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MOTTA, Rodrigo Patto Sá - O anticomunismo nas pesquisas de opinião Brasil, 1955-1964

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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 1/9
Nuevo Mundo Mundos
Nuevos
Nouveaux mondes mondes nouveaux - Novo Mundo Mundos Novos - New world New
worlds
Colloques | 2016
Sección 1 – El liberalismo y sus enemigos
R������ P���� S� M����
O anticomunismo nas pesquisas
de opinião: Brasil, 1955-1964
https://doi.org/ERREUR PDO dans /localdata/www-bin/Core/Core/Db/Db.class.php L.34 : SQLSTATE[HY000]
[2006] MySQL server has gone away
[14/01/2016]
Résumés
Português English
O anticomunismo enraizou-se no Brasil desde os anos 1920 e 1930, particularmente no contexto
da insurreição revolucionária de 1935, que gerou uma forte resposta discursiva e repressiva
proveniente do Estado e das elites dominantes. Assim, quando começou a Guerra Fria já havia
uma tradição anticomunista no Brasil, que se combinou com as novas influências provenientes da
América do Norte. O objetivo do texto é analisar a influência do anticomunismo na opinião
política dos brasileiros nos anos 1950 e 1960, usando para isso os resultados de pesquisas de
opinião (surveys) realizadas naquele período por agências norte-americanas e brasileiras.
Anticommunism is rooted in Brazil since the 1920’s and 1930’s, especially after the 1935
revolutionary insurrection which gave birth to a strong repressive and discursive answer from the
state and the social elites. Hence, the cold war winds met an anticommunist tradition already
established in Brazil, although it grew in combination with the new influences arriving from
North America. Based on the results of polls and surveys conducted by north-american and
brazilian agencies the aim of this text is to analyze anticommunist influence in brazilian political
opinion during the 1950’s and the 1960’s.
Entrées d’index
Keywords : Cold War, opinion polls, 1964 coup, dictatorship, anti-communism
Palavras Chaves : anticomunismo, Guerra Fria, pesquisas de opinião, golpe de 1964, ditadura
Texte intégral
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http://journals.openedition.org/nuevomundo
https://journals.openedition.org/nuevomundo/30467
https://doi.org/ERREUR%20PDO%20dans%20/localdata/www-bin/Core/Core/Db/Db.class.php%20L.34%20:%20SQLSTATE[HY000]%20[2006]%20MySQL%20server%20has%20gone%20away
https://journals.openedition.org/nuevomundo/58802
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68819
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68820
https://journals.openedition.org/nuevomundo/5861
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68898
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68821
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68822
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68823
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68824
https://journals.openedition.org/nuevomundo/5819
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https://journals.openedition.org/
https://www.openedition.org/19362?lang=fr
07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 2/9
Guerra Fria, anticomunismo e pesquisas
de opinião
Primeiro, é preciso discutir a pertinência do anticomunismo às culturas de direita.
Não é questão simples, pois o anticomunismo tem conexões com espectro ideológico
amplo que vai da direita à esquerda. O anticomunismo de esquerda teria presença
marcante nos Estados Unidos e na Europa, geralmente entre os socialistas, nos países
europeus, e em meio aos “liberais”, no caso dos EUA.1
1
No Brasil, o anticomunismo de esquerda foi tênue, embora sempre presente. A
esquerda não-comunista brasileira enfrentava realidade mais complicada que seus
congêneres europeus e norte-americanos. O atraso social e a pobreza eram
imensamente piores, tornando constrangedora a situação de opor-se e combater o
projeto comunista, o que implicava o risco de associar-se aos defensores do satus quo.
O anticomunismo ficou marcado como doutrina típica de grupos reacionários e
conservadores, o que criava um ônus político para quem assumisse o rótulo.
2
Devido a tais razões, normalmente pareceu menos complicado para a esquerda não-
comunista fazer aliança com o P.C., ainda que tensões estivessem sempre presentes.
Em quadro de virtual inexistência de projetos de reforma social com apoio nas forças
políticas de centro, em um país onde as elites se destacavam por notável insensibilidade
em relação aos problemas sociais, não admira que o caminho natural da esquerda fosse
aliar-se aos comunistas, aderindo aos inúmeros programas frentistas criados entre os
anos 1930 e 1980.
3
Assim, o anticomunismo brasileiro é, essencialmente, um fenômeno de direita,
baseado em valores como a defesa da moralidade cristã, da propriedade sagrada e da
pátria “una e indivisa”. A heterogeneidade ideológica do anticomunismo serviu como
elemento unificador de grupos e líderes políticos pertencentes a diferentes tradições da
direita (liberais, conservadores, fascistas, nacionalistas); e, o que foi decisivo, ele serviu
para unir as corporações militares. Esses grupos sociais e instituições tinham projetos e
valores diferentes, porém, se uniram em torno da bandeira anticomunista para derrotar
projetos de esquerda que pareciam ameaçar o status quo. Esse foi o quadro,
principalmente, no golpe militar (e civil) de 1964.
4
O objetivo é analisar o impacto do anticomunismo na opinião política2 dos brasileiros
nos anos 1950 e 1960. A análise vai culminar nos eventos de 1964, na tentativa de
compreender a influência do anticomunismo sobre a sociedade e como esta reagiu às
políticas autoritárias e repressivas da ditadura.
5
A proposta é usar resultados de pesquisas de opinião (surveys) realizadas naquele
período para avaliar a circulação e a influência das representações anticomunistas. Tais
representações estavam enraizadas no Brasil desde os anos 1920 e 1930, e se
cristalizaram no imaginário social particularmente no contexto da insurreição
revolucionária de 1935, que os discursos dominantes alcunharam de Intentona
Comunista. Quando começou a Guerra Fria já havia uma tradição anticomunista no
Brasil, que se combinou com as novas influências provenientes da América do Norte.3
6
A Guerra Fria intensificou a circulação de representações anticomunistas no Brasil,
graças à influência cultural e ao financiamento dos Estados Unidos. Além do que já
sabemos, ou seja, o auxílio a publicações e à organização de grupos anticomunistas, as
agências norte-americanas se ocuparam de outro tipo de atividade, que legou registros
úteis para o historiador. Elas financiaram pesquisas de opinião para avaliar os
resultados de certas políticas e planejar estratégias de ação. Pelo menos desde 1955
foram realizados surveys para sondar a opinião em relação a assuntos políticos,
geralmente por encomenda do USIA (United States Information Agency).4 Foram
contratadas para fazer as pesquisas tanto agências norte-americanas quanto firmas
brasileiras.
7
Vão ser analisadas também pesquisas feitas pela empresa brasileira IBOPE (Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) no contexto da crise de 1964, enquetes para
avaliar a opinião dos brasileiros diante do quadro político, com ênfase para o tema do
8
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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 3/9
comunismo.5 As pesquisas encomendadas por agências norte-americanas abordavam
assuntos os mais diversos, como: a opinião dos brasileiros diante do nacionalismo,a
popularidade dos líderes políticos, as leituras preferidas dos jovens universitários, quais
os jornais mais lidos, entre outros. Entretanto, serão enfocadas apenas as enquetes que
permitem analisar as opiniões sobre o tema do comunismo.
Naturalmente, as pesquisas de opinião devem ser utilizadas com muito cuidado
crítico. Elas não devem ser consideradas a expressão pura e simples da verdade. De um
lado, porque elas podem revelar apenas opiniões momentâneas dos entrevistados, cujas
respostas, ademais, podem ser induzidas quando os questionários são mal elaborados.
Além disso, em certas circunstâncias, o interesse de fazer uso político dos resultados
gera manipulações e falsificações.
9
Porém, há circunstâncias que atenuam o ceticismo diante desses documentos e levam
a crer na sua utilidade como fontes de informação. Em primeiro lugar, a maioria dessas
pesquisas era para uso interno, ou seja, para auxiliar o processo de formulação de
políticas. Elas não se destinavam à publicação e permaneceram desconhecidas até
agora, adormecidas nos arquivos. Por razões óbvias, o interesse em manipular
praticamente não se aplica ao caso, o que aumenta a credibilidade das informações. Em
segundo lugar, como se trata de diferentes enquetes sobre o mesmo tema, realizadas em
períodos distintos, temos a possibilidade de realizar comparações que aumentam a
representatividade e atenuam o elemento de volatilidade da opinião.
10
A primeira enquete de opinião explorando o tema da Guerra Fria encontrada nos
National Archives data de março de 1955, e foi realizada nas cidades do Rio de Janeiro e
São Paulo.6 Uma das perguntas dizia o seguinte: você acha que o comunismo é bom ou
ruim para o povo? Entre os entrevistados brasileiros, 58% escolheram a opção ruim e
apenas 2% responderam bom. Os dados indicam a fraca possibilidade de expansão do
projeto comunista no Brasil, não obstante significam paradoxo em vista de resultados
eleitorais anteriores.7
11
Outra pergunta permite identificar uma faixa de pessoas que podem ser classificadas
de anticomunistas, ou ao menos como mais sensíveis aos argumentos anticomunistas.
Diante da pergunta “você acha que os comunistas na América Latina são um perigo
muito sério, não muito sério ou nenhum perigo”, as respostas foram as seguintes: 23%
responderam “muito sério”, 8% responderam “não muito sério” e 3% responderam
“nenhum perigo”. Parece razoável considerar que o cidadão que considera o
comunismo um perigo está situado no universo anticomunista. Cerca de 30% dos
entrevistados brasileiros da pesquisa de 1955 viam no comunismo um perigo, a maioria
deles como um risco sério. Como se verá essa faixa percentual se elevou às vésperas da
crise de 1964 e do golpe militar.
12
Nos anos de 1956, 1957 e 1958 foram realizadas outras pesquisas semelhantes. A
partir de 1959, esses surveys ganharam nova dimensão, devido a mudanças na política
externa do país. Desde o final do governo Kubitschek (1955-1960) a diplomacia
brasileira buscava aproximação com o bloco soviético e os países não alinhados. A
motivação era comercial, mas, aos poucos, a sensibilidade nacionalista aumentava sua
influência. Kubitschek restabeleceu relações comerciais com a URSS, em 1959; o
presidente Jânio Quadros anunciou uma Política Externa Independente, cujo ato mais
ousado foi a condecoração do líder guerrilheiro Che Guevara, no início de 1961; e o
presidente João Goulart restabeleceu relações diplomáticas plenas com a URSS, em
novembro de 1961, assim como iniciou negociações com a China comunista.8
13
O novo quadro trouxe alguma preocupação para os diplomatas norte-americanos,
que se inquietavam com o aumento da sensibilidade nacionalista. Incomodava que
certas expressões do nacionalismo esquerdista (o antiimperialismo) levassem ao
incremento do sentimento antiamericano. De fato, nos anos iniciais da década de 1960
viu-se o fortalecimento do nacionalismo de esquerda e a perda de prestígio dos EUA e,
por essa razão, as enquetes de opinião buscaram verificar se a imagem da URSS e a
recepção às ideias de esquerda estavam melhorando.
14
De março de 1959 a julho de 1963 foram feitas várias pesquisas explorando a opinião
em relação à URSS e à imagem dos EUA. Em pesquisa realizada em março de 1959,
intitulada “Atitudes em relação ao possível estabelecimento de relações comerciais com
a URSS”, as opiniões foram majoritariamente simpáticas aos EUA. No entanto, a
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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 4/9
Às vésperas do golpe
maioria dos brasileiros mostrou pragmatismo em relação à URSS, dispondo-se a fazer
comércio e mesmo receber ajuda desse país em nome das vantagens econômicas.
Assim, diante da pergunta se o Brasil deveria aceitar ajuda econômica da URSS, 51%
responderam que sim e 30% que não. Significativamente, os pesquisadores
investigaram as razões que motivaram as opiniões contrárias, e a maioria desses
entrevistados respondeu com argumentos anticomunistas tradicionais, principalmente
o medo de que a presença soviética aumentasse a “infiltração comunista”.
Em uma enquete realizada em dezembro de 1959, intitulada “Opiniões sobre a
URSS”, nota-se uma ligeira melhora na imagem do país socialista. Diante da pergunta
“qual a sua opinião sobre a Rússia?”, as respostas muito boa e boa atraíram 8%,
enquanto 20% escolheram ruim ou muito ruim. Os temores anticomunistas
continuavam influentes, pois metade dos entrevistados (47%) não acreditava na
sinceridade da intenção soviética de ajudar no progresso econômico da América Latina
(contra 19% que acreditava), sendo que 12% dos entrevistados achavam que o objetivo
era facilitar a “infiltração comunista”. A oscilação entre o interesse pragmático e os
temores políticos aparece de maneira clara nas respostas a duas questões:
16
.Acha que o reatamento de relações comerciais é vantajoso ou não para o Brasil?
.Acha que o Brasil deve restabelecer relações diplomáticas com a URSS?
Na primeira pergunta, a maioria (41%) respondeu que era vantajoso para o Brasil,
contra 24% dos entrevistados que acharam o contrário. No caso dos últimos, a maioria
(60%) explicou sua opinião com argumentos anticomunistas. Quanto à segunda
pergunta, a opinião majoritária foi contrária ao restabelecimento de relações
diplomáticas: 42% contra 35%.9
17
Os arquivos norte-americanos guardam pesquisas realizadas em 1963 muito úteis
para avaliar o incremento da sensibilidade anticomunista, em meio à crise política que
terminaria no golpe de 1964. A posse de João Goulart, em setembro de 1961, levou à
intensificação de discursos e mobilizações dos grupos de direita, que se sentiram
ameaçados com a ascensão do líder trabalhista ao comando do país. Embora fosse um
reformista moderado, Goulart tinha boas relações com os sindicatos e com o Partido
Comunista e, como a esquerda intensificou suas ações no contexto da ascensão do novo
presidente, os grupos de direita sentiram que seus temores tinham fundamento.
18
Entre 1961 e 1964 formou-se grande “onda” anticomunista que mobilizou a imprensa,
o empresariado e parcelas importantes da corporação militar, da Igreja e da elite
política. A partir do fim de 1963, sobretudo, essa campanha tornou-se maciça, quando a
grande imprensa selou um pacto contra a esquerda e contra o governo Goulart, após
tentativas frustradas de atrair o presidente para o campo da direita. Os grandes jornais
criaram a “rede da democracia”, em que cooperaram para divulgar imagens alarmantes
sobre a iminência de ascensão dos comunistas ao poder com o beneplácito do
presidente Goulart. Nessa luta de representações, em que a esquerda se engajou
também, evidentemente, tentando desqualificarseus inimigos, as forças de direita
diziam representar a democracia e os valores cristãos contra o comunismo. A
repercussão da campanha foi incrementada por eventos e mobilizações públicas de
impacto, como as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que culminaram no –
 e legitimaram o – golpe de Estado.
19
As pesquisas realizadas em 1963 e 1964 permitem avaliar o impacto da campanha
anticomunista sobre a opinião dos cidadãos. Mais ainda, os dados mostram que o temor
ao comunismo aumentou em comparação com os resultados das enquetes realizadas
nos anos 1950. Vejamos os resultados dessas pesquisas.
20
Em março de 1963, a Embaixada dos EUA encomendou uma enquete, provavelmente
no estado da Guanabara, que ouviu 400 entrevistados.10 Além das perguntas
tradicionais sobre as imagens de EUA e URSS, que revelaram poucas novidades, foram
aplicadas questões interessantes para esta análise. Uma das perguntas pretendia avaliar
como os entrevistados percebiam e dimensionavam a influência dos comunistas no
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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 5/9
Brasil, e as respostas foram as seguintes: eles tinham muita influência (10%), bastante
influência (12%), pouca influência (24%), quase nada (13%), nenhuma influência (11%).
Os resultados mostram um “empate” nas respostas que apontam muita/bastante
influência (22%) e quase nada/nenhuma influência (24%), e também que era
igualmente expressivo o contingente que percebia pouca influência comunista (24%).
Alguns meses depois a percepção sobre o perigo comunista iria aumentar, como logo
se verá. Interessam agora as respostas à outra questão, reveladoras da disposição
anticomunista: “você acha que os comunistas deveriam ter mais ou menos influência?”.
As respostas se dividiram da seguinte maneira e os resultados são eloquentes: 4%
achavam que os comunistas deveriam ter mais influência, enquanto 41% preferiam que
os comunistas tivessem menor influência.
22
Uma pesquisa parecida foi realizada, em julho de 1963, porém, com foco na
população urbana e rural da região nordeste, a partir de 958 entrevistas.11 Os dados
indicam uma percepção semelhante sobre a presença pública dos comunistas, e
também uma maioria (desconsiderando o número dos que não responderam – mais de
50%) com disposição anticomunista. Entretanto, a pesquisa indica a existência de
maior simpatia pelo comunismo no nordeste, ainda que minoritária. A primeira
pergunta foi: “quanta influência o comunismo tem no Brasil hoje?”. As respostas foram
as seguintes: muita (24%), pouca (19%), nenhuma (4%). Eis a segunda pergunta: você
acha que a influência comunista deveria: diminuir (26% das respostaas), aumentar
(9%), permanecer igual (6%). Assim, entre os nordestinos entrevistados, 9% gostariam
que a influência comunista aumentasse, contra 4% que deram a mesma reposta na
enquete anterior.
23
Além dos arquivos norte-americanos, outro acervo significativo contendo dados de
pesquisas de opinião é o Arquivo Edgar Leuenroth, da UNICAMP, que recebeu a doação
de material produzido pelo IBOPE. Essa agência de pesquisas foi contratada pelos
norte-americanos, porém, realizou trabalhos semelhantes para outros clientes
também.12 Nos meses imediatamente anteriores e posteriores ao golpe de 1964, o
IBOPE fez pesquisas que permitem avaliar o aumento da sensibilidade anticomunista.
Mais ainda, os dados sugerem que o combate ao “perigo vermelho” ajudou a ditadura a
legitimar-se diante de parte da sociedade, assim como estimulou número expressivo de
cidadãos a apoiar os expurgos políticos promovidos pelo estado autoritário. As enquetes
foram realizadas apenas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro (Guanabara), por
isso, devem ser evitadas generalizações excessivas. No entanto, se consideramos a
importância política das duas metrópoles e a concentração de poder e o elitismo
tradicionais à política brasileira, fica claro que a representatividade da opinião de
paulistas e cariocas não deve ser menosprezada. Além disso, como se trata de opinião
política de viés direitista, é possível supor que caso certas áreas do Brasil tivessem sido
pesquisadas a tônica anticomunista poderia ter se revelado ainda maior.
24
Nos arquivos do IBOPE há registro de três enquetes realizadas antes do golpe que
interessam mais de perto a este trabalho. A primeira, realizada na Guanabara (Rio de
Janeiro) em março de 1963, com base em 511 entrevistas, mediu a opinião dos cariocas
sobre evento que polarizou a esquerda e a direita. Tratou-se da tentativa de realizar um
Congresso de Solidariedade a Cuba, naturalmente organizado por grupos de esquerda,
que foi proibido pelo governador e destacado líder anticomunista Carlos Lacerda.
Frente à pergunta “o governador agiu bem ao proibir o Congresso”, 63% dos
entrevistados responderam sim, ao passo que 19% responderam não. Outra pergunta
do questionário aplicado aos cariocas é relevante para avaliar a opinião em relação ao
regime político cubano e a disposição anticomunista: “a realização desse Congresso
representa uma ameaça para a Segurança Nacional e para as instituições
democráticas?” (49% responderam que sim, contra 25% de respostas negativas).
25
As duas outras pesquisas anteriores ao golpe foram realizadas em São Paulo, a
primeira em fevereiro de 1964, que ouviu 500 entrevistados. Nessa pesquisa duas
perguntas merecem destaque: “o comunismo no Brasil está...”, sendo que a maioria
(54%) respondeu que ele estava aumentando, contra 16% que escolheram “o
comunismo está diminuindo”. O número elevado de entrevistados que percebiam
crescimento da influência comunista significa incremento em relação a pesquisas feitas
nos anos anteriores. A pergunta seguinte da mesma pesquisa é igualmente significativa.
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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 6/9
O golpe de 1964 e a opinião
anticomunista
Para os 54% que responderam “o comunismo está aumentando” foi aplicada uma
questão planejada para dimensionar o tamanho da opinião anticomunista e distinguir
qual a porcentagem de possíveis simpatizantes da esquerda. A pergunta era se o
comunismo representava um perigo ou não, e 81% responderam que sim, contra 13%
que disseram não. Fazendo uma aritmética simples o resultado é que, às vésperas do
golpe militar, 44% dos paulistas (81% de 54%) viam no comunismo um perigo.
No mês seguinte, março de 1964, o IBOPE fez outra pesquisa sobre o mesmo tema,
talvez para medir o impacto da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, grande
evento anticomunista que ocorreu em 19 de março, no centro de São Paulo, com notável
repercussão nacional. Desta vez, além da capital foram incluídas duas cidades do
interior paulista (Araraquara e Avaí, totalizando 953 entrevistados nas três cidades),
talvez para comparar a opinião política dos moradores da metrópole com a dos
cidadãos de pequenos municípios. Os resultados foram basicamente convergentes, com
uma resposta ligeiramente mais anticomunista nos municípios do interior. A seguir
serão comentados apenas os dados para a capital.
27
Foram aplicadas as mesmas perguntas da pesquisa anterior, resultando em pequena
elevação na resposta de que o comunismo estava aumentando sua força (57%). No
entanto, a pesquisa apresentou algumas novidades. Para todos osentrevistados, e não
apenas para os que percebiam um aumento da influência comunista, foi perguntado o
seguinte: “você acha que o comunismo representa para o Brasil um perigo imediato,
futuro ou não é perigo”. Eis as respostas: perigo imediato foi a opção de 32% dos
entrevistados, perigo futuro atraiu a preferência de 36% deles e não é perigo foi
escolhida por 19%. Embora “apenas” 32% responderam que o perigo era imediato, o
fato de 68% escolherem opções que se referiam ao comunismo como um perigo é dado
importante, a indicar tanto o aumento da sensibilidade anticomunista, como o possível
apoio a políticas antiesquerdistas. Como se verá na próxima seção, após o golpe de
1964, efetivamente, foi bastante significativo o número de cidadãos que apoiou o
expurgo das esquerdas.
28
O anticomunismo foi o argumento central dos discursos de apoio ao golpe de 1964. A
crise econômica e o temor de que Goulart tinha pretensão de tornar-se ditador também
foram importantes, mas o tema mais candente era o “perigo vermelho”, que ficou mais
assustador e palpável devido às representações anticomunistas associarem-no à
estratégia política do presidente.13
29
O governo que resultou do golpe de 1964 procurou legitimar-se batendo na mesma
tecla. Significativamente, no texto de um de seus principais manifestos públicos, o Ato
Institucional, os novos detentores do poder acusaram o governo deposto de pretender
“bolchevizar o País”, e mencionaram entre os objetivos da nova ordem “drenar o bolsão
comunista, cuja purulência já se havia infiltrado” na cúpula do governo e na
administração pública. O primeiro presidente militar (Castelo Branco) e o seu Ministro
da Guerra (general Costa e Silva), além de outros membros e simpatizantes da ditadura,
ocuparam espaços na mídia para justificar seus atos à população, momentos em que,
invariavelmente, lançavam mão dos argumentos anticomunistas. Os jornais mais
engajados em favor do golpe ajudaram nessa campanha, publicando notícias que
apontavam a periculosidade dos comunistas e mostravam a necessidade dos expurgos
políticos.
30
Tais campanhas serviram a um duplo propósito. Primeiro, ajudaram a justificar a
“operação limpeza” contra os derrotados de 1964 – ou seja, as prisões, cassações de
mandatos parlamentares, demissões –, cujas vítimas não foram apenas os comunistas;
segundo, buscaram legitimidade para o novo governo, que alegou precisar do
autoritarismo para combater os comunistas. A ditadura apresentou outros objetivos
também, como o combate à corrupção e o crescimento econômico. Porém, o
anticomunismo teve importância particular, entre outras razões, por servir de elo entre
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https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 7/9
a) Estava levando o Brasil para um regime comunista – 34%
b) Estava tomando medidas populares que contrariavam fortes interesses de grupos
econômicos e financeiros, nacionais e estrangeiros – 17%
c) Pretendia fechar o Congresso para se tornar Ditador – 21%
a) A favor – 57%
b) É contra – 15%
a) Acertada – 74%
b) Errada – 12%
a) Acertada – 72%
b) Errada – 12%
a) comunistas – 27%
b) subversivos – 14%
c) corruptos – 16%
d) perseguidos políticos – 19%
diferentes grupos de direita apoiadores do regime, e por se prestar bem à necessidade
de justificar a ditadura. Não que o regime tenha inventado o perigo comunista, pois a
esquerda esteve ativa o tempo todo e, em certos momentos, a ideia de que representava
“ameaça” à ordem fazia algum sentido. Entretanto, o mesmo não pode ser dito do
argumento que o autoritarismo era indispensável para barrar o caminho das esquerdas.
As pesquisas realizadas pelo IBOPE nos meses imediatos ao golpe são interessantes
para avaliar o impacto dos discursos anticomunistas, pelo menos entre os habitantes
das duas maiores metrópoles brasileiras. Na cidade de São Paulo, em que estava
sediado o instituto, foram realizadas algumas pesquisas em maio de 1964, uma
primeira série entre 12 e 22 de maio (com 500 entrevistados), e outra na última semana
do mesmo mês, com 519 entrevistados. Os arquivos não informam quem encomendou
as enquetes, mas, está claro que os resultados interessavam muito aos novos
governantes, pois as perguntas tocavam questões politicamente estratégicas. Por isso, é
possível supor que o próprio governo tenha feito a encomenda, para planejar suas
estratégias levando em conta o estado da opinião.
32
Uma das perguntas explorava o apoio à derrubada de João Goulart, revelando que o
golpe foi considerado legítimo pela maioria: 54% dos paulistanos entrevistados
responderam que a deposição do presidente foi benéfica para o país, contra 20%
contrários. Outra questão apresentada aos paulistanos interessa bastante: “A qual
dessas razões atribui a queda do presidente João Goulart?”:
33
As questões A e C representam uma síntese dos principais argumentos utilizados na
campanha contra o presidente Goulart, e elas atraíram a escolha da maioria dos
entrevistados, principalmente a motivação anticomunista. Aliás, os resultados para essa
questão convergem plenamente com os da pergunta anterior (em que 54% se disseram
a favor e 20% contra a queda de Goulart): 55% escolheram as opções A ou C, enquanto
a letra B – que sintetizou opiniões típicas do campo das esquerdas – foi escolhida por
17% dos entrevistados.
34
Algumas perguntas foram aplicadas aos entrevistados com o intuito de explorar a sua
opinião sobre os expurgos e cassações políticas:
35
.O que acha da cassação de mandatos e suspenção de direitos políticos em geral:36
.A cassação dos mandatos dos deputados comunistas foi uma medida:37
.A prisão dos líderes sindicais ligados aos comunistas foi uma medida:38
.Acha que os critérios que determinaram as cassações tiveram base no fato dos
atingidos serem:
39
Os resultados indicam apoio majoritário aos expurgos políticos (57%), o que é
compatível com as respostas favoráveis à deposição de Goulart, além de confirmar a
legitimidade inicial desfrutada pelos militares e seus aliados civis. Vale destacar que o
expurgo dos comunistas encontrou apoio ainda maior do que as cassações “em geral”,
já que mais de 70% mostraram-se de acordo com as punições para deputados e
sindicalistas comunistas.
40
Na última pergunta, a maioria dos entrevistados paulistanos revelou-se afinada com
os discursos do novo regime, ao escolher explicações para os expurgos conformes às
representações da direita. Do total de entrevistados, 57% disseram que as punições
atingiram comunistas, subversivos e corruptos, sendo que a maior parte apontou o
41
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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 8/9
a) A favor – 56%
b) É contra – 21%
a) comunistas – 40%
b) subversivos – 22%
c) corruptos – 25%
d) perseguidos políticos – 28%14
Considerações finais
Notes
1 Courtois, Stéphane. e Lazar, Marc, Le communisme, Paris, M.A Editions, 1987; Haynes, J.E.,
Red Scare or Red Menace? American Communism and Anticommunism in the Cold War Era,
Chicago, Ivan R. Dee.
2 Evitei usar o termo opinião pública por causa das polêmicas que ele provoca, principalmente o
risco de uniformização de algo que é plural, daí ser melhor falar em opiniões. De qualquer modo,
é necessário deixar claro que se trata do resultado de pesquisas realizadas para medir a opiniãopolítica dos cidadãos sobre certos temas candentes. Becker, Jean-Jacques, “A opinião pública”, In
René Rémond (dir.), Por uma História Política, 2 edição, Rio de Janeiro, FGV, 1996, p. 185-211;
Ozouf, Jacques, “A opinião pública: apologia das sondagens” In Le Goff, Jacques e Nora, Pierre
(dir.) História: novos objetos, 3 edição, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1988, p. 186-198.
3 Motta, Rodrigo Patto Sá, Em guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasil
(1917-1964), São Paulo, Perspectiva/Fapesp, 2002.
comunismo. A questão da letra D – escolhida por 19% – foi planejada para atrair os
críticos do golpe, pois oferecia a opção de que as punições poderiam ter sido
influenciadas por perseguições políticas “ilegítimas” (inimizades, querelas pessoais).
Nos arquivos há um número menor de pesquisas realizadas na Guanabara (Rio) após
o golpe, mas, entre elas encontram-se dados interessantes para efeito de comparação.
Na última semana de maio de 1964 o IBOPE entrevistou 511 cariocas e aplicou algumas
das mesmas perguntas feitas em São Paulo. Os resultados do Rio são convergentes com
os de São Paulo, salvo por uma percepção mais intensa da motivação anticomunista:
42
.O que acha da cassação de mandatos e suspenção de direitos políticos em geral:43
.Acha que os critérios que determinaram as cassações tiveram base no fato dos
atingidos serem:
44
Não obstante a dose recomendável de ceticismo, essas pesquisas constituem material
muito interessante, uma rara oportunidade de dimensionar a circulação das
representações anticomunistas e aquilatar o seu impacto sobre a opinião política dos
cidadãos. Os dados revelam que os discursos anticomunistas emitidos por grupos de
direita e pela imprensa encontraram ressonância em parte expressiva da sociedade, o
que deve ser visto como uma relação complexa, de mútua determinação, e não como
resultado de recepção passiva. As pesquisas de opinião oferecem expressões numéricas
que, mesmo não tendo valor absoluto, servem para mostrar a força do anticomunismo.
45
Desde as primeiras pesquisas realizadas por encomenda das agências norte-
americanas, nos anos 1950, nota-se a presença do anticomunismo no cenário público.
No entanto, a percepção do “perigo vermelho” cresceu bastante no contexto do governo
Goulart, o que fica evidente na análise dos dados. As pesquisas mostram apoio
majoritário aos expurgos promovidos pela ditadura, principalmente quando os alvos
eram comunistas e subversivos (de esquerda, claro).
46
O regime autoritário criado a partir da deposição do governo Goulart encontrou no
anticomunismo tanto uma razão de ser quanto uma fonte de legitimidade, pelo menos
nos seus primeiros anos de existência. Ao longo do tempo, outras “realizações”
ajudaram a sustentar o autoritarismo, a exemplo do crescimento econômico durante o
“milagre econômico”. Ainda assim, a disposição para combater os comunistas e a
esquerda (o “terrorismo”) foi uma presença constante nos discursos e nos atos da
ditadura, o que lhe garantiu o apoio perene dos grupos mais aguerridos da direita.
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07/01/2021 O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964
https://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 9/9
4 USIA era a agência do Departamento de Estado responsável por atividades culturais e de
divulgação de informações em outros países, em que era representada pelo USIS (United States
Information Service). Como se vê pelas pesquisas analisadas a seguir - localizadas no acervo da
USIA nos arquivos norte-americanos – o órgão também cuidava da produção de informações.
5 As pesquisas encomendadas pela USIA estão nos National Archives and Records
Administration, em sua unidade II, situada em College Park, Maryland (doravante registrado
apenas como NARA II). As pesquisas do IBOPE estão no Arquivo Edgar Leuenroth, da
Universidade Estadual de Campinas (AEL/UNICAMP).
6 Na apresentação dos resultados dessas pesquisas vou omitir a faixa dos que não responderam,
que, naturalmente, corresponde ao número faltante para completar 100%. RG: 306 – 250 – 67
/8/4, caixa 2, pasta 1. NARA II.
7 Percebe-se possível incongruência com os resultados eleitorais de 1946, quando o Partido
Comunista, na época legal, colheu aproximadamente 10% dos votos. Porém, deve ser lembrado
que o prestígio do partido diminuiu depois da sua fase áurea, e também que muitos dos votos não
eram partidários, mas dirigidos ao mítico líder comunista Luiz Carlos Prestes.
8 Motta, Rodrigo Patto Sá, “O perigo é vermelho e vem de fora: o Brasil e a URSS”, Locus (UFJF),
2007, no 13, p. 229-246.
9 Os pesquisadores não perguntaram quais os motivos de quem era contra a troca de
embaixadores com a URSS. RG: 306 – 350 – 22 – 35 – 7, caixa 3. NARA II.
10 Falta uma parte do documento no arquivo, por isso a incerteza sobre o local da pesquisa. RG:
306 – 250 – 62 – 0 – 6, caixa14, pasta 2. NARA II.
11 RG: 306 – 250 – 62 – 0 – 6, caixa 14, pasta 1. NARA II.
12 Os documentos entregues ao arquivo não informam quem encomendou as pesquisas. Todas as
pesquisas citadas a partir daqui encontram-se no fundo IBOPE do AEL/UNICAMP.
13 Acusava-se o presidente de fazer aliança com os comunistas visando o apoio deles para
suposto golpe nas instituições, de modo a obter a permanência de Goulart no poder. O argumento
central não era que Goulart fosse comunista, mas que fazia uso oportunista da aliança com eles.
O risco implicado nessa estratégia, de acordo com as representações anticomunistas, era que os
comunistas poderiam utilizar a aliança com Goulart para instaurar uma ditadura e depois se
livrarem dele, permanecendo sozinhos no poder.
14 O somatório das respostas é maior do que 100% porque permitiu-se que os entrevistados
escolhessem mais de uma opção.
Pour citer cet article
Référence électronique
Rodrigo Patto Sá Motta, « O anticomunismo nas pesquisas de opinião: Brasil, 1955-1964 »,
Nuevo Mundo Mundos Nuevos [En ligne], Colloques, mis en ligne le 14 janvier 2016, consulté le
08 janvier 2021. URL : http://journals.openedition.org/nuevomundo/68817 ; DOI :
https://doi.org/ERREUR PDO dans /localdata/www-bin/Core/Core/Db/Db.class.php L.34 :
SQLSTATE[HY000] [2006] MySQL server has gone away
Auteur
Rodrigo Patto Sá Motta
Universidade Federal de Minas Gerais 
rodrigopsamotta@gmail.com
Droits d’auteur
 
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Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.
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mailto:rodrigopsamotta@gmail.com
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