Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OSTENSIVO CIAA-112/022 MMAARRIINNHHAA DDOO BBRRAASSIILL CCEENNTTRROO DDEE IINNSSTTRRUUÇÇÃÃOO AALLMMIIRRAANNTTEE AALLEEXXAANNDDRRIINNOO GGUUIIAA DDEE EESSTTUUDDOO ÉÉTTIICCAA PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL MMIILLIITTAARR CCUURRSSOO EESSPPEECCIIAALL DDEE HHAABBIILLIITTAAÇÇÃÃOO PPAARRAA PPRROOMMOOÇÇÃÃOO AA SSAARRGGEENNTTOO 22002200 OOSSTTEENNSSII VVOO OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 ÉTICA PROFISSIONAL MILITAR MARINHA DO BRASIL CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO 2020 FINALIDADE: DIDÁTICA 1ª EDIÇÃO OOSSTTEENNSSII VVOO --II -- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 ATO DE APROVAÇÃO Aprovo, para uso no Curso Especial de Habilitação para Promoção a Sargentos, a apostila CIAA-112/022 – ÉTICA PROFISSIONAL MILITAR, elaborada pelo 3ºSG-ES FERNANDO JOSÉ SILVA DE AMARAL, em 20 de setembro de 2019, no Centro de Instrução Almirante Alexandrino. Os direitos de edição são reservados para o Centro de Instrução Almirante Alexandrino, sendo proibida a reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio. Rio de Janeiro, RJ., 20 de setembro de 2019. PETRÚCIO GOMES DA SILVA Capitão de Corveta (RMI-T) Coordenador da Escola de Cursos de Formação OOSSTTEENNSSII VVOO --II II -- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 ÍNDICE PÁGINAS Folha de rosto........................................................................................................................ I Ato de Aprovação................................................................................................................. II Índice.................................................................................................................................... III Introdução............................................................................................................................. IV CAPÍTULO 1 - ESTATUTO DOS MILITARES 1.1 - Deveres e obrigações dos militares.............................................................. 1-1 CAPÍTULO 2 – NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIR EITOS HUMANOS 2.1 - Forma de Estado, Sistema de Governo e Separação de Poderes.................. 2-1 2.2 - Dos direitos e garantias fundamentais – Art. 5º ao 17.................................. 2-8 2.3 - Missão constitucional das Forças Armadas................................................... 2-13 2.4 - Diretrizes da ONU e OEA sobre Direitos Humanos..................................... 2-17 2.5 - Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)...................................... 2-22 CAPÍTULO 3 - DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO 3.1- Direito de Genebra........................................................................................... 3-1 3.2 - Direito de Haia................................................................................................. 3-2 3.3 - Direito misto..................................................................................................... 3-2 3.4 - Direito da Guerra, Direito Internacional Humanitário, Direito Internacional dos .Conflitos Armado e Direitos Humanos: semelhanças e distinções........... 3-3 3.5 - Movimento da Cruz Vermelha.......................................................................... 3-4 3.6 - Manual de San Remo (guerra no mar).............................................................. 3-5 3.7 - Tribunal Penal Internacional ............................................................................ 3-7 3.8 - Aplicação do DICA nas Operações de Paz....................................................... 3-8 ANEXO A - Bibliografia ............................................................................................. A-1 OOSSTTEENNSSII VVOO --II II II -- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 CAPÍTULO 1 ESTATUTO DOS MILITARES 1.1 - DEVERES E OBRIGAÇÕES DOS MILITARES Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças Armadas mediante incorporação, matrícula ou nomeação, prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres militares e manifestará a sua firme disposição de bem cumpri-los. No Título II do Estatuto dos Militares (Lei 6880/1980), constam os deveres e obrigações dos militares e o comportamento ético esperado por cada um dos seus integrantes. das Forças Armadas. São manifestações ESSENCIAIS DO VALOR MILITAR : a) O patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo solene juramento de fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida; b) O civismo e o culto das tradições históricas; c) A fé na missão elevada das Forças Armadas; d) O espírito de corpo, orgulho do militar pela organização onde serve; e) O amor à profissão das armas e o entusiasmo com que é exercida; e f) O aprimoramento técnico-profissional. 1.1.1- Da Ética Militar O sentimento de dignidade e brio militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos seguintes preceitos de ética militar: I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de dignidade pessoal; II - exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem em decorrência do cargo; III - respeitar a dignidade da pessoa humana; IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades competentes; V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados; VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; VII - empregar todas as suas energias em benefício do serviço; OOSSTTEENNSSII VVOO --11--11-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 VIII - praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o espírito de cooperação; IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada; X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria sigilosa de qualquer natureza; XI - acatar as autoridades civis; XII - cumprir seus deveres de cidadão; XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular;XIV - observar as normas da boa educação; XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como chefe de família modelar; XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou quando já na inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro militar; XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros; XVIII - abster-se, na inatividade, do uso das designações hierárquicas: a) em atividades político-partidárias; b) em atividades comerciais; c) em atividades industriais; d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e e) no exercício de cargo ou função de natureza civil, mesmo que seja da Administração Pública; e XIX - zelar pelo bom nome das Forças Armadas e de cada um de seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos da ética militar. OOSSTTEENNSSII VVOO --11--22-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 CAPÍTULO 2 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITOS HUMANOS 2.1 – FORMAS DE ESTADO, SISTEMA DE GOVERNO E SEPARAÇÃO DE PODERES A Teoria Geral do Estado observa atentamente os fenômenos do Estado, desde sua origem, formação, estrutura, organização, funcionamento e suas finalidades. O objetivo precípuo da Teoria Geral do Estado, em síntese, é a investigação da realidade específica do Estado, sua estrutura, suas funções, o seu processo histórico e as tendências de sua evolução. 2.1.1 - Conceito de Sociedade Política O ser humano não pode viver fora da sociedade. A vida em sociedade é da natureza humana. O homem é um animal social. Mas o que é sociedade? É o agrupamento humano que almeja o mesmo fim, através de reivindicações organizadas que influenciam uma ou mais pessoas. Para ser sociedade não basta a reunião de um grupo de pessoas, mas para que este agrupamento humano possa ser reconhecido como sociedade são indispensáveis os seguintes elementos: a) Uma finalidade Os agrupamentos humanos caracterizam-se como sociedades quando têm um fim próprio a alcançar, fim este que, na sociedade humana, é o bem comum. b) Manifestações de conjunto ordenadas Para a consecução da finalidade, o conjunto de indivíduos promove manifestações ordenadas, ou seja, práticas oriundas da sociedade de forma organizada. c) O poder social O Poder social, como já diz o nome, está em meio à sociedade. É a capacidade de um coletivo realizar influência social, ou seja, influenciar uma ou mais pessoas, de forma comunicativa, harmônica, ou até repressiva. 2.1.2 - Diversas são as sociedades em que o homem se insere. Podemos, quanto aos fins, distinguir duas espécies de sociedades: a) Particulares Nas sociedades de fins particulares, os seus membros visam, direta e mediatamente, aos objetivos inspiradores de sua criação, por um ato consciente e voluntário. Cita- se por exemplo: Sociedade de Advogados, Sociedade de Economia Mista e Sociedade Comercial (exemplo: Empresa). OOSSTTEENNSSII VVOO --22--11-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 b) Gerais Nas sociedades de fins gerais, o objetivo de seus membros é a criação de condições necessárias para que os indivíduos e as demais sociedades possam atingir seus fins particulares. As sociedades de fins gerais são denominadas sociedades políticas. Entre as sociedades políticas, a família, fenômeno universal, é a que atinge um círculo mais restrito de pessoas. A sociedade política de maior importância, por sua amplitude e por sua capacidade de influir e condicionar, é o Estado. Portanto, o Estado é uma sociedade política. 2.1.3 - Conceito de Nação Nação é o conjunto de pessoas ligadas entre si por vínculos permanentes de sangue, idioma, religião, cultura e ideais. Cuida-se de conceito histórico, cultural. Envolve elementos de ordem objetiva: língua, raça (ou etnia), território, religião; e de ordem subjetiva: tradições, cultura etc. Exemplo: a Palestina é uma Nação, mas, até hoje, não atingiu o “status” de Estado. Diz-se que Nação é uma realidade sociológica, anterior ao Estado. 2.1.4 - Conceito de Estado Grupo de indivíduos fixados num mesmo território e submetidos a uma mesma autoridade, a que se atribui personalidade jurídica, onde normalmente a lei máxima é uma Constituição escrita. Ou seja, Estado é a corporação de um povo, assentada num determinado território e dotada de um poder originário de mando. Importa ressaltar que Nação e Estado são realidades distintas. Nação é uma realidade sociológica e Estado uma realidade jurídica, onde normalmente a lei máxima é uma Constituição escrita. 2.1.5 - Elementos Essenciais do Estado a) População A população, elemento material do Estado, é o conjunto heterogêneo de habitantes de um país ou de uma região. É um conceito aritmético, quantitativo, demográfico, envolvendo, portanto, a massa total de indivíduos, inclusive os estrangeiros residentes. Não há limite mínimo e máximo para a população de um Estado. Entretanto, é óbvio que alguns indivíduos ou algumas famílias não podem formar um Estado, por lhes faltar o poder necessário. Atualmente, há Estados com pequena população, como o de Mônaco, e outros com grande população, como a China. Povo não é sinônimo de População, pois povo são os nacionais, existindo um vínculo do indivíduo ao Estado por meio da nacionalidade ou da cidadania. Um OOSSTTEENNSSII VVOO --22--22-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 brasileiro vivendo no exterior não faz parte da população do Brasil, mas faz parte do povo brasileiro, pois é um cidadão ou pessoa de nacionalidade brasileira. População se refere a um grupo de pessoas que residem em determinado território, sejam ou não nacionais de determinado país, submetidos ao ordenamento jurídico e político daquele Estado. Povo refere-se a uma comunidade de mesma base sócio-cultural, que não depende de base territorial para ser reconhecido. População é conceito numérico, demográfico ou econômico, enquanto povo é conceito jurídico e político. b) Território O território é outro elemento material do Estado. Sem território, não há Estado, embora possa haver Nação. É o caso dos palestinos, que constituem uma Nação, embora sem território ainda bem definido. Território é um conceito geográfico e país um conceito jurídico. De fato, o território de um Estado não é só o solo contínuo e delimitado, mas, também, as regiões separadas do solo principal; as ilhas, os rios, os lagos e mares interiores; os golfos, baías e portos; a parte que cabe a cada Estado nos rios e lagos divisórios; o mar territorial; o subsolo; o espaço aéreo e, por força de convenções, os navios de guerra, em qualquer lugar em que se encontrem; os navios mercantes, quando em alto-mar; as embaixadase representações diplomáticas de um Estado em outro, quando presente o representante diplomático. Um país, de uma forma geral, é um território social, político, cultural e geograficamente delimitado, portanto pode-se afirmar que é um espaço demarcado por fronteiras geográficas e dotado de soberania própria. c) Governo Há, ainda, mais um elemento essencial do Estado que é o governo, cuja definição: é o conjunto de funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. O conceito de governo está relacionado com o de soberania. De fato, o governo do Estado é uma delegação da soberania nacional. Portanto, sem a presença de um dos elementos essenciais não há que se falar em Estado. Por fim, ao Estado se reconhece personalidade jurídica, para que ele possa atuar no meio social, mantendo relações jurídicas com as demais pessoas físicas ou jurídicas. A personalidade jurídica do Estado, na realidade, assegura a manutenção de limites à sua atuação, quando arbitrária, por meio de mecanismos jurídicos, reconhecendo direitos e obrigações e estabelecendo limites jurídicos claros e precisos na sua atuação com o particular. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--22-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 2.1.6 - Conceito de Soberania A soberania do Estado consiste na característica de não se sujeitar a nenhum outro ordenamento jurídico que não seja o seu próprio, isto é, nenhum outro Estado pode interferir em sua ordem jurídica. Dizer que um Estado é soberano significa que este pode editar seu próprio direito, no mais alto grau, ou seja, editar sua Constituição. Portanto, uma ordem judicial prolatada em país estrangeiro não vincula qualquer outro Estado a seu cumprimento, exceto ser foi ratificada pelo Estado soberano. Exemplo: Porto Rico não é Estado independente ou soberano, pois está em território Norte Americano, dependendo dos Estados Unidos para fazer sua defesa, sendo classificado como Estado associado. 2.1.7 - Formas de Estado Pode-se atribuir ao Estado duas formas: os Estados simples (unitários) e os Estados compostos. a) Estados Simples (unitários) Os Estados simples ou unitários são aqueles em que somente existe um Poder Legislativo, um Poder Executivo e um Poder Judiciário. Nos Estados unitários, só há um governo estatal, sem outras divisões internas que não sejam as de ordem meramente administrativa. Enfim, todas as autoridades existentes no território do Estado unitário são delegações do Poder Central. São exemplos de Estados unitários: Portugal, França, Uruguai. O Estado Unitário é politicamente centralizado, existe apenas uma Constituição. b) Estados Compostos Os Estados compostos, por sua vez, são aqueles resultantes da junção de dois ou mais Estados, sob regime jurídico especial, sendo só a União reconhecida como sujeito de direito internacional. Atualmente os Estados Compostos podem ser classificados em: 2.18 - Confederação Na Confederação ocorre a reunião de Estados independentes, visando à defesa comum. Modernamente, já não há confederações, mas sim federações. 2.1.9 - Federação A Federação é um Estado formado pela união de vários Estados. É um “Estado de Estados”. As Federações se caracterizam pela existência da União soberana e dos Estados autônomos. A forma federativa de Estado se caracteriza, essencialmente, pela descentralização política. Assim, cada Estado da União pode elaborar sua Constituição OOSSTTEENNSSII VVOO --22--33-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 sem ferir a Constituição Federal. São exemplos de Federação: Brasil, Estados Unidos da América, México, Índia e Argentina. A própria Constituição já define o que é assunto de competência para ser tratado por cada Estado e o Poder Federal. 2.1.10 - Formas de Governo No Estado moderno, a Monarquia e a República se consagram como as únicas formas possíveis de governo. 2.1.11 - Monarquia As principais características da Monarquia são: vitaliciedade e hereditariedade. O monarca não governa por um tempo certo e limitado. Permanece no governo enquanto viver e/ou enquanto puder continuar governando. A escolha do monarca se faz pela linha de sucessão, sem a participação do povo. Exemplos de Monarquias: Inglaterra, Espanha e Japão. Essas monarquias têm poder limitado e, modernamente, seu sistema de governo é o Parlamentar. 2.1.12 - República Na República, o povo participa do governo. Daí dizer-se que a República é a expressão democrática de governo. Principais características da República: temporariedade e eletividade. O Chefe do Governo republicano exerce o poder, mediante mandato, por um prazo pré-determinado; é eleito pelo povo, inadmitindo-se a sucessão hereditária; deve prestar contas de suas opções políticas. Exemplos de Repúblicas: Brasil, Argentina, Itália e Chile. 2.1.13 - Sistema de Governo Modernamente, os Estados adotam, em sua maioria, o sistema representativo, cujas modalidades são as seguintes: Presidencialismo e Parlamentarismo. a) Governo Presidencialista Governo Presidencial ou Presidencialismo, inegavelmente, foi criação norte- americana do século XVIII, como resultado das idéias democráticas que inspiraram a Declaração de Independência das colônias inglesas, de 4 de julho de 1776. Atualmente, além dos Estados Unidos e de outros países, todos os Estados latino-americanos, inclusive o Brasil, adotam o Presidencialismo. b) Governo Parlamentarista O Governo Parlamentar ou Parlamentarismo foi produto de longa evolução histórica. Inegavelmente, tal Governo surgiu na Inglaterra, no século XIII. Além OOSSTTEENNSSII VVOO --22--44-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 da Inglaterra, outros Estados, adotam o Parlamentarismo como a França e a Espanha. c) Principais diferenças entre Presidencialismo e Parlamentarismo: PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO 1. No sistema Presidencialista, não há distinção entre chefe de Estado e de Governo, pois o Presidente participa das decisões políticas e representa o Estado, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. 1. No sistema Parlamentarista há distinção de chefe de Estado e chefe de Governo. O Primeiro- Ministro é o Chefe do Governo, participando das decisões políticas. O Chefe do Estado é o Presidente da República ou Monarca, que apenas representa o Estado. 2. A Chefia do Executivo é unipessoal, exercida pelo Presidente da República e auxiliado por Ministros de Estado. 2. A Chefia do Executivo é colegiada, exercida pelo Primeiro- Ministro e demais Ministros (Gabinete). 3. O Presidente da República não pode dissolver o Congresso. Em casos excepcionais, previstos na Constituição, o Presidente poderá ser afastado pelo Congresso. ( impeachment.) 3. O monarca pode dissolver o Parlamento por solicitação do Primeiro-Ministro. 4. O Presidente da República é eleito pelo povo. 4. O Primeiro-Ministro, em geral, é indicado pelo Chefe de Estado e deve ter seu nome aprovado pelo Parlamento. 2.1.14 - Da Separação de Poderes A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são os entes da República Federativa do Brasil. A Constituição da República Federativa do Brasil concede autonomia aos seus entes para instituirseus governos e suas leis, sem, contudo, feri-la. A Constituição brasileira adotou o princípio da Separação de Poderes e a "teoria da tripartição", segundo a qual as funções de poder do Estado são exercidas por três órgãos distintos: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--55-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 Em seu artigo 2º, a Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que esses Poderes são independentes e devem funcionar em harmonia, pois cada um completa e, ao mesmo tempo, limita a atuação do outro. Cada um desses Poderes tem seus deveres ou competências e prerrogativas definidas na Constituição. a) Executivo Tem responsabilidade direta sobre os serviços públicos, tais como saúde, segurança, educação, abastecimento e infraestrutura (estradas, energia, saneamento). Entretanto, ele só pode executá-los conforme as leis. O Poder Executivo da União é exercido pelo Presidente da República juntamente com o Vice-Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado, os quais atuam à frente dos Ministérios e são responsáveis pela condução de políticas públicas e pelo serviço público permanente. O Poder Executivo sanciona e aplica as leis, administra, presta serviços, realiza obras e outras atividades administrativas de responsabilidade do poder público. b) Legislativo Tem a função de elaborar e/ou aprovar as leis, observando o processo legislativo. Também lhe cabe a função de fiscalizar o Executivo e representar as expectativas e desejos dos vários setores da sociedade, além de inúmeras outras atividades de natureza política. Na esfera federal o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, órgão bicameral, ou seja, formado por duas Casas ou Câmaras: a Câmara dos Deputados, composta dos Deputados Federais, e o Senado Federal, dos Senadores. O número total de Deputados Federais é de 513 representantes e seu número é proporcional à população dos estados. Os Senadores são em número de 3 para cada Unidade Federativa. Atualmente, portanto, são 81 no total. c) Judiciário É o Poder que julga. Cabe a ele resolver conflitos, seja entre os cidadãos, entre os cidadãos e o Estado ou entre os Poderes do Estado. Quando julgam, os juízes e os tribunais ditam a solução jurídica para o conflito levado à sua apreciação. O Poder Judiciário da União tem sua estrutura contemplada pelo artigo 92 da Constituição da República Federativa do Brasil e é integrado pelo Supremo Tribunal Federal (órgão máximo do Judiciário brasileiro); pelo Superior Tribunal OOSSTTEENNSSII VVOO --22--66-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 de Justiça; pelos Tribunais e Juízes da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar Federal. O Poder Judiciário estadual é exercido pelos tribunais e juízes estaduais: Tribunal de Justiça, pelos Juízes de Direito, Tribunais do Júri e Juizados Especiais (que atuam no julgamento das chamadas "pequenas causas"). Há ainda a Justiça Estadual Militar, que julga crimes praticados por policiais e bombeiros militares estaduais. 2.2 - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – ART. 5º ao 17 – CF/88 Direitos humanos fundamentais é o conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal (poder do estado) e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana. 2.2.1 - Direitos Humanos de Primeira Geração Os Direitos Humanos de Primeira Geração ou Direitos da Liberdade têm por titular o indivíduo, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é o seu traço mais característico, enfim, são direitos da resistência ou de oposição, no caso de arbítrio do Estado. Constituem-se no primeiro patamar do reconhecimento do ser humano por uma Constituição, surgindo à idéia do Estado de Direito. Em nossa Constituição os Direitos Humanos de Primeira Geração estão estabelecidos no artigo quinto. 2.2.2 - Conceito e Destinatários dos Direitos e Garantias Individuais Os Direitos Individuais são os direitos fundamentais do homem. Esses direitos fundamentais reconhecem a autonomia aos indivíduos e lhes garante a iniciativa e independência diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado. São destinatários dos Direitos e Garantias Individuais os brasileiros e os estrangeiros no Brasil. 2.2.3 - Classificação dos Direitos e Garantias Fundamentais Há autores que classificam os direitos e garantias fundamentais em três gerações, seguindo de certa forma a seqüência dada pelo lema da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade. A primeira geração refere-se à liberdade do indivíduo em relação ao Estado, com a contenção do arbítrio estatal e o respeito aos direitos civis (direitos fundamentais individuais, correspondendo, por exemplo: ao direito a igualdade perante a lei; o direito OOSSTTEENNSSII VVOO --22--77-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 a um julgamento justo; o direito de ir e vir; o direito à liberdade de opinião; entre outros) e políticos do cidadão. A segunda geração (igualdade) refere-se aos direitos sociais, econômicos e culturais, com o compromisso do Estado de promover o bem-estar social. A terceira geração (fraternidade) dirige-se à proteção de direitos coletivos e difusos, como o meio ambiente, a paz, os direitos do consumidor, a qualidade de vida. 2.2.4 - Princípios Constitucionais e os Direitos Individuais Os Direitos Individuais estão expressos na Constituição da República Federativa do Brasil, no seu artigo quinto, entre os quais se destacam: a) Princípio da Igualdade ou Isonomia O objetivo do Princípio da Igualdade é extinguir as diferenciações arbitrárias e as discriminações absurdas não sendo apenas uma utopia, mas uma realidade se vista adequadamente. Pois, todos são seres humanos perante a lei, devendo ser tratados como tal, com direitos e garantias à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades de que todos os Cidadãos têm o direito de tratamento idêntico determinado pela lei. Dessa forma, o que se veda são as diferenciações arbitrárias, as discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência do próprio conceito de Justiça. Como por exemplo, a exigência de altura mínima de 1,5 metros para inscrição em concurso de advogado da Prefeitura, seria inconstitucional, pois o fator discriminatório adotado não demonstra nexo de causalidade com a função disputada. De forma diversa seria se o mesmo fator fosse exigido em prova para a carreira militar, cuja altura e vigor físico são pressupostos ao cargo disputado. b) Princípio da Legalidade Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Princípio consagrado no Estado de Direito, vem contemplado além do artigo 5º, também no artigo 37 e artigo 84, inciso IV do texto Constitucional. A leitura do Princípiotem sentido diverso para as relações particulares, comparado com as relações com a administração pública. Para os particulares vigora o Princípio da Autonomia da Vontade, em que tudo o que não é proibido é permitido. Para o administrador, entretanto, vigora o Princípio da Legalidade Estrita, em que somente será permitido o legalmente previsto. A conduta do militar somente será punível se OOSSTTEENNSSII VVOO --22--88-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 prevista na legislação, como, por exemplo, o Código Penal Militar e o Regulamento Disciplinar para Marinha. c) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana impõe um dever de abstenção e de condutas positivas tendentes a efetivar e proteger a pessoa humana. A dignidade é uma qualidade própria da pessoa humana que não pode ser afastada de quem quer que seja. Sendo assim, ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante. O crime de tortura consiste em constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: I) Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; II) Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; e III) Em razão de discriminação racial ou religiosa. Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. d) Princípio da Inviolabilidade de Domicílio A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela poderá penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. Cabe frisar que por determinação judicial somente durante o dia, ou seja, das 06 às 18 horas. Exemplo: militar morador de PNR (Próprio Nacional Residencial) tem o seu domicílio inviolável dentro de área sob a administração militar. Caso haja a necessidade de algum serviço em seu domicílio, deverá ser autorizado pelo militar morador. e) Princípio da Privacidade e Intimidade É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Exemplo: abrir o bilhete de pagamento ou correspondência de terceiros. f) Princípio da Liberdade de Reunião e de Associação É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (associações civis, armadas e com estrutura semelhante à militar, que usam táticas e OOSSTTEENNSSII VVOO --22--99-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 técnicas policiais e/ou militares para a consecução de seus objetivos.). Exemplo atual seria a formação de grupos compostos por militares, sob a motivação de ineficiência do aparelho policial estatal, constituindo as “milícias armadas”. Qualquer participação do militar em organizações paramilitares, mesmo que tenha a melhor das intenções é proibida pela Constituição da República Federativa do Brasil. Aos militares são proibidos a sindicalização e a greve, conforme a Constituição da República Federativa do Brasil. g) Princípio da Liberdade de Informação Todos têm direito a receber dos Órgãos Públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo improrrogável de quinze dias, contado do registro do pedido no órgão expedidor da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvada aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. h) Princípio do Livre Acesso ao Poder Judiciário A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Não havendo necessidade de esgotar o assunto na via administrativa para se buscar o acesso ao Judiciário. i) Princípio da Segurança Jurídica Situações que restringe a retroatividade da lei. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. I) Direito adquirido É a vantagem jurídica, líquida, certa, lícita, concreta que a pessoa obtém na forma da lei vigente. Incorpora-se definitivamente e sem contestação ao patrimônio de seu titular, não lhe podendo ser subtraída por vontade alheia, inclusive dos entes estatais e seus agentes. Exemplo: completado o prazo para reserva, mesmo permanecendo na ativa, o militar não perde os direitos anteriormente adquiridos. II) Ato jurídico perfeito Ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, logo está imunizado contra qualquer nova exigência que a nova lei venha a dispor; e III) Coisa julgada Decisão judicial de que não caiba mais recurso. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1100-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 j) Princípio da Anterioridade e da Tipicidade O princípio foi adotado como direito fundamental do homem, nestes termos: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação (previsão) legal” , constituindo princípio da legalidade penal. k) Princípio da Irretroatividade da Lei Penal Tal princípio está expresso na Constituição Federal, nestes termos: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Segundo este princípio, por exemplo, se um crime for apenado com o máximo de cinco anos de reclusão, e determinado indivíduo praticar tal crime, a pena aplicável a ele não poderá ser superior a cinco anos, apesar de a lei posterior ao fato ter aumentado a pena daquele crime para oito anos de reclusão. Todavia, se a lei, por exemplo, diminuir a pena do crime para três anos de reclusão, apesar de tal lei ser posterior ao fato, será aplicada, já que beneficia o réu. l) Princípio da Dignidade do Preso É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral, ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada, o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. m) Princípio do Devido Processo Legal Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Os litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, assim como são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos: I) Contraditório Oportunidade de apresentar a sua defesa sobre os fatos alegados. II) Ampla defesa Possibilidade do acusado de trazer ao processo todos os elementos lícitos necessários a esclarecer a verdade dos fatos. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1111--OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 Exemplo: Se um militar da Marinha do Brasil cometer uma falta contrária à legislação militar e essa sua falta não constituir crime, estará sujeito apenas ao enquadramento previsto de forma taxativa no RDM. n) Princípio da Presunção da Inocência Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória: I) Trânsito em julgado Situação processual em que a decisão judicial não caiba mais recurso. II) Entende-se por sentença penal condenatória, transitada em julgado, aquela que contém a condenação do autor de fato definido em lei como crime, não sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Diz-se que, com o trânsito em julgado, a sentença torna-se imutável; e III) Este princípio é aplicável ao Direito Administrativo Militar, sendo que a autoridade julgadora deve atuar com imparcialidade e quando verificar que o conjunto probatório estampado nos autos for deficiente, deve entender pela absolvição do acusado. 2.2.5 - Práticas Discriminatórias, Crimes Inafiançáveis e Insuscetíveis de Graça ou Anistia e Crimes Inafiançáveis e Imprescritíveis A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, em que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia: a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. A ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, constitui crime inafiançável e imprescritível 2.2.6 - Casos de aplicação da pena de morte no Brasil A pena capital ou pena de morte somente poderá ser aplicada no Brasil, em caso de guerra declarada. A Declaração de Guerra é ato privativo do Presidente da República, nos casos de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional. 2.3 - MISSÃO CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS Para compreender a missão constitucional das Forças Armadas é necessário conceituar e OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1122-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 localizar no ordenamento jurídico e na doutrina a hierarquia e a disciplina, juntamente com a previsão constitucional do artigo 142 em que as forças armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 2.3.1 - Princípios Constitucionais Militares a) Princípio da Hierarquia e Disciplina O artigo 142 da Constituição Federal demonstra que os valores da hierarquia e disciplina são a base institucional das forças armadas. I) Hierarquia militar É a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade. II) Disciplina É a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo. A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados. b) Princípio da Desconcentração das Forças O caput do artigo 142 da CRFB/88 estabelece que as Forças Armadas são constituídas pelos seguintes Órgãos: Marinha, Exército e Aeronáutica. Os legisladores constituintes, empregando o critério de desconcentração por matéria, e, também atento à tradição militar do país, tendo em consideração as defesas marítimas, terrestres e aéreas, desconcentraram as Forças Armadas em três Órgãos, cuja missão é a defesa da Pátria (Segurança Externa), a garantia dos poderes constitucionais e da “lei e da ordem”. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1133-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 c) Princípio da Permanência e da Regularidade das Forças As Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e regulares, ou seja, a Constituição agrega a existência das Forças Armadas à própria existência do Estado Brasileiro. d) Princípio da Subordinação das Forças. As Forças Armadas submetem-se à autoridade suprema do Presidente da República. Ao cuidar das atribuições do Presidente da República, a Constituição da República Federativa do Brasil estabelece competir privativamente àquela autoridade exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos. e) Princípio da Destinação Estrita e Previsão para Lei Complementar. As Forças Armadas se submetem à autoridade suprema do Presidente da República e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes (Executivo, Legislativo e Judiciário), da lei e da ordem. O Princípio em questão funciona como garantia de que as Forças Armadas não serão empregadas para fins circunstanciais, político-partidários ou pelas paixões de um dado momento histórico-político: I) Parágrafo primeiro do artigo 142 da Constituição Federal “A lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas”. II) Parágrafo Único, Art. 1º da Lei Complementar 97/1999. “Sem comprometimento de sua destinação Constitucional, cabe também às Forças Armadas o cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas nesta Lei Complementar”. III) A Lei Complementar 136/2010 modificou a Lei Complementar 97/1999, sendo que esse novo marco legal inseriu novas atribuições às Forças Armadas e abre espaço para reestruturação da Defesa e a execução de novas tarefas e obrigações, especialmente na coordenação das Forças Armadas e na integração da área de defesa com o projeto de desenvolvimento nacional. 2.3.2 - Principais Modificações Introduzidas Pela Lei Complementar 136/2010 a) Do assessoramento do Ministro de Estado da Defesa Por meio da Lei Complementar 136/2010 foi ampliado o Conselho Militar de OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1144-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 Defesa, passando a também integrá-lo o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. b) Do Estado-Maior conjunto das Forças Armadas (EMCFA) O EMCFA é o Órgão de assessoramento permanente do Ministro de Estado da Defesa, sendo composto por comitê integrado pelos chefes de Estados-Maioresdas três Forças, sob a coordenação do Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, que será um oficial-general do último posto, da ativa ou da reserva, indicado pelo Ministro de Estado da Defesa e nomeado pelo Presidente da República. O Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, se da ativa será transferido para a reserva remunerada quando empossado no cargo, tendo o mesmo grau de precedência hierárquica dos Comandantes e precedência sobre os demais oficiais-generais das Forças. A alteração da doutrina e criação do EMCFA permitirão uma atuação integrada das Forças Armadas, pois passarão a atuar sob um comando conjunto. c) Do Livro Branco de Defesa Nacional Ao Ministro de Estado da Defesa compete a implantação do Livro Branco de Defesa Nacional, documento de caráter público, por meio do qual se permitirá acesso ao amplo contexto da Estratégia de Defesa Nacional. No Livro Branco de Defesa Nacional deverá conter dados estratégicos, orçamentários, institucionais e materiais detalhados sobre as Forças Armadas, abordando os seguintes tópicos: I) Cenário estratégico para o século XXI; II) Política nacional de defesa III) Estratégia nacional de defesa; IV) Modernização das Forças Armadas; V) Racionalização e adaptação das estruturas de defesa; VI) Suporte econômico da defesa nacional; VII) As Forças Armadas: Marinha, Exército e Aeronáutica; e VIII) Operações de paz e ajuda humanitária. c) A apreciação do Congresso Nacional O Poder Executivo encaminhará à apreciação do Congresso Nacional, na primeira metade da sessão legislativa ordinária, de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos, a partir do ano de 2012, com as devidas atualizações: I) A Estratégia Nacional de Defesa; e OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1155-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 II) O Livro Branco de Defesa Nacional. d) Nova atribuição subsidiária Por força de preceito constitucional é considerada atividade militar para fins de competência para processar e julgar os crimes militares pela Justiça Militar, os casos definidos como sendo a NOVA ATRIBUIÇÃO SUBSIDIÁRIA à Marinha do Brasil. Exemplos: Exercícios operacionais em áreas públicas, ações na GLO, ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores. e) Nova atribuição subsidiária à MB Inicialmente, ressalta-se que Polícia Judiciária é instituição de direito público com função auxiliar à justiça. Sua finalidade é a apuração da ocorrência de infrações penais e suas respectivas autorias, visando a fornecer elementos para a propositura da ação penal por seu titular. Na esfera federal as funções de polícia judiciária são exercidas, com exclusividade, pela Polícia Federal. O artigo 16-A da Lei Complementar 136/2010, prevê que cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: I) Patrulhamento; II) Revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e III) Prisões em flagrante delito. Com estas novas atribuições conferidas às Forças Armadas, a MB terá o poder- dever de atuar, de maneira subsidiária, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, contra delitos ambientais e transfronteiriços (ilícitos que ultrapassam as fronteiras nacionais, tanto na entrada como na saída, tais como armas, munições, explosivos, tráfico ilícito de entorpecentes e/ou de substâncias que determinem dependência física ou OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1166-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 psíquica, ou matéria-prima destinada à sua preparação; contrabando e o descaminho), isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras: ações de patrulhamento, revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves e ainda, executar prisões em flagrante delito. Os atos praticados por militares no cumprimento de missões em operações subsidiárias serão julgados pela Justiça Militar. 2.4 - DIRETRIZES DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS ( ONU) E DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) O Brasil está plenamente inserido nos sistemas internacionais – tanto o global, da ONU (Organização das Nações Unidas), como o regional, da OEA (Organização dos Estados Americanos) - de promoção e proteção dos direitos humanos. Os principais tratados internacionais foram ratificados a partir da redemocratização do País, na década de 90, e a política externa brasileira de direitos humanos conquistou credibilidade por parte da comunidade internacional. Tanto é assim que o Brasil foi um dos países com maior número de votos na eleição dos membros do recém-criado Conselho de Direitos Humanos. A política nacional pauta-se pela cooperação e transparência com os órgãos de monitoramento dos direitos humanos nos diversos fóruns, seja os mecanismos convencionais e extra-convencionais das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional, seja a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil é, hoje, um ator de grande importância no cenário internacional dos direitos humanos. 2.4.1 – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) Fundada em 24 de outubro de 1945, na cidade de São Francisco (Califórnia – Estados Unidos), a ONU (Organização das Nações Unidas) é uma organização constituída por governos da maioria dos países do mundo. É a maior organização internacional, cujo objetivo principal é criar e colocar em prática mecanismos que possibilitem a segurança internacional, desenvolvimento econômico, definição de leis internacionais, respeito aos direitos humanos e o progresso social. Contava com a participação de 51 nações, e, ainda no clima do pós-guerra, a ONU procurou desenvolver mecanismos multilaterais para evitar um novo conflito armado mundial. Atualmente, conta com 192 países membros, sendo que cinco deles (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França) fazem parte do Conselho de Segurança. Este pequeno grupo tem o poder de veto sobre qualquer resolução da ONU. A sede principal da ONU fica na cidade de Nova Iorque e seus representantes definem, através de reuniões constantes, leis e projetos sobre temas OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1177-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 políticos, administrativos e diplomáticos internacionais. A ONU está dividida em vários organismos administrativos, por exemplo: Corte Internacional de Justiça, Conselho Econômico e Social, Assembléia Geral entre outros. A Carta das Nações Unidas define como objetivos principais da ONU: a) Defesa dos direitos fundamentais do ser humano; b) Garantir a paz mundial, colocando-se contra qualquer tipo de conflito armado; c) Busca de mecanismos que promovam o progresso social dasnações; e d) Criação de condições que mantenham a justiça e o direito internacional. 2.4.2 – ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) . A Organização dos Estados Americanos é o mais antigo organismo regional do mundo. A sua origem remonta à Primeira Conferência Internacional Americana, realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Esta reunião resultou na criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, e começou a se tecer uma rede de disposições e instituições, dando início ao que ficará conhecido como “Sistema Interamericano”, o mais antigo sistema institucional internacional. A Organização foi criada para alcançar nos Estados membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência”. Hoje, a OEA congrega os 35 Estados independentes das Américas e constitui o principal fórum governamental político, jurídico e social do Hemisfério.. Para atingir seus objetivos mais importantes, a OEA baseia-se em seus principais pilares que são a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento. Embora alguns estudiosos remontem os antecedentes do Sistema Interamericano ao Congresso do Panamá, convocado por Simón a Bolívar em 1826, o fato é que somente em 1889 os Estados americanos decidiram se reunir periodicamente e criar um sistema compartilhado de normas e instituições. Nesse ínterim, realizaram-se conferências e reuniões para gerar o sistema, mas foi somente a convite do Governo dos Estados Unidos que teve início o processo que se desenrola ininterruptamente até hoje. a) Primeira Conferência Internacional Americana foi realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890, "com o objetivo de discutir e recomendar para adoção dos respectivos governos um plano de arbitragem para a solução de controvérsias e disputas que possam surgir entre eles, para considerar questões relativas ao melhoramento do intercâmbio comercial e dos meios de comunicação direta entre esses países, e incentivar relações comerciais recíprocas que sejam OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1188-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 benéficas para todos e assegurem mercados mais amplos para os produtos de cada um desses países". Dezoito Estados americanos participaram da conferência, na qual decidiu-se constituir a "União Internacional das Repúblicas Americanas para a pronta coleta e distribuição de informações comerciais," com sede em Washington, que depois tornou-se a "União Pan-Americana" e, finalmente, com a expansão das suas funções, a Secretaria Geral da OEA. Com respeito a questões jurídicas, a conferência recomendou a adoção de disposições para governar a extradição; declarou que a conquista não cria direitos; e produziu orientações para a redação de um tratado sobre arbitragem que evitasse o recurso à guerra como meio de resolver controvérsias entre as nações americanas. b) Quinta Conferência Internacional Americana (Santiago, Chile) adotou o Tratado para Evitar ou Prevenir Conflitos entre Estados Americanos (Tratado de Gondra). c) Sexta Conferência Internacional Americana – Ocorreu em Havana (Cuba), e seu Anexo: o Código Bustamante de Direito Internacional Privado. Embora essa convenção tenha recebido poucas ratificações e, principalmente, não tenha sido adotada pelos países meridionais da América do Sul, que preferiram as disposições dos Tratados de Direito Internacional Privado de Montevidéu de 1889 e 1939, foi um passo importante para a codificação e progressivo desenvolvimento do direito internacional privado. Além da União Pan-Americana, estabeleceu-se gradualmente um conjunto de instituições para facilitar a cooperação em áreas específicas. Ao longo dos anos, e com vários nomes, as seguintes instituições foram formadas e iniciaram tarefas importantes: a Organização Pan-Americana da Saúde (1902), que depois se tornou o escritório regional da futura Organização Mundial da Saúde; a Comissão Jurídica Interamericana (1906); o Instituto Interamericano da Criança (1927); a Comissão Interamericana de Mulheres (1928); o Instituto Pan-Americano de Geografia e História (1928); o Instituto Indigenista Interamericano (1940); o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (1942); e a Junta Interamericana de Defesa (1942), que foram seguidas, após o estabelecimento da OEA, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Corte Interamericana de Direitos Humanos, Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas, Comissão Interamericana de Telecomunicações, Comissão Interamericana de Portos, Centro de Estudos da Justiça das Américas, e outras. Uma Corte Interamericana de Justiça foi proposta em 1923, mas nunca se materializou, embora houvesse um precedente na forma da Corte Centro-Americana de Justiça, que funcionou de 1907 a 1918. Assim, OOSSTTEENNSSII VVOO --22--1199-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 estabeleceu-se uma rede de instituições regionais para fortalecer a cooperação entre Estados americanos sobre uma ampla gama de temas da agenda regional. d) Sétima Conferência Internacional Americana (Montevidéu, Uruguai) adotou a Convenção sobre os Direitos e Deveres dos Estados, que reafirmou o princípio de que "os Estados são juridicamente iguais, desfrutam iguais direitos e possuem capacidade igual para exercê-los", reiterou o princípio de que nenhum Estado tem o direito de intervir (proibição de intervenção) em assuntos internos ou externos de outro e sublinhou a obrigação de todos os Estados no sentido de que "as divergências de qualquer espécie que entre eles se levantem deverão resolver-se pelos meios pacíficos reconhecidos". e) Nona Conferência Internacional Americana, que se reuniu em Bogotá (Colômbia), em 1948, com a participação de 21 Estados, adotou a Carta da Organização dos Estados Americanos, o Tratado Americano sobre Soluções Pacíficas ("Pacto de Bogotá") e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Essa mesma conferência adotou o Acordo Econômico de Bogotá, que buscava promover a cooperação econômica entre os Estados americanos; contudo, este nunca entrou em vigor. Como a própria Carta da OEA, o "Pacto de Bogotá" obriga as Altas Partes Contratantes a resolver as controvérsias entre Estados americanos por meios pacíficos e indica os procedimentos a serem adotados: mediação, investigação e conciliação, bons ofícios, arbitragem e, finalmente, recurso à Corte Internacional de Justiça de Haia, o que significou que algumas controvérsias foram realmente submetidas a essa Corte. A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, adotada meses antes da Declaração Universal, sublinhava o compromisso da região com a proteção internacional dos direitos humanos e preparou o caminho para a Convenção Americana de Direitos Humanos ("Pacto de San José", Costa Rica), que foi adotada em 1969 e entrou em vigor em 1978. A OEA também atua como secretaria de várias reuniões ministeriais, em particular reuniões de Ministros da Justiça, Ministros do Trabalho, Ministros da Ciência e Tecnologia e Ministros da Educação das Américas. 2.4.2 - Atos Internacionais sobre direitos humanos. São exemplos de atos internacionais sobre Direitos Humanos: a) Declaração Universal dos Direitos do Homem; b) Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pactode São Jose); OOSSTTEENNSSII VVOO --22--2200-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 c) Convenção sobre a Proteção dos Direitos do Homem e Liberdades Fundamentais; d) Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados; e) Protocolo sobre Estatuto dos Refugiados; f) Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação Racial; g) Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; h) Convenção Interamericana para prevenir e punir a tortura; i) Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas; j) Convenção Internacional para a Proteção de todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado; k) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; l) Declaração dos Direitos da Criança; e m) Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres. 2.5 - CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (CID H) Dentre as atribuições exercidas pela Corte Interamericana, está a supervisão da execução de suas próprias sentenças. A Corte tem por prática acompanhar as medidas adotadas ou não pelos Estados, encerrando o processo somente em caso de execução total da decisão. Assim, uma sentença não será declarada executada enquanto não for realizada todas as medidas definidas em seu corpo. As medidas a serem tomadas pela Corte Interamericana variam conforme o caso. Nesse sentido, conforme Andrade (2006, p.155) a Corte vela pela implementação de seus julgamentos através do exame de informações submetidas pelo Estado condenado e pela vítima ou seus representantes sobre as ações estatais adotadas. Com base nesses dados, a Corte emite resoluções que indicam quais as obrigações que já foram cumpridas integral e corretamente e quais são aquelas faltantes. Não são raros os casos em que as medidas tomadas pelo Estado são insuficientes ou ineficazes para satisfazer a obrigação prescrita. A Corte é persistente nessa escrupulosa tarefa de exame, motivo pelo qual para cada sentença são emitidas normalmente várias resoluções até que o cumprimento pleno seja constatado. Algumas das obrigações ditadas na decisão requerem OOSSTTEENNSSII VVOO --22--2211-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 ações trabalhosas e demoradas, fazendo com que o número de execuções sob verificação da Corte aumente a cada ano. Segundo seu último Informe Anual (2005), 59 era o número de sentenças supervisionadas. Na hipótese de inexecução dos julgados, a Convenção prevê o envolvimento de um órgão político, a Assembléia Geral da OEA. Segundo o artigo 65 do Pacto de São José, a Corte deve submeter anualmente um relatório de suas atividades à Assembléia, e “de maneira especial, e com as recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha dado cumprimento a suas sentenças”. É o que prevê igualmente o artigo 30 do Estatuto da Corte. No entanto, tal dispositivo é de difícil utilização prática. Em verdade o objetivo de se levar o caso à Assembléia Geral da OEA é exercer uma determinada pressão política no Estado condenado, pois os esforços de supervisão da Corte se mostraram insuficientes (ANDRADE, 2006, p. 156). A Corte Interamericana condenou o Brasil por não esclarecer os fatos, não prestar a reparação dos parentes de vítimas nem punir os responsáveis pela repressão. A sentença se resume a 11 pontos. Foi cumprida a publicação da sentença em veículo de grande circulação no caso, o diário O Globo. A Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas, formulada em 1994 e apresentada ao Legislativo em 2008, concluiu a tramitação em abril do ano de 2012, embora ainda reste a elaboração de uma legislação nacional sobre o assunto. Há ainda duas leis indiretas recentemente sancionadas pela presidenta Dilma Rousseff: a) A Comissão Nacional da Verdade; e b) A Lei de Acesso a Informações Públicas. 2.5.1 - Exigências da Corte Interamericana: a) Conduzir a investigação e determinar as responsabilidades penais; b) Realizar todos os esforços para determinar o paradeiro dos desaparecidos; c) Oferecer tratamento médico e psicológico às vítimas que o requeiram; d) Realizar a publicação da sentença em veículo de grande circulação e em página oficial do Estado na internet; e) Realizar ato público de reconhecimento da responsabilidade internacional do país; f) Implementar programa obrigatório de treinamento em direitos humanos nas Forças Armadas; g) Tipificar o desaparecimento forçado de pessoas em conformidade com parâmetros da OEA; h) Continuar iniciativas de busca, sistematização e publicação de informações sobre a Guerrilha do Araguaia, especificamente, e da ditadura com um todo. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--2222-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 i) Pagar indenização material nos termos definidos pela Corte; j) Convocar os parentes para que, dentro de seis meses, apresentem prova suficiente que lhes permita a identificação como tais; e k) Que as famílias de Francisco Manoel Chaves, Pedro Matias de Oliveira, Hélio Luiz Navarro de Magalhães e Pedro Alexandrino de Oliveira Filho possam apresentar pedido de indenização. 2.5.2 Sentença Aplicada Pela Corte Interamericana A Secretaria de Direitos Humanos manifestou, em nota, que considera que o Brasil tem avançado no tema. “É preciso ter claro que o caso Gomes Lund envolve todo o Estado brasileiro, incluindo os poderes Legislativo, Judiciário e Legislativo, além de instâncias da sociedade civil e de familiares e vítimas da ditadura.”. Flávia Piovesan, professora de Direitos Humanos e Direito Constitucional da Pontífice Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), lembra que as convenções internacionais são firmadas de livre vontade pelas nações e que o Supremo tem o dever de zelar pela implementação dos tratados e da jurisprudência internacional. “Quando o Estado brasileiro ratifica um tratado de direitos humanos, não é só o Executivo que deve cumpri-lo de boa fé, mas o Judiciário, o Legislativo, o Estado como um todo” pontua. O Brasil ratificou em 1992 a Convenção Americana de Direitos Humanos, o que significa que o país se submete às decisões proferidas pelo sistema interamericano, encabeçado pela Corte. “A sentença da Corte será definitiva e inapelável”, reza a carta regional, que prevê ainda que o órgão poderá esclarecer sua interpretação sobre uma sentença desde que isso seja solicitado por uma das partes em até 90 dias após a notificação, o que não ocorreu. OOSSTTEENNSSII VVOO --22--2233-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 CAPÍTULO 3 DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO As constantes transformações do mundo conduzem análises das fronteiras internacionais sob novas e diferentes óticas de integração política, social, cultural, econômica e de defesa, acarretando alterações no padrão de relacionamento dos povos. Inserido nesse contexto, o Direito Internacional é cada vez mais utilizado como forma de regulamentação de comportamento, seja em tempo de paz ou de guerra. Com a adoção desseconceito, os Estados procuram celebrar acordos internacionais, visando a minimizar os efeitos decorrentes dos conflitos armados, de forma a regulamentar e aprimorar a lei dos usos e costumes da guerra. Esse conjunto de regras e normas permitiu o surgimento de um ramo específico do Direito Internacional Público, o Direito Internacional Humanitário (DIH), também chamado de Direito da Guerra ou de Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA). “O Direito Internacional Humanitário é o conjunto de normas internacionais, de origem convencional ou consuetudinária, especificamente destinado a ser aplicado nos conflitos armados, internacionais ou não-internacionais, e que limita, por razões humanitárias, o direito das Partes em conflito de escolher livremente os métodos e os meios utilizados na guerra, ou que protege as pessoas e os bens afetados, ou que possam ser afetados pelo conflito.” (Christophe Swinarski, 1996) 1 3.1 – DIREITO DE GENEBRA Objetiva salvaguardar e proteger as vítimas de conflitos armados: a) membros das Forças Armadas fora de combate; b) feridos; c) doentes; d) náufragos; e) prisioneiros de guerra (PG); f) população civil; e g) todas as pessoas que não participem ou tenham deixado de participar das hostilidades. OOSSTTEENNSSII VVOO --33--11-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 3.1.1 - Constitui-se pelas quatro Convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949, que estabelecem normas de proteção das vítimas de conflitos armados. a) A Primeira Convenção de Genebra trata da melhoria das condições dos feridos e dos enfermos das forças armadas em campanha; b) A Segunda Convenção de Genebra trata da melhoria das condições dos feridos, enfermos e náufragos das forças armadas no mar; c) A Terceira Convenção de Genebra é relativa ao tratamento dos prisioneiros de guerra; e d) A Quarta Convenção de Genebra é relativa à proteção dos civis em tempo de guerra. 3.1.2 - Além das quatro convenções acima mencionadas, complementam o direito de Genebra os protocolos adicionais, sendo os mais importantes: a) Protocolo adicional às convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949, relativo à proteção das vitimas dos conflitos armados internacionais (Protocolo I); e b) Protocolo adicional às convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949, relativo à proteção das vitimas dos conflitos armados não-internacionais (Protocolo II). MD34-M-03 16/48 3.2 – O DIREITO DE HAIA Estabelece os direitos e deveres dos beligerantes durante a condução de operações militares, impondo limitações aos meios utilizados para provocar danos aos inimigos. Consubstancia-se nas Convenções de Haia de 1899, revistas em 1907, e em vários acordos internacionais que proíbem ou regulam a utilização de armas. 3.3 – DIREITO MISTO Entende-se por Direito Misto ou “Direito de Nova York” o conjunto de normas originadas no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1968, por ocasião do Ano Internacional dos Direitos do Homem, a ONU convocou a Conferência Internacional dos Direitos do Homem, que marcaria o vigésimo aniversário da Declaração dos Direitos do Homem de 1948. No final da reunião, realizada no Irã, adotou-se a resolução XXIII que, entre outras solicitações, pedia que todos os signatários auxiliassem para que, em todos os conflitos armados, tanto a população civil como os soldados fossem protegidos pelos princípios do DICA. As inovações tecnológicas e a complexidade dos conflitos armados contemporâneos, associadas às exigências da comunidade internacional de limitar o desenvolvimento OOSSTTEENNSSII VVOO --33--22-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 dos meios de destruição, têm contribuído para aproximar as duas vertentes do DICA – o Direito de Haia e o Direito de Genebra. O primeiro, no que se refere à proibição e limitação do uso de determinados métodos e meios de combate nas hostilidades e o segundo, como sistema para salvaguardar e proteger as vítimas de situações de conflitos armados. A vinculação do DICA às novas propostas de instrumentos, que têm caráter de complementaridade na limitação dos meios e proteção da pessoa humana, e a contribuição da ONU aos últimos instrumentos de limitação de uso das armas, justificam uma nova corrente denominada Direito de Nova York ou Direito Misto, por contemplar aspectos das vertentes clássicas de Haia e de Genebra. Para exemplificar, pode-se comparar os instrumentos relativos aos gases asfixiantes, como o Protocolo de Genebra de 1925, sobre a proibição do uso na guerra de gases asfixiantes, tóxicos ou similares e de meios bacteriológicos, e a Convenção de 1972 sobre a proibição do desenvolvimento, produção e estocagem de armas bacteriológicas (biológicas) e tóxicas e sobre a sua destruição. No primeiro instrumento, contempla-se o uso, mas não se proíbe o manejo, enquanto o segundo proíbe formalmente a existência. No que se refere às armas, verifica-se a tendência em limitar, controlar e determinar a produção, a estocagem, o deslocamento e destruição das armas. O Direito de Nova York caracteriza-se por instrumentos que abarcam aspectos de Haia e Genebra em forma de complementaridade e especificação desses aspectos, constituindo-se em um sistema com legislação completa aplicável às situações de conflito armado. 3.4 – DIREITO DA GUERRA, DIREITO INTERNACIONAL HUMA NITÁRIO, DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS E DIREI TOS HUMANOS: SEMELHANÇAS E DISTINÇÕES Direito Internacional Humanitário ou Direito Internacional dos Conflitos Armados são sinônimos, cuja finalidade consiste em limitar e aliviar, tanto quanto possível, as calamidades da guerra, mediante a conciliação das necessidades militares, impostas pela situação tática e o cumprimento da missão, com as exigências impostas por princípios de caráter humanitário. 3.4.1 - Para cumprir essa finalidade, será fundamental observar a filosofia dos princípios básicos, que norteiam a aplicação desse ramo do Direito. São princípios básicos do DICA: OOSSTTEENNSSII VVOO --33--33-- OORRII GGII NNAALL OSTENSIVO CIAA-112/022 a) Distinção Distinguir os combatentes e não combatentes. Os não combatentes são protegidos contra os ataques. Também, distinguir bens de caráter civil e objetivos militares. Os bens de caráter civil não devem ser objetos de ataques ou represálias. b) Limitação O direito das Partes beligerantes na escolha dos meios para causar danos ao inimigo não é ilimitado, sendo imperiosa a exclusão de meios e métodos que levem ao sofrimento desnecessário e a danos supérfluos. c) Proporcionalidade A utilização dos meios e métodos de guerra deve ser proporcional à vantagem militar concreta e direta. Nenhum alvo, mesmo que militar, deve ser atacado se os prejuízos e sofrimento forem maiores que os ganhos militares que se espera da ação. d) Necessidade Militar Em todo conflito armado, o uso da força deve corresponder à vantagem militar que se pretende obter. As necessidades militares não justificam condutas desumanas, tampouco atividades que sejam proibidas pelo DICA. e) Humanidade O princípio da humanidade proíbe que se provoque sofrimento às pessoas e destruição de propriedades, se tais atos não forem necessários
Compartilhar