais e sintomas são funda- mentais para análise das amostras e emissão do laudo. As mulheres são colocadas em posição ginecológica em maca específica sob foco luminoso, de forma que, após a introdução do espéculo não lubrificado, possa- -se observar as paredes vaginais, o colo uterino e o ori- fício deste. As lâminas de vidro, com uma extremidade fosca, são identificadas com as iniciais do paciente e o número da amostra. Para a colheita de material celular, utliza-se uma espátula de madeira (espátula de Ayres) e uma escova com cerdas plásticas. Após a introdução do espéculo vaginal, deve-se identificar o orifício externo do colo uterino. Com a parte curvada da espátula de madeira posicionada sobre o colo, realiza-se um movimento de rotação de 360°, raspando-se totalmente a superfície dele, e em seguida espalha-se o material colhido no centro da lâmina de vidro. Depois, com a parte redon- da da espátula, realiza-se a raspagem da região de fun- Figura 2: Material utilizado para a colheita de exame de colpocitologia (Papanicolaou). Fonte: www.mundodastribos.com/exame-papanicolau- como-funciona-importancia.html. Citologia Oncótica 7 COLORAÇÃO DE PAPANICOLAOU A coloração de Papanicolaou está descrita desde 1954 e apresenta basicamente três etapas. A primeira está baseada na fase de hidratação, na qual as lâminas previamente fixadas em álcool 95° são mergu- lhadas em cubas contendo álcool em concentração regressiva (95°, 70° e 50°). Em seguida, as amostras são mergu- lhadas em uma cuba contendo o corante hematoxilina de Harris, responsável pela coloração do núcleo. Então essas amostras passam por um processo de desclarificação citológica, no qual são mergulhadas em uma cuba contendo HCl a 0,2% e, em seguida, colocadas em um fluxo leve de água corrente. A segunda fase do processo é chamada de desidratação, na qual as amostras são submetidas a concentrações de álcool progressivas (50°, 70° e 95°) para permitir a coloração definitiva do núcleo e proporcionar a absorção de dois corantes pelo citoplasma e demais estruturas do esfregaço (Orange G, responsável pela coloração das estruturas básicas do citoplasma, corando-os acidofilicamente ou de coloração eosinofílica, e eosina alcóolica – EA36, respon- sável pela coloração das estruturas ácidas do citoplasma, corando-as basofilicamente ou de coloração cianofílica). A terceira fase do processo é denominada de diafanização, responsável pela desidratação total das células, uti- lizando álcool absoluto. As células são fixadas no esfregaço, e os espaços anteriormente com água são preenchidos por uma substância oleosa, xilol, responsável pela manutenção da morfologia celular e preservação do citoesque- leto (figura 3 ). Citologia Oncótica 8 Figura 3: Esquema, em inglês, descreve a coloração de Papanicolaou completa para preparo de amostras celulares e investigação de células neoplásicas. Citologia Oncótica 9 ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DO TRATO GENITAL FEMININO A microbiota normal é composta por lactobacilos, diretamente relacionados com o depósito de glicogê- nio no epitélio estratificado, chamados de bacilos de Döderlein. Eles mantêm o pH em torno de 5,0. Esse pH aumenta até próximo a 7,0 quando chega o período ovulatório. Na pós-menopausa, o epitélio torna-se hipotrófi- co, e a quantidade de glicogênio diminui dentro das células, promovendo uma diminuição dos lactobacilos e permitindo a colonização de bactérias como cocos Gram-positivos, difteroides e enterobactérias. FATORES QUE MODIFICAM A MICROBIOTA Vários fatores determinam as modificações da mi- crobiota vaginal, como os anticoncepcionais orais, que promovem alterações no ciclo hormonal, promovendo a colonização por agentes patogênicos. São as chama- das vaginoses, muito comuns nos anticoncepcionais de barreira (diafragma) e nos de uso contínuo como o DIU, promovendo uma infecção ascendente. O uso de absorventes internos no período da mens- truação promove a alteração da microbiota. Tratamen- to prolongado com antibióticos também é outra causa (DE PAOLO , 1996). Os processos que acometem o trato genital inferior estão em evidência e constituem um grande problema de saúde pública. Estudos têm valorizado os epitélios de transformação que acompanham os processos in- flamatórios da cérvice. Nessa região, também ocorre a maior incidência das neoplasias de colo uterino. Os agentes infecciosos envolvidos são considerados como fatores de risco no desenvolvimento desses processos, bem como na evolução para o câncer de colo uterino. MICROBIOTA VAGINAL A vagina normal é estéril durante a vida fetal. Após essa fase, tornando-se uma estrutura de revestimento, é colonizada por microrganismos e permanece exposta a muitas possibilidades de invasão. O conteúdo vaginal é composto por 90% a 95% de água, sais, ureia, carboidratos, ácidos graxos, albumina, que é oriunda do canal cervical e das glândulas de Bar- tholin, células de defesa oriundas do sangue e restos celulares relacionados às alterações hormonais. O muco cervical é um importante componente da secreção vaginal. É composto, na sua base, por mucina, oriunda das células cilíndricas do canal endocervical. A presença desse componente confere uma caracte- rística particular, permitindo uma fácil aderência para as estruturas microbianas. Esse muco vaginal é consti- tuído por imunoglobulinas (IgG e IgA) produzidas pelo tecido linfático das submucosa. Citologia Oncótica 10 PROCESSOS INFLAMATÓRIOS DO COLO UTERINO E DA VAGINA Os processos inflamatórios podem ser agudos ou crônicos e estão frequentemente associados às infec- ções. Esses processos são classificados quanto à sua localização. Quando ocorrem no tecido glandular, re- cebem o nome de endocervicite, ou simplesmente cer- vicite. Quando localizadosexclusivamente na mucosa vaginal, chamam-se colpites. Quando estão instalados no epitélio estratificado e são acompanhados de cor- rimento vaginal, são denominados de cervicocolpites (figura 4 ). Por definição, ectrópio e ectópio significam a pre- sença de um revestimento cilíndrico sobre a ectocérvi- ce, porém, para maior precisão, define-se como ectró- pio a presença de ectocérvice de mucosa endocervical in toto, enquanto que a ectopia é a presença anômala de epitélio de superfície. Histologicamente, o ectrópio deriva do desloca- mento em direção à ectocérvice de uma mucosa origi- nalmente endocervical, em consequência de um fator traumático (dilatação ou dilaceração do canal do par- to). A ectopia está presente congenitamente por in- completa substituição do epitélio estratificado, oriundo da ectocérvice e da vagina. Com a evolução do processo inflamatório, pode ocorrer perda do epitélio e mesmo erosão do córion subjacente, caracterizando uma ulceração. As secreções brancas, amareladas, viscosas, sangui- nolentas podem recobrir o colo. A resposta à agressão é conjutivo-vascular, com comprometimento dos epité- lios. Esse mecanismo é representado por eversão, ex- pondo o epitélio endocervical ao pH ácido da vagina, alteração de microbiota e desenvolvimento de resposta inflamatória. No epitélio endocervical, a re-epitelização ocorre por três processos: a) hiperplasia de células de reser- va que repõe um novo epitélio colunar; b) hiperplasia de células de reserva que recobre a lesão com epitélio poliestratificado pavimentoso pelo processo de meta- plasia epidermoide e c) re-epitelização da zona lesada desnuda com epitélio poliestratificado pavimentoso oriundo das células basais do epitélio íntegro. MECANISMO HISTOLÓGICO DE DEFESA DO COLO UTERINO As alterações degenerativas relacionadas com pro- cessos inflamatórios e agressões físicas e químicas so- bre o colo uterino, provocadas por agentes, produzem alterações morfológicas nas células. Surgem sinais de destruição celular e alterações nucleares no tamanho e na cromatina nuclear, denominadas de reparação. O processo de reparo ocorre tanto no epitélio cilín- drico como no estratificado da cérvice. Essas alterações morfológicas causam dificuldades diagnósticas, princi- palmente nos casos de adenocarcinoma e carcinoma epidermoide. O processo de reparo exibe células dispostas em agrupamentos; observam-se fibroblastos de origem estromal. Pode aparecer anisocitose. O citoplasma é cianofílico, às vezes eosinofílico. A cromatina nuclear é granulosa, uniforme, com nucléolos simples ou duplos, regulares e pequenos. O fundo do esfregaço é preen- chido por PMN e hemácias. Um outro processo adaptativo do epitélio submeti- do à agressão é a metaplasia escamosa. Essa é a forma pela qual o epitélio cilíndrico das glândulas converte-se em epitélio estratificado pavimentoso, a partir da dife- renciação das células de reserva estimuladas a realizar hiperplasias mediante a exposição do epitélio cilíndrico ao pH ácido da vagina. Esse tipo celular pode sofre hi- perplasia, que ocorre tanto no epitélio estratificado da ectocérvice como no epitélio colunar do canal endocer- vical. A diferenciação dessas células é gradual. No início Citologia Oncótica 11 da fase de metaplasia escamosa, elas apresentam um aspecto vesiculoso e núcleo oval e formam de seis a oito fileiras de células. As bordas do citoplasma aumen- tam em espessura (figura 4). ALTERAÇÕES CITOLÓGICAS REATIVAS INESPECÍFICAS As alterações citológicas inespecíficas estão presen- tes em certas infecções, e na maioria dos casos o pró- prio agente pode ser identificado. O fundo do esfregaço pode apresentar reação linfo-histiocitária expressiva, levando ao diagnóstico de cervicite folicular, enquanto a reação granulomatosa fala a favor de corpos estra- nhos, como DIU, suturas ou infecções tuberculosas. A colpite senil e as cervicocolpites infecciosas po- dem promover sangramento, obscurecendo as alte- rações celulares. As células da camada profunda são normalmente visualizadas nas fases pré-pubere e pós- -menopausa. Quando aparecem na fase de menacme, normalmente indicam processos inflamatórios com erosão. Atividade celular dentro dos padrões de normalida- de é denominada de euplasia, caracterizando um epité- lio normotrófico. Essa atividade está relacionada com a perfeita integração das células que compõem o tecido e o meio em que se encontra. Os núcleos são os melhores indicadores de norma- lidade. Apresentam espessura ampla. A competência funcional celular é avaliada pelas características do citoplasma, sobretudo o seu grau de diferenciação. A região nucleolar está constituída de RNA e proteínas associadas a ele. A cromatina nucleolar continua como parte da cromatina marginal. A identificação do nuclé- olo indica a produção de proteínas necessárias para es- truturar a célula nos processos reativos e na replicação, além de participar da produção de produtos de excre- ção, como o muco cervical. A cromatina nuclear está composta por DNA e RNA associados a proteínas. O núcleo recebe a coloração pela hematoxilina. A cromatina marginal ou periférica é confundida com a membrana nuclear. A biologicamen- te inativa, heterocromatina, condensada na superfície interna do núcleo, é observada na microscopia óptica (MO). Ela projeta-se da cromatina marginal para o nu- cleoplasma e é constituída de fios ou linhas e peque- nos grânulos, cromocentros, que podem aparecer deli- cados ou grosseiros. A ativa, eucromatina, presente na cariolinfa, é sustentada pela heterocromatina. Atividade biológica e funcional diminuída é chama- da de hipoplasia. Esse processo degenerativo ocorre com envelhecimento, injúria, degeneração, morte, ne- crose, autólise, traumatismo, toxinas, radiação, calor e virose. Um dos motivos de diminuição de atividade celular está relacionado com o aumento e a perda de água da célula, aumentando ou diminuindo o seu volume. O aumento do volume celular produz degeneração hidró- pica, caracterizando a presença de múltiplos vacúolos de tamanho variado no núcleo e principalmente no ci- toplasma. A membrana pode romper-se, com perda de parte do citoplasma, promovendo o aumento da rela- ção núcleo/citoplasma. A perda do citoplasma promo- ve o aparecimento de núcleos desnudos no esfregaço. A perda de água promove a diminuição do volume do núcleo, gerando o enrugamento da membrana nuclear. O processo degenerativo promove desnaturação pro- teica, e o núcleo pode se apresentar hipocromático. Citopatologia nos processos inflamatórios cérvico- -vaginais A coloração de Papanicolaou permite a identificação de alguns agentes infecciosos. O fundo do esfregaço por reação leucocitária representa inflamação aguda ou crônica. Ela pode ser composta por polimorfonucle- ares, mononucleares e células histiocitárias. Nos processos inflamatórios, a célula apresen- ta uma série de alterações reativas inespecíficas que Citologia Oncótica 12 ocorrem no núcleo e no citoplasma. Alguns agentes mostram alterações específicas sugestivas de viroses, infecção bacteriana e por protozoários. Geralmente, as mais comuns são formação de corpúsculo de inclusão, degeneração hidrópica, necrose, presença de células gigantes, proliferação celular, alterações da coesividade e do citoesqueleto célular (figura 5). Alterações reativas associadas à atrofia, comuns na fase pós-menopausa, promovem nas células paraba- sais um aumento nuclear, porém sem hipercromasia evidente. Processo de autólise pode ser observado. Observa-se células parabasais degeneradas eosinofí- licas, com picnose evidente, semelhante à ds células paraqueratóticas. O fundo apresenta material amorfo, basofílico, resultante da degeneração celular. As alterações associadas ao uso de dispositivo in- trauterino (DIU) e à exposição à radiação evidenciam alterações nas células colunares, que descamam em pequenos grupos, geralmente de 5 a 15 células. Estão presentes células epiteliaisisoladas, com aumento da relação N/C. A quantidade de citoplasma é variável, e grandes vacúolos são observados, deslocando o núcleo para a periferia. Nos quadros de radiação, a célula aumenta em ta- manho, sem aumento substancial do núcleo. Frequen- temente adquire forma bizarra. O núcleo pode mostrar alterações degenerativas como palidez, enrugamento, borramento da cromatina e vacuolização nuclear. Nos quadros associados a reparo, observam-se nucléolos proeminentes únicos ou múltiplos. O citoplasma pode ser vacuolizado e/ou policromático. A paraqueratose, mecanismo ligado à defesa da mucosa, está associada a processos proliferativos be- nignos, de proteção (acantose, queratose e paraquera- tose). Esses fatores podem ser perturbados por fatores endógenos ou exógenos na fase proliferativa e na dife- renciação. A intensa atividade proliferativa, com aumento de mitoses, predispõe a célula a mutações, multiplicando o risco de transformação e de aparecimento de lesões intraepiteliais. Quadro: Alterações reativas celulares inespecíficas Núcleo Citoplasma Hiper ou hipocromia Vacuolização Aumento da relação N/C (até 2x) Metacromasia Anisonucleose Pseudoeosinofilia Bi e multinucleação Granulações Espessamento da membrana Halo perinuclear Picnose, cariorrexe, cariólise Apagamento de bordas Cromatina fina e granular Irregularidade celular Numerosos cromocentros Autólise Contorno regular e liso Figura 4: A figura exibe a presença de célu- las escamosas apresentando dupla coloração citoplasmática, aumento da relação núcleo- -citoplasma, hipercromia nuclear. Figura 5: Presença de células metaplásicas reativas (Papanicolaou – 400X). Fonte: Acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 13 CLASSIFICAÇÕES CITOLÓGICAS Richart et al (1967) criaram uma melhor classifi- cação para as amostras consideradas como suspeitas para neoplasia, focando a necessidade de acompanha- mento das pacientes, visto que cerca de 40% dessas le- sões evoluíam para o carcinoma invasor. As classificações foram criadas como o objetivo de poder indicar o grau de alteração celular presente nas células cervicais. A primeira classificação a ser padronizada foi a pro- posta por George Nicholas Papanicolaou, o criador da metodologia de coloração. Ela tinha o objetivo de cate- gorizar as lesões em estágios de desenvolvimento, pro- movendo melhor interpretação pelo clínico e melhor conduta sobre o caso analisado. Classificação de Papanicolaou – 1943 CL I – Citologia normal CL II – Citologia inflamatória CL III – Sugestiva, porém não conclusiva CL IV – Fortemente sugestiva CL V – Citologia maligna Com a necessidade de confirmação dos graus de diferenciação de lesão e principalmente de verificação do desenvolvimento de hiperplasia atípica, Reagan et al (1953) verificaram a necessidade de um melhor de- talhamento para o diagnóstico de citologias sugestivas e não conclusivas para neoplasia (CL III). Assim, melho- raram o conceito dessa evolução pré-maligna quando analisada no exame citopatológico. Classificação de Reagan – 1953 Displasia leve Displasia moderada Displasia severa Carcinoma in situ Classificação de Richart – 1967 Neoplasia intraepitelial cervical – Grau I – NIC I Neoplasia intraepitelial cervical – Grau II – NIC II Neoplasia intraepitelial cervical – Grau III – NIC III/Carcinoma in situ Em 1988, uma nova classificação foi criada para pa- dronizar a interpretação e a conduta clínica a partir de exames citológicos. O Sistema Bethesda permite a clas- sificação da amostra citológica desde o momento da colheita de material até o diagnóstico citológico final da lesão. Essa classificação promoveu um grande avanço nessa área, visto que foram propostos critérios de re- jeição para amostras citológicas que não apresentavam condições ideais para avaliação e, principalmente, fo- ram oferecidas informações descritivas que permitiam uma melhor interação entre o laboratório e o clínico. Citologia Oncótica 14 Essa classificação foi aprimorada em 1991 e revisa- da em 2001. Sistema Bethesda 2001 Tipo de amostra Convencional/meio líquido Avaliação da amostra Satisfatória/insatisfatória Categorização da amostra Negativo para lesões in- traepiteliais e malignidade Reativo: inflamação/atro- fia/radioterapia/uso de DIU Quando presentes, sugesti- vo de presença de agentes: Sugestivo de Trichomonas vaginalis Sugestivo de infecção por fun- gos compatível com Candida ssp. Sugestivo de vaginose bacteriana Sugestivo de Actinomyces SSP. Alterações celulares sugesti- vas de infecção por herpesvírus. Atipias escamosas Atipia escamosa de signifi- cado indeterminado (ASC-US) Atipia escamosa de significado indetermi- nado, não descartar lesão de alto grau (ASC/H) Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau – LSIL Compreende displasia leve/NIC I – Efei- to citopático do papilomavírus humano. Lesão intraepitelial escamosa de alto grau – HSIL Compreende displasia leve e mo- derada/NIC II e III – Carcinoma in situ Carcinoma escamoso Positivo para carcino- ma de células escamosas. Células glandulares Atípicas Células endocervicais (sem outras especifi- cações (SOE) ou especificar nos comentários Células endometriais (SOE ou especificar nos comentários). Células glandulares (SOE ou es- pecificar nos comentários). Células glandulares, pos- sivelmente neoplásicas Adenocarcinoma endocervical in situ Adenocarcinoma endocervi- cal/endometrial/extrauterino Citologia Oncótica 15 AGENTES INFECCIOSOS O trato genital feminino inferior pode sofre agres- sões endógenas, como alteração do pH vaginal em virtude da mudança do ciclo hormonal, e exógenas, decorrentes das infecções por agentes biológicos sexu- almente transmissíveis. As infecções bacterianas normalmente são cau- sadas por via sexual. Muitas delas são impossíveis de identificar pelo exame citológico. Mas algumas são su- geridas pela visualização de seus agentes e pelas carac- terísticas citomorfológicas decorrentes da agressão ao hospedeiro. INFECÇÃO BACTERIANA MISTA É causada normalmente por agentes bacterianos que habitam o trato geniturinário. Essa microbiota oportunista é composta por cocos, cocobacilos e anae- róbios. Essas infecções normalmente vêm acompanha- das das alterações inflamatórias inespecíficas acima descritas (figura 6). A vaginose bacteriana é uma infecção causada por agentes anaeróbios, geralmente caracterizada pela presença de uma sobreposição de cocobacilos (Gard- nerella vaginalis, Mobilluncus ssp.) na periferia das cé- lulas intermediárias, levando a uma retração do núcleo, achado esse denominado de clue cell (figura 7). Figura 6: Presença de microbiota mista ao redor de células intermediárias e metaplásicas. Figura 7: Exibe a presença de sobreposição de cocobacilos em células superficiais (clue cell) (Papanicolaou – 400X). Fonte: Acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 16 Outras infecções bacterianas podem acometer a re- gião genital levando a alterações reativas importantes nas células escamosas e na região de JEC e canal endo- cervical. A Chlamydia ssp promove infecções reativas im- portantes nas células metaplásicas e endocervicais, formando um corpúsculo de inclusão acidofílico no in- terior de um vacúolo no citoplasma, vacúolo este re- presentado por uma área de necrose calcificada, iso- lando a infecção e promovendo modificações reativas importantes no núcleo celular (figura 8). Uma infecção bactéria filamentosa pode ser obser- vada em mulheres que fazem o uso de DIU (dispositivo intrauterino), decorrente da presença de uma haste metálica à base de cobre nesse dispositivo. Essas bacté- rias formam um conglomerado simulando um chumaço de algodão – cotton ball (figura 9). INFECÇÃO POR FUNGOS, PROTOZOÁRIOS E VÍRUS Outras infecções comumente observadas no trato geniturinário são as causadas por fungos, comumente por Candida ssp., e protozoários, como o Trichomonas vaginalis (figuras 10 e 11). As infecçõesfúngicas, muitas vezes consideradas oportunistas, normalmente são caracterizadas pela observação de psedo-hifas acidofílicas, septadas, e bla- toconídeos (esporos), ora acidofílicos, ora amarelados, promovendo uma resposta inflamatória nas células escamosas caracterizada pelo apagamento das bordas citoplasmáticas. A tricomoníase, também considerada uma DST, ca- racteriza-se pela presença de um protozoário de forma piriforme (em forma de pera), basofílico, em meio a uma resposta inflamatória aguda. Esta desenvolve uma resposta das células escamosas, que aumentam a pro- dução de queratina, promovendo uma pseudoeosinofi- lia no citoplasma celular. Figura 8: Representa a presença de células endocervicais apresentando vacúolo de inclusão acidofílico no interior de um vacúolo citoplasmático. As células escamosas e endocervicais apresentam alterações inflamatórias reativas. Figura 9: Presença de um grupamento celular basofílico configurando a formação em cotton ball (Papanicolaou – 400X). Fonte: Acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Figura 10: Exibe a presença de pseudo-hifas acidofílicas e esporos em meio a células escamosas inflamatórias e polimorfonucleares. Figura 11: Exibe células escamosas acidofílicas rodeadas por estruturas piriformes, caracterizando a infecção por Trichomonas vaginalis (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 17 As infecções virais também são comuns no colo uterino. Aquelas causadas pelo herpesvírus, até algum tempo atrás, estavam associadas ao desenvolvimento do carcinoma cervical. Hoje se sabe que essas modi- ficações são temporárias, desaparecendo assim que o grau de infecção diminui. Modificação nucleares são vi- sualizadas com frequência, ocorrendo multinucleação e deposição de cromatina na periferia dos núcleos, ca- racterizando a formação de núcleos “em vidro fosco”. Essas células alongam-se, levando à formação de um sincício celular (figura 12). O papilomavírus humano (HPV) é hoje a principal DST e está diretamente envolvido no processo de car- cinogênese cervical. O HPV está envolvido em cerca de 95% das lesões cervicais e neoplasias do colo uterino. A coilocitose é a alteração celular característica observa- da no epitélio infectado pelo papilomavírus humano. O coilócito apresenta 100% de especificidade no diagnós- tico da infecção pelo HPV. Essa alteração caracteriza- -se pela presença de células superficiais e intermedi- árias apresentando núcleo aumentado em tamanho, com contorno irregular e hipercromasia. A cromatina é levemente granular e bem distribuída, e a membrana nuclear aparece moderadamente irregular. Essa célula não apresenta nucléolo ou inclusões, e o núcleo não é moldado. Este é carregado de partículas virais que não são digeridas pelas desoxirribonucleases. Mitoses típi- cas e atípicas podem estar presentes. A disqueratose é uma alteração celular originária do epitélio escamoso, caracterizada pela presença de uma célula com núcleo hipercromático e citoplasma quera- tinizado, indicado por uma coloração eosinofílica ou orangeofílica intensa. O disqueratócito pode estar pre- sente em diversos níveis do epitélio. Na camada super- ficial, sua presença é mais comum, e aparece frequen- temente na forma achatada e anucleada (figura 13). Figura 12: Presença de célula multinucleada promovendo amoldamento nuclear e formação em sincício. Figura 13: Presença célula de madura com atipia nuclear e halo perinuclerar proeminente, caracterizando o quadro de coilocitose (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 18 PAPILOMAVÍRUS HUMANO tecidos cervicais sob a forma latente. Nas neoplasias malignas, as células sofrem transformações, nas quais o DNA viral aparece integrado ao genoma celular, liga- do a sítios cromossômicos específicos de integração. Nas lesões malignas, a interação gênica induz rup- tura dos genes reguladores da replicação viral (E1/E2), deficiência na transcrição dos genes tardios e transcri- ção incontrolável dos genes E6/E7. Nesse momento, o ciclo celular é abortado, partículas virais completas não são produzidas, e as células infectadas desencadeiam transformações malignas, sofrendo alteração de cres- cimento e diferenciação. Há modificação do padrão de estratificação do epitélio cérvico-vaginal nas camadas de células mais diferenciadas, e as células superficiais passam a expressar citoqueratinas em quantidade abundante. O aparecimento de lesões malignas é resultado da perda do controle do ciclo celular. Normalmente, on- cogenes na célula hospedeira estão em constante ins- peção do processo de reprodução irregular ou muta- ção. Essas alterações no ciclo celular são verificadas e reparadas, ou a célula é destruída por apoptose. Como dito, o processo é regulado por dois oncogenes na cé- lula hospedeira, denominados de p53 e pRb, gene do retinoblastoma. A função deles é bloquear o ciclo celu- lar em caso de dano no genoma, reparando o dano ou conduzindo a célula a apoptose. Se p53 e pRb são ina- tivados pelas proteínas virais E6/E7, as células não en- tram em apoptose ou não há reparo do dano no DNA. Dessa forma, há acumulo de lesões gênicas no núcleo das células hospedeiras, determinando, assim, a carci- nogênese. Os HPVs estão divididos em dois grandes grupos. Os tipos mais comuns, classificados como vírus de baixo risco para o desenvolvimento de neoplasias, são os ti- pos 6 e 11, mais comumente encontrados na genitália externa e ocasionalmente no colo uterino. Tipos como 34, 40, 43, 44, 53, 54, 57 e 66 são normalmente iden- tificados em casos de condiloma acuminado, verrugas em mucosas e lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL). O segundo grupo são os HPVs de alto risco oncogênico, representados pelos tipos 16, 18, 31 e 45. Normalmente, são detectados nas lesões intraepiteliais de alto grau (HSIL) e nos carcinomas invasivos de colo uterino. O ciclo viral inicia-se com a infecção das células da camada basal do epitélio em decorrência da abrasão ou de microlesões da pele e da mucosa. Após a ma- turação nas células parabasais, a replicação viral efe- tiva inicia-se quando a célula-filha que contém o vírus sofre maturação. O DNA-HPV é replicado num grande número de cópias, e posteriormente ocorre sua inser- ção no DNA celular. Após a transcrição e a tradução do DNA-HPV inserido no DNA celular, ocorre a formação de partículas virais maduras. A região tardia (L1/L2) sin- tetiza as proteínas do capsídeo viral, que são direciona- das aos núcleos das células hospedeiras, onde ocorre a formação da partícula viral completa. O genoma viral pode ser encontrado sob a forma epissomal no núcleo das células infectadas ou, nos subtipos causadores de lesões malignas, pode estar in- tegrado aos cromossomos das células do hospedeiro. Nas lesões benignas, o DNA viral aparece em padrão epissomal, ou seja, sob a forma circular, não integrado ao genoma celular. Nessas lesões, o vírus fica retido nos Citologia Oncótica 19 ATIPIAS ESCAMOSAS DE SIGNIFICADO INDETERMINADO (ASC-US – ASC/H) tificação do grau da lesão em células imaturas (figura 15). Outras alterações com características indefinidas podem ser visualizadas no esfregaço. Esse tipo de ocor- rência dá-se no epitélio escamoso e é interpretado como sendo alterações de significado indeterminado para a ocorrência de lesões escamosas, ASC-US, segun- do o Sistema Bethesda. Os ASC-US estão no limiar de diferenciação entre o processo inflamatório e a neoplasia intraepitelial cer- vical (NIC). Esse tipo de alteração celular não oferece critério suficiente para um diagnóstico seguro da lesão, porém possibilita a exclusão de alterações celulares be- nignas. Os parâmetros celulares adotados para se caracte- rizar um esfregaço como ASC-US são aumento da rela- ção núcleo/citoplasma em duas a três vezes o tamanho da célula intermediária normal, leve variaçãoda forma nuclear, hipercromia discreta, cromatina regularmente distribuída e membrana nuclear bem delimitada. Po- dem ocorrer alterações celulares compatíveis com a infecção pelo HPV. A presença de metaplasia escamosa reativa também foi relatada em esfregaços dessa natu- reza (figura 14). As atipias classificadas como de significado indeter- minado não descartam lesão de alto grau (ASC/H). São caracterizadas pela presença de alteração importante nas células, porém não se pode definir o quadro de dis- plasia moderada/NIC II ou severa/NIC III/carcinoma in situ. Uma das condições mais comuns de emprego do uso dessa classificação é em mulheres que apresentam atipia em esfregaços atróficos pela dificuldade de iden- Figura 14: Exibe células escamosas eosinofílicas apresentando aumento da relação núcleo-citoplasma e hipercromia leve, não caracterizando um grau intenso de atipia (ASC-US). Figura 15: Exibe células profundas, agrupadas e sobrepostas. Os núcleos celulares apresentam atipia moderada (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 20 LESÃO ESCAMOSA INTRAEPITELIAL DE BAIXO GRAU (LSIL) E ALTO GRAU (HSIL) As alterações celulares associadas ao HPV, descritas como coilocitose e disqueratose, acompanhadas de ati- pias nucleares em células maduras, discariose, quase sempre começam na junção escamo-colunar, na zona de transformação. Histologicamente, mostram desor- ganização da arquitetura do epitélio escamoso, atipia nuclear e algumas mitoses anormais (figuras 16 e 17). A história natural das lesões escamosas de baixo grau (LSIL) e de alto grau (HGSL) está diretamente liga- da à ação do HPV no trato genital feminino, associada principalmente ao vírus de alto risco. Este é responsá- vel pelo aumento da vulnerabilidade da junção esca- mo-colunar, promovendo diferenciação irregular. Essas alterações foram relatadas em 1988 na cidade ameri- cana de Bethesda, onde foi criada a nova nomenclatura denominada de Sistema Bethesda. As LSIL, anteriormente classificadas como displasia leve/NIC I, são lesões pré-neoplásicas do epitélio es- camoso, também chamadas de precursoras, e podem permanecer em latência por um período de 20 anos, com eliminação de células anormais. As lesões pré-ma- lignas representam uma continuidade de alterações morfológicas, com limites relativamente indistintos, e não irão, obrigatoriamente, evoluir para lesões malig- nas, podendo sofrer regressões espontâneas. Em 95% dos casos, as lesões de alto grau e malignas estão associadas à infecção pelo papilomavírus (HPV) de alto risco. A persistência delas é diretamente pro- porcional ao grande número de cópias virais. As lesões pré-neoplásicas são consideradas como precursoras do câncer cervical e são referidas como lesões escamosas intraepiteliais de baixo grau (LSIL). Elas estão diretamente associadas à infecção pelo HPV. Essas lesões podem ser causadas por qualquer tipo de HPV, ser transitórias ou autolimitadas e regredir espon- taneamente, em especial em mulheres com menos de 30 anos. Na maioria dos casos, estão associadas à infec- ção pelo HPV 6 e 11. Figura 15: Presença de coilocitose e disqueratose em células maduras. Figura 16: Presença de célula intermediária apresentando discariose leve e binucleação (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 21 As lesões escamosas intraepiteliais de alto grau (HSIL), anteriormente classificadas como displasia mo- derada/severa e/ou NIC II/III-Carcinoma in situ, e as neoplasias de colo uterino estão relacionadas com os tipos 16 e 18 do HPV. Essas lesões caracterizam-se pela presença de células imaturas com discariose severa e carioteca irregular, pleomorfismo nuclear, depósito de cromatina na membrana nuclear. O citoplasma é escas- so e basofílico, caracterizando a imaturidade celular (figura 18). Os quadros de carcinoma in situ, enquadrados no sistema Bethesda como lesão de alto grau, são carac- terizados pela presença de esfregaços contendo células com características de HSIL e mais três critérios impor- tantes que mostram a evolução da doença para malig- nidade: núcleos em tinta da China, agrupamento de cromatina em “sal e pimenta” e grupamento de células atípicas em fila indiana (figura 19). Figura 18: Exibe células imaturas evidenciando discariose severa, grumos de cromatina, hipercromia severa e pleomorfismo nuclear (HSIL). Figura 19: Exibe células profundas dispostas em fila indiana, algumas exibindo cromatina em “sal e pimenta”, e células escamosas apresentando núcleos em tinta da China (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 22 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS grosseira e mal distribuída, com acúmulo na periferia da membrana nuclear, membrana nuclear irregular, pleomorfismo nuclear e celular, presença de macro- nucléolos, núcleo hipercorado, marcado em forma de tinta da China, células de reserva e basais pequenas, células parabasais e metaplásicas grandes. Comumente observa-se a presença de formas bizarras. Raramente observa-se coilocitose. Alterações citoplasmáticas incluindo células com ci- toplasma escasso, cianofílico ou eosinofílico, vacúolos citoplasmáticos, formação em fila indiana, disquerato- se com picnose ou anucleadas, células pequenas que podem ser confundidas com leucócitos, macrófagos e células metaplásicas e de reserva e presença de diátese tumoral e hemorrágica (figuras 20 e 21). O câncer do colo uterino é uma doença que acome- te 69 milhões de mulheres acima dos 15 anos em todo o mundo. No Brasil, em 2010, 18.430 novos casos fo- ram estimados, sendo 18 casos por 100 mil mulheres. Essa doença é a segunda maior causa de morte por neoplasia em mulheres, principalmente nas regiões de baixo poder socioeconômico. Pesquisas mostram que, por ano, cerca de 50 mil mulheres desenvolverão neo- plasia de colo uterino, sendo o papilomavírus humano (HPV) o seu principal cofator. Nos Estados Unidos, aproximadamente 6.200 no- vos casos de infecção pelo HPV ocorrem anualmente, e cerca de 20 milhões de mulheres apresentam infecção ativa pelo vírus, com grande potencial de progressão da doença. O Center of Disease Control (CDC) estima que metade das mulheres sexualmente ativas vá adquirir a infecção pelo HPV em algum momento de sua vida, cerca de 80% antes dos 50 anos. Relatos da Internatio- nal Agency for Research on Cancer (IARC) evidenciaram em 2008 que o câncer cervical é o mais comum entre as mulheres em todo o mundo, estimando a sua ocor- rência em cerca de 530 mil novos casos. Mais de 85% deles ocorrem em países em desenvolvimento. Regiões como África, Ásia, Central, América Central e América do Sul estão entre as mais prevalentes na ocorrência da doença. Citologicamente, o carcinoma de células escamosas caracteriza-se pelas seguintes modificações celulares: Alterações nucleares como cariomegalia (aumento do volume nuclear mais que seis vezes o volume da célula normal), hipercromia nuclear severa, cromatina Figura 20: Exibe a presença de células neoplásicas de origem escamosa. Observa-se pleomorfismo nuclear com cromatina grosseira e depósito na perifiria do citoplasma. Pode-se observer a presence de macronucléolo. Figura 21: Exibe a presence de células bizarras na forma de girino, com núcleo apresentando cariomegalia, hipercromia severa, depósito de cromatina na membrane nuclear e macronucléolos (Papanicolaou – 400X). Fonte: aAcervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 23 ATIPIAS GLANDULARES da. Citomorfologicamente, pode-se observar discariose leve, com aumento da relação N/C de duas a cinco ve- zes, hipercromia nuclear, nucléolo aumentado em ta- manho, porém único, e membrana nuclear que começa mostrar graus de irregularidade. O citoplasma apare- ce pouco preservado, e os grupamentos celulares são mais frequentes (figura 23). Asatipias glandulares são classificadas em benignas e malignas, decorrentes normalmente de processos como hiperplasia microglandular, pólipo endocervical, uso de anticoncepcionais orais e de DIU. Observa-se que muitas das alterações no canal endocervical estão associadas aos processos de metaplasia escamosa ou reação de reparo. As alterações reativas dessas células caracterizam- -se por modificações citomorfológicas semelhantes às que ocorrem no epitélio escamoso, adequando-se às características do tipo de células glandulares. Podem- -se observar conjuntos de células que descamam em grupos pequenos e sobrepostas, normalmente com mais de 20 delas. Em alguns casos, esse conjunto man- tém o padrão em favo de mel. Observa-se o aumento da relação N/C de duas a três vezes e leve hipercromia nuclear. Os nucléolos são, frequentemente, visíveis, o que pode dificultar a caracterização de reatividade das células. O citoplasma pode estar bem conservado (fi- gura 22). ATIPIA DE CÉLULAS GLANDULARES (AGC) São alterações das células glandulares que excedem os critérios de benignidade, porém ainda não exibem um padrão de malignidade definido. Podem ser de ori- gem endocervical e endometrial. Essas modificações podem ter influência de infecção pelo HPV, hormo- nioterapia, radiação, medicamentos. Normalmente, as células apresentam atipia nuclear com abundante citoplasma, o que garante a não evolução maligna ain- Figura 22: Presença de células endocervicais apresentando reatividade, dispostas em grupos com mais de 20 células, sem sobreposição. O grupamento apresenta o padrão em favo de mel. Figura 23: Presença de células glandulares atípicas, com núcleos hipercorados e sobrepostos. O grupo perdeu o padrão de favo de mel (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 24 ADENOCARCINOMA IN SITU E ADENOCARCINOMA INVASOR Esse tipo representa cerca de 10% das neoplasias malignas do colo uterino, muitas vezes apresentando- -se como extensões das lesões escamosas que aden- tram o canal endocervical. Cerca de 50% dos esfrega- ços neoplásicos são classificados erroneamente como negativos, pois mimetizam alterações reativas de difícil interpretação. Os adenocarcinomas podem ser confun- didos com carcinomas de células pequenas, macrófa- gos, metaplasia reativa. O AdenoCa in situ caracteriza-se por grupamentos celulares com núcleos enegrecidos, compostos por mais de 20 células, exibindo nucléolos proeminentes. Observa-se sobreposição de núcleos malignos aglome- rados. Pode-se observar uma estratificação do epitélio, simulando um corte de tecido. Os núcleos são de tamanho variado, com membra- na nuclear irregular, cromatina pontilhada e grosseira, hipercromia nuclear. Observa-se a presença de mais de um macronucléolo e de células malignas isoladas dis- postas em formação de fila ou rosetas e mitoses atípi- cas (figura 24). O AdenoCa invasor caracteriza-se por alterações celulares semelhantes às do adenocarcinoma in situ, porém podemos evidenciar formação acinar, papilar ou em roseta. Os núcleos desenvolvem um processo de amoldamento, e numerosos macronucléolos são observados. Uma característica dessa neoplasia é a presença de numerosas células tumorais isoladas, caracterizando a dissociação delas da massa tumoral. Essa característica recebe o nome de plumagem. São observadas células com formas bizarras e em anel de sinete, caracterizan- do a origem glandular do tumor. Essa neoplasia vem acompanhada de diátese tumoral e hemorrágica e ex- sudato inflamatório (figura 25). Figura 24: Exibe células endocervicais apresentando critérios de malignidade e pseudoestratificação, caracterizando o quadro de AdenoCa in situ. Figura 25: Exibe células de origem glandular com alterações malignas. Núcleos dicarióticos e presença de macronucléolos. O gurpo exibe células dispersando-se do grupo, caracterizando a figura de plumagem (Papanicolaou – 400X). Fonte: acervo pessoal Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este texto tem como objetivo mostar os principais achados citomorfológicos encontrados em esfregaços cervicais corados pelo método de Papanicolaou. Ele introduz noções básicas de anatomia e fisiologia humana, características histológicas e citológicas do aparelho genital feminino, bem como as principais alterações benignas, precursoras e malignas possivelmente identificadas em esfregaços cervicais. As imagens são de uso exclusivo deste manual, não podendo ser reproduzidas sem a autorização do autor. Fonte: Prof. Dr. Marco Antonio Zonta – Lab. IN CITO – Citologia Diagnóstica Ltda. Citologia Oncótica 26 REFERÊNCIAS AGAROSSI, A. et al. Prevalence and type distribution of high-risk human papillomavirus infection in wo- men undergoing voluntary cervical cancer scree- ning in Italy. Journal of Medicine and Virology, v. 81, n. 3, p. 529-35, 2009. AULT, K. A. Epidemiology and natural history of pa- pillomavirus infections in female genital tract. Infectious Diseases in Obstetrics and Gynecology, v. 2, n. 4, p. 1-5, 2006. BARCELOS, A. C. et al. Atypical squamous cells of un- determined significance: Bethesda classification and association with human papillomavirus. In- fectious Diseases in Obstetrics and Gynecology, v. 2011, 2011. BOSCH, F. X. et al. Papillomavirus research update: hi- ghlights of the Barcelona HPV 2000 international papillomavirus conference. 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