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CAPÍTULO 2
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Obter uma visão do sistema de mercado e avaliar seu funcionamento sob a 
ótica da teoria do consumidor.
 Realizar análise da oferta e demanda dos produtos agropecuários.
 Compreender o processo de formação de preços.
 Conhecer conceitos da teoria da fi rma avaliando o comportamento dos 
principais elementos da produção.
34
 ECONOMIA RURAL
35
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
CONTEXTUALIZAÇÃO
Mesmo que aparentemente as preocupações centrais da micro e da 
macroeconomia pareçam um tanto distintas, o objeto principal de análise destes 
dois campos da economia envolve o entendimento do sistema econômico. Vimos 
no capítulo anterior que no sistema econômico o problema fundamental está em 
conciliar a escassez de recursos com as necessidades ilimitadas da sociedade de 
modo a garantir a melhor forma de alocação desses recursos. 
Para que as necessidades humanas sejam satisfeitas, a sociedade precisa se 
organizar de modo a produzir os bens necessários para garantir o bem-estar social. 
Diante disso, o consumo e a produção surgem como dois atos fundamentais. Em 
um primeiro momento, as famílias e empresas decidirão qual a melhor forma de 
alocar seus recursos de modo a maximizar suas necessidades. Em um segundo 
momento, o produtor precisará responder àquelas questões fundamentais: o que 
produzir; qual a melhor combinação de recursos produtivos e fatores de produção 
utilizar; e a quantidade de produto a ser disponibilizada no mercado. 
Nesse capítulo veremos como os agentes individuais se comportam de acordo 
com suas necessidades, isto é, como se dão as preferências dos consumidores, 
e a partir daí, como se dão as relações no mercado dada a interação entre as 
forças de oferta (lado do produtor) e demanda (lado do consumidor). Depois, 
analisaremos o comportamento da fi rma, isto é, estudaremos os principais 
elementos da produção.
Entretanto, primeiro precisaremos diferenciar as estruturas de mercado, uma 
vez que elas afetam o nível de preços e as relações entre os agentes econômicos. 
Inicialmente apresenta-se uma defi nição formal de mercado e as suas principais 
características. Fique atento, pois esses conceitos serão muito importantes para 
outras matérias do curso, por exemplo, a disciplina de Mercado do Agronegócio. 
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Nesse capítulo temos como objetivo fornecer uma base da teoria 
microeconômica, que será bastante utilizada em outras disciplinas. Os principais 
temas a serem discutidos neste tópico são: as estruturas de mercado, a teoria do 
consumidor e a teoria da fi rma. 
36
 ECONOMIA RURAL
A teoria microeconômica apresenta uma série de respostas para os 
problemas econômicos. Veremos como ela trata do comportamento de unidades 
individuais, tanto no que diz respeito ao consumo como na produção. Além disso, 
qual o papel dos preços e como eles são determinados nos mercados a partir da 
interação de consumidores e vendedores. 
A teoria do consumidor leva em conta os aspectos relacionados à tomada 
de decisões dos consumidores, tendo como pressuposto básico que os agentes 
buscam maximizar a sua satisfação individual por meio da compra de bens 
e serviços, dada a sua restrição orçamentária e o nível de preços. Essa teoria 
nos dá elementos importantes do processo de formação da demanda individual. 
Mankiw (2008) exemplifi ca essa questão da seguinte forma: imagine a sua 
demanda pessoal por sorvete. Como você decide quanto sorvete comprar por 
mês e que fatores afetam a sua decisão? Basicamente, a sua resposta envolve a 
consideração do preço do sorvete (quanto mais barato estiver o sorvete, maior a 
quantidade demandada); o seu nível de renda (imagine o caso de uma redução 
no seu salário, com uma renda menor signifi ca que você tem menos para gastar, 
então você teria que reduzir o consumo de alguns bens); o seu gosto (o quanto 
você gosta de sorvete determinará o quanto você irá comprar); suas expectativas 
(aquilo que você espera para o futuro pode afetar a sua demanda por um bem); o 
preço de outros bens relacionados (se o iogurte congelado fi car mais barato, pode 
ser que você troque o sorvete pelo iogurte, mas se a calda de chocolate estiver 
na promoção, você tenderá a comprar mais sorvete, porque os dois podem ser 
consumidos juntos).
Já a teoria da fi rma considera que as empresas buscam maximizar o lucro 
no longo prazo, dada a restrição de recursos e o nível de preços dos fatores 
produtivos. A partir dessa teoria, poderemos compreender como as empresas 
defi nem seus objetivos, tanto no curto como no longo prazo. Por exemplo, um 
produtor de arroz busca maximizar seus lucros com uso da mão de obra familiar, 
da sua terra e equipamentos disponíveis. A sua decisão de plantar arroz levou 
em conta a análise do mercado de produtos agrícolas e dos recursos produtivos, 
para que em seu entendimento ele escolhesse as combinações que melhor 
atendessem aos seus objetivos. Veremos que a decisão de quanto produzir 
depende também do conhecimento das condições de produção no mercado. 
Na análise microeconômica essas teorias são utilizadas para 
compreendermos como fenômenos econômicos se caracterizam a partir de 
um conjunto de pressupostos básicos. Os conceitos apresentados auxiliam no 
entendimento de como se dá o processo de tomada de decisão na economia. 
Roseli Dativo
Realce
Roseli Dativo
Realce
37
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
a) Aspectos iniciais
A atividade econômica resulta de um processo que combina fatores de 
produção para geração de bens e serviços. Podemos separar as atividades 
econômicas em setores conforme o modo de produção adotado, os recursos 
utilizados e os bens produzidos. 
• Setor Primário: está relacionado às atividades ligadas à extração de 
recursos naturais, tais como agricultura, pecuária, extração mineral e 
vegetal, entre outros.
• Setor Secundário: relativo às atividades de transformação de matérias-
primas em produtos industrializados e bens de consumo, tais como a 
construção civil, indústria têxtil, moveleira etc. 
• Setor Terciário: também conhecido como setor de serviços, envolve 
as atividades relacionadas à produção de bens imateriais com vistas 
a atender determinadas necessidades, tais como educação, comércio, 
saúde, telecomunicação, turismo, transportes etc. 
Esses setores podem ser ainda divididos em subsetores para melhor 
entendimento do segmento ou mercado que se deseja estudar. O IBGE, por 
exemplo, classifi ca as atividades econômicas conforme a Classifi cação Nacional de 
Atividades Econômicas (CNAE), com objetivo de auxiliar a geração de informações 
estatísticas mais detalhadas para cada segmento o produtivo. Abaixo mostramos 
dois exemplos de cada setor para melhor entendimento dessa separação. 
Quadro 2 – Classifi cação das atividades econômicas
SETOR SUBSETOR ATIVIDADE EXEMPLOS
Primário
Agricultura Cultivo de cereais Arroz, aveia, cevada, milho, trigo.
Pecuária Criação de bovi-nos
Bovinos para corte, leite e 
trabalho.
Se-
cundário
Construção Civil Construção de ed-ifícios
Residencial, comercial, agro-
pecuário.
Indústria de Transfor-
mação
Produtos ali-
mentícios
Fabricação de laticínios, de 
conservas e enlatados, açúcar 
e doces.
Terciário
Comércio Varejo de alimen-tos
Supermercados, açougues, 
padarias.
Educação Educação superior Universidades, faculdades e institutos tecnológicos.
Fonte: Adaptado de IBGE (2007).
38
 ECONOMIA RURAL
Com o passar dos anos e o entrelaçamento de algumas atividades, a total 
separação desses setores de atividade pode ser difícil em alguns casos, pois 
atualmente reconhece-se que as atividades mantêm relações interdependentes, 
podendo gerar outras formas de classifi cações. Por exemplo, no agronegócio 
podemos ter características dos três setores citados anteriormente. 
Em suma,a ideia de setor econômico pode ser ampliada a partir das relações 
de interdependência econômica e social entre os agentes. Os conceitos de cadeia 
produtiva e complexos agroindustriais são exemplos de extensões da noção de setor 
econômico. Atualmente vemos que a interdependência entre os setores está cada 
vez maior, alterando as formas de organização e a competitividade das empresas.
Veja a defi nição de agroindústria, conforme o Dicionário de 
Economia:
 AGROINDÚSTRIA. Atividade constituída pela junção dos 
processos produtivos agrícolas e industriais no âmbito de um 
mesmo capital social, ou, quando tal não acontece, a atividade 
caracteriza-se por uma grande proximidade física entre a área que 
produz a matéria-prima agrícola e o seu processamento industrial. 
Com a crescente preponderância da indústria sobre a agricultura e 
a subordinação desta última à primeira, proporções crescentes das 
atividades agrícolas encontram-se hoje totalmente submetidas ao 
capital industrial, sendo esta uma tendência mundial. 
Fonte: Sandroni (1999, p. 18).
Apresentamos essa discussão para fazer uma importante distinção 
conceitual entre algumas defi nições, como as de indústria e mercado. Vamos 
considerar que a indústria é formada por um grupo de empresas reunidas em 
função de determinadas características, tais como: possuir a mesma demanda 
de matérias-primas; semelhanças técnico-produtivas; produção de produtos 
similares. De outro lado, defi ne-se mercado como um lugar abstrato, onde os 
preços e quantidades das mercadorias transacionadas por empresas (oferta) e 
consumidores (demanda) são defi nidos. Sendo que a partir da interação entre as 
condutas dos agentes e as suas características estruturais prevalecentes é que 
se determina o padrão de concorrência (KUPFER; HASENCLEVER, 2013).
39
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Atualmente as formas de transacionar mercadorias e serviços 
têm se modifi cado com o advento de novas tecnologias de 
informação. Assim, a defi nição de mercado perdeu seu sentido 
estritamente geográfi co, podendo haver transações econômicas sem 
o encontro físico de compradores e vendedores, como é o caso do 
comércio via internet (conhecido também como e-commerce). 
 Assim, o conceito de mercado é ligado ao espaço onde 
determinadas empresas colocam seus produtos à disposição de 
consumidores que têm necessidades semelhantes. Já a indústria 
consiste em todas as empresas que fornecem a sua produção para um 
mercado particular, por exemplo, o mercado de vestuários, o mercado 
de automóveis ou o mercado de grãos. 
Considere o caso dos produtos de origem animal, por exemplo. A indústria 
transformadora de carnes é formada pelas empresas que processam a carne 
bovina, suína ou de frango. Se considerarmos esses produtos como bens 
substitutos, isto é, o caso em que o consumidor é indiferente entre comer carne 
de boi, porco ou frango, podemos dizer que essas indústrias seriam concorrentes 
no mesmo mercado (o mercado de carnes). 
A possibilidade de encontrar diferenças nos preços de determinados bens 
gera a possibilidade de que se compre a um preço mais baixo em uma localidade 
e venda a um preço maior em outra, essa prática é conhecida na literatura 
econômica como arbitragem. Mas como os agentes têm conhecimento sobre a 
possibilidade de arbitragem, as diferenças signifi cativas entre os preços tendem a 
ser menores, criando mercados globais para determinados produtos (PINDYCK; 
RUBINFELD, 2006).
Indústria consiste em 
todas as empresas 
que fornecem a sua 
produção para um 
mercado particular.,
O princípio da escassez refl ete no mecanismo de operação dos mercados, de 
modo que cada bem seja precifi cado com base na sua utilidade. Assim, o sistema 
de preços é um importante indicador das condições econômicas de uma localidade. 
40
 ECONOMIA RURAL
O termo utilidade é usado em economia como uma qualidade 
que torna os bens desejados, sendo um conceito bastante subjetivo 
e particular a cada indivíduo. A utilidade de uma mercadoria diz 
respeito, portanto, ao prazer ou à satisfação que a posse, o uso ou 
o consumo confere ao indivíduo. As ideias iniciais propunham que o 
comportamento humano era explicado pela necessidade de atingir 
o prazer em detrimento da dor. A utilidade possui características 
objetivas e subjetivas, já que tem como determinantes da utilidade: 
o preço, efi ciência, qualidade, conforto, status, design, economia 
de uso, durabilidade, entre outros fatores. Envolve o gosto e as 
preferências individuais difi cilmente mensuráveis quantitativamente 
(MAGALHÃES, 2005).
Nas próximas seções examinaremos como as empresas respondem aos 
seus ambientes econômicos ao decidir o que fornecer, em que quantidades 
e a que preço. Mais uma vez, chama-se atenção aos conceitos apresentados 
a seguir, que fazem parte de modelos econômicos que são simplifi cações da 
realidade, conforme a visão tradicional da economia neoclássica. Mesmo não 
sendo verdades absolutas, esses modelos são importantes para que o estudante 
compreenda como os consumidores e produtores revelam suas ações nos 
mercados por meio das funções de oferta e demanda. 
b) Análise das estruturas de mercado
Vale destacar que para analisar um mercado particular, a teoria 
microeconômica adota algumas hipóteses. Uma delas é a premissa ceteris 
paribus, que indica que tudo mais se mantém constante. Por exemplo, analisando 
a interação entre as funções de demanda e oferta no mercado, assumimos que 
pode haver variações nos preços, mas que outras variáveis se mantenham 
constantes (como é o caso da renda do consumidor). A teoria neoclássica tem 
ainda como pressupostos básicos a maximização do lucro e a informação perfeita, 
o que implica na hipótese de racionalidade completa dos agentes no processo de 
escolha. Além disso, que o mecanismo básico da tomada de decisões sobre a 
alocação dos fatores de produção na economia é o sistema de preços. 
A postura dos agentes econômicos é afetada pelo tipo de mercado em que 
ele se insere, pois é a partir daí que empresas e consumidores defi nirão suas 
estratégias de atuação. Veremos que as decisões da empresa sobre o quanto 
Roseli Dativo
Realce
41
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
produzir ou qual preço cobrar dependem da estrutura do mercado. Ocorre que a 
determinação da quantidade e do preço dependerá do número de compradores 
e vendedores presentes no mercado, por esse motivo precisamos diferenciar os 
diversos tipos de mercados. 
As estruturas de mercado se diferenciam basicamente conforme:
I) Número de compradores e vendedores no mercado.
II) Tipo de bem ou serviço disponível no mercado (homogêneo ou 
diferenciado).
III) Nível de interdependência existente entre os agentes.
IV) Nível de informações disponíveis sobre preços e produtos.
V) Estratégias adotadas pelas fi rmas.
IV) Presença de barreiras à entrada ou saída no setor. 
Portanto, a estrutura do mercado descreve as características 
importantes de um mercado, como o número de agentes, o nível de 
diferenciação de produtos entre as empresas, as formas de relação 
entre elas, formas de concorrência (via preço ou diferenciação de 
produto) e as condições de entrada e saída no mercado. Conforme 
formos apresentando as diferentes estruturas de mercado, 
esclareceremos melhor cada uma dessas características. 
Podemos classifi car as estruturas de mercado em estruturas de 
concorrência perfeita ou concorrência imperfeita (monopólio, oligopólio 
e concorrência monopolística). Nós iniciaremos a apresentação pela 
concorrência perfeita, que é o modelo básico das estruturas de mercado. 
• Concorrência Perfeita 
Consideramos que um mercado é perfeitamente competitivo 
quando o preço de mercado independe do nível de produção. Nesse 
caso, os produtores só defi nem a quantidade do bem que desejam 
produzir (VARIAN, 2006). As características principais desse 
mercado são:
I) Grande número de compradores e vendedores, em que cadatransação individual representa uma pequena parcela das 
transações totais no mercado. 
II) Os bens produzidos pelas empresas são homogêneos, ou seja, não há 
diferenciação substantiva entre os produtos no mercado que justifi que 
modifi cações no preço.
A estrutura do 
mercado descreve 
as características 
importantes de 
um mercado, 
como o número de 
agentes, o nível 
de diferenciação 
de produtos entre 
as empresas, as 
formas de relação 
entre elas, formas 
de concorrência 
(via preço ou 
diferenciação 
de produto) e 
as condições de 
entrada e saída no 
mercado.
Um mercado é 
perfeitamente 
competitivo quando 
o preço de mercado 
independe do nível 
de produção. Nesse 
caso, os produtores 
só defi nem a 
quantidade do 
bem que desejam 
produzir.
42
 ECONOMIA RURAL
III) Os agentes tomam suas decisões de modo descentralizado, não havendo 
qualquer forma de coordenação entre eles, ou seja, os agentes não 
infl uenciam na determinação do nível de preço, por isso são chamados 
de tomadores de preços.
IV) As informações estão disponíveis para compradores e vendedores, 
assim os agentes possuem conhecimento sobre os preços, processos 
produtivos, custos, quantidades, lucros etc., não existindo a possibilidade 
de ganhos individuais. Nesse caso, processos inovadores são 
rapidamente aplicados pelos agentes.
V) Não há signifi cativas barreiras à entrada ou à saída. Há mobilidade tanto 
dos agentes como de recursos, o que não gera obstáculos a mudanças 
na produção (perfeita mobilidade dos fatores).
Nessas condições, compradores e vendedores não infl uenciam o nível de 
preço de equilíbrio, que é determinado pela interação entre oferta e demanda no 
mercado. Assim, as empresas decidem a quantidade produzida que maximiza 
seu lucro a partir do preço de mercado, mas como existe um grande número de 
produtores, ofertando um produto homogêneo, não havendo possibilidade de 
obter vantagens particulares, já que as informações circulam livremente, espera-
se que o preço esteja próximo aos custos de produção. A presença de lucros 
extraordinários chamaria a atenção para a entrada de novos concorrentes, o que 
causaria um excesso de oferta e posterirormente reduziria o nível de preços. Diz-se 
que a concorrência é perfeita porque, pelas características do mercado, o preço fi ca 
próximo aos custos de produção, o que seria positivo para o bem-estar social. 
Grande parte dos produtos agrícolas pode ser classifi cada como mercados 
de concorrência perfeita, por exemplo, o trigo, soja, milho, café, entre outras 
commodities. Por exemplo, podemos considerar os milhares de estabelecimentos 
produtores de grãos que estão distribuídos por todo o país (um produto 
homogêneo). A população mundial conta milhões de famílias e empresas 
consumidoras desses produtos (mesmo que a maioria da produção de alguns 
desses produtos não seja diretamente destinada ao consumo humano). Portanto, 
conforme a teoria, nesse mercado existem tantos consumidores e vendedores 
que as ações de qualquer um não podem infl uenciar o preço do mercado. Essa 
é uma simplifi cação, já que na realidade esses mercados possuem imperfeições 
e particularidades em cada produto, por exemplo, quando grandes mercados 
consumidores, como a China (que possui uma elevada participação relativa), 
reduzem a sua demanda por commodities, os preços tendem a sofrer fl utuações. 
43
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Com estas características em mente, apresentaremos como se dá a 
condição de equilíbrio nesse mercado. No equilíbrio assume-se que não há 
tendências para mudanças nas variáveis estudadas no curto prazo. Qualquer 
alteração nos pressupostos básicos desse modelo gerará desequilíbrios, mas 
assume-se que as próprias forças de mercado farão com que as quantidades se 
ajustem ao preço de equilíbrio. 
Analisaremos a formação do equilíbrio a partir das funções de oferta e 
demanda de um produto particular. A oferta de um produto é determinada pelos 
produtores e a demanda é determinada pelos consumidores. Portanto, a demanda 
e oferta correspondem ao grupo de agentes que realizam atos de compra e venda 
em um mercado. 
A função de demanda expressa a relação entre a quantidade de bens e 
serviços que os consumidores almejam comprar e o preço de mercado. Assume-
se que a quantidade demandada de um bem tem uma relação inversa a seu preço, 
mantendo tudo o mais constante, ou seja, dos fatores que afetam a demanda, 
somente o preço terá infl uência. Assim, defi ne-se a equação de demanda como:
Qdx x = a - b P
− onde: Qdx representa a quantidade demandada do bem x ; 
− α é o intercepto da função de demanda; 
− Px é o preço do bem x ; 
− b é a sensibilidade da mudança na quantidade demandada do bem x 
quando o preço altera em uma unidade (é também conhecido como a 
elasticidade, conceito que será apresentado na seção que discute a 
teoria do consumidor). 
No modelo de competição perfeita a curva de demanda é infi nitamente 
elástica e cada fi rma pode ofertar o produto ao preço de mercado, essa curva 
é equivalente à curva de receita média e da receita marginal. Em concorrência 
perfeita a curva de demanda individual da fi rma é horizontal ao preço de merca-
do. A curva de demanda (oferta) do mercado é a soma das curvas de demanda 
(oferta) individual.
44
 ECONOMIA RURAL
Figura 3 – Representação das curvas de oferta e demanda linear
Quantidade Quantidade
OfertaDemanda
Preço Preço
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2006).
Imagine o caso dos produtores de arroz. No mercado mundial de arroz 
existem milhares de estabelecimentos produtores de arroz, de modo que qualquer 
um forneça apenas uma pequena fração da produção total do mercado. O 
preço de mercado do arroz é determinado na Figura 4 pela interseção da curva 
de demanda (D) e da curva de oferta (S) do mercado. Uma vez que o preço é 
determinado no mercado, o agricultor pode vender tudo ao preço de mercado. 
A produção de cada fazenda é tão pequena em relação ao mercado que ela não 
tem impacto no preço. Como estamos tratando de um produto homogêneo, se o 
produtor cobrar mais do que o preço do mercado ele não venderá sua produção. 
Da mesma forma, ele não tem incentivo para vender a um preço menor se pode 
vender ao preço de mercado e receber uma receita maior. Por isso a curva de 
demanda do agricultor individual é uma linha horizontal delineada ao nível do 
preço de mercado. 
A função de oferta expressa a relação entre a quantidade de bens e 
serviços que os produtores estão dispostos a vender a determinando preço, man-
tido tudo o mais constante. A curva de oferta expressa uma relação direta entre 
a quantidade e o preço, já que quanto maior o preço, maior seja a vontade das 
empresas de vender. Defi ne-se a equação de demanda como:
− onde: Qsx representa a quantidade ofertada do bem x ; 
− d é o intercepto da função de oferta; 
− Px é o preço do bem x ; 
− e é a sensibilidade da mudança na quantidade ofertada do bem x quando 
o preço altera em uma unidade.
Qsx x = d + e P
45
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Portanto, em equilíbrio, o preço mínimo que o produtor está disposto a receber 
pela venda de seu produto coincide com o preço máximo que os consumidores 
estão dispostos a pagar, isto é:
Qsx x = Qd
Figura 4 – Equilíbrio de Mercado
P*
S
D
Q*
Fonte: Vasconcellos (2006).
Em resumo, se o preço de mercado for maior que o preço de equilíbrio, o 
mercado estará numa situação de excesso de oferta, já que a um preço maior os 
produtores estão dispostos a ofertar mais produtos além do que os consumidores 
desejam comprar. Esse excesso de produção pressionará a redução dos preços 
em nível menor. Do contrário, se o preço de mercado for menor que o preço 
de equilíbrio, o mercado tenderá a uma escassez de oferta, uma vez que os 
consumidores desejarão consumir uma quantidade maior, mas os produtores não 
terão incentivos para produzir a esse preço. Assim, o preço tenderá a aumentar.Esse modelo é alvo de muitas críticas devido à aplicabilidade de seus 
pressupostos, já que no geral grande parte dos mercados é imperfeita. No 
entanto, destaca-se que ele seja uma referência teórica importante para avaliar 
as condições de concorrência nos outros mercados. Melo (2013) destaca a 
manutenção das hipóteses de informação perfeita, e a maximização de lucros 
46
 ECONOMIA RURAL
nos modelos de competição imperfeita faz com que desvios teóricos sejam 
considerados como casos particulares do modelo geral de competição perfeita. 
Assim, o que não estiver de acordo com as hipóteses básicas do modelo é visto 
como falhas ou imperfeições de mercado. Segundo Pindyck e Rubinfeld (2006), 
há quatro razões básicas para falhas de mercado: poder de mercado, informações 
incompletas, externalidades e bens públicos. 
Leia o livro: PINDYCK, R. S.; RUBINFELD; D. L. Microeconomia. 
6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 
Na última seção do Capítulo 16 – Equilíbrio geral e efi ciência 
econômica (item 16.7) –, Pindyck e Rubinfeld (2006) esclarecem as 
razões pelas quais os mercados falham. 
• Monopólio
Diferentemente dos mercados perfeitamente competitivos, em que os 
agentes são tomadores de preços, nas estruturas de concorrência imperfeita 
alguns agentes podem infl uenciar os níveis de preços. Assim como a concorrência 
perfeita, o monopólio puro não é tão comum como outras formas de organização 
de mercado, no entanto a sua compreensão tornará mais fácil o entendimento das 
demais estruturas de mercado. 
O monopólio é uma estrutura de mercado formada por uma única 
empresa que domina a oferta de um bem ou serviço que não possui 
substituto. Ele é o caso extremo ao da concorrência perfeita. Entre as 
suas principais características estão:
I) Existe apenas um vendedor e um grande número de compradores.
II) O bem produzido pelo monopolista não tem substituto próximo.
III) O produtor domina a oferta de mercado e os consumidores estão 
submetidos às condições impostas por ele. 
IV) O fl uxo de informações não está totalmente disponível no mercado. 
V) Há signifi cativas barreiras à entrada para novos concorrentes. 
Nessas condições, o produtor é capaz de afetar o sistema de preços. 
Mesmo sendo a única ofertante, a empresa monopolista ainda enfrenta algumas 
Monopólio é uma 
estrutura de mercado 
formada por uma 
única empresa que 
domina a oferta de 
um bem ou serviço 
que não possui 
substituto.
47
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
limitações, como os seus custos de produção e a curva de demanda dos 
consumidores. Geralmente, a empresa monopolista fi xa o preço e a demanda 
dos consumidores que vão determinar a quantidade a ser ofertada ou a empresa 
determina a quantidade e a demanda defi ne os preços (ARBAGE, 2006). 
O conceito de barreiras à entrada diz respeito a qualquer impedimento que 
evita a presença de novas empresas a competir em igualdade de condições com 
empresas já estabelecidas. As barreiras à entrada fazem com que novas entrantes 
possam não auferir lucros, podendo ser, por exemplo, restrições legais (patentes, 
licenças etc.), controle de um recurso essencial (matérias-primas ou técnicas de 
produção) e economias de escala (o mercado não suporta mais de um produtor 
no caso do monopólio natural) (MELO, 2013). Podemos citar, como exemplos 
de mercados que estão próximos ao monopólio, o setor de energia elétrica, de 
saneamento básico e de petróleo. 
Diferente da concorrência perfeita em que as empresas operam com lucro 
econômico nulo, no monopólio as empresas operam com lucros extraordinários. 
A decisão da quantidade em que a empresa irá operar dependerá da extensão 
do mercado. O preço cobrado pelo monopolista sempre estará acima do nível do 
preço de mercado de competição perfeita e com uma quantidade vendida menor. 
Inverso ao caso do monopólio temos o monopsônio, quando há somente 
um comprador e vários vendedores. O único comprador tem poder de mercado 
ao poder infl uenciar os preços. Nos mercados agrícolas regionais, em que o 
bem é perecível ou enfrenta elevados custos de transportes que difi cultam a 
comercialização em outros locais, é um exemplo de monopsônio. Podemos 
pensar como exemplo os produtores de leite de uma determinada região, que 
só conseguem vender seu produto para uma grande empresa de laticínios. Essa 
empresa procurará pagar o menor preço possível. 
De outro lado podemos ter o caso de poucas empresas compradoras no 
mercado, o que chamamos de oligopsônio. Considerando o caso dos produtores 
de leite, temos que essas poucas empresas poderiam coordenar as suas ações 
de modo a reduzir o preço pago pelo leite para reduzir seus custos de produção, 
mas causando prejuízo para os produtores de leite. 
• Oligopólio 
No oligopólio há um pequeno número de vendedores que 
controlam parte signifi cativa da oferta de determinado bem ou 
serviço, cujo comportamento é interdependente. Suas principais 
características são:
Oligopólio há um 
pequeno número 
de vendedores que 
controlam parte 
signifi cativa da oferta 
de determinado bem 
ou serviço, cujo 
comportamento é 
interdependente.
48
 ECONOMIA RURAL
I) Existem poucas empresas concorrentes.
II) O bem produzido pode ser similar ou diferenciado.
III) Ações individuais das empresas podem afetar ou condicionar o 
desempenho das demais concorrentes, ou seja, as ações das empresas 
são interdependentes. 
IV) Pode haver algum tipo de barreira à entrada.
O oligopólio é uma das formas mais comuns de mercado. Muitos setores, 
como os de automóveis, viação civil, informática e de telefonia, são oligopolistas. 
Como um oligopólio tem apenas algumas empresas, cada uma deve considerar o 
efeito de suas próprias ações no comportamento dos concorrentes, por isso são 
consideradas como interdependentes.
Em alguns casos, os produtos podem ser mais homogêneos ou diferenciados 
entre os produtores. Um oligopólio que vende commodities ou um produto que 
não difere entre os fornecedores, como aço, cimento ou fertilizantes, é chamado 
de oligopólio puro. Já o oligopólio que vende produtos diferenciados, tais 
como automóveis, bebidas e máquinas agrícolas, é conhecido como oligopólio 
diferenciado (ARBAGE, 2006).
Quanto mais semelhantes os produtos, maior a interdependência entre as 
empresas, já que as empresas são mais sensíveis aos preços dos concorrentes. 
No caso do oligopólio diferenciado, os produtores não são tão sensíveis quanto 
aos preços dos demais devido à diferenciação de seus produtos (qualidades, 
localização, pós-venda, marca, entre outros). Nesse mercado as informações 
a respeito do comportamento dos rivais não estão tão claras. Uma empresa 
particular sabe que qualquer tentativa de modifi car sua conduta provocará uma 
reação do seu rival. Assim, as ações de cada fi rma dependem de como o seu 
adversário reage em termos de decisões quanto ao preço e produção. Assim 
como no monopólio, existem difi culdades para novos ingressantes na indústria, 
seja por meio de economias de escala, controle sobre fontes de matérias-primas, 
patentes ou outras barreiras legais. 
Muitas teorias foram desenvolvidas para explicar o comportamento dos 
agentes em oligopólio no que se refere a suas decisões sobre preço e produção. 
Como foi explicado, devido à interdependência entre as empresas, o oligopolista 
pode reagir de várias formas às decisões e práticas de seus concorrentes. Sendo 
assim, não temos um único caso, mas diversos modelos de oligopólio para 
explicar as decisões das fi rmas rivais, como o caso do cartel, liderança de preços, 
Modelo de Cournot, entre outros. 
49
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Os oligopolistas geralmente se unem para tentar diminuir a concorrência 
e aumentar os lucros fazendo acordos para dividir o mercado e fi xar preços, 
isto é conhecido na literatura como conluio. Quando essas empresas fazem 
acordos para atuarem em uma situação similar aos lucros de um monopolistatemos um cartel, ou seja, um conjunto de fi rmas que concordam em coordenar 
suas decisões de produção e preços para operar como um monopolista. Essa 
é uma situação que geralmente ocorre nos setores de petróleo e mineração. As 
empresas se unem para produzir menos, cobrarem um preço maior e imporem 
barreiras a potenciais entrantes. Essa é uma situação prejudicial, já que os 
consumidores pagam preços maiores e a ausência de concorrência pode levar a 
desestímulos a investimentos na produção, tornando o mercado inefi ciente. Em 
alguns países essa é uma prática ilegal e em outros ela é até incentivada em 
alguns setores estratégicos, como o de petróleo. Ressalta-se que essa não é uma 
situação estável, já que cada empresa tem incentivos para quebrar o acordo, na 
esperança de que as suas ações não serão notadas pelas outras fi rmas. Ações 
como essa podem levar à guerra de preços, induzindo ao fi m do cartel. O estudo 
do comportamento estratégico dos agentes nessas situações é feito pela teoria 
dos jogos (VASCONCELLOS, 2006; MANKIW, 2008).
 Outra forma de conluio ocorre quando as empresas estabelecem o mesmo 
preço mas sem que haja um acordo formal, aceitando que uma fi rma atue em 
liderança de preço. Isso ocorre quando uma das fi rmas concorrentes possui uma 
estrutura de custos menor que a das demais, ela defi ne o preço de mercado e as 
outras seguem a liderança evitando a concorrência de preços. 
• Concorrência monopolística 
Essa estrutura contém elementos tanto de monopólio quanto de 
concorrência perfeita. A concorrência monopolística é o caso do mer-
cado em que há muitos produtores que vendem produtos substitutos, 
mas com algum grau de diferenciação. Entre as suas principais carac-
terísticas estão:
I) Grande número de compradores e vendedores no mercado.
II) Bem ou serviço são diferenciados, podendo ser substitutos próximos.
III) Os agentes atuam de forma independente.
IV) Pequenas barreiras à entrada ou saída no setor. 
O fato de os bens não serem homogêneos implica que a curva de demanda 
individual nesse mercado não seja uma reta horizontal, como no caso da 
concorrência perfeita. Os produtos podem ser diferenciados por técnicas de venda, 
localização geográfi ca, qualidade, marca etc. Nesse mercado não há signifi cativas 
Concorrência 
monopolística é o 
caso do mercado 
em que há muitos 
produtores que 
vendem produtos 
substitutos, mas 
com algum grau de 
diferenciação.
50
 ECONOMIA RURAL
barreiras à entrada. Assim, cada produtor tem alguma infl uência sobre o preço 
que pode cobrar. Destaca-se que as empresas são formadoras de preço, ou seja, 
não são tomadoras de preço, como na concorrência perfeita. Como exemplos de 
mercados com essas características temos: livros, fi lmes, restaurantes, móveis, 
entre outros (MANKIW, 2008). 
No mercado há vendedores sufi cientes que se comportam de forma competitiva 
e atuam de forma independente. As pequenas barreiras à entrada fazem com que 
as empresas entrem ou saiam do mercado com facilidade. O setor de terciário ou 
de serviços é o mais comum nesse tipo de estrutura (ARBAGE, 2006).
CARTEL DO CIMENTO VAI ALÉM DA 
FIXAÇÃO DE PREÇO, DIZ RELATOR
 
Além da fi xação de preços e da quantidade de produtos 
produzidos pelas empresas de cimento membros do 
suposto cartel investigado pelo Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica (Cade), o relatório do conselheiro Alessandro Octaviani 
ainda aponta provas de que as empresas acusadas também 
realizaram outras práticas ilícitas, como a divisão regional de 
mercado, a alocação acertada de clientes e a criação de barreiras 
artifi ciais à entrada de novos concorrentes.
“As companhias rateiam entre si quem assume cada região e 
sob qual capacidade produtiva”, detalhou Octaviani, há pouco. “Isso 
explica porque cada companhia está em uma região e não vai para 
outra”, acrescentou. De acordo com o relator, as provas colhidas no 
processo ainda demonstram que a divisão de fatia de mercado entre 
as empresas também se dava pela alocação concertada de clientes. 
“Havia uma divisão de clientes baseada na própria divisão de mercado 
regional”, destacou Octaviani. “Além disso, o mercado de concreto era 
dividido na mesma proporção do de cimento”, completou.
O relatório também cita provas de ações predatórias combinadas 
para a eliminação de novos concorrentes e agentes não alinhados ao 
cartel. “O objetivo era excluir os concorrentes mais aguerridos”, disse. 
Para Octaviani, a Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP) 
pressionou a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pela 
alteração de normas técnicas com a fi nalidade de impossibilitar a 
atuação de grupos menores, como os chamados “misturadores”, no 
51
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
mercado de cimento. A ABCP teria inclusive elaborado alertas aos 
consumidores sobre os riscos associados ao uso de cimento “fora da 
norma” e indicando quais marcas estariam desconformes.
“No caso, houve expresso abuso de poder pelos grandes grupos 
econômicos do setor”, acusou Octaviani. “As estratégias analisadas 
pela associação não visavam à melhoria do cimento produzido e 
consumido no país, mas a eliminação de concorrentes”, completou.
Após a leitura do relatório, o processo será julgado pelo plenário 
do Cade. Além da ABCP, da Associação Brasileira das Empresas de 
Concretagem e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, estão 
entre os acusados a InterCement Brasil (antiga Camargo Corrêa 
Cimentos), a Cimpor do Brasil, a Cia de Cimento Itambé, a Cimentos 
Liz (antiga Soeicom), a Holcim Brasil, a Itabira Agro Industrial, a 
Lafarge Brasil e a Votorantim Cimentos.
Fonte: Revista Exame.com, 22 janeiro de 2014. Disponível em: 
<http://exame.abril.com.br/economia/cartel-do-cimento-vai-alem-da-
fi xacao-de-preco-diz-relator/>. Acesso em: 30 maio 2017.
Em suma, a análise das estruturas de mercado é importante para que 
o produtor possa decidir o que e quanto produzir (precisa conhecer seus 
concorrentes e os limites desse mercado); nortear a escolha das técnicas de 
produção de modo a fazer as melhores combinações de como produzir; identifi car 
seu público-alvo e a melhor forma de escoar sua produção; compreender o 
processo de formação de preços e analisar os impactos de políticas públicas sobre 
a produção. A seguir exibimos um resumo comparando algumas das principais 
características das quatro estruturas de mercado já apresentadas.
Quadro 3 – Principais características das estruturas de mercado
Empresa Produto Barreiras Preço
Competição Perfeita Muitas Homogêneo Não há Tomador
Monopólio Uma Homogêneo Sim Formador
Oligopólio Poucas Homogêneo ou diferenciado Sim Algum controle
Concorrência Mo-
nopolística Muitas Diferenciado Sim Pequena infl uência
Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2004).
52
 ECONOMIA RURAL
Tudo aquilo que não se enquadrar nas hipóteses básicas do modelo 
é considerado uma falha ou imperfeição de mercado. Nas estruturas de 
competição imperfeita, quem tem mais informação tem melhores condições de 
negociar. Geralmente o agricultor tem menos informações e acaba acatando 
as condições do mercado. Os monopolistas e oligopolistas apresentam grande 
poder de mercado, isto é, são capazes de infl uenciar o nível de preços pela baixa 
sensibilidade dos consumidores ao preço e pela participação signifi cativa dessas 
empresas no mercado. Nesse sentido, esses setores apresentam a necessidade 
de regulação para evitar práticas anticompetitivas que prejudiquem a sociedade.
Atividades de Estudos:
1) Sobre a estrutura de monopólio, explique as implicações 
negativas para a sociedade.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) A teoria econômica postula que a presença de imperfeições no 
mercado pode levar à possibilidadede lucros extraordinários, que 
estimulam a entrada de novos concorrentes no mercado. Vimos 
que nos mercados de competição imperfeita pode haver barreiras 
à entrada em alguns setores. Dê exemplos de algumas dessas 
possíveis barreiras.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
3) Em quais estruturas temos produtos diferenciados? Cite exemplos 
de maneiras pelas quais uma empresa pode diferenciar seu produto. 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
53
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
4) Segundo a reportagem apresentada sobre o cartel de cimento 
no Brasil, quais são as práticas que caracterizam a formação de 
cartel apontada pelo relator do CADE? Os efeitos do cartel foram 
positivos para a sociedade?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Quer saber mais sobre os dados econômicos da agropecuária? 
Indicamos três sites interessantes para a pesquisa de informações 
sobre a agropecuária no Brasil e no mundo. 
• Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA 
<www.fas.usda.gov>. Traz informações a respeito da oferta e 
demanda mundial, projeções de safras, produtividade por culturas, 
exportação e importação etc.
• Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB <www.
conab.gov.br>. Realiza o levantamento da safra e organiza dados 
como produção, produtividade e área de diversas culturas. 
• Instituto de Economia Agrícola – IEA <www.iea.sp.gov.br>. Traz 
informações sobre preços agrícolas.
TEORIA DO CONSUMIDOR
A teoria do comportamento do consumidor se concentra em como os 
consumidores com recursos limitados escolhem alocar sua renda entre diferentes bens 
e serviços, procurando maximizar seu bem-estar (os agentes se comportam de modo 
racional). Nesta seção, exploraremos conceitos que nos ajudarão a compreender as 
características básicas da tomada de decisão dos consumidores, reconhecer como 
alocam os seus rendimentos para atingir o nível máximo de satisfação dentro da sua 
restrição orçamentária (PINDYCK; RUBINFELD, 2006; VARIAN, 2006).
54
 ECONOMIA RURAL
Para melhor compreensão do comportamento do consumidor, sugere-se que 
a análise seja feita em três etapas (PINDYCK; RUBINFELD, 2006):
I) Análise das preferências do consumidor (defi ne a sua utilidade).
II) Análise da sua restrição orçamentária.
III) Análise das escolhas do consumidor.
No agronegócio, como nos demais setores da economia, estão ocorrendo 
mudanças importantes. Os consumidores estão mudando estilos de vida, seus 
hábitos alimentares e de consumo. Essas mudanças exigem que a produção se 
adéque às novas necessidades.
a) Demanda
Como discutimos no capítulo anterior, os consumidores têm desejos 
ilimitados, mas enfrentam uma restrição de renda e recursos limitados. Defi nimos a 
demanda de um consumidor por um bem como a quantidade que ele está disposto 
e é capaz de comprar, em um mercado particular e a preços determinados.
Supõe-se que o consumidor obtém satisfação ou utilidade a partir do 
consumo de bens, e ao realizar um ato de consumo, ele procura obter o maior 
nível de satisfação possível. O conceito central da teoria do comportamento do 
consumidor é o da utilidade. Os bens são desejados por causa de sua capacidade 
de satisfazer os desejos humanos, ou seja, geram utilidade.
Dadas as preferências do consumidor, a demanda por uma mercadoria será 
determinada pelo preço do produto, pela renda do consumidor, pelo preço de 
outros produtos, entre outros fatores. Essa relação é representada pela função de 
demanda, isto é:
 
• onde Q é a quantidade do bem comprado pelo consumidor em um 
determinado período de tempo;
• Px é o preço do bem consumido;
• Py,Pz,...Pw são os preços de outros bens de consumo no mesmo mercado; 
• R denota renda do consumidor; 
• A resume todos os outros fatores que afetam a demanda, tais como as 
expectativas do consumidor, publicidade, marca etc.
Q P P P Pw R Ax y z = f , , ,... , ,( )
55
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
A curva de demanda é representada em um gráfi co que descreve 
a relação entre o preço de uma determinada mercadoria e a quantidade 
dela que os consumidores estão dispostos a comprar a cada preço 
possível, tudo mais que afeta a demanda é mantido constante. Deste 
modo, a função de demanda é dada por:
Normalmente a curva de demanda é apresentada pela curva de 
demanda inversa, que corresponde à relação que exprime o preço em função da 
quantidade: P Q= ( ) f . Uma mudança no preço do produto leva a movimentos 
ao longo da curva de demanda, mas a mudança em outros fatores levará ao 
deslocamento da curva de demanda.
A curva de demanda 
é representada 
em um gráfi co que 
descreve a relação 
entre o preço de 
uma determinada 
mercadoria e a 
quantidade dela que 
os consumidores 
estão dispostos 
a comprar a cada 
preço possível.
Figura 5 - Curva de demanda
q1 q2
p2
p1
Preço
D
Quantidade
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2004).
As escolhas dos consumidores podem ser examinadas com base em três 
suposições (ou axiomas): 
(I) Integralidade – as preferências são completas – o consumidor pode 
classifi car as combinações de bens por ordem de preferência. Dito de 
outra forma, o consumidor pode comparar quaisquer duas combinações 
(ou cestas) de bens e decidir se um bem é preferido ao outro ou se ele é 
indiferente entre eles. 
(II) Transitividade – as preferências são transitivas – o consumidor é 
consistente em suas escolhas. As preferências dos consumidores são 
transitivas, isto é, se o consumidor prefere o bem A ao bem B, e ele 
também prefere o bem B ao bem C, então ele prefere de A a C. 
Q P = f ( )
56
 ECONOMIA RURAL
(III) Assumimos que mais é sempre preferível a menos – todas as 
mercadorias são desejáveis, ou seja, maiores quantidades de um bem 
são sempre preferidas a menos. O consumidor nunca está saciado com 
a mercadoria (hipótese da não saciedade). 
A utilidade é a propriedade de um bem que lhe permite satisfazer 
necessidades humanas. Uma função de utilidade representa o nível 
de satisfação que um consumidor recebe por consumir uma cesta 
de mercadorias particular. Conforme vai consumindo mais bens, 
a utilidade do consumidor tende a aumentar, portanto a função de 
utilidade mensura a utilidade total que o consumidor obtém a partir de 
uma cesta de consumo. 
Entre os objetivos do estudo do comportamento do consumidor está a análise 
de como o nível de satisfação se altera em resposta a mudanças no nível de 
consumo. A variável chamada de utilidade marginal (UMg), é a forma como uma 
unidade de “utilidade de um produto” se altera conforme há o aumento 
de uma unidade na "quantidade consumida”. Dito de outra forma, a 
utilidade marginal descreve a taxa pela qual a utilidade total muda 
conforme o nível de consumo se modifi ca. Em economia, o termo 
marginal nos diz como a variável dependente muda como resultado 
da adição de uma unidade na variável independente. Em termos 
matemáticos, a utilidade marginal é obtida pela derivada da função de utilidade 
total. A fi gura a seguir representa o princípio da utilidade marginal decrescente, o 
qual descreve que à medida que o consumo de um bem aumenta, a sua utilidademarginal diminui.
Uma função de 
utilidade representa 
o nível de satisfação 
que um consumidor 
recebe por consumir 
uma cesta de 
mercadorias 
particular.
A utilidade marginal 
descreve a taxa pela 
qual a utilidade total 
muda conforme o 
nível de consumo se 
modifi ca.
Figura 6 – Funções de utilidade total e utilidade marginal 
UM g
q* Quantidade
Utilidade total
Fonte: Magalhães (2005).
57
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Outro conceito importante no estudo do comportamento do consumidor é 
o de curvas de indiferença. Uma curva de indiferença é um plano que mostra 
múltiplas combinações de consumo de dois bens que dão ao consumidor a mesma 
utilidade. De tal modo, são usadas para mostrar como o consumidor maximiza a 
utilidade ao realizar atos de consumo. 
Figura 7 – Mapa de indiferença
Qx
Qy
QxA
QyA
QxB
QyB
U1
U2
U3
B
A
Fonte: Vasconcellos (2006).
Ao conjunto de curvas de indiferença damos o nome de mapa de indiferença, 
o qual representa o conjunto completo das preferências do consumidor. Uma 
curva de indiferença superior refere-se a um maior nível de utilidade, já uma curva 
de indiferença inferior refere-se à menor satisfação. Assim, U3 é preferível a U2, 
que é preferível a U1. Observe que para trocar entre a cesta de consumo A para 
a cesta de consumo B é preciso abrir mão de unidades do bem x para obter mais 
unidades do bem y. 
Movimentos ao longo das curvas de indiferença são representados 
pela taxa marginal de substituição (TMS), ou seja, a taxa na qual 
um consumidor está apto a desistir de um bem em troca de outro bem, 
mantendo constante o nível de utilidade. Matematicamente ela é a 
inclinação da curva de indiferença. 
Taxa marginal de 
substituição (TMS), 
ou seja, a taxa na 
qual um consumidor 
está apto a desistir 
de um bem em 
troca de outro bem, 
mantendo constante 
o nível de utilidade.
58
 ECONOMIA RURAL
Para encontrarmos o equilíbrio do consumidor precisamos ainda 
apresentar o conceito de restrição orçamentária. Dados os níveis de 
preços, a restrição orçamentária representa as combinações de bens 
que um consumidor é capaz de comprar com sua renda. Pressupõe-
se que o consumidor gasta toda a sua renda entre dois bens (x e y). 
A cesta de consumo ideal deve estar localizada na interseção entre a 
linha orçamentária e a curva de indiferença. Assume-se que os preços são fi xos 
e que o consumidor não é capaz de modifi cá-los. Assim como os preços, a renda 
do consumidor também é exógena. 
Para maximizar a utilidade conforme a sua restrição orçamentária, o 
consumidor escolherá a cesta que lhe permite alcançar a curva de indiferença 
mais alta que toca a reta orçamentária. Na Figura 8 vemos que a cesta preferida 
é A, em que o consumidor alcança um nível de utilidade U2 que está acima de U1 
do ponto B. Pontos que estejam abaixo ou acima da reta orçamentária irão deixá-
lo com um nível menor de utilidade. A inclinação da reta orçamentária nos dá o 
custo de oportunidade do bem y em relação ao bem x.
A restrição 
orçamentária 
representa as 
combinações de bens 
que um consumidor 
é capaz de comprar 
com sua renda.
Figura 8 – Escolha ótima de consumo
U1
U2
U3
Qx
Qy
QxA
QyA
B
A
Fonte: Mankiw (2008).
Vimos no capítulo anterior que, como os recursos são limitados, as pessoas 
não podem consumir tudo aquilo que desejam. Em particular, os gastos com 
consumo são restringidos pela renda do consumidor. Assim, temos o conceito de 
restrição orçamentária, que descreve o problema da escassez no comportamento 
do consumidor. Seja X x x xn = 1 2, ,...,( ) uma cesta de bens, P p p pn= ( ) 1 2, ,..., 
um conjunto de preços e R a renda do consumidor, assumindo que o consumidor 
59
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
gasta toda a sua renda em bens e serviços que estão disponíveis para o consumo, 
temos que: 
 
Para facilitar a análise, considera-se que a decisão do consumidor envolva a 
aquisição de dois bens. Deste modo, temos que:
Suponha que o consumidor tenha uma renda de R$ 1.000 por mês e que toda 
essa renda seja gasta em pizza e refrigerante. Seja o preço do refrigerante igual 
a R$ 2 e o preço da pizza igual a R$ 10. Há várias combinações possíveis. De 
um lado, ele pode gastar tudo em pizza (100 unidades no mês) e não conseguiria 
comprar nenhum refrigerante, do outro ele pode consumir somente refrigerante 
(500 unidades no mês) e nenhuma pizza. Por exemplo, outra combinação possível 
seria ele comprar 50 pizzas e 250 latas de refrigerante (MANKIW, 2008). Da 
inclinação da restrição orçamentária obtemos a taxa pela qual o consumidor pode 
trocar um bem pelo outro. Matematicamente, a inclinação da reta orçamentária é 
obtida por meio do cálculo da derivada da função de restrição orçamentária:
A escolha ótima do consumidor ocorre, portanto, quando a inclinação da 
curva de indiferença é igual à inclinação da restrição orçamentária, ou seja:
Da fórmula temos, portanto, que a taxa marginal de substituição de pizza por 
refrigerante é igual a 5. Note que a inclinação da reta orçamentária é negativa, 
mas podemos ignorar esse sinal na nossa análise. Essa inclinação equivale ao 
preço relativo dos dois bens. Nesse exemplo, uma pizza custa 5 vezes mais do 
que uma lata de refrigerante, então o custo de oportunidade de uma pizza é igual 
a 5 latas de refrigerante (MANKIW, 2008). 
R x x xn n = p p + ... + p 1 1 2 2+
R x x
p x x
x
R p x
p
 = p + p
 = R - p
 = 
1 1 2 2
2 2 1 1
2
1 1
2
−
∆
∆
∂
∂
x
x
x
x
p
p
2
1
2
1
1
2
 = = 
ΤΜSx x
p
p1 2
1
2
, = 
60
 ECONOMIA RURAL
Considerando que a TMS
UMg
UMgx x
x
x
1 2
1
2
, = 
Rearranjando os termos, a escolha ótima ocorre quando:
Essa relação pode ser interpretada da seguinte forma: para o caso de dois 
bens, a escolha ótima do consumidor considera que o valor relativo deles em 
termos de preferências deve ser equivalente ao valor de mercado desses bens. 
Dado que as preferências do consumidor permitem que ele opte entre diversas 
combinações de refrigerante e pizza, ele irá escolher a cesta que melhor se 
adapta aos seus gostos conforme o preço relativo desses bens. 
Atividades de Estudos:
1) Como o consumidor faz suas escolhas em termos da quantidade 
de bens que ele pode comprar? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Qual é o objetivo do consumidor? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
UMg
UMg
x
x
1
2
2
=
p1
p
UMg UMgx x
1 2
p p
1 2
=
61
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Antes de prosseguirmos com o nosso estudo, é importante 
destacar que as análises a seguir baseiam-se na condição ceteris 
paribus, em outras palavras, tudo o mais permanece constante. 
Sabemos que existem vários fatores determinantes da oferta e 
demanda, mas quando queremos analisar o efeito isolado que uma 
alteração nos preços tem sobre a demanda de um bem qualquer, 
consideramos que os outros fatores, tais como a renda, as 
preferências, hábitos etc., permaneçam constantes. 
3) Como o consumidor maximiza a utilidade? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
4) Explique o conceito de Taxa Marginalde Substituição.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Conhecidas essas relações, vamos agora estudar o impacto de alterações 
nos preços e na renda na tomada de decisão de um consumidor individual. 
Primeiro iremos supor uma alteração na renda do consumidor, o interesse está 
em comparar a escolha ótima a partir de uma mudança na renda. Para tanto, 
consideraremos que os preços estão fi xos. 
62
 ECONOMIA RURAL
O aumento de renda descolará a restrição orçamentária, isto é, ela se 
deslocará paralelamente para cima. O efeito desse deslocamento de renda sobre 
a demanda depende do tipo de bem que estamos tratando. Para os bens normais 
a demanda irá variar no mesmo sentido da mudança na renda, assim o aumento 
da renda leva a um aumento na demanda do bem. Para os bens inferiores, a 
quantidade demandada varia em sentido inverso da modifi cação na renda, isto é, 
a demanda diminuirá quando a renda aumentar. Como exemplo de bens inferiores 
temos a salsicha, o macarrão instantâneo, produtos enlatados etc. 
Unindo os diferentes pontos de ótimo que se formam da 
combinação de diferentes cestas e diferentes níveis de renda, teremos 
o chamado caminho de expansão da renda. Para bens normais a sua 
inclinação será positiva. O caminho de expansão da renda descreve 
o conjunto de cestas que maximizam a utilidade de acordo com 
alterações na renda, dados os preços.
A restrição 
orçamentária 
representa as 
combinações de bens 
que um consumidor 
é capaz de comprar 
com sua renda.
Figura 9 – Caminho de expansão da renda e curva de Engel 
Caminho de
expensão da renda
Curva de Demanda
Curva de Engel
Qx2
Qx1
Qx1
Cx1
R
p1
p
Fonte: Varian (2006).
63
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
A partir dela obtemos a curva de Engel, que representa a relação entre 
a quantidade demandada de um bem e a renda do consumidor, ela é descrita, 
portanto, em um gráfi co da demanda de um dos bens (x1) em função da renda 
(R) do consumidor, mantidos os preços constantes. Observe que cada curva 
de demanda corresponde a um diferente nível de renda, assim, dizemos que 
variações na renda levam a deslocamentos da curva de demanda.
Exposto o que acontece quando a renda se altera, apresentaremos o caso 
quando os preços se modifi cam. Se admitirmos modifi cações nos preços, por 
exemplo, uma queda em p1, a reta orçamentária sofrerá uma rotação para a 
direita em torno do eixo vertical (o intercepto vertical não muda, já que p1 não 
mudou). Ocorre que a mudança de preços relativos alterou a inclinação da reta 
orçamentária (lembre-se de que vimos anteriormente que no ponto de ótimo a 
relação entre os preços relativos equivale à inclinação da reta orçamentária), já 
que o poder aquisitivo do consumidor se modifi cou. 
Vamos considerar como varia o consumo de alimentos e roupas quando 
o preço dos alimentos se altera. Se considerarmos que os alimentos estão 
mais baratos, sem que haja modifi cações na renda e nos preços das roupas, o 
consumidor escolherá uma cesta de consumo diferente, com um nível de utilidade 
maior (uma curva de indiferença mais alta). 
A partir daí podemos derivar a curva de demanda individual, a qual relaciona o 
preço e a quantidade que um consumidor individual adquire de um bem. Essa curva 
apresenta duas características importantes: movimentos ao longo da curva nos dão 
o nível de utilidade do consumidor (preços menores refl etem uma utilidade maior); 
pontos sobre a curva de demanda são pontos que maximizarão a utilidade, dada a 
condição de que a TMS dos dois bens seja igual ao preço relativo. 
64
 ECONOMIA RURAL
Figura 10 – Curva de preço-consumo
Qx1
Qx1
p1
Qx2
Curva de Demanda 
individual
Curva de
preço-consumo
Fonte: Varian (2006).
Uma questão importante é sobre a maneira como alterações no preço de um 
bem afetam a demanda de um consumidor. Na literatura econômica, os efeitos 
de modifi cações no preço de um bem são conhecidos como: efeito renda e efeito 
substituição. Por exemplo, um aumento no preço de um bem leva à redução do 
poder de compra do consumidor, já que a mercadoria está mais cara, ele precisa 
gastar mais renda para adquirir a mesma quantidade que usualmente consome, 
essa mudança na demanda é o efeito renda. Já a alteração nos preços relativos, 
resultante do aumento do preço de um bem, leva os consumidores a demandarem 
mais da mercadoria que se tornou mais barata e menos daquela que se tornou 
mais cara, ou seja, há um efeito substituição do bem caro pelo mais barato. 
65
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
A análise do processo de escolha devido a variações no 
ambiente econômico é chamada de estática comparativa. É estática 
porque não se analisa o processo de ajustamento entre uma ou 
outra escolha, mas sim pela escolha de equilíbrio. E é comparativa 
porque compara o momento antes e depois da mudança. Vimos que 
a escolha ótima do consumidor é afetada somente por modifi cações 
nos preços e na renda (VARIAN, 2006).
Feitas essas discussões, podemos apresentar a curva de 
demanda de mercado, a qual descreve as quantidades que todos os 
consumidores querem consumir de uma mercadoria de acordo com as 
alterações nos seus preços. Assim, a curva de demanda de mercado 
é obtida pela soma das demandas individuais. Destaca-se que os 
determinantes da demanda de mercado são os mesmos da demanda 
individual (preços do bem, renda do consumidor, gostos e preferências, 
preço dos bens substitutos etc.) e do número de consumidores nesse 
mercado. Entre os fatores que afetam a demanda, variações nos preços levam a 
deslocamentos ao longo da curva de demanda (consumidor ajusta a quantidade). 
Já alterações em outras variáveis levarão a deslocamentos da curva de demanda. 
Curva de demanda 
de mercado, a 
qual descreve 
as quantidades 
que todos os 
consumidores 
querem consumir 
de uma mercadoria 
de acordo com as 
alterações nos seus 
preços.
Figura 11 – Demanda de mercado
d1
p1
d2 d3
Qx1
Demanda de 
mercado
Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2006).
66
 ECONOMIA RURAL
A inclinação descendente da curva de demanda do mercado 
refl ete a chamada lei da demanda, a qual diz que existe uma relação 
inversa entre a quantidade de produto demandada e o seu preço, tudo 
o mais mantido constante. Por exemplo, quando o preço da carne sobe, 
os consumidores reduzem a quantidade demandada desse produto. 
Em outras palavras, uma redução no preço do produto aumenta a 
quantidade demandada ou um aumento do preço leva à redução da quantidade 
demandada. Essa curva exibe o preço mais alto que o mercado comporta para 
uma determinada quantidade ou as quantidades máximas que o consumidor 
está disposto a comprar ao preço de mercado. Assim, abaixo da curva todas as 
combinações são possíveis, mas acima dela não. 
Destaca-se que para alguns bens essa relação pode não ser válida. Um 
exemplo é o fato de artigos luxuosos, que conferem status ao seu possuidor, 
serem comprados pelos seus preços elevados. Outro caso é o dos chamados 
bens de Giffen, que possuem uma curva de demanda com inclinação positiva, já 
que eles têm sua demanda aumentada mesmo quando seu preço sobe e reduzida 
quando o preço cai, muitas vezes porque seus bens substitutos também estão 
mais caros (efeito renda supera o efeito substituição).
Lei da demanda, 
existe uma relação 
inversa entre a 
quantidade de 
produto demandada e 
o seu preço.
Bem de Giffen: um bem para o qual um aumento no preço 
sobe a quantidade demandada. São bens inferiores para os quais 
o efeito de renda domina o efeito de substituição. Exemplo: no 
período de guerras as batatas eram um alimento importante para a 
dieta da população, quando o preço da batata subiu,muitas pessoas 
reduziram o consumo de carne e compravam mais batatas.
67
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Em termos de políticas governamentais, a análise do 
comportamento do consumidor é interessante para que os seus 
formuladores entendam, por exemplo, como os consumidores 
reagirão a mudanças nos preços de um alimento devido à imposição 
de um subsídio ou por conta de um imposto sobre a circulação das 
mercadorias. Um subsídio pode levar a preços menores para o 
consumidor e assim um aumento do seu poder de compra, que leva 
a uma maior satisfação do consumidor. O custo dessa política para a 
sociedade é mensurado pela diferença entre as quantidades que são 
consumidas com o efeito do subsídio e sem a presença de subsídio. 
Já o imposto teria o efeito contrário, por reduzir o poder de compra 
do consumidor ao tornar os produtos mais caros. 
b) Oferta
A oferta de um determinado bem é defi nida pela quantidade que 
os produtores estão dispostos a produzir e vender, dados os preços e 
em determinado período de tempo. Representa, portanto, a intenção 
de venda. O entendimento da teoria da oferta está intimamente 
relacionado com a teoria da produção, que veremos adiante, já que 
na análise da oferta relacionamos a quantidade produzida de um bem 
com os fatores determinantes da produção, como o preço de mercado 
dessa mercadoria, os custos de produção, o lucro do produtor, os preços dos bens 
de substitutos, entre outros fatores. 
A função de oferta de mercado para um determinado bem é obtida pela soma 
de todas as quantidades que os produtores colocam nesse mercado. Ela sintetiza 
a relação entre as quantidades desse bem que os produtores estão dispostos 
a produzir e vender nesse mercado e os fatores econômicos que infl uenciam a 
decisão dos produtores desse mercado:
A oferta de um 
determinado bem 
é defi nida pela 
quantidade que os 
produtores estão 
dispostos a produzir 
e vender, dados 
os preços e em 
determinado período 
de tempo.
Q = f (p,T, N, A)
68
 ECONOMIA RURAL
• onde Q é a quantidade ofertada do bem em um dado período de tempo;
• p é o preço do bem; 
• T representa as condições da tecnologia de produção; 
• N o número de produtores que operam no mercado; 
• A sintetiza outros fatores que infl uenciam a oferta, tais como oferta de 
insumos, impostos ou subsídios etc. 
Por exemplo, considere o caso da venda de sorvete, a quantidade ofertada 
de sorvete em certo período de tempo depende do comportamento do preço do 
sorvete, da tecnologia empregada para produzi-lo, da quantidade de ofertantes 
de sorvete que tem no mercado, do preço e da oferta das matérias-primas, das 
expectativas do produtor, do clima, entre outros fatores.
A curva de oferta representa os pontos de máximo das quantidades ofertadas 
no mercado em um certo período de tempo. Apresenta a quantidade máxima 
que os fornecedores estão dispostos a vender a preços diferentes, mantendo-se 
constantes todos os outros fatores que afetam a oferta, ou seja:
Q = f (p)
A lei da oferta diz que há uma relação positiva entre preço e 
quantidade ofertada, quando todos os outros fatores que infl uenciam a 
oferta são mantidos constantes. Isso implica que a curva de oferta seja 
positivamente inclinada, indicando que a preços maiores os produtores 
de um bem estão dispostos a ofertar uma quantidade maior do que 
a preços menores. Por exemplo, quando os preços do sorvete estão 
mais altos, os produtores se sentem estimulados a vender maiores 
quantidades. Assim como vimos para a demanda, a curva de oferta pode ser 
representada por uma curva de oferta inversa que explica o preço em função da 
quantidade: p = f (Q).
A lei da oferta diz 
que há uma relação 
positiva entre preço e 
quantidade ofertada, 
quando todos os 
outros fatores 
que infl uenciam a 
oferta são mantidos 
constantes.
69
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Figura 12 – Curva de oferta
Oferta
Q
q1
p1
p
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2004).
Como já falamos no caso da demanda, é útil diferenciar entre uma mudança 
na quantidade que leva a movimentos ao longo da curva de oferta resultante 
de uma mudança de preço e um deslocamento da curva de oferta. Inicialmente 
estamos no ponto A. No caso de uma inovação tecnológica, que torna os custos 
de produção menores, a curva de oferta se deslocará para a direita por meio de 
um acréscimo na quantidade ofertada (ponto B), mantendo o preço fi xo (em p1). 
Caso ocorra uma queda no preço do bem, digamos de p1 para p2 , o produtor se 
sentirá desestimulado a produzir e reduzirá a quantidade ofertada de q2 para q1 , 
movendo-se ao longo da curva do ponto B para C. 
Figura 13 – Modifi cações na curva de oferta
Qq1 q2
p1
p2
p
A
B
C
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2004).
70
 ECONOMIA RURAL
Outro caso de deslocamento da curva ocorre, por exemplo, se o valor 
pago aos fatores de produção fi car mais caro, o que faz com que a produção se 
torne menos lucrativa e o produtor reduza a quantidade produzida ao nível de 
preços atual, deslocando a curva de oferta para a esquerda, dada a redução da 
quantidade produzida.
No caso dos produtos agrícolas, as condições climáticas exercem bastante 
infl uência sobre a oferta de determinados produtos, mas pela condição ceteris 
paribus, consideramos esses fatores como constantes na nossa análise. Deste 
modo, ao considerarmos somente as variações de preços, mantendo constantes 
os demais fatores que infl uenciam a oferta, teremos a função de oferta de um 
produtor individual para um determinado bem. 
c) Equilíbrio de Mercado
Apresentados os conceitos da demanda e oferta, podemos estudar como se 
dá o equilíbrio do mercado. A abordagem a seguir considera um mercado que 
opera sob as condições de concorrência perfeita, como aprendemos no início do 
capítulo. Assim, o ponto em que o mercado está em equilíbrio é aquele em que a 
oferta se iguala à demanda, havendo apenas um preço de equilíbrio que torna a 
quantidade ofertada a mesma da quantidade demandada. 
Grafi camente, o ponto de equilíbrio é representado pela interseção das 
curvas de oferta e demanda (ponto E). Nesse ponto não há tendência para que o 
preço de mercado mude enquanto as outras variáveis que podem infl uenciar as 
condições do mercado permanecem inalteradas. Ao preço de equilíbrio, tudo o 
que é ofertado pelos produtores é comprado pelos consumidores, isto é, não há 
nem excesso de demanda nem de oferta. 
Figura 14 – Representação do equilíbrio
Oferta
Demanda
P
p*
q*
Fonte: Vasconcellos (2006).
71
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Situações fora do equilíbrio tendem a sofrer pressões para que o preço e a 
quantidade se alterem. Na Figura 15 vemos que p2 é maior que p* , fazendo com 
que haja um excesso de oferta, dado que a quantidade ofertada (Qo2) excede a 
quantidade demandada (Qd2). Nesse ponto os produtores não conseguem vender 
tudo o que eles ofertam e, assim, devem reduzir o preço. À medida que o preço 
cai, a quantidade demandada aumenta e a quantidade ofertada se reduz, fazendo 
com que o mercado se mova em direção ao equilíbrio. 
De outro lado, se o preço de p1 for menor que p*, há excesso de demanda, já que 
a quantidade demandada (Qd1) excede a quantidade ofertada (Qo1). Os compradores 
não podem adquirir as quantidades que desejam, pressionando os preços para cima. 
Conforme o preço vai aumentando, os produtores aumentam a quantidade ofertada, 
e a quantidade demandada se reduz, levando o mercado em direção ao equilíbrio.
Figura 15 – Tendência ao nível de equilíbrio
P
p*
p1
p2
Qo1 Qd2 Q* Qo2 Qd1
Excesso de
Oferta
Excesso de
Demanda
Q
Fonte: Vasconcellos (2006).
Na realidade, esse é um processo de ajustamento constante, já que há 
outros fatores além do preço que afetam as condições de demanda e oferta. Se as 
curvas de demanda e de oferta se deslocarem, o ponto de equilíbrio também se 
deslocará. Tudo o mais constante, um deslocamento da demandapara cima leva 
ao aumento do preço e da quantidade de equilíbrio. Já o deslocamento da curva 
de oferta para a direita provoca a redução do preço e aumento da quantidade 
de equilíbrio. Se ambas as curvas se modifi carem, o equilíbrio poderá aumentar, 
reduzir ou permanecer no mesmo ponto. Imagine que haja uma redução do 
preço do petróleo. Isso implica que os custos de transportes e de alguns insumos 
agrícolas se reduzam. Os produtores se sentem estimulados para aumentar os 
níveis de produção. Com isso temos um deslocamento da curva de oferta para 
a direita, o que corresponde a uma situação de uma quantidade ofertada maior, 
alterando a condição de equilíbrio, com um preço menor e uma quantidade maior. 
72
 ECONOMIA RURAL
d) Estudo das elasticidades
Como discutido anteriormente, vários fatores afetam a demanda e a oferta. 
Vimos que o preço do bem é um desses fatores, e que no mercado o preço se 
ajusta para equilibrar as quantidades demandadas e ofertadas. Um conceito 
importante para análise da interação das forças de oferta e demanda é o da 
elasticidade, porque a partir dele podemos fazer uma análise quantitativa. A 
elasticidade nos dá a resposta dos consumidores e produtores às modifi cações 
nas condições do mercado. Em outros termos, ela mede a sensibilidade da 
oferta ou demanda a variações nos seus determinantes, tais como preço ou a 
renda. Mais uma vez chama-se atenção para que na análise das elasticidades 
permanece válida a condição ceteris paribus. 
Imagine o caso de um produtor de trigo. Ele sabe que quanto maior for a 
quantidade de trigo produzida, mais ele poderá vender e, com isso, maior sua 
renda e seu padrão de vida. Um dia, pesquisadores de uma universidade criam 
uma nova semente de trigo que é mais resistente e com isso aumenta-se a 
quantidade produzida por unidade de terra. Qual o impacto dessa descoberta? A 
resposta envolve o conceito de elasticidade, já que ela é uma medida de quanto 
os compradores e os vendedores respondem às mudanças nas condições de 
mercado (MANKIW, 2008). 
Entre as possíveis infl uências da elasticidade estão: o nível de essencialidade 
dos bens, a existência de um substituto próximo, a sua participação no orçamento, 
a temporalidade. As análises mais comuns são os conceitos da elasticidade-preço 
da demanda, elasticidade-preço cruzada, elasticidade-renda da demanda e a 
elasticidade da oferta. 
Elasticidade-preço da demanda: mede a variação percentual da quantidade 
demandada devido a uma variação percentual no preço. Como vimos, a demanda 
depende das preferências do consumidor, a elasticidade-preço da demanda depende 
também de fatores econômicos, sociais, psicológicos que formam as preferências. 
∈p
D = variação % na quantidade demandada
variação % no preço
 == ∆
∆






∆
∆





 
Q/Q
P/P
 = P
Q
Q
P
73
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
Por exemplo, imagine que o preço do quilo do pão aumente de R$ 8 para R$ 10 
e que isso leve a uma queda da quantidade consumida de 5 para 4 unidades. Assim:
p
D =
−
−
=
−
= = −
4 5 5
10 8 10
1 5
2 5
0 2
0 4
0 5
/
/
/
/
,
,
, 
A elasticidade igual a 0,5 implica que uma variação na quantidade demandada 
é 0,5 menor do que a variação no preço. O sinal negativo advém da lei da 
demanda; como vimos, as variações no preço de um bem levam a variações na 
quantidade demandada em um sentido inverso. Por convenção, algumas vezes 
considera-se apenas o valor absoluto da elasticidade, não apresentando o seu 
sinal negativo, uma vez que o que importa é sua magnitude e não o sinal. 
A elasticidade-preço também depende do tipo de bem que analisamos. 
Deste modo, um fator fundamental entre os determinantes da elasticidade-preço 
da demanda de uma mercadoria é a possibilidade de haver um bem substituto. 
Em termos numéricos a elasticidade-preço variará de zero a infi nito. Podemos 
classifi car a elasticidade em três tipos, conforme o valor que ela assume:
ο Elástica ∈>1 : a quantidade demandada é sensível ao preço, ou seja, 
a quantidade muda por uma porcentagem maior que o preço. São 
exemplos os bens que possuem substitutos próximos, como a manteiga 
e a margarina. 
ο Inelástica ∈>1 : a quantidade demandada é insensível ao preço, ou 
seja, a quantidade muda por uma porcentagem menor que o preço. São 
exemplos os bens essenciais, como alimentos e combustível. 
ο Isoelástica ou unitária ∈=1 : a quantidade demandada não é sensível 
aos preços, ou seja, a quantidade muda pela mesma porcentagem do 
preço. 
74
 ECONOMIA RURAL
Figura 16 – Três curvas de demanda
Fonte: Magalhães (2005).
P PP
Q Q Q
UnitáriaElástica Inelástica
Essas defi nições também são válidas para os outros tipos de elasticidade. 
Além desses, temos dois casos extremos: quando a elasticidade é igual a zero 
e quando ela tende ao infi nito. O primeiro caso é conhecido como demanda (ou 
oferta) perfeitamente inelástica, que descreve situações em que a demanda 
não sofre alterações com as variações nos preços. No outro, temos a demanda 
perfeitamente elástica, que é quando os consumidores estão dispostos a comprar 
quantidades infi nitas a um dado preço. 
Figura 17 – Curva de demanda infi nitamente elástica e inelástica
Q Q
P P
Elástica Inelástica
Fonte: Magalhães (2005).
O entendimento do conceito de elasticidade-preço serve como um guia 
para análise da trajetória da receita total, sendo um elemento importante para 
as decisões econômicas das empresas. Tanto as empresas como os órgãos 
governamentais usam elasticidade-preço da demanda, muitas vezes porque 
alterações no preço podem infl uenciar a sua receita total e, consequentemente, 
os seus rendimentos. Para casos em que a demanda é elástica, um preço mais 
elevado reduzirá a quantidade demandada e com isso a receita total cairá. Se 
a demanda for inelástica, a redução de quantidade não será muito rigorosa e 
a receita total aumentará. Quando ela é unitária, um aumento no preço de um 
75
PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA Capítulo 2 
produto é igual ao aumento correspondente na demanda do produto, e é nesse 
ponto que a receita será maximizada. Assim, o conhecimento da elasticidade-
preço da demanda pode ajudar uma empresa a prever o impacto sobre a receita 
por conta de um aumento de preços. 
• Elasticidade-preço cruzada da demanda: mede a sensibilidade da 
demanda de um bem em relação ao preço de outro bem. Ela pode ser 
usada para defi nir se um bem é complementar ou substituto ao outro bem. 
∈x,y
D = variação% na quantidade demandada de x
variação % do ppreço de y
 = 
Q /Q
P /P
x x
y y
∆
∆
De acordo com o sinal obtido nessa expressão, podemos classifi car os bens 
conforme a relação que desempenham entre si:
ο Bens substitutos ∈( )x,yD >0 : um aumento no preço de y gera uma elevação 
na quantidade demandada do bem x. 
ο Bens complementares ∈( )x,yD <0 : um aumento no preço de y gera uma 
redução na quantidade demandada do bem x. 
ο Bens independentes x,y
D =( )0 : um aumento no preço de y não altera a 
quantidade demandada do bem x.
Imagine que a demanda por DVDs seja representada porQ P Px x y= − +50 2 
e que o preço do DVD seja fi xo e igual a Px = $30 . Inicialmente o preço do 
CD era igual aPy = $5 , mas ocorreu um aumento e ele foi paraPy = $10 . Qual 
a elasticidade-cruzada da demanda nesse caso? Qual relação que os bens 
estabelecem entre si? Vamos representar o momento anterior ao aumento no preço 
do CD com o subscrito 1 e após o aumento temos o momento 2 (MAGALHÃES, 
2005). Inicialmente substituímos os valores conhecidos na equação de demanda 
por DVD (Qx):
Q
Q
x
x
1
2
50 30 2 5 30
50 30 2 10 40
= − + ( ) =
= − + ( ) =
76
 ECONOMIA RURAL
Da fórmula da elasticidade-cruzada da demanda fazemos uma média dos 
preços e quantidades:
 =
Q
P
 . 
P
Q
 = . x,y
D x
y
y
x
∈
−( )
−
+
+
∆
∆
Q Q
P P
P P
Q
x x
y y
y y
x
2 1
2 1
1 2
1
( )
( )
( QQ
5
x2
40 30
10 5
10
30 40
10
5
15
70
3
7
0 43

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