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guia pratico da advocacia eleitora

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Prévia do material em texto

GUIA PRÁTICO DA 
ADVOCACIA ELEITORAL
POR CAIO VITOR BARBOSA
Tudo para advogar nas eleições municipais de 2020
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
AINDA PRELIMINARMENTE: COMO COMEÇAR NA 
ADVOCACIA ELEITORAL 6
PRINCIPAIS LEIS DA PRÁTICA DA ADVOCACIA 
ELEITORAL 10
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 10
LEI DA INELEGIBILIDADE 12
LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS 14
LEI DAS ELEIÇÕES 15
 
INTRODUÇÃO AO PROCESSO JUDICIAL ELEITORAL 
22
ILÍCITOS POLÍTICO-ELEITORAIS E MEDIDAS JUDICIAIS 
CABÍVEIS 26
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE 
CANDIDATURA 27
REPRESENTAÇÕES DE PROPAGANDA 31
 
PROPAGANDA IRREGULAR 35
DIREITO DE RESPOSTA 41
REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO 
(COMPRA DE VOTO) 44
REPRESENTAÇÃO POR CONDUTA VEDADA AO AGENTE 
PÚBLICO 49
REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO E GASTO ILÍCITO DE 
CAMPANHA (CAIXA 2) 72
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL 83
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO 91
RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA 98
AÇÃO CAUTELAR 104
DEFESAS 108
RECURSOS 109
AGRADECIMENTOS 111
3
Este é um guia para quem pretende iniciar ou 
aperfeiçoar sua atuação como advogado na área 
eleitoral e aproveitar as oportunidades que surgirão 
com as eleições municipais de 2020. 
Seu enfoque é a prática da advocacia eleitoral, 
portanto, se você é agente político, (pré)candidato 
ou profissional de outra área (contador, publicitário, 
etc.), possivelmente esse material não estará alinhado 
com o que busca. Se deseja um conteúdo voltado para 
atuação dos (pré)candidatos e dos agentes políticos, 
recomendo outras fontes de pesquisa, dentre os 
quais, humildemente, os materiais que produzimos 
em nosso escritório, Queiroz, Barbosa e Bezerra 
Advocacia (www.qbb.adv.br). 
Iremos abordar neste e-book muitas questões 
técnicas, próprias da atuação advocatícia. Por isso, 
se você é advogado, provavelmente esse e-book 
será útil para sua capacitação. Nossa intenção é 
centrar no essencial para os causídicos tornarem-
se eleitoralistas, principalmente em matéria de 
contencioso político, não penal. Falaremos sobre 
as principais medidas judiciais da área eleitoral, 
inclusive com a disponibilização de 11 modelos de 
petições iniciais, e trataremos, de forma transversal, 
das questões mais relevantes do direito material 
eleitoral (direitos políticos, registro de candidatura, 
propaganda, financiamento de campanha, condutas 
vedadas, abuso de poder e uso indevido dos meios de 
comunicação social, compra de votos, etc.).
E por que resolvemos produzir esse e-book? 
O direito eleitoral é um ramo pouco estudado nas 
faculdades brasileiras. Em regra, não figura entre as 
cadeiras obrigatórias dos cursos de direito do país 
e nem todas as graduações a oferecem sequer como 
uma matéria optativa, de modo que os estudantes 
de direito costumam se formar com pouco ou quase 
INTRODUÇÃO
4
nenhum estudo no ramo eleitoralista. 
Se o direito material é pouco estudado durante a 
graduação, menos ainda o é a prática jurisdicional 
eleitoral. E essa dificuldade para quem sai da faculdade 
para o mercado de trabalho tem ainda alguns outros 
agravantes. Primeiro, o sistema processual eleitoral tem 
muitas peculiaridades em comparação com o processo 
civil. Os prazos, as medidas cabíveis, os legitimados, as 
decadências e preclusões dos processos eleitorais são 
bem diferentes do que se verifica na área cível. Outro 
problema: ainda se tem no Brasil poucos livros de direito 
eleitoral. Há obras de relevo – e aqui eu deixo a indicação 
do livro Direito Eleitoral de José Jairo Gomes1 – mas 
penso que há uma lacuna, principalmente em relação 
à prática da advocacia eleitoral, que este e-book visa 
colaborar a preencher. Por fim, como a Justiça Eleitoral 
é composta por juízes nomeados para o exercício 
de mandatos, a jurisprudência das cortes eleitorais 
costuma sofrer bastante alterações, ao passo de ser um 
1 Sem embargo das demais, obviamente, mas é, sem dúvidas, o livro de 
maior relevância e mais citado por quem atua na área.
ramo que as decisões judiciais têm uma importância 
destacada enquanto fonte do direito. 
Todo esse cenário nos motivou a escrever este 
e-book e a desenvolver o Advogue nas Eleições: uma 
metodologia que visa possibilitar aos advogados 
atuarem na área eleitoral, aproveitando as oportunidades 
que esse nicho pode trazer para alavancar a carreira 
profissional dos causídicos.
Na eleição de 2016, cerca de meio milhão de 
candidatos registraram candidatura; em 2020, esse 
número deve ser igual ou superior. O Brasil tem 
32 partidos políticos, 5570 municípios. Números 
grandiosos. Já imaginou a quantidade de processos 
de registros de candidaturas, prestações de contas e 
de representações que existirão na próxima eleição 
municipal? Sem dúvida, serão milhares, tornando essa 
uma das maiores oportunidades de captação de clientes 
para a advocacia dos últimos anos!
5
Eu sou Caio Vitor Barbosa, advogado eleitoralista, 
presto, há mais de dez anos, assessoria jurídica 
a partidos e agentes políticos em eleições para 
prefeito, vereador, deputado, senador e governador, 
sou sócio fundador do Queiroz, Barbosa e Bezerra 
Advocacia, ex-presidente da Comissão de Direito 
Eleitoral da OAB-RN, e queria compartilhar da 
experiência acumulada ao longo de todo esse tempo, 
te convidando a ficar comigo até o final deste e-book. 
Pode ser? Desde já, obrigado, espero que goste, um 
abraço.
QUEM É CAIO VITOR BARBOSA?
6
em cima dessa base, o advogado deverá conquistar, 
diuturnamente, novos conhecimentos, realizar 
pesquisas, atualizar-se com as notícias, participar 
de discussões, e assim por diante. O direito eleitoral 
é muito dinâmico. Além das mudanças legislativas 
que vem acontecendo regularmente, a cada dois anos, 
como disse acima, a jurisprudência dos tribunais 
em matéria eleitoral é bastante mutável e o cenário 
político, atualmente, muito instável. No entanto, não 
tenho dúvidas, com esse tripé (legislação, processos 
e jurisprudência) bem estabelecido já é possível 
prospectar clientes e se colocar em atuação com 
segurança no nicho da classe política.
 E, falando sobre esse nicho, permitam-me um 
breve parêntese. Há no país, hoje, um sentimento 
muito forte de negação à política. As pessoas estão 
desiludidas, cansadas, e magoadas com os políticos em 
geral. Não é um fenômeno só brasileiro. Mas, no Brasil, 
 O exercício, de forma qualificada, da advocacia 
eleitoral é baseado no tripé de conhecimento: (i) da 
legislação especial, (ii) das medidas judiciais próprias e 
(iii) da jurisprudência da justiça eleitoral. Neste e-book 
vamos tratar dos três aspectos.
 No canal do YouTube do Advogue nas Eleições há 
vídeos tratando sobre esse tripé, principalmente sobre a 
legislação e como pesquisar a jurisprudência das cortes 
do país2. Vamos aprofundar os dois temas neste e-book 
e apresentar as principais medidas judiciais do ramo 
eleitoral, trazendo modelos das respectivas petições 
iniciais. Essa base já permitirá que o advogado se situe 
adequadamente na área e, a partir daí, já possa se colocar 
no mercado eleitoralista.
 Obviamente, como em qualquer outro ramo, 
2 Vídeo Principais Leis da Prática da Advocacia Eleitoral (clique aqui) e 
Como Conhecer a Jurisprudência da Justiça Eleitoral (clique aqui).
AINDA PRELIMINARMENTE: COMO 
COMEÇAR NA ADVOCACIA ELEITORAL
7
é possível identificá-lo com bastante ênfase. E as 
pessoas, convenhamos, têm toda razão de se sentirem 
dessa forma. Diante de tantos casos de corrupção que 
tomam conta há anos do noticiário no país, é mais do 
que legítimo que surja essa tendência à antipolítica. 
Mas, penso, que a rejeição da política não é o melhor 
caminho. Não há como fugir da política, ela está 
presente em todos os espaços e relações humanas. 
Mais benéfico que negá-la é buscar melhorá-la e você 
que resolveu atuar no ramo eleitoral tem um papel 
muito importante nisso. A você, depois da leitura 
deste e-book e de acompanhar o Advogue nas Eleições, 
caberá a defesa da democracia, das boas práticas na 
política, o combate aos abusos políticoe econômico, 
aos maus políticos, aos compradores da liberdade e 
da consciência dos eleitores, a luta contra o uso do 
Estado com fins eleitoreiros, a favor da preservação 
da igualdade, da lisura das eleições e da soberania 
popular.
 Fechando o parêntese, depois de o advogado 
constituir sua base nesse tripé (legislação, processos 
e jurisprudência), é hora de partir para a prospecção. 
Nesse ponto, preciso ser franco com vocês, essa não é 
minha área de conhecimento específico.
 Há especialistas mais bem capacitados para 
auxiliá-lo na estruturação de sua estratégia de marketing. 
Deixo aqui a recomendação de dois: Juliano Torriani 
(@julianotorriani), que fala de modo mais abrangente, 
sobre estratégias aplicáveis a todos os tipos de negócios, 
e Lindson Rafael (@lindsonrafael), do Advogado que 
Vende, mais específico para o marketing jurídico. Vale 
a pena conhecer o trabalho dos dois. São faixas pretas.
No entanto, da minha experiência, creio que posso 
deixar três contribuições. 
8
 Primeiro, é preciso desmistificar um pouco a 
questão do marketing para a advocacia. Ao contrário do 
que alguns pensam, o advogado pode sim ter estratégias 
de prospecção de clientes. O que o Código de Ética da 
Advocacia impede é a mercantilização da profissão, 
algo diverso de não se ter uma estratégia de vendas dos 
serviços do advogado. Veja o Código de Ética e confirme 
o que estou falando.
 Segundo, pense bem no valor e na oferta que 
oferecerá aos seus clientes. Lembrando sempre que 
valor é diferente de preço. Na advocacia, ao contrário 
de outros empreendimentos, pensamos pouco em qual 
produto/serviço o advogado vai ofertar ao mercado. 
Somos levados a pensar que ter a carteira da OAB e ser 
advogado é o suficiente para que os clientes batam em 
nossas bancas atrás de nos contratar. Porém, sabemos 
que não é bem assim há muito tempo. Não basta só 
pensar o ramo de atuação, a área do Direito que pretende 
se especializar, mas também quais problemas do meu 
público eu vou resolver. É necessário refletir sobre quais 
diferenciais do produto/serviço que ofertamos, porque 
ele é melhor que o da concorrência, como ele resolve 
de modo mais eficaz as dores dos prospectos. Enfim, 
pense bem nesse aspecto e não esqueça que, em regra, 
é mais fácil manter um cliente que conquistar um novo 
e a reputação é a base de qualquer empreendimento.
 Terceiro, analise a estratégia que utilizará para 
prospectar seus clientes. Neste vídeo (clique aqui), 
falei um pouco das ferramentas que utilizei para 
construir minha carreira na área eleitoral. Porém, 
no geral, as estratégias de marketing atualmente 
estão divididas basicamente em dois grandes ramos: 
o digital e o offline. Em resumo, o primeiro usa as 
novas ferramentas tecnológicas (principalmente das 
redes sociais) para posicionar bem o advogado (e 
sua marca) no mercado, notadamente por meio da 
produção de conteúdo, para que esse possa se tornar 
uma autoridade e utilizar de processos como o funil de 
vendas para converter visitantes em leads e leads em 
clientes. O segundo usa ferramentas mais tradicionais, 
MARKETING JURÍDICO
9
como portifólios, cartas de apresentação, cartões de 
visita e o uso do networking, o contato corpo a corpo 
para o convencimento e fechamento de contratos 
com clientes em potencial (venda direta). Porém, 
um não é empecilho ao outro, na verdade, ambos se 
complementam. Podem ser usados pelo advogado 
concomitantemente, basta pesquisar um pouco, traçar 
as metas, ações e executar. 
 Como disse, sobre marketing, eram só algumas 
dicas. Há e-books e treinamentos específicos sobre o 
assunto. Nosso foco aqui é agregar ao seu portifólio a 
advocacia eleitoral, ou seja, tornar os advogados aptos 
a prestarem consultoria a agentes políticos para que 
esses possam ter mais segurança jurídica em suas 
tomadas de decisões; e a atuarem no contencioso 
na propositura ou na defesa em medidas judiciais 
eleitorais. Então vamos ao que interessa.
10
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos 
ou diretamente, nos termos desta Constituição.” 
(Grifos acrescidos).
 José Afonso da Silva define assim, cidadania e 
direitos políticos, respectivamente:
“(...) atributo das pessoas integradas na sociedade 
estatal, atributo político decorrente do direito 
de participar no governo e direito de ser ouvido 
pela representação política. Cidadão, no direito 
PRINCIPAIS LEIS DA PRÁTICA DA 
ADVOCACIA ELEITORAL
 O primeiro passo para atuar na área eleitoral é 
conhecer a legislação específica do ramo. Em virtude 
do tamanho de um e-book e do propósito de ser esse 
um guia, é impossível adentrar-se em todos os detalhes 
envolvidos nesse assunto. A seguir apresentamos os 
principais pontos de legislação eleitoral para iniciar o 
advogado no ramo eleitoralista.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 A Constituição, enquanto Carta Política que 
estrutura um Estado, forma a base do Direito, em especial 
do direito eleitoral. No caso da brasileira, seu primeiro 
artigo já estabelece quatro parâmetros essenciais para 
embasamento da ordem jurídica-político-eleitoral: 
cidadania, pluralismo político, soberania popular e 
democracia representativa, nestes termos:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada 
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 
11
brasileiro, é o indivíduo que seja titular dos 
direitos políticos de votar e de ser votado e suas 
consequências.”3
***
“(...) direito democrático de participação do povo 
no governo, por seus representantes.”4
 Tais direitos e os partidos políticos estão 
posicionados no texto constitucional, respectivamente, 
nos capítulos IV e V do título II da Carta Magna, que 
trata “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”. Esse 
é um aspecto relevante, pois tanto formal quanto 
materialmente os direitos políticos são direitos 
fundamentais, e os partidos políticos constituem 
uma garantia fundamental dos indivíduos e da 
coletividade.
 O direito político ativo corresponde ao direito 
de votar (sufrágio). O art. 14, caput, da CF expressa a 
forma do exercício da soberania popular, que se dá pelo 
sufrágio, de forma direta (sem intermediário) e secreto, 
3 Curso de Direito Constitucional Positivo, 23ª ed. São Paulo: Malheiros 
Editores, 2004. Pág. 344-345.
4 Op. cit.. Pág. 343.
com valor igual para todos, ao passo que o art. 60, §4º, 
II, coloca o “voto direto, secreto, universal e periódico” como 
cláusula pétrea.
 Já o direito político passivo é a prerrogativa de 
concorrer e ocupar os cargos (art. 37, I, da CF) eletivos, 
também chamado de elegibilidade ou ius honorum. No 
Recurso Extraordinário n.º 603.3703/MG, o Supremo 
expressou o caráter fundamental desse direito:
“Toda limitação legal ao direito de sufrágio passivo, 
isto é, qualquer restrição legal à elegibilidade do 
cidadão constitui uma limitação da igualdade de 
oportunidades na competição eleitoral. Não há 
como conceber causa de inelegibilidade que não 
restrinja a liberdade de acesso aos cargos públicos, 
por parte dos candidatos, assim como a liberdade 
para escolher e apresentar candidaturas por parte 
dos partidos políticos.”5
 Nos arts. 14 a 17, a CF disciplina tais direitos e os 
partidos na ordem jurídico-político brasileira.
5 RE n.º 603.3703/MG, Relator: Ministro Gilmar Mendes, Tribunal 
Pleno, Publicação: DJe, em 17-11-11.
12
 A Lei de Inelegibilidades (LCF n.º 64/90) é 
uma positivação do preceito constitucional do art. 
14, §9º, da CF. A Lei da Ficha Limpa (LCF n.º 135/10) 
foi uma alteração desse diploma legal e implicou 
regulamentação da EC n.º 04/946, a qual incluiu na 
Constituição a necessidade de vedação à candidaturas 
de quem violou a “probidade administrativa, a moralidade 
para exercício de mandato” e “a normalidadee legitimidade 
das eleições”, levando em consideração “vida pregressa do 
candidato”.
 O art. 15 da CF proíbe a cassação (definitiva) 
dos direitos políticos, e limita a perda e suspensão 
(temporárias) às hipóteses de seus incisos. Perda e 
suspensão são de ambos direitos políticos (ativo e 
passivo, de votar e ser votado), já a inelegibilidade 
corresponde a uma restrição apenas do direito 
6 Em 2006, a Justiça Eleitoral discutiu se essa regra constitucional seria 
autoaplicável ou demandaria uma norma infraconstitucional, no registro de 
candidatura do ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, RO n.º1069. O mi-
nistro Ayres Britto defendeu a autoaplicação, mas foi voto vencido. O registro 
foi deferido por 4x3, e daí surgiu o movimento que resultou na aprovação da 
Lei da Ficha Limpa em 2010.
político passivo. Por isso, o cidadão que se encontra 
inelegível pode e deve votar.
 Para poder se eleger, o cidadão precisa 
preencher as causas de elegibilidade constitucionais – 
nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos 
políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na 
circunscrição, filiação partidária, idade mínima para 
disputar o cargo, alfabetização (art. 14 da CF) – e 
infraconstitucional: quitação eleitoral (art. 11, V, §7º, da 
Lei das Eleições) e não incorrer em uma das causas de 
inelegibilidade:
“(...) a elegibilidade é a adequação do indivíduo ao 
regime jurídico – constitucional e legal complementar 
– do processo eleitoral, consubstanciada no 
não preenchimento de requisitos ‘negativos’ (as 
inelegibilidades).”7 
 As situações de inelegibilidade são previstas pela 
CF (art. 14, §§5º-8º) e pela LCF n.º 64/90 (art. 1º).
7 STF, ADC n. 29 e 30, Relator: Ministro Luiz Fux, Pleno, Publicação: 
DJE 29-06-2012.
LEI DE INELEGIBILIDADES
13
 O art. 1º, II, da LCF n.º 64/90 trata dos casos 
que exigem desincompatibilização (afastamento de 
determinado cargo ou função para poder disputar a 
eleição, em certo prazo, e para os cargos especificados) 
dos agentes políticos, servidores públicos, dirigentes 
empresariais e de entidades em situações especiais, 
bem como sindicais. São as inelegibilidades relativas 
(se o cidadão não observar esses prazos de afastamento, 
estará impedido de disputar a eleição). Para saber mais 
sobre os prazos e hipóteses, veja o serviço do TSE sobre 
o assunto (aqui). 
 Já o art. 1º, I, da LCF n.º 64/90 prescreve as 
situações de inelegibilidade absolutas, que podem ter 
suas alíneas classificadas desta forma:
 
14
A LF n.º 9.096/95 dispõe sobre os partidos políticos, 
regulamentando os arts. 17 e 14, § 3º, V, da Constituição 
Federal. Seu art. 1º conceitua os partidos como pessoa 
jurídica de direito privado e estabelece suas finalidades: 
“assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade 
do sistema representativo” e “defender os direitos fundamentais”.
 A lei positiva e regulamenta os princípios da 
autonomia e do caráter nacional partidários, normatiza 
a relação entre os filiados e as agremiações, estabelece o 
dever de registro dos partidos perante o TSE, preceitua 
parâmetros para os estatutos e programas das legendas, 
fixa as regras para arrecadação (inclusive pelo Fundo 
Partidário) e gastos de recursos, assim como para 
prestações de contas anuais, e ainda os efeitos dos 
julgamentos pela aprovação, desaprovação e pela não 
apresentação dessas prestações.
 As regras de prestações de contas anuais são 
complementadas pela Resolução do TSE n.º 23.546/2017 
(ver aqui). Essas são as contas do dia a dia das 
agremiações. Além dessas, a cada eleição, os partidos 
também devem prestar contas, independente de seu 
nível (nacional, regional ou municipal), de acordo com 
as regras da lei e resolução eleitorais.
 As regras para mudança de partido por parte dos 
filiados, inclusive a janela partidária, são fixadas pelos 
arts. 21 e 22 da LF n.º 9.096/95. A questão da fidelidade 
partidária, por seu turno, é regulada pela Resolução do 
TSE n.º 23.456/2007 (ver aqui).
 
LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS
15
 A LF n.º 9.504/97 é o principal diploma legal do 
processo eleitoral no país, mais até do que o Código 
Eleitoral. Tal lei foi responsável por conferir uma maior 
estabilidade ao direito eleitoral brasileiro, pois, antes 
de sua edição, a cada eleição uma nova legislação era 
editada para disciplinar especificamente o pleito futuro. 
 
 Mesmo assim, o Congresso Nacional tem mantido 
o hábito de aprovar reformas legislativas nos anos 
ímpares (um ano antes do dia da eleição subsequente, 
em virtude do princípio da anualidade previsto pelo 
art. 16 da CF).
 Essa lei, portanto, será um dos principais 
instrumentos de trabalho do advogado eleitoralista, 
que recorre à sua consulta e utilização constantemente.
Não obstante, em resumo, os principais pontos que a 
lei disciplina8 são:
a) o prazo para os partidos se registrarem perante 
o TSE e participarem da eleição (art. 4º): seis meses 
8 Nos comentários vamos falar considerando apenas as eleições munici-
pais de 2020.
antes do pleito, ou seja, novos partidos que obtiverem 
registro até 4 de abril de 2020 poderão lançar candidatos 
na eleição desse ano;
b) a forma dos partidos constituírem coligações e os 
efeitos dessa decisão (art. 6º): na eleição de 2020, os 
partidos ainda poderão formar coligações para a eleição 
de prefeito, o que é importante para distribuição do 
tempo de propaganda no rádio e tv, por exemplo;
c) as convenções para escolhas de candidatos (arts. 7º 
a 9º): devem ocorrer de 20 de julho a 5 de agosto do ano 
eleitoral; a lei delega aos estatutos a fixação das regras 
de escolha de candidatos; e os órgãos partidários podem 
estabelecer diretrizes nacionais, até cento e oitenta dias 
antes do pleito, quanto a parâmetros para formação das 
coligações pelos órgãos partidários inferiores, assim 
como anular as convenções de quem as descumprir; 
d) os registros de candidaturas (arts. 10 a 16-B): nas 
eleições de vereador de 2020, os partidos poderão 
LEI DAS ELEIÇÕES
16
formar lista de candidatos (nominata) com até 150% 
do número de cadeiras da respectiva Câmara de 
Vereadores; indicar no mínimo 30% e no máximo de 
70% para candidaturas de cada sexo; os candidatos a 
vereador deverão ter 18 anos no momento do registro 
de candidatura, e a prefeito, 21, no momento da posse; 
a documentação para o registro de candidatura está 
prevista no art. 11, §1º; a forma de comprovar quitação 
eleitoral, no art. 11, §§7º-8º; o momento de aferição das 
condições de (in)elegibilidade, no art. 11, §10; o modo 
de escolher o nome do candidato, no art. 12; como e até 
quando substituir e cancelar registros de candidaturas, 
nos arts. 13-14; como decidir os números de urna dos 
candidatos, no art. 15; e o direito dos candidatos sub 
judice de realizarem propaganda enquanto recorrem 
das impugnações ou têm seus registros julgados, nos 
arts. 16-A e 16-B;
e) o Fundo Especial de Financiamento de Campanha 
(arts. 16-C-16-D): este fundo foi criado em 2017, é 
custeado com recursos do orçamento da União e visa 
financiar as campanhas eleitorais. Os recursos são 
divididos entre os partidos desta forma: igualitariamente 
(2%), igualitariamente entre os partidos com deputados 
federais eleitos (35%), proporcionalmente ao número 
de deputados federais (48%) e proporcionalmente 
ao número de senadores (15%). Os órgãos de direção 
nacional fixam as regras de distribuição intrapartidária 
e o TSE gerencia o repasses para esses;
f) as regras de arrecadação e gastos de campanha 
(arts. 17-27): limites de gastos das campanhas (art. 
16-C, levando-se em consideração os limites de 2016 
(ver aqui); responsabilidade pela gestão financeira da 
campanha (arts. 17, 20-21 e 25); necessidade de abertura 
de contas bancárias e de pagamento das despesas por 
meio delas (art. 22); de inscrição no CNPJ (art. 22-A); 
formas permitidas (arts. 23 e 24-C) e vedadas (art. 24) 
de doações; os tipos e limites de gastos de campanha 
(art. 26); e a possibilidade do eleitor realizar gastos 
própriosem campanhas eleitorais (art. 27);
g) as prestações de contas (arts. 28-32): a forma 
de prestar contas e comprovar despesas (art. 28); o 
17
procedimento perante a Justiça Eleitoral (art. 29); os 
tipos de decisões sobre as prestações de contas e as 
modalidades de recursos (art. 30); a previsão da ação 
por arrecadação e gastos ilícitos de campanha (art. 30-
A), que será melhor tratada adiante; e a destinação das 
sobras de campanha (art. 31);
h) as pesquisas e testes pré-eleitorais (arts.33-
35): obrigação e procedimentos para as entidades de 
pesquisa de opinião pública registrarem pesquisas 
eleitorais perante a Justiça Eleitoral (art. 33); a sanção 
de multa no valor de cinquenta mil a cem mil UFIR 
por divulgação de pesquisa sem registro (art. 33, §3º) e 
de detenção de seis meses a um ano por divulgação de 
pesquisa fraudulenta (art. 33, §4º); o impedimento de 
se fazer enquete eleitoral no período de campanha (art. 
33; §5º); e a forma de fiscalização das pesquisas (art. 34);
i) a propaganda eleitoral em geral (arts. 36-41): as 
propagandas eleitorais iniciam em 15 de agosto do ano 
eleitoral (art. 36, caput), mas pode se fazer propaganda 
intrapartidária antes disso (art. 36, §1º); é vedada 
propaganda paga no rádio e na tv (art. 36, §2º); quem 
realiza propaganda eleitoral antecipada está sujeito 
a multa de 5 a 25 mil reais (art. 36, §3º); mas diversas 
condutas de comunicação do pré-candidato, desde que 
não envolvam pedido de voto, não são consideradas 
propaganda eleitoral antecipada (art. 36-A). Na 
propaganda dos candidatos a prefeito, deve aparecer o 
nome do vice em tamanho não menor que 30%; nos bens 
públicos e de uso comum (inclusive estabelecimentos 
que a população em geral tenham acesso), é vedada a 
veiculação de propaganda (art. 37), exceto de mesas de 
distribuição de material impresso e bandeiras ao longo 
das vias públicas, desde que móveis; nas residências, 
de forma espontânea e gratuita, é possível fixar 
adesivos, desde que não passem de 0,5m² (art. 37, §2º, 
II); é permitida a impressão e distribuição de adesivos, 
folhetos e outros impressos com dimensão máxima 
de 50cmx40cm (art. 38, §3º); nos veículos pode-se 
adesivar os vidros traseiros por completo com adesivos 
microperfurados e, nas demais áreas do automóvel, 
adesivos com dimensão máxima de 50cmx40cm (art. 38, 
§4º); todo material impresso deve ter CNPJ ou CPF de 
18
quem confeccionou, de quem contratou, a tiragem (art. 
38, §1º), a coligação e partidos integrantes na propaganda 
a prefeito e o partido na propaganda a vereador (art. 
6º, §2º); para se garantir prioridade no uso de recinto 
aberto, deve-se fazer comunicação à autoridade policial 
com, no mínimo, 24h de antecedência (art. 39, §1º); 
alto-falantes podem funcionar das 8h às 22h, com uma 
distância mínima de 200m de escolas, órgãos públicos 
e hospitais (art. 39, §3º); os comícios podem ocorre das 
8h às 22h, com exceção do comício de encerramento 
da campanha que pode ir até às 2h; é crime fazer 
propaganda eleitoral no dia da eleição (art. 39, §5º), 
permitida a manifestação individual e silenciosa (art. 
39-A); é vedada a distribuição de camisetas, chaveiros, 
bonés, canetas, brindes, cestas básicas e outros (art. 
39, §6º), assim como a realização de showmícios (art. 
39, §7º), a veiculação de outdoors e painéis eletrônicos 
(art. 39, §8º), a circulação de carros de som, exceto para 
carretas, caminhadas, passeatas ou durante reuniões e 
comícios (art. 39, §11); e é crime o uso na propaganda de 
símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes 
às empregadas por órgão de governo, empresa pública 
ou sociedade de economia mista (art. 40, caput); 
j) a captação ilícita de sufrágio (art. 41-A): esse artigo 
define o conceito e as sanções da compra de voto, que 
serão mais bem detalhados a frente, quando falarmos 
sobre a representação por captação ilícita de sufrágio;
k) a propaganda eleitoral na imprensa (art. 43): 
embora pouco usada atualmente, a lei ainda prevê a 
possibilidade de propaganda em jornal impresso com 
reprodução na internet do jornal impresso;
l) a propaganda eleitoral no rádio e tv (arts. 44-57): 
somente é permitida propaganda gratuita no rádio e 
na tv (art. 44), na qual se deve utilizar a ¬Linguagem 
Brasileira de Sinais (LIBRAS) ou o recurso de legenda; 
os meios de comunicação não podem dar tratamento 
privilegiado a partido, candidato ou coligação, e, a partir 
de 30 de junho do ano eleitoral, transmitir programa 
apresentado ou comentado por pré-candidato (art. 
45); os debates são regulados pelo art. 46; a propaganda 
eleitoral gratuita ocorre durante 35 dias, em blocos 
19
(para prefeito, de seg. a sáb.: das 7h00min às 7h10min 
e das 12:00 às 12:10min no rádio, e das 13h00min às 
13h10min e das 20h00min às 20h10min na tv), ou por 
inserções de 30 e 60 segundos, totalizando 70min de 
inserções, todos os dias, ao longo da programação, 
sendo 60% para campanha de prefeito e 40%, para de 
vereador (art. 47, §1º); o art. 53-a trata da vedação à 
invasão da propaganda, com a finalidade de impedir que 
o espaço de uma propaganda para eleição proporcional, 
por exemplo, seja utilizado por pessoas que disputam 
a eleição majoritária; por meio da Emenda n.º 69 ao 
Projeto de Lei da Câmara dos Deputados n.º 5.735 de 
2013, de autoria do Deputado Federal Arthur Oliveira 
Maia, houve uma mudança no art. 54 para “fortalecer o 
debate de ideias e diminuir o caráter pirotécnico das campanhas”, 
o que trouxe várias limitações para a propaganda no 
rádio e na televisão, principalmente nessa última.
m) a propaganda eleitoral na internet (arts. 
57-A-57-J): a propaganda eleitoral na internet em si 
(com pedido de votos9) pode começar a partir do dia 15 
9 Ver comentários acima sobre o art. 36-A.
de agosto do ano da eleição (art. 57-A); os candidatos, 
partidos e coligações que optem por fazer um site 
devem hospedá-lo em provedor estabelecido no país e 
comunicar o endereço à Justiça Eleitoral no momento 
do registro de candidatura (art. 57-B, I e II); não é 
permitida a compra de banco de contatos, as mensagens 
eletrônicas devem ser repassadas pera pessoas que se 
cadastraram gratuitamente, e essas devem ter a opção 
de se descadastrarem (art. 57-B, III, c/c art. 57-E, §1º, 
e art. 57-G); o art. 57-B, §2º proíbe a utilização de 
perfis fakes para divulgação de conteúdos eleitorais; 
é lícito o impulsionamento de conteúdo, desde que 
feito pelos próprios candidatos, partidos ou coligações, 
tenha o objetivo de promover ou beneficiar candidatos 
e suas agremiações, e sejam usados exclusivamente 
as ferramentas do próprio provedor de aplicação da 
internet (Facebook e Google, basicamente) (arts. 57-B, 
IV e §3º, c/c 57-C, §3º); o descumprimento das regras 
do art. 57-B podem resultar em multa de R$5.000,00 a 
R$30.000,00 ou o dobro da quantia despendida, se maior 
(art. 57-B, §5º); fora o impulsionamento, não é permitida 
a propaganda paga na internet, também é vedado em 
20
páginas de pessoas jurídicas e do poder público (art. 57-
C, §1º), sob pena da mesma multa do artigo anterior (art. 
57-C, §2º); é proibido o anonimato (art. 57-D, caput) e 
fazer propaganda eleitoral atribuindo indevidamente 
a autoria a terceiro (art. 57-H, caput), penalizado pela 
mesma multa anteriormente citada (art. 57-D, §2º, e 
art. 57-H, caput), e a Justiça Eleitoral pode determinar 
a retirada de publicações que contenham agressões 
ou ataques a candidatos na internet, inclusive redes 
sociais (art. 57-D, §3º); é crime contratar pessoas para 
emitir mensagens ofensivas a candidatos, partidos ou 
coligações (art. 57-H); os provedores de conteúdo devem 
colabora com as determinações da Justiça Eleitoral, sob 
pena de sanções (arts. 57-F e 57-I);
n) o direito de resposta (arts. 58-58-A): esse assunto 
será tratado na parte dedicada à medida judicial do 
direito de resposta, a frente;
o) o direito à fiscalização das eleições (arts. 65-72): os 
partidos e coligações podem fiscalizar todo o processo 
de votação (art. 66):para isso o presidente do partido ou 
representante da coligação deverá registrar na Justiça 
Eleitoral as pessoas autorizadas a credenciar os fiscais 
(art. 65, §3º), as quais emitirão credenciais para esses 
fiscais (art. 65, §2º), os quais poderão fiscalizar mais 
de uma seção eleitoral (art. 65, §1º), vedada a indicação 
de menores (art. 65, caput), e somente é permitido 
nomear até 2 fiscais por seção eleitoral (art. 65, §4º); é 
obrigatória a entrega do boletim de urna por parte dos 
Presidentes da Junta Eleitoral para os fiscais (art. 68); 
e os fiscais podem apresentar protestos, impugnações 
e recursos a irregularidades nas votações e na apuração 
(arts. 70 e 71), constituindo crime do Presidente da 
Junta Eleitoral criar obstáculos a essa fiscalização (art. 
70);
p) as condutas vedadas aos agentes públicos (arts. 
73-78): os agentes públicos, servidores ou não (art. 
73, §1º), não podem praticar as condutas de: ceder ou 
usar bens e servidores públicos em favor de campanhas 
(art. 73, I-III); contratar, demitir e rever remuneração 
de servidores fora das exceções do art. 73, V e VIII, nos 
três meses que antecedem a votação até a posse dos 
21
eleitos; nos três meses que antecedem o pleito, fazer 
transferência voluntárias de recursos entre os entes 
federativos e autorizar publicidade institucional fora 
das permissões do art. 73, VI; no primeiro semestre 
do ano eleitoral, realizar gastos com publicidade 
institucional que excedam a média de gasto do 
primeiro semestre dos últimos três anos (art. 73, VII); 
no ano eleitoral, realizar doações gratuitas de bens 
ou de benefícios fora das hipóteses do art. 73, §10; nos 
três meses que antecedem a votação, o (pré)candidato 
participar de inaugurações de obras públicas (art. 77) 
e os agentes públicos contratarem shows artísticos 
para essas inaugurações (art. 75); e, por fim, deturpar a 
publicidade institucional para além do autorizado pelo 
art. 37, §1º, da CF (art. 74);
q) outras disposições: é vedada a inscrição e a 
transferências eleitorais nos cento e cinquenta 
dias que antecedem a eleição (art. 91); o art. 92 
prevê as situações de correição de ofício nas Zonas 
Eleitorais em virtude do número de eleitores; o art. 
94 estabelece a prioridade dos feitos eleitorais; o art. 
96 trata da competência e do procedimento para 
julgamento das reclamações e representações; os arts. 
97 e 97-A preveem a hipótese de reclamações contra o 
Juiz Eleitoral que descumprir as regras eleitorais e os 
prazos para julgamento; e os arts. 100 e 100-A tratam 
da contratação de pessoal para a prestação de serviços 
para a campanha.
22
O segundo passo para se tornar advogado eleitoralista 
é conhecer as principais medidas judiciais desse ramo 
do direito. 
Há todo um regramento próprio do direito penal 
eleitoral, destinado a tutelar a liberdade do voto e os 
valores da democracia, previsto especialmente no 
Código Eleitoral e em dispositivos esparsos da Lei das 
Eleições. Porém, em termos de processo penal eleitoral, 
não há grandes distinções do processo penal ordinário.
 
As maiores especificidades do processo judicial 
eleitoral encontram-se na esfera não penal. A legislação 
prevê medidas judiciais específicas para cada tipo de 
afronta a direito, que têm seus momentos próprios 
para ajuizamento, assim como legitimados e ritos 
diferenciados. O manejo de uma medida inapropriada 
ou em momento inoportuno, por partes ilegítimas, em 
afronta à legislação eleitoral, resulta em extinções de 
ações (o que, infelizmente, costuma ser bem comum 
na jurisdição eleitoral, por falta de conhecimento 
específico de quem resolve se arriscar na área) e perda 
da oportunidade de obter a tutela jurisdicional.
 Trataremos a seguir das principais ações eleitorais 
e apresentaremos modelos das petições iniciais. Porém, 
antes disso, é preciso registrar alguns alertas para quem 
vai iniciar na área.
PAGAMENTO DE CUSTAS
A Justiça Eleitoral não cobra o pagamento de custas 
iniciais e finais para ajuizamento de uma ação ou para 
oposição de recursos. Por isso também, é dispensável 
fixar o valor da causa na petição inicial, até porque 
não há proveito econômico das partes nas ações dessa 
INTRODUÇÃO AO PROCESSO JUDICIAL ELEITORAL
23
natureza.
PRAZOS CONTADOS EM DIAS CORRIDOS
O TSE decidiu, por meio da Resolução nº 23.478/2016, 
decidiu que, em “razão da especialidade da matéria 
[eleitoral], as ações, os procedimentos e os recursos 
eleitorais permanecem regidos pelas normas específicas 
previstas na legislação eleitoral e nas instruções do 
Tribunal Superior Eleitoral” de modo que a “aplicação 
das regras do Novo Código de Processo Civil tem 
caráter supletivo e subsidiário em relação aos feitos 
que tramitam na Justiça Eleitoral”. Por isso, os prazos 
eleitorais continuam sendo contados em dias corridos. 
 E, entre a data do encerramento do prazo para 
registro de candidatos e a data final para diplomação 
dos eleitos, os prazos podem iniciar e se encerrar em aos 
sábados, domingos e feriados (art. 16 da LCF n.º 64/90). 
A Justiça Eleitoral funciona em regime de plantão nesse 
período.
RECESSO NATALINO
O recesso do art. 220 do CPC de 2015 também 
não é autoaplicável aos processos eleitorais, somente 
ocorrerá se assim dispuser as resoluções locais dos 
Tribunais suspendendo os prazos nesse período. O 
recesso natalino da Justiça Eleitoral é o disciplinado 
pelo art. 62, I, da LF n.º 5.010/66, de 20 de dezembro a 6 
de janeiro. Esse é um aspecto importante, pois algumas 
medidas judiciais devem ser opostas após a diplomação 
dos eleitos, cujo prazo para propositura acaba incidindo 
nesse período de final de ano.
REGIME RÍGIDO DE PRECLUSÕES E 
DECADÊNCIA
Os processos judiciais eleitorais têm como marca 
muito forte a celeridade. O período de campanha é 
curto e as questões relacionadas às eleições não podem 
ficar pendentes de resolução, pois o Judiciário precisa 
conferir os diplomas aos mandatários eleitos dos poderes 
Legislativo e Executivo dentro dos marcos temporais 
24
estabelecidos pela Constituição e pela legislação. Além 
disso, a democracia demanda que exista uma certa 
estabilidade político e que os
Por isso, as ações judiciais eleitorais são marcadas 
por um regime de preclusões e de decadência muito 
rígidos. 
Assim, por exemplo, nas ações eleitorais, o autor 
precisa indicar todas as provas que pretende produzir 
na lide, inclusive arrolar testemunhas, na inicial; e o 
réu, na contestação. Se assim não o fizerem, perdem a 
oportunidade de produzir provas. Se o autor não indica 
na inicial todos os réus a serem citados, inclusive os 
litisconsortes passivos necessários, a ação tende a ser 
julgada extinta, pois certamente não haverá momentos 
para emendar a exordial10.
O mesmo ocorre com a questão da decadência. Há 
prazos certos para propor as demandas eleitorais. Uma 
10 Nesse sentido: TSE, RESPE nº 389055 - IBATEGUARA – AL, Acórdão 
de 17/05/2012, Relator(a) Min. Arnaldo Versiani.
ação de investigação judicial eleitoral por captação 
ilícita de sufrágio somente pode ser ajuizada até a data 
da diplomação, um direito de resposta por propaganda 
em horário eleitoral gratuito somente pode ser proposto 
24h depois da veiculação da propaganda.
Esse cenário exige do advogado eleitoralista manter-
se em constante atenção e agir rapidamente, pois os 
processos eleitorais não permitem inação.
INTIMAÇÕES
Como os processos eleitorais precisam ser céleres, o 
modo de formalizar as intimações das partes também 
é diferente na área eleitoral. De acordo com o art. 21 
da Resolução do TSE n.º 23.417/2014, porém, durante 
o período eleitoral (do registro de candidatura à 
diplomação) as intimações, em regra, são feitas pelos 
murais eletrônicos (ou no Cartório quando não 
disponível a tecnologia) nas Zonas Eleitorais e durante 
as sessões dos Tribunais.
25
 Publicação em mural ocorre quando as intimações 
são fixadas no mural da Zona Eleitoral ou no site dos 
Tribunais em área específica chamada Mural Eletrônico 
(art. 94, §5º,da LF n.º 9.504/97). Veja o exemplo do 
Mural Eletrônico do TSE da eleição de 2018 (aqui).
 Publicação em sessão ocorre quando o presidente 
do tribunal eleitoral, ao concluir o(s) julgamento(s) 
do(s) processo(s), declara que a(s) decisão(ões) 
está(ão) publicada(s) em sessão, ou seja, não vai ser 
disponibilizado em nenhum outro local, ao advogado 
caberá acompanhar o julgamento no tribunal e/ou 
buscar a decisão e o respectivo acórdão. No TSE, em 
muitos casos, os acórdãos são constituídos por meio de 
áudios gravados dos julgamentos, sequer são transcritos 
em texto escrito.
 Também para isso, exige proatividade e 
constante acompanhamento dos feitos e das sessões de 
julgamento. É bastante comum ver advogados que não 
são habituados a atuarem no eleitoral, reclamarem que 
não foram intimados de tal ou qual decisão, quando, 
na verdade, não foi observada a forma adequada de 
acompanhamento da intimação. E isso pode gerar 
grandes problemas para as partes.
LEGITIMIDADE ATIVA
Nem todo mundo pode propor uma medida judicial 
eleitoral. A legitimidade ativa para os feitos judiciais 
eleitorais é restrita, em princípio, aos partidos, 
coligações, candidatos e ao Ministério Público. Por 
regra, o cidadão somente pode provocar diretamente 
o Judiciário e provocar a instauração de uma ação por 
meio da apresentação de uma notícia de inelegibilidade, 
nos termos do art. 3º da LCF n.º 64/90.
 Mas, mesmo para os partidos, coligações e 
candidatos, há certas limitações. Por exemplo, uma 
ação de arrecadação e gasto ilícito de recursos (art. 
30-A da LF n.º 9.504/97) somente pode ser proposta 
por partidos e coligações, não pode ser ajuizada por 
candidato.
26
ILÍCITOS POLÍTICO-ELEITORAIS E MEDIDAS JUDICIAIS 
CABÍVEIS
 Outro exemplo, durante o período eleitoral (do registro à diplomação) se o partido estiver coligado, ele não 
pode propor uma ação isoladamente11 (art. 6º da LF n.º 9.504/97).
11 Nesse sentido: TSE, RESPE nº 19962 - CAMPO GRANDE – MS, Acórdão nº 19962 de 27/08/2002, Relator(a) Min. Fernando Neves, Publicação: PSESS - 
Publicado em Sessão, Data 27/08/2002.
27
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO 
DE CANDIDATURA
 Como visto, os processos judiciais eleitorais têm 
muitas especificidades. Dentro desse cenário, para cada 
tipo de ilícito eleitoral, há um tipo de medida judicial 
cabível. Neste quadro resumimos os ilícitos eleitorais 
não-penais, os bens jurídicos tutelados e as respectivas 
ações judiciais cabíveis, além das respectivas sanções 
possíveis, para ajudar a sistematizar o conhecimento 
do advogado eleitoralista sobre o segundo passo para 
atuar na área.
 A Ação de Impugnação de Registro de Candidatura 
(AIRC) tem a pretensão de o Judiciário indeferir o 
pedido de registro de candidatura de determinado 
candidato sob o fundamento de que esse não preenche 
certa condição de elegibilidade (art. 14, §§3º e 8º, da 
CF e art. 11 da LF n.º 9.504/97) ou incorre numa das 
condições de inelegibilidade (art. 14, §§ 5º-7º, da CF e 
art. 1º da LCF n.º 64/90).
 A AIRC deve ser proposta no prazo de 5 (cinco) 
dias, contados da publicação do pedido de registro 
do candidato. São legitimados ativos as coligações, os 
partidos não coligados, os candidatos e o MP, assim 
como os cidadãos, nesse caso, para apresentar notícia 
de inelegibilidade.
 Como disciplinado nos artigos da LCF n.º 64/90, 
o processo da AIRC tramita independentemente de 
intimações das partes e dos advogados.
 Sem dúvidas, esse é o processo mais célere da 
Justiça brasileira. Os registros de candidaturas devem 
ser protocolados até 15 de agosto do ano eleitoral e 
julgados, inclusive as AIRC, em todas as instâncias, 
até 20 dias antes do dia eleição, ou seja, até meados 
de setembro (art. 16, §1º, da LF n.º 9.504/97). Muitas 
vezes, a Justiça Eleitoral não cumpre esse prazo, 
principalmente em eleições municipais, quando há três 
instâncias para os feitos tramitarem. Mas, sem dúvida, 
há um esforço do Judiciário para observá-lo, de modo 
28
que os processos de registros de candidatura tramitam 
de forma bastante célere.
 Excelentíssimo Senhor Juiz Eleitoral da xx Zona 
Eleitoral do Estado do xxx. 
(COLIGAÇÃO XXX, PARTIDO NÃO 
COLIGADO OU CANDIDATO), (em caso de 
Coligação indicar os partidos integrantes), 
por meio de seu Representante (em caso de 
Coligação ou partido), XXXX, (qualificação), 
vem, por meio de seu Advogado, perante Vossa 
Excelência, com fundamento no art. 3º, caput12, da 
12 “Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou 
ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do 
pedido de registro do candidato, impugná-lo em petição fundamentada.
(...).”
Lei Complementar Federal n.º 64, de 18 de maio 
de 199013, propor AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO 
DE REGISTRO DE CANDIDATURA em 
desfavor de (CANDIDATO), já qualificado nos 
autos do REGISTRO DE CANDIDATURA n.º 
xxxx, diante da publicação do Edital em xxx de 
xxx de xxx, em virtude dos fatos e fundamentos 
jurídicos adiante arrazoados.
I – FATOS.
O Impugnado apresentou o requerimento de 
registro coletivo de candidatura em epígrafe, 
por meio da Coligação xxx, integradas pelos 
partidos xxxx.
Ocorre que, o Réu incorre na causa de 
inelegibilidade prevista pelo art. 1º, I, g, da Lei 
Complementar Federal nº 64/90.
(descrição dos fatos).
II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA.
13 Estabelece, de acordo com o art. 14, § 9º da Constituição Federal, ca-
sos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras providências.
MODELO DE
PETIÇÃO
29
A declaração de inelegibilidade por rejeição de 
contas administrativas é prevista pelo art. 1º, 
I, g, da Lei Complementar Federal nº 64/1990, 
alterado pela Lei Complementar Federal n.º 
135/2010, que possui a seguinte redação:
“Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
(...)
g) os que tiverem suas contas relativas 
ao exercício de cargos ou funções 
públicas rejeitadas por irregularidade 
insanável que configure ato doloso 
de improbidade administrativa, e 
por decisão irrecorrível do órgão 
competente, salvo se esta houver 
sido suspensa ou anulada pelo Poder 
Judiciário, para as eleições que se 
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, 
contados a partir da data da decisão, 
aplicando-se o disposto no inciso II 
do art. 71 da Constituição Federal, 
a todos os ordenadores de despesa, 
sem exclusão de mandatários que 
houverem agido nessa condição;
(...)” (grifos acrescidos)
As condenações do Tribunal de Contas em face 
do Impugnado preenchem todos os requisitos 
do citado dispositivo legal: (i) rejeição das 
contas por irregularidade insanável; (ii) 
irrecorribilidade das decisões; e (iii) prática de 
atos que configuram ato doloso de improbidade 
administrativa.
(relacionar os fatos com esses requisitos da 
inelegibilidade).
III – PEDIDOS.
Em face do exposto, o Impugnante postula a 
Vossa Excelência:
a) a citação do Impugnado para, querendo, 
contestar a presente AIRC;
b) a produção de todas as provas em Direito 
30
admitido, inclusive com a realização de audiência 
de instrução para ouvir as testemunhas arroladas 
adiante (se cabível, assim como de outras provas, 
sob pena de preclusão); 
c) no mérito, a procedência da pretensão desta 
Ação, com a declaração da inelegibilidade e 
indeferimento do registro de candidatura do 
Impugnado.
Termos em que
Pede Deferimento.
Cidade – XX, XX de xxx de 201x.
XXXXXX
OAB/XX XXX
ROL DE TESTEMUNHAS (se cabível).
a) ;
31
irregular, como consequência, limita-se a liberdade de 
expressão e de comunicação de alguém. Por isso, tal 
intervenção somente será legítima se estiver embasada 
nos limites estabelecidos legalmente e na proporção 
necessária para tutelar outros valores também 
protegidos constitucionalmente.
 O nível de controle da liberdade de expressão no 
debate político por parte do Judiciário oscila muito 
na jurisprudência das cortes eleitorais, a depender 
da composição dos colegiados e das posições dos 
magistrados. A ponderação dos valores envolvidos 
nessa análise é de grande complexidade e exigemuita 
sensibilidade para se achar um ajuste adequado entre 
não se tolher em demasia a discussão política, nem deixar 
desprotegidos valores relevantes como a autenticidade 
do embate de ideias. Veja estes dois precedentes do 
TSE, das eleições de 2014 e 2018, como exemplo paras 
evidenciar tal oscilação:
REPRESENTAÇÕES DE PROPAGANDA
 Como vimos quando falamos sobre a LF n.º 
9.504/97, a seção da propaganda eleitoral ocupa boa 
parte desse diploma legal, indo, na parte específica, do 
art. 36 ao art. 57-J da legislação. Além disso, o Código 
Eleitoral também disciplina a matéria, do art. 240 ao 
art. 256, prevendo normas dotadas de plena eficácia 
para o processo eleitoral. 
 Tais dispositivos preveem uma série de vedações 
aos candidatos, partidos, coligações, aos próprios 
cidadãos, e aos veículos assim como empresas de 
comunicação, visando defender valores como a honra, 
a igualdade e a verdade, e combater o anonimato, as 
ofensas pessoais, as mentiras e o uso indevido dos meios 
de comunicação.
 A intervenção do Judiciário nessa seara é um 
tema muito delicado, pois, em regra, quando se decide 
agir para impedir alguma ação de propaganda tida por 
32
“PROPAGANDA ELEITORAL. PEDIDO 
DE LIMINAR. OFENSA PESSOAL. 
ARTIGO 53, § 1º, DA LEI DAS ELEIÇÕES. 
APLICAÇÃO. NOVA JURISPRUDÊNCIA 
DESTA CORTE.
1. Na sessão de 16.10.2014, o TSE, por maioria, 
decidiu que, em homenagem ao debate 
eleitoral fértil e autêntico, a propaganda 
eleitoral deve ater-se às propostas de 
planos de governo, divulgação e discussão 
de ideias, lastreadas no interesse público e 
balizadas pela ética, decoro e urbanidade.
2. O horário eleitoral não é ambiente 
próprio para ataques e ofensas, com críticas 
destrutivas ao adversário, com nítido 
desvirtuamento do espaço reservado à 
propaganda eleitoral.
3. Eventuais críticas e debates, ainda que 
duros e ásperos, devem estar relacionados 
com as propostas, os programas de governo 
e as questões de políticas públicas.
4.Deferimento da liminar14.” 
“ELEIÇÕES 2018. RECURSO 
INOMINADO. REPRESENTAÇÃO. 
DIREITO DE RESPOSTA. INSERÇÕES. 
VEICULAÇÃO. EMISSORA DE 
TELEVISÃO. DESPROVIMENTO. 
1. Na linha de entendimento desta Corte, 
o exercício do direito de resposta é viável 
apenas quando for possível extrair, das 
afirmações apontadas, fato sabidamente 
inverídico apto a ofender, em caráter 
pessoal, o candidato, partido ou coligação. 
Precedente. 
14 Rp - Representação nº 172445 - BRASÍLIA – DF, Acórdão de 
21/10/2014, Relator(a) Min. Admar Gonzaga, Publicação: PSESS - Publicado 
em Sessão, Data 21/10/2014.
33
2. É entendimento deste Tribunal Superior 
Eleitoral que “se a propaganda tem foco 
em matéria jornalística, apenas noticiando 
conhecido episódio, não incide o disposto 
no art. 58 da Lei n° 9.504/97, ausente, no 
caso, qualquer dos requisitos que justifique 
o deferimento de direito de resposta” (Rp 
nº 2541–51/DF, rel. Min. Joelson Dias, 
PSESS de 1º.9.2010). 
3. Conforme decidiu o Supremo Tribunal 
Federal (STF), a “liberdade de expressão 
constitui um dos fundamentos essenciais de 
uma sociedade democrática e compreende 
não somente as informações consideradas 
como inofensivas, indiferentes ou 
favoráveis, mas também as que possam 
causar transtornos, resistência, inquietar 
pessoas, pois a Democracia somente existe 
baseada na consagração do pluralismo de 
ideias e pensamentos políticos, filosóficos, 
religiosos e da tolerância de opiniões e do 
espírito aberto ao diálogo” (ADI no 4439/
DF, rel. Min. Luís Roberto Barroso, rel. p/ 
ac. Min. Alexandre de Moraes, Tribunal 
Pleno, DJe de 21.6.2018). 
4. A propaganda questionada localiza–se 
na seara da liberdade de expressão, pois 
enseja crítica política afeta ao período 
eleitoral. Cuida–se de acontecimentos 
amplamente divulgados pela mídia, os 
quais são inaptos, neste momento, a 
desequilibrar a disputa eleitoral. Em 
exame acurado, trata–se de declarações, 
cuja contestação deve emergir do debate 
político, não sendo capaz de atrair o 
disposto no art. 58 da Lei nº 9.504/1997. 
Precedente. 
5. Recurso desprovido15.” 
15 Rp - Recurso em Representação nº 060131056 - BRASÍLIA – DF, 
Acórdão de 03/10/2018, Relator(a) Min. Sergio Silveira Banhos, Publica-
34
 De todo modo, o veículo para levar essa discussão 
para o Judiciário, assim como sustar propaganda 
irregulares, obter direito de resposta e a eventual 
aplicação de multas pelos responsáveis é a representação 
(art. 96 da LF n.º 9.504/97). 
ção:PSESS - Publicado em Sessão, Data 03/10/2018.
35
PROPAGANDA IRREGULAR
 A violação das regras dos arts. 36 ao 57-J da LF n.º 
9.504/97 e das regras de propaganda do Código Eleitoral 
pode justificar a proposição de uma Representação 
Eleitoral. 
 As representações por propaganda irregular 
devem ser ajuizadas até o dia da eleição16, com exceção 
das que tratem de propaganda eleitoral gratuita, que 
têm prazo decadencial próprio.
 São legitimados passivos os responsáveis pela 
veiculação da propaganda irregular e, desde que 
presentes os requisitos do art. 40-B17 da LF n.º 9.504/97, 
16 Nesse sentido: TSE, AI - Agravo Regimental em Agravo de Instrumen-
to nº 10568 - MACAPÁ – AP, Acórdão de 20/05/2010, Relator(a) Min. Arnal-
do Versiani, Publicação:RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 
21, Tomo 2, Data 20/05/2010, Página 291, DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Data 23/06/2010, Página 26.
17 “Art. 40-B. A representação relativa à propaganda irregular deve ser 
instruída com prova da autoria ou do prévio conhecimento do beneficiário, 
caso este não seja por ela responsável.
Parágrafo único. A responsabilidade do candidato estará demonstrada se este, 
intimado da existência da propaganda irregular, não providenciar, no prazo 
os beneficiários.
 Várias são as hipóteses de representação por 
propaganda irregular, mas a estrutura da peça deve 
conter basicamente estes elementos de (direcionamento, 
qualificação, narração fática, fundamentação jurídica e 
pedidos).
Excelentíssimo Senhor Juiz Eleitoral da xx 
Zona Eleitoral do Estado do xxx. 
(COLIGAÇÃO XXX, PARTIDO NÃO 
de quarenta e oito horas, sua retirada ou regularização e, ainda, se as circuns-
tâncias e as peculiaridades do caso específico revelarem a impossibilidade de 
o beneficiário não ter tido conhecimento da propaganda.” 
MODELO DE
PETIÇÃO
36
COLIGADO OU CANDIDATO), (em caso de 
Coligação indicar os partidos integrantes), 
por meio de seu Representante (em caso de 
Coligação ou partido), XXXX, (qualificação), 
vem, por meio de seu Advogado, perante 
Vossa Excelência, com fundamento no art. 96, 
I18, da Lei Federal n.º 9.504, de 30 de setembro 
de 199719 , propor REPRESENTAÇÃO 
ELEITORAL COM PEDIDO LIMINAR 
em desfavor de (RESPONSÁVEL 
PELA PROPAGANDA IRREGULAR E 
BENEFÍCIÁRIO), (qualificação), em virtude 
dos fatos e fundamentos jurídicos adiante 
arrazoados.
A Representante é coligação integrada pelos 
18 “Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as recla-
mações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas 
por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se:
I - aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais;
(...).”
19 “Estabelece normas para as eleições.”
partidos xxx, que lançou como candidatos 
aos cargos de prefeito e vice-prefeito de xxx 
nesta eleição municipal, xxx e xxxx.
Já os Representados são xxxx.
Ocorre que, em xxx, os Representados 
distribuíram por meio de mensagens 
eletrônicas no aplicativo WhatsApp vídeos 
apócrifos com os seguintes conteúdos:
(transcrição do conteúdo)
Como se vê, nesses vídeos, busca-se relacionar 
o candidato da Representante, injusta 
e indevidamente, a casos de corrupção, 
difamando-o e caluniando-o, com propósitos 
nitidamente eleitoreiros.
(detalhamento de circunstâncias relevantes 
dos fatos)
Está evidente, portanto, que o caso é de 
incidência do art. 57-D, §§2º e 3º, da Lei 
Federal n.º 9.504/97, o qual dispõe:
“Art. 57-D. É livre a manifestação do 
37
pensamento, vedado o anonimato 
durantea campanha eleitoral, 
por meio da rede mundial de 
computadores - internet, assegurado 
o direito de resposta, nos termos das 
alíneas a, b e c do inciso IV do § 3o 
do art. 58 e do 58-A, e por outros 
meios de comunicação interpessoal 
mediante mensagem eletrônica. 
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
(...)
§ 2o A violação do disposto neste 
artigo sujeitará o responsável 
pela divulgação da propaganda e, 
quando comprovado seu prévio 
conhecimento, o beneficiário à 
multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco 
mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil 
reais). 
§ 3º Sem prejuízo das sanções civis e 
criminais aplicáveis ao responsável, a 
Justiça Eleitoral poderá determinar, 
por solicitação do ofendido, a retirada 
de publicações que contenham 
agressões ou ataques a candidatos 
em sítios da internet, inclusive redes 
sociais.” (Grifos acrescidos).
Também aplicável ao caso as seguintes 
disposições da Lei Federal n.º 9.504/97:
“Art. 57-H. Sem prejuízo das demais 
sanções legais cabíveis, será punido, 
com multa de R$ 5.000,00 (cinco 
mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil 
reais), quem realizar propaganda 
eleitoral na internet, atribuindo 
indevidamente sua autoria a terceiro, 
inclusive a candidato, partido ou 
coligação. 
§ 1o Constitui crime a contratação 
direta ou indireta de grupo de 
38
pessoas com a finalidade específica 
de emitir mensagens ou comentários 
na internet para ofender a honra ou 
denegrir a imagem de candidato, 
partido ou coligação, punível com 
detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze 
mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta 
mil reais). 
(....).”
“Art. 57-J. O Tribunal Superior 
Eleitoral regulamentará o disposto 
nos arts. 57-A a 57-I desta Lei de 
acordo com o cenário e as ferramentas 
tecnológicas existentes em cada 
momento eleitoral e promoverá, 
para os veículos, partidos e demais 
entidades interessadas, a formulação 
e a ampla divulgação de regras de 
boas práticas relativas a campanhas 
eleitorais na internet.”
Os citados vídeos violam frontalmente 
a honra e a dignidade do candidato 
Representante, além e serem conteúdos 
audiovisuais apócrifos.
O art. 57-D da Lei Federal n.º 9.504/97 veda 
expressamente o compartilhamento de 
conteúdo apócrifo e atentatório à honra, 
inclusive por meio de mensagens eletrônicas 
e redes sociais, em cujo conceito se enquadra 
o WhatsApp, na medida em que permite 
ao usuário a participação em grupos com 
diversas pessoas.
(completar argumentação de subsunção dos 
fatos às normas)
Ademais, nos termos do art. 21, §1º20, da 
Resolução do TSE n.º 23.457/2015 (atualizar 
de acordo com a resolução de 2020, quando 
20 “Art. 21. É permitida a propaganda eleitoral na Internet a partir do dia 
16 de agosto de 2016 (Lei nº 9.504/1997, art. 57-A). § 1º A livre manifesta-
ção do pensamento do eleitor identificado na Internet somente é passível de 
limitação quando ocorrer ofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos 
sabidamente inverídicos.
(...).” (Grifos acrescidos).
39
publicada), também faz jus a Representante 
ao deferimento de tutela específica no sentido 
de obrigar os Representados a apagarem 
dos grupos de WhatsApp e para pessoas 
que transmitiram as referidas mensagens, 
e também para cessarem o envio desse 
conteúdo ou de outros semelhantes.
A evidência do direito em questão e a urgência 
da tutela também justificam a incidênciado 
disposto pelos arts. 8º, §4º21 e24, b22, da 
21 “Art. 8º Recebida a petição inicial, o Cartório Eleitoral providenciará 
a imediata citação do(s) representado(s), com a contrafé da petição inicial e, 
quando houver, a degravação da mídia de áudio e/ou vídeo, para, querendo, 
apresentar(em) defesa no prazo de quarenta e oito horas (Lei nº 9.504/1997, 
art. 96, § 5º), exceto quando se tratar de pedido de direito de resposta, cujo 
prazo será de vinte e quatro horas (Lei nº 9.504/1997, art. 58, § 2º).
(...)
§ 4º Se houver pedido de medida liminar, os autos serão conclusos ao Juiz 
Eleitoral, que os analisará imediatamente,
procedendo-se em seguida à imediata citação do representado, com o envio 
da contrafé da petição inicial e da decisão
proferida na forma prevista neste artigo.
(...)
22 “Art. 24. Ao despachar a inicial, o Juiz Eleitoral adotará as seguintes 
Resolução do TSE n.º 23.462/201523 (atualizar 
de acordo com a resolução de 2020, quando 
publicada), assim como os arts. 300, caput24, 
30125, 49726 do Novo Código de Processo Civil, 
providências:
(...)
b) determinará que se suspenda o ato que deu origem à representação, quan-
do relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar na ineficácia 
da medida, caso seja julgada procedente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 
22, inciso I, alínea b);
(...)”. (Grifos acrescidos).
23 “Dispõe sobre representações, reclamações e pedidos de resposta pre-
vistos na Lei nº 9.504/1997 para as eleições de 2016.”
24 “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elemen-
tos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco 
ao resultado útil do processo.
(...).”
25 “Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada 
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra 
alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direi-
to.”
26 “Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não 
fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determi-
nará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente.
(...).”
40
no sentido de ser garantido à Representante 
a concessão da tutela antecipatória, a 
fim de fazer cessar de imediato os ilícitos 
perpetrados pelos Representados.
(justificar a urgência)
Ante o exposto, é a presente para requerer a 
Vossa Excelência:
a) liminarmente, inaudita altera pars, o 
deferimento de tutela antecipatória para 
determinar que os Representados apaguem 
as mensagens enviadas para grupos de 
WhatsApp e para pessoas que remeteram 
individualmente com os vídeos indicados 
nesta Inicial, assim como cessem o seu 
envio, sob pena de pagamento de multa de 
R$5.000,00 (cinco mil reavis) por mensagem, 
ou de outras medidas cominatórias aptas a 
garantir a tutela específica postulada no caso 
em tela;
b) a notificação dos Representados para, 
querendo, apresentar Contestação;
a produção de todas as provas em Direito 
admitidas, inclusive pela oitiva do rol de 
testemunhas em anexo;
c) no mérito, o julgamento procedente da 
pretensão da Representante no sentido de 
confirmar a obrigação dos Representados de 
cumprirem as obrigações de fazer e não-fazer 
postuladas no pedido liminar, assim como 
condená-los à multa do art. 57-D, §2º, da Lei 
Federal n.º 9.504/97.
Termos em que
Pede Deferimento.
Cidade – XX, XX de xxx de 201x.
XXXXXX
OAB/XX XXX
ROL DE TESTEMUNHAS (se cabível).
a) ;
41
 O direito de resposta é um tipo de representação 
específica cujo objetivo é veicular uma mensagem 
para responder uma ofensa por exposição de um fato 
sabidamente inverídico que prejudique candidato 
ou partido político. Trata-se de um procedimento 
extremamente célere, que deve ser proposto nos prazos 
decadenciais do art. 58, §1º, da LF n.º 9.504/97.
 A legitimidade passiva é ampla, qualquer ofensor 
que veicular mensagem atentatória pode ser obrigado 
a transmitir a resposta. Recentemente, o TSE decidiu 
que, inclusive, é cabível direito de resposta por ofensa 
transmitida por carro de som27.
 A seguir o modelo da petição inicial para o caso de 
ofensa em propaganda eleitoral gratuita na televisão.
27 RESPE nº 22274 - CACULÉ – BA, Acórdão de 24/09/2019, Relator(a) 
Min. Sergio Silveira Banhos, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Data 12/11/2019.
Excelentíssimo Senhor Juiz Eleitoral da xx Zona 
Eleitoral do Estado do xxx. 
(COLIGAÇÃO XXX, PARTIDO NÃO COLIGADO 
OU CANDIDATO), (em caso de Coligação 
indicar os partidos integrantes), por meio de 
seu Representante (emcaso de Coligação ou 
partido), XXXX, (qualificação), vem, por meio 
de seu Advogado, perante Vossa Excelência, com 
fundamento no art. 58, caput28, da Lei Federal n.º 
28 “Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegura-
do o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que 
de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamató-
ria, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de 
comunicação social. 
(...).”
DIREITO DE RESPOSTA
MODELO DE
PETIÇÃO
42
9.504, de 30 de setembro de 199729, apresentar 
pedido de DIREITO DE RESPOSTA em desfavor 
de (OFENSOR), (qualificação), em virtude dos 
fatos e fundamentos jurídicos adiante arrazoados.
A Representante é coligação integrada pelos 
partidos xxx, que lançou como candidatos aos 
cargos de prefeito e vice-prefeito de xxx nesta 
eleição municipal, xxx e xxxx.
Já o Representado é xxxx.
Ocorre que, em xxx, o Representado veiculou 
propaganda no horário eleitoral gratuito em bloco 
às xxhxxmin na emissora xx, no com o seguinte 
conteúdo:
(xxx)
Tal propaganda expressou mensagem caluniosa e 
sabidamente inverídica.
(detalhamento do porquê a mensagem se enquadra 
nesse conceito)
Está evidente, portanto, que o caso é de incidência 
do art. 58, caput, da Lei Federal n.º 9.504/97, o qual 
dispõe:
“Art. 58. A partir da escolha de candidatos 
em convenção, é assegurado o direito de 
29 “Estabelece normas para as eleições.”
resposta a candidato, partido ou coligação 
atingidos, ainda que de forma indireta, 
por conceito, imagem ou afirmação 
caluniosa, difamatória, injuriosa ou 
sabidamente inverídica, difundidos por 
qualquer veículo de comunicação social.
(...)” (Grifos acrescidos).
O TSE, sobre o assunto, possui entendimento firme 
no seguinte sentido:
“ELEIÇÕES 2014. ELEIÇÃO 
PRESIDENCIAL. PROPAGANDA 
ELEITORAL. DIREITO DE RESPOSTA. 
INSERÇÃO. OFENSA DIRETA A 
CANDIDATA. PROCEDÊNCIA.
1. É assente nesta Corte que as críticas, 
mesmo que veementes, fazem parte do 
jogo eleitoral, não ensejando, por si sós, 
o direito de resposta, desde que não 
ultrapassem os limites do questionamento 
político e nem descambem para o insulto 
pessoal, para a imputação de delitos ou 
de fatos sabidamente inverídicos.
43
2. Os representados não se limitaram 
a tecer críticas de natureza política a 
adversários, ínsitas ao debate eleitoral 
franco e aberto.
3. Ao se valerem dos termos “corrupção” 
e “roubalheira”, fizeram alusão direta 
a prática de crimes capitulados na 
legislação penal brasileira.
4. O art. 58 da Lei nº 9.504/97 dispõe 
que “a partir da escolha de candidatos 
em convenção, é assegurado o direito 
de resposta a candidato, partido ou 
coligação atingidos, ainda que de 
forma indireta, por conceito, imagem 
ou afirmação caluniosa, difamatória, 
injuriosa ou sabidamente inverídica, 
difundidos por qualquer veículo de 
comunicação social”.
5. Configurada ofensa à honra da 
candidata.
6. Representação julgada procedente 
para conceder o direito de resposta 
de 1 (um) minuto no rádio (bloco das 
12h) e 2 (dois) minutos na televisão (1 
minuto no bloco das 13h e 1 minuto no 
das 20h30), que deverão ser veiculados 
durante o horário eleitoral gratuito do 
Partido representado, nos termos do art. 
58, § 3º, III, da Lei nº 9.504/9730.” 
No caso dos autos (subsumir o caso ao dispositivo 
legal e ao precedente).
Ante o exposto, é a presente para requerer a Vossa 
Excelência:
a) a notificação do Representado para, querendo, 
apresentar Contestação;
b) no mérito, a concessão do direito de resposta 
para determinar a veiculação de resposta pelo 
período de xxx, nos termos do art. 58, §2º, III, da 
Lei Federal n.º 9.504/97.
Termos em que
Pede Deferimento.
Cidade – XX, XX de xxx de 201x.
XXXXXX
OAB/XX XXX
30 Rp - Representação nº 127927 - BRASÍLIA – DF, Acórdão de 
23/09/2014, Relator(a) Min. Tarcisio Vieira De Carvalho Neto, Publica-
ção:PSESS - Publicado em Sessão, Data 23/09/2014.
44
REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO
(COMPRA DE VOTO)
 O instituto da captação ilícita do sufrágio foi 
introduzido no sistema jurídico eleitoral por meio da 
Lei Federal n.º 9.480/9931, com objetivo de especificar 
de modo mais evidente as sanções para as pessoas que 
buscassem comprar votos e corromper a liberdade dos 
eleitores por meio da oferta de vantagens.
 Desde a edição da referida lei, a compra de um 
único voto pode resultar na cassação de registro de 
candidatura ou diploma, além de multas.
 As condutas consideradas ilícitas são “doar, 
oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de 
obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer 
natureza, inclusive emprego ou função pública, desde 
o registro da candidatura até o dia da eleição”. Assim, a 
mera promessa já pode configurar a captação ilícita de 
sufrágio, não é necessária a efetiva entrega da vantagem. 
31 “Altera dispositivos da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997, e da 
Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral.”
A conduta só é tipificada nesse ilícito se ocorrer entre 
o registro de candidatura e o dia da eleição. É preciso 
ficar evidenciado especial fim de agir de obter o voto do 
eleitor. 
 Na esfera penal, a conduta também é tipificada 
como crime pelo art. 299 do Código Eleitoral.
A representação por captação ilícita de sufrágio pode 
ser proposta contra os agentes políticos beneficiados e 
contra os autores dos fatos. A falta de citação do autor 
do fato, porém, não configura causa de extinção da 
ação32.
As sanções são de multa e cassação do registro, do 
mandato ou do diploma do candidato, e, caso ocorra 
do registro ou diploma, leva à inelegibilidade reflexa do 
32 Nesse sentido: TSE, AI - Agravo Regimental em Agravo de Instru-
mento nº 74816 - TRÊS RIOS – RJ, Acórdão de 25/09/2018, Relator(a) Min. 
Tarcisio Vieira De Carvalho Neto, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrô-
nico, Data 18/10/2018.
45
art. 1.º, I, j, da LCF n.º 64/90.
 O rito procedimental da medida judicial é o 
previsto pelo art. 22 da LCF n.º 64/90, por isso, muitos 
chamam essa representação de ação de investigação 
judicial eleitoral.
Excelentíssimo Senhor Juiz Eleitoral da xx 
Zona Eleitoral do Estado do xxx. 
(COLIGAÇÃO XXX, PARTIDO NÃO 
COLIGADO, PARTIDO COLIGADO DE 
FORMA ISOLADA SE DEPOIS DA ELEIÇÃO 
OU CANDIDATO), (em caso de Coligação 
indicar os partidos integrantes), por meio 
de seu Representante (em caso de Coligação 
ou partido), XXXX, (qualificação), vem, 
por meio de seu Advogado, perante Vossa 
Excelência, com fundamento no art. 41-A33 da 
Lei Federal n.º 9.504, de 30 de setembro de 
199734, propor a presente REPRESENTAÇÃO 
POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTO em 
desfavor de (CANDIDATOS BENEFICIADO 
E AUTORES DO FATO), já qualificado nos 
33 “Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui 
captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prome-
ter, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem 
pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o 
registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de 
mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o 
procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio 
de 1990. 
§ 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explíci-
to de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.
§ 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de 
violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. 
§ 3o A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuiza-
da até a data da diplomação. 
§ 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo 
será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário 
Oficial.” (Grifos acrescidos).
34 “Estabelece normas para as eleições.”
MODELO DE
PETIÇÃO
46
autos dos respectivos registrosde candidatura 
que tramitaram perante este Juízo (no caso 
dos candidatos; no caso dos autores do fato 
precisa qualificar), em virtude dos fatos e 
fundamentos jurídicos adiante arrazoados.
I – FATOS.
Xxx e XXx, Primeiro e Segundo Réus, 
(disputam ou disputaram) a eleição de xxx, 
de Cidadde, sob a indicação da Coligação 
“xxx”, integrada pelo Partido xxxx
Ocorre que, em xx, os Réus tiveram sua 
campanha beneficiadas pela compra do 
voto de eleitores do município por meio da 
promessa/entrega de vantagem consistente 
de xxxx.
(descrição dos fatos).
II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA. 
Há quase duas décadas, a sociedade brasileira 
pressionou o Congresso Nacional a aprovar a 
Lei Federal n.º 9.480, de 28 de setembro de 
199935, com objetivo de especificar de modo 
mais evidente as sanções para candidatos e 
agentes políticos que buscassem comprar 
votos e corromper a liberdade dos eleitores 
por meio da oferta de vantagens indevidas.
Passado tanto tempo, infelizmente, a prática 
ainda é corriqueira nos pleitos eleitorais, 
demandando dos integrantes da Justiça 
Eleitoral e de seus auxiliares, incluindo 
a Advocacia e o Ministério Público, a 
manutenção da vigilância e do combate a 
essa prática nefasta, que continua a distorcer 
o regime democrático do país.
O Tribunal Superior Eleitoral tem dado sua 
contribuição no sentido de dar efetividade à 
citada expressão legislativa. De acordo com 
35 “Altera dispositivos da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997, e da 
Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral.”
47
a jurisprudência dessa Egrégia Corte, resta 
configurada a captação ilícita de sufrágio 
(art. 41-A, caput, da Lei Federal n.º 9.504/97) 
quando o candidato anui com a tentativa de 
compra de voto realizada por correligionário 
possuidor de vínculo político e familiar 
com os beneficiários das condutas ilícitas, 
conforme se extrai do seguinte precedente:
“AGRAVO REGIMENTAL. 
RECURSO ESPECIAL 
ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. 
PREFEITO. REPRESENTAÇÃO. 
CAPTAÇÃO ILÍCITA DE 
SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI 
9.504/97. CONFIGURAÇÃO. 
CONHECIMENTO PRÉVIO. 
DEMONSTRAÇÃO. (...)
2. A caracterização da captação 
ilícita de sufrágio pressupõe a 
ocorrência simultânea dos seguintes 
requisitos: a) prática de uma das 
condutas previstas no art. 41-A da Lei 
9.504/97; b) fim específico de obter 
o voto do eleitor; c) participação ou 
anuência do candidato beneficiário 
na prática do ato.
Na espécie, o TRE/MG reconheceu 
a captação ilícita com esteio na 
inequívoca distribuição de material 
de construção em troca de votos - 
promovida por cabos eleitorais que 
trabalharam na campanha - em favor 
das candidaturas do agravante e de 
seu respectivo vice.
O forte vínculo político e familiar 
evidencia de forma plena o liame 
entre os autores da conduta e 
os candidatos beneficiários. Na 
hipótese dos autos, os responsáveis 
diretos pela compra de votos são 
primos do agravante e atuaram 
48
como cabos eleitorais - em conjunto 
com os demais representados - na 
campanha eleitoral.
(...)36” (Grifos acrescidos).
No caso dos autos (subsumir os fatos ao 
dispositivo legal e precedente).
III – PEDIDOS
Em face do exposto, os Autores postulam a 
Vossa Excelência:
a) a citação dos Réus para, querendo, 
contestarem a presente Ação de Investigação 
Judicial Eleitoral;
b) a produção de todas as provas em 
Direito admitido, inclusive com a realização 
de audiência de instrução para ouvir as 
testemunhas arroladas adiante (indicar 
outras provas, sob pena de preclusão); 
36 Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral n.º 815659, Relato-
ra: Ministra Fátima Nancy Andrighi, Publicação: DJE, em 6-2-12.
c) a notificação do Ministério Público para 
acompanhar o Feito;
d) no mérito, a procedência da pretensão 
desta Ação, com a aplicação das sanções 
do art. 41-A da Lei Federal n.° 9504/97 em 
desfavor dos Réus.
Termos em que
Pede Deferimento.
Cidade – XX, XX de xxx de 201x.
XXXXXX
OAB/XX XXX
ROL DE TESTEMUNHAS.
a) ;
49
 As condutas vedadas são espécies do gênero abuso 
de autoridade ou do poder político. Os arts. 73 a 78 da 
LF n.º 9.504/97 visa impedir determinadas ações dos 
agentes públicos que podem desequilibrar as condições 
da disputa eleitoral.
 O conceito de agente público engloba os agentes 
políticos, servidores públicos (independente da forma 
de provimento do cargo), ou quem simplesmente exerce 
uma função pública (art. 73, §1º).
 Quando falamos da Lei das Eleições, apresentamos 
um breve resumo de quais seriam as condutas vedadas 
expressamente positivadas. 
 O marco temporal da proibição à essas condutas 
vedadas, na maioria dos casos, corresponde ao período 
dos três meses que antecedem a eleição, outras – como 
as relacionadas à nomeação, demissão e revisão de 
remuneração de servidores – se estendem até a posse 
dos eleitos, uma é durante todo o ano eleitoral (art. 
73, §10) e outra refere-se ao primeiro semestre do ano 
eleitoral (art. 73, VII).
 As representações por conduta vedada podem ser 
propostas até a data da diplomação dos eleitos (art. 73, 
§12).
 As sanções são de multa, cassação do registro ou 
do diploma, e caso essa ocorra geram a inelegibilidade 
reflexa do art. 1.º, I, j, da LCF n.º 64/90.
 A maior discussão em torno dessa medida 
judicial relaciona-se à obrigatoriedade da formação do 
litisconsórcio passivo. Por prudência, recomenda-se 
que sempre sejam indicados como réus todos os autores 
dos fatos (agentes públicos) que estejam relacionados 
à conduta vedada. Este precedente do TSE evidencia o 
REPRESENTAÇÃO POR CONDUTA VEDADA AO AGENTE 
PÚBLICO
50
debate existente em torno da matéria:
“DIREITO ELEITORAL. RECURSOS 
ESPECIAIS ELEITORAIS. ELEIÇÕES 
2016. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO 
JUDICIAL ELEITORAL POR ABUSO DO 
PODER POLÍTICO. REPRESENTAÇÃO 
POR CONDUTA VEDADA. NÃO 
CONHECIMENTO DO RECURSO DE 
EMÍDIO BICALHO E PROVIMENTO 
PARCIAL DO RECURSO DE FARIAS 
MENEZES DE OLIVEIRA. 
1. Recursos especiais eleitorais contra 
acórdão do TRE/MG, que, reformando 
parcialmente sentença, manteve a cassação 
dos diplomas do prefeito e vice-prefeito do 
Município de Dionísio/MG, eleitos no pleito 
de 2016, bem como a condenação de ambos 
à inelegibilidade por 8 anos, em razão da 
prática de conduta vedada e da configuração 
do abuso do poder político, determinando, 
ainda, a realização de novas eleições. 
2. Julgamento conjunto de representação 
por conduta vedada (Rp nº 412-26) ajuizada 
em desfavor do candidato a prefeito eleito 
(Farias Menezes de Oliveira) e do candidato a 
vice-prefeito reeleito (Emídio Braga Bicalho) 
e de AIJE por abuso do poder econômico e 
político (AIJE nº 422-70) ajuizada contra 
esses candidatos, o prefeito à época dos fatos 
(Frederico Henriques Figueiredo Coura 
Ferreira) e o pai deste último (José Henriques 
Ferreira). 
3. Hipótese em que o então prefeito teria feito 
uso promocional da entrega efetiva de lotes a 
195 famílias em programa social da Prefeitura 
Municipal, com a alteração do cronograma 
para que a imissão na posse se desse em 
período próximo às eleições municipais - 
51
embora as obras de infraestrutura no local 
ainda não estivessem concluídas -, com o 
objetivo de beneficiar o candidato a prefeito 
apoiado e o então vice-prefeito, candidato à 
reeleição para o mesmo cargo. 
I - RECURSO DE EMÍDIO BRAGA 
BICALHO 
4. É intempestivo o recurso especial eleitoral 
interposto após o fim do tríduo legal. O 
recorrente não se desincumbiu do ônus de 
comprovar a alegada indisponibilidade do 
sistema da Justiça Eleitoral, de modo que seu 
recurso não deve ser conhecido. 
II - RECURSO DE FARIAS MENEZES DE 
OLIVEIRA 
Representação por conduta vedada.
5. Em relação à Rp nº 412-26, o acórdão 
regional entendeu configurada a conduta 
vedada do art. 73, IV, da Lei nº 9.504/1997, 
relativa ao uso promocional de distribuição 
gratuita de bens e serviços de caráter social, 
pelo prefeito à época dos fatos. No entanto, a 
representação foi ajuizada apenas contra os 
candidatos beneficiados. 
6. De acordo com o entendimento

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