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Apostila de Antropologia

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
SETEBAN – RO/AC 
 
TEOLOGIA CRISTÃ 
CURSO MODULAR 
 
 
 
 
ANTROPOLOGIA 
BÍBLICA 
 
Pedro Rocha 
2 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 4 
 
CAPÍTULO I: Principais paradigmas e escolas de pensamento antropológico.5 
 
CAPÍTULO II: A origem do homem.................................................................... 10 
2.1- Teorias sobre a origem do homem..................................................... 10 
2.1.1- Involucionismo, Evolucionismo Teista e Design Inteligente......... 10 
2.1.2- Criacionismo.................................................................................... 10 
 
CAPÍTULO III: A natureza do homem............................................................... 13 
3.1- Primeiras observações........................................................................ 13 
3.2- Antes de mais nada............................................................................ 14 
3.3- Teorias da constituição da natureza do homem................................ 14 
3.3.1.- Tricotomia....................................................................................... 14 
3.3.2.- Dicotomia....................................................................................... 19 
3.3.3.- Unidade Psicossomática................................................................. 25 
 
CAPÍTULO IV: A origem da alma....................................................................... 32 
4.1- O que dizem as religiões..................................................................... 32 
4.2- Outras opiniões................................................................................... 32 
4.3- Três teorias sobre a origem da alma................................................. 34 
4.3.1- Preexistência.................................................................................... 34 
4.3.2- Traducionismo................................................................................. 34 
4.3.3- Criacionismo.................................................................................... 35 
 
CAPÍTULO V: A unidade da raça humana......................................................... 37 
5.1- A ideia de Espécie............................................................................... 37 
5.2- Características gerais da espécie....................................................... 37 
5.3- Evidências da identidade das espécies.............................................. 37 
5.4- Aplicação destes critérios ao homem................................................. 38 
5.5- O testemunho das Escrituras............................................................ 38 
 
CAPÍTULO VI: O estado original do homem...................................................... 39 
6.1- A doutrina à luz da Bíblia.................................................................. 39 
6.2- O homem criado à imagem de Deus.................................................. 39 
 
CAPÍTULO VII: A queda do homem................................................................... 41 
7.1- O relato bíblico.................................................................................... 41 
3 
 
 
7.2- As consequências deste ato................................................................ 41 
7.3- Evidências da historicidade............................................................... 41 
7.4- A árvore da vida..................................................................................41 
7.5- A árvore do conhecimento.................................................................. 42 
7.6- A serpente........................................................................................... 42 
7.7- A natureza da tentação...................................................................... 42 
7.8- Efeitos da queda................................................................................. 43 
 
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e 
cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o 
conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam 
uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a 
“Antropologia Física ou Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do 
homem), “Antropologia Social” (organização social e política, parentesco, 
instituições sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião, 
comportamento) e “Arqueologia” (condições de existência dos grupos 
humanos desaparecidos). 
Dentro da Antropologia Cultural no aspecto da religião, vamos ter a 
Antropologia Bíblica ou Teológica, ou seja, estuda o homem a partir daquilo 
que a Bíblia nos fornece acerca dele. Antes de vermos a visão bíblica sobre o 
assunto observaremos algumas informações básicas sobre a disciplina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE OS PRINCIPAIS PARADIGMAS E 
ESCOLAS DE PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO 
 
 
ESCOLA PERÍODO CARACTERÍSTI-
CAS 
TEMAS E 
CONCEITOS 
REPRESENTAN_
TES/ OBRAS 
DE 
REFERÊNCIA 
Formação de 
uma literatura 
“etnográfica” 
sobre a 
diversidade 
cultural 
 
 Séculos XVI-XIX 
 
 Relatos de 
viagens (Cartas, 
Diários, 
Relatórios etc.) 
feitos por 
missionários, 
viajantes, 
comerciantes, 
exploradores, 
militares, 
administradores 
coloniais etc. 
 
 
 Descrições das 
terras (Fauna, 
Flora, 
Topografia) e dos 
povos 
“descobertos” 
(Hábitos e 
Crenças).Primeir
os relatos sobre 
a alteridade. 
 
 
Pero Vaz 
Caminha (“Carta 
do 
Descobrimento 
do Brasil” - séc. 
XVI). 
Hans Staden 
(“Duas Viagens 
ao Brasil” - séc. 
XVI). 
Jean de Léry 
(“Viagem a Terra 
do Brasil” - séc. 
XVI). 
Jean Baptiste 
Debret (“Viagem 
Pitoresca e 
Histórica ao 
Brasil” - séc. 
XIX). 
 
 
ESCOLA PERÍODO CARACTERÍSTI-
CAS 
TEMAS E 
CONCEITOS 
REPRESENTAN_
TES/ OBRAS 
DE 
REFERÊNCIA 
Evolucionismo 
Social 
 
Século XIX Sistematização 
do conhecimento 
acumulado sobre 
os “povos 
primitivos”. 
Predomínio do 
trabalho de 
gabinete. 
 
Unidade psíquica 
do homem. 
Evolução das 
sociedades das 
mais “primitivas” 
para as mais 
“civilizadas”. 
Busca das 
origens 
(Perspectiva 
diacrônica). 
Estudos de 
Parentesco 
/Religião 
/Organização 
Social. 
Substituição 
conceito de raça 
pelo de cultura. 
Maine (“Ancient 
Law” - 1861). 
 Herbert Spencer 
(“Princípios de 
Biologia” - 1864). 
E. Tylor (“A 
Cultura 
Primitiva” - 
1871). 
 L. Morgan (“A 
Sociedade 
Antiga” - 1877). 
James Frazer (“O 
Ramo de Ouro” - 
1890). 
 
6 
 
 
 
 
Sociológica 
Francesa 
 
 
Século XIX Definição dos 
fenômenos 
sociais como 
objetos de 
investigação 
socio-
antropológica. 
Definição das 
regras do método 
sociológico 
Representações 
coletivas. 
Solidariedade 
orgânica e 
mecânica. 
Formas 
primitivas de 
classificação 
(totemismo) e 
teoria do 
conhecimento. 
Busca pelo Fato 
Social Total 
(biológico + 
psicológico + 
sociológico). A 
troca e a 
reciprocidade 
como 
fundamento da 
vida social (dar, 
receber, 
retribuir). 
 
Émile 
Durkheim:“Regra
s do método 
sociológico”- 
1895; “Algumas 
formas 
primitivas de 
classificação” - 
c/ Marcel Mauss 
- 1901; 
 “As formas 
elementares da 
vida religiosa” - 
1912. Marcel 
Mauss 
“Esboço de uma 
teoria geral da 
magia” - c/ 
Henri Hubert - 
1902-1903; 
“Ensaio sobre a 
dádiva” - 1923-
1924; 
“Uma categoria 
do espírito 
humano: a noção 
de pessoa, a 
noção de eu”- 
1938).ESCOLA PERÍODO CARACTERÍSTI-
CAS 
TEMAS E 
CONCEITOS 
REPRESENTAN_
TES/ OBRAS 
DE 
REFERÊNCIA 
Funcionalismo 
 
Século XX - anos 
20 
Modelo de 
etnografia 
clássica 
(Monografia).Ênf
ase no trabalho 
de campo 
(Observação 
participante). 
Sistematização 
do conhecimento 
acumulado sobre 
uma cultura. 
 
Cultura como 
totalidade. 
Interesse pelas 
Instituições e 
suas Funções 
para a 
manutenção da 
totalidade 
cultural. Ênfase 
na Sincronia x 
Diacronia. 
 
Bronislaw 
Malinowski 
(“Argonautas do 
Pacífico 
Ocidental” -
1922). 
 
Radcliffe Brown 
(“Estrutura e 
função na 
sociedade 
primitiva” - 
1952-; e 
“Sistemas 
Políticos 
Africanos de 
Parentesco e 
Casamento”, org. 
c/ Daryll Forde - 
1950). 
 
7 
 
 
Evans-Pritchard 
(“Bruxaria, 
oráculos e magia 
entre os Azande” 
- 1937; “Os 
Nuer” - 1940). 
 
Raymond Firth 
(“Nós, os 
Tikopia” - 1936; 
“Elementos de 
organização 
social - 1951). 
 
Max Glukman 
(“Ordem e 
rebelião na 
África tribal”- 
1963). 
 
Victor Turner 
(“Ruptura e 
continuidade em 
uma sociedade 
africana”-1957; 
“O processo 
ritual”- 1969). 
 
Edmund Leach - 
(“Sistemas 
políticos da Alta 
Birmânia” - 
1954). 
 
 
 
 
ESCOLA PERÍODO CARACTERÍSTI-
CAS 
TEMAS E 
CONCEITOS 
REPRESENTAN_
TES/ OBRAS 
DE 
REFERÊNCIA 
8 
 
 
Culturalismo 
Norte-Americano 
 
 
Séc. XX - anos 
30 
 
 
Método 
comparativo. 
Busca de leis no 
desenvolvimento 
das culturas. 
Relação entre 
cultura e 
personalidade 
Ênfase na 
construção e 
identificação de 
padrões 
culturais 
(“patterns of 
culture”) ou 
estilos de cultura 
(“ethos”). 
Franz Boas (“Os 
objetivos da 
etnologia” - 
1888; “Raça, 
Língua e 
Cultura” - 1940). 
 
Margaret Mead 
(“Sexo e 
temperamento 
em três 
sociedades 
primitivas” - 
1935). 
 
Ruth Benedict 
(“Padrões de 
cultura” - 1934; 
“O Crisântemo e 
a espada” - 
1946). 
 
 
Estruturalismo 
 
Século XX - 
anos 40 
Busca das regras 
estruturantes 
das culturas 
presentes na 
mente humana. 
Teoria do 
parentesco/Lógic
a do 
mito/Classificaç
ão primitiva. 
Distinção 
Natureza x 
Cultura. 
 
Princípios de 
organização da 
mente humana: 
pares de 
oposição e 
códigos binários. 
Reciprocidade 
 
 
 
Claude Lévi-
Strauss: 
“As estruturas 
elementares do 
parentesco” - 
1949. 
“Tristes 
Trópicos”- 1955. 
“Pensamento 
selvagem” - 
1962. 
“Antropologia 
estrutural” - 
1958 
“Antropologia 
estrutural dois” - 
1973 
“O cru e o 
cozido” - 1964 
“O homem nu” - 
1971 
 
 
ESCOLA PERÍODO CARACTERÍSTI-
CAS 
TEMAS E 
CONCEITOS 
REPRESENTAN_
TES/ OBRAS 
DE 
REFERÊNCIA 
Antropologia Século XX - anos Cultura como Interpretação Clifford Geertz: 
9 
 
 
Interpretativa 
 
60 hierarquia de 
significados : 
>Busca da 
“descrição 
densa”. 
>Interpretação x 
Leis. 
>Inspiração 
Hermenêutica. 
 
 
antropológica: 
Leitura da 
leitura que os 
“nativos” fazem 
de sua própria 
cultura. 
 
“A interpretação 
das culturas” - 
1973. 
“Saber local” - 
1983. 
 
Antropologia 
Pós-Moderna ou 
Crítica 
 
 
Século XX - nos 
80 
 
 
Preocupação 
com os recursos 
retóricos 
presentes no 
modelo textual 
das etnografias 
clássicas e 
contemporâneas. 
Politização da 
relação 
observador-
observado na 
pesquisa 
antropológica. 
Critica dos 
paradigmas 
teóricos e da 
“autoridade 
etnográfica” do 
antropólogo. 
 
 
>Cultura como 
processo 
polissêmico. 
>Etnografia 
como 
representação 
polifônica da 
polissemia 
cultural. 
>Antropologia 
como 
experimentação/
arte da crítica 
cultural. 
 
 
 James Clifford e 
Georges Marcus 
(“Writing culture 
- The poetics and 
politics of 
ethnography” - 
1986). 
 
George Marcus e 
Michel Fischer 
(“Anthropoly as 
cultural critique” 
- 1986). 
 
Richard Price 
(“First time” - 
1983). 
 
Michel Taussig 
(“Xamanismo, 
colonialismo e o 
homem 
selvagem”- 
1987). 
 
James Clifford 
(“The 
predicament of 
culture” - 1988). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
CAPÍTULO II 
 
A ORIGEM DO HOMEM 
 
 
2.1.Teorias sobre a origem do homem 
 
2.1.1.Involucionismo, Evolucionismo Teísta e design inteligente 
 2.1.1.1.Os Evolucionistas Teístas: São aqueles que tem muito pouco ou 
nenhuma objeção à Teoria da Evolução, mas acreditam na participação de 
uma inteligência intencional por trás do processo evolutivo. Nesse grupo 
também podem ser inclusos Deístas, assim como qualquer aceitação de uma 
finalidade, teleologia ou propósito por detrás da evolução, pode ser 
considerado ao menos uma inclinação ao Teísmo. 
Na realidade, visto que a maioria das pessoas, incluindo cientistas, mesmo 
concordando com os fatos da Evolução não se tornam atéias e não 
desconsideram a possibilidade de uma intervenção divina na natureza, pode-
se dizer que são Evolucionistas Teístas, mesmo que não se proponham a 
levar essa hipótese para o campo científico. Uma exceção porém são os 
Criacionistas Ufológicos, ou Evolucionistas ufológicos, da Religião Raeliana, 
que não se encaixa em qualquer outra categoria. 
Dessa forma sem dúvida a maioria dos Evolucionistas são Teístas, ainda que 
aparentemente a maioria dos Grandes Evolucionistas sejam Ateus. 
Pelo menos duas religiões neo-cristãs são oficialmente evolucionistas, O 
Racionalismo Cristão, e o Espiritismo Kardecista. 
 2.1.1.2. Involucionismo: Normalmente influenciados pela Teosofia ou 
gnosticismo, estes costumam entender o desenvolvimento da vida na Terra 
como um tipo de decadência de seres tidos como superiores que regrediram 
a estágios tidos como mentalmente, e mesmo fisicamente, menos dotados. 
Em geral propõem que a humanidade atual da Terra é uma degeneração da 
raça de Atlântida, que por sua vez o é da raça Lemuriana. 
 2.1.1.3. Design Inteligente: Entendem que a Evolução não seria possível 
sem um tipo de projeto intencional oculto, ainda que normalmente não se 
diga muito sobre esse "Projetista". Seus proponentes defendem um novo 
paradigma evolucionário em substituição ao Neodarwinismo, que já não 
mais seria capaz de explicar todos os dados recentemente descobertos. 
Embora eles em geral não se misturem com os Criacionistas, e muitas vezes 
até os renegam, o Criacionismo tem tirado dos teóricos do Projeto Inteligente 
seus melhores argumentos. Muitos cientistas e céticos desconfiam 
entretanto que o Design Inteligente possa ser um tipo de Criacionimo 
disfarçado, ocultando suas intenções na tentativa de abrir um precedente 
teórico na comunidade científica, para posteriormente ser explorado e 
aprofundado pelos Criacionistas. 
2.1.2.Criacionismo: Criacionismo é o termo que resume a noção genérica de 
uma entidade ou entidades inteligentes por trás de eventos como a origem do 
universo, da vida na Terra ou das próprias espécies. 
2.1.2.1.O Uso do termo: Dentro do termo "criacionismo" um vasto espectro 
de hipóteses podem ser enquadradas, visando sustentar interpretação em 
diversos graus de literalidade de livros sagrados como Gênesis ou o Corão. 
http://www.evo.bio.br/LAYOUT/RAEL.HTML
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnesis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cor%C3%A3o
11 
 
 
A).Existe também versões laicas, que não fazem referência direta a 
identidade do suposto criador. Na maioria das civilizações antigas, tanto 
como nas atuais, é possível encontrar relatos explicando a origem de tudo 
como um ato intencional criativo, muitas vezes destacando uma figura 
central como o originador da vida. 
B). Criacionismo não necessariamente se refere somente a um deus que cria 
o universo e a vida. 
C). O Deus judaico-cristão em algumas visões criacionistas é um Deus que 
supostamente interfere no destino do seu povo enviando o dilúvio, 
conduzindo os casais de animais para a arca de Noé, mandando as pragas 
ao Egito, abrindo o Mar Vermelho, parando o Sol para Josué consolidar sua 
batalha, curando e até ressuscitando pessoas,transformando água em 
vinho, e mais uma variedade de milagres. 
D). O criacionismo como idéia geral, se caracteriza pela oposição, em 
diferentes graus, às teorias científicas sobre fenômenos relacionados à 
origem do universo, da vida e da evolução das espécies. 
2.1.2.2.Diversidade de conceitos 
A). Criacionismo evolucionista: Aqueles que aceitam as teorias científicas ao 
mesmo tempo em que acreditam que descrevam os métodos pelos quais 
Deus tenha criado o universo e o que há nele. Estas posições são chamadas 
de criacionismo evolucionista, ou evolucionismo criacionista, convivendo 
plenamente com os conceitos centrais de ambas as visões. 
B). Criacionismo cristão: Dentro desta posição existem: 
 Os que apoiam radicalmente a idéia da criação em sete dias literais, 
questionando ou ignorando as evidências arqueológicas, físicas e 
químicas contrárias. 
 Os que aceitam a idade da Terra, ou até mesmo do universo defendida 
pela ciência, mas mantendo ainda posições conflitantes com a biologia. 
 Outros defendem a idéia que a Bíblia ou outros livros considerados 
sagrados dão margem a uma mistura da evolução com a criação, dizendo 
que Deus deu origem à vida, mas permitiu que esta 'evoluísse'. A Bíblia 
faz menção de seis dias criativos e um sétimo dia não terminado. Alguns 
criacionistas entendem que isto dá margem para dizer que a expressão 
'dias' envolve milhares ou até mesmo bilhões de anos, tornando mais 
compatível a idéia da criação com a Geologia moderna. 
 C)Neocriacionismo - Não se deve confundir o criacionismo clássico com o 
neocriacionismo, também chamado de planejamento inteligente, que é uma 
corrente surgida por volta de 1920 nos EUA e que defende a idéia de que 
houve influência de uma entidade inteligente na criação dos seres vivos. 
Grupos religiosos desta corrente têm lutado para impor o ensino da criação 
nas escolas em pé de igualdade com o ensino da evolução, como resposta ao 
veto do ensino religioso. 
D).Criacionismo Clássico - Alguns afirmam que, de modo geral, o 
criacionismo exige apenas a crença em um criador ou projetista inteligente. 
Quanto à difusão do criacionismo clássico, segundo uma pesquisa do 
Instituto Gallup veiculada pela Folha (ver link Design Ontológico abaixo), 
90% dos norte-americanos acreditam em um Deus criador, sendo que 45% 
acham que a criação ocorreu exatamente como o livro do Gênesis descreve. A 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cria%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cria%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ano
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Neocriacionismo&action=edit
http://pt.wikipedia.org/wiki/1920
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cria%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ensino_religioso&action=edit
12 
 
 
pesquisa mostra que entre os membros da Academia Nacional de Ciências 
americana, 10% expressam crença num deus (o que não significa 
necessariamente que sejam criacionistas). 
2.1.2.3. A Visão criacionista na tradição judaico-cristã: Um ser único e 
absoluto, denominado Deus, perfeito, incriado, que existe por si só e não 
depende da existência do universo, é o elemento central da estrutura 
criacionista. Exercendo seu infinito poder criativo, Ele criou o universo em 
seis dias e no sétimo, descansou. Sempre através de palavras, no primeiro 
dia, Ele fez a luz e separou o dia da noite; no segundo dia, Ele criou o céu; 
no terceiro dia, a terra e o mar, as árvores e as plantas; no quarto dia, o sol, 
a lua e as estrelas; no quinto dia, os peixes e as aves; e no sexto dia, Ele 
criou os animais e por fim, Ele fez o homem à sua imagem e também a 
mulher. A forma de interpretação nesta tradição não alcança unanimidade: 
 Para muitos cristãos, e judeus, os dias de que a Bíblia fala, não são para 
serem tomados à letra, representado uma forma de explicar a criação do 
Universo . 
 Algumas correntes, denominadas "fundamentalistas", mais em voga nos 
EUA, já acreditam numa leitura literal da Bíblia. 
 Os católicos, tendem a acreditar numa visão, que é de explicação da 
"feitura do universo", pois como é evidente, Deus não precisava explicar - 
Segundo muita doutrina católica, essa parte do Gênesis, é para dizer que 
nós homens e mulheres, temos que descansar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblia
13 
 
 
CAPÍTULO III 
 
A NATUREZA DO HOMEM 
 
 
 Os seres humanos têm sido imaginados como consistindo de partes 
separadas e, algumas vezes, de partes distintas, que são, dessa forma, 
abstraídas da totalidade. Assim, nos círculos cristãos, tem sido crido do 
homem como consistindo tanto de “corpo” e “alma” como de “corpo”, “alma” 
e “espírito”. A estas teorias que buscam explicar a constituição da natureza 
humana chamamos de Dicotomia ( o homem é constituído de corpo e alma, 
ou espírito), e Tricotomia ( o homem é constituído de corpo, alma e espírito). 
 
 3.1.Primeiras observações: O que devemos observar primeiro de tudo é: 
 
 3.1.1. A Bíblia não descreve o homem cientificamente; na verdade, o 
julgamento (dos teólogos) é que a Bíblia não nos dá nenhum ensino científico 
a respeito do homem, nenhuma “antropologia” que deveria ou poderia estar 
em competição com uma investigação científica do homem nos vários 
aspectos de sua existência ou com a antropologia filosófica.[1] 
 3.1.2. Além disso, a Bíblia não usa uma linguagem científica exata. 
Ela usa termos como alma, espírito e coração mais ou menos 
indistintamente. Isto é por causadas partes do corpo que são tidas, não 
primariamente do ponto de vista de suas diferenças ou de suas inter-
relações com outras partes, mas como significando ou enfatizando os 
diferentes aspectos do homem total em relação a Deus. Do ponto de vista da 
psicologia analítica e da fisiologia, o uso do Antigo Testamento é caótico: ele 
é o pesadelo do anatomista quando qualquer parte pode ser entendida como 
sendo a totalidade.[2] 
 3.1.3. A Bíblia não nos fornece uma psicologia popular ou científica 
mais do que ela nos proporciona uma narrativa da história, geografia, 
astronomia ou agricultura. Em 1920, o teólogo holandês Herman Bavinck 
escreveu um livro entitulado Biblical and Religious Psychology (Psicologia 
Bíblica e Religiosa). Ele admitiu que mesmo se alguém desejasse tentar, 
seria impossível retirar da Bíblia uma psicologia que pudesse satisfazer as 
nossas necessidades. 
 3.1.4. As palavras que a Bíblia usa, tais como espírito, alma, coração e 
mente, foram emprestadas da linguagem popular dos judeus daqueles dias, 
ordinariamente possuindo um conteúdo diferente daquele que associamos 
com esses termos, e nem sempre usados no mesmo sentido. As Escrituras 
nunca usam conceitos abstratos e filosóficos, mas sempre falam a rica 
linguagem do dia a dia.[3] 
 3.1.5. No entanto, não é impossível construir uma psicologia bíblica 
exata e científica. Alguns têm tentado fazer isso. Um dos mais notáveis nessa 
tarefa é Franz Delitzsch, cujo livro System of Biblical Psychology foi 
originalmente publicado em 1855. Mas mesmo Delitzsch teve que admitir 
que “a Escritura não é um livro escolástico [ou didática] de ciência” e que “é 
verdade que em assuntos psicológicos, assim tão pouco quanto em assuntos 
14éticos ou dogmáticos, a Escritura abrange (ou contém) qualquer sistema 
proposto na linguagem das escolas”.[4] 
 
 3.2. Algumas coisas importantes que devemos aprender antes de mais 
nada: 
 
 3.2.1. A coisa mais importante que a Bíblia diz a respeito do 
homem é que ele está inescapavelmente relacionado a Deus. Berkouwer 
coloca este assunto da seguinte maneira: “Podemos dizer sem medo de 
contradição que a coisa mais notável no retrato bíblico do homem repousa 
nisto: que nunca chama a atenção para o homem em si mesmo, mas exige a 
nossa atenção mais plena para o homem em sua relação com Deus.”[5] 
 3.2.2. Podemos acrescentar que a Bíblia também dirige nossa 
atenção para o homem à medida em que ele se relaciona com os outros seres 
humanos e com a criação.[6] Em outras palavras, as Escrituras não estão 
primariamente interessadas nas “partes” constituintes do homem ou na sua 
estrutura psicológica, mas nos relacionamentos que ele mantém. 
 
 3.3.Teorias da constituição da natureza do homem: Apesar do exposto 
acima vezes por outra, entretanto, tem sido sugerido que o homem deveria 
ser entendido como consistindo de certas “partes” especificamente distintas. 
Um desses entendimentos é usualmente conhecido como tricotomia — a 
idéia que, segundo a Bíblia, o homem consiste de corpo, alma e espírito. A 
outra idéia usualmente sustentada a respeito da constituição do homem é a 
chamada dicotomia — a idéia de que o homem consiste de corpo e alma.. 
Vamos analisar por parte. 
 3.3.1.Tricotomia: Vejamos primeiramente os proponentes desta teoria: 
 3.3.1.1. Principais proponentes: 
3.3.1.1.1. Irineu: Um dos proponentes mais antigos da tricotomia, é Irineu, 
que ensinava que enquanto os incrédulos possuíam somente almas e corpos, 
os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito 
Santo.[7] 
3.3.1.1.2. Apolinário de Laodicéia: Viveu de 310 a aproximadamente 390 
AD. A maioria dos intérpretes atribuem a ele a idéia de que o homem 
consiste de corpo, alma e espírito ou mente (pneuma ou nous), e que o Logos 
ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito humano na 
natureza humana que Cristo assumiu.[8] Berkouwer, contudo, assinala que 
Apolinário desenvolveu primeiro a sua cristologia errônea em um contexto 
de dicotomia.[9] Mas J. N. D. Kelly diz que é uma questão de importância 
secundária se Apolinário era um dicotomista ou tricotomista.[10] 
3.3.1.1.3. Outros Teólogos: A tricotomia foi ensinada no século XIX por 
Franz Delitzsch,[11] J. B. Heard,[12] J. T. Beck,[13] e G. F. Oehler.[14] Mais 
recentemente tem sido defendido por escritores como Watchman Nee,[15] 
Charles R. Solomon (que afirma que através do seu corpo, o homem 
relaciona-se com o ambiente, através de sua alma com os outros, e do seu 
espírito com Deus),[16] e Bill Gothard.[17] É interessante observar que a 
tricotomia é também defendida na antiga e na nova Scofield Reference 
Bible.[18] 
15 
 
 
3.3.1.1.2. A tricotomia originada na filosofia grega: Ela pode ser vista 
particularmente na concepção de Platão, que possuía também um 
entendimento tríplice da natureza humana. Em Platão e em outros filósofos 
gregos havia uma aguçada antítese entre as coisas visíveis e as invisíveis. O 
mundo como substância material não foi criado por Deus, diziam os gregos, 
mas sempre esteve contra ele. Um poder intermediário se fazia necessário 
para que pudesse haver ligação entre o mundo e Deus, e, assim, haver 
harmonia entre eles — este era o mundo da alma. A idéia do homem, 
encontrada no pensamento grego, pensa Bavinck, é semelhante: o homem é 
um ser racional que possui razão (nous), mas ele é também um ser material 
que tem um corpo. Entre esses dois deve haver uma terceira realidade que 
age como mediador, a alma, que é capaz de dirigir o corpo em nome da 
razão.[19) 
3.3.1.1.3. Principais ensinos: 
1). A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado em três 
“partes”: A palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, 
“tríplice” e temnein, “cortar. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até 
sugeriram que certas pessoas tinham os seus espíritos cortados, enquanto 
que outras não. 
2). Pressupõe uma antítese irreconciliável entre espírito e corpo. Um poder 
intermediário se faz necessário para que possa haver ligação entre o espírito 
e o corpo – alma. 
3). Ela faz uma aguda distinção entre o espírito e a alma. 
4). O espírito é o elemento em nós que se relaciona mais diretamente com 
Deus na adoração e na oração. 
5). A alma inclui o intelecto (pensamentos), as emoções, (sentimentos) 
e a vontade (decisões). 
3.3.1.1.4.Principais textos bíblicos: Os tricotomistas freqüentemente apelam 
para algumas passagens do Novo Testamento: Hb 4.12 , 1 Ts 5.23, 
Filipenses 1.27; 1 Coríntios 15.44 para dar suporte ao seu conceito: 
1).Hebreus 4.12: 
“Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que 
qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e 
espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e 
propósitos do coração.” 
2). Tessalonicenses 5.23: 
“O mesmo Deus da paz voz santifique em tudo; e o vosso espírito, alma 
e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de 
nossos Senhor Jesus Cristo.” 
3). Filipenses 1.27: 
“ Somente portai-vos, dum modo digno do evangelho de Cristo, para 
que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que 
permaneceis firmes num só espírito, combatendo juntamente com uma 
só alma pela fé do evangelho” 
4). 1 Coríntios 15.44: 
“ Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo 
animal, há também corpo espiritual.” 
 
16 
 
 
3.3.1.1.5.Dificuldades nas interpretações tricotomistas destes textos: 
1). O texto de Hebreus 4.12: 
A). A linguagem é figurativa: Estas palavras descrevem o poder penetrante 
da palavra de Deus. O autor de Hebreus não pretende dizer que a palavra de 
Deus causa uma divisão entre uma “parte” da natureza humana chamada 
alma e outra “parte” chamada espírito, assim como não pretende dizer que a 
palavra causa uma divisão entre as juntas do corpo e a medula encontrada 
nos ossos. A linguagem é figurativa. 
B).O intento do autor: A cláusula seguinte aponta para o intento do autor: 
ele deseja dizer que a palavra de Deus discerne “os pensamentos e atitudes 
(ou intenções) do coração”. A palavra de Deus (seja ela entendida como a 
Escritura ou como Jesus Cristo) penetra nos recônditos mais interiores de 
nosso ser, trazendo à luz os motivos secretos de nossas ações. 
C).O contexto remoto do texto: Esta passagem, na verdade, está em paralelo 
com um texto de Paulo: “[o Senhor] não somente trará à plena luz as cousas 
ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1 
Co 4.5). Não há, portanto, nenhuma razão para se entender Hebreus 4.12 
como ensinando uma distinção psicológica entre alma e espírito como sendo 
duas partes constituintes do homem. 
2). 1 Tessalonicenses 5.23: 
A). Deveríamos observar primeiro que esta passagem não é uma afirmação 
doutrinária, mas uma oração. Paulo ora para que seus leitores 
tessalonicenses possam ser santificados e completamente preservados ou 
guardados por Deus até que Cristo volte novamente. 
B). Análise das palavras gregas: A totalidade da santificação, pela qual 
Paulo ora, é expressa no texto por duas palavras gregas. 
1). holoteleis, é derivada de holos, significando a totalidade, e telos, 
significando a finalidade ou o alvo; a palavra significa “a totalidade de modo 
que se alcance o alvo”. 
2). holokleron, derivada de holos e kleros, porção ou parte, significa 
“completa em todas as suas partes”. É interessante observar que na segunda 
metade da passagem, ambos o adjetivos holokeron e o verbo teretheie 
(“possam ser guardados ou preservados”) estão no singular, indicando que a 
ênfase do texto está sobre a totalidade da pessoa. 
C). A interpretação correta:Quando Paulo ora pelos tessalonicenses para 
que o espírito, alma e corpo possam ser guardados, ele não está tentando 
separar o homem em três partes, mais do que Jesus pretendeu fazer em 
quatro partes quando disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu 
coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua 
força (Lc 10.27). 
3). Filipenses 1.27: A mesma idéia de totalidade está implícita em Fp 1.27. 
4). 1 Coríntios 15.44: “ A intenção do apóstolo é clara. Possuímos agora um 
corpo grosseiro, perecível e destituído de honra e aparência. No porvir 
teremos um corpo glorioso, adaptado ao mais elevado estado de 
existência...Porque ele chama um corpo de físico e outro de pneumático? 
Porque a palavra psiché, ainda que, as vezes, usada para a alma racional e 
imortal, é também usada para a forma inferior da vida que pertence aos 
animais irracionais”. (20) 
17 
 
 
3.3.1.1.6.Refutações de algumas declarações da tricotomia: 
1). Declaração da tricotomia de que as Escrituras fazem uma aguda 
distinção entre o espírito e a alma. 
Refutação: 
1. O homem é descrito na Bíblia tanto como alguém que é corpo e alma 
como alguém que é corpo e espírito: 
A). “Não temais aqueles que matam o corpo mas não podem matar a alma” 
(Mt 10.28); 
B).“Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas do 
Senhor, de como agradar ao Senhor, assim no corpo como no espírito” (1 Co 
7.14) 
C). “Como o corpo sem o espírito está morto, assim a fé sem as obras é 
morta” (Tg 2.25). 
2. A dor é atribuída tanto à alma como ao espírito: 
A).“Levantou-se Ana e, com amargura de espírito, orou ao Senhor, e chorou 
abundantemente” (1 Sm 1.10); 
B).“Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e de espírito 
abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus” (Is 
54.6); 
C). “Agora está angustiada a minha alma” (Jo 12.27); 
D).“Ditas estas cousas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21); 
E).“Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava, em 
face da idolatria dominante na cidade” (At 17.16); 
F). “(Porque este justo [Ló], pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, 
atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas 
daqueles)” (1 Pe 2.8). 
3. O louvor e o amor a Deus são atribuídos tanto a alma como ao espírito: 
A). “A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus 
meu Salvador” (lc 1.46-47); 
B).“Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua 
alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12.30). 
4. A salvação é associada tanto à alma como ao espírito: 
A). “Acolhei com mansidão a palavra implantada em vós, a qual é poderosa 
para salvar as vossas almas” (Tg 1.21); 
B).“...entregue a Satanás, para a destruição da carne, a fim de que o espírito 
seja salvo, no dia do Senhor” (1 Co 5.5). 
5. O morrer é descritivo tanto como uma partida da alma como do espírito: 
6. 
A).“Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni” (Gn 
35.18); 
B).“E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor, e disse: Ó 
Senhor meu Deus, que faças a alma deste menino tornar a entrar nele” (1 Rs 
17.21); 
C). “Não temais os que matam o corpo e não podem matar alma; temei antes 
aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 
10.28); 
D).“Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Sl 31.5); 
18 
 
 
E).“E Jesus clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 
27.50); 
F). “Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou”(Lc 8.55); 
G).“Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu 
espírito!” (Lc 23.46); 
H).“E apedrejavam a Estevão que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o 
meu espírito!” (At 7.59). 
7. Aqueles que já haviam morrido eram algumas vezes chamados tanto de 
almas e outras vezes de espíritos: 
A). Mt 10.28, citado acima; 
B).“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles 
que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do 
testemunho que sustentavam” (Ap 6.9); 
C).“e a Deus, o juíz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados “ (Hb 
12.23); 
D). “Pois também Cristo morreu...para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na 
carne, mas vivificado em espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos 
em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a 
longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé” (1 Pe 3.18-20). 
2). A alma inclui o intelecto (pensamentos), as emoções, (sentimentos) 
e a vontade (decisões). 
Refutação: A Escritura parece não permitir que tal distinção seja feita. Veja: 
A). Não é mencionado nas Escrituras que as atividades do pensamento, do 
sentimento e das decisões são executadas somente pela alma. Nosso espírito 
também pode experimentar emoções. Temos os exemplos: 
1). Paulo, quando é dito que “o seu espírito se revoltava” (Atos 17.16), 
2). Jesus “perturbou-se em espírito” (João 13.21). 
3).Também é possível ter “o espírito oprimido”, que é o oposto da pessoa de 
“coração bem disposto” (Provérbios 17.22). 
B). As funções de conhecer, perceber e pensar também podem ser 
executadas por nosso espírito. 
1). Marcos fala que Jesus “percebeu [grego, epiginosko, ‘conheceu’] logo em 
seu espírito” (Marcos 2.8). 
2).Quando o Espírito “testemunha ao nosso espírito que somos filhos de 
Deus” (Romanos 8.16), nosso espírito recebe e entende esse testemunho, o 
que certamente constitui a função de conhecer alguma coisa. 
3). Nosso espírito parece conhecer nosso pensamento muito profundamente, 
pois Paulo pergunta: “Pois quem conhece os pensamentos do homem, a não 
ser o espírito do homem que nele está?” (1 Coríntios 2.11). 
3). Declaração da tricotomia de que o espírito é o elemento em nós que se 
relaciona mais diretamente com Deus na adoração e na oração. 
Refutação: Não parece haver qualquer área da vida ou do nosso 
relacionamento com Deus na qual a Escritura diga que o espírito é ativo em 
vez da alma. Ambos os termos são usados para falar de todos os aspectos de 
nosso relacionamento com Deus. 
A).Lemos muitas vezes a respeito da alma adorando a Deus: 
1).“A Ti, Senhor, elevo a minha alma” (Salmo 25.1). 
2).“Minha alma engrandece ao Senhor” (Lucas 1.46). 
19 
 
 
B).A alma pode orar a Deus:“Eu estava derramando minha alma diante do 
Senhor” (1 Samuel 1.15). 
C).A alma pode amar a Deus: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu 
coração, de toda a sua alma e de toda as suas forças” (Deuteronômio 6.5; 
conforme Marcos 12.30). 
4).A visão tricotomista de que o espírito é mais puro que a alma e, quando 
renovado, livre do pecado é capaz de responder às sugestões do Espírito. 
Refutação: Esse entendimento (que algumas vezes encontra lugar na pregação 
e nos escritos cristãos populares) não têm realmente apoio do texto bíblico. 
 1). Paulo encoraja os cristãos a se purificarem “de tudo o que contamina o 
corpo e o espírito” (2 Coríntios 7.1), ele claramente sugere que pode haver 
impureza (ou pecado) em nosso espírito. 
2). Semelhantemente, ele fala da mulher não casada que está preocupada 
em ser santa “no corpo e no espírito” (1 Coríntios 7.34). 
3).Outros versículos falam de modo similar. Por exemplo: 
 O Senhor tornou o “espírito” de Siom, rei de Hesbom, obstinado 
(Deuteronômio 2.30). 
 O Salmo 78 fala de pessoas rebeldes de Israel: “gente de espírito infiel” (v. 
8). 
 O “espírito altivo” precede a queda (Provérbios 16.18), 
 e é possível para o pecador ter “um espírito pretencioso” (Eclesiastes 7.8). 
 Isaías fala dos “desorientados de espíritos” (Isaías 29.24). 
 Daniel diz que o “espírito” de Nabucodonosor “se tornou soberbo e 
arrogante” (Daniel 5.20). 
 O fato de que “todos os caminhos do homem lhe parecem puros, mas o 
Senhor avalia o espírito” (Provérbios 16.2) sugere a possibilidade de 
pecado em nosso espírito (ver Salmos 32.2; 51.10). 
 Finalmente, o fato de que a Escritura prova quem controla “o seu 
espírito”(Provérbios 16.32) sugere que simplesmente o espírito não é a 
parte pura de nossa vida que deve ser seguido em todos os casos, mas 
que ele igualmente pode ter inclinações ou desejos pecaminosos. 
3.3.2. Dicotomia: 
 A outra idéia usualmente sustentada a respeito da constituição do 
homem é a chamada dicotomia — a idéia de que o homem consiste de corpo 
e alma. Esta visão tem sido mais largamente sustentada do que a tricotomia. 
3.3.2.1.Proponentes da teoria: Entre os Pais da Igreja e os teólogos antigos 
temos os seguintes defensores desta teoria: Justino Mártir, Clemente de 
Alexandria, Orígenes, Agostinho, “todos os protestantes, luteranos e 
reformados” (20). E um grande número de teólogos afirma esta crença. 
Dentre eles citamos: Louis Berkhof, E.H. Bancroft, A. B. Langston, 
Augustus Hopkins Strong, Charles Hodge , etc. 
3.3.2.2. Dicotomia no sentido em que os antigos gregos a ensinaram. Platão, 
por exemplo, formulou a idéia de que o corpo e a alma devem ser tidos como 
duas substâncias distintas: a alma pensante, que é divina, e o corpo. Visto 
que o corpo é composto de substância inferior chamada matéria, ele é de um 
valor inferior à da alma. Na morte simplesmente o corpo se desintegra, mas 
a alma racional (ou nous) retorna “aos ceús”, se o seu curso de ação foi justo 
e honrado, e continua a existir para sempre. A alma é considerada uma 
20 
 
 
substância superior, inerentemente indestrutível, enquanto que o corpo é 
inferior à alma, mortal, e condenado à destruição total. Não há no 
pensamento grego, portanto, lugar algum para a ressurreição do 
corpo.[22].Tal ensino deve ser rejeitado por nós. 
3.3.2.3. Dificuldades com a Dicotomia: Mas mesmo à parte do entendimento 
grego da dicotomia, que é claramente contrário à Escritura, devemos rejeitar 
o termo dicotomia como tal, assim como rejeitamos a tricotomia visto que 
estas teorias não é uma descrição exata da visão bíblica do homem. 
3.3.2.3.1. Dificuldades a partir do termo: A palavra em si mesma é objetável. 
Ela vem de duas raízes gregas: diche, significando “dupla” ou “em duas”; e 
temnein, significando “cortar”. Ela, portanto, sugere que a pessoa humana 
pode ser cortada em duas “partes”. Mas o homem nesta presente vida não 
pode ser separado dessa maneira. Como veremos, a Bíblia descreve a pessoa 
humana como uma totalidade, um todo, um ser unitário. 
3.3.2.3.2. A visão bíblica do homem nesta questão: O melhor modo de 
determinar a visão bíblica do homem como uma pessoa total é examinar os 
termos usados para descrever os vários aspectos do homem. Antes de fazer 
isso, contudo, duas observações devem ser feitas: 
(1) Como foi dito, a preocupação primária da Bíblia não é a constituição 
psicológica ou antropológica do homem mas a sua capacidade 
inescapável de relacionar-se com Deus; 
(2). Devemos sempre Ter em mente que J. A. T. Robinson diz a respeito do 
uso que o Antigo Testamento faz destes termos: “Qualquer parte pode ser 
tomada pelo todo”,[23] e o que G. E. Ladd afirma a respeito do uso que o 
Novo Testamento faz dessas palavras: “A recente erudição tem reconhecido 
que termos como corpo, alma e espírito não são diferentes, faculdades 
separadas do homem mas diferentes modos de ver a totalidade do 
homem.”[24] 
3.3.2.3.2.1. As Palavras do Antigo Testamento 
 A).A palavra hebraica nephesh: Traduzida como “alma”. O léxico Hebraico 
de Brown, Driver e Briggs [25] dá dez significados para essa palavra, da qual 
os mais importantes para o nosso propósito são: 
 “o ser mais interior do homem”, 
“o ser vivo” (usado a respeito de homens e animais),[26) 
 “o homem em si mesmo” (freqüentemente usado como um pronome 
pessoal: eu mesmo, ele mesmo, etc.; neste sentido pode significar o 
homem como um todo), 
 “o lugar dos apetites”, 
 “o assento das emoções”. 
A palavra pode, algumas vezes, se referir a uma pessoa falecida, com ou sem 
meth (“morta”). É algumas vezes dito que a nephesh morre. 
 Está claro, portanto, que a palavra nephesh pode significar a pessoa 
total. Edmond Jacob diz o seguinte: “Nephesh é o termo usual para a 
natureza total do homem, para o que ele é e não apenas pelo que tem... Por 
isso a melhor tradução em muitos casos é ‘pessoa’”.[27] 
B). A palavra hebraica seguinte é ruach: Usualmente traduzida como 
“espírito”. O significado da raíz desta palavra é “ar em movimento”; ela é 
21 
 
 
freqüentemente usada para descrever o vento. Brown-Driver-Briggs listam 
nove significados, incluindo os seguintes: 
 “espírito”, 
 “animação”, 
 “disposição”, 
 “espírito de vida e ser que respira morando na carne de homens e 
animais” (somente um exemplo deste último: Ec 3.21), 
 “assento das emoções”, 
 “órgão de atos mentais”, 
 “órgão da vontade”. Ruach, portanto, sobrepõe-se em significado a 
nephesh. W. D. Stacey diz: 
Quando a referência é feita ao homem em sua relação com Deus, ruach é o 
termo mais provável para ser usado..., mas quando referência é feita ao 
homem em relação a outros homens, ou o homem vivendo a vida comum dos 
homens, então nephesh é mais provável, se um termo psíquico é exigido. Em 
ambos os casos a totalidade do homem está envolvida.[28] 
Portanto, não deve ser pensado de ruach como um aspecto separado do 
homem, mas como a pessoa total vista de determinada perspectiva. 
C). lebh e lebhabh : Palavras do Antigo Testamento usualmente traduzidas 
como “coração”. Brown-Driver-Briggs dá dez significados para estas duas 
palavras, incluindo os seguintes: 
 “o homem mais interior ou alma”, 
 “mente”, 
 “resoluções da vontade”, 
 “consciência”, 
 “caráter moral”, 
 “o homem em si mesmo”, 
 “o lugar dos apetites”, 
 “o assento das emoções”, 
 “o assento da coragem”. 
F. H. Von Meyenfeldt, em seu estudo final da palavra, conclui que lebh ou 
lebhabh usualmente representa a pessoa total e tem uma significação 
predominantemente religiosa.[29] 
A palavra coração não somente é usada no Antigo Testamento para 
descrever o assento do pensamento, do sentimento e da vontade; é também a 
sede do pecado (Gn 6.5; Sl 95.8, 10; Jr 17.9), a sede da renovação espiritual 
(Dt 30.6; Sl 51.10; Jr 31.33; Ez 36.26), e o lugar da fé (Sl 28.7; 112.7; Pv 
3.5). 
Mais do que qualquer outro termo do Antigo Testamento, a palavra coração 
significa o homem no mais profundo centro de sua existência, e como ele é 
no mais profundo do seu ser. Herman Dooyeweerd, o filósofo holandês, 
entendeu o coração na Escritura como sendo “a raiz religiosa da existência 
total do homem”.[30] A filosofia que ele desenvolveu enfatiza que o coração é 
o centro e a fonte de toda a atividade religiosa, filosófica e moral do homem. 
Ray Anderson chama o coração de “o centro do eu subjetivo”. Ele é “a 
unidade do corpo e da alma na verdadeira ordem deles — ele é a pessoa”.[31] 
Todos esses três termos examinados do Antigo Testamento, portanto, 
descrevem o homem em sua unidade e totalidade, embora olhando-o de 
22 
 
 
aspectos ligeiramente diferentes. H. Wheeler Robinson comenta: “Não é 
possível fazer uma diferenciação exata das províncias cobertas pelo ‘coração’, 
nephesh e ruach, pela simples razão de que tal diferenciação exata nunca foi 
feita.”[32] 
D). basar: Usualmente traduzida como:“carne”. Brown-Driver-Briggs lista 
seis significados, incluindo os seguintes: 
 “carne” (para o corpo), 
 “parentesco de sangue”, 
 “homem contra Deus como fraco e errante”, 
 “raça humana”. 
N. P. Bratsiotis diz que basar é mais freqüentemente usado no Antigo 
Testamento para “o aspecto externo e carnal da natureza humana”.[33] Ele 
continua a dizer que quando basar é distinto do aspecto externo do homem 
e nephesh é entendido como sendo o aspecto interno, mesmo assim nunca 
devemos pensar destas palavras como descrevendo um dualismo de alma e 
corpo no sentido platônico.Ao contrário, basar e nephesh devem ser 
entendidos como aspectos diferentes da existência do homem como uma 
entidade dual. É precisamenteesta totalidade antropológica enfática que é 
determinante para a natureza dual do ser humano. Ela exclui qualquer 
noção de uma dicotomia entre basar e nephesh...como irreconciliavelmente 
opostos uma a outra, e revela o relacionamento psico-somático mútuo entre 
elas.[34] 
 H. W. Wolff observa que freqüentemente basar descreve a vida 
humana como débil e fraca, dando como exemplo deste uso Jeremias 17.5 – 
“Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu 
braço”.[35] 
 Clarence B. Bass, comentando as palavras do Antigo Testamento 
para “corpo”, afirma: 
“Corpo e alma são usados quase que indistintamente, sendo que a alma 
indica o homem como um ser vivo, e corpo (carne) denota-o como uma 
criatura corporalmente visível...Esta unidade de corpo e alma [tem] 
conduzido alguns escritores a concluir que o Antigo Testamento carece de 
uma idéia do corpo físico como uma entidade discreta...Mais propriamente, 
contudo, o Antigo Testamento vê o corpo e a alma como coordenadas que se 
interpenetram em funções para formar um todo simples.[37] 
 Basar, portanto, também é freqüentemente usado no Antigo 
Testamento para denotar a pessoa total, embora com ênfase no lado exterior. 
 Assim, o mundo do pensamento do Antigo Testamento exclui 
totalmente qualquer espécie de dicotomia ou dualismo que pinte o homem 
como feito de duas substâncias distintas. Como H. Wheeler Robinson diz, “a 
ênfase final deve cair sobre o fato de que os quatro termos [nephesh, ruach, 
lebh e basar]...simplesmente apresentam aspectos diferentes da unidade da 
personalidade.”[38] 
3.3.2.3.2.2. As Palavras do Novo Testamento 
A). psyche: Palavra grega equivalente a nephesh, usualmente traduzida 
como “alma”. O léxico do Novo Testamento Grego de Arndt-Gingrich lista um 
número de significados para esta palavra, alguns dos quais são: 
 “princípio de vida”, 
23 
 
 
 “vida terreal”, 
 “assento da vida mais interior do homem” (incluindo sentimentos e 
emoções), 
 “a sede e o centro da vida que transcende o que é terreno”, 
 “aquilo que possui vida: uma criatura viva” (plural, pessoas). [39] 
(1). Uso do termo nos Evangelhos: Eduard Schweizer afirma que psyche é 
usado freqüentemente nos Evangelhos com os seguintes sentidos: 
 para descrever o homem total,[40] 
 para representar a verdadeira vida em distinção da vida puramente 
física,[41] 
 para referir-se à existência dada por Deus que sobrevive à morte.[42] 
(2).Uso do termo no contexto paulino: Schweizer diz que Paulo usa psyche 
quando se refere à vida natural e à vida verdadeira; ele freqüentemente usa a 
palavra para descrever a pessoa.[43] 
(3).Uso do termo no contexto apocalítico: No Livro do Apocalipse psyche pode 
ser usada para denotar a vida após a morte (como em 6.9).[44] 
 Está claro, portanto, que psyche, como nephesh, freqüentemente 
significa a pessoa total. 
B). pneuma: O equivalente do Novo Testamento a ruach, que quando se 
refere ao homem é mais usualmente traduzida como “espírito”. O léxico de 
Arndt-Gingrich dá oito significados, incluindo os seguintes: 
 “o espírito como parte da personalidade humana”, 
 “o ego de uma pessoa”, 
 “uma disposição ou estado de mente”. 
(1). O uso do termo nos escritos de Paulo: Schweizer diz que Paulo usa 
pneuma para as funções físicas do homem, que ele é freqüentemente um 
paralelo de psyche, e que pode denotar o homem como um todo, com ênfase 
mais forte sobre o seu psíquico do que sobre a sua natureza física.[45] 
(2).O uso do termo generalizado no N.T.: Pneuma também é em grande parte 
sinônimo de psyche, as duas palavras freqüentemente usadas 
indistintamente no Novo Testamento. Pneuma, pode ser usado como 
designativo da pessoa total; e psyche, descreve um aspecto do homem em 
sua totalidade. 
C). kardia: A palavra do Novo Testamento equivalente a lebh e lebhabh, 
usualmente traduzida como “coração”. Arndt-Gingrich dá o seguinte sentido 
principal da palavra: 
 “a sede da vida física, 
 “ espiritual e mental”. 
 “o centro e a fonte da totalidade da vida mais interior do homem, com 
seu pensamento, sentimento e vontade.” 
 “ o lugar de morada do Espírito Santo.” 
(1). O termo interpretado pelo teólogo Johannes Behm: Descreve o coração 
no Novo Testamento como o principal órgão da vida psíquica e espiritual, o 
lugar no ser humano no qual Deus testemunha de si mesmo. O coração é o 
centro da vida mais interior de uma pessoa: de seus sentimentos, 
entendimento, e vontade. O coração significa a totalidade do ser interior do 
homem, a parte mais profunda dele; ele é sinônimo de ego, a pessoa. Kardia 
24 
 
 
é supremamente o centro no homem para o qual Deus se volta, no qual a 
vida religiosa está enraizada, e que determina a conduta moral.[49] 
(2).O termo interpretado pelo teólogo Karl Barth: Em uma seção de sua 
Dogmatics na qual ele trata com “o homem como alma e corpo”, Karl Barth, 
falando do coração no Novo e no Antigo Testamentos, diz: 
“Se fôssemos verdadeiros com os textos bíblicos deveríamos dizer do coração 
que ele é in nuce o homem total em si mesmo, e, portanto, não somente o 
locus de sua atividade mas de sua essência...Assim, o coração não é 
meramente uma realidade mas a realidade do homem, ambos – da totalidade 
da alma e da totalidade do corpo.”[50] 
(3). O termo em sentido geral: Anteriormente já observamos que lebh no 
Antigo Testamento é também usado para indicar o coração como a sede do 
pecado, a sede da renovação espiritual e o lugar da fé. Isto também é 
verdade de kardia. Além disso, podemos observar que as outras virtudes 
cristãs são descritas como kardia. Vejamos alguns exemplos: 
 amor é associado com o coração em 2 Tessalonicenses 3.5 e 1 Pedro 1.22. 
 A obediência é ligada ao coração em Romanos 6.17 e em Colossenses 
3.22. 
 O perdão é associado ao coração em Mateus 18.35. 
 A humildade é ligado com o coração em Mateus 11.29, 
 O coração é descrito como o assento da pureza em Mateus 5.8 e Tiago 
4.8. 
 A gratidão é associada com o coração em Colossenses 3.16, 
 A paz é dita guardar o coração em Filipenses 4.7. 
 Assim, novamente aqui vemos a ênfase bíblica na totalidade do 
homem. Kardia significa a pessoa total em sua essência mais interior. No 
coração a atitude básica do homem para com Deus é determinada, seja de fé 
ou de incredulidade, de obediência ou de rebelião. 
D). sarx : Embora estritamente falando o Antigo Testamento não tenha uma 
palavra para corpo, ele usa basar para descrever o aspecto físico do homem, 
sua carne. No Novo Testamento há duas palavras para corpo: sarx e soma. 
Arndt-Gringrich lista oito significados para sarx: 
 “carne”; 
 “corpo”, 
 “um ser humano”, 
 “natureza humana”, 
 “limitação física”, 
 “o lado exterior da vida”, 
 “o instrumento desejoso do pecado” (particularmente nos escritos de 
Paulo). 
(1). O uso do termo no Novo Testamento: Possui dois significados principais: 
A). O aspecto externo, físico da existência do homem — neste sentido ele 
pode ser usado do homem como um todo; 
B). A tendência dentro do homem caído para desobedecer a Deus em todas 
as áreas da vida.[51] - Neste segundo sentido, encontrado principalmente 
nas epístolas de Paulo, não devemos restringir o sentido de sarx como se 
referindo somente ao que usualmente chamamos de “pecados da carne” 
(pecados do corpo); ao contrário, deveríamos entendê-lo como referindo-se 
25 
 
 
aos pecados cometidos pela pessoa total. Na lista das “obras da carne” (ta 
erga tes sarkos) encontrada em Gálatas 5.19-21, onde cinco de quinze 
dizem respeito aos pecados do corpo; o restante diz respeito ao que 
chamamos de “pecados do espírito”— como ódio, discórdia, ciúme, e que 
tais. Assim, mesmo quando a palavra sarks é usada neste segundo sentido, 
ela diz respeito à pessoa total, e não apenas a uma parte dela. 
E).somma: Usualmente traduzida como “corpo”. Arndt-Gingrich dá cinco 
significados,incluindo os seguintes: 
 “o corpo vivo”, 
 “o corpo da ressurreição”, 
 “a comunidade cristã ou igreja”. 
Clarence B. Bass, num artigo sobre o corpo nas Escrituras, também lista 
cinco definições da palavra soma: 
 “a pessoa total como uma entidade diante de Deus”, 
 “o locus do espiritual no homem”, 
 “o homem total como destinado para a membresia no reino de Deus”, 
 “o veículo para a ressurreição”, 
 “o lugar do teste espiritual em termos do qual o julgamento 
acontecerá”.[52] 
 Ele chega à seguinte conclusão: 
“Assim, está claro que o corpo é usado para representar a totalidade do 
homem, e milita contra qualquer idéia da visão bíblica do homem como 
existindo à parte da manifestação corporal, a menos que seja durante o 
estado intermediário [que é, o estado entre a morte e a ressurreição]”.[53] 
Podemos resumir nossa discussão das palavras bíblicas usadas para 
descrever os vários aspectos do homem, como segue: o homem deve ser 
entendido como um ser unitário. Ele tem um lado físico e um lado mental ou 
espiritual, mas não devemos separar esses dois. A pessoa humana deve ser 
entendida como uma alma corporificada ou um corpo “espiritualizado” 
(“animado”).[54] A pessoa humana deve ser vista em sua totalidade, não 
como uma composição de diferentes “partes”. Este é o ensino claro de ambos 
os Testamentos.[55] 
3.3.3. Unidade Psicossomática 
 Embora a Bíblia veja o homem como uma totalidade, ela também 
reconhece que o ser humano possui dois lados: o físico e o não-físico. Ele 
possui um corpo físico, mas ele também é uma personalidade. Ele tem uma 
mente com a qual ele pensa, mas também um cérebro que é parte do seu 
corpo, e sem o qual ele não pode pensar. Quando as coisas andam errada 
com ele, é necessária uma cirurgia, mas outras vezes ele pode precisar de 
um aconselhamento. O homem é uma pessoa que pode, contudo, ser vista 
de dois ângulos. 
 Como, então, haveremos de expressar esses “dois lados” do homem? 
Já observamos as dificuldades relacionadas com o termo dicotomia. Alguns 
tem falado de um dualismo,[56] enquanto outros preferem o termo 
dualidade, fazendo maior justiça à unidade do homem. Berkouwer, por 
exemplo, explica que “a dualidade e o dualismo não são idênticos de forma 
alguma, e...uma referência ao momento dual na realidade cósmica não 
implica necessariamente em dualismo.”[57] Semelhantemente, Anderson diz 
26 
 
 
que “devemos fazer uma distinção entre uma ‘dualidade’ do ser no qual uma 
modalidade de diferenciação é constituída como uma unidade fundamental, 
e um ‘dualismo’ que opera contra essa unidade”.[58] 
 Atualmente, tem se falado, do homem como uma unidade 
psicossomática. A vantagem desta expressão é que ela faz plena justiça aos 
dois aspectos do homem, ao mesmo tempo em que enfatiza a sua 
unidade.[59] 
3.3.4.O Estado Intermediário 
 Qualquer que seja a teoria assumida quanto a constituição do homem 
temos que enfrentar uma pergunta importante: O que dizer a respeito do 
período entre a morte e a ressurreição, o chamado “estado intermediário”? 
Quando uma pessoa morre, o que acontece? Visto que alguém não é 
completo sem o corpo, então uma pessoa cessa de existir até ao tempo da 
ressurreição? Ou ela “existe” num estado completamente inconsciente? Ou 
imediatamente após a morte recebe a ressurreição do corpo? Ou ela recebe 
uma espécie de corpo intermediário, para ser substituído mais tarde por um 
corpo ressuscitado? 
3.3.4.1.Idéias anti-bíblicas a respeito do estado intermediário: 
A). O homem cessa de existir entre a morte e a ressurreição Sustentada 
pelas Testemunhas de Jeová e pelos Adventistas do Sétimo Dia. 
B). Após a morte as pessoas recebem imediatamente corpos “intermediários” 
C). O homem, ou sua “alma” , existe num estado inconsciente entre a morte 
e a ressurreição. 
3.3.4.2. Refutações: 
1). O Novo Testamento mostra o corpo presente e o corpo ressuscitado: 
Filipenses 3.21: “Que transformará o corpo da nossa humilhação, para 
ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até 
sujeitar a si todas as coisas.” 
1 Coríntios 15.42-44: Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em 
incorrupção. Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-
se em fraqueza, é ressuscitado em poder. Semeia-se corpo animal, é 
ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo 
espiritual. 
2). Os aderentes da idéia de corpos intermediários, às vezes, citam 2 
Coríntios 5.1 para provar que receberemos tais corpos “intermediários”: 
“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, 
temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, 
nos céus.” Mas esta passagem fala a respeito da casa eterna no céu. Se 
tivéssemos que entender esta “casa eterna” como se referindo a um novo 
corpo, ela não designaria um corpo “intermediário”, temporário.[64] 
3). A respeito do “sono da alma”, esta idéia tem sido sustentada por vários 
grupos cristãos. João Calvino escreveu sua primeira obra teológica, 
Psychopannychia, para combater os ensinos do sono-da-alma sustentados 
pelos anabatistas da sua época.[65] Mais recentemente, esta posição tem 
sido defendida por G. Vander Leeuw,[66] Paul Althaus[67] e Oscar 
Cullmann.[68] O Novo Testamento indica que o estado dos crentes entre a 
morte e a ressurreição é o de alegria provisória, expressa no dito de Paulo de 
ser “incomparavelmente melhor” do que o estado aqui na terra (Fp 1.23). Se 
27 
 
 
isto é assim, a condição dos crentes durante o estado intermediário não pode 
ser um estado de não-existência ou de inconsciência. 
3.3.4.3. O ensino do Novo Testamento: 
1). Algumas vezes o Novo Testamento simplesmente diz que o crente 
continuará a existir neste estado de alegria provisória: 
“Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não 
sei o que hei de escolher. Ora, de um e de outro lado estou 
constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é 
incomparavelmente melhor.” (Fp 1.22-23) 
 Na passagem aos Filipenses Paulo contrasta “o viver na carne” com 
“partir e estar com Cristo”, sugerindo claramente que é possível para uma 
pessoa não mais estar vivendo no presente corpo e, todavia, estar com Cristo 
— um estado que é muito melhor que o presente estado. 
2). Jesus, respondendo ao pecador penitente, disse: “Em verdade te digo 
que hoje estarás comigo no paraíso.”(Lc 23.43) 
3). A passagem de 2 Coríntios 5.6-8: “Temos, portanto, sempre ânimo, 
sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto 
que andamos por fé, e não pelo que vemos. Entretanto estamos em 
plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor”. (2 
Co 5.6-8) 
 Aqui Paulo contrasta o “enquanto no corpo” (endemountes en to somati) 
com o estar “ausente do corpo” (ekdemesai ek tou somatos). Se Paulo tivesse 
pretendido descrever a bênção do crente após a ressurreição, ele poderia Ter 
usado uma expressão como “ausentes deste corpo”, sugerindo que os 
crentes então estariam “habitando” um novo corpo. Mas ele simplesmente 
“ausentes do corpo”, dizendo aos seus leitores que ele está pensando de uma 
existência entre o corpo presente e o corpo da ressurreição. Observe que, em 
ambas as passagens, Paulo afirma que é possível para os crentes estarem 
com Cristo, mesmo quando eles não mais vivem em seus presentes corpos e 
antes deles receberem seus corpos ressuscitados. 
4)Em outras vezes, contudo, o Novo Testamento usa as palavras “alma” 
(psyche) ou “espírito” (pneuma) para se referir aos crentes enquanto eles 
continuam a existir entre a morte e a ressurreição. 
A).A palavra “alma” é usada nas seguintes passagens: 
 “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mt 
10.28). 
 “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas 
daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por 
causa do testemunho que sustentavam” (Ap 6.9). 
B).A palavra“espírito é usada nos seguintes textos: 
 “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a 
Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal 
assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o 
Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.”(Hb 12.22-23) 
 “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo 
pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas 
vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em 
prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a 
28 
 
 
longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se 
preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, 
através da água.” (1 Pe 3.18-20) 
5) Assim, às vezes, o Novo Testamento diz que nós que somos crentes, 
continuaremos a existir num estado provisório de alegria entre a morte e a 
ressurreição, enquanto que em outras vezes ele diz que as “almas” ou 
“espíritos” dos crentes ainda existirão durante aquele estado. 
6) Mas a Bíblia não usa palavras como “alma” e “espírito” no mesmo modo 
que nós o fazemos; dessa forma, estas passagens estão pretendendo tão 
somente nos dizer que os seres humanos continuarão a existir entre a morte 
e a ressurreição, enquanto esperam a ressurreição do corpo. 
7) A Bíblia não nos dá qualquer descrição antropológica da vida nesse estado 
intermediário. Podemos especular a respeito dela, podemos tentar imaginar a 
que esse estado será, mas não podemos formar nenhuma idéia clara da vida 
entre a morte e a ressurreição. 
8) A Bíblia ensina sobre ela, mas não a descreve. Como Berkouwer diz, o que 
o Novo Testamento nos conta a respeito do estado intermediário não é nada 
mais do que um sussurro.[75] 
9) Embora o homem exista agora no estado de unidade psicossomática, esta 
unidade poderá ser temporariamente rompida no tempo da morte. Em 2 
Coríntios 5.8 Paulo ensina claramente que os seres humanos podem existir à 
parte de seus corpos presentes. O mesmo ponto é assinalado em duas 
outras passagens do Novo Testamento: 
 “A fim de que sejam os vossos corações confirmados em santidade, 
isentos de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso 
Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos”. (1 Ts 3.13) 
 “Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também 
Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que 
dormem”. (1 Ts 4.14) 
 Ambos os textos falam a respeito dos “santos” e “daqueles que dormem 
com Cristo”, como existindo após a morte e antes da ressurreição — observe 
que a ressurreição daqueles que dormiram em Cristo é mencionada mais 
tarde em 1 Tessalonicenses 4.16.[76] Pode ser observado também que neste 
verso a expressão “mortos em Cristo” claramente sugere que os crentes 
falecidos ainda estão em algum estado de existência antes da ressurreição. 
10) O estado normal do homem é o da unidade psicossomática. No tempo da 
ressurreição ele será restaurado plenamente ao da unidade e, assim, uma 
vez mais, será tornado completo. Mas nós devemos reconhecer que, segundo 
o ensino bíblico, os crentes podem existir temporariamente num estado de 
alegria provisória, mesmo fora de seus corpos presentes durante o “tempo” 
entre a morte e a ressurreição. Este estado intermediário e, contudo, 
incompleto e provisório. Nós anelamos para a ressurreição do corpo e a nova 
terra como o clímax final do programa redentor de Deus. 
3.3.5.Implicacões Práticas 
 O entendimento do homem como uma pessoa total, como foi 
desenvolvido neste capítulo, tem importantes implicações práticas. 
1). A igreja deve estar preocupada com a pessoa total. Em sua pregação e em 
seu ensino a igreja deve dirigir-se não somente às mentes daqueles a quem 
29 
 
 
ela serve, mas também às suas emoções e suas vontades. A pregação que 
meramente comunica informação intelectual a respeito de Deus ou da Bíblia 
está seriamente inadequada; os ouvintes devem ser despertados em seus 
corações e movidos a louvar a Deus. Os professores na escola dominical 
devem fazer mais do que simplesmente dar aos alunos uma rota de 
“conhecimento” versos da Bíblia ou das afirmações doutrinárias; seu ensino 
deve exigir uma resposta que envolva todos os aspectos da pessoa. Os 
programas da igreja para a juventude não deveria negligenciar o corpo; os 
esportes e as atividades externas deveriam ser encorajadas como um aspecto 
da vida cristã globalizada. 
2).Em sua tarefa evangelista e missionária, a igreja deveria lembrar-se 
também que ela está tratando com pessoas completas. Embora o propósito 
principal de missões seja confrontar as pessoas com o evangelho, de forma 
que elas possam se arrepender de seus pecados e serem salvas através da fé 
em Cristo, todavia a igreja nunca deve se esquecer que os objetos de sua 
empreitada missionária têm necessidades tanto físicas quanto espirituais. 
3). Com isto em mente, o fato de que o homem é um ser unitário, deveríamos 
evitar expressões como “salvar a alma” quando descrevendo a tarefa do 
missionário, e deveríamos optar por uma abordagem holística ou abrangente 
em missões. Esta abordagem, que algumas vezes é conhecida como “o 
ministério da palavra e das ações”, direciona o missionário a estar 
preocupado não somente a respeito de ganhar convertidos para Cristo, mas 
também em melhorar as condições de vida desses convertidos e seus 
vizinhos, trabalhando em áreas como agricultura, dietética e saúde. O 
estabelecimento de escolas para a educação cristã dos nacionais e a 
manutenção de clínicas e hospitais tanto para o cuidado da saúde rotineira 
como da emergencial, entretanto, não deve ser considerado como estranho à 
província da atividade missionária da igreja, mas como um aspecto essencial 
dela. Arthur F. Glasser, ex-deão da Escola de Missões Mundiais do 
Seminário Teológico Fuller (California), diz que na tarefa como missionários 
cristãos, 
“O desenvolvimento da fé individual e interior deve ser acompanhado por 
uma obediência solidária e exterior ao mandato cultural extensamente 
detalhado na Santa Escritura. O mundo deve ser servido, não evitado. A 
justiça social deve ser promovida, e as questões de guerra, racismo, pobreza 
e desequilíbrio econômico devem se tornar uma preocupação ativa e 
participativa daqueles que professam crer em Jesus Cristo. Não é suficiente 
que a missão cristã seja redentora; ela também deve ser profética.”[77] 
4). A escola deveria também estar preocupada a respeito da pessoa total. 
Embora um dos principais propósitos da escola seja a instrução intelectual, 
o professor nunca deveria esquecer que o aluno que está ensinando é uma 
pessoa total. A escola, portanto, não deveria treinar apenas a mente, mas 
deveria apelar para as emoções e vontade, visto que o ensino eficaz deve 
produzir no aluno tanto o amor pela matéria como um desejo de aprender 
mais a respeito dela. Além disso, as escolas deveriam evidenciar uma 
preocupação pelo corpo assim como pela mente. Os esportes de 
espectadores, no qual poucos jogam e muitos meramente observam, têm o 
seu lugar, mas muito mais importante para o corpo discente como um todo é 
30 
 
 
um bom programa de educação física, com uma ênfase nos esportes de jogos 
internos que envolvam todos os estudantes. 
5). O conceito da pessoa total tem também implicações para a vida de 
família. Os pais crentes ficarão preocupados em ensinar a seus filhos a 
respeito de Deus, em treiná-los na vida cristã, e a discipliná-los em amor 
quando carecem disto. Mas os pais devem também estar preocupados a 
respeito de assuntos como uma dieta saudável e própria para o cuidado do 
corpo. Está sendo cada vez mais reconhecido hoje que um programa regular 
de exercício físico é essencial para uma boa saúde; os pais, portanto, 
deveriam tentar ensinar a seus filhos o cuidado do corpo, não somente por 
preceito mas também pelo exemplo. 
6). Além disso, o conceito da pessoa total tem implicações para a medicina.Em reconhecimento do fato de que o homem é uma unidade psicossomática, 
a ciência médica desenvolveu recentemente uma abordagem chamada 
medicina holística.[78] A medicina holística tem sido definida como “um 
sistema de saúde que enfatiza a responsabilidade pessoal para a própria 
saúde e empenha-se por um relacionamento cooperativo entre todos os 
envolvidos em proporcionar cuidados de saúde.”[79] Os praticantes da saúde 
holística “enfatizam a necessidade da busca pela pessoa total, incluindo 
condição física, nutrição, maquiagem emocional, estado espiritual, valores 
de estilo de vida e ambiente.”[80] A Conclusão é clara: A cura e a 
manutenção da saúde física envolve a pessoa total. Médicos, enfermeiras, 
pastores e pacientes devem sempre ter isto em mente.[84] 
7). Finalmente, o conceito da pessoa total tem implicações importantes para 
a psicologia e para o aconselhamento. Estudos recentes de psicologia têm 
levado a uma nova ênfase na totalidade do homem — uma ênfase que é 
chamada algumas vezes de “teoria organísmica”.[85] Hall and Lindzey 
afirmam que a nova ênfase em psicologia sobre a pessoa total é uma reação 
contra o dualismo mente-corpo, a psicologia das faculdade, e o behaviorismo 
(comportamentalismo). Esta nova ênfase, eles dizem, tem sido grandemente 
aceita: 
“Quem há em psicologia hoje que não seja um proponente dos principais 
princípios da teoria organísmica que o total é algo além da soma de suas 
partes, que o que acontece a uma parte acontece ao todo, e que não há 
nenhum compartimento separado dentro do organismo?”[86] 
Os conselheiros devem lembrar-se também do fato de que o homem é uma 
pessoa total. Eles deveriam ser treinados a reconhecer os problemas que 
requerem a especialidade de outros além de si mesmos, e deveriam 
encaminhar seus aconselhandos, quando necessário, a médicos e 
psiquiatras. Os problemas mentais não deveriam ser tidos como totalmente 
distintos dos problemas físicos, porque nenhum tipo de problema está 
sempre separado do outro. Visto drogas anti-depressivas podem curar certos 
tipos de depressão, um conselheiro sábio fará uso desses meios. Pacientes 
que possuem problemas muito profundos, de fato, podem mais eficazmente 
ser curados através de esforços combinados de uma equipe terapêutica, 
consistindo, talvez, de um psicólogo, um assistente social, um médico e um 
psiquiatra.[87] 
31 
 
 
O conselheiro não deveria pensar de uma saúde mental e espiritual como 
coisas totalmente separadas. Visto que o homem é uma pessoa total, o 
espiritual e o mental são aspectos de uma totalidade, de forma que cada 
aspecto influencia e é influenciado pelo outro. Howard Clinebell diz o 
seguinte: “A saúde espiritual é um aspecto indispensável da saúde mental. 
Os dois podem estar separados somente numa base teórica. Nos seres 
humanos vivos, a saúde espiritual e mental estão inseparavelmente 
entrelaçadas.”[88] 
Algumas vezes o conselheiro pastoral pode pensar que a mera citação dos 
versos da Bíblia pode ser tudo o de que necessita para ajudar o membro da 
igreja a resolver um difícil problema espiritual. Mas um entendimento do 
homem como uma pessoa total conduz-nos a perceber que tal abordagem 
pode ser totalmente inadequada. David G. Benner, num artigo no qual ele 
desafia a opinião comum de que a personalidade humana pode ser dividida 
em duas partes, uma “parte” espiritual e uma psicológica, ilustra seu ponto 
da seguinte maneira: 
“A tentação, portanto, de rotular a dificuldade de uma pessoa em aceitar o 
perdão de Deus de seus pecados como um problema espiritual deve ser 
resistido a fim de deixar o conselheiro muitíssimo aberto para tratar com 
ambos os aspectos, psicológico e espiritual, daquele problema. Assumir 
natureza espiritual essencial e proceder por meio de uma apresentação 
explícita de certas verdades bíblicas é esquecer que o perdão, esteja ele 
sendo dado ou recebido, é mediado por processos psico-espirituais da 
personalidade e, portanto, esses outros fatores psicológicos podem também 
estar envolvidos e outras técnicas sejam apropriadas.”[89] 
 O conselheiro cristão, portanto, deveria ver os problemas de seus 
aconselhandos como problemas da pessoa total. Ele deveria não somente 
tratar com o aconselhando como uma pessoa total, mas deveria também 
tentar restaurá-lo à sua totalidade, que é a marca de uma vida saudável e 
piedosa.[90] 
 
NOTAS: Todas as notas é citação do Capítulo 12 do livro “Criados à Imagem de Deus”, da 
Cultura Cristã. Artigos extraídos do site: http://www.monergismo.com - site da web de 
Felipe Sabino de Araújo Neto® 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO IV 
 
A ORIGEM DA ALMA 
 
 
 
 4.1. O que dizem as religiões: Vejamos abaixo o que dizem algumas das 
principais religiões. Tenham em conta que as visões modificam e tomam 
vertentes distintas no interior de uma mesma religião. De tal modo que aqui 
nos atemos ao que de um modo geral se aceita em cada uma delas. 
 
Hinduismo Judaismo Budismo Catolicismo Islamismo 
Protestantis
mo 
Espiriti
smo 
A vida começa 
na fecundação 
e se opõe ao 
aborto 
A vida 
começa no 
40° dia, 
antes disso o 
aborto não é 
considerado 
homicídio 
A vida é um 
processo 
contínuo e 
ininterrupto
, e não há 
consenso 
sobre 
aborto 
A vida começa 
na concepção, 
quando o óvulo é 
fertilizado, e se 
opõe ao aborto 
A vida 
começa 120 
dias após a 
concepção, e 
se opõe ao 
aborto 
A vida 
começa na 
fecundação e 
em geral se 
opõe ao 
aborto, 
havendo 
correntes que 
o admite em 
certos casos. 
A vida 
começa 
quando 
se fixa o 
óvulo 
no 
útero; 
há 
corrente
s que 
admite
m o 
aborto 
 
 4.2. Outras opiniões: 
 
4.2.1.Tertuliano: Aceita a doutrina do traducianismo, de que corpo e alma 
teriam origem simultânea e comum, por transmissão e divisão da matéria. A 
alma seria transmitida pelos pais e surgiria juntamente com o corpo, no ato 
da geração. Por isso a alma é corpo sutil, tênue e aeriforme. A alma dos 
filhos forma-se, à maneira de um rebento, da alma paterna. Assim, como a 
árvore lança o rebento, assim uma parte da alma do pai se translada, pelo 
sêmen, ao filho, em cujo corpo ela se envolve e cresce independentemente . 
4.2.2.Gregório de Nissa: Adota o traducianismo, depois de também refutar a 
tese de que seria inconveniente que a alma fosse criada depois do corpo. Se 
a alma fosse criada exclusivamente depois do corpo e em atenção a ele, por 
conseqüência, a sua dignidade seria inferior à do corpo, pois o valor do meio 
é sempre inferior ao do fim]. Assim ele procede tal demonstração, traçando 
um paralelo entre o renascimento pela água (batismo) e o nascimento do 
homem individual. Sustenta que no batismo temos a água natural, 
inanimada, que só pelo poder de Deus opera o nascimento sobrenatural. Do 
mesmo modo, na geração humana temos um líquido inanimado, que tira 
toda sua eficácia do poder de Deus. Assim a nossa resposta é evidente, a 
saber, que ele (o sêmen) se transforma em homem pelo poder divino; pois 
sem a presença deste, ele permanece imóvel e ineficaz 
4.2.3. Apolinário: Segue também a doutrina traducianista. 
4.2.4.Santo Agostinho Admite que a alma não procede da substância divina, 
visto ser uma criatura que não preexistiu ao corpo [oposição à doutrina da 
preexistência da alma], que não é formada de uma suposta substância 
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espiritual, produzida no começo da criação, que não evoluiu da matéria, nem 
de uma alma animal [oposição ao traducianismo:] e que foi criada no 
princípio da criação, para logo ser infundida no respectivo corpo pelo próprio 
Deus, pois se tornaria difícil a explicação da razão da união entre alma e 
corpo. A sua postura o faz tender para a adoção da teoria da animação 
sucessiva, de que a alma foi criada e somente depois infundida no corpo. 
Visando com isso confirmar a espiritualidade da alma intelectiva contra o 
traducianismo e a transmissão do pecado original pelo corpo,

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