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APOSTILA-SOCIOLOGIA-DA-EDUCAÇÃO(2)

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 SOCIOLOGIA: O QUE É? ........................................................................... 5 
2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ....................................................................... 7 
3 HOMEM E NATUREZA............................................................................. 10 
4 IMAGENS DE INADEQUAÇÃO PARA O TRABALHO NO FILME ........... 13 
5 O PAPEL POLÍTICO DA GREVE ............................................................. 16 
6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE ..................... 19 
7 O POSITIVISMO ....................................................................................... 21 
8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE ............................................................... 23 
9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO ........................................................... 26 
10 ENTENDENDO O CONCEITO .............................................................. 27 
11 SOCIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA .............................................. 30 
12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO ............................................................... 31 
13 O POSITIVISMO E A ESCOLA ............................................................. 32 
14 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL ................................... 34 
15 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E DA 
RACIONALIDADE ..................................................................................................... 36 
16 AÇÃO SOCIAL ...................................................................................... 38 
17 PARA ENTENDER UMA SÍNTESE ....................................................... 40 
18 RACIONALIZAÇÃO DO MUNDO SOCIAL ............................................ 43 
18.1 Karl Marx: a sociologia da luta de classes ...................................... 44 
19 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO ................................................ 45 
19.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo....................................... 46 
19.2 A atividade humana: A prática ........................................................ 46 
20 O QUE IMPORTAVA PARA MARX ENTÃO? ........................................ 47 
 
 
 
20.1 Ideologia, o que é? .......................................................................... 48 
21 A LUTA DE CLASSES ........................................................................... 50 
22 A CRÍTICA AO CAPITALISMO NA ARTE ............................................. 52 
23 A INFLUÊNCIA DA TEORIA MARXISTA .............................................. 55 
24 MARX E A EXPANSÃO DO CAPITALISMO ......................................... 57 
25 O ESTADO NA TEORIA MARXISTA ..................................................... 59 
26 REIFICAÇÃO, O QUE É? ...................................................................... 62 
27 A TEORIA DE DURKHEIM NA EDUCAÇÃO ......................................... 64 
28 WEBER E A EDUCAÇÃO ..................................................................... 66 
29 OS GRANDES SOCIÓLOGOS DO BRASIL ......................................... 68 
30 FLORESTAN FERNANDES .................................................................. 69 
31 DARCY RIBEIRO: O BRASIL COMO MISSÃO ..................................... 71 
32 GILBERTO FREYRE: AUTOR DE CASA GRANDE & SENZALA ......... 72 
33 SERGIO BUARQUE DE HOLANDA ...................................................... 74 
34 HOMEM CORDIAL: A IDENTIDADE BRASILEIRA NA VISÃO DE 
SÉRGIO BUARQUE. ................................................................................................. 75 
35 CAIO PRADO JUNIOR .......................................................................... 76 
36 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO .................................................... 78 
37 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ............................................................. 80 
38 CONCEITO DE EDUCAÇÃO................................................................. 83 
39 CAMPO DA SOCIOLOGIA. ................................................................... 85 
40 DESCOBERTA DA INFÂNCIA .............................................................. 89 
41 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ......................................................... 92 
42 REFLETINDO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO ............... 95 
43 REPRODUÇÃO NA ESCOLA................................................................ 98 
44 ESCOLA: DESIGUALDADE LEGÍTIMA? ............................................ 101 
45 A TRANSMISSÃO DO CAPITAL CULTURAL ..................................... 102 
 
 
 
46 RENDA E CULTURA: ATRIBUTOS FAMILIAR ................................... 104 
47 A ESCOLHA DO DESTINO E A QUESTÃO DO ETHOS FAMILIAR ... 106 
48 COMO A ESCOLA CUMPRE A FUNÇÃO DE CONSERVAR AS 
DESIGUALDADES SOCIAIS? ................................................................................ 108 
49 VIOLÊNCIA SIMBÓLICA ..................................................................... 111 
50 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO .............................................................. 112 
51 CAPITAL CULTURAL .......................................................................... 114 
52 SOCIOLOGIA NA ESCOLA ................................................................. 116 
53 PAULO FREIRE: A IMPORTANCIA DO PENSAMENTO EDUCACIONAL 
BRASILEIRO. .......................................................................................................... 118 
54 FREIRE E BOURDIEU ........................................................................ 121 
55 ESCOLA: UM AMBIENTE POLÍTICO .................................................. 123 
56 ENSINAR É TRANSFORMAR ............................................................. 126 
57 A SOCIEDADE NA VISÃO DE FREIRE .............................................. 129 
58 ENTENDENDO A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO .................................... 133 
59 ESCOLA TECNICISTA ........................................................................ 138 
60 E COMO FICA A FORMAÇÃO? .......................................................... 141 
61 FORMAÇÃO DOCENTE ..................................................................... 144 
62 RETRATO DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA .............. 146 
63 PARA VOCÊ ENTENDER O QUE SIGNIFICA CAPITAL HUMANO: .. 149 
64 CRÍTICA À TEORIA DO CAPITAL HUMANO ..................................... 151 
65 E EM WEBER? .................................................................................... 154 
66 OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA ..................................................... 155 
67 FECHANDO COM CHAVE DE OURO ................................................ 158 
67.1 Morin e a Educação ...................................................................... 160 
68 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ...................................................................... 163 
 
5 
 
 
1 SOCIOLOGIA: O QUE É? 
 
Fonte: educacaodialogica.blogspot.com.br 
A sociologia é antes de tudo uma ciência. Uma ciência social. Neste sentido 
você deve compreender que essa disciplina não pode ser identificada como 
simplesmente estudo da sociedade como é comumente definida pelo senso comum. 
Deve-se perguntar, portanto: que estudo e para qual sociedade? Significa dizer que 
por ser ciência ela possui um método de investigação. Mas antes de saber sobre os 
métodos de investigação e o paradigma do conhecimento da sociologia, é necessário 
reconhecer o universo histórico do seu surgimento. 
 
Antecedentes históricos 
A sociologia é parte integrante das ciências sociais juntamente com a 
antropologia e a ciência política. Isto significa que estas três disciplinas têm em comum 
tanto o paradigma de sua construção e constituição quanto sua metodologia. A busca 
do entendimento sobre a sociedade é possível imaginar,é um exercício que sempre 
esteve presente na vida das relações humanas, vimos que mesmo na Grécia, com os 
Sofistas, chamados também de pedagogos já se discutiam fatos sociais, políticas e 
economia. Pode-se dizer, então, que já existia a sociologia como ciência? 
http://educacaodialogica.blogspot.com.br/2013/04/o-que-e-sociologia-resenha-do-livro.html
 
6 
 
 
 
 
Fonte: pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br 
A sociologia como disciplina científica vai surgir no início do século XIX, como 
uma resposta acadêmica para o novo desafio da modernidade: o mundo estava se 
tornando cada vez menor e mais integrado, a consciência das pessoas sobre o mundo 
estava aumentando e dispersando. Os sociólogos não só esperavam entender o que 
mantinha os grupos sociais unidos, mas desenvolver um “antídoto” para a 
desintegração social. 
O termo sociologia foi criado pelo Francês Auguste Comte, que associou a 
palavra sócio do latin socius (associação) e o grego lógus (estudo). Ele pretendia 
juntar todos os estudos sobre a humanidade, incluindo história, economia e psicologia. 
Dois eventos foram marcantes para o início desta ciência: A revolução Industrial 
e a Revolução Francesa. 
 
 
http://pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br/2015/04/teoria-ou-concepcao-essencialista.html
 
7 
 
2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
Fonte: lingua-bocaberta.blogspot.com.br 
A Revolução Industrial, ocorrida na Europa (principalmente na Inglaterra) no 
século XVIII, mudou radicalmente a estrutura da sociedade. Homens passaram a ser 
substituídos por máquinas, que produziam mais e custavam muito menos. Isto fez com 
que os problemas sociais aumentassem, pois, muitas pessoas que antes trabalhavam 
de forma artesanal, ficaram sem emprego. Eram acostumadas a uma forma mais lenta 
de vida, no meio rural, trabalhando apenas para sobreviver da terra. Agora passariam 
a trabalhar muito mais para os empresários, ganhando às vezes menos do que 
estavam ganhando antes. 
 
Divisão de classes 
A sociedade se dividiu em Burgueses, os que detinham as fábricas e 
controlavam a economia, e os Proletariados, que tinham a força de trabalho. 
O capitalismo se fortaleceu quem produzisse mais, estava acima dos outros. 
 
 
 
 
 
http://lingua-bocaberta.blogspot.com.br/2013/05/revolucao-industrial-pioneirismo-ingles.html
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/
http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/
 
8 
 
 
 
Fonte: www.cinevest.com.br 
As mudanças no mundo do trabalho 
 
 
Fonte: kdfrases.com 
A revolução industrial mudou a forma e a estrutura do trabalho e das relações 
de produção. Da manufatura ao trabalho nas fábricas e nas indústrias. Este ponto é 
de fundamental importância para o seu entendimento das consequências que esta 
revolução trouxe para a humanidade de forma geral, mesmo que ainda nos seus 
primórdios é possível visualizar em longo prazo fortes transformações sentidas até 
hoje na estrutura de produção e reprodução social. 
 
http://www.cinevest.com.br/materias/Tempos-Modernos-trabalho-alienado-na-Revolucao-Industrial-Entenda-melhor-o-filme%2C2%2C28
http://kdfrases.com/frase/97315
 
9 
 
 
O sentido do trabalho 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, 
instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos 
fugidios. O sentido da palavra trabalho atribuído há séculos passados é responsável 
por inúmeros preconceitos e padrão relacionados à atividade que tem atribuído uma 
separação hierárquica de funções, que irá se refletir posteriormente em desigualdades 
sociais. 
A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, 
instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos 
fugidios. Assim, em sua própria terminologia, o trabalho carrega uma carga de esforço 
e desprazer, o que é extremamente compreensível em sociedades onde 
predominavam o trabalho forçado e que atividades produtivas eram desprezadas e 
executadas tão somente por escravos como na Grécia e Roma antigas, cabendo aos 
homens livres a execução de atividades intelectuais ligadas às ciências e às artes. 
Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando 
transformar conscientemente a natureza, é uma ação em que o homem media, regula 
e controla seu metabolismo com a natureza. 
 
http://pt.slideshare.net/leticiajahn/sociologia-o-que-trabalho
http://pt.slideshare.net/leticiajahn/sociologia-o-que-trabalho
 
10 
 
 
 
Fonte: kdfrases.com 
Uma sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o 
homem evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho. 
Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido 
ao trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza, 
através do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito próprio. 
Passa de ser dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho. 
 
3 HOMEM E NATUREZA 
 
Fonte: www.umqueddemarx.com.br 
http://kdfrases.com/frase/105389
 
11 
 
O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação entre 
os homens origina-se do trabalho. Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o 
homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente humana, 
pois assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir um objeto é 
necessário ao trabalhador elaborá-lo inicialmente em seu cérebro para só então partir 
para a execução. Já as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o 
joão-de-barro e sua casa) são meramente intuitivas, daí trabalho ser uma atividade 
exclusiva da espécie humana. 
Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário 
de meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo 
por isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital. Ao 
contrário de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no 
capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo 
determinado através de um contrato de trabalho. 
 
Atenção! 
 
Além do estabelecimento de um contrato de assalariamento que regula as 
relações capital-trabalho, algumas diferenças podem ser encontradas no trabalho sob 
o modo de produção capitalista em comparação com sociedades pré-capitalistas. 
Como já visto, o trabalho era desprezado na Grécia e Roma antigas, fazendo com que 
a socialização dos indivíduos ocorresse fora do trabalho, enquanto na sociedade 
capitalista a socialização dos indivíduos ocorre exatamente nas relações de trabalho. 
Percebe como o sentido atribuído ao trabalho vai sofrer alterações ao longo da 
história? Para você entender, principalmente o pensamento de Karl Marx, que é o 
sociólogo do conflito e da luta de classes, é imprescindível que você compreende 
antes como este autor considerava o trabalho. Para ele o elemento chave para a 
compreensão da dinâmica da sociedade capitalista. Neste sentido, sugiro que você 
faça anotação no seu caderno da disciplina porque este conhecimento lhe será útil 
mais tarde, tanto para a realização das suas atividades, quanto para entender a 
sociologia da educação dos autores pós Marx. 
 
 
12 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme 
Tempos Modernos 
A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante, com 
a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade 
são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca 
de empregos assalariados junto às nascentes indústrias. 
O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, 
passam a ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como 
vagabundosos que não se submetem a trabalhar para o capital, mesmo que o próprio 
capital não tenha interesse em absorver todo o trabalho posto à sua disposição. 
Assim, os capitalistas sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do 
processo produtivo, mas sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores 
Marx denominou de “exército industrial de reserva”. 
Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin de 1936, o 
diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento capitalista e seu 
processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora. Como diz o texto de 
introdução do filme, “Tempos modernos” é uma história sobre a indústria, a iniciativa 
privada e a humanidade em busca da felicidade. 
 
13 
 
A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições 
por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas. Além disso, 
havia recusado naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do 
mundo” o que agrava ainda mais sua situação. Chaplin passa a constar na “lista negra” 
de Hollywood durante a perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho 
nos EUA insustentável (seus filmes eram proibidos), levando-o a abandonar 
definitivamente os EUA em 1952. 
 
 
Fonte: mansaodocinefilo.blogspot.com.br 
No filme “Tempos Modernos”, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra-se 
na condição de operário. É ao auge do predomínio do padrão de acumulação 
taylorista-fordista, em que os trabalhadores têm suas habilidades substituídas por um 
trabalho rotineiro e alienado. É o predomínio da esteira rolante de Ford, do cronômetro 
de Taylor, do operário-massa. 
 
4 IMAGENS DE INADEQUAÇÃO PARA O TRABALHO NO FILME 
A inadequação de Carlitos com o trabalho alienado perpassa o tempo todo do 
filme. Na condição de operário ele tenta se adaptar, se esforça para inserir-se naquele 
novo mundo de produção em massa, máquinas gigantescas, exploração do trabalho, 
http://mansaodocinefilo.blogspot/
 
14 
 
mas também de greves e de organização sindical. Esta inadequação fica presente 
logo no início do filme, quando um bando de ovelhas brancas é mostrado e apenas 
uma delas tem a cor preta, certamente está representa o próprio Carlitos. A cena do 
bando de ovelhas é misturada com a cena dos operários entrando na fábrica, como 
se fossem animais indo para o abate, só que, na verdade, vão para a produção na 
fábrica. 
Como operário da fábrica, Carlitos se depara com a esteira de produção fordista 
que aumenta o ritmo de produção a todo instante, tornando a relação homem-máquina 
extremamente conflituosa, até o ponto em que o próprio Carlitos é engolido pela 
máquina, saindo de lá em uma condição de insanidade, momento em que ele 
abandona a condição de quase um autômato (repetindo um gesto mecânico mesmo 
quando não está trabalhando, fruto da alienação do trabalho) para uma situação de 
confronto direto em que ele sabota a produção, insurge-se contra o patrão e é 
internado como louco. 
 
 
Fonte: historiaeciajg.blogspot.com.br 
A contradição capital-trabalho está presente de forma clara no filme. O patrão 
fica numa sala armando quebra-cabeças e lendo jornal, ao mesmo tempo em que de 
http://historiaeciajg.blogspot.com.br/2014/11/capita
 
15 
 
um monitor controla todos os movimentos dos operários e dita o ritmo de produção a 
ser executado. 
Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica 
presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. Quando 
arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar 
um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além, 
de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o 
interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos 
demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o 
mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina. Quando 
assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir uma mesa. 
Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades 
nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. Quando ele 
está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando 
está no restaurante trabalhando como garçom e que improvisa um número musical 
cômico. Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom, 
em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de tarefas 
formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, parabenizado 
pelo patrão. 
A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta. 
Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. Na 
verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao gestual 
do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos 
modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu 
caso, “semi-falado”. Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de 
comer”, do alto-falante em que o patrão se dirige aos funcionários, mas em nenhum 
momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina. 
Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado, 
quando esquece a letra, sua amiga grita a ele: “Cante! Dane-se a letra! ”, e é o que 
ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido, 
mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história. 
Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do trabalho 
abstrato sobre o trabalho concreto, ou seja, ao capital não interessa a forma como 
 
16 
 
está sendo produzido ou que está sendo produzido, somente importa é que está sendo 
criado valor. Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que Carlitos produz, e 
certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, não existe qualquer 
identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a mercadoria produzida por 
ele. 
 
5 O PAPEL POLÍTICO DA GREVE 
 
Fonte: www.youtube.com 
Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos 
ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. Quando eclode a Grande 
Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado 
à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma bandeira (pretensamente 
vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores que fazia uma passeata na rua. 
Carlitos é visto como o cidadão comum, não politizado, mas que pelo simples gesto 
de buscar devolver a bandeira que tinha caído do caminhão é acusado de líder da 
revolta operária. Em outro momento, quando eclode uma greve na fábrica em que 
 
17 
 
trabalha, também por acidente é acusado de agressão a um policial que viria reprimir 
a greve. 
No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição, 
miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso? ” Ele responde: “levante a 
cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento 
contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo. 
Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas para 
a para produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam 
trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho 
alienado. Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do personagem 
Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o cinema falado 
tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os tais “tempos 
modernos”. O que representa o tempo da urbanização e do advento dos problemas 
sociais. 
O que conhecemos hoje como modernidade foi exatamente marcado por 
acontecimentosque fundaram e consolidaram o sistema capitalista de produção, ou 
seja: a relação capital X trabalho, o trabalho assalariado, a propriedade privada dos 
meios de produção, o consumo, o investimento em tecnologia, enfim, fatos 
relacionados â revolução científica e industrial. 
São as consequências destes acontecimentos sobre a sociedade como 
desemprego, desigualdades, injustiças, prostituição, mendicância, etc, que vai fazer 
com que Auguste Comte decida por criar a disciplina sociologia. 
Sugiro que se você ainda não viu o filme, que veja, ou veja novamente com um 
novo olhar a partir do que lido. 
 
Revolução Francesa 
A Revolução francesa é o outro evento que junto à Revolução Industrial 
representa um marco histórico importante para o surgimento da sociologia. 
 
Revolução Industrial é um marco em termos econômicos e tecnológicos, e a 
Revolução Francesa é importante no aspecto político, com a queda da bastilha 
inaugurou a passagem de uma sociedade de privilégios para uma sociedade de 
 
18 
 
direitos, sobretudo na dimensão formal, representada pelo documento produzido e 
bastante significativo que é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
Usualmente observa esta declaração ser apenas citada sem conhecer a fundo 
o seu teor e a sua importância para o que estamos estudando nestas primeiras aulas 
que é as consequências dos acontecimentos dos Séculos XVIII e XIX para o 
surgimento da sociologia. Na revista Nova Escola é possível encontrar uma reflexão 
acerca deste documento, conforme segue abaixo: 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi anunciada ao público 
em 26 de agosto de 1789, na França. "Ela está intimamente relacionada com a 
Revolução Francesa. Para ter uma ideia da importância que os revolucionários 
atribuíam ao tema dos direitos, basta constatar que os deputados passaram cerca de 
10 dias reunidos na Assembleia Nacional francesa debatendo os artigos que 
compõem o texto da declaração. Isso com o país ainda a ferro e a fogo após a tomada 
da Bastilha em 14 de julho do mesmo ano", explica o professor Bruno Konder 
Comparato, professor no Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São 
Paulo (USP) e da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. 
Havia urgência em divulgar a declaração para legitimar o governo que se 
iniciava com o afastamento do rei Luís XVI, que seria decapitado quatro anos depois, 
em 21 de janeiro de 1793. "Era preciso fundamentar o exercício do poder, não mais 
na suposta ligação dos monarcas com Deus, mas em princípios que justificassem e 
guiassem legisladores e governantes", diz o professor. 
 
Direitos civis 
A primeira geração de direitos humanos diz respeito à conquista por direitos 
individuais e inaugura o marco histórico da sociedade fundada em direitos contra o 
privilégio. 
Você pode observar que se trata de direitos de primeira geração, ou seja, 
direitos civis, que diz respeito ao indivíduo, à pessoa. 
A importância desse documento nos dias de hoje é ter sido a primeira 
declaração de direitos e fonte de inspiração para outras que vieram posteriormente, 
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU 
(Organização das Nações Unidas), em 1948. Prova disso é a comparação dos 
primeiros artigos de ambas: 
 
19 
 
 
O Artigo 1º da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, como 
visto acima, diz: Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As 
distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum. 
 
O Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948: Todos os 
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e 
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. 
Foi também na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que o lema 
da República Francesa se inspirou: liberdade, igualdade, fraternidade. Dos três, a 
igualdade era o mais importante para os revolucionários. 
 
6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE 
Nas aulas anteriores você viu o contexto do surgimento da sociologia, agora 
você irá conhecer os métodos sociológicos. Atenção, vamos tentar entender de forma 
sistemática. Não se esqueça de registrar no seu caderno. 
Positivismo ou cientificismo 
 
 
Fonte: articulo.mercadolibre.com.ar 
Livro lançado em 1842 por ele que é considerado o fundador da filosofia 
positivista. 
 
20 
 
 
Filósofo do Século XIX, Comte tinha na base na sua filosofia uma visão 
evolucionista, ou seja, acredita que a história evolui para o progresso, que a 
humanidade caminha para a perfeição. Contudo, como você viu na segunda vídeo 
aula o horizonte desta perspectiva era a Europa, demonstrando assim uma visão um 
tanto quanto etnocêntrica. E o que é o etnocentrismo? 
 
 
Fonte: www.escolaeducacao.com 
Etnocentrismo é a atitude de enxergar o mundo com os parâmetros da sua 
própria cultura. 
O objetivo de Comte era reorganizar o conhecimento humano a partir da ideia 
de ordem e progresso. Como você pode perceber ele teve grande influência na 
sociologia brasileira, não é por acaso que os dizeres da bandeira nacional são: ordem 
e progresso. 
Comte fez uma releitura, digamos assim da realidade da época na França, num 
período turbulento de revoluções e mudanças como visto. Esta formulação parte do 
princípio que é possível aplicar as leis naturais ao estudo da sociedade. 
Hoje essa ideia é rebatida por muitos estudiosos, inclusive pelo próprio Karl 
Marx, considerado também um clássico da sociologia, no entanto, é fundamento do 
positivismo é a ideia de que tudo o que se refere ao saber humano pode ser 
sistematizado segundo os princípios adotados como critério de verdade para as 
ciências exatas e biológicas. 
Este conjunto de ideias descritas acima se refere ao método que Comte irá 
propor e que mais tarde será aprofundado por Emile Durkheim. Como dito, a lei natural 
 
21 
 
se aplicaria também aos fenômenos sociais, que deveriam ser reduzidos a leis gerais 
como as da física. Para Comte, a análise científica aplicada à sociedade é o cerne da 
sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da organização social e política. 
 
7 O POSITIVISMO 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
O método da ciência de Comte consiste em observar os fenômenos por meio 
da experiência sensível, e como você viu, este é o único, de acordo com o autor, capaz 
de produzir estados concretos e científicos, tomando como base o mundo físico ou 
material. 
Para Augusto Comte, o desígnio único da história é o progresso do espírito 
humano. Se este dá unidade ao conjunto do passado social, é porque a mesma 
maneira de pensar deve se impor em todos os domínios. Auguste Comte conclui que 
o método positivo, baseado na observação, na experimentação e na formulação de 
leis, deve ser estendido aos domínios que são deixados às explicações por meio de 
seres transcendentais ou entidades ou ainda as causas últimas dos fenômenos. Para 
http://slideplayer.com.br/slide/47446/
 
22 
 
ele há um modo de pensar, o positivo, que tem validade universal, tanto em política 
como em astronomia. 
 
A lei dos três estados 
O estágio final da inteligência humana é o estágio positivo. 
 
Observe: 
1- No primeiro estado, o teológico tudo se explica pela ação dos deuses, mitos, 
enfim, de forma não científica; 
2- No segundo, já começa a curiosidade e a pergunta sobre os fatos; 
3- E, por fim, o último estado é aquele em que a explicação acontece. Tem-se 
a verdade sobre os fatos, se tem a ciência e seu método. 
 
Nesse sentido a humanidade atravessa várias etapas até atingir a etapa final. 
E o que o positivismo faz é descobrir as leis que agem por traz dos fatos e estas 
podem ser apreendidas da mesma forma que se apreende o conhecimento de um 
evento natural. 
A queda de um corpo, por exemplo, pode ser explicada espontaneamente de 
forma positiva. Mas a filosofia da observação, da experimentação, da análisee do 
determinismo, não podia se fundamentar na explicação autenticamente cientifica 
desses poucos fenômenos. 
No referido curso de Comte, ele afirma que, em seu conjunto a história é, na 
essência, o dever da inteligência humana. Assim, o progresso necessário do espírito 
é o aspecto essencial da história da humanidade. Ou seja, o progresso é uma 
realidade. 
Na dinâmica da sociedade quando se passa de uma etapa para outra ocorre 
uma força que move a contradição entre os diferentes elementos da sociedade. As 
grandes fases históricas da humanidade são dadas pela forma de pensar; a etapa 
final é a do positivismo universal, e a impulsão última do dever e nesse sentido o 
positivismo faz a crítica às sínteses provisórias do da teologia e da metafísica. 
A história humana é compreendida numa dimensão única. E isto se dá o nome 
de visão evolucionista. Ou seja, a evolução vai ocorrer fatalmente e todas as 
sociedades passam pelos mesmos caminhos até o progresso. 
 
23 
 
Auguste Comte justifica essa diversidade enumerando três fatores de variação: 
a raça, o clima e a ação política. Ele interpretou a diversidade das raças atribuindo a 
cada uma a predominância de certas disposições. Assim, segundo ele, a raça negra 
deveria caracterizar-se, sobretudo, pela propensão à afetividade. As diferentes partes 
da humanidade não evoluíram do mesmo modo porque, no ponto de partida, não 
tinham os mesmos dons. Mas é evidente que essa diversidade se desenvolve tendo 
como pano de fundo uma natureza comum. 
 
8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A evolução da sociedade em sua diversidade é explicada em relação ao clima 
da seguinte forma: o conjunto das condições naturais em que se encontra cada parte 
da humanidade. Cada sociedade conheceu circunstâncias geográficas mais ou menos 
favoráveis, o que permite explicar, até certo ponto, a diversidade da sua evolução. 
Estática e dinâmica são as duas categorias centrais da sociologia de Auguste 
Comte. Uma sociedade se assemelha a um organismo vivo. E aqui, querido aluno e 
querida aluna você deve parar um pouco e reter o seguinte: 
http://slideplayer.com.br/slide/1251700/
 
24 
 
Para este autor a sociedade deve ser vista como um organismo e é por isso 
que ele é também conhecido como sociólogo organicista. Ou seja, a 
sociedade composta por elementos interdependentes formando uma 
totalidade. 
 
Assim como é impossível estudar o funcionamento de um órgão sem situá-lo 
no conjunto do ser vivo, é impossível estudar a política e o Estado sem situá-los no 
conjunto da sociedade. Mais tarde Emile Durkheim irá retomar estes conceitos de 
Comte, e sob a forte influência desta Durkheim será reconhecido também como 
sociólogo das instituições. Isto quer dizer que as instituições cumprindo uma sua 
função contribui para a harmonia social. 
Compreendendo melhor este ponto acima citado, a sociedade para os autores 
positivistas tende à harmonia social, ao equilíbrio. Como ocorre então a mudança 
social? 
De acordo com Aron (2008), para Comte, 
A dinâmica, em seu ponto de partida, é apenas a descrição das etapas 
sucessivas percorridas pelas sociedades humanas. A dinâmica social 
percorre as etapas, sucessivas ou necessárias, do dever do espírito humano 
e das sociedades humanas. Ela dinâmica social retraça as vicissitudes pelas 
quais passou essa ordem fundamental, antes de alcançar o termo final do 
positivismo. A dinâmica está subordinada à estática. É a partir da ordem de 
toda sociedade humana que se pode compreender a história. A estática e a 
dinâmica levam aos termos de ordem e progresso que figuram nas bandeiras 
do positivismo e do Brasil: O progresso é o desenvolvimento da ordem 
(ARON, 2008). 
 
Ciência e senso comum 
Neste ponto das aulas é esperado que você já compreenda que para Comte, 
havia uma grande diferenciação entre o conhecimento científico e o conhecimento do 
senso comum. Segundo ele, o conhecimento científico representava um estágio mais 
elevado do desenvolvimento da sociedade. 
Assim para ele a evolução da ciência, ou seja, do conhecimento, é uma 
sucessão de estágios, é assim a mente humana se desenvolve se libertando do senso 
comum. Este é o denominado Sistema de Filosofia Positiva. O estágio positivo da 
sociedade seria o mais evoluído o pensamento científico e está baseado na 
observação e na experiência. 
 
25 
 
Iniciando informando que Comte para o desenvolvimento de suas ideias recebe 
influências de filósofos. Vamos a eles: Condercet (1666-1790), que defendia a ideia 
de que toda e qualquer ciência da sociedade precisa se identificar com o que ele 
chamava de matemática social, isto é, precisa realizar um estudo preciso, rigoroso, 
numérico dos fenômenos sociais. Percebe a origem do pensamento de Comte? Veja: 
Segundo Condorcet, a ciência estava sendo controlada e submetida aos interesses 
de senhores feudais, à aristocracia e ao clero e carecia de objetividade. A intenção 
era libertar a ciência de subjetividades e interesses políticos e individuais. Portanto, 
de acordo com Condorcet, era necessário tirar o controle das ciências destas classes 
para que uma ciência natural pudesse se impor. 
Outra influência foi a de Saint-Simon (1760-1852), este o primeiro a usar o 
termo positivo na ciência. Então observe que Comte usou o nome sociologia pela 
primeira vez, mas não foi o primeiro a usar o termo positivo. Para Saint-Simon, o 
raciocínio deveria se basear nos fatos observados e discutidos. “Uma vez que nosso 
conhecimento está uniformemente fundado em observações, a direção de nossos 
interesses espirituais deve ser entregue ao poder da ciência positiva” (COMTE In: 
MESQUIDA, 20001, p.27). 
Saint-Simon também defendeu a sociedade industrial, dizendo que o que é 
favorável à indústria também o será para o homem. Portanto, acreditava na visão de 
progresso trazido pela indústria e a sociedade capitalista. 
O século XIX recebe então, a formalização do pensamento positivista. É o 
século de surgimento da ciência positiva, a sociologia. 
 
Sintetizando assim e concluindo as características do positivismo podemos 
citar que: 
 As sociedades, melhor, a sociedade, é considerada um fenômeno natural, 
podendo ser analisada através dos métodos das ciências naturais. 
 A compreensão da realidade só é possível pela objetividade que é 
alcançada através do rigor empírico e da coerência teórica. Trata-se de um 
avanço na capacidade de pensar, da razão. 
 A ação da ciência, ou seja, o conhecimento, é evolutivo e caminha para o 
progresso. 
 
 
26 
 
Desta forma se descobre as leis gerais e diante disso o ser humano pode prever 
ações futuras. 
9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
O pensamento positivista teve grande influência na formação científica de 
muitos autores que buscavam analisar as transformações da sociedade e a 
emergência do capitalismo nos séculos XIX e XX. Como já foi citado, Durkheim é um 
desses autores que foi profundamente influenciado por todo o ambiente intelectual e 
social de sua época. Embora tenha sido influenciado pelas ideias de Comte, 
Durkheim, diferentemente de Comte, aprofundou seus estudos na análise da 
sociedade a partir dos fatos sociais. Procurou explicar o funcionamento da sociedade 
emergente no século XIX, com base no estudo dos fenômenos sociais vistos de 
maneira isolada do seu contexto histórico-cultural. 
Durkheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a sociologia da educação. A 
ideia central de Durkheim, ao propor a sociologia no campo da educação, era 
preparar as novas gerações para uma nova civilização. A educação, para ele, 
significava o mesmo que socialização e tinha por objetivo formar o ser social. 
http://slideplayer.com.br/slide/1249087/
 
27 
 
A sua teoria, embora atualmente bastante contestada pelas teorias críticas da 
sociedade, serviu de base para o Funcionalismo, corrente de pensamento bastante 
desenvolvidae valorizada no Século XX. 
Veja abaixo a influência de Augusto Comte: 
 
A teoria Funcionalista de Durkheim 
Esta é a concepção de funcionalismo de Durkheim. A diversificação de funções 
vai gerar a solidariedade entre os seres humanos, e a especialidade atribuída a cada 
um ele vai dar o nome de Divisão social do trabalho social. E aqui podemos conhecer 
dois conceitos essências em Durkheim: Solidariedade mecânica e solidariedade 
orgânica. 
 
10 ENTENDENDO O CONCEITO 
A solidariedade orgânica é, portanto, uma das características da sociedade 
capitalista, industriais e a divisão do trabalho é que promove a coletividade, este elo 
perdido com a fragmentação e o individualismo. Coletividade existente nas 
sociedades primitivas. 
Nestas aulas você está conhecendo a base conceitual de cada um dos 
chamados clássicos da sociologia. Posteriormente você terá estes conhecimentos 
aplicados à análise das questões da educação, ou seja, como a sociologia pode 
contribuir para a compreensão dos problemas educacionais. 
Pois bem, sigamos um pouco mais com Durkheim: 
Émile Durkheim, nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de 
rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal de Paris, indo depois para 
a Alemanha. Lecionou Sociologia em Bourdieu primeira cátedra desta ciência na 
França. 
 
 
28 
 
 
Fonte: www.infoescola.com 
Suas principais obras foram: Da Divisão do Trabalho Social, As Regras do 
Método Sociológico, O Suicídio, As Formas Elementares de Vida Religiosa, Educação 
e Sociologia, Sociologia e Filosofia e Lições de Sociologia (obra póstuma). Morreu em 
1917. 
Durkheim é conhecido como um dos primeiros teóricos da Sociologia, 
conferindo a esta o estatuto de ciência. Portanto, um clássico, o que quer dizer que o 
seu trabalho é sempre uma referência no estudo da sociedade. Foi também o primeiro 
filósofo a sugerir a Sociologia como uma disciplina autônoma, caracterizada pelo 
método científico. Com base nos ideais positivistas, que tem como princípio 
fundamental a realidade objetiva dos fatos, dando pouca importância aos fatores 
históricos e ao papel do indivíduo e da subjetividade desses na organização social, 
Durkheim desenvolveu seus estudos tendo como objeto de pesquisa a investigação 
dos fatos sociais. Mas o que são os fatos sociais? 
 
Este conceito é a unidade básica de análise do social de Durkheim 
 
1- O que significa que são coercitivos. Independentemente de sua vontade o 
fato irá exercer uma força sobre o indivíduo. 
 
29 
 
2- São exteriores porque dizem respeito à cultura, ou seja, como o indivíduo 
nasce o fato está lá. 
3- Gerais porque não diz respeito a um indivíduo apenas, mas a uma 
comunidade. 
 
A escola é um fato social: Existe independente da vontade, é exterior ao 
indivíduo, e diz respeito a uma coletividade. 
Os estudos de Durkheim tinham como foco principal descobrir as leis de 
funcionamento da sociedade. E isto você já viu também em Comte, não é mesmo? 
Nesse sentido, é considerado um dos sistematizadores do funcionalismo, uma 
corrente de pensamento muito presente até os dias de hoje não apenas nas diferentes 
ciências sociais, mas também nas teorias educacionais e organizacionais. Você 
entendeu o que é o funcionalismo? 
 
Como Durkheim concebe a sociedade 
Você já deve ter entendido, mas não é demais rever que a sociedade, para 
Durkheim, é um organismo exterior e superior aos indivíduos e constituída por um 
conjunto de normas, leis e regras que são responsáveis pela formação moral e social 
dos indivíduos. Ou seja, ela mesma um fato social, por excelência, da sociologia. 
Regida por normas, leis e regras que irão determinar a maneira de ser e de agir dos 
indivíduos, bem como, a formação das instituições sociais. 
Em seu livro: A Divisão do Trabalho Social, Durkheim descreve o processo de 
transformação da sociedade primitiva para a sociedade moderna através da divisão 
social do trabalho, na qual estabelece a passagem de um tipo de organização social 
com base na solidariedade mecânica (pré-capitalista) para a solidariedade orgânica 
(capitalista). 
Por que esta obra é importante? Uma de suas preocupações, nessa obra, é 
perceber como se dá a relação entre indivíduo e a sociedade. Isso porque, para o 
autor, o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade que é 
conseguida por meio do consenso social. Está fazendo os links possíveis para 
entender o pensamento de Durkheim? Viu que ele fala da harmonia social que ocorre 
por meios do consenso entre os indivíduos e é garantido por meio das regras e leis 
que controlam as ações. 
 
30 
 
Quando você viu os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica entendeu 
que se trata de um processo de mudança: de sociedade simples para mais complexas. 
Você pode perceber como a questão do consenso é tratada pelo autor, a partir da 
análise da mudança nas formas de organização social das sociedades "primitivas" 
para as sociedades modernas. 
 
11 SOCIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA 
 
Fonte: clicksociologico.blogspot.com.br 
Na solidariedade mecânica a consciência coletiva forte, existe a ideia de 
coletividade, típica de sociedades primitivas, pré-capitalistas. Pense, por exemplo, 
numa comunidade indígena. Os integrantes destas comunidades, identificados por 
laços familiares, tradição, religião, costumes seguiam as regras sociais cegamente, 
de forma mecânica, ou seja, não existe obrigatoriedade nem burocracia, não tem 
documento e, no entanto, podiam se manter autônomos e independentes em relação 
aos outros grupos. A divisão social do trabalho não precisava ir além da sua 
propriedade e existia para assegurar a subsistência familiar. O consenso se manifesta 
na semelhança entre os indivíduos. 
 
31 
 
Contudo, na Solidariedade orgânica o que se percebe é a diminuição da 
consciência coletiva, e o aumento da fragmentação e do distanciamento típicos das 
sociedades capitalistas. A divisão social do trabalho é obtida por outros meios, 
espalhada pelos setores econômicos da sociedade, como fábricas, agricultura, 
comércio, indústrias. E por que o laço não se rompe? De acordo com Durkheim, a 
solidariedade é assegurada pela interdependência dos indivíduos, mantendo, assim, 
os laços sociais. O indivíduo escolhe seguir as regras, pois percebe que as mesmas 
são boas para ele. O consenso se manifesta na diferenciação dos indivíduos. 
Entendeu a noção de consenso, ou seja, há um acordo entre nós de que seguir as 
regras e as leis é um bem para o todo, para o coletivo. 
Para Durkheim, a existência de valores e laços morais entre as pessoas era 
fundamental para a manutenção da harmonia social e da consciência coletiva. 
Quando uma sociedade não consegue manter esse estado de harmonia, significa que 
a sociedade está ‘doente’. E para isso Durkheim tem o termo: anomia. 
Anomia é exatamente quando o consenso se rompe e não há mais 
possibilidade de manter a ordem e o respeito às instituições. Anomia, neste caso, seria 
o contrário de harmonia. 
Pois bem, Augusto Comte e Durkheim são autores expressivos do positivismo 
e antes de dar início a mais duas vertentes clássicas da sociologia é importante que 
você compreenda a relação entre o positivismo e a educação. Vamos lá? 
 
12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO 
A corrente positivista influenciou consideravelmente a sociedade nos séculos 
XIX e XX. Aqui você poderá se lembrar da disciplina história da educação e o próprio 
surgimento da escola formal. 
Tendo em vista que a Educação é uma atividade social, também foi marcada 
por esta influência. Nas escolas, a influência do positivismo, se fez sentir com força 
devido à influência da Psicologia e da Sociologia, ciências auxiliares da Educação. 
 
32 
 
 
Fonte: multigolb.wordpress.com 
O positivismo esteve presente de forma marcante no ideário das escolas e na 
luta a favor do ensino leigo das ciências e contra a escola tradicional humanista 
religiosa.O currículo multidisciplinar – fragmentado – é fruto da influência positivista. 
Certamente você se lembrará. 
No Brasil esta influência aparece no início da República e na década de 70, 
com a escola tecnicista. Muitos historiadores ressaltam o pensamento positivista no 
movimento pela proclamação da república e da elaboração da constituição de 1891. 
O movimento republicano apoiou-se em ideias positivistas para formular sua ideologia 
da ordem e do progresso, graças particularmente à atuação de Benjamim Constant 
(1836-1891). 
 
13 O POSITIVISMO E A ESCOLA 
Pode-se inclusive entender que ainda hoje a ênfase nos conteúdos 
sequenciais, a valorização do pensamento cognitivo, o distanciamento das 
características emocionais e estéticas do aluno e do processo de aprendizagem tem 
um viés positivista. A ideia de que o aluno se desenvolve de forma linear à medida 
que vai se apropriando do raciocínio lógico. 
Assim apenas o que é observável interessa ao positivismo. O real, 
inquestionável, aquilo que se fundamenta na experiência. Deste modo, a escola deve 
privilegiar a busca do que é prático, útil, objetivo, direto e claro. Os positivistas se 
empenharam em combater a escola humanista, religiosa, para favorecer a ascensão 
 
33 
 
das ciências exatas. Compreenda que o positivismo influenciou a prática pedagógica 
na área das ciências exatas, influenciando a prática pedagógica na área de ensino 
de ciências sustentadas pela aplicação do método científico: seleção, hierarquização, 
observação, controle, eficácia e previsão. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Observe: 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
http://pt.slideshare.net/Paulinha2011/sobre-positivismo-auguste-comte-8468594
http://slideplayer.com.br/slide/4136919/
 
34 
 
Reflita: 
Hoje é comum a prática da avaliação baseada nestes princípios. A própria 
escola em sua prática seleciona, hierarquiza, observa, controla, busca a eficiência e 
busca a previsão. É neste sentido que no Módulo II você irá conhecer autores críticos 
do positivismo que apresenta uma perspectiva mais voltada para a sociologia 
marxista, que se verá nas próximas aulas. 
Espera-se que você tenha entendido que esta postura dá uma ênfase nas 
ciências exatas em detrimento das humanas, e a sociologia estaria no ápice da 
classificação de Comte, que seria: Por meio da fundamentação e classificação das 
Ciências (Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia e Sociologia). 
14 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL 
Foi em meados do século XIX que o positivismo de Comte chega ao Brasil. E 
foi entre os oficiais do exército que estas ideias ganharam força. O currículo voltado 
para as ciências exatas e para a engenharia denota um distanciamento da tradição 
humanista e acadêmica, havendo certa aceitação das formas de disciplina típicas do 
positivismo. Você irá se lembrar da influência do humanismo do século XVI na origem 
do capitalismo. Contudo, as palavras “ordem e progresso” que fazem parte da 
bandeira brasileira indicam claramente a influência positivista. 
No ano de 1870, a escola tecnicista teve uma presença marcante. A valorização 
da ciência como forma de conhecimento objetivo, passível de verificação rigorosa por 
meio da observação e da experimentação, foi importante para a fundamentação da 
escola tecnicista no Brasil. Para esta escola o elemento primordial é a tecnologia. 
De acordo com Saviani (1993), na escola tecnicista, professores e alunos 
ocupam papel secundário dando lugar à organização racional dos meios. Professores 
e alunos relegados à condição de executores de um processo cuja concepção, 
planejamento, coordenação e controle, ficam a cargo de especialista supostamente 
habilitados, neutros, objetivos, imparciais. Esta objetividade do positivismo vai gerar a 
noção de que a ciência e a educação devem ser neutras, ou seja, livre de qualquer 
pré-noção ou posicionamento político. Portanto, pode-se perceber pelas palavras de 
Saviani que neutralidade e objetividade são típicas do positivismo. 
 
35 
 
Concluindo pode-se dizer que a necessidade de estabelecer uma relação de 
aproximação entre a ciência e a técnica em nome do progresso foi um grande marco 
nos primórdios do pensamento social e das políticas de educação que se concretizou 
de maneira significativa por gerações. De forma racional e não critica. Se você estiver 
atento/a a discussão hoje no Brasil, inclusive com manifestações de intelectuais e 
professores, vai observar que tramita uma discussão no congresso nacional que 
desautoriza o professor ensinar de forma reflexiva e crítica. 
 
 
Fonte: twibbon.com.br 
Os críticos do positivismo entendem que este posicionamento, assim como o 
positivismo serve para legitimar a ordem vigente e impedir a transformação e a 
autonomia. 
Se você entendeu até aqui o contexto do surgimento da sociologia e as ideias 
e os ideais positivistas, vá até o fórum da graduação e chame seus colegas para uma 
roda de conversa virtual, isto irá ajudar você a reconhecer os conteúdos de uma forma 
mais prática. Não tenha a noção de que está recebendo um conhecimento, mas reflita 
que o conhecimento é uma produção humana e é nesta dimensão que ele pode ser 
questionado. Esteja atento/a. 
 
 
36 
 
15 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E DA RACIONALIDADE 
Max Weber é considerado um dos grandes intelectuais do Século XIX e a sua 
influência atravessa o Século XX. Na verdade, ele figura na transição do século XIX 
para o século XX. A sociedade da época de Weber gestava um conhecimento que foi 
sistematizado de forma brilhante por este autor. Especialista em história, direitos e 
economia. Não falava de si como sociólogo e isso faz dele um autor diferente tanto de 
Comte quanto de Marx, isso porque ele não acreditava na força da sociedade sobre o 
indivíduo. A sociedade por si só não determina as ações humanas, o caminho dele foi 
outro. Contudo, como Durkheim ele era professor de sociologia, contribuindo para o 
avanço desta disciplina. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Ele captou de maneira grandiosa a emergência na prática política da nação 
como princípio organizador da sociedade. Ele é um pensador que tem como eixo 
fundamental de sua reflexão a Alemanha. O problema da Alemanha de Weber 
acabava de se consolidar com uma nação. 
Entre Weber e Durkheim há uma diferença, quase oposta. Durkheim é o 
pensador social que está imbuído, no seu universo de estudo, da presença de um 
Estado nacional e de uma sociedade constituída. Weber vivia numa nação 
problemática, desafiadora. O grande desafio era pensar a inserção da Alemanha na 
 
37 
 
Europa. Na virada do século já unificada, a Alemanha tinha atravessado um processo 
rápido de modernização e industrialização com marcar profundas no nível estrutural. 
As turbulências políticas e econômicas da industrialização da Alemanha era a 
preocupação de Weber. 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Se você leu atentamente o quadro acima encontrou diferença entre o autor 
francês e Max Weber. Durkheim visava a totalidade, o fato social, enquanto Weber vai 
se debruçar sobre as motivações humanas para o agir. É neste sentido que ele se 
aproxima de uma perspectiva cultural. 
Na época a Alemanha organizou o maior movimento operário do mundo, o 
partido social democrata. Para weber a constante é a forma de organização da 
sociedade e a consolidação política. Está preocupado com o tema da política: quais 
são as dificuldades para o surgimento de sujeito histórico, grupos capazes de 
organizar um projeto de sociedade, assim como era também de Marx. Este você 
conhecerá posteriormente. Vale adiantar que enquanto Marx considerava as classes 
sociais, a luta entre as classes, Weber visualizava que grupo será este. E a primeira 
resposta de Weber é a constatação de que não existe na Alemanha nenhum grupo 
que saberá dar um rumo à nação como Estado com projeção internacional. 
http://slideplayer.com.br/slide/4136919/38 
 
O que propõe então Max Weber? A reflexão de Weber não mostra preocupação 
com grandes estruturas já montadas. A preocupação deste sociólogo está na ação 
social. Ou seja, quem age e como age, o que move a ação dos sujeitos e para onde 
estas ações conduzem na prática e como as ações promovem as mudanças no social. 
Weber é o autor da burocracia e da razão instrumental. Na sociedade capitalista 
a organização ocorre de maneira rotineira e repetitiva, mas administração não é a 
questão política, esta é de outra ordem. 
Portanto, o pensamento de Weber está entre o corpo administrativo que faz 
funcionar a sociedade e a questão política que escapa à administração. 
 
16 AÇÃO SOCIAL 
Formular projetos e objetivos para a sociedade. Weber aposta na capacidade 
política e neste sentido o seu pensamento é fundamentalmente político. A eficiência e 
a direção, a orientação da conduta. Quem age? Estas são as questões teóricas de 
Weber. Diante disso ele formula uma teoria da ação. Assim o conceito de ação social 
é a unidade básica da sociologia weberiana. 
 Vejamos o conceito: 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
http://slideplayer.com.br/slide/353415/
 
39 
 
É assim que Weber pode ser chamado do teórico da ação e sua teoria, a teoria 
da ação. 
 
 
Teoria da ação 
Ação social, a atividade orientada para um objetivo que dá sentido a ação. As 
múltiplas linhas de ação são complexas e tecem o social. Cada ação busca uma meta, 
ou metas que se cruzam, as ações se cruzam e podem ser ou não significativas uma 
para outras. 
Este autor, por exemplo, explicou como a ação do protestante levou (indícios 
da salvação, está ou não salvo, o protestante se orienta pelo trabalho para a obra no 
mundo capaz de mostrar resultados), ao surgimento do espírito do capitalismo. O 
modo de comportamento na área religiosa influenciou a área econômica. 
Para Weber não existe uma ação que determina a sociedade. O sentido a ação 
religiosa concedeu importância à ação econômica. Não é uma relação direta, mas a 
questão é o sentido que é dado pela ação. O que isso quer dizer? Você já ouviu falar 
no livro clássico de Weber: A ética protestante e o espírito do capitalismo? Ele faz uma 
interessante análise de como o comportamento de um destes influencia o outro. 
Veja no esquema abaixo: 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
http://slideplayer.com.br/slide/391006/
 
40 
 
A ética protestante é diferente da ética católica. Por isso, na visão weberiana, 
o capitalismo no Brasil é chamado por alguns sociólogos de Capitalismo tardio. 
A ideia de rede, de ações sociais, e a busca de significados que as ações têm 
para o agente, é isso que vai construindo a teia social. Observe novamente o esquema 
acima e certifique-se de que entendeu. Se ainda não compreendeu chamo seus 
colegas lá no fórum e levanta esta discussão. 
Max Weber é o único dos três clássicos (Durkheim e Marx), que considera a 
ação individual é um elemento de análise importante, e que responde a questão 
fundamental para Weber: o que pode responder pela continuidade da sociedade. A 
ação individual não é vista sozinha, isto seria caótico. Como você analisou, ela 
aparece numa teia de relações que se cruzam. 
Weber traz uma nova reflexão sobre ciência e a sociedade. Vimos que para 
Durkheim e Comte a sociedade deve ser estudada de forma objetiva. Weber admite 
que a neutralidade/objetividade total é impossível tendo em vista que o próprio 
pesquisador está inserido na sociedade. No entanto, a ciência não pode se submeter 
a interesses particulares e político. Existe fronteira entre a ciência e a política, rigorosa. 
O papel do sociólogo é compreender a sociedade e suas múltiplas 
possibilidades de entendimentos. 
Para Weber não existe uma causa para um fenômeno social, existe uma 
pluricausalidades e estas dadas pela ação social. As ideias condicionam o momento 
histórico, e são essenciais para entender o pensamento de Weber. 
Vamos fazer uma síntese do que foi visto até aqui. Lembrando que a intenção 
aqui é que você entenda a base do pensamento dos clássicos, tendo em vista que o 
pedagogo está habilitado para dar aulas de sociologia no ensino médio e estas noções 
precisão ser bem compreendidas. 
 
17 PARA ENTENDER UMA SÍNTESE 
a) O conceito de ação social para Max Weber 
O conceito de “ação social” foi concebido por Weber como qualquer ação 
realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por 
seu autor. O processo de comunicação estaria, portanto, intimamente ligado ao 
 
41 
 
conceito de ação social. A manifestação do sujeito que deseja uma resposta é feita 
em função dessa resposta. Em outras palavras, uma ação social constitui-se como 
ação que parte da intenção de seu autor em relação à resposta que deseja de seu 
interlocutor. 
 
b) Weber estipulou quatro tipos ideais de ações sociais: 
1- A ação racional com relação a fins, 
2- A ação racional com relação a valores, 
3- A ação afetiva, 
4- A ação tradicional. 
 
Percebe-se, portanto, que Weber se afastou dos determinismos sócio históricos 
de Karl Marx (A história da produção econômica determina a realidade social), e do 
fatalismo da noção de um sistema externo e independente do indivíduo que Emile 
Durkheim propôs, elaborando, assim, a noção de um ser humano livre para agir, 
pensar e construir sua realidade. 
Para Weber, as estruturas sociais estavam em contato direto com o poder de 
ação dos indivíduos, o que significa que os sujeitos, seus valores e ideias possuem 
força de ação direta sobre essas estruturas. A tarefa da Sociologia seria então, 
segundo o teórico, apreender os significados que norteiam essas ações. Interessante, 
não acha? Esta perspectiva é muito utilizada nas pesquisas atualmente tanto no 
campo social, como econômico e político. O que move a ação individual? 
Weber demonstrou esse princípio em seus estudos comparativos sobre as 
distinções entre religiões Ocidentais e Orientais. Em seu livro, “A ética protestante e o 
espírito do capitalismo”, conforme já foi mencionado acima, o autor buscou esclarecer 
como a lógica cristã foi responsável pelo desenvolvimento do sistema de produção 
capitalista. Nisso estaria inserido o contexto cultural e valorativo das sociedades 
cristãs, e não apenas seu modelo ou situação econômica. 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Veja abaixo uma sugestão de livro. 
 
Este é um livro fundamental para entender a metodologia de Weber 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Outro conceito importante de Weber: Os tipos ideais 
Outro ponto importante da teoria weberiana é a busca pela construção dos tipos 
ideais no processo de construção do conhecimento teórico. O estabelecimento de 
tipos ideais não busca construir tipologias fixas nem mesmo busca classificar de 
maneira inflexível o objeto em questão. Eles servem como parâmetro de observação, 
um “boneco” com características delineadas que serve apenas como ponto de 
comparação entre o observado e sua obra teórica. Trata-se de modelos conceituais 
que nem sempre, ou quase nunca, existem. Apenas alguns aspectos ou atributos são 
observáveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Esta construção do tipo ideal faz parte da metodologia de Weber. Observa que 
neste modelo está inserido também o sentido da ação de cada pessoa. 
 
18 RACIONALIZAÇÃO DO MUNDO SOCIAL 
Max Weber faz referência a um fenômeno de grande importância do mundo 
moderno e que está relacionado com as mudanças estruturais, culturais e sociais que 
as sociedades modernas passaram no decorrer do tempo: “a racionalização do mundo 
social”. Um dos conceitos essenciais de Weber é o de racionalização. E isso você já 
sabe. 
Esse fenômeno refere-se a mudanças profundas, como a gradual 
construção do capitalismo e a monstruosa explosão do crescimento dos meios 
urbanos, que se tornaram as bases da reordenação das organizações tradicionais que 
predominavam até então.Pode-se dizer que o processo de consolidação do 
capitalismo é sim um processo de racionalização da vida e da sociedade. 
Ampliando nossa explicação, devemos dizer que a preocupação de Weber 
estava em tentar apreender os processos pelos quais o pensamento racional, ou a 
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/capitalismo.htm
 
44 
 
racionalidade, impactou as instituições modernas, como o Estado, os governos e, 
ainda, o âmbito cultural, social e individual do sujeito moderno. Em sua denominação 
das diversas formas de racionalidade, Weber fez distinção de quatro principais formas: 
a racionalidade formal, a racionalidade substantiva, a racionalidade meio finalística e 
a racionalidade quanto aos valores. A obra de Max Weber é incrivelmente diversa e 
amplamente utilizada em esforços de compreensão dos fenômenos sociais 
contemporâneos. Como já foi dito, a sociologia weberiana influenciou e ainda 
influencia grandes teóricos, que enxergam na visão de Weber uma ferramenta para 
desvendar os mistérios das relações humanas. 
18.1 Karl Marx: a sociologia da luta de classes 
Talvez o mais popular entre os clássicos sejam o alemão Karl Marx e isto se 
deve ao fato de terem as suas ideias não só influenciados gerações, mas, sobretudo, 
fundou as bases para as lutas dos movimentos sociais, especialmente o movimento 
operário, além de fundamentar as grandes revoluções socialistas do século XX, como 
a revolução soviética e cubana. 
 
 
Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br 
 
45 
 
No quadro acima é importante que você reconheça a diferença entre o sistema 
capitalista e o socialista. Assim, você poderá entender as propostas de Marx e também 
todos os movimentos sociais, partido políticos, enfim, todo o movimento que surgir em 
torno desta teoria marxista. 
Na investigação da relação de Marx com a sociologia, não há como subestimar 
a importância do movimento crítico. E esta palavra é chave para você compreender a 
influência de Marx, sobretudo na educação. Ele é, digamos o pai do pensamento 
crítico. 
Este é de fato o autor que inaugurou o pensamento crítico e o que você verá 
nesta disciplina é que grandes sociólogos da educação pautaram suas reflexões neste 
pensamento. 
 
19 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO 
Marx é sem dúvida o que influenciou uma geração de estudiosos da educação, 
especialmente a maior referência em educação no Brasil, o filósofo Paulo Freire. As 
reflexões que se seguem foram extraídas do artigo do professor Ricardo Musse, do 
Departamento de Sociologia da USP. 
Ao longo de toda sua obra, o exame das diversas teorias sociais prevalecentes 
desemboca, com base no exercício de uma crítica ao mesmo tempo imanente e 
transcendente, na delimitação de um território próprio denominado pela posteridade 
de “materialismo histórico”, “sociologia marxista” ou mesmo “sociologia ou teoria 
crítica”. 
Durante o inverno de 1845-1846, refugiados em Bruxelas, Marx e Engels 
redigiram A Ideologia Alemã. O texto, no entanto, por uma série de motivos, não foi 
editado e permaneceu assim durante o período em que eles viveram. Numa breve 
apresentação de sua trajetória intelectual, no Prefácio ao livro Para a Crítica da 
Economia Política (1859), Marx comenta o manuscrito, destacando que: 
Tratava-se de acertar conta com nossa antiga consciência filosófica. O 
propósito tomou corpo na forma de uma crítica da filosofia pós-hegeliana (…). 
Abandonamos o manuscrito à crítica roedora dos ratos, tanto mais a gosto quanto já 
havíamos atingido o fim principal: a auto compreensão. 
 
46 
 
 
As ideias apresentadas no artigo, e que se tornaram uma espécie de resumo 
oficial da teoria marxista da história, retomam quase que literalmente o texto do 
manuscrito de 1845-1846. 
Marx é alemão, crítica que ele fez à racionalidade filosófica o fez declarar: 
Os filósofos limitaram a interpretar o mundo de diversas maneiras, o que 
importa é modifica-lo (Marx. 1848). 
 
19.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo 
A Ideologia Alemã tornou-se desde então um texto essencial do corpus 
marxista. Nela delineia-se pela primeira vez de forma nítida o que pode ser 
considerado o programa do materialismo histórico, gestado por meio de uma crítica 
incisiva dirigida simultaneamente à filosofia, à teoria política, à historiografia, à 
economia política, à teoria social etc. Você deve considerar então, que Marx é o 
sociólogo da crítica ao capitalismo. Para ele a política, economia, cultura, enfim, são 
na verdade a superestrutura criada para sustentar o capitalismo, a classe burguesa. 
Até o Estado para ele, é o braço direito da burguesia. 
 
Neste ponto você já percebe que dos três, Marx é o mais radical, porque a 
teoria dele implica numa ação política. Ele não acredita na objetividade nem na 
neutralidade. Nada é neutro, somos determinados pela forma como atuamos nas 
relações de trabalho, de produção. 
 
19.2 A atividade humana: A prática 
A auto compreensão à qual Marx se refere surgiu, em grande medida, de um 
acerto de contas com filósofo chamado Ludwig Feuerbach, o mais destacado dos 
filósofos pós-hegelianos. Nos 11 parágrafos das famosas “Teses sobre Feuerbach”, 
escritas provavelmente em maio ou junho de 1845. 
 
47 
 
Portanto, alguns meses antes do início da redação de A Ideologia Alemã –, 
Marx, que havia muito já não era idealista, ao contestar o caráter passivo, abstrato e 
não histórico do materialismo (incluindo o de Feuerbach), destaca que a sensibilidade, 
a história e a vida social resultam da atividade prática humana. Não se preocupe com 
os conceitos filosóficos até aqui, o mais importante é que você retenha que Marx 
criticava uma postura que considera o pensamento o início da reflexão social. Para 
ele o pensamento nasce na prática, ou seja: Não somos o que pensamos, mas 
pensamos do jeito que somos, que produzimos e nos inserimos enquanto uma classe 
social. 
Um ponto decisivo da divergência de Marx ante Feuerbach consiste na 
determinação do conceito de “alienação”. Esta palavra se tornou popular hoje em dia, 
embora o seu sentido muitas vezes tenha se perdido. 
 
ATENÇÃO NO CONCEITO IMPORTANTE DE MARX 
Viu? O homem no sistema capitalista se distanciou dos seus meios de produção 
e ficou alienado do seu próprio trabalho. Aliás, não existe mais trabalho próprio, 
porque agora se trabalha para um patrão. 
Marx afirma: “a auto alienação religiosa, o desdobramento do mundo em um 
mundo religioso e um mundo mundano (…) só pode se explicar pela auto dilaceração 
e pela autocontradição desse fundamento mundano”. Desse modo, a questão da 
alienação, e assim da própria situação do homem, é deslocada de “um reino autônomo 
nas nuvens” ou da compreensão do indivíduo singular para a vida efetiva, que se 
desenrola como um nexo de relações sociais. É dele a frase: a religião é o ópio do 
povo. Ópio no sentido de uma droga que entorpece o ser e o impede de enxergar a 
sua verdadeira posição. 
 
20 O QUE IMPORTAVA PARA MARX ENTÃO? 
Era a tarefa de delinear uma nova concepção, materialista, da história e da 
sociedade. Teoria essa que, não custa repetir, nasceu da convivência com e da crítica 
à filosofia pós-hegeliana (pode entender aqui pós-idealista), mas que, de certo modo, 
pode ser estendida a grande parte da tradição cultural e intelectual burguesa. Não 
 
48 
 
mais no mundo das ideias, mas no mundo das condições concretas, materiais, no 
mundo do trabalho e de suas relações que onde ocorre o processo de produção e 
reprodução humana. 
A estratégia de Marx e Engels para submeter à crítica os jovens hegelianos, 
evitando o risco de recair no jogo especular de uma crítica da “filosofia crítica”, passa 
pela remodelação do conceito de “ideologia” – concebido como um descompasso 
entre o que os indivíduos, grupos e sociedades imaginam ser e o que efetivamente 
são. Você sabe o que é ideologia? 
20.1 Ideologia, o que é? 
Já dizia Cazuza: “Ideologia, eu querouma para viver! ” 
O esforço crítico vincula-se assim ao desenvolvimento de uma teoria apta a 
compreender os indivíduos efetivos em suas ações concretas, o que aponta para a 
necessidade de conhecer suas condições materiais de vida e as relações sociais aí 
engendradas. 
Esse programa, ao qual Marx se ateve ao longo de sua trajetória, foi levado 
adiante submetendo à crítica – imanente e transcendente – aquelas que são 
comumente apresentadas como as três fontes do pensamento marxista: 
 
1- A teoria social alemã, tal como configurada no idealismo alemão e no 
movimento dos jovens hegelianos; 
2- A teoria social inglesa, consubstanciada na economia política; 
3- E as vertentes da sociologia francesa iniciadas por Saint-Simon, com 
seus desdobramentos no socialismo utópico de Fourier e Proudhon. 
 
Ideologia para Marx significa de acordo com o sociólogo Michael Lowy: 
O levantamento das principais determinações da sociedade capitalista tornou-
se imprescindível durante a redação do Manifesto do Partido Comunista (1848). Para 
compreender o momento histórico, Marx expõe a história da gênese e do 
desenvolvimento do mercado mundial, assim como dos conflitos sociais e das 
oposições de classe que moldam esse cenário, delineando os principais pontos da 
 
49 
 
sociologia marxista, numa exposição concisa das coordenadas econômicas, sociais, 
políticas e culturais do mundo moderno. 
Marx atravessou o sem tempo e fez uma crítica denuncia a um sistema que 
para ele levaria o ser humano à uma destruição. A saída? A Revolução, ou seja, a 
construção de uma nova sociedade sob as bases de outra estrutura. A socialista. 
 
O manifesto comunista de Marx 
Se tiver curiosidade de conhecer mais um pouco sobre o que Marx escreveu 
no manifesto Comunista, busque, leia resenhas, ou melhor, leia o texto na íntegra. 
Não é um texto difícil, talvez seja um dos mais fáceis de apreender o sentido. 
 Veja o que diz o texto abaixo: 
 
O Manifesto Comunista e a teoria de Marx 
O Manifesto pode ser lido então como uma demonstração da contradição entre 
o movimento do desenvolvimento das forças produtivas e a estática inerente às 
relações de produção, que reproduzem a cada momento as formas desiguais de 
apropriação da riqueza e de dominação social. Ou seja, em outras palavras, a relação 
ente capital e trabalho. 
Marx apresenta o Manifesto como uma auto exposição do comunismo. 
Conjugado a essa tentativa de exposição teórica das premissas de um movimento 
político que mal entrara em cena e já invocava para si o papel de protagonista, Marx 
compôs um diagnóstico da modernidade que esquematiza, em linhas gerais, tópicos 
que só serão desenvolvidos detalhadamente em obras posteriores, particularmente 
no conjunto de textos projetados pelo próprio Marx como uma “crítica da economia 
política” e cuja formulação mais acabada consiste em O Capital. 
Este livro influenciou os partidos de esquerda que se espalharam pela Europa 
e em todo o mundo, sobretudo no pós-guerra. Na América Latina, inclusive, no Brasil, 
influenciou as lutas pelo fim de ditadura militar e a criação dos partidos. 
 
50 
 
21 A LUTA DE CLASSES 
 
Fonte: www.cartamaior.com.br 
Diante de tudo o que você leu até agora já deve estar compreendendo o que é 
a luta de classes e que classes são estas. A burguesia e o proletariado, ou seja, o 
dono dos meios de produção e o dono da força de trabalho. 
Marx tomou como pressuposto no Manifesto apenas um esquema mínimo, a 
tese de que “a história de todas as sociedades até o presente é a história das lutas de 
classes”. Observe que em toda a história esta foi a conclusão a que chegou Marx. 
Trata-se, portanto, de trazer para o centro do relato da história humana o conflito, a 
“luta ininterrupta, ora dissimulada, ora aberta”, entre oprimidos e opressores. 
Em uma comunidade primitiva ou indígena não existe Estado, nem trabalho 
assalariado e, acima de tudo não existe propriedade privada, que é o núcleo da crítica 
de Marx ao capitalismo. 
Apesar do tom panfletário, inerente a seus objetivos práticos, políticos e 
pedagógicos (afinal foi lendo o Manifesto que as lideranças criaram os partidos), o 
Manifesto mantém a postura crítica em relação à filosofia da história de A Ideologia 
Alemã, como você viu acima. Em lugar de estabelecer uma teleologia para o 
desenvolvimento geral da espécie humana, Marx, fez uma análise em conjunto do 
destino da humanidade e do moderno, apenas aponta duas tendências, extraídas da 
observação do passado histórico, procurando evitar recair na ideia de uma 
 
51 
 
necessidade inerente ao espírito ou em alguma forma de determinismo: “uma 
reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou uma derrocada comum das 
classes em luta”. 
 
Propriedade privada dos meios de produção capitalista 
 
Chamo a sua atenção aqui para a palavra chave do conceito no quadro acima: 
PROPRIEDADE PRIVADA. Esta é a razão de todo o processo. No momento em que 
se instaura a propriedade privada está se instalando o conflito entre as classes. É por 
isso que a proposta socialista e, o comunismo, tem na sua base a eliminação da 
propriedade privada, os bens não seriam individuais e sim coletivos. 
Querido aluno, querida aluna, observe bem que Marx associa o 
desenvolvimento histórico-social da burguesia, em especial sua constituição como 
força política, a uma série de acontecimentos que marcaram a gênese e os 
desdobramentos do mundo moderno. Desse modo, essa classe é apresentada como 
o produto de um longo processo, de uma série de revoluções nos meios de produção, 
transportes e comunicação, por meio do qual ela se desenvolve, economicamente, 
multiplicando seus capitais e, politicamente, empurrando para segundo plano as 
demais classes opressoras. 
Marx adverte assim que, ainda que as demais classes opressoras não sejam 
suprimidas, doravante quem dá as cartas nos rumos do desenvolvimento histórico e 
na luta política é a burguesia. 
No Manifesto, o mundo burguês é compreendido como uma unidade 
contraditória entre fatores dinâmicos e invariância estática. O paradoxo de uma 
sociedade que não pode existir sem revolucionar continuamente os instrumentos de 
produção e, com eles, o conjunto das relações sociais é próprio do mundo moderno. 
Enquanto os antigos modos de produção assentavam-se, à maneira de uma tradição, 
na manutenção e conservação de relações fixas e cristalizadas, a sociedade burguesa 
se reproduz, mantendo-se idêntica somente ao preço de uma contínua transformação 
que, acarretando a obsolescência e uma incessante destruição de toda a estrutura de 
produção existente em determinado momento, subverte inclusive o cenário histórico 
e político. 
 
52 
 
22 A CRÍTICA AO CAPITALISMO NA ARTE 
Para descontrair um pouco leia a música que Cazuza compôs e perceba 
também a crítica à sociedade burguesa. Analise a letra a partir do que você estudou 
até agora. 
 
 
Fonte: www.youtube.com 
Burguesia 
(Cazuza) 
 
A burguesia fede 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
Não vai haver poesia 
 
A burguesia não tem charme nem é discreta 
Com suas perucas de cabelos de boneca 
A burguesia quer ser sócia do Country 
A burguesia quer ir a New York fazer compras 
 
Pobre de mim que vim do seio da burguesia 
Sou rico, mas não sou mesquinho 
Eu também cheiro mal 
 
53 
 
Eu também cheiro mal 
 
A burguesia tá acabando com a Barra 
Afunda barcos cheios de crianças 
E dormem tranquilos 
E dormem tranquilos 
 
Os guardanapos estão sempre limpos 
As empregadas, uniformizadas 
São caboclos querendo ser ingleses 
São caboclos querendo ser ingleses 
 
A burguesia fede 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
Não vai haver poesia 
 
A burguesia não repara na dor 
Da vendedora de chicletes 
A burguesia só olha pra si 
A burguesia só olha pra si 
A burguesia é à direita, é a guerra 
 
A burguesia fede 
A burguesia quer ficar rica

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