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Manual Caseiro - Constitucional I AMOSTRA

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Atualizado conforme: 
 
Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da 
prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for 
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. 
 
 Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à 
realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra 
mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
 
Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes 
contra a dignidade sexual. 
 
Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas 
protetivas de urgência. 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
de 
 
Processo Penal I 
 
 
 Edição 2019.1 
 
 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
 
 
 Edição 2019.1 
 
Constitucional I 
 
 
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Sumário 
Conteúdo 01: Teoria da Constituição .......................................................................................................................... 2 
Conteúdo 02: Constitucionalismo .............................................................................................................................. 14 
Conteúdo 03: Classificação das Constituições .......................................................................................................... 33 
Conteúdo 04: Poder Constituinte ............................................................................................................................... 50 
Conteúdo 05: Poder Constituinte .............................................................................................................................. 71 
Conteúdo 06: Direitos Humanos e Direitos Fundamentais ....................................................................................... 88 
Conteúdo 07: Teoria Geral dos Direitos Fundamentais........................................................................................... 107 
Conteúdo 08: Teoria Geral dos Direitos Fundamentais........................................................................................... 121 
Conteúdo 09: Tratados Internacionais de D. Humanos ........................................................................................... 138 
Conteúdo 10: Direitos Fundamentais Individuais ................................................................................................... 151 
Conteúdo 11: Normas Constitucionais .................................................................................................................... 167 
Conteúdo 12: Hermenêutica Constitucional ............................................................................................................ 183 
Conteúdo 13: Poder Legislativo .............................................................................................................................. 188 
Conteúdo 14: Processo Legislativo.......................................................................................................................... 211 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
 
Conteúdo 01: Teoria da Constituição 
 
O estudo da teoria da Constituição, irá proporcionar a resposta das seguintes indagações: 
✓ O que é Constituição? 
✓ Como ela surgiu na historia? 
✓ Qual a sua função social? 
✓ Qual a fonte de poder que a produz? 
A constituição é uma produção da cultura humana, esse produto é o que denominamos de constitucionalismo, 
ou seja, esse fenômeno de produção da Constituição. 
Nesse contexto, o estudo do constitucionalismo corrobora para a compreensão do que é Constituição, ou seja, 
sentimento constitucional. 
→Sentimento constitucional: entendimento que uma determinada sociedade/grupo social tem do que seja a 
Constituição. Assim, embora não consiga definir expressamente o que é a Constituição, todos têm um sentimento 
comum da sua importância, hierarquia e dever dentro do Ordenamento Jurídico. 
- O que se entende por sentimento constitucional? 
É a maneira pela qual nós entendemos as Constituições. 
Luiz Roberto Barroso diz ser o resultado último do entranhamento da lei maior na vivência diária do cidadão 
criando uma consciência comunitária de respeito e preservação da constituição como um símbolo superior de valor 
afetivo e pragmático. 
O sentimento constitucional passa pela ideia de uma constituição escrita, de limitação de poderes, de direitos 
fundamentais. 
• Documento escrito; 
• Limitação do poder; 
• Organização do Estado; 
• Direitos fundamentais. 
 
 
1. CONSTITUCIONALISMO 
Movimento inserido na história ocidental. 
A palavra Constitucionalismo é uma palavra plurívoca, o que significa dizer que possui vários significados 
possíveis. 
 
 
 
 
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Para o professor André Tavares, a palavra constitucionalismo há pelo menos quatro sentidos, a saber: 
I. Movimento político-social historicamente remoto que tem o objetivo, principalmente, de limitar o poder 
arbitrário; relação ainda com os direitos fundamentais, posto que esses servem de limite para o Estado. 
- Há nítida vinculação entre o constitucionalismo e os direitos fundamentais. Os direitos fundamentais são 
limitações ao Poder Arbitrário. 
 
II. Movimento histórico de imposição de constituições escritas: nesse acepção, o constitucionalismo diz respeito 
ao surgimento de uma Constituição Formal. 
 
III. Evolução histórico constitucional de um determinado Estado; movimento histórico que deu ensejo as oito 
constituições do Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
IV. É aquele que designa os propósitos mais latentes e atuais a função e a posição da Constituição em cada 
Estado nas diversas sociedades. 
Nesse viés, o constitucionalismo brasileiro aponta para o papel preponderante da Constituição na formação 
do Estado Democrático de Direito. 
Segundo Canotilho, o constitucionalismo é no fundo uma teoria normativa da política, algo que se presta a 
tornar norma jurídica uma decisão política, se entrelaçando. 
Existiria uma zona cinzenta entre a política e o Direito Constitucional, isto porque a atuação constituinte que 
dará ensejo a Constituição, nada mais é do que uma transformação da decisão politica em uma norma jurídica. 
→O que encontramos na Constituição Federal é uma decisão política transformada em jurídica. 
Constitucionalismo em síntese é o movimento histórico-cultural de natureza jurídica, política, filosófica 
e social, com vistas à limitação do poder e à garantia dos direitos, que levou à adoção de constituições formais 
pela maioria dos Estados, especialmente no que concerne à Constituição formal (escrita). 
O constitucionalismo deu ensejo ao surgimento do conceito de constituição no sentido moderno, que é a 
Constituição da maneira que conhecemos hoje. 
Durante o constitucionalismo, a Constituição histórica se transforma em uma constituição moderna, escrita, 
o que significa que em toda sociedade existe um conjunto de regras de organização desta sociedade e do Estado, 
mesmo que naquela época não existisse de modo formal. 
Constituição em sentido material se transforma na constituição em sentido moderno/formal, que é a base do 
sentimento constitucional que temos hoje no Ordenamento Jurídico. 
 
 
 
 
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Para Canotilho, a noção do CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO possui três elementos: 
I. Documento escrito (formal); 
II. Garantia das liberdades (previsão de direitos fundamentais) e da participação 
política do povo (participação popular no parlamento); 
III. Documento que visa a limitação ao poder (separação de poderes) por meio de 
programas constitucionais. 
 A doutrina costuma dividir o constitucionalismo em algumas fases. 
Atenção! 
→Já caiu: (Delegado | AL. 2012. CESPE).O Constitucionalismo moderno surgiu no século XVIII, trazendo novos 
conceitos e práticas constitucionais, com a separação de poderes, os direitos individuais e a supremacia 
constitucional. 
2. FASES DO CONSTITUCIONALISMO 
 
– Constitucionalismo na ANTIGUIDADE CLÁSSICA: (Hebreu, Grego, Romano): nessa fase temos a semente 
do que vai acontecer na história. É uma fase embrionária; 
Obs.1. Nessa fase havia apenas ideias embrionárias, que séculos depois iria influenciar na formação da atual fase 
do constitucionalismo. a) constitucionalismo hebreu; b) constitucionalismo grego; e c) constitucionalismo 
romano. 
 Todos esses constitucionais foram fundamental para a formação do sentimento constitucional moderno. 
 No Constitucionalismo Hebreu, tínhamos um Estado teocrático, criou limites ao poder politico, limites 
esses que eram representados pela Lei do Senhor, que era superior a lei comum dos homens, portanto, havia uma 
ideia de hierarquia das leis. 
- Lei do Senhor como limite, nascendo à ideia de hierarquia entre as leis. 
 Essa ideia de hierarquia hoje é fundamental, transcrevendo a denominada supremacia constitucional. 
 
 
 
 
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 Noutra banda, no Constitucionalismo Grego já averiguamos a ideia de democracia. Nas cidades Estados-
Gregas existia mecanismos de democracia direta, os cidadãos gregos pessoalmente exerciam a democracia. 
Inclusive, houve a realização de sorteio de determinadas funções públicas perante os cidadãos, os quais seriam 
“escolhidos/sorteados” para exercerem determinadas funções durante um período. 
 Por fim, no Constitucionalismo Romano, encontramos uma fase embrionária da ideia de separação de 
poderes, especificadamente, no tocando a separação do poder entre os Cônsules, Senado e o Povo. 
– Constitucionalismo ANTIGO (Séc. XIII ao Séc. XVIII); se firma com a fase do constitucionalismo moderno. 
✓ Marcos: 
 1º Marco inicial – ocorre no séc. XIII com a Carta Magna de 1215; 
 2º Marco final – ocorre no séc. XVIII, com a Constituição Americana (1787) e Francesa (1791), que 
inauguram o constitucionalismo moderno: são as primeiras constituições escritas em sentido formal. 
→Essas constituições formais é que inauguram a fase do constitucionalismo moderno. 
– Constitucionalismo moderno (a partir do Séc. XVIII): é aqui que surge a primeira constituição formal (escrita) 
que a Constituição norte-americana e francesa. 
 Inaugurado com o final do constitucionalismo antigo, já com as Constituições escritas, a CONSTITUIÇÃO 
em seu conceito ideal/moderno, vai ganhar impulso fundamental. 
 No constitucionalismo da idade média surgem os grandes movimentos constitucionais decisivos para 
formatar a ideia de constituição em sentido moderno: 
 *Constitucionalismo inglês; 
 *Constitucionalismo norte-americano; 
 *Constitucionalismo francês. 
 No CONSTITUCIONALISMO INGLÊS, também denominado de constitucionalismo historicista, os 
principais documentos históricos foram: 
– Magna Charta - 1215 (inspirada na primeira): foi o primeiro movimento escrito no qual o rei reconheceu limites 
ao poder real. Ela não foi uma constituição e sim um contrato de domínio firmado entre João sem Terra e os Barões. 
Este contrato ficou conhecido como os artigos dos Barões. Envolvia questões tributárias. (Carta magna de 1215). 
Obs.1. Foi o primeiro documento escrito, em que o Monarca reconhece limites ao seu poder. 
 
 
 
 
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→Cumpre salientar que a Magna Carta não foi uma constituição, foi uma espécie de contrato de domínio firmado 
entre João sem Terra e os Barões do Reino, pactuado em troca da renovação do juramento de fidelidade ao Rei. 
Obs.: Novidade da Margna Charta – Cláusula 61: admitia o direito dos barões do reino atacar o reino e sua 
propriedade, na eventual hipótese deste não cumprir as promessas que foram firmadas. 
Alguns dispositivos dessa carta ainda estão em vigor. 
“39. Nenhum homem livre será detido ou sujeito à prisão, ou privado dos seus bens, ou colocado fora da lei, ou 
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem mandaremos proceder contra ele senão 
mediante um julgamento regular pelos seus pares ou de harmonia com a lei do país.” 
 Referido dispositivo encontra-se em vigor ainda hoje. 
Due processo of law: devido processo legal. 
 Vincula-se a vários temas da atualidade, a questão do acesso ao Judiciário, da duração razoável do processo. 
“40. Não venderemos, nem recusaremos, nem protelaremos o direito de qualquer pessoa a obter a justiça”. 
 No constitucionalismo inglês ocorre ainda a transição da soberania do Monarca para o Parlamento, ocorre 
com a Revolução Gloriosa. 
O Rei deixa de ser soberano. A soberania passa a ser do Parlamento. 
– Petition of Rights - 1628: (petição de direitos) 
– Habeas Corpus Act - 1679: 
– Bill of Rights – 1689: foi o primeiro documento parlamentar (parlamento impôs como condição para assumir o 
trono). É um documento que limita o Poder do Rei. Foi o primeiro documento de origem parlamentar a limitar o 
poder do monarca. 
 Tornou-se o primeiro documento parlamentar a limitar o poder do Rei. Migração da monarquia para o 
parlamentarismo. 
 CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO 
– Pacto do Mayflower; 
– Declaração da Virgínia de 12/06/1776; 
– Declaração de Independência dos Estados Unidos de 04/07/1776; 
– Constituição de 1787: Primeira Constituição Formal Moderna; 
 
 
 
 
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– Bill of Rights (10 primeiras emendas) de 1791, veicula catalogo de direitos. 
 Destaca-se que no constitucionalismo norte-americano foi adotada uma constituição escrita/ formal, pela 
primeira vez. E essa constituição é tida como uma decisão do povo. 
 No Constitucionalismo norte-americano temos a ideia de Democracia Dualista. É dividida em dois grandes 
grupos, em espécies diferentes de decisões. 
 – Decisões raras do povo – são as decisões políticas mais importantes (momentos constitucionais). 
→Essas decisões (decisões raras do povo) prevalecem quando em conflito com as decisões cotidianas dos 
governantes/representantes do povo. 
 – Decisões cotidianas dos governantes – são decisões que se submente as decisões raras do povo. 
 Democracia formatada em dois tipos de decisões, decisões raras do povo, que formam a constituição escrita, 
decisões que o próprio titular tomam, e, de outro lado, as decisões cotidiana. 
 É por isso que podemos falar de supremacia da constituição, pois elas são derivadas de decisões raras do 
povo. É uma defesa do povo contra um abuso dos demais poderes, governantes. 
 No constitucionalismo norte-americano a constituição possui princípios intocáveis que protegem o povo de 
uma eventual tirania da maioria, especialmente a maioria parlamentar. 
 Nesse constitucionalismo temos a ideia que não há poder absoluto. Eles derivam da Constituição. Temos 
aqui os freios e contrapesos. A constituição tem objetivo garantir direitos e limitar poderes (Constituição Garantia). 
Ela não dirige para o futuro como a nossa (Constituição programática/dirigente). 
 O federalismo moderno nasce no bojo do constitucionalismo norte-americano. O presidencialismo também 
nasce aqui. Federalismo e modelo presidencialista, prevista na Constituição de 1967. 
 Ela privilegia também a liberdade e igualdade. 
 A Constituição tona nula qualquer lei inferior que a contrarie, e nesse sentido, nasce o controle de 
constitucionalidade. 
CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS (individualista) 
Principais documentos históricos: 
– Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789: aqui temos a 1ª geração dos direitos 
fundamentais; 
– Constituição Francesa de 1791; é a segunda Constituição escrita. 
 
 
 
 
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– Constituição Francesa de 1793; 
– Constituição Francesa de 1799. 
 Na Françavigora o sistema medieval, em que era natural que determinadas pessoas tinham privilégios 
especiais em decorrência da sua posição social que ocupava. Assim, a sociedade era dividida em estamentos. 1º 
Clero; 2º Nobreza, e 3º todas as demais pessoas daquela sociedade. 
 E conforme pertencente a cada estamento, cada individuo teria um tratamento legal diferenciado. Havia 
uma desigualdade formal, conferindo privilégios para algumas pessoas. Essa distinção/desigualdade era visto como 
algo normal. 
 Antes a constituição era dividida em estamento (não falar classe social). Eram 03 estamentos: 
– Clero; 
– Nobreza; 
– Burguesia. 
Privilégios – isenção de cursos da sociedade (IMPOSTOS): IMUNIDADE TRIBUTÁRIA → Quem era da nobreza 
e do clero não pagavam impostos. 
 Revolução Francesa: depois da Revolução Francesa é que surgiu a igualdade. Promoveu a igualdade, 
inclusive, quanto aos tributos. 
 Documento de caráter universal. 
 A noção de poder constituinte nasce aqui no Constitucionalismo francês. 
 Surgimento de novas categorias de politica. 
 A formatação histórica do poder constituinte derivou do constitucionalismo francês, no final do século 
XVIII. 
Formatação teórica do Poder Constituinte 
 – “Qu’est-ce que le Tiers État?” (“O que é o Terceiro Estado” ou “A Constituinte Burguesa”) - Emmanuel Joseph 
Sieyès 
 O Poder Constituinte é o poder originário que pertence à Nação, capaz de criar, de maneira autônoma e 
independente, a constituição escrita. 
Nesse contexto, realiza a distinção entre Poder Constituição e Poderes Constituídos. 
 
 
 
 
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Constitucionalismo liberal 
 Modelo de Estado liberal →O Estado nessa fase interfere o mínimo possível. Deixa a sociedade e o mercado 
livre, se preocupando com o mínimo, por exemplo, com questões relacionados A segurança pública. 
 Dominou séc. 19, e é marcado pela garantia dos direitos de 1º geração. 
 Para este, o modelo ideal da Constituição deve limitar o poder, assegurar os direitos de 1º geração: direitos 
civis e políticos, e será escrita. 
 Faz uma distinção entre Poder Constituinte e Poderes Constituídos. 
 Em sequência, o modelo liberal é substituído pelo constitucionalismo social. 
Elementos do conceito ideal de Constituição: 
1) Documento escrito (formal); 
2) Garantia das liberdades e da participação política do povo (participação popular no parlamento) – previsão 
de direitos civis e políticos (primeira geração de DFs); e 
3) Limitação ao poder (separação dos poderes) por meio de programas constitucionais. 
O “conceito ideal” de Constituição já estava presente no art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, da Assembleia Francesa, de 1789. 
 Nesse sentido, dispõe o dispositivo legal. 
“Toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação de poderes, não 
tem constituição”. 
A Constituição escrita é um legado no constitucionalismo norteamericano e francês, e contempla as vantagens da: 
publicidade, clareza e segurança. 
Constitucionalismo social 
 No início do século XX surge o constitucionalismo social/moderno, que trata da 2ª geração de direitos 
fundamentais: direitos sociais. 
 O Estado de bem estar social é marcado por tarefas de fazer, essas obrigações compõe o que se chama de 
segunda geração de direitos fundamentais, os serviços prestacionais. 
 O Estado não é mais apresentando pelo mínimo, mas o Estado providencia, que contem serviços 
prestacionais (obrigações positivas). 
 
 
 
 
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 Surge com a Constituição do México de 1917 e a Constituição de Waima de 1919. Essas duas constituições 
inauguram o constitucionalismo social. 
Estágio atual 
 
Constitucionalismo contemporâneo (neoconstitucionalismo) 
 Nova fase do movimento constitucional no mundo inteiro. Fase contemporânea. 
 Conceito aplicável apenas as constituições democráticas. 
 A ideia de dignidade da pessoa humana passa a ter papel de destaque, atribuindo-se valor jurídico supremo 
a esta. 
 O direito passa a ter como base de fundamento a dignidade da pessoa humana, sob pena de cair a sua base, 
caso não atenda a este fundamento – dignidade da pessoa humana. 
 Tem como premissa fundamental a dignidade da pessoa humana. 
 As normas jurídicas passam a ter uma carga axiológica. A interpretação da Constituição para a ter uma 
influência decisiva da moralidade crítica. 
 Valorização dos princípios, devendo prezar pela sua compatibilidade 
 Neoconstitucionalismo trata-se de um movimento teórico de revalorização do direito constitucional, de uma 
nova abordagem do papel da constituição no sistema jurídico, movimento este que surgiu a partir da segunda metade 
do século XX. 
 O neoconstitucionalismo visa refundar o direito constitucional com base em novas premissas como a 
difusão e o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais e a força normativa da constituição, objetivando a 
transformação de um estado legal em estado constitucional. 
 
Críticas ao neoconstitucionalismo 
 
 
 
 
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→Excesso de ativismo judicial; protagonismo judicial; 
→ Descompromisso metodológico; 
→Implica uma insegurança jurídica, em virtude do subjetivismo judicial que pode ser gerado, conduzindo assim a 
insegurança jurídica. 
Constitucionalismo do Futuro 
 Seria a fase subsequente ao neoconstitucionalismo, a qual buscaria um equilíbrio entre o constitucionalismo 
moderno e o neoconstitucionalismo. 
 O constitucionalismo do futuro consiste numa perspectiva de direito constitucional a ser implementada após 
o neoconstitucionalismo. 
 Prega a consolidação dos direitos humanos de terceira dimensão, fazendo prevalecer a noção de 
fraternidade e solidariedade. 
 Trata-se da “constituição do porvir”, calcada na esperança de dias melhores, um verdadeiro 
constitucionalismo altruístico. 
 Sobre o tema destacam-se as ideias de José Roberto Dromi que prega um equilíbrio entre os atributos do 
constitucionalismo moderno e os excessos do constitucionalismo contemporâneo. 
 Segundo José Roberto Dromi, as constituições serão guiadas por determinados valores fundamentais: 
• Verdade; 
• Solidariedade; 
• Continuidade: aqui podemos inserir a ideia de vedação ao retrocesso da sociedade; 
• Participação; 
• Integração; 
• Universalização. 
 Por verdade, “entende-se a preocupação com a necessidade de promessas factíveis pelo Constituinte 
(LAZARI, 2011, p. 99)”. Ou seja, o texto constitucional não irá veicular o que não for possível. 
 As constituições não consagrarão promessas impossíveis ou mentiras. Deve-se ponderar o que o Estado 
realmente necessita e o que se pode constitucionalizar. 
 
 Por solidariedade, deve-se entender a solidariedade entre os povos, a necessidade de implementação dessa 
dimensão fraternal explicitamente na constituição. Liga-se à noção de justiça social, cooperação e tolerância. 
 
 
 
 
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 Solidariedade entre os povos, os grupos. 
 O consenso relaciona-se à solidariedade. 
 
- Constitucionalismo fraternal; 
 A elaboração normativa será fruto do consenso democrático. 
 Esse consenso não significa maioria, como erroneamente se possa pensar, mas “pressupõe a manutenção 
da inquebrantabilidade da ordem democrática, com a adesão solidária da parte que consentiu, consensualmente, em 
prol de um interesse maior (LAZARI, 2011, p. 101)”. 
 Por continuidade devemos entender que as reformas constitucionais deverão levar em consideração os 
avanços já conquistados, ou seja, deverão ocorrer com ponderação e equilíbrio, sem subverter a lógica do sistema, 
mas adaptando-a as exigências do progresso. 
 A participação refere-se “à efetiva participação dos corpos intermediários da sociedade, consagrando-se aideias de democracia participativa e de Estado de Direito Democrático (LENZA, 2010, p. 54)”. “O povo será 
convocado a participar de forma ativa, integral equilibrada e responsável nos negócios do Estado (BULOS, 2010, p. 
62)”. 
 Pela integração, as constituições deverão integrar o plano interno e externo, mediante a previsão de órgãos 
supranacionais. Trata da integração espiritual, moral, ética e institucional entre os povos. 
 Através da universalidade, a constituição do futuro dará primazia aos direitos fundamentais internacionais, 
confirmando o princípio da dignidade da pessoa humana e banindo todas as formas de desumanização. 
Constitucionalismo globalizado 
 Atualmente, a despeito dos variados movimentos constitucionalistas nacionais, defende-se a existência de 
constitucionalismo global ou globalizado, cuja pretensão é unificar e consagrar juridicamente os ideais humanos 
conforme os seguintes objetivos: (a) o fortalecimento do sistema jurídico-político internacional embasado não 
 
 
 
 
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somente nas relações horizontais entre Estados nacionais, mas também nas relações Estado/povo; (b) a primazia, em 
face do direito nacional, do direito internacional fundado em valores e normas universais; e (c) a elevação da 
dignidade da pessoa humana a pressuposto não-limitável de todos os constitucionalismos. 
 E de fato, parece ser mesmo necessária uma nova modalidade de constitucionalismo supranacional a 
contrapartida viável para elidir a impotência dos Estados nacionais frente às relações assimétricas de poder e aos 
demais efeitos nocivos da “globalização”. 
 
Constitucionalismo e internacionalização 
 Há varias nações e vários povos em um só Estado, ocorrendo um abalo da Soberania. 
 Não é mais o Estado soberano típico, decide os problemas a luz dos compromissos assumidos no âmbito 
internacional. 
Obs.: Controle de convencionalidade 
 Atualmente, quando da edição de uma lei ordinária, está estará obrigada não somente a atender aos ditames 
da Constituição, mas também ao previsto nos tratados e convenções; observância ao denominado DUPLO 
CONTROLE DE VERTICALIDADE. 
 Assim, é analisada a compatibilidade do texto legal com a Constituição, bem como é valorada a 
compatibilidade do texto legal com os tratados, este último denominado de CONTROLE DE 
CONVENCIONALIDADE. 
 O controle de convencionalidade é defendido por Valério Mazzuoli, e tem caráter de controle difuso. 
Transconstitucionalismo 
 O transconstitucionalismo não é propriamente sinônimo de constitucionalismo globalizado. Diz respeito ao 
entrelaçamentos de ordens jurídicas diversas internacionais. 
 Há um dialogo entre ordens jurídicas constitucionais. 
Cross-Constitucionalismo / Constitucionalismo cruzado 
 Significa a utilização dos argumentos de determinado Estado no contexto de outro Estado, visa a troca de 
experiência. 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
 
Conteúdo 02: Constitucionalismo 
 
1. Constitucionalismo (Constituição) 
- Constitucionalismo e internacionalização 
Processos de: 
1) Internacionalização da constituição; e 
2) Constitucionalização do direito internacional 
Na realidade atual, em decorrência da internacionalização das relações jurídica e sociais, há um fenômeno no sentido 
de levar a ideia de constitucionalização para além das fronteiras internacionais, internacionalizando a Constituição, 
enquadrando-se questões como direitos humanos no âmbito das relações unidas, e Lex Mercatória (lei do comércio 
e do mercado internacional). 
Todas essas trazem a ideia de um documento maior de âmbito internacional, que extrapola as fronteiras. 
Por um lado, temos a ideia da Constituição Nacional extrapolando para o âmbito internacional. Por outro lado, temos 
regras internacionais que vem se integrar ao direito interno, por exemplo, tratados e convenções de D. Internacional 
(com uma posição supralegal, constitucional ou legal). 
- Fenômeno da acoplagem do D. Internacional (tratado internacional sendo acoplado ao Ordenamento Jurídico com 
diferentes status a depender da matéria e forma de ingresso do Tratado ao Ordenamento Jurídico). 
Obs.: Estudo sobre status dos tratados: Manual Caseiro – Aula 04. 
- Controle de Constitucionalidade e Controle de Convencionalidade 
A lei brasileira deve respeito não somente a Constituição (controle de constitucionalidade), mas também respeito 
aos Tratados e Convenções de D. Internacional (controle de convencionalidade). 
- Constituição Privada 
As Constituições Privadas são aquelas desvinculadas das Constituições do Estado, por exemplo, As Comunicações 
Digitais, no bojo da internet teriam sido criadas normas superiores em determinadas matérias privadas, que não tem 
origem no Estado e nem nas relações internacionais. 
- Transconstitucionalismo (Marcelo Neves)

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