Buscar

Direito Civil - Direitos das Coisas - Procurador da Câmara

Prévia do material em texto

Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
1 
 
CURSO PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIAL DE BELO HORIZONTE 
Direitos das Coisas 
 
Professora: Núbia de Paula 
 
30/08/17 
 Introdução 
1. Direito das Coisas ≠ Direitos reais 
Direito das coisas abrange posse, propriedade e direitos de vizinhança. 
DIFERENTE DE DIREITOS REAIS. 
2. Direito real vs. direito obrigacional 
A doutrina tem entendido que há uma mista relação/inter relação entre direito real e direito 
obrigacional 
O direito obrigacional pode advir do direito real. 
Direitos reais Direitos obrigacionais 
 
- Absolutos erga omnes (vincula a terceiros) 
 
 
- Perpétuos ou temporários 
O temporário está sujeito a uma causa. 
Ex. Usufruto se extingue com a morte de quem 
instituiu o usufruto. 
 
- Taxativos (art. 1.225 – CC – vide abaixo) 
 
 
- Direito de sequela 
 
- Publicidade para ter eficácia perante terceiros 
 
- Relação jurídica inter partes (não vincula a 
terceiros) 
 
- Transitórios 
O transitório está sujeito a uma contraprestação 
da outra parte. 
 
 
- Contratos atípicos (rol exemplificativo) (art. 425 
– CC) 
 
- NÃO há direito de sequela 
 
- NÃO é exigida a publicidade 
Tem eficácia a terceiros somente no que tange à 
função social. Em regra, não vincula a terceiros. 
 
 
Art. 425 - CC. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste 
Código. 
Nota: 
- Aspecto externo do contrato: não pode prejudicar direitos de terceiros. É a função social dos 
contratos. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
2 
 
3. Características dos direitos reais 
3.1. Absolutismo 
Utilizar-se do seu direito real, como, por exemplo, da propriedade (principal direito real), tem-
se que essa (a propriedade) é um absolutismo relativizado, uma vez que é um direito erga 
omnes, ou seja, oponível a todos. O mesmo ocorre com os demais direitos reais (direito real de 
uso, usufruto, de garantia). 
Se o direito real é utilizado de acordo com a função social trazida pela Constituição Federal, esse 
não será perdido. 
Ex. Credor A institui hipoteca contra devedor B. Devedor dá o imóvel em garantia a outro credor 
C. O credor A terá preferência, em razão do absolutismo do direito real. 
“Eu vou evitar a lesão ao direito real contra quem quer que seja, pois esse é absoluto.” 
“Se a propriedade for utilizada com função social, não o perderá.” 
3.1.1. Ente privado 
Somente se perde a propriedade/direito real em razão do não exercício da função social. 
Assim, desde que cumpra a função social, não o perderá. 
3.1.2. Ente público 
 O absolutismo é relativizado, uma vez que o ente público pode utilizar-se da desapropriação, desde que 
cumprida a função social. 
3.2. Direito de sequela 
 “Diz que a obrigação acompanha a coisa.” 
Não incide sobre a pessoa, mas sim sobre o bem. Relacionado com o direito obrigacional que 
advém do direito real. 
Direito de sequela é visto sob dois enfoques. Vejamos: 
3.2.1. Enfoque objetivo/material 
Significa que quem é detentor de um direito real pode opor a todos, pois é absoluto. 
Assim, se alguém injustamente ocupar a propriedade, pode-se reivindicar. 
Pode-se opor a terceiro que quer opor o direito real qualquer pedida para elidir a ameaça de tomar a 
propriedade. 
2.2.2. Enfoque subjetivo 
A partir do momento que se tem o direito real, esse passa a gerar obrigações acessórias. O fato gerador 
será a detenção do direito real. 
Denominadas OBRIGAÇÕES PROTER REM. 
Ex. Pagamento de IPTU em razão de ser proprietário de IPTU. 
O direito obrigacional pode advir do direito real. 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
3 
 
3.2.3. Jurisprudência 
Informativo 475 – STJ 
RESPONSABILIDADE. DESPESAS CONDOMINIAIS. PROMESSA. COMPRA E VENDA. 
A Turma deu provimento ao recurso especial a fim de reconhecer a ilegitimidade passiva da recorrente 
para figurar na ação de cobrança de despesas condominiais (relativas a meses de 2004 e 2005) proposta, 
na origem, pelo condomínio no qual é proprietária de uma sala. Na espécie, ela havia vendido o imóvel 
em 1999 por meio de contrato de promessa de compra e venda, tendo o promissário comprador se imitido 
na posse precária do bem. De acordo com o Min. Relator, a responsabilidade pelos encargos 
condominiais, quando há contrato de promessa de compra e venda, pode recair tanto sobre o promissário 
comprador quanto sobre o promitente vendedor. Entretanto, salientou que não cabe ao autor da ação 
escolher um dos dois aleatoriamente, sendo necessário aferir com quem a relação jurídica material foi 
estabelecida no caso concreto. Assim, asseverou que, nessas hipóteses, o promissário comprador que se 
imitiu na posse do imóvel, ainda que em caráter precário, e de cuja imissão o condomínio teve 
conhecimento, deve responder pelas despesas condominiais no período em que exerceu essa posse, 
mostrando-se irrelevante o fato de o contrato ter sido ou não registrado. Precedentes citados: EREsp 
136.389-MG, DJ 13/9/1999; REsp 470.487-SP, DJ 30/6/2003; REsp 200.914-SP, DJ 13/12/1999; AgRg no 
REsp 573.801-SP, DJe 27/10/2010; REsp 579.943-RS, DJ 16/11/2004; REsp 813.161-SP, DJ 8/5/2006, e 
REsp 172.859-PR, DJ 1º/10/2001. REsp 1.079.177-MG, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/6/2011. 
- Interpretação: 
A jurisprudência tem mudado a interpretação do direito de sequela. 
Ex. Direito real (proprietário de apartamento) gera o dever de pagamento do condomínio. 
A jurisprudência tem entendido que, em caso de compra e venda, ainda que no registro conste o 
proprietário anterior, se o novo proprietário imite na posse e o condomínio tiver ciência, será o novo 
proprietário, ainda que não formalmente, o devedor do condomínio. 
O antigo proprietário será parte ilegítima em eventual ação de cobrança. 
Essa jurisprudência também pode ser aplicada, paralelamente, à venda de automóvel já comunicada ao 
DETRAN em caso de cobrança de eventuais multas. 
3.3. Preferência (Direitos reais de garantia) 
Somente se justifica nos direitos reais de garantia (hipoteca, anticrese) 
Há uma ordem de recebimento de créditos. 
NÃO SE DIZ QUE PREFERÊNCIA É UM PRIVILÉGIO REAL. 
“SOBRE OUTRO CREDOR QUE NÃO TENHA UMA OUTRA GARANTIA OU PRIVILÉGIO LEGAL, EU 
RECEBEREI PRIMEIRO EM RAZÃO DA PREFERÊNCIA.” 
NÃO É SINÔNIMO DE EXCLUSIVIDADE. DIVERSAS HIPOTECAS, TODAS TERÃO PREFERÊNCIA, 
ADOTANDO-SE A ORDEM CRONOLÓGICA. 
O direito real, principalmente de garantia, convivem muito bem com outras garantias. 
3.4. Taxatividade 
Rol numerus clausulus. 
Somente se pode dizer que é direito real se estiver previsto no art. 1.225 – CC. 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1079177
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
4 
 
Art. 1.225 - CC. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) 
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) 
3.4.1. Enfiteuse 
Quando o legítimo proprietário repassava todos os poderes da propriedade a um terceiro. 
Direito transmissível por herança. 
O enfiteuta tinha que pagar o foro, que é um valor para se utilizar o imóvel. 
Abolida no Código Civil de 2002, todavia as outrora instituídas continuam a existir, sendo regidas 
pelo Código Anterior. 
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PERMANECE LEGITIMADA PARA INSTITUIR ENFITEUSE EM BENS 
PÚBLICOS. 
Art. 2.038 - CC. Fica proibidaa constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, 
até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis 
posteriores. 
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso: 
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções 
ou plantações; 
II - constituir subenfiteuse. 
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial. 
3.4.2. Múltiplas propriedades – NÃO É DIREITO REAL 
Propriedades com múltiplos proprietários que a exercem por espaços de tempo distintos. 
Para ser direito real deve-se ter os 5 poderes, quais sejam, uso, gozo, disposição, fruição e reivindicação 
do bem. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art55
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
5 
 
Contudo, tendo em vista que não é conhecida no ordenamento jurídico como condomínio, uma vez que 
vai ser resolvida em algum momento, não podendo, por exemplo, ser alienada ou transferida para 
herdeiros. 
NÃO É DIREITO REAL. 
3.5. Perpetuidade vs. temporário 
A PROPRIEDADE É O ÚNICO DIREITO REAL PERPÉTUO PREVISTO NO ORDENAMENTO JURÍDICO. 
Todos os demais são temporários. 
Vitalício não é perpétuo, pois somente se configura ao longo da vida, isto é, resolve-se com o 
óbito. Perpetuidade é mais amplo que vitaliciedade. O vitalício está incluído dentro do 
temporário. 
 Posse 
1. Conceito 
1.1. Teoria subjetiva (Savigny) 
Deve-se possuir a coisa com a intenção de tê-la como sua. 
Corpus + animus 
SOMENTE FOI ADOTADA NO QUE TANGE À USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA (será estudada 
adiante). 
1.2. Teoria objetiva (Ihering) 
Exigido somente o corpus, havendo o possuidor direto e indireto do bem. 
“Não é necessário querer a coisa como minha.” 
ADOTADA NO ORDENAMENTO JURÍDICO, EXCETO NA USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. 
Art. 1.196 - CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade. 
Art. 1.197 - CC. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude 
de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto 
defender a sua posse contra o indireto. 
2. Posse vs. detenção 
2.1. Conceito 
Detentor é aquele que exerce atos diretos sobre o corpo, mas não exerce atos no seu próprio 
nome, mas sim em nome de outrem. 
Ex. Entregar a chave do carro ao manobrista (contrato tácito de depósito). O manobrista será 
detentor. 
Ou então quando há atos de permissão ou mera tolerância. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
6 
 
Ex2. Deixo vizinho utilizar minha vaga do estacionamento do prédio. Vizinho não terá direito à 
usucapião. 
DETENTOR NÃO TEM PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. 
É a posse degradada. Fâmulo da posse. 
DETENÇÃO NÃO GERA POSSE. 
Ato de possuir a coisa, contudo não se possui como minha, ou em nome de outrem 
(subordinação) ou sabendo que pertence a outrem (permissão, tolerância, posse violenta, 
clandestina ou precária). 
2.2. Hipóteses 
2.2.1. Regra – subordinação 
Em regra, haverá uma relação de subordinação entre o proprietário e o detentor. 
Ex. Caseiro de sítio. Não tem posse, pois o contato com a coisa é um dos requisitos para se exercer o mister. 
2.2.2. Permissão 
2.2.3. Mera tolerância 
2.2.4. Posse violenta, clandestina ou precária 
Ex – posse precária. Indivíduo permanece no imóvel após encerramento de contrato de locação. 
Art. 1.198 - CC. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com 
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação 
ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. 
Conselho de Justiça Federal - Enunciado 493 
O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa 
(desforço imediato) do bem sob seu poder. 
Detentor pode exercer desforço imediato (autotutela). 
O detentor não possui legitimidade possessória, contudo há controvérsia, tal como evidenciado no 
presente enunciado que traz interpretação dúbia. 
Ex. A – proprietário; B – caseiro (detentor) e C – invasor. 
Em relação ao invasor, o caseiro será possuidor direto, podendo ajuizar ação possessória EM NOME DO 
PROPRIETÁRIO (E NÃO EM NOME DELE). 
O detentor, em face do proprietário, jamais, em tempo algum, terá legitimidade possessória. 
Nota: 
Se existe relação jurídica entre as partes, já se desnatura a detenção. 
No comodato, o comodatário será o possuidor direto do bem, uma vez que não há subordinação, 
mas sim relação jurídica entre as partes. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
7 
 
Se for verbal, a permissão e tolerância também o são, no comodato haverá o caráter duradouro, 
enquanto nestas não haverá (permissão e tolerância implicam temporariedade). 
2.3. Classificação da posse 
2.3.1. Posse justa vs. injusta 
Diferença realizada para se verificar os direitos de cada um em caso de ajuizamento de ação possessória 
(Ex. ressarcimento do valor das benfeitorias). 
a) Justa – aquela que não for violenta, clandestina ou precária. 
b) Injusta – aquela que é violenta, clandestina ou precária. 
i. Violenta: aquela que, para se conseguir, utiliza-se força física – comparada ao roubo 
ii. Clandestina: posse às escondidas – “eu, sabendo que o proprietário não estará no imóvel, invado-o 
na calada da noite – Ex. Invasão de casa de veraneio desocupado. 
iii. Precária: decorre do abuso de confiança. Equivale-se ao estelionato. Somente haverá a posse 
precária se havia uma relação jurídica anterior entre as partes. 
Continua configurando como ausência de direitos possessórios. 
POSSE PRECÁRIA NÃO SE CONFUNDE COM DETENÇÃO! 
“Posse precária não pode gerar detenção, mas detenção pode gerar posse precária.” 
Ex. Caseiro que não deixa a casa após o término do contrato – abuso de confiança. Inaugurou-se a posse 
precária. 
A POSSE PRECÁRIA É INJUSTA, MAS A DETENÇÃO NÃO. 
“Posse precária porque não advém direitos dela.” 
Art. 1.201 - CC. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição 
da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, 
ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
Art. 1.202 - CC. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as 
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. 
Art. 1.203 - CC. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que 
foi adquirida. 
A POSSE É CLANDESTINA ATÉ SE TER CONHECIMENTO DELA. 
A POSSE É VIOLENTA ATÉ QUE SE CESSE O DESFORÇO IMEDIATO. 
A POSSE CLANDESTINA E VIOLENTA SÃO CONVALIDÁVEIS. 
“São convalidáveis pela celebração de um novo negócio jurídico.” 
Ex. Toma minha posse clandestinamente e, quando percebo, celebro contrato de locação com o possuidor 
clandestino. 
NOUTRO PASSO, A POSSE PRECÁRIA NÃO PODE SER CONVALIDADA. 
Ex. Por esse motivo, quem não paga financiamento e continua na posse não tem direito à usucapião. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
8 
 
Art. 1.208 - CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam 
a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade. 
Enquantohouver violência ou clandestinidade, configurar-se-á a detenção. 
A POSSE PRECÁRIA NÃO SE CONVALIDA. 
IMPORTANTE: 
Na usucapião, a função social da propriedade não é exercida. Além disso, a posse é mansa e 
pacífica. Assim, nem toda usucapião nasce de posse clandestina. Pode nascer de posse violento. 
Há casos que a posse de má-fé dá direito à propriedade (usucapião extraordinária). 
Na posse clandestina propriamente dita, por mero lapso, aproveitado pelo possuidor 
clandestino, perdi a posse. Há o exercício da função da propriedade. 
2.3.2. Posse de boa-fé vs. posse de má-fé 
Possuidor de boa-fé desconhece os vícios. 
Possuidor de má-fé conhece os vícios, mas, ainda assim, permanece na posse. 
Animus de ignorar o vício, e não a forma de aquisição. Forma de aquisição diz respeito à posse 
justa/injusta. 
Art. 1.201 - CC. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição 
da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, 
ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
IMPORTANTE: 
As posses de boa-fé/má-fé e justa/injusta são classificadas para fins de indenização e usucapião. 
2.3.3. Posse nova vs. posse velha 
2.3.3.1. Tempo 
Classificação realizada para fins de ajuizamento de ação temporária. 
- Posse nova: até 1 ano e 1 dia; 
Terá direito à liminar própria das ações possessórias (Execução do pedido antes da sentença). 
- Posse velha: mais de 1 ano e 1 dia. 
Não terá direito à liminar (Juiz não analisará a emergência da posse. Será analisada somente em sede de 
sentença) 
Art. 1.210 - CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de 
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável 
à manutenção, ou restituição da posse. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
9 
 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito 
sobre a coisa. 
Art. 558 – CPC/15. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da 
Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da 
turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. 
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, 
contudo, o caráter possessório. 
2.4. Ações possessórias 
2.4.1. Interdito proibitório 
Dá-se em casos de ameaça. 
Ex. MST bloqueando uma fazenda. 
Art. 567 – CPC/15. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse 
poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório 
em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito (ASTREINTES). 
2.4.2. Ação de manutenção de posse 
Diante de turbação. 
O perigo já chegou, ou seja, já há atos materializados de que a propriedade está sendo turbada, ou seja, 
de que já estão entrando no imóvel. Os atos de esbulho estão prestes a se consumar. 
Ex. Porteira quebrada. 
2.4.3. Ação de reintegração de posse 
Consumação da posse total ou parcial do imóvel. 
HÁ A FUNGIBILIDADE ENTRE AS AÇÕES, PORQUE TODAS TÊM O MESMO 
CUNHO POSSESSÓRIO. 
AJUIZADA AÇÃO, NÃO É NECESSÁRIA MODIFICÁ-LA PORQUE O 
INSTRUMENTO DO POSSUIDOR MUDOU. 
SUPERIMPORTANTE: 
Cabe ação possessória tanto em face de bem imóveis quanto móveis. 
2.5. Efeitos materiais da posse (arts. 1.210 a 1.220 – CC) 
2.5.1. Fruto vs. Produto 
- Fruto: São periodicamente produzidos pela coisa. Em regra, inesgotáveis. 
- Produto: Em regra, é esgotável. Com o passar do tempo da extração, vai se esgotando, 
deteriorando, tornando-se cada vez mais escasso até desaparecer. 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
10 
 
2.5.1.1. Espécies de frutos 
2.5.1.1.1. Naturais, industriais, civis 
a) Frutos naturais: Produzidos sem a interferência humana. Naturalmente produzidos. 
Ex. Laranjas produzidas por laranjeira. 
b) Frutos Industriais: Quando há a exploração da coisa pelo homem. 
“Se trabalha mais, produzirá mais.” 
Ex. Sapatos, camisas, etc. 
c) Civis: Decorre de uma obrigação, relação jurídica. 
Ex. Aluguéis. 
2.5.1.1.2. Percebidos, pendentes, percipiendos, estantes, consumidos 
a) Frutos percebidos: aqueles que separados da coisa principal na constância da boa-fé. 
b) Frutos pendentes: aqueles que ainda não foram separados da coisa principal. 
c) Frutos percipiendos: aqueles colhidos por antecipação, ou seja, antes do prazo. 
d) Frutos estantes: aqueles que já foram colhidos e estão armazenados. É um fruto percebido. 
e) Consumidos: aqueles que não mais existem. 
2.5.2. Possuidor de boa-fé 
Tem direito ao fruto percebido e, se não disposto em contrário no contrato, os frutos estantes. 
O direito aos frutos civis será proporcional ao tempo em que houve a boa-fé (Ex. Aluguéis são calculados 
diariamente). 
NÃO TEM DIREITO A RESSARCIMENTO DAS DESPESAS DE PRODUÇÃO E CUSTEIO, POIS OS FRUTOS JÁ LHE 
PERTENCEM. 
“PLANTOU EM PROVEITO PRÓPRIO.” 
Somente responde pela deterioração (perda parcial) e perda (total), se der causa. 
2.5.3. Possuidor de má-fé 
Não tem direito a nenhum fruto e o legítimo possuidor tem direito a ser indenizado aos frutos explorados. 
NÃO TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO POR NENHUM FRUTO. 
TEM DIREITO AO RESSARCIMENTO DAS DESPESAS DE PRODUÇÃO E CUSTEIO PARA NÃO GERAR 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 
“PLANTOU PARA O OUTRO COLHER” 
Responde pela deterioração (perda parcial) e perda (total), ainda que por causas acidentais (exceto se 
provar que o mesmo ocorreria, inevitavelmente, com o legítimo proprietário – Ex. Chuva forte; 
Contraexemplo. Curto-circuito no imóvel – talvez não ocorresse com o legítimo possuidor se esse fosse 
mais diligente). 
Código Civil - Dos Efeitos da Posse 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, 
e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
11 
 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto 
que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, 
ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito 
sobre a coisa. 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a 
coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que 
recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando 
os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve. 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de 
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com 
antecipação. 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os 
civis reputam-se percebidos dia por dia. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos 
que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às 
despesasda produção e custeio. 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, 
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem 
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da 
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste 
o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da 
evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942) 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de 
optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del4037.htm
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
12 
 
22/09/17 
2.5.4. Benfeitorias 
2.5.4.1. Conceito/Benfeitorias vs. frutos 
Não é algo que a coisa produz/que é retirada da coisa (frutos e produtos). 
“Se é algo produzido pela coisa, ou é fruto ou produto ou acessão.” 
É algo que se insere na coisa. 
TODA BENFEITORIA É ARTIFICIAL, REQUER A AÇÃO HUMANA. 
Toda ação humana/artificial que vem agregar volume à coisa principal. 
Art. 97 - CC. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem 
a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
2.4.5.4.2. Espécies 
a) Necessárias – aquelas ligadas à conservação à essencialidade da coisa. Preserva-se a coisa em sua 
integralidade. 
É algo feito para garantir a não deterioração ou a perda da coisa. 
Ex. Reparos no telhado. 
b) Útil – tem a ver com a utilidade da coisa para o usuário. Permitem a melhor utilização do bem. 
Ex. Banheiro maior, aumentar garagem. 
c) Voluptuárias – mero embelezamento do bem. 
O QUE É UMA BENFEITORIA NECESSÁRIA NUM CASO PODE SER VOLUPTUÁRIA NOUTRO CASO. 
Ex. Piscina é necessária numa academia, ao passo que é voluptuária numa residência. 
Art. 96 - CC. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que 
o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. 
2.4.5.4.3. Benfeitorias vs. acessões 
Acessão é uma forma de aquisição originária da propriedade, interessando, no presente momento, as 
artificiais. 
Se a extensão do novo for realmente grandioso, será acessão (forma de aquisição originária de 
propriedade imóvel). 
A benfeitoria requer um mínimo construído, a coisa principal. 
Ex - Construção. Ginásio construído pelo Estado em terreno do município. Quando o Estado resolve passar 
a propriedade do ginásio para o município. Ao repassar o ginásio para o município, será passado como 
benfeitoria ou acessão? No terreno não havia nada antes. Como houve uma edificação, será acessão 
artificial. 
Ex2 – Construção. Construir um barracão no fundo do lote, acessão. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
13 
 
Ex3 – Construção. Cômodo com as vigas já existentes, benfeitoria. Aumento da garagem, benfeitoria. 
Art. 1.248 - CC. A acessão pode dar-se: 
I - por formação de ilhas; - NATURAL 
II - por aluvião; - NATURAL 
III - por avulsão; - NATURAL 
IV - por abandono de álveo; - NATURAL 
V - por plantações ou construções. ARTIFICIAL 
2.4.5.4.4. Possuidor de boa-fé e possuidor de má-fé 
a) Boa-fé 
Tem direito a ser ressarcido das benfeitorias necessárias e úteis. 
As benfeitorias úteis SEMPRE IRÃO REQUERER A AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO PROPRIETÁRIO. 
As voluptuárias, se autorizadas, o possuidor poderá retirá-las, desde que não danifique a coisa principal. 
O POSSUIDOR PODERÁ RETER A COISA ATÉ O PAGAMENTO DAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS E 
ÚTEIS, ESTAS ÚLTIMAS SE AUTORIZADAS. 
A retenção não é um direito real, mas somente uma coerção. 
- Indenização 
O proprietário indenizará pelo valor atual, ou seja, valor pago atualizado + reajustes. (Lei e Jurisprudência). 
Art. 1.219 - CC. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem 
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da 
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
b) Má-fé 
Tem direito a ser ressarcido das benfeitorias necessárias somente. 
NÃO TEM DIREITO A RETER O BEM, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE 
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS NÃO RESSARCIDAS. 
NÃO PODE RETIRAR AS BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS. 
- Indenização 
O proprietário poderá optar em indenizar pelo preço atual ou o preço pago (Jurisprudência). 
Art. 1.220 - CC. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe 
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
Art. 1.222 - CC. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito 
de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 
 
 
 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
14 
 
 Propriedade 
1. Considerações iniciais 
Não existem direitos reais sem propriedades. 
Existem direitos reais sem posse. 
Art. 5º - CF - XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
Direito de propriedade não é absoluto e deve ser exercido de acordo com a função social. 
2. Conceito 
Art. 1.228 - CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do 
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e 
sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a 
fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a 
poluição do ar e das águas. 
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam 
animados pela intenção de prejudicar outrem. 
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade 
pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. 
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, 
na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas 
nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de 
interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o 
preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. 
2.1. Propriedade vs. domínio 
2.1.1. Propriedade 
Ocorre quando se exerce o atributo de reivindicação da coisa. 
“Somente o proprietário pode ajuizar ação reivindicatória.” 
2.1.2. Domínio 
Domínio é a exteriorização dos atributos da propriedade. 
“Exteriorização do uso, gozo e afins da propriedade.” 
Atributos internos do proprietário, quais sejam, uso, gozo e disposiçãoda propriedade. 
É o exercício dos atributos, o condão interno da propriedade. 
3. Características da propriedade 
3.1. Caráter originário 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
15 
 
Conotação que a propriedade é o nascedouro de todo direito real. 
A propriedade é uma decomposição de todos os direitos reais. 
3.2. Elasticidade 
Os atributos da propriedade convivem separadamente. 
“Pode-se dispor do uso para um e o gozo para outro, permanecendo como proprietário.” 
Ex. Posso locar o imóvel. 
3.3. Exclusividade (NÃO É UNITÁRIA) 
A propriedade é exclusiva, pois se exerce o direito com exclusividade. 
Não é absoluta, pois há, por exemplo, o condomínio. 
A exclusividade é uma regra, e a exceção está prevista no art. 1.314 – CC. 
A PROPRIEDADE AINDA É EXCLUSIVA NO CONDOMÍNIO PRO INDIVISO (AQUELE QUE AINDA 
NÃO FOI DIVIDIDO), POIS A EXCLUSIVIDADE PODE RECAIR SOBRE UM GRUPO. 
“Pode ser uma, 10 ou 1000 pessoas, desde que de forma exclusiva.” 
NO CONDOMÍNIO HÁ PROPRIEDADE EXCLUSIVA SIM. 
Art. 1.314 - CC. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os 
direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva 
parte ideal, ou gravá-la. 
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso 
ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros. 
3.3. Perpetuidade 
A propriedade não se extingue pelo não uso. 
O NÃO USO NÃO EXTINGUE A PROPRIEDADE COMO REGRA. 
Somente se perde a propriedade se não se utilizou e chegou outro e usou. 
Em regra não se perde a propriedade pelo não uso. 
“Serei proprietário até quando eu quiser, ressalvadas as limitações (intervenção do Estado na 
propriedade, sendo a usucapião a única que afeta o caráter perpétuo da propriedade)” 
NEM TODA PROPRIEDADE NASCE PERPÉTUA, pois há propriedade resolúvel, direito de 
superfície, cláusula de retrovenda (quando se coloca no contrato de compra e venda uma 
cláusula em que o comprador é obrigado a vender a coisa, desde que o direito seja utilizado num 
prazo de 5 anos), propriedade fiduciária. 
Art. 505 – CC – Direito de Retrovenda. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-
la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas 
do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, 
ou para a realização de benfeitorias necessárias. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
16 
 
Art. 1.339 - CC. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de sua propriedade 
exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com as 
suas partes acessórias. 
§ 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado. 
§ 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino, só 
podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela não se 
opuser a respectiva assembléia geral. 
Art. 1.361 – CC – Propriedade fiduciária. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel 
infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. 
§ 1o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público 
ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, 
em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no 
certificado de registro. 
§ 2o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o 
devedor possuidor direto da coisa. 
§ 3o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a 
transferência da propriedade fiduciária. 
3.3.1. Abandono 
Art. 1.276 - CC. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar 
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, 
e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas 
respectivas circunscrições. 
§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, 
como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. 
§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de 
posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais. 
NÃO MAIS SE APLICA O §2º DO ART. 1.276 – CC, POIS A PRESUNÇÃO NÃO É 
ABSOLUTA. 
A presunção, se fosse absoluta, violaria o princípio do contraditório e da ampla defesa. 
O artigo, legalmente não está, mas, na prática nãos se aplica. 
Enunciados 242 e 243 
Enunciado 242 – Conselho de Justiça Federal - CJF 
A aplicação do art. 1.276 depende do devido processo legal, em que seja assegurado ao 
interessado demonstrar a não-cessação da posse. 
Enunciado 243 – Conselho de Justiça Federal - CJF 
A presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a 
norma-princípio do art. 150, inc. IV, da Constituição da República. 
 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
17 
 
3.4. Função social 
Toda propriedade deve revestir-se de função social que, por sua vez, é atender os parâmetros 
desenhados para ela. 
4. Atributos do domínio 
4.1. Uso (us utendi) 
Dar a destinação pretendida para a coisa. 
“A coisa está à disposição do proprietário, pode-se, salvo limitações (nenhum atributo é pleno, 
está limitado à função social), fazer o que se desejar.” 
4.1.1. Uso jurídico vs. uso material 
NEM TODA VEZ QUE SE PASSA O DIREITO DE USO, PASSA-SE O DIREITO REAL DE USO. 
a) Uso jurídico (art. 1.412 – CC) 
Quando se passa o uso a terceiro mediante estipulação de direito real de uso, ex vi legis art. 1.412 – CC. 
Há uma conotação que se instituirá um instrumento para que o usuário possa usar. 
NORMAS LEGAIS. 
TODO DIREITO REAL DE USO DÁ AO USUÁRIO O DIREITO DE RETIRAR OS FRUTOS E PRODUTOS DA COISA 
(VIDE AULA ANTERIOR). 
b) Uso material 
Quando se passa o direito de uso, sem constituir direito real de uso. 
NORMAS CONTRATUAIS. 
SOMENTE DARÁ O DIREITO DE RETIRAR OS FRUTOS E PRODUTOS SE PREVISTO NO CONTRÁRIO (Ex. Pode-
se prever em contrato que os frutos naturais pertencerão ao proprietário). 
NA OMISSÃO DO CONTRATO, O USUÁRIO TERÁ DIREITO DE RETIRAR OS FRUTOS E PRODUTOS DA COISA. 
Ex. Locação, comodato e afins. 
Art. 1.412 - CC. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades 
suas e de sua família. 
§ 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde 
viver. 
§ 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das 
pessoas de seu serviço doméstico. 
4.2. Gozo (us fruendi) 
Aquele que tem direito de gozar e fruir do produto. 
NÃO HÁ DIREITO REAL DE GOZO. 
A MATERIALIZAÇÃO DO DIREITO DE GOZO E FRUIÇÃO ESTÁ NO USUFRUTO E SERVIDÃO. 
Quando se tem o gozo e fruição, automaticamente se tem as mesmas prerrogativas de uso jurídicos, ou 
seja, pertencem àquele que está gozando ou fruindo os frutos e os produtos. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
18 
 
Ex. Usufruto – usufrutuário tem o direito pleno de receber por todos os frutos e produtos enquanto 
perdurar a instituição do usufrutuário. 
Art. 1.232 - CC. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu 
proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. 
4.3. Disposição 
Possibilidadede dispor, ou seja, alienar, doar, abandonar, destruir, etc. o bem. 
4.3.1. Disposição material vs. jurídica 
a) Jurídica 
Quando há um contrato volitivo e há uma terceira pessoa. 
Requer um contrato de disposição da propriedade em prol de um terceiro. 
OCORRE QUANDO HÁ UM CONTRATO DE DISPOSIÇÃO. 
Ex. Doação, compra e venda, etc. 
b) Material 
Coaduna-se com a ideia de destruição e abandono da coisa. 
4.3.2. Res derelicta vs. res nullius 
a) Res derelicta 
Coisa abandonada, coisa destruída. 
Está para a disposição material. 
O abandono, a destruição não são absolutos, mas sim relativos. 
Não admitem arrecadação de bem vago. Consoante enunciados supra, o abandono admite prova em 
contrário. 
b) Res nullius 
Coisa que nunca teve dono. 
Está para a disposição jurídica. 
Não existe coisa sem dono. Nesses casos, a coisa pertence ao Estado. Arrecadação de bem vago somente 
se é res nullius. 
4.4. Reivindicar (jus/us reinvidicato) 
A ação reivindicatória é típica do proprietário. 
O título de propriedade instrumentaliza uma ação reivindicatória. 
A reivindicação é uma garantia exclusiva do proprietário. Salienta-se que, atualmente, no Brasil NÃO SE 
ADMITE FUNGIBILIDADE ENTRE AÇÃO POSSESSÓRIA (pedido posse; causa de pedir – posse) E 
REIVINDICATÓRIA (vide art. 1.210, §2º - CC abaixo). 
Na ação reivindicatória, pede-se a posse novamente, CONTUDO UTILIZANDO-SE DO TÍTULO DE 
PROPRIETÁRIO PARA TAL FIM (pedido – posse; causa de pedir – propriedade). 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
19 
 
Art. 1.210 - CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de 
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto 
que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, 
ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito 
sobre a coisa. 
Enunciado 79 - CJF 
A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil 
de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório. 
O juízo petitório segue o rito comum. 
Ex. Se ajuizada possessória pelo possuidor e após reivindicatória pelo proprietário, a reivindicatória é 
extinta. 
Ex2. Se ajuizada reivindicatória pelo proprietário e após possessória pelo possuidor, a reivindicatória é 
suspensa. 
“A possessória não retira o direito de propriedade do proprietário. Já a reivindicatória tira o direito de 
posse do possuidor.” 
4.4.1. Cabimento das ações reivindicatórias e possessórias 
4.4.1.1. Invasão da propriedade 
Invasão de propriedade (posse de má-fé e injusta) da pessoa que, à época estava viajando, sendo esta 
possuidora e proprietária, pode-se ajuizar A AÇÃO REIVINDICATÓRIA OU AÇÃO POSSESSÓRIA. 
Contudo, a ação possessória é melhor: 
- A liminar tem menos requisitos, quais sejam, fumus boni iuris ou periculum in mora (na ação 
reivindicatória segue o rito comum – tutela de urgência ou de evidência); 
- Rito especial que é mais célere; 
- O possuidor não poderá ajuizar a ação possessória para obstar a ação proposta (na ação 
reivindicatória, ulterior ajuizamento de ação possessória a suspenderá). 
No caso, não se discute propriedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
20 
 
- Informativo 543 - STJ 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO DO DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DO COMPANHEIRO 
SOBREVIVENTE EM AÇÃO POSSESSÓRIA. 
Ainda que o companheiro supérstite não tenha buscado em ação própria o reconhecimento da união estável antes 
do falecimento, é admissível que invoque o direito real de habitação em ação possessória, a fim de ser mantido na 
posse do imóvel em que residia com o falecido. O direito real de habitação é ex vi legis decorrente do direito 
sucessório e, ao contrário do direito instituído inter vivos, não necessita ser registrado no Cartório de Registro de 
Imóveis. É de se ver, portanto, que há direito sucessório exercitável desde a abertura da sucessão, sendo que, a partir 
desse momento, terá o cônjuge/companheiro sobrevivente instrumentos processuais para garantir o exercício do 
direito de habitação, inclusive, por meio dos interditos possessórios. Assim sendo, é plenamente possível a arguição 
desse direito para fins exclusivamente possessórios, até porque, entender de forma diversa, seria negar proteção 
justamente à pessoa para o qual o instituto foi desenvolvido e em momento pelo qual ele é o mais efetivo. Vale 
ressaltar que a constituição do direito real de habitação do cônjuge/companheiro supérstite emana exclusivamente 
da lei, “sendo certo que seu reconhecimento de forma alguma repercute na definição de propriedade dos bens 
partilhados. Em se tratando de direito ex vi lege, seu reconhecimento não precisa necessariamente dar-se por ocasião 
da partilha dos bens deixados pelo de cujus” (REsp 1.125.901/RS, Quarta Turma, DJe 6/9/2013). Adequada, portanto, 
a sentença que apenas vem a declarar a união estável na motivação do decisório, de forma incidental, sem 
repercussão na parte dispositiva e, por conseguinte, sem alcançar a coisa julgada (CPC, art. 469), mantendo aberta 
eventual discussão no tocante ao reconhecimento da união estável e seus efeitos decorrentes. Ante o exposto, não 
há falar em falta de interesse de agir, nem de questão prejudicial, pois, como visto, a sentença que reconheça o direito 
do companheiro em ação possessória não depende do julgamento de outro processo. Além do mais, uma vez que o 
direito real está sendo conferido exatamente àquela pessoa que residia no imóvel, que realmente exercia poder de 
fato sobre a coisa, a proteção possessória do companheiro sobrevivente está sendo outorgada à luz do fato jurídico 
posse. Nesse contexto, vale ressaltar o disposto no art. 1.210, § 2º, do CC, segundo o qual “não obsta à manutenção 
ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”, e o Enunciado 79 das Jornadas 
de Direito Civil, que dispõe que “a exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi 
abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório”. REsp 
1.203.144-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/5/2014. 
4.4.1.2. Quando o proprietário perde a posse 
Nesse caso, o proprietário somente poderá ajuizar AÇÃO REIVINDICATÓRIA. 
IMPORTANTE: 
A possessória não faz coisa julgada em relação aos direitos do proprietário. 
Assim, no âmbito de uma ação reivindicatória, pode-se pedir o que foi pedido na ação 
possessória. 
4.4.2. Requisitos da ação reivindicatória 
4.4.2.1. Prova da condição de proprietário 
Necessário justo título, ou seja: 
- Registro; 
- Promessa de Compra e Venda QUITADA1 INDEPENDE DO REGISTRO que, por sua vez, é PERPÉTUO. 
(1) Promessa quitada: Em regra, deve ser literalmente quitada. Contudo, já está sendo aplicada a teoria 
do adimplemento mínimo ou substancial1.1 que, por sua vez, depende de ação judicial. 
PARA A PROVA, CONSIDERAR QUITADA NA LITERALIDADE. 
(1.1) Teoria do adimplemento mínimo ou substancial: Quando o Juiz Um devedor fiduciário já quitou a 
maioria das parcelas pode ser considerado proprietário. 
JURISPRUDÊNCIA: RESP`s 252020 e 55941 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
21 
 
4.4.2.2. Individualização do bem 
4.4.2.2.1. Condomínio 
a) Condomínio pro diviso – aquele em que já houve a divisão e cada um exerce a sua propriedade. 
Possível ajuizamento de ação possessória quando se tratar de posse. 
b) Condomínio pro indiviso – aquela que não foidividido. 
Ex. Herança. 
No condomínio pro indiviso, se um condômino exerce abusiva e exclusivamente a propriedade, 
será ajuizada ação reivindicatória. 
Nesse caso, somente ação reivindicatória, ainda quando se tratar de posse. 
4.4.2.3. Posse injusta do réu 
Nesse caso, TRATA-SE DA POSSE QUE É APENAS ILLEGÍTIMA (INFORMATIVO 550 – CC). 
Não é aquela prevista no art. 1.200 – CC que, por sua vez, refere-se ao juízo possessória. No caso é a posse 
precária, clandestina ou violenta. – DENOMINADA POSSE DESTITULADA NO PRESENTE CASO. 
RESP 241486 
O inadimplemento deve ser provado. 
4.4.2.4. Função social 
O proprietário deve provar que dava função social à propriedade. 
4.4.2.5. Pressuposto processual negativo (art. 557 – CC/15) 
Art. 557 – CPC/15. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor 
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. 
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de 
outro direito sobre a coisa. 
4.4.2.6. Prazo para propositura da ação reivindicatória? 
HOJE, A JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA ENTENDE QUE A AÇÃO 
REIVINDICATÓRIA É PERPÉTUA, OU SEJA, NÃO HÁ PRAZO PARA SUA 
PROPOSITURA. (RESP 216117) 
“Contudo, é possível, na ação reivindicatória, o réu reconvém requerendo a usucapião em razão do 
prazo.” 
4.4.3. Pontos controversos 
4.4.3.1. DETENTOR1 PODE SER RÉU EM AÇÃO REIVINDICATÓRIA? 
(1) Detentor: é aquele que não pode ajuizar ação possessória, pois tem uma posse desqualificada 
(precária, clandestina ou violenta ou quando há tolerância ou permissão). 
Pelo art. 339 - CPC/15, o detentor não é legítimo a responder, pois deve indicar o legítimo a 
responder. 
Já para o art. 1.228 - CC, o detentor é legítimo. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
22 
 
Art. 339 – CPC/15. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação 
jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de 
indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. 
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial 
para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. 
§ 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como 
litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. 
Vs. 
Art. 1.228 – CC. Caput - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
4.4.3.2. Usufruto e ação reivindicatória 
O usufrutuário, ao longo do usufruto, tem à sua disposição a ação reivindicatória. 
Informativo 550 – STJ: O usufrutuário possui legitimidade e interesse para propor ação reivindicatória. 
Informativo 550 - STJ 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE E INTERESSE PROCESSUAL DO USUFRUTUÁRIO PARA A 
PROPOSITURA DE AÇÃO DE CARÁTER PETITÓRIO. 
O usufrutuário possui legitimidade e interesse para propor ação reivindicatória - de caráter petitório - 
com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito de usufruto sobre o bem, seja contra o nu-proprietário, 
seja contra terceiros. A legitimidade do usufrutuário para reivindicar a coisa, mediante ação petitória, está 
amparada no direito de sequela, característica de todos os direitos reais, entre os quais se enquadra o 
usufruto, por expressa disposição legal (art. 1.225, IV, do CC). A ideia de usufruto emerge da consideração 
que se faz de um bem, no qual se destacam os poderes de usar e gozar ou usufruir, sendo entregues a 
uma pessoa distinta do proprietário, enquanto a este remanesce apenas a substância da coisa. Ocorre, 
portanto, um desdobramento dos poderes emanados da propriedade: enquanto o direito de dispor da 
coisa permanece com o nu-proprietário (ius abutendi), a usabilidade e a fruibilidade (ius utendi e ius 
fruendi) passam para o usufrutuário. Assim é que o art. 1.394 do CC dispõe que o "usufrutuário tem direito 
à posse, uso, administração e percepção dos frutos". Desse modo, se é certo que o usufrutuário - na 
condição de possuidor direto do bem - pode valer-se das ações possessórias contra o possuidor indireto 
(nu-proprietário), também se deve admitir a sua legitimidade para a propositura de ações de caráter 
petitório - na condição de titular de um direito real limitado, dotado de direito de sequela - contra o nu-
proprietário ou qualquer pessoa que obstaculize ou negue o seu direito. A propósito, a possibilidade de o 
usufrutuário valer-se da ação petitória para garantir o direito de usufruto contra o nu-proprietário, e 
inclusive erga omnes, encontra amparo na doutrina, que admite a utilização pelo usufrutuário das ações 
reivindicatória, confessória, negatória, declaratória, imissão de posse, entre outras. Precedente citado: 
REsp 28.863-RJ, Terceira Turma, DJ 22/11/1993. REsp 1.202.843-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 
julgado em 21/10/2014. 
4.4.4. Ação reivindicatória vs. ação de imissão na posse 
- Ação reivindicatória – Aquele que já teve a posse e perdeu. 
EXCEÇÃO: Cabe reivindicatória quando nunca teve posse, mas o terceiro não tem nenhuma relação com 
o proprietário anterior. 
Ex1. Adquiro propriedade por herança do pai que está invadida por sem-terra. Qual ação deverá ser 
ajuizada? 
Ação reivindicatória. Movimento sem-terra não tinha ligação com o de cujus. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art338
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
23 
 
- Ação de imissão na posse - Para aquele que nunca teve a posse e está impedido de exercê-la devido a 
ato de terceiro que mantinha relação com o proprietário anterior. 
Ex2. Contrato de compra e venda de uma fazenda. Ao chegar na fazenda, encontra-se o caseiro. Qual a 
ação a ser ajuizada? 
Ação de imissão na posse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
24 
 
29/09/17 
5. Função social da propriedade (art. 5º, inciso XII, CF/88) 
5.1. Considerações iniciais 
Art. 5º, CF - inciso XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
Art. 1.228 - CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la 
do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e 
sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, 
a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como 
evitada a poluição do ar e das águas. 
Traz a função social da sociedade. 
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam 
animados pela intenção de prejudicar outrem. 
Os §§1º e 2º trazem direitos de segunda geração. 
A conotação do §2º traz a conotação que, no uso da propriedade, não se pode tolher, limitar ou inviabilizar 
o direito de outrem. 
Traz a boa-fé objetiva no uso da propriedade, ou seja, não pode causar dano a outrem. 
Os ofendículos são um exemplo clássico desse parágrafo, sendo esses, por exemplo, a cerca elétrica, cacos 
de vidro no muro e afins. 
O abuso de direito, por outro lado, é o oposto da boa-fé objetiva, motivo pelo qual a colocação dos 
ofendículos deve ser limitada – somente são legalmente permitidos quando afastam a lesão ao direito de 
propriedade (Ex. Cerca elétrica que não mata eventual invasor; Contraxemplo. Colocar seringas 
contaminadas com HIV no muro – abuso de direito. – art. 187 – CC – denominados atos emulativos – no 
âmbito da responsabilidade civil em relação ao abuso de direito,trata-se de ilícito objetivo – os requisitos 
são a conduta, o nexo causal, e o dano potencial – presumido, não é necessário aguardar a lesão quando 
se está diante de um abuso de direito. Pode ser reconhecido com a mera ameaça – não é dano hipotético 
e, por fim, o dano real). 
A boa-fé objetiva limita os ofendículos. 
 Comentários aos §§ subsequentes: 
O direito de propriedade está limitado à boa-fé objetiva e à função social. Se não utilizar de acordo, sofre 
as consequências dos parágrafos subsequentes, conhecidos como desapropriação judicial (ação de 
desapropriação judicial). Não se trata da desapropriação administrativa inserta no Decreto 3365/41. A 
desapropriação dá-se nos mesmos requisitos da administrativa, contudo quem a decreta é o juiz. 
Necessários 5 requisitos. Vejamos: 
1) Pedido por um número considerável de pessoas (lei e jurisprudência não definem número exato – deve 
ser analisado pelo juiz); 
2) Posse mansa, pacífica e contínua pelo grupo de pessoas - §4º 
3) Posse pelo prazo mínimo de 5 anos; 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
25 
 
4) Julgamento pelo juiz de que o grupo de pessoas deu função social (seja de moradia, seja de exploração 
econômica – não se trata de desapropriação especial que, por sua vez, destina-se somente para fins de 
moradia); 
5) Mediante indenização (DIFERENTE DA USUCAPIÃO, POIS, NESSA, NÃO HÁ INDENIZAÇÃO E, NEM 
MESMO, COM A EXPROPRIAÇÃO QUE, POR SUA VEZ, É PENALIDADE EM RAZÃO DO COMETIMENTO DE 
ATO ILÍCITO). 
Se a área for de âmbito urbano, o município é quem indenizará, ex vi legis art. 30 – CF. Se for de área rural, 
consoante jurisprudência majoritária, aplica-se analogicamente as regras da usucapião para fins de 
reforma agrária, devendo a União indenizar. 
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade 
pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. 
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa 
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e 
estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz 
de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o 
preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. 
Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente 
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Art. 30 - CF. Compete aos Municípios: 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do 
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; 
5.2. Espécies 
5.2.1. Função social da propriedade urbana (art. 182, §4º - CF e arts. 5º a 8º do Estatuto da Cidade) 
Adequar a propriedade com a boa-fé, função social e respeitar o disposto no plano diretor. 
Na desapropriação sanção, NÃO CABE AÇÃO DE RETROCESSÃO PARA REAVER O BEM, PROVANDO-SE QUE 
A ADMINISTRAÇÃO NÃO DEU FUNÇÃO SOCIAL AO MESMO (NEM MESMO SE HOUVER TREDESTINAÇÃO 
ILÍCITA – EX. ESTADO DIZ QUE VAI DESAPROPRIAR PARA CONSTRUIR UMA ESCOLA E UTILIZA PARA FINS 
PARTICULARES, TENDO EM VISTA TRATAR-SE DE UMA SANÇÃO). 
Art. 182 - CF. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme 
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 
13.311, de 11 de julho de 2016) 
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil 
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. 
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de 
ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. 
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, 
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não 
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10257.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13311.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13311.htm
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
26 
 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e 
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
Estatuto da Cidade - Seção II 
Do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios 
Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a 
edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, 
devendo fixar as condições e os prazos para implementação da referida obrigação. 
§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel: 
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele 
decorrente; 
II – (VETADO) 
§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o cumprimento da obrigação, 
devendo a notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis. 
§ 3o A notificação far-se-á: 
I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao proprietário do imóvel ou, no 
caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou administração; 
II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na forma prevista pelo inciso I. 
§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a: 
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão municipal competente; 
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do empreendimento. 
§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei municipal específica a que se 
refere o caput poderá prever a conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda 
o empreendimento como um todo. 
Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, 
transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem 
interrupção de quaisquer prazos. 
Seção III 
Do IPTU progressivo no tempo 
Art. 7o Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput do art. 
5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá 
à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, 
mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos. 
§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se refere o caput do 
art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota 
máxima de quinze por cento. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
27 
 
§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos,o Município 
manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a 
prerrogativa prevista no art. 8o. 
§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata este 
artigo. 
Seção IV 
Da desapropriação com pagamento em títulos 
Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a 
obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do 
imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública. 
§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo 
de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os 
juros legais de seis por cento ao ano. 
§ 2o O valor real da indenização: 
I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em função de obras 
realizadas pelo Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do 
art. 5o desta Lei; 
II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios. 
§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de tributos. 
§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, 
contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público. 
§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público ou por meio de 
alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório. 
§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5o as mesmas obrigações de 
parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei. 
IMPORTANTE: 
Toda desapropriação é indenizável. A USUCAPIÃO NÃO É INDENIZÁVEL. 
5.2.2. Função social da propriedade rural (art. 184 – CF/88, Lei 8629/93 e Lei Complementar 93/98) 
SOMENTE AS GRANDES PROPRIEDADES PRODUTIVAS PODEM SER DESAPROPRIADAS POR SANÇÃO. 
O INCRA é quem determina qual a função social da propriedade em específico. O proprietário declarará 
qual a finalidade a ser conferida à propriedade. 
Será indenizado somente o valor referente à terra nua, em títulos da dívida agrária (resgatáveis em até 
25 anos). 
Em algumas situações, as benfeitorias necessárias serão indenizadas. As benfeitorias serão resgatáveis 
em dinheiro, com prazo estabelecido no ato da desapropriação. 
O estado NÃO pode desapropriar imóvel rural que não atenda à função social rural e destiná-lo para fins 
de reforma agrária, pois conforme Informativo 320 – STJ1, a competência é EXCLUSIVA da UNIÃO 
(SOMENTE NO QUE TANGE À DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO – RESP 169192/STJ). 
A COMPETÊNCIA É INDELEGÁVEL. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
28 
 
(1) Informativo 320 – STJ: 
Desapropriação por Interesse Social (Transcrições) 
Desapropriação por Interesse Social (Transcrição) SS 2.217-RS* 
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA 
DECISÃO: O Estado do Rio Grande do Sul requer suspensão de segurança contra acórdão do Superior 
Tribunal de Justiça no recurso ordinário em mandado de segurança, que decidiu pela nulidade do Decreto 
Expropriatório 41241/2001, sob o fundamento de que o Estado não tem competência para proceder à 
desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, visto que tal matéria está reservada pela 
Constituição à União Federal (CF/88, artigos 5º, XXIV, 184 e 185). 
2. O Governo estadual, depois de publicado o decreto de interesse social (fl. 434), propôs a ação 
desapropriatória obtendo, mediante depósito prévio da indenização em dinheiro, a imissão provisória na 
posse. A seguir, permitiu o ingresso dos futuros beneficiários do projeto de assentamento na área 
desapropriada, de modo a assegurar-lhes sua utilização, como beneficiários do Programa Estadual de 
Reforma Agrária (fl. 435). 
3. Os expropriados resistiram à ocupação. Inconformados, impetraram mandado de segurança, em que 
sustentaram a competência privativa da União Federal para instaurar o processo de desapropriação 
objetivando a reforma agrária (CF, artigo 184), o que impossibilitaria o ente federado, a teor das 
disposições do artigo 5º, XXIV, da Constituição Federal, de agir concorrentemente, valendo-se da cláusula 
constitucional do interesse social. 
4. Denegada a segurança pelo Tribunal de Justiça, os impetrantes interpuseram perante o Superior 
Tribunal de Justiça recurso ordinário e medida cautelar com a finalidade de emprestar efeito suspensivo 
ao primeiro, o que foi deferido, resultando da procedência desse pedido a ordem de desocupação da área 
rural em causa. A final, em sessão realizada em 25 de março de 2003, aquela Corte deu provimento ao 
recurso ordinário dos impetrantes, sendo concedida a segurança e consolidada a medida cautelar. Daí o 
presente pedido formulado pelo requerente, visando obstar a reintegração de posse dos expropriados. 
5. Sustenta o requerente o risco de dano para as 105 (cento e cinco) famílias que atualmente ocupam a 
propriedade, em condições desumanas e sem poder exercer a atividade agrícola. Suscita, ainda, a 
possibilidade de resistência dos ocupantes, quando da utilização da força pública, com possível ocorrência 
de agressões e violências, evidenciando-se, nesse particular, a grave lesão à ordem e à segurança pública. 
6. O pedido de liminar foi apreciado pelo Ministro Celso de Mello, que concedeu parcialmente a cautelar 
para suspender provisoriamente a decisão que determinou a desocupação do imóvel, até o julgamento 
desse processo. 
7. É o breve relatório. 
8. Decido. 
9. O caso sob exame reveste-se de peculiar gravidade, especialmente pelas implicações sociais que o ato 
de remoção de famílias assentadas na área poderá acarretar. Dúvidas não há de que inexistiu invasão de 
terra, senão ocupação autorizada pelo Poder Público em benefício de pessoas cadastradas em programa 
social do Estado do Rio Grande do Sul. Houve pagamento de indenização prévia em dinheiro por depósito. 
10. O decreto expropriatório fundou-se na previsão dos artigos 5º, inciso XXIV, da Constituição Federal e 
2º, inciso II, da Lei 4132, de 10 de setembro de 1962, visando à declaração de interesse social, para fins 
de desapropriação, de área rural para o estabelecimento de colônias ou cooperativas de povoamento e 
trabalho agrícola, "com o fito de assentamento de agricultores sem terra oriundos de várias regiões do 
Estado, que serão beneficiados pelo Programa Estadual de Reforma Agrária" (fl. 61). 
11. A análise das peculiaridades do caso concreto revela a plausibilidade jurídica da tese defendida pelo 
requerente. De fato, não emerge dos autos, em princípio, que o Estado tenha pretendido realizar 
desapropriação nos moldes fixados pelo artigo 184 da Constituição Federal, cuja competência é 
indiscutivelmente da União. Tal modalidade, também denominada desapropriação-sanção, tem 
requisitos próprios, como a necessidade de o imóvel rural não estar cumprindo sua função social e o 
pagamento de indenização em títulos da dívida agrária. O disciplinamento legal desse procedimento 
encontra assento na Lei Complementar 76/93, alterada pela Lei Complementar 88/96, e pelos artigos 18 
a 23 do Estatuto da Terra (Lei 4504/64) e pela Lei 8629/93, alterada pela Medida Provisória 2183-56/01. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
29 
 
Nessa hipótese, o proprietário que descumprir o mandamento do artigo 5º, inciso XXIII, da Carta Federal, 
perde o bem e não recebe indenização em dinheiro, mas em títulos. 
12. Diversa é a modalidade de desapropriação amparada no artigo 5º, inciso XXIV, da Constituição e 
regulamentada pela Lei 4132, de 10/09/62, que arrola as hipóteses de interesse social em seu artigo 2º. 
Segundo Hely Lopes Meirelles, há interesse socialquando "as circunstâncias impõem a distribuição ou o 
condicionamento da propriedade para seu melhor aproveitamento, utilização, ou produtividade em 
benefício da coletividade ou de categorias sociais merecedoras de amparo específico do Poder Público". 
Nesse caso, os bens desapropriados não se destinam à Administração ou a seus delegados, mas sim à 
coletividade ou a certos beneficiários que a lei credencia para recebê-los ou utilizá-los convenientemente. 
13. Encontra ressonância na doutrina e na jurisprudência a competência dos demais entes da Federação 
para proceder à desapropriação, por interesse social, de imóvel rural, com pagamento de prévia e justa 
indenização em dinheiro. Aqui não se cogita se a propriedade é produtiva, se é latifúndio ou não. Não se 
trata de sanção pelo mau uso da propriedade. Na realidade, o ente estatal, para desenvolver políticas 
públicas relacionadas com interesse social específico, expropria e paga a devida indenização ao 
expropriado, como no caso, sem que com isso invada competência própria da União Federal. 
14. Longe de pretender firmar convicção no sentido do acerto ou não da decisão que autorizou a remoção 
das famílias, até porque ainda pendente de recurso, permito-me, antevendo a probabilidade do desfecho 
favorável ao Estado, visualizar o alcance social da execução imediata da medida, com a retirada das 
famílias, sem a decisão definitiva que reconheça a ilegitimidade do ato expropriatório. 
15. Mesmo ciente do cabimento restrito da suspensão de segurança, a partir dos argumentos expendidos, 
impossível é não reconhecer a potencialidade de grave lesão à ordem pública, com iminente 
desestabilização social e, quiçá, atos de resistência e violência no meio rural, com a remoção dos 
agricultores da propriedade, tudo isso levando-se em conta o atual estágio do processo. 
16. Ante essas circunstâncias, e reconhecendo a plausibilidade jurídica do pedido e a possibilidade de 
danos irreparáveis ao interesse público, defiro o pedido de suspensão, com base no artigo 297 do RISTF, 
até o julgamento definitivo do mandado de segurança, mantendo, em consequência, a decisão de fls. 
1076/77. 
Comunique-se, com urgência. 
Intime-se. 
Brasília, 2 de setembro de 2003. 
 
IMPORTANTE: 
- Atos indelegáveis: 
Edição de ato normativo 
Decisão de recurso administrativo 
Matéria de competência Exclusiva. 
5. Formas de aquisição da propriedade 
Dizem respeito a Imóveis e Mobiliária (móvel). Algumas formas de aquisição são dúbias. Outras são 
exclusivas. 
 Propriedade imóvel 
5.1. Originária 
Aquela em que não existia relação entre o proprietário atual e o anterior. 
“Não havia proprietário anterior (res nullius) ou não houve contato com o proprietário anterior.” 
Ex – sem contato com o proprietário anterior. Usucapião. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
30 
 
Não há título translativo entre o proprietário anterior e o atual. 
5.1.1. Acessões 
5.1.1. Naturais 
a) Formação de ilhas (art. 1.249 – CC - pouco provável de cair) 
Deve-se olhar o eixo do rio. Será feito por perito. 
b) Aluvião (art. 1.250 – CC - CAI) 
Deslocamento lento da margem de terra, areia. Somente se justifica para proprietários ribeirinhos. 
Calcula-se pelo eixo do rio, das aguas. 
i) Própria 
“A terra vem sendo depositada pelo rio. Quando a terra vem” 
ii) Imprópria 
“Quando o rio vai se afastando, secando e a margem de terra vai ficando à mostra.” 
c) Avulsão (art. 1.251 – CC – MAIOR NÚMERO DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕES – LER ARTIGO INFRA) 
Deslocamento abrupto de terra. 
Se ninguém reclamar no prazo de 1 ano, a propriedade se consuma. 
Trata-se de responsabilidade civil objetiva (independe do ato – dolo ou culpa), responsabilidade indireta. 
“Ainda que não deu causa, terá que indenizar aquele que teve redução da propriedade.” 
A lei diz que, se não for indenizado, o lesado pode retirar a parte acrescida. (Criticado, pois não é 
possível a retirada. Induz ao não pagamento da indenização pelo beneficiado). 
 
d) Álveo abandonado (art. 1.252 – CC) 
Quando há o acréscimo da propriedade em razão da mudança do curso do rio. 
5.1.2. Artificiais 
Plantações de construções. 
Código Civil - Seção III 
Da Aquisição por Acessão 
Art. 1.248. A acessão pode dar-se: 
I - por formação de ilhas; 
II - por aluvião; 
III - por avulsão; 
IV - por abandono de álveo; 
V - por plantações ou construções. 
 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
31 
 
Subseção I 
Das Ilhas 
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários 
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: 
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos 
fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas 
partes iguais; 
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos 
ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; 
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos 
proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. 
Subseção II 
Da Aluvião 
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao 
longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos 
marginais, sem indenização. 
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-
se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. 
Subseção III 
Da Avulsão 
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar 
a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem 
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. 
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção 
de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. 
Subseção IV 
Do Álveo Abandonado 
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, 
sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-
se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. 
Subseção V 
Das Construções e Plantações 
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à 
sua custa, até que se prove o contrário. 
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais 
alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por 
perdas e danos, se agiu de má-fé. 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as 
sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele 
que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização 
fixada judicialmente, se não houver acordo. 
Professora: Núbia de Paula Rafael Barreto Ramos 
 Curso SUPREMO 2017 
32 
 
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e 
construções, devendo ressarcir o valor das acessões. 
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez 
em sua presença e sem impugnação sua. 
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas 
ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. 
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas

Continue navegando