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Programa minha EmPrEsa rural influência das Políticas govErnamEntais no agronEgócio Este curso tem 20 horas SENAR-GO 2016 Programa minha EmPrEsa rural InfluêncIa das PolítIcas GovernamentaIs no aGroneGócIo 2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR Informações e Contato Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar – Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093- 300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 – E-mail: senar@senargo.org.br http://www.senargo.org.br/ http://ead.senargo.org.br/ Programa minha EmPrEsa rural PresIdente do Conselho admInIstratIvo José Mário Schreiner tItulares do Conselho admInIstratIvo Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça. suPlentes do Conselho admInIstratIvo Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria. suPerIntendente Eurípedes Bassamurfo da Costa Gestora Rosilene Jaber Alves COORDENAÇÃO Fernando Couto de Araújo e Stella Miranda Menezes Corrêa ficha técnica Iea - InstItuto de estudos avançados s/s Conteudista: Prof.ª Adriana Vieira Ferreira tratamento de lInGuaGem e revIsão IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S dIaGramação e Projeto GráfICo IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S Módulo 3 - Instrumentos legais // 5 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio módulo 3 Instrumentos leGaIs O que é planejar? Por que é importante que a decisão de produzir e de comercializar, dentro do negócio agropecuário, seja planejada? Você acredita que o setor deva ter o “olhar” cuidadoso do Estado? Você sabia que há uma lei que rege o planejamento do setor? Módulo 3 - Instrumentos legais // 6 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Fonte: Shutterstock. Todas essas questões serão discutidas ao longo deste módulo, no qual você conhecerá a Lei Agrícola, a importância dos planos de safra e como esses fatores afetam a decisão de produzir e de comercializar do empresário rural. Para isso, o módulo conta com duas aulas: • Aula 1 – Lei Agrícola • Aula 2 – Seguro Rural Siga em frente e bom aprendizado! Módulo 3 - Instrumentos legais // 7 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio aula 1 leI aGrícola Vamos voltar no tempo? Imagine a economia brasileira nos anos de 1930. Você se lembra das aulas de história? Você se lembra qual era a força motriz da economia nesse período? Se você respondeu “o café”, acertou! Nesta aula você estudará a evolução das políticas agrícolas no Brasil até a Lei Agrícola que vigora nos dias atuais. Vamos relembrar um pouco da história? A década de 1930 ficou conhecida como a época da “agricultura primitiva” (COELHO, 2001). Foi nesse período, mais exatamente em 1931, que se criou o Conselho Nacional do Café. O Brasil naquela época era outro: a maior parte da população brasileira ainda vivia no campo e produzia mais para a subsistência, o que implicava baixo padrão tecnológico. Módulo 3 - Instrumentos legais // 8 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Fonte: Shutterstock. Além do café, o açúcar e a pecuária também eram considerados alavancas da renda nacional. As ações governamentais que marcaram o período foram a criação do Instituto de Açúcar e do Álcool (1933); da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (Creai) do Banco do Brasil (1937) (o financiamento da produção agropecuária constituiu aspecto central da Política Agrícola) e da Companhia de Financiamento da Produção (CFP) (1943). A seguir, confira na linha do tempo outras importantes normas legais que foram sancionadas no período de 1931 a 1964. Módulo 3 - Instrumentos legais // 9 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Política Agrícola de 1931 a 1964 A segunda fase da evolução da agricultura, chamada de “modernização da agricultura” (COELHO, 2001), abrange o período entre 1965 e 1984. Nesse período o Brasil está evoluindo, a mecanização e a utilização de novas tecnologias passam a ser incorporadas na produção agropecuária. Na fase de “modernização da agricultura”, grandes culturas de grãos aumentaram a produtividade, ganharam espaço no mercado e o conceito de agronegócio passou a fazer sentido. No entanto, na década de 1980, a economia começou a ter grandes problemas advindos da inflação e da queda do crescimento econômico. A Política Agrícola passou, então, a refletir as preocupações do governo com a inflação e o abastecimento. A seguir, algumas leis voltadas para o setor rural durante o período de 1965 a 1984. Lei n.o 1.506/1951 (preços mínimos para o financiamento ou a aquisição de cereais e outros gêneros de produção nacional) Lei n.o 569/1948 (inspeção sanitária animal) Decreto n.o 24.114/1934 (defesa sanitária vegetal) Decreto n.o 24.548/1934 (defesa sanitária animal) Lei n.o 1.283/1950 (inspeção de produtos de origem animal) Lei n.o 1.779/1952 (criação do Instituto Brasileiro do Café – IBC) R$ Módulo 3 - Instrumentos legais // 10 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Política Agrícola de 1965 a 1984 Lei n.o 6.126/1974 (criação da Embrater) Lei n.o 5.851/1972 (criação da Embrapa) Lei n.o 4.829/1965 (criação do Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR) Decreto-Lei n.o 79/1966 (reformulação da Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM) Lei n.o 5.969/1973 (criação do Programa de Garantia da Produção Agropecuária – Proagro) R$ EMBRATERPROAGROR$ Na sua região há algum produtor que chegou na década de 1970 e se instalou especialmente no cerrado, plantando grãos? Essa é a história do desbravamento dos cerrados nessa época. Procure conversar com algum produtor que corrobore o desenvolvimento da agricultura nessa fase. A terceira fase é chamada de “transição da agricultura” (COELHO, 2001) e compreende o período de 1985 a 1994. Uma série de planos de estabilização acabou influenciando também o crédito concedido ao setor agropecuário, muito endividado na época. A economia brasileira se abriu para os mercados externos e o setor agropecuário se influenciou por esse movimento. Módulo 3 - Instrumentos legais // 11 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio A promulgação da nova Constituição Federal em 1988 determinou que a Política Agrícola fosse planejada e executada na forma da lei, conforme art. 189 da Carta Magna. Em 1991, o Congresso Nacional aprovou e o presidente da República sancionou (com vetos) a Lei n.o 8.171, que dispõe sobre a Política Agrícola. Importantes normas legais foram aprovadas nesse período, conforme indicado a seguir. Política Agrícola de 1985 a 1994 Lei n.° 8.427/1992 (subvenção econômica no Crédito Rural; equalização de preços e de taxas de juros) Lei n.° 8.029/1990 (extinção da Embrater) Lei n.° 7.802/1989 (de- fensivos agríco- las e afins) Lei n.° 8.315/1991 (cria- ção do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar) Lei n.° 8.929/1994 (Cédula de Pro- duto Rural – CPR) EMBRATER CPRR$% Lei n.° 7.827/1989 (re- gulamenta os Fundos Constitu- cionais de De- senvolvimento do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste) A “fase da agricultura sustentável”, de acordo com Coelho (2001), engloba os períodos entre 1995 e 2001. A adoção do Plano Real gerou uma estabilidade relativa, fundamental para a recuperação da economia, aliada à abertura da economia. Aspectos relacionados à Módulo 3 - Instrumentos legais // 12 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio sustentabilidade ambiental nas decisões de Política Agrícola começam a ser notados. De acordo com Pereira (2013), a aprovação da Lei n.o 9.138/1995, por meio da qual se buscou equacionar o problema do endividamento rural (securitização), deu início à criação de instrumentos de Política Agrícola. Esses novos mecanismos foram mais direcionados para o mercado e eram menos intervencionistas,como o Prêmio para o Escoamento de Produtos (PEP) e os contratos de opções. Siga em frente para aprender sobre a Lei n.o 8.171, conhecida como Lei Agrícola. Para entender a leI aGríCola A Lei Agrícola brasileira (Lei n.o 8.171, de 17 de janeiro de 1991) foi aprovada para atender a determinação da Constituição Federal de 1988. O que a Lei Agrícola objetiva, de acordo com Pereira (2013), é estabelecer os princípios, as metas e os instrumentos de Política Agrícola. A seguir, confira os artigos 2.º, 3.º e 4.º da referida lei. Módulo 3 - Instrumentos legais // 13 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Leitura Complementar Lei n.º 8.171, de 17 de janeiro de 1991 Dispõe sobre a política agrícola Art. 2.° A política fundamenta-se nos seguintes pressupostos: I a atividade agrícola compreende processos físicos, químicos e biológicos, onde os recursos naturais envolvidos devem ser utilizados e gerenciados, subordinando-se às normas e princípios de interesse público, de forma que seja cumprida a função social e econômica da propriedade; II o setor agrícola é constituído por segmentos como: produção, insumos, agroindústria, comércio, abastecimento e afins, os quais respondem diferenciadamente às políticas públicas e às forças de mercado; III como atividade econômica, a agricultura deve proporcionar, aos que a ela se dediquem, rentabilidade compatível com a de outros setores da economia; IV o adequado abastecimento alimentar é condição básica para garantir a tranqüilidade social, a ordem pública e o processo de desenvolvimento econômico-social; V a produção agrícola ocorre em estabelecimentos rurais heterogêneos quanto à estrutura fundiária, condições edafoclimáticas, disponibilidade de infra-estrutura, capacidade empresarial, níveis tecnológicos e condições sociais, econômicas e culturais; Módulo 3 - Instrumentos legais // 14 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio VI o processo de desenvolvimento agrícola deve proporcionar ao homem do campo o acesso aos serviços essenciais: saúde, educação, segurança pública, transporte, eletrificação, comunicação, habitação, saneamento, lazer e outros benefícios sociais. Art. 3° São objetivos da política agrícola: I na forma como dispõe o art. 174 da Constituição, o Estado exercerá função de planejamento, que será determinante para o setor público e indicativo para o setor privado, destinado a promover, regular, fiscalizar, controlar, avaliar atividade e suprir necessidades, visando assegurar o incremento da produção e da produtividade agrícolas, a regularidade do abastecimento interno, especialmente alimentar, e a redução das disparidades regionais; II sistematizar a atuação do Estado para que os diversos segmentos intervenientes da agricultura possam planejar suas ações e investimentos numa perspectiva de médio e longo prazos, reduzindo as incertezas do setor; III eliminar as distorções que afetam o desempenho das funções econômica e social da agricultura; IV proteger o meio ambiente, garantir o seu uso racional e estimular a recuperação dos recursos naturais; V (vetado); VI promover a descentralização da execução dos serviços públicos de apoio ao setor rural, visando a complementariedade de ações com Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, cabendo a estes assumir suas responsabilidades na execução da política agrícola, adequando os diversos instrumentos às suas necessidades e realidades; VII compatibilizar as ações da política agrícola com as de reforma agrária, assegurando aos beneficiários o apoio à sua integração ao sistema produtivo; Módulo 3 - Instrumentos legais // 15 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio VIII promover e estimular o desenvolvimento da ciência e da tecnologia agrícola pública e privada, em especial aquelas voltadas para a utilização dos fatores de produção internos; IX possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no setor rural, na definição dos rumos da agricultura brasileira; X prestar apoio institucional ao produtor rural, com prioridade de atendimento ao pequeno produtor e sua família; XI estimular o processo de agroindustrialização junto às respectivas áreas de produção; XII (vetado); XIII promover a saúde animal e a sanidade vegetal; XIV promover a idoneidade dos insumos e serviços empregados na agricultura; XV assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus derivados e resíduos de valor econômico; XVI promover a concorrência leal entre os agentes que atuam nos setores e a proteção destes em relação a práticas desleais e a riscos de doenças e pragas exóticas no País; XVII melhorar a renda e a qualidade de vida no meio rural. Art. 4° As ações e instrumentos de política agrícola referem-se a: I planejamento agrícola; II pesquisa agrícola tecnológica; III assistência técnica e extensão rural; IV proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos naturais; V defesa da agropecuária; VI informação agrícola; VII produção, comercialização, abastecimento e armazenagem; VIII associativismo e cooperativismo; IX formação profissional e educação rural; Módulo 3 - Instrumentos legais // 16 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio X investimentos públicos e privados; XI crédito rural; XII garantia da atividade agropecuária; XIII seguro agrícola; XIV tributação e incentivos fiscais; XV irrigação e drenagem; XVI habitação rural; XVII eletrificação rural; XVIII mecanização agrícola; XIX crédito fundiário. Parágrafo único. Os instrumentos de política agrícola deverão orientar-se pelos planos plurianuais. Fonte: Brasil (1991). Nota: Alguns desses dispositivos foram alterados por normas legais recentes. A importância da Lei Agrícola está vinculada à própria definição de política agrícola e seus objetivos. Essa fase mais moderna da agricultura inclui a preocupação com o meio ambiente e leva em conta a produção sustentável. Nesse sentido, Araújo e Valle (2013) afirmam que: “Em nosso entender, um passo fundamental seria “esverdear” as políticas agrícolas para, numa realidade em que o cumprimento estrito da lei é a exceção, premiar aqueles que o fazem, financiar os que a querem cumprir e aumentar o ônus sobre aqueles que não querem se ajustar. Em resumo, fazer com que a própria Política Agrícola indique claramente, ao produtor rural, que vale a pena conservar, que essa é uma atitude que será valorizada.” Módulo 3 - Instrumentos legais // 17 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Na sua realidade, existe realmente a preocupação ambiental dentro do setor agropecuário? Você percebe se estão sendo alteradas práticas, para cumprir o que prevê a Lei Agrícola? Você percebe que as ações dentro do setor estão se baseando em uma maior consciência “verde”? Veja como Vieira Filho (2011) analisa essa realidade: “Produzir com degradação não é uma equação desejável. O Programa Agricultura de Baixo Carbono é uma iniciativa que se destaca, pois aproveita o passivo das emissões de gases do efeito estufa e o transforma em oportunidade produtiva. Diante dos padrões ambientais de sustentabilidade, a revisão do Código Florestal é estratégica. Não se pode reduzir a área de produção; porém, é importante manter as áreas de florestas (preservando os biomas e as matas ciliares). Todavia, o radicalismo pode trazer um resultado indesejável.” Por que o autor menciona que os radicalismos podem gerar resultados indesejáveis? Porque se a produção se reduz para buscar apenas um objetivo, certamente os preços dos alimentos sofreriam aumentos e os resultados seriam ainda mais desastrosos se a população, em especial a mais desprovida de renda, tivesse que pagar por isso. o Plano de safra Sobre o planejamento agrícola, ou plano de safra, leia o que está previsto na Lei Agrícola, a seguir. Módulo 3 - Instrumentos legais // 18 Influência das Políticas Governamentais no AgronegócioLeitura Complementar Em seu art. 8.º, a Lei n.º 8.171/1991 estabelece que: Art. 8.º O planejamento agrícola será feito em consonância com o que dispõe o art. 174 da Constituição, de forma democrática e participativa, através de planos nacionais de desenvolvimento agrícola plurianuais, planos de safras e planos operativos anuais, observadas as definições constantes desta lei. .............................................................. § 3.º Os planos de safra e os planos plurianuais, elaborados de acordo com os instrumentos gerais de planejamento, considerarão o tipo de produto, fatores e ecossistemas homogêneos, o planejamento das ações dos órgãos e entidades da administração federal direta e indireta, as especificidades regionais e estaduais, de acordo com a vocação agrícola e as necessidades diferenciadas de abastecimento, formação de estoque e exportação. § 4.º Os planos deverão prever a integração das atividades de produção e de transformação do setor agrícola, e deste com os demais setores da economia. Fonte: Brasil (1991). Módulo 3 - Instrumentos legais // 19 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Entre os planos previstos na lei, os planos de safra têm sido efetivamente implementados pelo governo federal. Anualmente, o governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), publica o Plano Agrícola e Pecuário (PAP), conhecido como plano de safra. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que tem a tutela da agricultura familiar, também publica anualmente o Plano da Agricultura Familiar. Esses instrumentos buscam instituir medidas para orientar os investimentos agropecuários no país no período referente ao calendário agrícola anual. Basicamente, os planos contemplam (FAESP, 2016): • Crédito Rural; • zonamento agrícola; • Seguro Rural; • comercialização; • programas especiais de fomento setorial. Para o ano de 2016/2017, o plano de safra prevê a ampliação de recursos, conforme artigo a seguir. Módulo 3 - Instrumentos legais // 20 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Leitura Complementar O Plano Agricultura e Pecuário 2016/2017 destinará R$ 202,88 bilhões de crédito aos produtores rurais brasileiros, valor recorde que representa aumento de 8% em relação à safra anterior (R$ 187,7 bilhões). [...] Um dos destaques é o crescimento de 20% dos recursos para custeio e comercialização a juros controlados. A modalidade contará com R$ 115,8 bilhões. Os juros foram ajustados sem comprometer a capacidade de pagamento do produtor, com taxas que variam de 8,5% a 12,75% ao ano. Os agricultores de médio porte tiveram prioridade. Os recursos de custeio para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) cresceram 15,4% e alcançaram R$ 15,7 bilhões, com juros anuais de 8,5%. A oferta de crédito agrícola tem crescido a cada safra, demonstrando o potencial e a confiança dos produtores no setor. Somente nos últimos cinco anos, os recursos do Plano Agrícola aumentaram 89%, somando R$ 905,1 bilhões no acumulado do período. Saltou de R$ 107,2 bilhões na safra 2011/2012 para R$ 202,88 bilhões na atual. Fonte: Brasil (2016b). Pode-se perceber que os juros foram elevados e, certamente, esse fator impactará negativamente o acesso do produtor ao crédito ofertado. Módulo 3 - Instrumentos legais // 21 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Reflexão Será que nos outros países as políticas agrícolas são conduzidas da mesma forma que no Brasil? Será que a política agrícola de outro país é capaz de influenciar a política agrícola no nosso país? Feedback da Reflexão: A forma como é conduzida a Política Agrícola depende das condições macroeconômicas de cada governo e das especificidades da agricultura, bem como do seu grau de desenvolvimento. Os Estados Unidos, por exemplo, eliminaram o subsídio direto para os produtores de algodão, o que gera uma perspectiva melhor para os produtores brasileiros que competem pelos mesmos mercados. Será que basta ter crédito para que a agricultura tenha desenvolvimento? Quais outros fatores podem ser importantes para que o setor tenha toda a segurança para crescer? Essa discussão será o foco da nossa próxima aula. Siga em frente e bom estudo! Módulo 3 - Instrumentos legais // 22 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio aula 2 seGuro rural Você sabia que, por mais que a tecnologia avançada e a inovação tenham influenciado o setor agropecuário, ainda há uma ligação da produção com os fenômenos climáticos e que isso traz um fator de insegurança à produção do setor? Nesta aula você estudará como a lei agrícola brasileira tem tratado esse importante instrumento de redução do risco da produção: o Seguro Rural. Fonte: Shutterstock. A importância da agropecuária na economia é mais do que produzir alimentos e ser matéria-prima com preços reduzidos. Atualmente, a agricultura deve contemplar aspectos relacionados à segurança alimentar, qualidade dos alimentos, boas práticas de manejo, sustentabilidade ambiental, produção de emprego e renda no campo e até à produção de combustíveis renováveis. Módulo 3 - Instrumentos legais // 23 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Você sabia que há grande rigidez relacionada tanto à oferta quanto à demanda por produtos agropecuários? Isso quer dizer que, diante de uma oportunidade favorável no mercado, a produção não se ajusta de forma imediata, assim como acontece num momento de crise, com preços que não são atrativos (BUAINAIN; VIEIRA FILHO, 2011). O Seguro Rural é, portanto, um importante instrumento de Política Agrícola, pois ele minimiza as incertezas do setor agropecuário. Como a atividade agrícola envolve processos biológicos, ela depende de “insumos da natureza” sobre os quais não há controle. Por esse motivo, a atividade agrícola está sujeita a maiores riscos e incertezas que as atividades industriais (PEREIRA, 2013). Entre os objetivos do seguro agrícola, além da facilitação da modernização tecnológica da agricultura, está a proteção da renda e do patrimônio do produtor rural. Se o seguro atinge esses objetivos, ele aumenta a competitividade da agricultura, o que estimula a formação de capital e facilita a atração da poupança privada para o financiamento do custeio e da comercialização agrícolas (PEREIRA, 2013). As 8 modalidades do Seguro Rural são: • Seguro Agrícola; • Seguro Pecuário; • Seguro Aquícola; • Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários; • Seguro Penhor Rural; • Seguro de Florestas; • Seguro de Vida do Produtor Rural; • Seguro de Cédula do Produtor Rural. Módulo 3 - Instrumentos legais // 24 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Fonte: Shutterstock. O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), instituído em 1973 e regido pela Lei Agrícola 8.171/1991, ambas regulamentadas pelo Decreto 175/1991, foi um marco importante do Seguro Rural no Brasil. Na época, ele foi criado em razão da incapacidade da atividade agropecuária em atrair seguradoras privadas. Instituído para garantir ao produtor rural um valor complementar para pagamento do custeio agrícola em casos de ocorrência de fenômenos naturais que atingissem bens, rebanhos e plantações, o Proagro deveria indenizar parte dos recursos próprios utilizados pelo produtor em seu custeio rural. Essa política ainda existe atualmente, mas foi alterada. A seguir, confira os objetivos atuais do Proagro. Módulo 3 - Instrumentos legais // 25 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Exonerar produtores rurais de obrigações financeiras relativas a operações de Crédito Rural de custeio e de investimento, em decorrência de perdas de receitas ocasionadas por fenômenos naturais, pragas e doenças. Indenizar a parcela de recursos próprios dos produtores vinculada a operações de custeio rural. Incentivar a utilização de tecnologia adequada às atividades agropecuárias, além da assistênciatécnica. A Lei n.º 10.823, de 2003, aprovou a subvenção ao prêmio do seguro agrícola, iniciativa que foi administrada pelo Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural, nos termos do Decreto n.º 5.121, de 29 de junho de 2004, que regulamenta a matéria. Outra inovação foi a instituição do Plano Trienal do Seguro Rural. Em 2007, o Congresso Nacional aprovou a Lei Complementar n.º 126. A seguir, analise o que diz essa lei. Dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior e as operações em moeda estrangeira do setor securitário; altera o Decreto-Lei n.º 73, de 21 de novembro de 1966, e a Lei n.º 8.031, de 12 de abril de 1990; e dá outras providências. Fonte: Brasil (2007). Módulo 3 - Instrumentos legais // 26 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio A subvenção ao prêmio (Lei n.º 10.823/2003) e a quebra do monopólio do resseguro (Lei Complementar n.º 126/2007) foram decisões importantes para que o Seguro Rural começasse a prosperar no Brasil. O marco mais recente foi a aprovação da Lei Complementar n.º 137, de 2010, que, entre outras providências, autoriza a participação da União em fundo destinado à cobertura suplementar dos riscos do Seguro Rural. Acredita-se que, com a vigência dessas normas legais e o apoio governamental, seguradoras privadas passem a oferecer ao agricultor brasileiro a necessária cobertura contra intempéries e outros eventos fortuitos (PEREIRA, 2013). Fonte: Shutterstock. Módulo 3 - Instrumentos legais // 27 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Você sabia que, desde 2006, foram gastos R$ 2,8 bilhões com o pagamento da subvenção ao prêmio do Seguro Rural? Isso permitiu a aquisição de 617.743 apólices de Seguro Rural por 137.445 produtores, que garantem capitais da ordem de R$ 85,5 bilhões e proporcionam cobertura securitária para 52,3 milhões de hectares (MAPA, 2016). A seguir, confira o gráfico que relaciona as atividades desenvolvidas e o percentual de apólices que cada atividade retém. Soja Uva Trigo Milho (1ª Safra) Milho (2ª Safra) Arroz Café Outros Atividades - Apólices 43,56% 10,89% 9,35% 7,73% 6,29% 5,01% 2,89% 14,27% Fonte: Brasil (2016c). Embora tenha sido um avanço, os produtores entendem que ainda há necessidade de um seguro de renda, e não só de produção ou custo de produção. Conclui-se que, historicamente, o seguro agrícola no Brasil não tem alcançado os objetivos esperados, pois não consegue proteger os agricultores e pecuaristas e gera efeitos fiscais negativos (BUAINAIN; VIEIRA, 2011). Módulo 3 - Instrumentos legais // 74 Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio Você percebeu como o governo federal vem priorizando o seguro agrícola? E já começam a aparecer alguns resultados positivos! Quanto à agricultura familiar, o Proagro Mais e o Seguro Safra são instrumentos importantes para esse setor. Para a agricultura empresarial, a reformulação do Proagro e o Programa de Subvenção ao Seguro, por outro lado, mostram que alterações devem ser feitas, inclusive em relação à participação de operadores privados nesse setor. Chegamos ao final do Módulo 3. Na sequência, siga para o Módulo 4. Até logo, Jorge
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