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OPERACIONALIZAÇÃO DO TRÂNSITO NO ÂMBITO MUNICIPAL E ESTADUAL AULA 6 Prof.ª Luiza Simonelli 2 CONVERSA INICIAL Artefatos tem política? Faremos, nesta aula, uma breve reflexão do artigo de Langdon Winner. Trataremos, ainda, de dois tipos de tecnologia: autoritária e democrática. São objetivos desta aula, para se aferir conhecimento: a. conhecer tecnologias aplicáveis à realidade das cidades; b. demonstrar a tecnologia aplicada em situações envolvendo decisões e engenharia; c. demonstrar a tecnologia aplicada em situações envolvendo decisões e fiscalização; d. demonstrar a tecnologia aplicada em situações envolvendo decisões e educação para o trânsito; e. demonstrar o Desafio Intermodal como metodologia de Educação para o Trânsito. TEMA 1 – TECNOLOGIAS APLICÁVEIS À REALIDADE DAS CIDADES A tecnologia é uma das ferramentas mais importantes na construção de cidades para pessoas, como também na aplicação da mobilidade segura, nas três principais áreas: engenharia, fiscalização e educação para o trânsito. Entretanto, há tantas novidades no mundo tecnológico que é preciso inserir as pessoas nesses cenários urbanos, sob pena de a ferramenta excluí- las. Trazemos aqui algumas experiências construídas de maneira coletiva que tiveram por objetivo conhecer novas formas de fiscalizar, de educar para o trânsito e de monitorar a infraestrutura existente e outras implantadas em Curitiba entre os anos de 2013 e 2016. Em setembro de 2013, deu-se publicidade à Portaria 100, que chamou interessados em apresentar técnicas de fiscalização e monitoramento eletrônico de trânsito por meio da demonstração de equipamentos utilizados, tecnologias empregadas, dados de funcionamento, exemplos de utilização em outros centros urbanos, dentre outros elementos. A apresentação e as análises das tecnologias apresentadas foram analisadas pelos técnicos do Departamento de Engenharia, Departamento de Fiscalização e Departamento de Informações. A decisão de publicar a Portaria para o chamamento de pessoas jurídicas com o propósito de apresentar tecnologias foi, entre outras questões, em função 3 de processo licitatório instaurado em 2012 pela Prefeitura de Curitiba com o objetivo de contratar serviços de fiscalização e monitoramento eletrônico. Os serviços a serem contratados contemplavam os sistemas de laços intrusivos e não intrusivos. Ocorre que o certame foi rechaçado em esfera administrativa e judicial por não se comprovar eficiência da captação de imagens para autuar os infratores por excesso de velocidade, avanço de sinal vermelho, conversão proibida, entre outros. Tecnologia precisa incluir e ser útil para o serviço público. Gargalos em segurança viária são sempre passíveis de serem enfrentados. Em dias de chuvas intensas, os picos de energias sacrificavam muito a fluidez do trânsito na capital do Paraná, por exemplo, visto o apagão dos semáforos e o necessário trabalho dos agentes de trânsito; no entanto, isso impactava em outras atividades exclusivas desses agentes. Em 2014, a tecnologia de nobreak para semáforos com vistas a manter a operação dos equipamentos mesmo com picos e energia resolveu a questão. Foram instalados vários desses equipamentos, especialmente nos cruzamentos com fluxo mais intenso. TEMA 2 – TECNOLOGIA APLICADA EM SITUAÇÕES ENVOLVENDO DECISÕES E ENGENHARIA Como já dito, a tecnologia precisa incluir. Em 2014, o Núcleo de Psicologia da Universidade Federal do Paraná – UFPR, por meio de pesquisa, demonstrou que pessoas idosas necessitavam de mais tempo para uma travessia segura em cruzamentos com sinalização semafórica. Dessa forma, a Coordenação de Operação da Secretaria de Trânsito de Curitiba – Setran implantou em dezenas de cruzamentos tempos especiais no semáforo para idosos e pessoas com deficiência. Esse serviço, além da UFPR e Setran, contou com o sistema de bilhetagem da Urbanização de Curitiba – Urbs, que possibilitou acesso aos dados das pessoas idosas e com deficiência, as quais já se utilizavam do cartão de isento do pagamento de passagem. Verificou-se por intermédio da pesquisa realizada com 469 idosos com idades entre 60 e 89 anos que a velocidade média geral pela pesquisa seria de 1,24 m/s. A implantação desses semáforos foi considerada de caráter inclusivo: além de prevenir mortes em cruzamentos, a tecnologia desenvolvida foi também merecedora do “Oscar do Trânsito”, honraria conferida à Prefeitura de Curitiba, em novembro de 2015, pela Federação 4 Internacional de Automobilismo-FIA, por meio do Prince Michael Internacional Road Safety Awards1. Quando a Prefeitura de Curitiba resolveu implantar a primeira Área Calma do Brasil, não o fez como num “passe de mágica” ou como sendo algo novo a ser “tirado da cartola”. Tudo foi fundamentado em dados, como o desembarque de mais de 500 mil pessoas nas primeiras horas da manhã, especialmente usuários do transporte coletivo que desembarcavam em 21 paradas, entre terminais e estações-tubo, todos nesses 140 quarteirões urbanos, como também mais de 30 óbitos e dezenas de feridos. Foram ainda implantados 12 radares no âmbito dessa área, com velocidade máxima de 40 km/h. Essa medida tornou-se como impopular e foi muito rechaçada pela população, entretanto, foi de eficácia exemplar, visto não se ter registro de nenhum óbito e uma redução de 70% nos acidentes segundo dados do Corpo de Bombeiros. As Vias Calmas também foram implantadas em Curitiba com o propósito de garantir segurança viária e trazer para a linguagem da cidade um novo desenho por meio do termo “compartilhamento de vias”. Este contempla a possibilidade real de diversos modais se deslocarem no mesmo sentido na velocidade máxima de 30 km/h, além da presença constante do modal mais importante, o pedestre. 1 Disponível em: <http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/projeto-de-semaforos-inteligentes-de- curitiba-ganha-premio-internacional/38227>. Acesso em: 14 out. 2019. cris Highlight 5 Figura 1 – Polígono da implantação da Área Calma em Curitiba-PR Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba. TEMA 3 – TECNOLOGIA APLICADA EM SITUAÇÕES ENVOLVENDO DECISÕES E FISCALIZAÇÃO A fiscalização eletrônica foi muito importante para que os efeitos da redução de velocidade fossem registrados após a implantação da Área Calma e a consequente redução de velocidade para 40 km/hora, em Curitiba. Segundo dados do Itamaraty, durante a Second Global High-level Conference on Road Safety: Time for Results, 170 países se fizeram presentes por seus chefes de Estado ou ministros, assinaram a Declaração de Brasília, entretanto, o documento não fulcrou, com precisão, o compromisso de recomendação literal 6 de velocidade. Segundo a WRI Brasil (2015), o risco de morte de uma pessoa atropelada pelo condutor a 60 km/h é de mais de 80%. Se o veículo estiver a 50 km/h, a vítima pode sofrer ferimentos, mas com nível de gravidade bem menor, e aos 40 km/h, haverá tempo de evitar o atropelamento. Figura 2 – Redução de velocidade e redução de riscos Fonte: WRI Brasil, 2015. O estacionamento público regulamentado das cidades é um dos garantidores da rotatividade em vagas públicas, pois o cidadão adquire, mediante pagamento, o direito de ocupar espaço público por determinado tempo. Diversas cidades testam ou já testaram o sistema de parquímetro ou aplicativos, pagos por meio de cartões de crédito ou débito. Em 2015, por meio da Resolução n. 535, o Conselho Nacional de Trânsito – Contran, autorizou a fiscalização por videomonitoramento em vias urbanas, nos termos do parágrafo 2.º do art. 280 do CTB. 7 TEMA 4 – TECNOLOGIA APLICADA EM SITUAÇÕES ENVOLVENDO DECISÕES E EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO Não é fácil convencer a sociedade de que a redução de velocidade éum ganho coletivo diante do argumento do ganho de tempo, por exemplo. Somente um processo educativo contínuo e significativo pode transformar realidades. Temas como a mobilidade, trânsito e segurança viária são casos típicos do distanciamento entre o ensino-aprendizagem e o conhecimento científico, pois se velocidade de veículos motorizados é uma das grandes causas de mortes, como não pode ser possível a aplicação de Ciências para compreender o fato e relação direta desta com o estudo da física, estando presentes a massa e o impacto, todos potencializados pela velocidade. As situações com que o aluno mais se identifica despertarão um maior interesse e, nesse momento, pertencimento ao contexto. Os assuntos mais relevantes para si e para a comunidade que vive devem aparecer como os eleitos, e o melhor de tudo, com relevância para se ir em busca da solução. Quando ocorre a construção conjunta da realidade, esta se transforma em conteúdo programático; elege-se o universo dos temas, o universo mínimo temático e por consequência, os temas geradores. Tudo isso é ensinamento de Paulo Freire (2017). Freire (2017 não concebe os conteúdos programáticos como imposição, mas sim a devolução organizada e sistematizada daqueles elementos importantes para o povo. Trânsito pode ser um tema gerador que tem todas as possiblidades de despertar nos alunos, nos professores e na comunidade local o interesse, a investigação e a apresentação de resoluções conjuntas. Por certo que isso é construção do conhecimento. A educação para o trânsito precisa tomar proporções de tema essencial para o bem-viver das pessoas em sociedade. Em que pese o tema ser transversal, é importante sistematizar esse ensino por meio dos efeitos dos aparatos tecnológicos, como o veículo e velocidade. Faz-se necessário que as cidades contemplem as suas escolas públicas de trânsito e que este seja um espaço, um fórum de discussões permanentes sobre os efeitos da mobilidade e a necessária compreensão pela Ciência. Pois bem, para se praticar a educação para o trânsito e iniciar a possível transformação, é essencial que o ensino-aprendizagem acolha o conhecimento 8 primeiro do aluno, como também sistematize o ensino em metodologias apropriadas ao tema, na mesma linha da lição de Freire (2017). No caso de Curitiba, a implantação da Escola Pública de Trânsito (Eptran) e a decisão de reduzir velocidades nas principais vias foram decisivas na redução expressiva do número de mortos e feridos, pois se definiu a educação como essencial para a formação de taxistas, ciclistas, motociclistas, condutores do transporte coletivo e do veículo particular, e pedestres. TEMA 5 – DESAFIO INTERMODAL COMO METODOLOGIA DE EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO Diversas foram as ações da Eptran/Curitba que contemplaram o conhecimento científico para facilitar a compreensão sobre trânsito, mas uma das mais efetivas foi a ação conjunta entre Secretarias Municipais de Trânsito e de Educação e universidades federais do Paraná. A Eptran, em conjunto com a Secretaria de Educação de Curitiba, sob a coordenação do Professor Doutor Nestor Cortez Saavedra Filho e do servidor José Carlos Belotto, da UFPR, desenvolveu o projeto Desafio Intermodal (DI) em escolas municipais. O desafio intermodal foi um instrumento que buscou demonstrar a compreensão de fatos cotidianos, mas sobre o prisma do conhecimento científico. Saavedra (citado por Belotto et al., 2014) ensina que o trabalho realizado se ampara no contexto no qual os estudantes estão inseridos. Em estudos recentes, por ocasião do 3.º Fórum Mundial da Bicicleta, realizado no Brasil, mais especialmente em Curitiba, diversos autores compilaram artigos em uma edição da obra Cidade em Equilíbrio (2014). O Professor Doutor da UTFPR, Nestor Saavedra, e também a Professora Doutora Marcia de Andrade Pereira, da UFPR, dedicaram seus artigos ao tema “desafio intermodal”. Vejamos o registro de Pereira (citado por Belotto et al., 2014 pag.221) sobre o desafio. O Desafio Intermodal, evento que ocorre todo o ano em diversas cidades do Brasil e do mundo, consiste em reunir vários modais de transporte diferentes saindo ao mesmo tempo de um mesmo local em horário de pico e devendo chegar a um destino comum. Segundo Lacerda (2014), o desafio teve início no Brasil em 2006, no Rio de Janeiro, por iniciativa da Associação de Transporte Ativo [...] o desafio tem por objetivo avaliar diversos modais de transporte, individuais ou coletivos, motorizados ou não, em percurso predefinido, com ponto 9 inicial, intermediário e final, buscando encontrar dificuldades de cada modal e ainda qual se mostra mais eficiente. A mera observação do que se passa ao entorno da escola pode render uma série de novos comportamentos e facilitar o ensino-aprendizagem com mais significado para quem aprende. É observar o seu bairro, a sua rua, a qualidade da sua calçada, é descobrir que a bicicleta é um modal de transporte tão importante quanto os outros, com a vantagem de fazer bem ao corpo humano e ao meio ambiente. Saavedra (citado por Belotto et al., 2014) contextualiza a necessidade de compreensão sobre o que se ensina e o que se aprende. O referido autor analisa a questão sobre velocidade apontando a seguinte situação: entre um veículo popular, que atinge velocidade de mais de 150 km/h, e um ciclista, fazendo uso da bicicleta em uma velocidade não superior a 30 km/h, por vezes, o ciclista chega em um mesmo ponto antes do veículo. A realização do DI tem algumas etapas. Primeiramente se requer a demonstração para a direção e a supervisão pedagógica da escola municipal, da atividade desafio intermodal e a metodologia desenvolvida e revestida pelos Três Momentos Pedagógicos. Correlacionar ações cotidianas, como movimento, deslocamentos, velocidade e localização, ao conhecimento científico é uma das tarefas do desafio intermodal, entretanto, a compreensão somente será possível por meio dos momentos pedagógicos, da problematização, da organização do conhecimento e a aplicação. Uma vez que a direção escolar e a equipe pedagógica se atentem aos avanços que se pode ter na educação para o trânsito, permeada por todas as disciplinas, ocorre a sensibilização também do corpo docente sobre o que é o desafio intermodal e os reflexos da atividade como agregadora na introdução de conteúdos nas áreas de conhecimento, com o olhar às realidades do cotidiano. A problematização inaugura os momentos e tem a incumbência de fazer o aluno sentir a necessidade da aquisição de outros conhecimentos, não mais somente àqueles do senso comum, mas problemas que precisam ser enfrentados. O aluno precisa ser estimulado a querer resolver o seu problema (Delizoicov, 2011). As vivências vêm à tona nesse momento, e cabe ao professor coordenar a exposição das ideias, porém, com o propósito de lançar dúvidas sobre o tema e não concluir nenhuma resposta. Desse ensaio, o professor perceberá se há limitações ou falhas no conhecimento, visto que, de modo geral, há um descompasso entre a realidade e os conteúdos expostos nas salas de 10 aula, criando, assim, um total desinteresse pelo que se tenta ensinar. O aluno é portador de conhecimento (Delizoicov, 2011) e muito se despreza daquilo que o aluno já sabe e compreende. Falta, desse modo, articulações inovadoras capazes de fazer com que o saber já internalizado seja transformado em conhecimento científico. Para ir adiante e preparar os alunos para o segundo momento, a organização do conhecimento, cabe ao professor coordenar a exposição das ideias com o propósito de trazer para o centro do debate o tema gerador e, ao mesmo momento, os pontos perspicazes desse tema. A organização do conhecimento carrega uma incumbência ainda mais agregadora, pois tem a condição de entrelaçar a exposição de ideias dos problemas, a vivência e o conhecimentodos alunos, assim como a articulação com os conteúdos em Ciências trazida pela questão problematizadora (Delizoicov, 2011). A aplicação do conhecimento, nas palavras de Delizoicov (2011), destina-se a abordar sistematicamente o conhecimento que vem sendo incorporado pelo aluno. Então, a metodologia se debruça sobre a análise e a interpretação das situações iniciais, que deram azo ao estudo, como também outras que surgiram ao longo dos momentos. Se quer, nesse momento, solucionar problemas apontados e debatidos nos momentos anteriores. Para sintetizar as etapas do DI, observemos o quadro a seguir. A estrutura do quadro é baseada nos ensinamentos de Delizoicov (2011), entretanto, a metodologia aplicada para a realização do desafio intermodal foi idealizada pelas equipes das Secretarias de Educação e de Trânsito de Curitiba, por professores e alunos da UTFPR e UFPR. 11 Quadro 1 – Etapas do DI 1. Problematização 2. Organização do Conhecimento 3. Aplicação do conhecimento A meta desse momento é problematizar o conhecimento que os alunos vão expondo, de modo geral, relativo ao tema e às situações significativas, primeiramente em pequenos grupos e mais tarde para o grande grupo Delizoicov (2011). Desafio Intermodal Em sala de aula, nesse Momento Pedagógico, a proposta de realizar o desafio intermodal já é de conhecimento de todos. O professor expõe a questão principal, que é a observação do trânsito local, os deslocamentos, os modais e a escola como polo de tráfego de veículos e pedestres. Todos os alunos expõem suas ideias sobre o trânsito e suas implicações. Tudo foi registrado para posteriormente ser debatido. Sob a orientação do professor, os conhecimentos selecionados durante a Problematização são estudados. Então, a resolução de problemas pode desempenhar sua função formativa na apropriação do conhecimento específico Delizoicov (2011). Desafio Intermodal Entre o Primeiro Momento – a Problematização e o Segundo Momento – a Organização do Conhecimento, o desafio intermodal foi realizado. Alunos, professores e comunidade escolar saíram de um mesmo ponto, em modais diferentes, passando por um ponto intermediário e retornaram ao ponto de partida. De volta à sala de aula, haverá a Organização do Conhecimento de forma integrada em cada disciplina, ou seja, assuntos como velocidade, espaços públicos, compartilhamento de vias e outros são resgatados, porém, sob o ponto de vista, do conhecimento científico. Exemplo: como os participantes do desafio intermodal que se utilizaram do transporte coletivo chegaram muito mais tarde que os outros modais. A meta desse momento é capacitar os alunos ao emprego do conhecimento, no intuito de formá-los para que articulem, constante e rotineiramente, a conceituação científica com situações reais (Delizoicov, 2011). Desafio Intermodal Os professores desenvolveram atividades que levaram os alunos a perceberem que, por meio do desafio intermodal, o trânsito foi compreendido como uma situação real, porém, com questões a serem resolvidas pela via do conhecimento científico, por exemplo, a necessidade de utilização de modais de transporte sustentáveis que causem menos poluição, acarretando dessa forma menos impactos ambientais e doenças. As disciplinas que foram trabalhadas somente nessa situação real: Geografia e Ciências. Ciências aborda o sistema respiratório e as complicações para a saúde causadas pelos gases lançados ao ar pelos milhões de veículos que circulam diariamente em vias públicas. Geografia aborda as questões relacionadas com os espaços públicos e a ocupação demasiada por veículos particulares em quilômetros nas cidades. Nesse ponto, é importante demonstrar, por meio de um fluxograma, os estágios pelos quais se passa o desafio intermodal. 12 Figura 3 – Estágios do desafio intermodal Como já também destacado, em 2015 se iniciou o desafio nas escolas da rede pública de ensino de Curitiba e se prolongou até 2017. A seguir, destacamos um dos exemplos da realização do DI e do uso da tecnologia para dimensionar para cada modal que participou o tempo e o custo, emissões de gases poluentes e classificação, levando-se em conta todos esses elementos. Quadro 2 – Escola A Ano de realização: 2016 Percurso: Saída da escola, sendo o ponto intermediário o Parque Tanguá e, a chegada, o retorno à escola. Público: 9 grupos e alguns participantes avulsos, representando 7 modos diferentes de transporte terrestre. Modais/Grupos: Bicicleta: 2 grupos; Bicicleta elétrica: 1 participante; Carro: 3 participantes; Corredor: 2 grupos e 1 participante; Motocicleta: 2 participantes; Ônibus: 1 grupo; Pedestre: 4 grupos. 5.1 Tempo e custos O cálculo dos resultados de tempo de cada meio de transporte considerou a média de tempo dos respectivos participantes, ou seja, os custos de cada modal foram calculados de acordo com a média do que foi gasto pelos desafiantes, com a respectiva fonte de energia. Na data do desafio, o preço das passagens de ônibus era R$ 3,70 e o preço médio da gasolina era em torno de R$ 3,60. Os modais com gastos irrelevantes (por exemplo, manutenção da bicicleta ou gasto com sola de calçado) foram desconsiderados. Não foram 13 considerados gastos com estacionamento público/privado do carro/moto ou possíveis multas. Tabela 1 – Classificação pela média tempo/custo/emissões por modal Modal Tempo Custos Emissões Média Carro 4 2 1 2,3 Carro elétrico 5 3 5 4,3 Corredor 3 5 5 4,3 Ônibus 2 1 2 1,7 Pedestre 1 5 5 3,7 Fonte: Programa Ciclovida/UFPR, 2015. Figura 4 – Tempo por modal Fonte: Programa Ciclovida/UFPR, 2015. Tabela 2 – Custo por modal Modal Custo Bicicleta R$ 0,00 Bicicleta Elétrica R$ 0,04 Carro R$ 1,08 Corredor R$ 0,00 Motocicleta R$ 0,36 Ônibus R$ 7,40 Pedestre R$ 0,00 Fonte: Programa Ciclovida/UFPR, 2015. 14 5.2 Emissões Os dados das emissões foram coletados por meio de parâmetros repassados por pesquisadores dos Institutos Lactec. Foram considerados somente os meios de transporte que emitiram poluentes. Os valores das emissões do modal ônibus foram divididos por 60, o que representa a parcela individual de poluente por pessoa em um ônibus com lotação média. Figura 5 – Poluentes por modal Fonte: Programa Ciclovida/UFPR, 2015. Figura 6 – Gases de Efeito Estufa por modal Fonte: Programa Ciclovida/UFPR, 2015. 15 5.3 Classificação Por serem sete meios de transporte, a avaliação foi realiza utilizando notas de um (pior nota) a sete (melhor nota). Para as três variáveis, a maior nota (7) corresponde ao menor tempo, ao menor gasto e à menor emissão de poluentes. Quando houver empate, os modais obterão a mesma nota. Nesse caso, a nota do modal seguinte não será dada em função do próximo número da sequência numérica, mas descontando o número de modais que empataram. Ao final, foi calculada a média das três variáveis. O modal com maior média é tido como o mais eficiente. Tabela 3 – Classificação pela média tempo/custo/emissões por modal Modal Tempo Custos Emissões Média Bicicleta 4 7 7 6,0 B. Elétrica 6 4 7 5,7 Carro 5 2 2 3,0 Corredor 3 7 7 5,7 Motocicleta 7 3 1 3,7 Ônibus 1 1 3 1,7 Pedestre 2 7 7 5,3 Fonte: Programa Ciclovida/UFPR, 2015. NA PRÁTICA Portaria – chamamento público para apresentação de novas tecnologias aplicáveis à engenharia, à fiscalização e à educação para o trânsito. FINALIZANDO a. Tecnologias aplicáveis à realidade das cidades. b. A tecnologia aplicada em situações envolvendo decisões e engenharia. c. A tecnologia aplicada em situações envolvendo decisões e fiscalização. d. A tecnologia aplicada em situações envolvendo decisões e educaçãopara o trânsito. e. O Desafio Intermodal como metodologia de Educação para o Trânsito. 16 REFERÊNCIAS BELOTTO, J. C. A. et al. (Org.). A cidade em equilíbrio: contribuições teóricas ao 3º Fórum Mundial da Bicicleta. Curitiba: Proec/UFPR, 2014. Disponível em: <http://www.ciclovida.ufpr.br/wp-content/uploads/2015/10/Cidade-em-Equil%C3% ADbrio.pdf>. Acesso em: 16 out. 2019. DELIZOICOV, D. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção Docência em Formação). FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 64. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017. WRI BRASIL. Impactos dos Limites de Velocidades em Áreas Urbanas. Disponível em: <https://www.mobilize.org.br/midias/pesquisas/impactos-da- reducao-dos-limites-de-velocidade.pdf>. Acesso em: 16 out. 2019.
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