Buscar

2_LiteraturaInfantil_Reflexoes_Praticas_Funcao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LITERATURA INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
LITERATURA INFANTIL: REFLEXÕES E PRÁTICAS ...................................................... 2 
A FUNÇÃO DA LITERATURA ................................................................................................ 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
LITERATURA INFANTIL: REFLEXÕES E PRÁTICAS 
A Literatura Infantil pode ser vista como uma porta de entrada para o universo 
maravilhoso da leitura. Para entendermos bem a importância dessa literatura na 
formação do ser humano, faz-se fundamental olhar para a variedade de textos 
que a compõem: fábulas, contos de fadas, contos maravilhosos, mitos, 
lendas, adaptações de grandes clássicos da literatura mundial, parlendas, 
trava-línguas, adivinhas, além de textos autorais narrativos e poéticos. 
Temos, assim, um rico material repleto de histórias, memórias, diversidade 
cultural, fantasia, encantamento e valores humanos. 
A escola, por seu caráter pedagógico, por vezes direciona ou prioriza a função 
didática dos textos direcionados à infância. Muitas das atividades pós-leitura 
propostas no espaço escolar ainda visam apenas uma compreensão mais literal 
do texto literário. Por exemplo, pergunta-se: 
✓ Quem a Chapeuzinho foi visitar? 
✓ Que animal ela encontrou na floresta? 
✓ Como ela foi salva? 
Essa compreensão textual é válida, mas acaba por resultar em respostas únicas, 
nada imaginativas. Não devemos esquecer que literatura é antes de tudo arte 
e, como tal, tem a função de exercitar o nosso pensamento poético – 
relacionado com o imaginar que é uma outra forma de pensar, sentir, 
perceber e conhecer o mundo e a nós mesmos. A linguagem artística é 
plurissignificativa, permitindo diversas interpretações, pois faz um apelo à nossa 
criatividade e sensibilidade. Algo a ser explorado com perguntas como: 
✓ Além do lobo, que outros animais Chapeuzinho pode ter encontrado na 
floresta? 
✓ Se você encontrasse um lobo, o que faria? 
✓ O que diria a ele? 
✓ O que você aprendeu com essa história? 
✓ O que gostou? 
✓ O que não gostou? 
✓ O que mudaria? 
 
O primeiro contato das crianças com essa literatura se dá, em geral, 
intermediado pela narração de um adulto; mas este, nem sempre, permite o 
contato físico delas com o livro, sobretudo quando são bebês. 
Isso acontece mesmo no ambiente escolar; entre os motivos podem estar: não 
querer que os livros sejam danificados ou julgar que, só a partir dos 2 anos, a 
criança esteja a apta para usufruir desse contato adequadamente. No entanto, o 
livro deve ser considerado pelos educadores como um brinquedo a ser oferecido 
para toda criança. Afinal, ter livros ao alcance das mãos é essencial para 
incentivar o interesse pela leitura. 
Existem livros especialmente produzidos para essa faixa etária do 0 aos 2 anos. 
Eles são feitos de material como papel cartonado, plástico ou tecido – mais 
resistentes à manipulação da criança – e possuem texturas, formas e cores que 
visam estimular o tato e a visão, alguns apresentam recursos sonoros. A 
proposta desse tipo de obra é estimular os sentidos e a sensibilidade do bebê 
que começa a realizar suas próprias leituras: olhando, colocando na boca, 
apertando, sentindo, cheirando, brincando. Entretanto, vale ressaltar que a 
criança precisa ser inserida no universo das narrativas. Por exemplo: enquanto 
a professora dá banho no bebê e ele manipula um livro com desenhos de 
animais, seria ideal que ela lhe contasse uma história ou cantasse uma cantiga 
associada àquelas ilustrações, que não apenas se focasse no ensino das 
palavras e na relação destas com figuras, mas já começasse a mostrar para a 
criança que o livro é um suporte para a narração e a imaginação. 
 
A formação de uma bebeteca na escola, com uma gama variada de tipos de 
livros e outros materiais de leitura, mostra-se um recurso bastante eficiente por 
ampliar possibilidades de experiências leitoras nessa fase do desenvolvimento 
infantil. Esse material de leitura pode ser acondicionado em caixas de madeira 
ou papelão decoradas, que devem ser colocadas no chão, ao alcance dos bebês, 
para que eles escolham livremente o que irão ler. É importante não se limitar aos 
já citados livros para bebês; essas caixas devem oferecer livros infantis também 
feitos de papel comum, com formas e tamanhos variados; revistas; quadrinhos; 
álbuns ilustrados; livros só-imagens, entre outros. Adicionar fantoches e 
bonecos, que possam representar personagens das histórias infantis, nessas 
caixas também contribui para tornar ainda mais significativo e lúdico o ato da 
leitura. A mediação nesses momentos não deve ser diretiva, mas o educador 
precisa estar presente, próximo, e se colocar à disposição das necessidades das 
crianças nesse momento exploratório e de descobertas. 
O exemplo e o gesto são grandes educadores. 
 
Ler para uma criança, de qualquer idade, é fundamental para despertar sua 
curiosidade pelo objeto livro e pelas narrativas que ele guarda. Ler com elas 
também é essencial. Lembrem-se: as ilustrações podem ser lidas pelas crianças. 
Portanto, a leitura pode começar pela capa, quando o professor a mostra para a 
turma e, juntos, eles a leem e imaginam como será essa narrativa. Vamos supor 
que nessa capa há a ilustração de dois meninos. O professor pode, então, 
suscitar as primeiras inferências com questionamentos como: 
✓ Quem são? 
✓ Qual a idade deles? 
✓ São irmãos ou amigos? 
✓ Por que vocês acham que são irmãos?... 
Logo no início da narração, podemos fazer inferências a partir do título da obra 
e levantar hipóteses sobre o que vai acontecer aos personagens. Podemos 
também parar a narração no meio e tentar adivinhar o final, para depois 
verificarmos se conseguimos ou não acertar – ou conversarmos sobre o final 
imaginado pelos alunos, se este era mais ou menos interessante que aquele 
dado pelo autor e por quê. Inferência e levantamento de hipóteses são 
técnicas de compreensão, usadas ao longo da leitura de um livro para que 
essa atividade seja construída coletivamente, tornando-a dinâmica, envolvente 
e prazerosa. 
 
Porém, ler ou contar histórias vai muito além do que simplesmente dizer as 
palavras de um texto escrito ou oral. A narração, seja ela feita de memória ou 
lida, precisa mostrar que quem narra entende que uma história não é feita 
apenas de palavras escritas, mas de imagens articuladas numa narrativa 
capazes de nos transportar para outros mundos. Essas palavras precisam soar, 
pois o componente sonoro da narração é fundamental – é necessário ter 
cadência e fluência. Para isso, devemos sempre nos preparar para uma 
narração: 
✓ Primeiro leia o livro ou ensaie a história em voz alta. 
✓ Gravar-se e ouvir-se, antes dessa partilha com os alunos, pode ajudar 
muito. 
✓ Incentivar que os alunos depois façam o mesmo para se apresentarem 
para a sala, num sarau ou roda de leitura, também pode mostrar para eles 
o quanto ler e contar são habilidades que precisam ser exercitadas como 
qualquer outra. 
É fundamental considerarmos também que contar histórias não é só para quem 
ainda não é leitor fluente. Ouvir e contar histórias, sem o suporte de um livro, 
é uma arte sem idade. Uma atividade ancestral, uma herança milenar de nossa 
humanidade. Colocar-se em roda, sentando-se confortavelmente para partilhar 
histórias, é algo que pode estar presente na escola desde o ensino infantil até o 
médio. 
 
Tanto para a apresentação em saraus, como em rodas de leitura ou rodas de 
contação de histórias, a preparação prévia do narrador é imprescindível. Ela 
implica não só os ensaios, mas também o planejamento da ação narrativa. 
Como foi dito, as palavras precisam soar, ganhar vida na voz de quem as lê 
ou conta. Para isso, deve-se estudar o texto e encontrar momentos que 
possibilitem variações na voz durante a narração: há trechos em que podemos 
falar mais alto; outros, mais baixo ou até sussurrar, de acordocom o clima da 
história. 
Há partes que pedem para ser oralizadas com alegria e vivacidade; outras, com 
comedimento ou um tom mais triste. Para identificá-las, o narrador deverá usar 
sua sensibilidade para perceber e recriar esses climas durante sua performance. 
Caso sinta-se à vontade, poderá fazer vozes diferentes nas falas dos 
personagens e incluir sons e onomatopeias em determinados pontos como: 
“de repente, escutou-se um barulho... toc-toc-toc-toc...” 
Esse som, especificado ou não no texto original, poderá ser reproduzido, 
enquanto se narra, utilizando-se duas cascas de coco seco, batidas uma contra 
a outra, ou um agogô de castanhas. Apitos que imitam sons de pássaros, paus-
de-chuva, tambores, carrilhão de chaves, bem como outros instrumentos e 
objetos sonoros são elementos que tornam a narração ainda mais lúdica e 
encantadora. No entanto, deve-se utilizá-los de modo complementar à narrativa, 
ou seja, eles não devem se sobrepor à história. Os exageros no uso de 
recursos externos à narrativa podem distrair o ouvinte, em vez de levá-lo a 
se aprofundar na experiência de escuta. Esse conselho sobre não exagerar nos 
estímulos para os ouvintes, de qualquer idade, estende-se para o uso de 
gestos, expressões faciais e objetos como lenços, bonecos... Saber dosar 
é o segredo, e o aprendemos na medida em que praticamos e observamos a 
nós mesmos e a outros narradores. Sugere-se que todas as ações que serão 
realizadas durante a narração sejam anotadas em forma de roteiro para facilitar 
os ensaios e garantir uma boa performance. 
Se o educador quiser ampliar ainda mais o leque de possibilidades de recursos 
lúdicos para narrar histórias poderá pesquisar sobre o uso e confecção de 
aventais ou tapetes para contação; teatro de sombras, de fantoches, de 
marionetes e de dedoches. Propor para os alunos que eles próprios recontem 
as histórias escutadas nas rodas em forma de teatro – seja o clássico com 
cenários, falas memorizadas e figurinos ou estes últimos aqui citados – permite 
que as crianças, já a partir dos 3 anos de idade, se apropriem, de maneira crítica 
e imaginativa, dos conteúdos históricos, sociais e culturais presentes nos textos 
literários. 
A literatura nos coloca em contato com aqueles que vieram antes de nós. Ela 
nos permite criar laços com os que estão ao nosso redor. É nutrição, socialização 
e, sobretudo, humanização. Quando bem trabalhada no espaço escolar, revela-
se um verdadeiro tesouro na preparação de nossas crianças para a vida. 
Disponível em: 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/ensino-
medio/203-literatura-infantil-reflexoes-e-praticas. Acesso em 30jun2020 
 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/ensino-medio/203-literatura-infantil-reflexoes-e-praticas
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/ensino-medio/203-literatura-infantil-reflexoes-e-praticas
A FUNÇÃO DA LITERATURA 
"BONS LIVROS SABEM O QUE SÃO OS HUMANOS E 
NÃO O QUE DEVEM SER" 
Conversa com Teresa Colomer 
POR Carola Ojeda 
Carola Ojeda – Um dos aspectos mais polêmicos discutidos em torno da 
literatura infantil e juvenil diz respeito à função da literatura para crianças e 
jovens. Esta literatura tem uma função definida? 
Teresa Colomer – Pensar sobre as funções da literatura para crianças e jovens 
é muito importante, pois nos diz se vale a pena se esforçar para oferecê-la às 
meninas e aos meninos. Podemos resumir essa função em três partes: 
✓ A primeira é a de abrir a porta ao imaginário humano configurado pela 
literatura. Me refiro ao imenso repertório de imagens, símbolos e mitos 
de que nos utilizamos como fórmulas tipificadas para entender o mundo 
e as relações com as pessoas. Frequentemente os encontramos no 
folclore e permeiam a literatura de todos os tempos. As pessoas usam 
essas imagens, personagens ou mitos para melhorar sua forma de 
verbalizar e dar forma a seus próprios sonhos e perspectivas sobre o 
mundo. É importante que se faça isso, e a força educativa da literatura 
está centrada, principalmente, no fato de que ela facilita formas e 
materiais para essa ampliação de possibilidades: permite estabelecer 
uma visão diferente sobre o mundo, colocar-se no lugar do outro e ser 
capaz de distanciar-se das palavras usuais ou da realidade em que se 
está imerso, como se fosse possível contemplarmos algo pela primeira 
vez. É uma via de conhecimento, uma reflexão da humanidade, que está 
contida nos livros, uma herança e uma possibilidade a qual as crianças 
devem ter acesso. 
✓ A segunda é que ler (ou escutar) literatura infantil supõe que as 
crianças tenham a possibilidade de dominar a linguagem e as formas 
literárias básicas sobre as que se sustentam e se desenvolvem as 
competências interpretativas dos indivíduos ao longo de sua educação 
literária. As pessoas nascem com uma predisposição inata pelas 
palavras, pela capacidade de representar o mundo, regular a ação, 
simplificar e ordenar o caos da existência e expressar sensações, 
sentimentos e beleza. As crianças crescem com o jogo da linguagem. 
Através de ambos, se situa um espaço intermediário entre a 
individualidade e o mundo, o que cria um efeito de distância que lhes 
permite pensar sobre a realidade e assimilá-la. Jogo e linguagem, jogo e 
literatura estão sempre intimamente unidos. A literatura é um discurso 
deliberado, que permite prestar atenção nas palavras, descobrir como 
criam os efeitos em nós, assim como é também a melhor escola para não 
estar à mercê dos discursos alheios (políticos, ideológicos, de 
manipulação entre as pessoas etc.). 
✓ A terceira é que oferece uma representação articulada do mundo que 
serve como instrumento de socialização das novas gerações. A 
literatura infantil e juvenil sempre teve essa função muito clara. Foi 
precisamente o propósito de educar socialmente o que marcou o 
nascimento dos livros dirigidos à infância. Os livros infantis foram 
perdendo a carga didática ao longo dos tempos em benefício de sua 
vertente literária, mas não há dúvida de que ampliam o diálogo entre as 
crianças e a coletividade, fazendo com que saibam como é ou como 
gostariam que fosse o mundo real. Por isso se fala de literatura infantil e 
juvenil como se fala de uma agência educativa, como são, também, 
protagonistas, a família e a escola. Nesse sentido, não há documento 
melhor que a literatura infantil para saber a forma em que a 
sociedade deseja ver a si mesma... 
 
 
CO – Qual papel deve assumir o mediador em termos de promover ou 
minimizar as funções que muitas vezes se atribuem à Literatura Infantil e 
Juvenil? E o que fazer com aqueles valores que insistem em aparecer nos livros? 
TC – Essa pergunta se refere, na realidade, à terceira função, que tende a ser a 
mais presente em relação aos valores presentes nos livros: 
✓ o que esse livro ensina em termos morais? 
✓ Ou o que ele ensina em termos escolares, e qual o tema que ele trata? 
Essas duas perguntas não parecem ser o melhor ponto de partida para 
escolher os livros, ainda que existam obras com temas deliberadamente 
educativos, há algumas que mantêm a qualidade literária. Podemos escolhê-los 
pontualmente por seus temas ou valores, mas o melhor é simplesmente eleger 
bons livros “literários” que fazem saber como são as pessoas e não como 
deveriam ser. 
 
 CO – Como você define os livros de boa qualidade? De que não se pode abrir 
mão quando se fala de qualidade literária? 
TC – A literatura infantil é um produto artístico, como é a literatura e a arte 
em geral. Os critérios que permitem dizer se um livro ou uma ilustração são bons 
servem igualmente para os livros infantis e juvenis, ainda que se leve em 
consideração a experiência de vida e a história de leitura das crianças. O critério 
se forma, fundamentalmente, por comparação. Como sabemos que um vinho, 
um beijo ou um quadrosão bons? Basicamente por comparação com nossa 
experiência nisso. Por isso, é importante que os mediadores tenham lido 
muitos livros de qualidade que formarão seu horizonte de expectativas para 
julgar os livros que lerão e que lhes permitirão detectar aqueles que ampliarão a 
experiência infantil e perdurar na memória. As crianças lerão algumas centenas 
de livros durante a infância e a adolescência. Existem milhares de livros entre os 
quais podemos selecionar esses poucos. Sendo assim, cada mediador pode 
formar seu repertório de livros com os quais se sente confortável, considera de 
qualidade e são suficientemente diversos para proporcionar diferentes 
experiências literárias a diferentes tipos de leitores. 
Compartilhar as leituras com os demais colegas é um bom instrumento para 
que os mediadores descubram livros ou vejam qualidades que não tinham 
percebido naqueles que eles já conhecem. Os seminários de literatura infantil 
nas escolas de uma região ou um conselho de livreiros especializados podem 
ajudar. E, claro, a internet facilita este contato, já que existem bons sites que nos 
levam diretamente a ler livros que alguém que merece nossa confiança avaliou 
como bom. 
 
 CO – Qual é seu livro preferido? Por quê? 
TC – Essa é uma pergunta impossível de ser respondida! Poderia dar listas 
imensas, já que os livros são carregados de experiência pessoal: os livros que 
foram parte da minha infância, os que apreciei com meus filhos ou com meus 
alunos, os que fazem parte de uma ou de outra idade, os que têm ilustrações 
deslumbrantes, os que te dão de presente um personagem inesquecível, os que 
emocionam, nos fazem rir ou prender a respiração, viver em outros tempos ou 
lugares...definitivamente, tudo isso faz com que você queira que todo mundo 
possa ler... 
Normalmente, esses livros favoritos têm muitos adoradores e carregam a 
capacidade que permite nos conectar com os outros, descobrir que habitamos 
os mesmos mundos ficcionais. Assim, os livros que perduram com o passar do 
tempo (porque os leitores gostam e não porque a escola os adote ou as editoras 
os reeditem, já que eles vendem por sua fama histórica) é uma boa pista para 
saber onde estão os livros melhor escritos e melhor ilustrados. Aproveitem! 
 
 
Entrevista exclusiva publicada no blog Pensando la LIJ em 06/01/2014. Disponível em: 
https://pensandolalij.wordpress.com/2014/01/06/los-buenos-libros-hacen-saber-como-son-los-
humanos-y-no-como-deberian-ser/. Acesso em 07jul2020. 
Teresa Colomer coordena um grupo de pesquisa em literatura infantil e juvenil, da Universidade 
Autônoma de Barcelona, GRETEL, e é diretora de programas de pós-graduação da mesma 
universidade. Conta com mais de 200 publicações sobre literatura para crianças e jovens e é, 
certamente, uma das vozes mais autorizadas quando queremos mergulhar nos livros, na 
literatura e nos leitores. 
Carolina Ojeda trabalha na Fundación La Fuente e para o Diplomado FLIJda Universidade 
Católica de Chile. Estudou Literatura e Pedagogia na Universidade Católica e fez o Máster en 
Libros y Literatura para niños y jóvenes da UAB – Universidad Autónoma de Barcelona. 
 
TRADUÇÃO THAIS ALBIERI 
http://pensandolalij.wordpress.com/2014/01/06/los-buenos-libros-hacen-saber-como-son-los-humanos-y-no-como-deberian-ser/
https://pensandolalij.wordpress.com/2014/01/06/los-buenos-libros-hacen-saber-como-son-los-humanos-y-no-como-deberian-ser/
https://pensandolalij.wordpress.com/2014/01/06/los-buenos-libros-hacen-saber-como-son-los-humanos-y-no-como-deberian-ser/

Continue navegando