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Fichamento - SOUZA, Jessé - A construção do mito da "Brasilidade"

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SOUZA, Jessé. A construção do Mito da “Brasilidade”. In. A ralé brasileira: quem 
é e como vive. São Paulo: Editora Contracorrente, 2018, p. 35-46. 
 
O autor 
Jessé de Souza é professor titular da UFABC, mestre, doutor e livre docente em 
Sociologia. Autor e organizador de diversos livros e artigos, suas pesquisas são nas 
áreas de classes sociais e desigualdade no Brasil. Foi presidente do Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada entre 2015 e 2016, cargo do qual pediu demissão 
quando Michel Temer assumiu a presidência interinamente, após o golpe que gerou 
o impeachment da presidenta Dilma. 
 
A obra 
A ralé brasileira – quem é e como vive é uma obra organizada por Jessé de 
Souza com artigos seus e de outros autores, que versam sobre a desigualdade 
social no país, tema tido pelo organizador do livro como a questão mais importante 
do Brasil Moderno. 
 
O texto 
A nação brasileira teve que superar uma enorme dificuldade para existir como um 
símbolo válido e querido para seus participantes, tanto internamente quanto em 
relação aos seus concorrentes externos, sendo o principal deles os Estados Unidos. 
O Brasil era uma nação efetivamente pobre nos seus primórdios, mas o principal 
obstáculo enfrentado para a criação de sua "identidade nacional" foi o contexto 
histórico extremamente racista da época, onde o racismo possuía um "prestigio 
cientifico", por ser uma nação "multirracial". Apenas a natureza exuberante existente 
no país será considerada motivo de orgulho e não mais seria preciso ter "vergonha 
de ser brasileiro", por esse motivo é muito comum encontrar livros, poemas, prosas 
da época enaltecendo essa característica. 
2 
 
A tese "revolucionária" de Gilberto Freyre, de seu livro Casa-grande & senzala 
publicado em 1933, dizia que a mistura étnica e cultural brasileira deveria ser 
percebida como motivo de orgulho, pois a partir dela poderíamos nos considerar 
uma sociedade única no mundo devido a capacidade de articular e unir 
contrários. Contudo seus ideais só conquistaram os corações e mentes das pessoas 
comuns quando se encontraram com o Estado de Getúlio Vargas, que na época 
inaugurava o Brasil industrial, e precisava de um ideário que chamasse a atenção 
dos brasileiros em massa para uma ação unida e conjunta. Esse ideário 
harmonioso de povo unido independente das diferenças e orgulhoso de sua história, 
sonhando com o grande "país do futuro", agradou muito a elite que buscava uma 
identidade nacional para o Estado Novo característica dos brasileiros. 
E com suas bases montadas nessa noção de negação de conflitos como algo 
positivo foi criado o DNA simbólico da sociedade brasileira, porém não funciona para 
nós como um "mito nacional" incorporado e internalizado por cada um de nós, essa 
"identidade nacional" nos é apresentada principalmente por propagandas do governo 
e por muitas vezes na escola.

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