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1 I - Teoria da Constituição 1. Conceito de Constituição S o c io ló g ic a La ss al e Constituição é fato social, e não norma jurí- dica. A Constituição real e efetiva de um Es- tado consiste na soma dos fatores reais de poder que vigoram na sociedade. A Consti- tuição escrita “não passa de uma folha de pa- pel”. P o lí ti c a S ch m it t Constituição seria fruto da vontade do povo, titular do poder constituinte; por isso mesmo é que essa teoria é considerada deci- sionista ou voluntarista. Para Schmitt, a Constituição é uma decisão política funda- mental que visa estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. J u rí d ic a K e ls e n Constituição possui dois sentidos: a) lógico-jurídico: norma pura, puro dever- ser, s/ qualquer pretensão à fundamentação sociológica; b) jurídico-positivo: é a Constituição escrita, formal, o documento supremo que dá ori- gem a todas as demais normas do ordena- mento; C u lt u ra li s ta M e ir e lle s Conduz ao conceito de uma Constituição To- tal em uma visão suprema e sintética que “...apresenta, na sua complexidade intrín- seca, aspectos econômicos, sociológicos, ju- rídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária”. As- sim, sob o conceito culturalista, “...as Consti- tuições positivas são um conjunto de normas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”. Id e a l C an o ti lh o Compreensão obtida a partir de um conceito cultural da Constituição, devendo: "(i) con- sagrar um sistema de garantia da liberdade (essencialmente concebida no sentido do re- conhecimento dos direitos individuais e da participação do cidadão nos atos do poder legislativo através dos Parlamentos); (ii) a Constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os abusos dos poderes estaduais; (iii) a Constituição deve ser escrita". 2. Elementos das Constituições (segundo José Afonso da Silva) a) Elementos orgânicos: regulam a estru- tura do Estado e do Poder. b) Elementos limitativos: normas que com- põem o elenco dos direitos e garantias fun- damentais, limitando o poder do Estado. c) Elementos sócio-ideológicos: revelam o compromisso da Constituição entre o Es- tado individualista e o Estado Social (ex: or- dem econômica). d) Elementos de estabilização constituci- onal: normas destinadas à solução de con- flitos constitucionais, à defesa da Constitui- ção, do Estado e das instituições democrá- ticas. e) Elementos formais de aplicabilidade: regras de aplicação da Constituição. 3. Constitucionalismo 3.1. Fases do constitucionalismo 1) Antigo ● Povo Hebreu – Estado teocrático. ● Cidades-Estado Gregas - século V a.C., onde havia ampla participação dos gover- nados na condução do processo político (democracia direta). 2) Medieval ✓ Magna Carta inglesa (1215): representou um limitação do poder monárquico à auto- ridade da lei. 3) Moderno ● Transição da monarquia absolutista para o Estado Liberal, em especial na Europa, no final do século XVIII, que traçou limitações formais ao po- der político vigente à época. ● Surgimento das Constituições escritas. ● Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1791. ● Constituições liberais (ex: constitucionalismo inglês, norte-americano e francês), cujos documen- tos eram sintéticos. Sob viés liberal, orientavam-se por valores como liberdade, proteção à proprie- dade privada, proteção aos direitos individuais e absenteísmo estatal). ● Contribuição da Revolução Gloriosa: sobera- nia do parlamento (em base bicameral). ● Contribuição da Revolução Francesa: princípio da soberania nacional. ● Contribuição da Revolução Americana: fede- ralismo e Constituição como uma "Bíblia Política”. 4) Contemporâneo • Totalitarismo constitucional: textos constitu- http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 2 cionais trazem importante conteúdo social, esta- belecendo normas programáticas e realçando o sentido de constituição dirigente. • Dirigismo comunitário e constitucionalismo globalizado: busca difundir a perspectiva de pro- teção aos direitos humanos e de propagação para todas as nações. • Direitos de segunda dimensão: relacionados à igualdade. • Direitos de terceira dimensão: relacionados à fra- ternidade/solidariedade. • Constituição do México/1917 e Constituição da Alemanha/1919. 5) Do futuro (José Roberto Dromi) • Deverá buscar a concretização dos seguintes va- lores: a) Verdade b) Solidariedade c) Consenso d) Continuidade e) Participação f) Integração 3.2. Neoconstitucionalismo Principais ideias ✓ Constituições passam a prever valores. ✓ Forma-se o Estado Constitucional de Di- reito. ✓ Busca-se a concretização dos direitos fun- damentais e a garantia de condições míni- mas de existência aos indivíduos. Marcos a. Histórico: pós 2ª Guerra Mundial. b. Filosófico: pós positivismo ✓ O pós-positivismo, como via intermedi- ária para a superação das concepções jusnaturalistas e juspositivistas, tem pretensão de universalidade, ou seja, pretende desempenhar o papel de autêntica teoria geral do direito aplicá- vel a qualquer tipo de ordenamento ju- rídico, independentemente de suas ca- racterísticas específicas. (…) O neocons- titudonalismo, por seu turno, tem pre- tensões mais específicas. Trata-se de uma teoria particularmente desenvol- vida para explicar e dar conta das com- plexidades que envolvem um modelo específico de organização político-jurí- dica (o Estado constitucional democrá- tico) e de constituição (“constituições normativas e garantistas”). MPGO/19. ✓ Reconhece a centralidade dos direitos fundamentais. ✓ Reaproximação entre o Direito e a Ética. Novelino: “As diferentes aspira- ções do pós-positivismo (teoria univer- sal) e do neoconstitucionalismo (teoria particular) também se revelam nos pla- nos em que a moral atua como uma ins- tância crítica de valoração do direito. Na visão pós-positivista a normativi- dade dos princípios e a centralidade da argumentação jurídica são determinan- tes para se pensar o direito e a moral como esferas complementares e não totalmente autônomas. Embora sejam reconhecidas as especificidades de cada uma delas, não se admite um trata- mento segmentado. Ao pressupor uma “conexão necessária” entre direito e moral, o pós-positivismo rompe com dualismo, característico das concepções juspositivistas, entre as duas esferas”. Em seguida, leciona: “O neoconstitucio- nalismo, por seu turno, adota uma pre- missa distinta ao considerar que a cone- xão identificativa entre direito e moral resulta da incorporação dos valores mo- rais nas constituições por meio de prin- cípios e direitos fundamentais, pontes necessárias entre as duas esferas. Sob esta óptica, a conexão entre o direito e a moral é apenas contingente – e não necessária, como no pós-positivismo -, isto é, decorre da incorporação de prin- cípios morais nas constituições contem- porâneas. ✓ Princípios passam a ser encarados como normas jurídicas. ✓ Novelino: “Como postura ideológica pe- rante o direito vigente, o pós-positi- vismo pode ser visto como uma via in- termediária que busca preservar a segu- rança jurídica, mas sem adotar uma vi- são cética em relação à justiça material. O caráter prima fade atribuído à segu- rança jurídica, em casos extremos, pode ser afastado em nome da justiça”. 3 c. Teórico ✓ Foça normativa da Constituição. ✓ Expansão da jurisdição constitucional. ✓ Nova dogmática da interpretação cons-titucional. 3.3. Modelos de constitucionalismo Canotilho identifica três modelos de compreensão do movimento constitucionalista: a. O modelo historicista b. O modelo individualista: é advindo do modelo francês. A revolução francesa faz surgir uma nova ordem jurídica, política e social. Por isso, é também chamado de constitucionalismo revolucionário. O mo- delo individualista estabelece uma ruptura com a ordem social até então praticada, o anterior regime, para dar lugar a um novo regime, uma nova ordem social, definida através de um contrato social baseado nas vontades individuais e não mais no alve- drio do governante (...). c. O modelo federalista ou estadista. 3.4. Transconstitucionalismo x Constitucio- nalismo transnacional x Interconstitucionali- dade Cuidado, são conceitos DIFERENTES! Transconsti- tucionalismo Constitucio- nalismo transnacio- nal Interconstitu- cionalidade Introduzido no Brasil por Mar- celo Neves, re- presenta o diá- logo entre o di- reito interno e o direito inter- nacional, para melhor tutela dos direitos fundamentais. Possibilidade de criação de uma só Consti- tuição para vá- rios países. Trata das rela- ções interconsti- tucionais, isto é, a convergência, a concorrência, a justaposição e os conflitos de vá- rias constituições e de vários pode- res constituintes no mesmo es- paço político. 3.5. Patriotismo constitucional O termo foi primeiramente utilizado pelo historia- dor alemão Dolf Sternberger, na década de 70 (e mais difundido pelo sociólogo e filósofo alemão Jürgen Habermas, na década de 80), para designar um sentimento de identidade coletiva, fundamen- tada nos ideais constitucionais e nas ideias de to- lerância, multiculturalismo e respeito aos di- reitos fundamentais. Tal ideia se opõe ao nacio- nalismo como comumente existe, calcado em iden- tidades étnicas e culturais.
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