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MER12_M03

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Programa minha EmPrEsa rural
influência das Políticas govErnamEntais no 
agronEgócio
Este curso tem 
20 horas
SENAR-GO 2016
Programa minha EmPrEsa rural
InfluêncIa das PolítIcas 
GovernamentaIs no aGroneGócIo
2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR
Informações e Contato
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO
Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar – Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093-
300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 – E-mail: senar@senargo.org.br
http://www.senargo.org.br/
http://ead.senargo.org.br/ 
Programa minha EmPrEsa rural
PresIdente do Conselho admInIstratIvo
José Mário Schreiner
tItulares do Conselho admInIstratIvo
Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira 
Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.
suPlentes do Conselho admInIstratIvo
Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da 
Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de 
Faria.
suPerIntendente
Eurípedes Bassamurfo da Costa
Gestora
Rosilene Jaber Alves 
COORDENAÇÃO
Fernando Couto de Araújo e Stella Miranda Menezes Corrêa
ficha técnica
Iea - InstItuto de estudos avançados s/s
Conteudista: Prof.ª Adriana Vieira Ferreira 
tratamento de lInGuaGem e revIsão
IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S
dIaGramação e Projeto GráfICo
IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S
Módulo 3 - Instrumentos legais // 5
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
módulo 3
Instrumentos leGaIs
O que é planejar? Por que é importante que a decisão de produzir e 
de comercializar, dentro do negócio agropecuário, seja planejada? 
Você acredita que o setor deva ter o “olhar” cuidadoso do Estado? 
Você sabia que há uma lei que rege o planejamento do setor?
Módulo 3 - Instrumentos legais // 6
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Fonte: Shutterstock.
Todas essas questões serão discutidas ao longo deste módulo, no 
qual você conhecerá a Lei Agrícola, a importância dos planos de safra 
e como esses fatores afetam a decisão de produzir e de comercializar 
do empresário rural.
Para isso, o módulo conta com duas aulas:
 • Aula 1 – Lei Agrícola
 • Aula 2 – Seguro Rural
Siga em frente e bom aprendizado!
Módulo 3 - Instrumentos legais // 7
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
aula 1
leI aGrícola
Vamos voltar no tempo? Imagine a economia brasileira nos anos de 
1930. Você se lembra das aulas de história? Você se lembra qual era a 
força motriz da economia nesse período? Se você respondeu “o café”, 
acertou! Nesta aula você estudará a evolução das políticas agrícolas no 
Brasil até a Lei Agrícola que vigora nos dias atuais. Vamos relembrar 
um pouco da história?
A década de 1930 ficou conhecida como a época da “agricultura 
primitiva” (COELHO, 2001). Foi nesse período, mais exatamente em 
1931, que se criou o Conselho Nacional do Café. O Brasil naquela 
época era outro: a maior parte da população brasileira ainda vivia no 
campo e produzia mais para a subsistência, o que implicava baixo 
padrão tecnológico.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 8
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Fonte: Shutterstock.
Além do café, o açúcar e a pecuária também eram considerados 
alavancas da renda nacional. As ações governamentais que marcaram 
o período foram a criação do Instituto de Açúcar e do Álcool (1933); 
da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (Creai) do Banco do Brasil 
(1937) (o financiamento da produção agropecuária constituiu aspecto 
central da Política Agrícola) e da Companhia de Financiamento da 
Produção (CFP) (1943).
A seguir, confira na linha do tempo outras importantes normas legais 
que foram sancionadas no período de 1931 a 1964.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 9
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Política Agrícola de 1931 a 1964
A segunda fase da evolução da agricultura, chamada de “modernização 
da agricultura” (COELHO, 2001), abrange o período entre 1965 e 1984. 
Nesse período o Brasil está evoluindo, a mecanização e a utilização 
de novas tecnologias passam a ser incorporadas na produção 
agropecuária.
Na fase de “modernização da agricultura”, grandes 
culturas de grãos aumentaram a produtividade, 
ganharam espaço no mercado e o conceito de 
agronegócio passou a fazer sentido.
No entanto, na década de 1980, a economia começou a ter grandes 
problemas advindos da inflação e da queda do crescimento econômico. 
A Política Agrícola passou, então, a refletir as preocupações do governo 
com a inflação e o abastecimento. A seguir, algumas leis voltadas para 
o setor rural durante o período de 1965 a 1984.
Lei n.o 
1.506/1951 
(preços 
mínimos para o 
financiamento 
ou a aquisição 
de cereais e 
outros gêneros 
de produção 
nacional)
Lei n.o 
569/1948 
(inspeção 
sanitária 
animal)
Decreto n.o 
24.114/1934 
(defesa 
sanitária 
vegetal)
Decreto n.o 
24.548/1934 
(defesa 
sanitária 
animal)
Lei n.o 
1.283/1950 
(inspeção de 
produtos de 
origem animal)
Lei n.o 
1.779/1952 
(criação do 
Instituto 
Brasileiro do 
Café – IBC)
R$
Módulo 3 - Instrumentos legais // 10
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Política Agrícola de 1965 a 1984
Lei n.o 
6.126/1974 
(criação da 
Embrater)
Lei n.o 
5.851/1972 
(criação da 
Embrapa)
Lei n.o 
4.829/1965 
(criação do 
Sistema 
Nacional de 
Crédito Rural – 
SNCR)
Decreto-Lei n.o 
79/1966 
(reformulação 
da Política de 
Garantia de 
Preços 
Mínimos – 
PGPM)
Lei n.o 
5.969/1973 
(criação do 
Programa de 
Garantia da 
Produção 
Agropecuária – 
Proagro)
R$ EMBRATERPROAGROR$
Na sua região há algum produtor que chegou na década de 1970 e se 
instalou especialmente no cerrado, plantando grãos? Essa é a história 
do desbravamento dos cerrados nessa época. Procure conversar com 
algum produtor que corrobore o desenvolvimento da agricultura nessa 
fase.
A terceira fase é chamada de “transição da agricultura” (COELHO, 
2001) e compreende o período de 1985 a 1994. Uma série de planos 
de estabilização acabou influenciando também o crédito concedido 
ao setor agropecuário, muito endividado na época. A economia 
brasileira se abriu para os mercados externos e o setor agropecuário 
se influenciou por esse movimento.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 11
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
A promulgação da nova Constituição Federal em 1988 
determinou que a Política Agrícola fosse planejada e 
executada na forma da lei, conforme art. 189 da Carta 
Magna.
Em 1991, o Congresso Nacional aprovou e o presidente da República 
sancionou (com vetos) a Lei n.o 8.171, que dispõe sobre a Política 
Agrícola. Importantes normas legais foram aprovadas nesse período, 
conforme indicado a seguir.
Política Agrícola de 1985 a 1994
Lei n.° 
8.427/1992 
(subvenção 
econômica no 
Crédito Rural; 
equalização de 
preços e de 
taxas de juros)
Lei n.° 
8.029/1990 
(extinção da 
Embrater)
Lei n.° 
7.802/1989 (de-
fensivos agríco-
las e afins)
Lei n.° 
8.315/1991 (cria-
ção do Serviço 
Nacional de 
Aprendizagem 
Rural – Senar)
Lei n.° 
8.929/1994 
(Cédula de Pro-
duto Rural – 
CPR)
EMBRATER CPRR$%
Lei n.° 
7.827/1989 (re-
gulamenta os 
Fundos Constitu-
cionais de De-
senvolvimento 
do Norte, do 
Nordeste e do 
Centro-Oeste)
A “fase da agricultura sustentável”, de acordo com Coelho (2001), 
engloba os períodos entre 1995 e 2001. A adoção do Plano Real 
gerou uma estabilidade relativa, fundamental para a recuperação da 
economia, aliada à abertura da economia. Aspectos relacionados à 
Módulo 3 - Instrumentos legais // 12
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
sustentabilidade ambiental nas decisões de Política Agrícola começam 
a ser notados.
De acordo com Pereira (2013), a aprovação da Lei n.o 9.138/1995, 
por meio da qual se buscou equacionar o problema do endividamento 
rural (securitização), deu início à criação de instrumentos de Política 
Agrícola. Esses novos mecanismos foram mais direcionados para 
o mercado e eram menos intervencionistas,como o Prêmio para o 
Escoamento de Produtos (PEP) e os contratos de opções.
Siga em frente para aprender sobre a Lei n.o 8.171, conhecida como 
Lei Agrícola.
Para entender a leI aGríCola
A Lei Agrícola brasileira (Lei n.o 8.171, de 17 de janeiro de 1991) foi 
aprovada para atender a determinação da Constituição Federal de 
1988. O que a Lei Agrícola objetiva, de acordo com Pereira (2013), 
é estabelecer os princípios, as metas e os instrumentos de Política 
Agrícola. A seguir, confira os artigos 2.º, 3.º e 4.º da referida lei.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 13
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Leitura Complementar
Lei n.º 8.171, de 17 de janeiro de 1991
Dispõe sobre a política agrícola 
Art. 2.° A política fundamenta-se nos seguintes pressupostos:
I a atividade agrícola compreende processos físicos, químicos e 
biológicos, onde os recursos naturais envolvidos devem ser utilizados 
e gerenciados, subordinando-se às normas e princípios de interesse 
público, de forma que seja cumprida a função social e econômica da 
propriedade;
II o setor agrícola é constituído por segmentos como: produção, insumos, 
agroindústria, comércio, abastecimento e afins, os quais respondem 
diferenciadamente às políticas públicas e às forças de mercado;
III como atividade econômica, a agricultura deve proporcionar, aos que a 
ela se dediquem, rentabilidade compatível com a de outros setores da 
economia;
IV o adequado abastecimento alimentar é condição básica para garantir a 
tranqüilidade social, a ordem pública e o processo de desenvolvimento 
econômico-social;
V a produção agrícola ocorre em estabelecimentos rurais heterogêneos 
quanto à estrutura fundiária, condições edafoclimáticas, disponibilidade 
de infra-estrutura, capacidade empresarial, níveis tecnológicos e 
condições sociais, econômicas e culturais;
Módulo 3 - Instrumentos legais // 14
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
VI o processo de desenvolvimento agrícola deve proporcionar ao homem 
do campo o acesso aos serviços essenciais: saúde, educação, 
segurança pública, transporte, eletrificação, comunicação, habitação, 
saneamento, lazer e outros benefícios sociais.
Art. 3° São objetivos da política agrícola:
I na forma como dispõe o art. 174 da Constituição, o Estado exercerá 
função de planejamento, que será determinante para o setor público e 
indicativo para o setor privado, destinado a promover, regular, fiscalizar, 
controlar, avaliar atividade e suprir necessidades, visando assegurar o 
incremento da produção e da produtividade agrícolas, a regularidade 
do abastecimento interno, especialmente alimentar, e a redução das 
disparidades regionais;
II sistematizar a atuação do Estado para que os diversos segmentos 
intervenientes da agricultura possam planejar suas ações e 
investimentos numa perspectiva de médio e longo prazos, reduzindo as 
incertezas do setor;
III eliminar as distorções que afetam o desempenho das funções 
econômica e social da agricultura;
IV proteger o meio ambiente, garantir o seu uso racional e estimular a 
recuperação dos recursos naturais;
V (vetado);
VI promover a descentralização da execução dos serviços públicos de 
apoio ao setor rural, visando a complementariedade de ações com 
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, cabendo a estes 
assumir suas responsabilidades na execução da política agrícola, 
adequando os diversos instrumentos às suas necessidades e 
realidades;
VII compatibilizar as ações da política agrícola com as de reforma agrária, 
assegurando aos beneficiários o apoio à sua integração ao sistema 
produtivo;
Módulo 3 - Instrumentos legais // 15
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
VIII promover e estimular o desenvolvimento da ciência e da tecnologia 
agrícola pública e privada, em especial aquelas voltadas para a 
utilização dos fatores de produção internos;
IX possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no 
setor rural, na definição dos rumos da agricultura brasileira;
X prestar apoio institucional ao produtor rural, com prioridade de 
atendimento ao pequeno produtor e sua família;
XI estimular o processo de agroindustrialização junto às respectivas áreas 
de produção;
XII (vetado);
XIII promover a saúde animal e a sanidade vegetal;
XIV promover a idoneidade dos insumos e serviços empregados na 
agricultura;
XV assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus 
derivados e resíduos de valor econômico;
XVI promover a concorrência leal entre os agentes que atuam nos setores e 
a proteção destes em relação a práticas desleais e a riscos de doenças 
e pragas exóticas no País;
XVII melhorar a renda e a qualidade de vida no meio rural.
Art. 4° As ações e instrumentos de política agrícola referem-se a:
I planejamento agrícola;
II pesquisa agrícola tecnológica;
III assistência técnica e extensão rural;
IV proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos 
naturais;
V defesa da agropecuária;
VI informação agrícola;
VII produção, comercialização, abastecimento e armazenagem;
VIII associativismo e cooperativismo;
IX formação profissional e educação rural;
Módulo 3 - Instrumentos legais // 16
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
X investimentos públicos e privados;
XI crédito rural;
XII garantia da atividade agropecuária;
XIII seguro agrícola;
XIV tributação e incentivos fiscais;
XV irrigação e drenagem;
XVI habitação rural;
XVII eletrificação rural;
XVIII mecanização agrícola;
XIX crédito fundiário.
Parágrafo único. Os instrumentos de política agrícola deverão orientar-se pelos 
planos plurianuais.
Fonte: Brasil (1991).
Nota: Alguns desses dispositivos foram alterados por normas legais recentes.
A importância da Lei Agrícola está vinculada à própria definição de 
política agrícola e seus objetivos. Essa fase mais moderna da agricultura 
inclui a preocupação com o meio ambiente e leva em conta a produção 
sustentável. Nesse sentido, Araújo e Valle (2013) afirmam que:
“Em nosso entender, um passo fundamental seria 
“esverdear” as políticas agrícolas para, numa realidade 
em que o cumprimento estrito da lei é a exceção, 
premiar aqueles que o fazem, financiar os que a 
querem cumprir e aumentar o ônus sobre aqueles 
que não querem se ajustar. Em resumo, fazer com 
que a própria Política Agrícola indique claramente, ao 
produtor rural, que vale a pena conservar, que essa é 
uma atitude que será valorizada.”
Módulo 3 - Instrumentos legais // 17
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
 Na sua realidade, existe realmente a preocupação ambiental dentro do 
setor agropecuário? Você percebe se estão sendo alteradas práticas, 
para cumprir o que prevê a Lei Agrícola? Você percebe que as ações 
dentro do setor estão se baseando em uma maior consciência “verde”?
Veja como Vieira Filho (2011) analisa essa realidade:
“Produzir com degradação não é uma equação 
desejável. O Programa Agricultura de Baixo Carbono 
é uma iniciativa que se destaca, pois aproveita o 
passivo das emissões de gases do efeito estufa e o 
transforma em oportunidade produtiva. Diante dos 
padrões ambientais de sustentabilidade, a revisão do 
Código Florestal é estratégica. Não se pode reduzir 
a área de produção; porém, é importante manter 
as áreas de florestas (preservando os biomas e as 
matas ciliares). Todavia, o radicalismo pode trazer um 
resultado indesejável.”
Por que o autor menciona que os radicalismos podem gerar resultados 
indesejáveis? Porque se a produção se reduz para buscar apenas um 
objetivo, certamente os preços dos alimentos sofreriam aumentos e os 
resultados seriam ainda mais desastrosos se a população, em especial 
a mais desprovida de renda, tivesse que pagar por isso.
o Plano de safra
Sobre o planejamento agrícola, ou plano de safra, leia o que está 
previsto na Lei Agrícola, a seguir.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 18
Influência das Políticas Governamentais no AgronegócioLeitura Complementar
Em seu art. 8.º, a Lei n.º 8.171/1991 estabelece que:
Art. 8.º O planejamento agrícola será feito em consonância com o que dispõe 
o art. 174 da Constituição, de forma democrática e participativa, através de 
planos nacionais de desenvolvimento agrícola plurianuais, planos de safras e 
planos operativos anuais, observadas as definições constantes desta lei.
..............................................................
§ 3.º Os planos de safra e os planos plurianuais, elaborados de acordo com os 
instrumentos gerais de planejamento, considerarão o tipo de produto, fatores e 
ecossistemas homogêneos, o planejamento das ações dos órgãos e entidades 
da administração federal direta e indireta, as especificidades regionais e 
estaduais, de acordo com a vocação agrícola e as necessidades diferenciadas 
de abastecimento, formação de estoque e exportação.
§ 4.º Os planos deverão prever a integração das atividades de produção e de 
transformação do setor agrícola, e deste com os demais setores da economia. 
Fonte: Brasil (1991).
Módulo 3 - Instrumentos legais // 19
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Entre os planos previstos na lei, os planos de safra têm sido efetivamente 
implementados pelo governo federal. Anualmente, o governo federal, 
por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(Mapa), publica o Plano Agrícola e Pecuário (PAP), conhecido como 
plano de safra. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que 
tem a tutela da agricultura familiar, também publica anualmente o Plano 
da Agricultura Familiar.
Esses instrumentos buscam instituir medidas para orientar os 
investimentos agropecuários no país no período referente ao calendário 
agrícola anual. Basicamente, os planos contemplam (FAESP, 2016):
 • Crédito Rural;
 • zonamento agrícola;
 • Seguro Rural;
 • comercialização;
 • programas especiais de fomento setorial.
Para o ano de 2016/2017, o plano de safra prevê a ampliação de 
recursos, conforme artigo a seguir.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 20
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Leitura Complementar
O Plano Agricultura e Pecuário 2016/2017 destinará R$ 202,88 bilhões de 
crédito aos produtores rurais brasileiros, valor recorde que representa aumento 
de 8% em relação à safra anterior (R$ 187,7 bilhões). [...] Um dos destaques 
é o crescimento de 20% dos recursos para custeio e comercialização a juros 
controlados. A modalidade contará com R$ 115,8 bilhões.
Os juros foram ajustados sem comprometer a capacidade de pagamento do 
produtor, com taxas que variam de 8,5% a 12,75% ao ano. Os agricultores 
de médio porte tiveram prioridade. Os recursos de custeio para o Programa 
Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) cresceram 15,4% e 
alcançaram R$ 15,7 bilhões, com juros anuais de 8,5%.
A oferta de crédito agrícola tem crescido a cada safra, demonstrando o potencial 
e a confiança dos produtores no setor. Somente nos últimos cinco anos, os 
recursos do Plano Agrícola aumentaram 89%, somando R$ 905,1 bilhões no 
acumulado do período. Saltou de R$ 107,2 bilhões na safra 2011/2012 para 
R$ 202,88 bilhões na atual.
Fonte: Brasil (2016b).
Pode-se perceber que os juros foram elevados e, certamente, esse fator 
impactará negativamente o acesso do produtor ao crédito ofertado.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 21
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Reflexão
Será que nos outros países as políticas agrícolas são conduzidas da mesma 
forma que no Brasil? Será que a política agrícola de outro país é capaz de 
influenciar a política agrícola no nosso país?
Feedback da Reflexão: A forma como é conduzida a Política 
Agrícola depende das condições macroeconômicas de cada governo 
e das especificidades da agricultura, bem como do seu grau de 
desenvolvimento.
Os Estados Unidos, por exemplo, eliminaram o subsídio direto para 
os produtores de algodão, o que gera uma perspectiva melhor para os 
produtores brasileiros que competem pelos mesmos mercados.
Será que basta ter crédito para que a agricultura tenha desenvolvimento? 
Quais outros fatores podem ser importantes para que o setor tenha 
toda a segurança para crescer? Essa discussão será o foco da nossa 
próxima aula.
Siga em frente e bom estudo!
Módulo 3 - Instrumentos legais // 22
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
aula 2
seGuro rural
Você sabia que, por mais que a tecnologia avançada e a inovação 
tenham influenciado o setor agropecuário, ainda há uma ligação da 
produção com os fenômenos climáticos e que isso traz um fator de 
insegurança à produção do setor? Nesta aula você estudará como a lei 
agrícola brasileira tem tratado esse importante instrumento de redução 
do risco da produção: o Seguro Rural.
Fonte: Shutterstock.
A importância da agropecuária na economia é mais do que produzir 
alimentos e ser matéria-prima com preços reduzidos. Atualmente, 
a agricultura deve contemplar aspectos relacionados à segurança 
alimentar, qualidade dos alimentos, boas práticas de manejo, 
sustentabilidade ambiental, produção de emprego e renda no campo e 
até à produção de combustíveis renováveis.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 23
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Você sabia que há grande rigidez relacionada tanto à oferta quanto à 
demanda por produtos agropecuários? Isso quer dizer que, diante de 
uma oportunidade favorável no mercado, a produção não se ajusta de 
forma imediata, assim como acontece num momento de crise, com 
preços que não são atrativos (BUAINAIN; VIEIRA FILHO, 2011).
O Seguro Rural é, portanto, um importante instrumento 
de Política Agrícola, pois ele minimiza as incertezas do 
setor agropecuário.
Como a atividade agrícola envolve processos biológicos, ela depende 
de “insumos da natureza” sobre os quais não há controle. Por esse 
motivo, a atividade agrícola está sujeita a maiores riscos e incertezas 
que as atividades industriais (PEREIRA, 2013).
Entre os objetivos do seguro agrícola, além da facilitação da 
modernização tecnológica da agricultura, está a proteção da renda e 
do patrimônio do produtor rural. Se o seguro atinge esses objetivos, ele 
aumenta a competitividade da agricultura, o que estimula a formação 
de capital e facilita a atração da poupança privada para o financiamento 
do custeio e da comercialização agrícolas (PEREIRA, 2013). As 8 
modalidades do Seguro Rural são:
 • Seguro Agrícola;
 • Seguro Pecuário;
 • Seguro Aquícola;
 • Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários;
 • Seguro Penhor Rural;
 • Seguro de Florestas;
 • Seguro de Vida do Produtor Rural;
 • Seguro de Cédula do Produtor Rural.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 24
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Fonte: Shutterstock.
O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), instituído 
em 1973 e regido pela Lei Agrícola 8.171/1991, ambas regulamentadas 
pelo Decreto 175/1991, foi um marco importante do Seguro Rural no 
Brasil. Na época, ele foi criado em razão da incapacidade da atividade 
agropecuária em atrair seguradoras privadas.
Instituído para garantir ao produtor rural um valor complementar para 
pagamento do custeio agrícola em casos de ocorrência de fenômenos 
naturais que atingissem bens, rebanhos e plantações, o Proagro 
deveria indenizar parte dos recursos próprios utilizados pelo produtor 
em seu custeio rural. Essa política ainda existe atualmente, mas foi 
alterada. A seguir, confira os objetivos atuais do Proagro.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 25
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Exonerar produtores rurais de obrigações financeiras 
relativas a operações de Crédito Rural de custeio e de 
investimento, em decorrência de perdas de receitas 
ocasionadas por fenômenos naturais, pragas e doenças.
Indenizar a parcela de recursos próprios dos produtores 
vinculada a operações de custeio rural.
Incentivar a utilização de tecnologia adequada às 
atividades agropecuárias, além da assistênciatécnica.
A Lei n.º 10.823, de 2003, aprovou a subvenção ao prêmio do 
seguro agrícola, iniciativa que foi administrada pelo Comitê Gestor 
Interministerial do Seguro Rural, nos termos do Decreto n.º 5.121, de 
29 de junho de 2004, que regulamenta a matéria. Outra inovação foi a 
instituição do Plano Trienal do Seguro Rural. Em 2007, o Congresso 
Nacional aprovou a Lei Complementar n.º 126. A seguir, analise o que 
diz essa lei.
Dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e 
sua intermediação, as operações de cosseguro, as 
contratações de seguro no exterior e as operações 
em moeda estrangeira do setor securitário; altera o 
Decreto-Lei n.º 73, de 21 de novembro de 1966, e 
a Lei n.º 8.031, de 12 de abril de 1990; e dá outras 
providências.
Fonte: Brasil (2007).
Módulo 3 - Instrumentos legais // 26
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
A subvenção ao prêmio (Lei n.º 10.823/2003) e a quebra do monopólio 
do resseguro (Lei Complementar n.º 126/2007) foram decisões 
importantes para que o Seguro Rural começasse a prosperar no 
Brasil. O marco mais recente foi a aprovação da Lei Complementar n.º 
137, de 2010, que, entre outras providências, autoriza a participação 
da União em fundo destinado à cobertura suplementar dos riscos do 
Seguro Rural.
Acredita-se que, com a vigência dessas normas legais e o apoio 
governamental, seguradoras privadas passem a oferecer ao agricultor 
brasileiro a necessária cobertura contra intempéries e outros eventos 
fortuitos (PEREIRA, 2013).
Fonte: Shutterstock.
Módulo 3 - Instrumentos legais // 27
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Você sabia que, desde 2006, foram gastos R$ 2,8 bilhões com o 
pagamento da subvenção ao prêmio do Seguro Rural? Isso permitiu a 
aquisição de 617.743 apólices de Seguro Rural por 137.445 produtores, 
que garantem capitais da ordem de R$ 85,5 bilhões e proporcionam 
cobertura securitária para 52,3 milhões de hectares (MAPA, 2016). A 
seguir, confira o gráfico que relaciona as atividades desenvolvidas e o 
percentual de apólices que cada atividade retém.
Soja
Uva
Trigo
Milho (1ª Safra)
Milho (2ª Safra)
Arroz
Café
Outros
Atividades - Apólices
43,56%
10,89%
9,35%
7,73%
6,29%
5,01%
2,89%
14,27%
Fonte: Brasil (2016c).
Embora tenha sido um avanço, os produtores entendem que ainda há 
necessidade de um seguro de renda, e não só de produção ou custo 
de produção. Conclui-se que, historicamente, o seguro agrícola no 
Brasil não tem alcançado os objetivos esperados, pois não consegue 
proteger os agricultores e pecuaristas e gera efeitos fiscais negativos 
(BUAINAIN; VIEIRA, 2011).
Módulo 3 - Instrumentos legais // 74
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio
Você percebeu como o governo federal vem 
priorizando o seguro agrícola? E já começam a 
aparecer alguns resultados positivos!
Quanto à agricultura familiar, o Proagro Mais e o 
Seguro Safra são instrumentos importantes para 
esse setor.
Para a agricultura empresarial, a reformulação do 
Proagro e o Programa de Subvenção ao Seguro, 
por outro lado, mostram que alterações devem 
ser feitas, inclusive em relação à participação de 
operadores privados nesse setor.
Chegamos ao final do Módulo 3. Na sequência, 
siga para o Módulo 4.
Até logo,
Jorge

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