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5 Processo_Administrativo_de_Trânsito

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PROCESSO 
ADMINISTRATIVO 
DE TRÂNSITO 
 
 
 
 
Circulação Interna 
 
 
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PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA IMPOSIÇÃO DE MULTAS 
DE TRÂNSITO: BREVES NOTAS À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA DO 
STJ 
I. Introdução. 
 
Desde a Roma Antiga[1] até os dias de hoje, o trânsito constitui um fenômeno 
jurídico de imensa relevância para o Direito, por se tratar de fenômeno jurídico 
indissociável da vida em sociedade. Por esta razão, são freqüentes as tensões entre 
particulares ou entre estes e o Poder Público, sendo que estes interesses comumente 
resultam em questionamentos judiciais. 
 
Um dos focos de polêmica se concentra na disciplina do processo administrativo 
para imposição de penalidades decorrentes das infrações de trânsito, em especial na 
Seção do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997) que dispõe a respeito “Do 
Julgamento e das Autuações das Penalidades” – dispositivos que sofreram mínimas 
alterações desde sua edição e que ainda hoje despertam controvérsias no âmbito dos 
órgãos de trânsito e dos tribunais. 
 
No entanto, todos estes temas envolvem relevante interesse público, na medida 
em que contrapõem a responsabilidade do Estado em tornar o trânsito mais fluido e 
seguro, com a garantia dos cidadãos ao devido processo legal e à incolumidade de seus 
direitos fundamentais, a exemplo da propriedade e do direito de locomover-se nas vias 
públicas. 
 
Nesse cenário, considerando a competência da União para legislar sobre trânsito 
em transporte (Constituição Federal, art. 22, XI), o Superior Tribunal de Justiça tem 
desempenhado importante papel ao pacificar questões polêmicas envolvendo o Direito 
de Trânsito, a exemplo da edição da Súmula nº 312 e, recentemente, do julgamento do 
Recurso Especial nº 1.195.178, sob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo 
Civil. 
 
O objetivo deste trabalho é expor, resumidamente, a interpretação que a Corte de 
Uniformização do Direito Federal tem feito dos dispositivos do CTB que disciplina o 
chamado processo administrativo de trânsito[2]. 
 
II. Breve síntese do processo administrativo de trânsito. 
 
O processo administrativo destinado a apuração das infrações de trânsito e 
imposição de penalidades aos responsáveis, desenhado no CTB, começa com a lavratura 
do auto de infração (art. 280) e se encerra com o julgamento das formas de impugnações 
à disposição do suposto infrator (arts. 281 e ss). 
 
 
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Na primeira etapa, a autoridade de trânsito julgará a consistência e regularidade 
do auto de infração, sendo facultado ao interessado a apresentação de defesa prévia. 
Aplicada a penalidade, o interessado será notificado para pagamento da multa e/ou 
interposição de recurso a ser apreciado pelas Juntas Administrativas de Recursos de 
Infração (JARI), sendo esta uma fase tipicamente recursal, pois pressupõe o reexame da 
decisão da autoridade de trânsito por colegiado especificamente constituído para esse 
fim (art. 282 a 287). Por fim, há, ainda, previsão de recurso dirigido ao Conselho 
Nacional de Trânsito (CONTRAN) aos Conselhos Estaduais de Transito (CETRAN e 
CONTRANDIFE), o que constitui uma segunda instância recursal administrativa (arts. 
288 e 289). 
 
No limitado objeto desta análise, nos interessa investigar esta primeira etapa do 
processo administrativo para imposição de multas de trânsito. 
 
III. Defesa prévia 
 
Lavrado o auto de infração, o consectário lógico é o chamamento do suposto 
infrator para que tome conhecimento do processo administrativo instaurado contra si e, 
querendo, impugne o ato praticado pelo agente da fiscalização. Esta providência está 
contida nos arts. 280 e 281 do CTB: 
 
“Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto 
de infração, do qual constará: 
 
I - tipificação da infração; 
 
II - local, data e hora do cometimento da infração; 
 
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e 
outros elementos julgados necessários à sua identificação; 
 
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível; 
 
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou 
equipamento que comprovar a infração; 
 
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação 
do cometimento da infração. 
 
§ 1º (VETADO) 
 
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do 
agente da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento 
 
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audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, 
previamente regulamentado pelo CONTRAN. 
 
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o 
fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do 
veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no 
artigo seguinte. 
 
§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração 
poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado 
pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência. 
 
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste 
Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e 
aplicará a penalidade cabível. 
 
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado 
insubsistente: 
 
I - se considerado inconsistente ou irregular; 
 
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da 
autuação. (Redação dada pela Lei nº 9.602, de 1998) 
 
De fato, o CTB não menciona expressamente a chamada “defesa prévia” – 
formalidade prevista em resoluções do CONTRAN editadas à luz do revogado Código 
Nacional de Trânsito –, porém, deixa claro que a notificação da autuação, destacada nos 
dispositivos acima, não se confundo com a notificação da penalidade, prevista no art. 
282: 
 
“Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao proprietário do 
veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, 
que assegure a ciência da imposição da penalidade.” 
 
Ocorre que, desde o advento no Código de Trânsito em vigor, muitos órgãos de 
trânsito resistiram em admitir a necessidade de defesa prévia para julgamento das 
autuações, o que contou com apoio de alguns tribunais, como se vê no aresto abaixo: 
 
“Ação declaratória - Nulidade de ato administrativo. Multa de trânsito - Defesa 
prévia - Código de Trânsito - Não previsão - Inaplicabilidade da Resolução nº 149/03 do 
CONTRAN às infrações anteriores à sua publicação - Pedido julgado procedente - 
Sentença reformada. O Código de Trânsito Brasileiro não prevê que seja oportunizada 
defesa prévia ao infrator como requisito para validade da cobrança de multa. A 
 
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cientificação da infração enviada pelo correio, com a concessão de prazo para recorrer, 
obedece ao princípio constitucional da ampla defesa, por conferir ao condutor ou 
proprietário do veículo o direito de se insurgir contra a autuação como um todo, 
inclusive a penalidade”. (TJ-MG, Apelação Cível nº 1.0313.03.104881-9/003 rel. Des. 
Jarbas Ladeira, DJ 03/12/2004) 
 
A celeuma perdurou até que o CONTRAN editasse a Resolução nº 149/2003[3], 
ratificando a existência deste meio de impugnação durante a fase de “julgamento” do 
auto de infração, conforme vinha sendo assinalado pelo STJ: 
 
“ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. PENALIDADE. PRÉVIA 
NOTIFICAÇÃO. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. APLICAÇÃO 
ANALÓGICA DA SÚMULA 127/STJ. O CÓDIGO DE TRÂNSITO IMPÔS MAIS 
DE UMA NOTIFICAÇÃOPARA CONSOLIDAR A MULTA. AFIRMAÇÃO DAS 
GARANTIAS PÉTREAS CONSTITUCIONAIS NO PROCEDIMENTO 
ADMINISTRATIVO. 1. O sistema de imputação de sanção pelo Código de Trânsito 
Brasileiro (Lei n.º 9.503/97) prevê duas notificações a saber: a primeira referente ao 
cometimento da infração e a segunda inerente à penalidade aplicada, desde que 
superada a fase da defesa quanto ao cometimento, em si, do ilícito administrativo. 
Similitude com o processo judicial, por isso que ao imputado concede-se a garantia de 
defesa antes da imposição da sanção, sem prejuízo da possibilidade de revisão desta. 2. 
Nas infrações de trânsito, a análise da consistência do auto de infração à luz da defesa 
propiciada é premissa inafastável para a aplicação da penalidade e consectário da 
garantia da ampla defesa assegurada no inciso LV, do artigo 5º da CF, como 
decorrência do due process of law do direito anglo-norte-americano, hoje 
constitucionalizado na nossa Carta Maior. 3. A garantia da plena defesa implica a 
observância do rito, as cientificações necessárias, a oportunidade de objetar a acusação 
desde o seu nascedouro, a produção de provas, o acompanhamento do iter 
procedimental, bem como a utilização dos recursos cabíveis. 4. A Administração 
Pública, mesmo no exercício do seu poder de polícia e nas atividades self executing não 
pode impor aos administrados sanções que repercutam no seu patrimônio sem a 
preservação da ampla defesa, que in casu se opera pelas notificações apontadas no CTB. 
5. Sobressai inequívoco do CTB (art. 280, caput) que à lavratura do auto de infração 
segue-se a primeira notificação in faciem (art. 280, VI) ou, se detectada a falta à 
distância, mediante comunicação documental (art. 281, parágrafo único, do CTB), 
ambas propiciadoras da primeira defesa, cuja previsão resta encartada no artigo 314, 
parágrafo único, do CTB em consonância com as Resoluções 568/80 e 829/92 (art. 2º e 
1º, respectivamente, do CONTRAN). 6. Superada a fase acima e concluindo-se nesse 
estágio do procedimento pela imputação da sanção, nova notificação deve ser expedida 
para satisfação da contraprestação ao cometimento do ilícito administrativo ou 
oferecimento de recurso (art. 282, do CTB). Nessa última hipótese, a instância 
administrativa somente se encerra nos termos dos artigos 288 e 290, do CTB. 7. 
Revelando-se procedente a imputação da penalidade, após obedecido o devido processo 
 
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legal, a autoridade administrativa recolherá, sob o pálio da legalidade a famigerada 
multa pretendida abocanhar açodadamente. 8. A sistemática ora entrevista coaduna-se 
com a jurisprudência do E. STJ e do E. STF as quais, malgrado admitam à 
administração anular os seus atos, impõe-lhe a obediência ao princípio do devido 
processo legal quando a atividade repercuta no patrimônio do administrado. 9. No 
mesmo sentido é a ratio essendi da Súmula 127, do STJ que inibe condicionar a 
renovação da licença de veículo ao pagamento da multa, da qual o infrator não foi 
notificado. 10. Recurso especial desprovido”. (RESP 426084, rel. Min. Franciulli Neto, 
DJ 02/12/2002) 
 
Pouco depois, em 2005, o Superior Tribunal de Justiça sepultou a questão com a 
edição da Súmula nº 302, a qual proclamou que “No processo administrativo para 
imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da 
aplicação da pena decorrente da infração”. 
 
Esta sistemática é semelhante a diversos procedimentos fiscais previstos em 
nossa legislação e repousa na presunção de que a Administração terá melhores 
condições de exercer seu poder de autotutela antes da imposição de qualquer gravame 
ao particular. 
 
Não podemos omitir, contudo, a opinião daqueles que entendem desnecessária 
uma fase externa de julgamento, ao invés da análise interna da consistência e 
regularidade do auto de infração. Este entendimento repousa, sobretudo, na constatação 
de que milhares de defesas se acumulam nos órgãos de trânsito, pendentes de análise, 
resultando na perda de efetividade da fiscalização e mitigação do potencial educativo 
das penalidades. 
 
“Realmente, sendo obrigada tal providencia, instaura-se um verdadeiro 
procedimento contencioso perante um órgão destinado a simplesmente aplicar a 
penalidade. Alem de não comportarem os órgãos de transito uma estrutura para apreciar 
e decidir sobre as infrações, está-se subtraindo uma função reserva mais às JARIs, 
consoante acima abordado. Realmente, nos grandes centros, a ser colocada em prática 
essa medida, as milhares de autuações converter-se-ão em processos, com a imposição 
do exame e julgamento de cada caso, embora a falta de condições humanas e materiais, 
e a repetição do julgamento pela JARI” (RIZZARDO, 2004, p. 735). 
 
De nossa parte, embora entendamos possível postergar o exercício do 
contraditório para um momento posterior à homologação do auto de infração, e que não 
se imponha qualquer gravame ao suposto infrator antes de possibilitar-lhe a impugnação 
na via administrativa, esta alteração somente poderia ser feita por Lei que altere o 
formato do processo administrativo desenhado no CTB. 
 
IV. Notificação de autuação. 
 
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O art. 280, VI, do CTB estabelece que o auto de infração contenha, sempre que 
possível, a assinatura do infrator, a qual valerá como notificação e marcará o início do 
prazo para defesa prévia. Além de dar mais celeridade ao processo destinado à 
imposição da penalidade, esta previsão está associada ao caráter educativo da 
fiscalização de trânsito e à possibilidade imediata de esclarecimentos das circunstâncias 
da autuação ao próprio condutor. Por isso, a notificação em flagrante é preferencial. 
 
Entretanto, dado o crescente número veículos em circulação, os reduzidos 
recursos dos órgãos de trânsito e, especialmente, a dificuldade de realizar uma 
abordagem segura a cada condutor em situação irregular, a Lei também previu a 
possibilidade de notificação da autuação diretamente ao proprietário. 
 
Ocorre que, nem sempre o proprietário é o condutor ou está presente no 
momento da autuação e nos termos do art. 257 do CTB[4], a responsabilidade pela 
infração pode recair sobre cada uma destas figuras, de forma isolada ou conjunta, ou 
ainda ser transferida ao proprietário no caso de não identificação do condutor. Assim, 
sem descartar a presunção de que o proprietário deve zelar pela correta utilização do 
veículo, é razoável admitir que a garantia do contraditório depende da correta 
notificação do responsável pela infração. 
 
Anteriormente, a jurisprudência do STJ se orientava no sentido de considerar 
suficiente a notificação em flagrante do condutor, ainda que se tratasse de infração de 
responsabilidade do proprietário, o qual poderia impugnar a penalidade por meio de 
recurso dirigido às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (JARI). 
 
“ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. PAGAMENTO DA 
MULTA. NÃO-CONVALIDAÇÃO DO ATO VICIADO. ARTS. 284 E 286 DO CTB. 
ANULAÇÃO DA MULTA. SUBSISTÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO. 
DECADÊNCIA DO DIREITO PUNITIVO DO ESTADO. NÃO OCORRÊNCIA. 
HONORÁRIOS. DISTRIBUIÇÃO. AUTUAÇÃO EM FLAGRANTE. 
NOTIFICAÇÃO DO CONDUTOR. TEMPESTIVIDADE. INTELIGÊNCIA DOS 
ARTS. 281 E 282 DO CTB. 1. O cumprimento da penalidade imposta ao administrado 
(multa por infração de trânsito) não convalida, por si só, a eventual nulidade do 
procedimento administrativo do qual resultou a sua aplicação. Assim, o pagamento da 
multa não obsta o conhecimento do recurso administrativo, sendo dever da 
Administração ressarcir a quantia paga no caso de seu provimento. Com mais razão, não 
inibe o acesso à via jurisdicional para ver declarada a nulidade do procedimento. 
Precedentes: RESP 614957/RS, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, D.J. de 28/06/2004; RESP 
654945/RS, 2ª Turma, Min. Castro Meira, D.J. de 04/10/2004; RESP 662834/RS, 1ª 
Turma, Min. Francisco Falcão, D.J. de 13/12/2004.2. Não importa violação ao art. 281, 
parágrafo único, inciso II, do CTB, a possibilidade de renovação da notificação, desde 
que respeitado o prazo de trinta dias do trânsito em julgado da decisão que anulou 
 
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parcialmente o procedimento administrativo. Aplicação do art. 220 do CPC. Precedente: 
Resp 689.788/RS, 1ª Turma, Min. Teori Zavascki, DJ de 01.07.2005. 3. Dispõe o art. 
281, parágrafo único, II, do CTB que é de trinta dias o prazo para notificação da 
existência de autuação de trânsito. Tendo a autuação sido lavrada em flagrante, a 
assinatura do condutor nos autos de infração é considerada como notificação válida. 4. 
A notificação da autuação do proprietário do veículo é dispensada quando identificado o 
condutor e lavrado o auto em flagrante. Precedentes: Resp 731.749/RS, 1ª Turma, Min. 
Francisco Falcão, DJ de 06.06.2005; AgRg no Resp 579.996/RS, 2ª Turma, Min. 
Franciulli Netto, DJ de 23.05.2005; Resp 754.536/RS, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ 
de 22.08.2005. 5. Recursos especiais parcialmente providos.” (STJ, GRESP 744374, rel. 
Min. Teori Albino Zavaski, DJ 10/10/2005) 
 
Esta orientação se assentou, dentre outros aspectos, no entendimento segundo o 
qual 
 
“(...) a defesa quanto à consistência do auto de infração cabe ao condutor do 
veículo no momento da constatação da irregularidade, pois é ele que conhece as 
circunstâncias em que o fato ocorreu. Portanto, a notificação da autuação foi realizada 
no prazo fixado em lei, vez que não se exige neste caso, também, a notificação do 
proprietário” (REsp 567.038/RS, rel. Min. Teori Albino Zavaski, DJ 01/07/2004) 
 
Todavia, a Egrégia Corte reviu seu posicionamento e passou entender necessária 
a notificação do proprietário quando a infração for de sua responsabilidade e somente 
tenha sido notificado o condutor: 
 
“ADMINISTRATIVO. MULTA DE TRÂNSITO. AUTO LAVRADO EM 
FLAGRANTE. NOTIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO INEXISTÊNCIA DE 
ASSINATURA NO AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. APRECIAÇÃO DE PROVA. 
SÚMULA 7/STJ. PROCESSO ADMINISTRATIVO. SÚMULA 312/STJ. 
AUTUAÇÃO EM FLAGRANTE. INFRAÇÃO DO CONDUTOR. AUSÊNCIA 
NECESSIDADE DE NOVA NOTIFICAÇÃO. NOTIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO 
CONCOMITANTEMENTE À IMPOSIÇÃO DE MULTA IMPOSSIBILIDADE. 1. 
Não se conhece do recurso, quanto à alegação de inexistência de assinatura no auto de 
infração, primeiramente, por ser questão que, a despeito da oposição de embargos 
declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo (Súmula 211/STJ), em segundo 
lugar, por implicar, para seu deslinde, a apreciação de provas, o que, sabidamente, é 
defeso nesta Corte Superior, ante à vedação prevista no enunciado da Súmula 7/STJ. 2. 
Está assentado nesta Corte Superior o entendimento de que o atual Código de Trânsito 
Brasileiro vislumbra mais de uma notificação ao infrator: a primeira quando da lavratura 
do auto de infração, ocasião em que é aberto prazo de trinta dias para o oferecimento de 
defesa prévia; e a segunda quando da aplicação da penalidade pela autoridade de 
trânsito. 3. "No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são 
 
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necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração." 
(Súmula 312/STJ). 4. De regra, havendo autuação em flagrante, torna-se desnecessária a 
notificação da infração, abrindo-se, desde logo ao recorrente a oportunidade de 
apresentação de defesa prévia. Contudo, faz-se necessário sublinhar que, de acordo com 
os parágrafos 2º e 3º do art. 257 do Código de Trânsito Brasileiro, há infrações cuja 
responsabilidade é atribuída ao proprietário do veículo, bem como outras de 
responsabilidade exclusiva do condutor, devendo, no primeiro caso, ser expedida nova 
notificação de autuação. 5. A legislação de trânsito não suprimiu a exigência de defesa 
prévia à aplicação da penalidade de trânsito. Conseqüentemente, não pode a 
Administração promover a notificação da infração concomitantemente à notificação da 
imposição da multa. Precedentes. 6. Recurso Especial conhecido em parte e, nessa, não 
provido.” (RESP 789596, rel. Des. Conv. Carlos Fernando Mathias, DJ 09/06/2008) 
 
Nesta ordem, o recente julgamento do Recurso Especial nº 1.195.178 
representou mais um importante passo no sentido de pacificar as controvérsias relativas 
à aplicação das penalidades de transito, pois, além de estar submetido à sistemática do 
art. 543-C do CPC (“Lei dos Recursos Repetitivos”), serviu para consolidar o 
entendimento da Corte a respeito de vários assuntos relativos ao processo administrativo 
de trânsito. Senão vejamos na sempre completa ementa lavrada pelo Ministro Luiz Fux: 
 
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 105, III, A E C, DA 
CF/1988. ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. 
HOMOLOGAÇÃO/JULGAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. 
PENALIDADE. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. 
APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 127/STJ. O CÓDIGO DE TRÂNSITO 
IMPÔS MAIS DE UMA NOTIFICAÇÃO PARA CONSOLIDAR A PENALIDADE 
DE MULTA. AFIRMAÇÃO DAS GARANTIAS PÉTREAS CONSTITUCIONAIS 
NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. SÚMULA 312/STJ. AUTO DE 
INFRAÇÃO. CONDUTOR (NÃO PROPRIETÁRIO) AUTUADO EM FLAGRANTE. 
MULTA RELATIVA AO VEÍCULO. NOTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO. 
MATÉRIA APRECIADA PELA 1.ª SEÇÃO PELO RITO DO ARTIGO 543-C, DO 
CPC, E DA RESOLUÇÃO STJ 8/2008 (RESP 1.092.154/RS). AUSÊNCIA DE 
ASSINATURA NO AUTO DE INFRAÇÃO. NECESSIDADE DE EXPEDIÇÃO DE 
NOTIFICAÇÃO DE AUTUAÇÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. VIOLAÇÃO DO 
ART. 535, II, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O recurso especial não é servil ao exame 
de questões que demandam o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, em 
face do óbice erigido pela Súmula 07/STJ. 2. No caso sub judice, o Tribunal local, no 
que respeita à homologação/julgamento dos autos de infração, analisou a questão à luz 
do contexto fático-probatório engendrado nos autos, verbis: (fls. 495, e-STJ) "Ao 
contrário do que afirma o embargante, o julgamento/homologação dos autos de infração 
de trânsito é ato meramente formal, tal qual exposto nas fls. 142 e seguintes dos autos." 
3. Súmula 312/STJ:"No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, 
são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da 
 
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infração". 4. Sobressai inequívoco do CTB (art. 280, caput) que à lavratura do auto de 
infração segue-se a primeira notificação in faciem (art. 280, VI) ou, se detectada a falta 
à distância, mediante comunicação documental (art. 281, parágrafo único, do CTB), 
ambas propiciadoras da primeira defesa, cuja previsão resta encartada no artigo 314, 
parágrafo único, do CTB em consonância com as Resoluções 568/80 e 829/92 (art. 2º e 
1º, respectivamente, do Contran). 5. Superada a fase acima e concluindo-se nesse 
estágio do procedimento pela imputação da sanção, nova notificação deve ser expedida 
para satisfação da contraprestação ao cometimento do ilícito administrativo ou 
oferecimento de recurso (art. 282, do CTB). Nessa última hipótese, a instância 
administrativa somente se encerra nos termos dos artigos 288 e 290, do CTB. 6. 
Revelando-se procedente a imputação da penalidade, após obedecido o devido processo 
legal, a autoridade administrativa recolherá, sob o pálio da legalidade, a famigerada 
multa pretendida abocanhar açodadamente. 7. A ausência de notificação do infrator no 
prazo máximo de 30 (trinta) dias da infração, implica na decadência do direito de punir 
do Estado, consoante entendimento consolidado pela Primeira Seção desta Corte 
Superior, segundo o qual: "O comando constante do art. 281, parágrafo único, II, do 
CTB, é no sentido de que, uma vez não havendo notificação do infrator para defesa 
dentro do lapso de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado" 
(EREsp n.º 803.487/RS, Rel. Min. JoséDelgado, DJ de 6.11.2006). 8. O auto de 
infração, em ocorrendo a decadência supra, deve ser arquivado e seu registro julgado 
insubsistente, consoante o preceito do art. 281, parágrafo único, III, do Código de 
Trânsito Brasileiro, sendo, portanto, nulo o respectivo procedimento administrativo. 9. 
A notificação endereçada ao proprietário do veículo ou ao motorista infrator objetiva 
permitir o recolhimento da multa com o desconto previsto no art. 284 do CTB. É 
pacífico o entendimento desta Corte de que a penalidade de multa por infração de 
trânsito deverá ser precedida da devida notificação do infrator, sob pena de ferimento 
aos princípios do contraditório e da ampla defesa. O proprietário do veículo responde 
solidariamente com o condutor do veículo. Em outras palavras, a responsabilidade do 
dono da coisa é presumida, invertendo-se, em razão disso, o ônus da prova. 10. Deveras, 
não obstante superada a questão atinente à validade da primeira notificação feita em 
flagrante ao condutor do veículo, notadamente porque o Código de Trânsito Brasileiro, 
em seu artigo 280, VI, determina que deverá constar do auto de infração a assinatura do 
infrator, sem fazer qualquer distinção entre proprietário ou condutor do veículo, esta 
Corte, à luz da exegese do art. 257, §§ 1º, 2º, 3º e 7º do CTB c/c art. 2º e 3º da 
Resolução 149/2003/Contran, concluiu que: "(...) nova notificação de autuação deve ser 
expedida, mesmo em caso de notificação in faciem, quando a infração for relativa ao 
veículo e, portanto, de responsabilidade do proprietário que não estava na condução do 
veículo." (RESP 824.437/RS, Relatora Ministra Eliana Calmon) 11. A análise do thema, 
à luz da novel jurisprudência desta Corte e da legislação atinente à matéria, conduz à 
seguinte conclusão: a) a notificação in faciem do condutor em flagrante, mediante a 
assinatura do auto de infração, valerá como notificação da autuação quando a infração 
for de responsabilidade do condutor e sendo a infração de responsabilidade do 
proprietário este estiver conduzindo o veículo; b) no caso de a infração ser de 
 
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responsabilidade do proprietário e este não estiver conduzindo o veículo, a autoridade 
de trânsito expedirá, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data do 
cometimento da infração, a Notificação da Autuação dirigida ao proprietário do veículo, 
na qual deverão constar, no mínimo, os dados definidos no art. 280 do CTB e em 
regulamentação específica (art. 3º da Resolução 149/2003/Contran). 12. A Primeira 
Seção, quando do julgamento do Resp 1.092.154/RS, representativo da controvérsia 
(art. 543-C, do CPC), reafirmou o entendimento de que: (...) 1. O Código de Trânsito 
Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificação de autuação, para apresentação 
de defesa (art. 280), e uma segunda notificação, posteriormente, informando do 
prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sanção aplicada (art. 
281). 2. A sanção é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos 
estabelecidos. 3. O art. 281, parágrafo único, II, do CTB prevê que será arquivado o 
auto de infração e julgado insubsistente o respectivo registro se não for expedida a 
notificação da autuação dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a notificação do 
infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do 
Estado, não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo. 4. 
Descabe a aplicação analógica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a 
notificação, no prazo de trinta dias do trânsito em julgado da decisão que anulou 
parcialmente o procedimento administrativo. (...) (Rel. Ministro Castro Meira, Primeira 
Seção, julgado em 12/08/2009, DJ de 31/08/2009) 13. Consectariamente, “não sendo 
possível colher a assinatura do condutor, seja pela falta de flagrante, seja pela sua 
recusa, a autoridade de trânsito deverá proceder à notificação via postal no prazo de 
trinta dias, preservando-se, assim,o jus puniendi estatal”. (REsp 732.505/RS, Rel. 
Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 19/05/2005, DJ 01/08/2005, p. 425) 
14. In casu, em se tratando de imposição de penalidades decorrentes de autuações em 
flagrante, e à míngua de assinatura do infrator nos 3 (três) autos de infração às fls. 
105/110 (e-STJ), cumpria à autoridade de trânsito a expedição de notificação de 
autuação, em observância ao devido processo legal no processo administrativo. Por 
outro lado, os 4 (quatro) autos de infração às fls. 150, 151, 155 e 157 (e-STJ) ostentam a 
assinatura do infrator, de sorte que, consoante assentado, valem como notificação da 
autuação e conjuram a necessidade de expedição de notificação de autuação. 15. Os 
embargos de declaração que enfrentam explicitamente a questão embargada não 
ensejam recurso especial pela violação do artigo 535, II, do CPC, mercê de o 
magistrado não estar obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, 
desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 
16. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido.” 
(RESP 1195178, rel. Min. Luiz Fux, DJ 17/12/2010) 
 
Por fim, nos preocupa a interpretação extensiva que equiparou a recusa do 
condutor em assinar o auto de infração às hipóteses de impossibilidade de notificação 
em flagrante ou infração de responsabilidade do proprietário. 
 
 
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Como vimos no começo deste tópico, a autuação mediante abordagem pessoal é 
medida que favorece a educação para o trânsito e permite ao condutor conhecer 
imediatamente os termos da autuação, podendo, neste momento, colher provas e inquirir 
o agente autuador. Entretanto, não é facultado ao suposto infrator escolher o momento 
inicial para fluência do prazo para defesa, mormente quando este marco está previsto 
em lei e se destina a uma maior segurança do particular. 
 
Raciocínio idêntico é aplicado pelo Poder Judiciário para considerar válida a 
intimação pessoal quando a parte se recusa a apor sua assinatura no respectivo 
mandado[5]. Especificamente em relação à notificação em flagrante de infração de 
transito, assim já decidiu o Tribunal Regional Federal da 4ª Região: 
 
“PROCESSUAL CIVIL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SUSPENSÃO DE 
PENALIDADES. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. AUTUAÇÃO EM FLAGRANTE. 
RECUSA DO SUPOSTO INFRATOR EM ASSINAR O AUTO. - O fato de o infrator 
ter oferecido recusa a assinar o Auto de Infração não é suficiente para a invalidação do 
ato notificatório. - Tendo sido a autuação efetuada em flagrante por agente de trânsito 
competente e colhidos dados suficientes sobre o condutor e o veículo, considera-se 
perfectibilizada neste momento a notificação da infração. - Expedida a notificação da 
penalidade aplicada mais de 30 dias após a autuação em flagrante, correto o 
procedimento adotado pela autoridade de trânsito, pois observado o prazo para a defesa 
prévia. - Agravo provido.” (TRF-4, AG 200404010338529, rel. Desa. Silvia Maria 
Gonçalves Goraieb, DJ 26/01/2005) 
 
Enfim, em aplicação analógica ao art. 266, II, do CPC ou mediante a assinatura 
de testemunhas, entendemos que o agente da autoridade de trânsito poderá certificar a 
recusa do condutor ou proprietário presente em assinar o auto de infração ou receber a 
segunda via, sendo válida a notificação pessoal em relação àqueles. 
 
V. Decadência do direito de expedir a notificação 
 
O art. 281, parágrafo único, II, do CTB diz que o auto de infração será arquivado 
“se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação”. De 
início, vale destacar que o descumprimento deste prazo implica a decadência do direito 
de prosseguir no processo de imputar penalidades. 
 
Passando ao largo das polêmicas que envolvem a distinção entre decadência e 
prescrição[6], aderimos à opinião de Nei Pires Mitidieiro, segundoquem: 
 
“O prazo de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 281, CTB é 
decadencial, porquanto apanha o direito de notificar da autuação da Administração 
Pública, com o que, súbito, inviabiliza igualmente o seu direito de punir (uma vez que 
se inadmite, dentro do ordenamento pátrio, julgar sem prévia oitiva do acusado). De 
 
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conseguinte, desconhece causas interruptivas e suspensivas e o seu termo final consome 
o direito, banindo-o do mundo jurídico”. (2005, p. 1336) 
 
Feita esta ressalva de ordem terminológica, a identificação do alcance e sentido 
da norma não desperta maiores controvérsias. Ao impor à autoridade de trânsito o dever 
de comunicar com brevidade a instauração do processo visando a apuração de infrações 
de trânsito, a finalidade do dispositivo foi conferir segurança jurídica aos supostos 
infratores e a toda a sociedade (potencial interessada nas multas que recaem sobre o 
proprietário e que podem gravar o veículo). 
 
Num plano ideal, esta regra seria desnecessária ao se considerar um 
ordenamento jurídico que estabelece como princípios da administração pública a 
moralidade e a eficiência. Contudo, sendo conhecidas as deficiências comuns ao serviço 
público brasileiro, nos parece que a fixação de prazo peremptório para expedição da 
notificação de autuação está mais ligado à importância da sanção como mecanismo de 
prevenção da ineficiência dos órgãos de trânsito do que propriamente acelerar o 
respectivo processo administrativo. 
 
Esta premissa é importante para se constatar o acerto do legislador ao se referir à 
expedição da notificação, e não à concretização do próprio ato de ciência. É bem 
verdade que a simples remessa postal da notificação[7] não desincumbe a autoridade de 
trânsito do dever de acompanhar sua concretização, evitando uma perpetuação 
exagerada do ato, porém, seria igualmente descabido condicionar a validade de todo o 
procedimento fiscalizatório ao efetivo recebimento da comunicação. 
 
Enfim, os arestos já mencionados são suficientes para demonstrar que a 
jurisprudência do STJ não distorceu a norma do art. 281 a respeito da decadência do 
direito da Administração Pública expedir as citadas notificações de autuação. Todavia, 
imprecisões terminológicas poderiam conduzir a entendimento contrário, a exemplo da 
ementa abaixo transcrita: 
 
“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL 
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO 
STJ N.º 08/2008. AUTO DE INFRAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. PRAZO. ART. 281, 
PARÁGRAFO ÚNICO, II, DO CTB. NULIDADE. RENOVAÇÃO DE PRAZO. 
IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS. SÚMULA 7/STJ. 1. O Código de Trânsito 
Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificação de autuação, para apresentação 
de defesa (art. 280), e uma segunda notificação, posteriormente, informando do 
prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sanção aplicada (art. 
281). 2. A sanção é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos 
estabelecidos. 3. O art. 281, parágrafo único, II, do CTB prevê que será arquivado o 
auto de infração e julgado insubsistente o respectivo registro se não for expedida a 
notificação da autuação dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a notificação do 
 
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infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do 
Estado, não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo. 4. 
Descabe a aplicação analógica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a 
notificação, no prazo de trinta dias do trânsito em julgado da decisão que anulou 
parcialmente o procedimento administrativo. 5. O exame da alegada violação do art. 20, 
§ 4º, do CPC esbarra no óbice sumular n.º 07/STJ, já que os honorários de R$ 500,00 
não se mostram irrisórios para causas dessa natureza, em que se discute multa de 
trânsito, de modo a não poder ser revisado em recurso especial. Ressaltou o acórdão 
recorrido esse montante remunera "dignamente os procuradores, tendo em vista a 
repetividade da matéria debatida e sua pouca complexidade". 6. Recurso especial 
conhecido em parte e provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ 
n.º 08/2008”. (RESP 732505, Rel. Min. Castro Meira, DJ 01/08/2005) 
 
Apenas para desfazer esta equivocada impressão, confira-se recente julgado: 
 
“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO 
REGIMENTAL. TRÂNSITO. NOTIFICAÇÃO DE AUTUAÇÃO. PRAZO LEGAL. 
INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA CONFIGURADA. NÃO-INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA N. 7 DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Da leitura do acórdão recorrido, 
percebe-se que as multas foram expedidas depois de terem decorridos mais de 60 
(sessenta) dias do auto de infração em flagrante. 2. O entendimento jurisprudencial 
firmado no Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que os autos de infração devem 
ser arquivados quando já expirado o prazo de trinta dias para a expedição da notificação 
de autuação, por força do que dispõe o art. 281, p. ún., inc. II, do CTB. Precedente: 
REsp 1.092.154/RS, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, j. 12.8.2009, submetido à 
sistemática dos recursos repetitivos. 3. Frise-se, ainda, que esta Corte Superior não fez 
incursão em fatos para concluir desta forma. Ao contrário, a partir das premissas fáticas 
consolidadas no acórdão (fl. 199), houve qualificação jurídica diversa que acarreta o 
provimento do especial. 4. Agravo regimental não provido”. (AARESP 937521, rel. 
Min. Mauro Campbell Marques, DJ 28/06/2010) 
 
Desta forma, podemos afirmar que, a despeito da redação superficial de algumas 
ementas de acórdãos, a jurisprudência do STJ não preconiza a decadência das 
notificações não recebidas no prazo de 30 dias, mas sim daquelas não expedidas nesse 
lapso. 
 
VI. Da decadência da ação punitiva 
 
Numa apertada síntese, a prescrição e a decadência são institutos concebidos em 
favor da estabilidade e da segurança jurídica (MELLO, 2005, p. 963) e seu mecanismo 
consiste em impedir o exercício de direitos após o prazo assinalado em lei. Aplicado ao 
exercício do poder de polícia, estes institutos ganham contornos mais rígidos, tendo em 
 
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vista o dever de eficiência e a importância da sanção como instrumento educativo e 
repressivo. 
 
No caso das infrações à legislação de trânsito, a demora na aplicação das 
penalidades é causa de descrédito na ordem pública e fator de insegurança para os 
cidadãos que, eventualmente, não tenham transgredido a lei e precisem demonstrá-lo no 
âmbito do processo administrativo. Por esta razão, não seria lógico supor que a 
expedição tempestiva da primeira notificação autorize a Administração Pública a 
perpetuar o julgamento do auto de infração e os recursos subseqüentes. 
 
Assim, a existência de hipótese de decadência específica para expedição da 
notificação de autuação não afasta a aplicação do prazo genérico de “prescrição” da 
ação punitiva, tratada no art. 1º da Lei nº 9.873/1999[8]: 
 
“Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública 
Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à 
legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração 
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. 
 
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de 
três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício 
ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da 
responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. 
 
§ 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir 
crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.” 
 
Ao falar em prescrição da ação punitiva da Administração Pública, nos parece 
que o legisladorutilizou expressão que se aproxima do Direito Penal, mas que se 
ressente da melhor técnica nos Direitos Civil e Administrativo. Nesse sentido, a 
jurisprudência do STJ também auxilia distinguir a decadência do direito de impor a 
sanção pecuniária da prescrição da ação de cobrança: 
 
“ADMINISTRATIVO. MULTA ADMINISTRATIVA. AMBIENTAL. 
PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. 1. A decisão agravada considerou aplicável a 
prescrição qüinqüenal, nos termos do art. 1º do Decreto n. 20.910/32, às ações de 
cobrança de multa administrativa, invocando precedente da Turma no REsp 
444.646/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 02.08.06. 2. No caso de multa 
de multa por ilícito ambiental, mostra-se relevante examinar-se com mais profundidade 
a matéria, considerando a observação do Exmo. Sr. Ministro Mauro Campbell, para 
quem "a partir de 24.11.1999, as hipóteses de prescrição das multas administrativas 
ficam sujeitas à regência da Lei n. 9873/99 no que tange à decadência, exceto se a 
conduta for qualificada simultaneamente co o ilícito administrativo e ilícito peal, 
 
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ocasião em que se aplicará o art. 109 do Código Penal, permanecendo o prazo 
prescricional, nos termos do Código Civil de 1916, até a entrada em vigor do novo 
Código Civil de 2002 (art. 206, § 5º, I), devendo-se observar a regra de transição 
colocada no art. 2.028". 3. Requisição dos autos principais para melhor exame do 
recurso especial. 4. Agravo regimental provido”. (AGA 1045586, rel. Min. Castro 
Meira, DJ 15/12/2008) 
 
A prevalecer a terminologia legal, é importante demarcar que a prescrição da 
ação de cobrança da multa somente tem início após a devida constituição definitiva do 
respectivo crédito. Ou seja, a “prescrição da ação punitiva” (decadência) diz respeito ao 
prazo que o Estado tem para proceder a aplicação das penalidades previstas em lei, a 
exemplo da multa (sanção pecuniária), distinção que se tornou inquestionável com o 
advento da Lei nº 11.941/2010[9]. 
 
Em todo caso, a decadência decorrente da não expedição da notificação de 
autuação dentro do prazo legal não se confunde com a decadência do próprio direito de 
impor a sanção administrativa. Esta inicia sua contagem a partir da prática do ilícito ou 
de sua cessão (no caso de infrações de caráter permanente ou continuada) e se justifica 
enquanto perdurar o processo administrativo destinado à apuração da infração de 
trânsito e aplicação da penalidade correlata. 
 
VII. Reflexão 
 
Em tempos de crise da prestação jurisdicional, o engrandecimento da hierarquia 
judiciária em matéria de direito é um dos caminhos eleitos para alcançar a duração 
razoável dos processos e a segurança jurídica. Nesse contexto, avoluma-se a 
importância do Superior Tribunal de Justiça como uniformizador da interpretação da 
legislação federal. 
 
A harmonização das polêmicas que envolvem a aplicação do Código de Trânsito 
Brasileiro tem ocupado lugar de destaque nas decisões do STJ, contribuindo para 
delimitar o campo de atuação do Poder Público na busca pela fluidez e segurança do 
trânsito, em contraposição às garantias dos administrados ao devido processo legal. No 
entanto, é necessário que a interpretação das normas que permeia o Direito de Trânsito 
levem em consideração a especialidade desse rico microssistema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Bibliografia 
 
FONSECA, Bruno César. Novo processo administrativo de trânsito. A defesa do 
infrator na Lei nº 9.503/1997. Jus Navigandi, dez/2004. Disponível em: 
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/6065>. Acesso em: 5 fev. 2011. 
MELLO, Celso Antonia Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: 
Malheiros Editora, 2005. 
MEZZOMO, Marcelo Colombelli. A defesa prévia no processo administrativo de 
trânsito: feições e limites. Jus Navigandi, mai/2003. Disponível em: 
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/4011>. Acesso em: 5 fev. 2011. 
MITIDIEIRO, Nei Pires. Comentários ao Código de Trânsito Brasileiro. Rio de Janeiro: 
Forense, 2005. 
RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao Código de Trânsito Brasileiro. 5ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2004. 
SILVA, Ulisses Rafael da. Processo Administrativo de Trânsito Brasileiro. Clube 
Jurídico do Brasil, fev/2009. Disponível em: 
<http://www.clubjus.com.br/?artigos&ver=2.23169>. Acesso em: 5 fev. 2011. 
 
 
Notas: 
[1] Atribui-se a Julio César, a edição de uma das primeiras legislações de trânsito 
conhecidas na História. A fim de solucionar problemas como congestionamentos e o 
barulho causado por milhares de carruagens que circulavam pela Roma Antiga, o 
imperador proibiu o trânsito de “rodas” em determinados horários e locais. 
[2] Embora este termo seja amplo, capaz de abranger todos os procedimentos destinados 
à aplicação de regras relativas ao Direito de Trânsito (ex: processo de habilitação de 
condutores, processo de baixa de veículos etc.), a doutrina e a jurisprudência 
consagraram seu uso para identificar o processo destinado a apuração de infrações e 
aplicação de penalidades. Nesse sentido: MEZZOMO (2003), FONSECA (2004), 
SILVA (2009). 
[3] Revogada pela Resolução nº 363/2010 – CONTRAN. 
[4] Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao 
embarcador e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e 
deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste 
Código. 
 
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as 
penalidades de que trata este Código toda vez que houver responsabilidade solidária em 
infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela 
falta em comum que lhes for atribuída. 
§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia 
regularização e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do 
veículo na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características, 
 
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componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando esta 
for exigida, e outras disposições que deva observar. 
§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos 
praticados na direção do veículo. 
§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com 
excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o único 
remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior 
àquele aferido. 
§ 5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com 
excesso de peso nos eixos ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador 
ultrapassar o peso bruto total. 
§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração 
relativa ao excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou 
manifesto for superior ao limite legal. 
§ 7º Não sendo imediata a identificação do infrator, o proprietário do veículo terá 
quinze dias de prazo, após a notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em 
que dispuser o CONTRAN, ao fim do qual, não o fazendo, será considerado 
responsável pela infração. 
§ 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não havendo identificação do infrator 
e sendo o veículo de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova multa ao 
proprietário do veículo, mantida a originada pela infração, cujo valor é o da multa 
multiplicada pelo número de infrações iguais cometidas no período de doze meses. 
[5] PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. DEL - 70/66. 
EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. NULIDADE DO CERTAME. FALTA DE 
INTIMAÇÃO. DESCARACTERIZADA. DISCUSSÃO SOBRE A LEGALIDADE 
DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. IMPOSSIBILIDADE. - Colacionando dos autos 
a prova haver sido efetivada a notificação ao devedoratravés do Registro de Títulos e 
Documentos, concedendo-lhe o prazo de 20 (vinte) dias para a purgação da mora, bem 
como da recusa do mesmo em assinar a notificação, incabível a alegação de nulidade do 
certame por falta de notificação pessoal. (...) Apelação a que se nega provimento. (TRF-
5, AC 203478, rel. Des. Frederico Pinto de Azevedo, DJ 23/04/2004); AGRAVO 
REGIMENTAL. CONTAGEM DO PRAZO PARA RECURSO. DATA DA RECUSA 
EM ASSINAR O MANDADO DE INTIMAÇÃO. DIES A QUO. QUESTÃO DE 
ORDEM NO RESP. 761.811. Segundo definido na questão de ordem suscitada no bojo 
do REsp. 761.811, a recusa de recebimento do mandado de intimação por parte do 
representante do Ministério Público Federal deve ser contada para efeito da 
comunicação, iniciando o prazo recursal a partir deste ato. Apresentado o recurso fora 
do prazo de cinco dias da recusa de recebimento da intimação, há de ser reconhecida a 
sua intempestividade. Agravo não conhecido. (STJ, AGRHC 153842, rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, DJ 21/06/2010) 
[6] Em razão de sua lucidez, vale mencionar a crítica feita por Sídio Rosa Mesquita 
Júnior (2001), que entende correta a terminologia legal, pois a decadência terminaria 
atingindo a própria infração, e não a pretensão punitiva (ação condenatória). 
 
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[7] Embora o CTB não vede a utilização de outros meios de notificação, a aplicação 
analógica do art. 282 do CTB tem direcionado a entrega das notificações pela via postal 
por quase todos os órgãos de trânsito. 
[8] A esse respeito, vale mencionar trecho do Parecer CGCOB/DIGEVAT nº 002/2010, 
aprovado pelo Procurador-Geral Federal: “Assim dito, verifica-se que a Lei nº 9.503, de 
23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, por não 
particularizar o prazo de constituição e cobrança da multa ali instituída, deve integrar-se 
à Lei nº 9.873/99, que funciona como norma geral em relação ao prazo de prescrição da 
ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta”. 
[9] A Lei nº 11.941/2009, que acrescentou à redação da Lei nº 9.874/199, o art. 1º-A, 
que assim dispõe: “Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término 
regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da 
administração pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por 
infração à legislação em vigor. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)” 
 
Fonte: Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos 
_leitura&artigo_id=9186&revista_caderno=4 
 
Robson Silva Mascarenhas- Procurador Federal 
Faça uma síntese das principais ideias deste capítulo: 
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ART. 288 - A RESOLUÇÃO CONTRAN 404/12 E O PROCESSO 
ADMINISTRATIVO DE TRÂNSITO, POR JULYVER MODESTO 
DE ARAUJO 
 
Apesar de a doutrina utilizar, comumente, a palavra “processo” para designar a 
atuação jurisdicional do Estado (centrada na figura do Poder Judiciário), frente uma 
relação conflituosa entre partes, e o termo “procedimento” para se referir a uma 
sucessão de atos regulada pelo Direito (como é o caso das etapas procedimentais de 
aplicação de uma multa de trânsito), o fato é que o próprio Código de Trânsito optou 
por nominar o seu Capítulo XVIII como “Do processo administrativo”, estabelecendo, 
do artigo 280 a 290, os atos concernentes à atuação sancionadora do Sistema Nacional 
de Trânsito. 
 O processo administrativo de trânsito pode ser compreendido, desta forma, 
como o “conjunto articulado de providências dos órgãos de trânsito, no âmbito de suas 
competências e dentro de sua circunscrição, frente às condutas infracionais na utilização 
da via pública, para a imposição das penalidades administrativas de trânsito, e os seus 
correspondentes recursos”. 
 Desde outubro de 2003, vigora, em complemento ao Capítulo XVIII do CTB, 
a Resolução do CONTRAN nº 149/03, que, além de reforçar regras já constantes do 
Código, estabelece ritos específicos a serem atendidos pelos órgãos aplicadores de 
penalidades, os quais haviam sido alterados pela Resolução do CONTRAN nº 363/10, 
que entraria em vigor em 01/07/12 (conforme prorrogação de prazo dado pela 
Deliberação nº 115/11). 
 Entretanto, no mês de junho de 2012, novas mudanças foram promovidas, 
pela Resolução do CONTRAN nº 404/12, que revogou a de nº 363/10 (republicação no 
Diário Oficial da União de 25/06/12) e, a partir de 01/01/13, revogará e substituirá a de 
nº 149/03. 
 
Obs.: A data de entrada em vigor da Resolução n. 404/12 foi prorrogada para 01/07/13, 
pela Resolução n. 424/12. 
 
 Abaixo, apontarei as QUINZE principais mudanças que ocorrerão (a ordem 
segue, tão somente, a sequência com que tais informações aparecem na nova 
regulamentação): 
 
01. Assinatura do agente, no auto de infração de talão eletrônico 
 O talão eletrônico, para lavratura do auto de infração, já era previsto no artigo 
2º da Resolução nº 149/03, sendo previsto, em seu § 2º, que, quando fosse impresso o 
auto elaborado, deveria conter os dados mínimos no artigo 280 do Código de Trânsito 
Brasileiro, o que incluía o seu inciso V, que prevê a identificação do agente autuador. 
Tal previsão ocasionava o questionamento quanto à necessidade ou não de assinatura do 
agente no auto eletrônico, o que foi dirimido com o § 2º do artigo 2º da Resolução nº 
 
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404/12, que assim dispõe: “quando impresso, será dispensada a assinatura da autoridade 
ou de seu agente”. 
 A Portaria do DENATRAN nº 141/10, que estabelece requisitos e 
especificações mínimos do talão eletrônico, esclarece melhor ainda a questão, nos 
seguintes termos: “A assinatura da autoridade de trânsito ou de seu agente será 
obrigatória somente quando o Auto de Infração do Talão Eletrônico for impresso no ato 
do seu preenchimento” (artigo 4º, parágrafo único). 
 
02. Assinatura do infrator como prova de notificação 
 O artigo 280, inciso VI, do CTB prevê que a assinatura do infrator vale como 
notificação do cometimento da infração, o que foi delimitado pela Resolução nº 149/03, 
nas seguintes situações: I – infração de responsabilidade do condutor; e II – condução 
do veículo pelo proprietário, em infração de sua responsabilidade. A primeira 
possibilidade, todavia, foi retirada da Resolução n.º404/12, que passou a reconhecer a 
assinatura, como prova de notificação, apenas quando o proprietário estiver à condução 
do veículo (e, ainda assim, desde que o auto de infração contenha o prazo para 
apresentação da defesa da autuação). 
 Citada mudança é importante, já quea notificação da autuação é sempre 
encaminhada ao proprietário, tornando-se necessário o seu conhecimento sobre o 
ocorrido, ainda que outra pessoa esteja conduzindo o veículo, no momento da autuação. 
 
03. Notificação por Edital 
 O artigo 3º, § 3º, da Resolução nº 404/12 criou a possibilidade de publicação 
da notificação da autuação por Edital, o que foi regulamentado detalhadamente pelo 
artigo 12 da norma em apreço (o qual abrange tanto a notificação da autuação, quanto 
da penalidade), sendo facultado, ao órgão de trânsito, a disponibilização das 
informações na Internet. 
 Embora o objetivo tenha sido dar maior transparência aos atos praticados 
pelos órgãos de trânsito, existem alguns questionamentos proporcionados pela nova 
regulamentação: o principal deles é se a existência desta notificação por Edital 
pressupõe ou não a necessidade de expedição das Notificações com Aviso de 
Recebimento (AR), tendo em vista que o dispositivo mencionado prescreve que 
“esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o proprietário do veículo por meio 
postal ou pessoal, as notificações de que trata esta Resolução serão realizadas por 
edital...”; ora, num primeiro momento, a impressão que se tem é que somente é possível 
saber se foram esgotadas as tentativas, se houver uma comprovação, por parte do 
interessado, de que ele recebeu as notificações. 
 O interessante é que a exigência de Aviso de Recebimento não consta em 
nenhum dispositivo da legislação de trânsito, nem no CTB, nem nas duas Resoluções 
sob análise; aliás, mantendo-se o entendimento da Resolução nº 149/03, a atual 
prescreve que, quando utilizada a remessa postal, a expedição se caracterizará pela 
entrega da notificação à empresa responsável por seu envio (artigo 3º, § 1º); ou seja, a 
comprovação da notificação não se dá com o recebimento pelo proprietário, mas pelo 
 
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despacho junto aos Correios (o Aviso de Recebimento, na verdade, ERA previsto na 
Resolução do CONTRAN nº 829/97, a qual foi considerada revogada pelo CONTRAN, 
desde que o Código entrou em vigor, por conflitar com ele – Resolução nº 148/03). 
 O fato é que, atualmente, não existe uma padronização: alguns órgãos de 
trânsito utilizam este procedimento, mas vários encaminham as notificações por 
remessa simples. 
 Não obstante a reclamação de alguns infratores, de que não foram notificados 
(o que poderia ensejar a predileção pelo AR), entendo que tais questionamentos devem 
apenas motivar a abertura de novos prazos (como consta na própria Resolução nº 
404/12, que apontarei ao final), seja para indicação do condutor, defesa da autuação, 
pagamento da multa com desconto, ou recurso contra a penalidade, sem acarretar o 
cancelamento da penalidade aplicada. 
 Se não utilizado o AR, entendo que a previsão de notificação por Edital 
restringe-se a poucos casos, pois, sendo entregue a notificação nos Correios, não 
estariam “esgotadas as tentativas” (a única situação assim enquadrada seria aquela em 
que a correspondência fosse devolvida, por “destinatário desconhecido” ou “endereço 
incorreto/inexistente” – não se confundindo com endereço desatualizado, pois, para 
este, o Código prevê a validade da notificação – artigo 282, § 1º). 
 Particularmente, sou totalmente contrário à expedição do Aviso de 
Recebimento, pelos seguintes motivos: 
I – falta de previsão legal (a Administração pública deve atender ao princípio da 
legalidade estrita, fazendo apenas o que está descrito expressamente na lei – artigo 37 
da Constituição Federal); 
II – encarecimento desnecessário (e exorbitante) da remessa postal, com 
utilização inadequada do dinheiro público (ressalta-se que a realização de despesas não 
autorizadas em lei caracteriza ato de improbidade administrativa, conforme artigo 10, 
inciso IX, da Lei nº 8.429/92); e 
III – a utilização de AR também não dá total garantia de que o proprietário será 
realmente notificado (já li recursos em que o interessado alegava que foi justamente o 
AR que impediu o seu conhecimento sobre a autuação/penalidade, pois a 
correspondência não foi deixada na caixa de Correios em sua residência, durante o 
período de sua ausência) 
 
04. Dados do condutor qualificado, na notificação da autuação 
 Quando o condutor for qualificado, no auto de infração, os seus dados deverão 
constar da notificação da autuação (sem a necessidade, óbvia, de se manter o 
Formulário de identificação do condutor) – artigo 3º, § 5º, da Resolução nº 404/12. 
 Este procedimento trará dois desdobramentos, no processo administrativo de 
trânsito: o primeiro é que o proprietário terá conhecimento, na notificação, de quem 
estava conduzindo seu veículo quando foi autuado; e o segundo, será um maior controle 
sobre as indicações do condutor, já que, no procedimento atual, se o órgão de trânsito 
não tomar a devida cautela, é possível inserir informações falsas, prestadas pelo 
 
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proprietário, no Formulário de identificação do condutor, em infrações nas quais houve 
a devida qualificação pelo agente, no momento da abordagem. 
 
05. Desnecessidade de reconhecimento de firma na identificação do infrator 
 A Resolução nº 363/10 pretendia exigir que o Formulário de indicação do 
condutor contivesse assinaturas originais do condutor e do proprietário do veículo, com 
firma reconhecida por autenticidade, e acompanhado de cópia reprográfica legível dos 
documentos de ambos (artigo 4º, inciso IX), sendo dispensado o reconhecimento de 
firma apenas se condutor e proprietário comparecerem ao órgão de trânsito autuador, 
para assinatura da indicação, perante servidor do órgão (§ 7º do artigo 4º); entretanto, tal 
exigência foi retirada na redação da Resolução nº 404/12. 
 
06. Cláusula de responsabilidade, no lugar da assinatura 
 Na impossibilidade de assinatura do condutor indicado, a Resolução nº 149/03 
previa a possibilidade de juntada de documento em que conste “cláusula de 
responsabilidade” por infrações cometidas na condução do veículo (artigo 6º, parágrafo 
único). A nova redação da Resolução nº 404/12 aponta duas situações: I – Ofício do 
representante de órgão ou entidade da Administração pública, para veículos oficiais; e II 
– Cópia de documento com a cláusula de responsabilidade, para veículos das demais 
pessoas jurídicas (artigo 4º, § 1º). 
 Embora a norma tenha incorporado uma regra mais maleável para os veículos 
oficiais, a redação do inciso II limitou a cláusula de responsabilidade apenas para 
pessoas jurídicas (o caso é bastante comum para veículos de Empresas, bem como para 
locadoras de veículos), mas não permitirá o mesmo procedimento para pessoas físicas 
(por exemplo, no caso do antigo proprietário, até que o veículo seja efetivamente 
transferido por quem o adquiriu). 
 
07. Aplicação de multas com base em confissão 
 Uma nova regra, bastante questionável, é a prevista no § 2º do artigo 4º da 
Resolução nº 404/12, que determina a aplicação de mais duas multas, quando o 
proprietário indicar condutor que se encontra impossibilitado de dirigir (sem possuir 
CNH, CNH suspensa/cassada, CNH de categoria diferente, CNH vencida há mais de 
trinta dias, ou sem observância das restrições da CNH). 
 Nestes casos, em vez de simplesmente recusar a indicação efetuada, como é 
feito atualmente, o CONTRAN entende que o órgão de trânsito deve lavrar mais dois 
autos de infração: um ao condutor, pela infração do artigo 162, em um de seus incisos, e 
outro para o proprietário (exceto se ele for o próprio condutor), por entregar veículo a 
pessoa nestas condições (artigo 163). A sistemática contempla, portanto, a aplicação de 
multas com base em “confissão indireta e presumida” do proprietário, prevendo, ainda, 
que, não obstante a data da infração, o prazo para expedição da notificação da autuação 
seja contado a partir da data do protocolodo Formulário de identificação do condutor. 
 Destaco, neste procedimento, três principais entraves, além da questionável 
punição por presunção: 
 
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1º. As infrações de trânsito dos artigos 162 e 163 são de competência estadual, 
conforme Resolução do CONTRAN nº 66/98 e, portanto, não poderão ser objeto de 
autuação, quando a indicação do condutor for relativa à autuação imposta por órgão 
municipal de trânsito, o qual não poderá coibir aquelas condutas infracionais; 
2º. A data, a hora e o local das infrações de trânsito autuadas desta forma terão 
de ser as mesmas relativas à primeira infração, que teve o condutor identificado e, 
portanto, haverá uma dificuldade para processamento de autos de infrações lavrados por 
condutas cometidas há vários dias; 
3º. As autuações pelo artigo 163, quando combinadas com os incisos I e II, 
TERÃO de ser levadas ao conhecimento da autoridade de polícia judiciária (Delegado 
de polícia), com circunscrição sobre o local de cometimento da infração, por se tratarem 
de indícios da prática de crime de trânsito do artigo 310 do CTB, que é classificado 
como “de mera conduta”, sob pena de o servidor responsável, no órgão de trânsito, 
responder pela contravenção penal do artigo 66, inciso I, da Lei de Contravenções 
Penais – Decreto-lei nº 3.688/41 (“Deixar de comunicar à autoridade competente crime 
de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a 
ação penal não dependa de representação"). 
 
08. Análise de reincidência de indicação de condutor 
 O § 6º do artigo 4º da Resolução nº 404/12 estabelece que os órgãos e 
entidades de trânsito deverão registrar as indicações de condutor em base nacional de 
informações, administrada pelo DENATRAN, o qual disponibilizará os registros de 
indicações do condutor, de forma a possibilitar o acompanhamento e averiguações das 
reincidências e irregularidades nas indicações de condutor infrator, sendo que as 
irregularidades, capazes de configurar ilícito penal, deverão ser comunicadas à 
autoridade de polícia judiciária (§ 7º). 
 
09. Equiparação de possuidor ao proprietário 
 O artigo 7º da Resolução nº 404/12 ampliou a previsão constante do artigo 4º 
da Resolução nº 149/03 (que tratava apenas dos veículos em nome de sociedade de 
arrendamento mercantil), para equiparar o possuidor ao proprietário do veículo, no caso 
de penhor, contrato de arrendamento mercantil, comodato, aluguel ou arrendamento não 
vinculado a financiamento, desde que o contrato tenha vigência igual ou superior a 180 
(cento e oitenta) dias. 
 
10. Análise do mérito na Defesa da autuação 
 Ao tratar da Defesa da autuação (chamada por muitos de “Defesa prévia”), o 
artigo 8º da Resolução nº 404/12, trouxe, taxativamente, a necessidade de que a 
autoridade de trânsito aprecie também o mérito das alegações (já que, atualmente, o 
entendimento predominante é o de que a Defesa da autuação deve se cingir apenas aos 
aspectos formais do auto de infração lavrado). 
 
11. Interposição de Defesa da autuação pelo proprietário E pelo condutor 
 
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 A Resolução nº 363/10 previa a análise em conjunto das Defesas da autuação, 
quando apresentadas pelo proprietário E pelo condutor (artigo 9º), sendo tal regra 
retirada da redação da Resolução nº 404/12. 
 
12. Regulamentação sobre a penalidade de advertência por escrito 
 A penalidade de advertência por escrito, apesar de prevista no artigo 267 do 
CTB, não tem sido aplicada pela maioria dos órgãos e entidades de trânsito e, até o 
presente momento, não tinha uma regulamentação específica, o que passou a constar do 
artigo 9º da Resolução nº 404/12, tendo sido prevista a possibilidade de sua imposição, 
em substituição à penalidade de multa, nas infrações de trânsito de natureza leve ou 
média (sem reincidência), de ofício (iniciativa do próprio órgão de trânsito), ou 
mediante solicitação do interessado, no período destinado à Defesa da autuação (não 
sendo válido o pedido à JARI – Junta Administrativa de Recursos de Infrações, por 
ocasião do recurso contra a penalidade de multa aplicada). 
 Haverá, entretanto, a necessidade de que o DENATRAN disponibilize 
transação específica para registro desta penalidade no RENACH e RENAVAM, bem 
como acesso ao prontuário dos condutores e veículos para consulta dos órgãos de 
trânsito, a fim de verificar eventuais reincidências (com este registro específico, o 
CONTRAN ainda entendeu que a advertência por escrito, além de eliminar o fator 
pecuniário da sanção de multa, também não deve implicar em pontuação no prontuário 
do infrator). Enquanto tal acesso não estiver disponível, para que a autoridade de 
trânsito tenha condições de aplicar a advertência, de ofício, tal penalidade somente 
poderá ser aplicada por solicitação da parte interessada, que deverá juntar, ao 
requerimento, certidão de prontuário, emitida pelo órgão executivo de trânsito de 
registro de sua Carteira Nacional de Habilitação. 
 Além do acesso aos prontuários, prevê o § 10 do artigo 9º, que o 
DENATRAN também deve disponibilizar o endereço dos infratores aos órgãos e 
entidades de trânsito. 
 
13. Informação, ao proprietário, dos resultados de recurso 
 O artigo 15 da Resolução nº 404/12 obriga que os órgãos de trânsito informem 
ao interessado o resultado de seus recursos, bem como eventual recurso da autoridade, 
contra a decisão de primeira instância (o que, aliás, já é feito por vários órgãos de 
trânsito). 
 
14. Contagem de prazo 
 O artigo 18 da Resolução nº 404/12 prevê como deve ser feita a contagem de 
prazos para apresentação do condutor e interposição da defesa da autuação e dos 
recursos: em dias consecutivos, excluindo-se o dia da notificação, e incluindo-se o dia 
do vencimento, com prorrogação até o primeiro dia útil, se cair em feriado, sábado, 
domingo, em dia que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. 
 
15. Possibilidade de se refazer a notificação 
 
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 O artigo 19 da Resolução nº 404/12 estabelece que, no caso de falha das 
notificações, a autoridade de trânsito poderá refazer o ato, observados os prazos 
prescricionais (reconhecidos, pela própria norma, como sendo os constantes da Lei nº 
9.873/99, ou seja, cinco anos) 
 Tal dispositivo é, a meu ver, incompatível com a criação da notificação por 
Edital, posto que esta supriria qualquer tipo de “falha” que tivesse ocorrido. Para que 
haja, destarte, uma conciliação entre a desnecessidade de Aviso de Recebimento – AR 
(posição que defendo), a inovação da Notificação por Edital e a possibilidade de se 
refazer a Notificação, entendo que o procedimento a ser adotado deve atender à seguinte 
sequência: 
1º. Expedição de Notificação, por remessa postal simples; 
2º. Publicação de Notificação por Edital, exclusivamente nos casos de 
correspondência devolvida, por “destinatário desconhecido” ou “endereço 
incorreto/inexistente”; 
3º. Notificação pessoal, nos casos em que o proprietário reclamar que não foi 
notificado, com reinício do processo administrativo, desde a Notificação da autuação (se 
este for o caso). 
 Ressalto que esta não é, todavia, a sistemática expressa da Resolução nº 
404/12, mas minha posição pessoal sobre o tema, com a qual finalizo as presentes 
considerações, sobre as mudanças no processo administrativo de trânsito. 
 
 São Paulo, 03 de julho de 2012. 
Fonte: Disponível em: http://www.ctbdigital.com.br/?p=InfosArtigos& Registro=178& 
campo_busca=1&artigo= 
 
Faça uma síntese das principais ideias deste capítulo: 
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ACIDENTES DE TRÂNSITO NO BRASIL: DADOS E TENDÊNCIAS 
 
Maria Helena P. de Mello Jorge; Maria Rosário D. O. Latorre 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O conhecimento da situação da mortalidade no Brasil mostra, atualmente, a ocorrência de cerca de 
800.000 óbitos/ano. Do ponto de vista da causa, chama a atenção o fato de aproximadamente 25% serem 
conseqüentes a problemas cardiovasculares, e isso em um país que apresenta uma mortalidade infantil 
ainda alta e aquela por doenças infecciosas e parasitárias em valores absolutamente não-desprezíveis. 
Essa situação confere ao Brasil, por um lado, características de área desenvolvida e, por outro, de 
subdesenvolvimento. É importante notar que cerca de 20% das mortes estão sob a rubrica "sinais e 
sintomas mal-definidos", grupo que engloba, segundo disposições internacionais, tanto os casos em que 
não se conseguiu chegar a um diagnóstico preciso como aqueles em que não houve assistência médica. 
Este quadro reforça a colocação do Brasil como área não-desenvolvida. Com cerca de 12% do total de 
óbitos aparecem as causas externas, representadas pelos acidentes de trânsito, outros acidentes e as 
violências auto e heteroconsumadas, respectivamente os suicídios e homicídios. Em seguida estão os 
neoplasmas, as doenças do aparelho respiratório, e as doenças infecciosas e parasitárias (MS, 1980/1993). 
As causas externas são consideradas de grande importância e representam um sério problema de saúde 
pública. Nessas causas estão envolvidos dois tipos de eventos: a natureza da lesão apresentada pelo 
paciente e o tipo ou circunstância do acidente que a produziu. Do ponto de vista da mortalidade, a causa 
básica codificada, conforme definição internacional (OMS, 1978), é "a circunstância em que o acidente se 
verificou" ou "a causa que produziu a lesão que originou a morte", pois é sobre esta causa que será 
necessário agir para evitar que a morte venha a acontecer. Essas causas chamam a atenção, 
fundamentalmente, porque, além de ocorrerem em grande número, atingem, na sua maioria, uma 
população jovem. Elas se constituem na principal causa de morte no grupo etário de 5 a 39 anos de idade, 
sendo que, em algumas áreas, já são a causa mais importante desde a faixa etária de 1 ano de idade (Mello 
Jorge, 1990). Dados para o Brasil mostram que, para algumas idades, os acidentes e violências chegam a 
ser responsáveis por mais de 50% dos óbitos. No município de São Paulo, no grupo de 15 a 19 anos, esses 
valores atingem mais de 80% (Mello Jorge, 1988). A concentração de mortes nas baixas idades e no 
adulto jovem, bem como os elevados valores com que estas se apresentam, farão com que os óbitos por 
causas externas representem um dos mais importantes grupos de causas, quando se estuda o indicador de 
saúde "anos potenciais de vida perdidos (APVP). Bangdiwala et al. (1985) consideram que essas causas 
são responsáveis por uma perda de cerca de 30 anos na expectativa de vida nos países americanos em 
desenvolvimento. No Brasil, o total de mortes por acidentes e violências passou de 55.240, em 1977, para 
94.421, em 1987, com coeficientes de cerca de 50 para cerca de 70 por 100.000 habitantes no período, 
representando aumentos de 70,9% e 40,0%, respectivamente. 
Neste panorama, os acidentes de trânsito correspondem a uma importante parcela. No mesmo período, 
eles vêm sendo responsáveis por mais da quarta parte do total de óbitos por causas externas, o que 
representou, segundo os dados de 1988, cerca de 30 mil mortes. A ocorrência dessas mortes nos Estados e 
Capitais brasileiras obedece a padrões diferentes. É importante conhecer sua distribuição segundo 
variáveis como sexo e idade, de forma a que esta sirva de embasamento para programas específicos que 
objetivem a reversão deste quadro. 
Evidentemente, o problema dessas causas escapa unicamente à esfera de competência do setor saúde. Os 
ferimentos e as mortes delas decorrentes são causados por uma série não-pequena de fatores 
 
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biopsicossociais, econômicos e políticos cuja solução não é fácil. Será, entretanto, sobre o setor saúde que 
recairá o ônus maior, pois é necessário que o sistema médicohospitalar esteja aparelhado para o 
atendimento das emergências da população envolvida. Além de todo o contingente de pessoas que 
chegam ao óbito, é importante lembrar daquelas que ficam com seqüelas, algumas às vezes irreversíveis. 
Nos Estados Unidos, em 1987, só os acidentes de trânsito foram responsáveis, além de 47 mil mortes, por 
cerca de 1,8 milhões de indivíduos com incapacitação física, dos quais 60 mil com lesões cerebrais e 40 
mil com lesões de medula espinhal (Agran et al., 1990). Desta forma, compete ao setor saúde funcionar, 
ao menos, como aglutinador das demais áreas envolvidas, no sentido de minimizar essa importante 
questão. 
Recente publicação da Organização Mundial da Saúde (1989), relativa a novos enfoques para a segurança 
viária, distingue diferentes grupos de países, no tocante aos acidentes de trânsito: 
a. Países que, desde a década de 70, haviam adotado programas destinados a diminuir o número de 
acidentes e que, com políticas destinadas à melhoria da rede viária, chegaram a atingir uma estabilidade, 
porém, mais recentemente, apresentam sinais de piora da situação. Inclui-se nesta categoria a maioria dos 
países industrializados; 
b. Países com intermediário nível de desenvolvimento, os quais apresentam frota automobilística 
crescente e elevadas taxas de mortalidade por acidentes de trânsito, principalmente nas idades jovens. 
Pertencem à esta categoria localidades que incrementaram seus programas de segurança a partir da 
década de 80; 
c. Países em desenvolvimento, onde as taxas de mortalidade mais elevadas ainda são representadas pelas 
doenças infecciosas. Possuem frota automobilística pequena, mas os acidentes são responsáveis por 
lesões graves e elevado número de seqüelas, o que, evidentemente, representa um alto custo para o país. 
A Tabela 1 mostra os coeficientes para diferentes países, em anos próximos a 1988. Segundo esta 
publicação, os dados apresentados para o Brasil estão entre os mais elevados, tanto para o sexo masculino 
como para o sexo feminino, justificando-se, portanto, qualquer estudo que se faça a esse respeito. 
 
TABELA 1. Coeficientes de Mortalidade para Acidentes de Trânsito de Veículos a Motor (por 100.000 
habitantes), Segundo Sexo em Diferentes Países Anos Próximos a 1988 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1994000500003&lng=pt&nrm=iso%23tabela1
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Este trabalho tem como objetivo estudar os acidentes de trânsito em seus aspectos epidemiológicos, 
visando descrever a sua mortalidade em áreas brasileiras segundo variáveis consideradas importantes 
deste ponto de vista e analisar a sua tendência. 
 
MATERIAL E METODOLOGIA 
O material utilizado para a análise do problema diz respeito à totalidade de óbitos por essas causas 
captados pelo Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. É importante salientar