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1 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! LEI DE EXECUÇÃO PENAL Lei nº 7.210/84 Ed. 2020 2 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Manual Caseiro Instagram: @manualcaseiro E-mail: manualcaseir@outlook.com Site: www.meumanualcaseiro.com.br Lei de Execução Penal – Lei de nº 7.210/84 LEI DE EXECUÇÃO PENAL Lei nº 7.210/84 Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Execução Penal. O presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema objeto de estudo, a legislação (lei seca), questões já cobradas em concurso público pelas diversas bancas, alterações promovidas pelo PAC, jurisprudência em teses, e, por fim, informativos. Cumpre alertamos ainda que, a Lei de Execução Penal foi recentemente modificada pelo Pacote Anticrime. Desse modo, a leitura da legislação em comento deve ser feita com bastante atenção pelo candidato, diante das inúmeras alterações ocasionadas pelo PAC na LEP. Feita as devidas considerações iniciais, vamos ao conteúdo. Bons estudos, #TmJuntos! 1. Do objeto e da aplicação da Lei de execução penal O art. 1º da Lei de Execução Penal proclama as finalidades da mesma, nos termos seguintes: pedro silva Realce pedro silva Realce 3 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Art. 1º. A execução penal tem por objetivo: (a) efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e (b) proporcionar condições para harmônica integração social do condenado e do internado. Vejamos: Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. Ao analisarmos o art. 1º da Lei de execução penal contemplamos que ela se propõe a disciplinar as questões referentes ao cumprimento de sentença, tanto quanto a decisão condenatória, como também a decisão absolutória imprópria que impõe as medidas de segurança. Portanto, esta lei volta-se também para a execução das medidas de segurança aplicada aos inimputáveis ou aos semi-ininputáveis que tiveram suas penas substituídas nos termos do art. 98 do Código Penal1. Ao tratarmos da Lei de Execução nos deparamos com uma legislação moderna e interessante, mas com uma realidade triste devido à falta de estrutura e falta de visão política para investir nessa questão, sabendo que nosso Código Penal consagra uma teoria mista, que além de ver a pena como castigo no art. 59 caput (caráter retributivo da pena), também vê a pena com um fim utilitário ressocializador (aspecto preventivo), e a LEP se preocupa bastante com este último aspecto, trazendo institutos como progressão de regime, livramento condicional do processo, remição de pena com o trabalho e estudo do preso e diversos institutos direcionados a ressocialização buscando a harmônica integração social do condenado e do internado definida no final do art. 1º da LEP. Teoria Mista da Pena: trata-se de uma síntese das duas teorias, a teoria absoluta e a teoria relativa. Busca, a um só tempo, que a pena seja capaz de retribuir ao condenado o mal por ele praticado (retribuição), sem prejuízo de desestimular a prática de novos ilícitos penais (prevenção). Retribuição + Prevenção. 1 CP, Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pedro silva Realce pedro silva Realce 4 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Assim, para a teoria em comento, há uma tríplice finalidade das penas: retribuição, prevenção e ressocialização. Não há dúvidas de que nossa legislação adotou essa posição intermediária (vide art. 59, caput, do CP).* Trecho do Cap. 1, vol. 5 (Direito Penal – Parte Geral II – Penas até extinção da punibilidade), da Coleção Saberes do Direito – Editora Saraiva. Autor: Arthur da Motta Trigueiros Neto. Corroborando ao exposto, Fábio Roque (2020) 2 “No Brasil, adotamos uma teoria mista (eclética) da pena, de modo que sua fixação atende às finalidades da reprovação e prevenção (art. 59, CP)”. Candidato, a Lei de Execução Penal serve para executar transação penal homologada? Não. A Lei de Execução Penal não serve para executar transação penal (medida despenalizadora da Lei dos Juizados Especiais Criminais). No caso de descumprimento, o MP deverá retomar, oferecendo denúncia. Nesse sentido, interessante conhecermos o teor da Súmula Vinculante 35. Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. E em que consiste a transação penal? Trata-se de medida despenalizadora prevista ao teor do art. 76, da Lei dos Juizados Especiais - acordo entre o titular da ação penal e o agente. A transação penal impede o devido processo legal, logo, não tem como se executar o que não fora objeto de processo. Assim, em caso de descumprimento do acordo pactuado (transação penal) caberá ao Ministério Público oferecer a denúncia, formando assim o devido processo legal, na busca pela condenação, conforme prevê a súmula vinculante 35. 2. Execução provisória Inicialmente, cumpre entendermos o instituto da execução provisória em si. O prof. Márcio André (Dizer o Direito) 3 explica que se um indivíduo é condenado por um crime e contra esta decisão ainda cabem 2 ARAÚJO, Fábio Roque. Direito Penal Didático parte geral. 2020. Editora Juspodivm. 3ª Edição. 3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. 1ª Turma do STF aplica entendimento do Plenário no sentido da impossibilidade de execução provisória da penaa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 5 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! recursos, dizemos que a decisão não transitou em julgado. Logo, a condenação é provisória. Imagine que um indivíduo está condenado, mas ainda falta julgar algum recurso que ele interpôs. Se esse indivíduo inicia o cumprimento da pena imposta, dizemos que está havendo aí uma execução provisória da pena. Isso porque a condenação ainda é provisória. Uma vez compreendido o que seja a execução provisória da pena, questiona-se: o Ordenamento Jurídico Brasileiro adotando o princípio da presunção de inocência admite a execução provisória da pena? Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. (ARE 964246 RG, 25-11-2016). Informativo 814/STF, Plenário Como assim? Esse é o entendimento mais recente?Não, candidato. Trata-se de uma decisão já superada, no entanto em 2016 foi importante tal decisão porque mitigou o princípio da presunção de inocência, assumindo um juízo de culpabilidade e, portanto, autorizando a execução da pena, mesmo que pendente a análise de recurso especial ou recurso extraordinário. Mas qual o entendimento atual? Em 2019 tivemos um novo julgado em que o Plenário, por maioria, julgou procedentes pedidos formulados em ações declaratórias de constitucionalidade para assentar a constitucionalidade do art. 283 do CPP (Informativo 957). O relator afirmou que as ações declaratórias versam o reconhecimento da constitucionalidade do art. 283 do CPP, no que condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do título condenatório, tendo em vista o figurino do art. 5º, LVII, da CF. Vejamos: 1ª Turma do STF aplica entendimento do Plenário no sentido da impossibilidade de execução provisória da pena Ao julgar as ações declaratórias de constitucionalidade 43, 44 e 54, em 7/11/2019, o Plenário do STF firmou o entendimento de que não cabe a execução provisória da pena. A 1ª Turma do STF aplicou esse entendimento em um caso concreto no qual o réu estava preso unicamente pelo fato de o Tribunal de Justiça ter confirmado a sua condenação em 1ª instância, não tendo havido, contudo, ainda, o trânsito em julgado. Logo, o STF, afastando a possibilidade de execução provisória da pena, concedeu a liberdade ao condenado até que haja o esgotamento de todos os recursos. STF. 1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019 (Info 961). <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/44ece762ae7e41e3a0b1301488907eaa>. Acesso em: 05/06/2020 6 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos O art. 283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da pena, é constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88. Assim, é proibida a chamada “execução provisória da pena”. Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e não como execução provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (Info 958). Assim, de acordo com o referido preceito constitucional, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, assentando a prevalência do princípio da presunção de inocência, devendo-se, portanto, exigir o trânsito em julgado para que haja a plenitude de execução, ressalvada se decretada a prisão preventiva de forma motivada e fundamentada, sendo possível a execução provisória. Desta feita a regra é a liberdade e a exceção será a prisão. Em resumo até 2016 a prisão antes do trânsito em julgado da condenação somente poderia ser decretada a título cautelar, ou seja, não existiria um cumprimento antecipado da pena, sem que houvesse uma ordem judicial, uma decretação fundamentada de uma prisão preventiva. Após 2016 e até 2019, passou a existir uma prisão automática, decorrente de uma condenação em segundo grau, vulgarmente chamada de prisão em 2º instância. Em síntese, o resumo do contexto envolvendo a execução provisória da pena nos últimos naos: Até fev/2009 2009 2016 2019 Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível a execução provisória da pena. No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição e passou a entender que não era possível a execução provisória da pena. No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição e passou a entender que era possível a execução provisória da pena. No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a sua segunda posição e afirmou que o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. No informativo 960 de 2019 do STF a Segunda Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, concedeu, de ofício, a ordem de habeas corpus para declarar a ilegalidade da execução provisória da pena e, pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 7 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! assim, revogar a prisão decretada por tal fundamento, se inexistente outro motivo para a segregação do paciente e se ausentes fundamentos concretos de prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal (CPP) e em conformidade com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) (Informativo 926). Nesta assentada, o ministro Gilmar Mendes (relator) reajustou o voto anteriormente proferido para aplicar o entendimento da Corte. A ministra Cármen Lúcia salientou ser hipótese de execução de condenação confirmada pela segunda instância, pendente de trânsito em julgado. O ministro Ricardo Lewandowski alertou não vislumbrar distinção, no que diz respeito ao Tribunal do Júri, quanto à decisão tomada pelo Plenário do STF. Quando o plenário do STF havia se manifestado sobre a execução provisória, alguns doutrinadores seguindo uma orientação divergente afirmava que o júri seria a exceção ao entendimento, ou seja, as decisões do júri em primeiro grau autorizariam uma execução provisória e elas não teriam sido abrangidas pela decisão do plenário do STF, vindo então a segunda turma e firmando o entendimento que aquele entendimento também se aplicaria as decisões do júri em primeiro grau, mesmo reconhecida a garantia constitucional da soberania dos vereditos do júri, havendo uma harmonização. No entanto, o legislador regulamentou a questão de modo diverso no PAC. Vejamos: Lei 13.964/2019 Art. 492, I, e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). Nesse sentido, explica Estácio Luiz e Pedro Tenório (2020):4 A nova redação do art. 492, I, “e”, prevê a obrigatoriedade de o juiz, ao proferir sentença superior igual ou superior a 15 anos de reclusão determinar a execução provisória das penas, sem prejuízo de conhecer eventual recurso. Assim, pela nova regra, o réu condenado por crime doloso contra a vida com pena igual ou superior a 15 anos de reclusão, mesmo tendo respondido a todo o processo em liberdade, deve ser preso em plenário do Tribunal do Júri, iniciando imediatamente o cumprimento da pena (art. 492, I, “e”, do CPP). 4 PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, Estácio Luiz Gama de Lima Netto /Pedro Tenório Soares Vieira Tavares, 2020. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 8 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! A primeira parte se alinha com a decisão do STF, em que se presentes os requisitos da prisão preventiva poderá o réu ser preso sem o trânsito em julgado, no entanto a segundaparte traz uma importante modificação, se a “condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão” nós temos a possibilidade de execução provisória imediatamente. O legislador leva em consideração a quantidade de pena imposta. O Legislador, portanto, manteve o entendimento do STF quanto a necessidade da prisão preventiva para fins de execução da pena, mas abriu a possibilidade de uma execução provisória automática quando a condenação do tribunal do júri for igual ou superior a 15 anos. Formando-se então duas situações, penas inferiores a 15 anos, a execução provisória dependerá da decretação da prisão preventiva, quando as penas forem iguais ou superiores a 15 anos, independente de fundamentar-se a preventiva, pela quantidade de pena será expedido mandado de prisão para execução provisória da pena. Lei 13.964/2019 Art. 492 § 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Se a tese recursal for uma questão que possa plausivelmente levar uma modificação substancial na revisão da condenação, o juiz pode deixar de decretar essa execução imediata. Trata-se de uma questão polêmica, tendo em vista que cabe ao juiz presidente do júri fazer essa análise na admissibilidade da apelação verificar o conteúdo, examinar o mérito para só assim dizer se determina ou não a imediata execução. (Provavelmente é possível que se torne uma letra de lei “morta” essa exceção do §3º). Cuidado, na prova objetiva será cobrado letra da lei, esse é mais um assunto para ser discutido em prova subjetiva, até que saia jurisprudência a respeito. § 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Via de regra a apelação em face de sentença condenatória tem efeito suspensivo, aqui excepcionalmente a apelação não terá efeito suspensivo. § 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando verificado cumulativamente que o recurso: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 9 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! I - não tem propósito meramente protelatório; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão. Então o tribunal, o órgão recursal pode atribuir o efeito suspensivo a apelação (que na referência do § 4º não terá efeito suspensivo) para não executar a pena, quando o recurso não for meramente protelatório ou que tiver questão que possa resultar absolvição, anulação, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 anos. § 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de petição em separado dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). É interessante que o advogado ou defensor ao recorrer já veicule na própria apelação o pedido de efeito suspensivo, porque se o juiz determinar a execução provisória e na análise não acolher o que a parte está requerendo, com a subida da apelação o tema já estará veiculado. Por outro lado, o legislador fala ainda da possibilidade de uma petição em separado, ou seja, uma cautelar inominada diretamente para o tribunal. Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Em regra, compete à Justiça comum estadual a execução, ressalvando-se os casos de pena cumprida em estabelecimento federal de segurança máxima. Cuidado, na esfera federal a pena privativa de liberdade não é executada na justiça federal, será executada pela VEP do Estado, respeitando o art. 2º, o p.único da LEP e a sumula Súmula 192 DO STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. A justiça federal só executará a pena privativa pena privativa de liberdade, quando houver transferência do preso para presídio federal de segurança máxima. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 10 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Em resumo, para fins de fixação da competência, o que importará é a natureza do estabelecimento penitenciário. Se estadual, será competente o juízo das execuções do Estado. Contudo, se federal, será competente o juízo das execuções federal. Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. Quando o militar é condenado e não perde a condição de militar irá cumprir pena no estabelecimento militar. Se condenado, mas perde a condição de militar na sentença, por exemplo, este cumprirá pena em estabelecimento comum e a competência será da VEP. (Situação para militar estadual e federal). 3. Princípios norteadores na Execução Penal Os princípios a serem observados na fase de execução da penal encontram-se previstos na Constituição e na própria Lei de Execução Penal. • Princípio da Legalidade na Execução Penal A lei consagra em seu teor dispositivo próprio sobre a legalidade implicitamente, vejamos: Art. 3º. Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. • Princípio da igualdade/isonomia Art. 3º. Parágrafo único: Não haverá qualquer distinção racial, social, religiosa ou política. Através do referido dispositivo, está se proibindo tratamento diferenciado em decorrência de raça, condição social, religiosa ou política. Mas é possível distinção de natureza etária e sexual. É possível distinção ainda, considerando a gravidade do crime e periculosidade do agente. Por exemplo, ao maior de 70 anos será possibilitado o direito de cumprir pena em seu domicílio (art. 117, I, LEP). Outro exemplo, que podemos citar é a colocação das mulheres em estabelecimento distintos dos homens. Por fim, em 2015 a Lei de Execução Penal foi alterada pela Lei nº 13.167, de 2015, a qual passou a prever ao teor do art. 84 critérios para separação dos preços conforme sua periculosidade. Vejamos: pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 11 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado. § 1o Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios:(Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015) I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I II. (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) • Princípio da Individualização da Execução Penal Art. 5º. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. O princípio da individualização é observado desde a fase de elaboração da lei, no âmbito do legislativo com a cominação da pena. No âmbito judicial, no momento de aplicação da pena, o magistrado observará a individualização de acordo com as condições do condenado. E por fim, a individualização da pena deverá também ser observada no âmbito da execução penal, pois a execução da pena também será individualizada, eles serão classificados. • Princípio da Jurisdicionalidade Conforme ensina a prof. Martina Correia (2020)5 o direito de punir do Estado condiciona-se a um processo de execução penal (nulla poena sem sine processu). “A intervenção do juiz, na execução da pena, é eminentemente jurisdicional, sem exclusão daqueles atos acessórios, de ordem administrativa, que acompanham as atividades do magistrado”. A jurisdicionalidade é reforçada no art. 194. Os incidentes da execução penal serão decididos pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, os Arts. 2º e 194, da LEP. Vejamos: Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. 5 CORREIA, Martina. Execução penal em tabelas. 2020. Editora Juspodivm. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 12 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução. Candidato, todos os incidentes da execução penal serão resolvidos pelo juiz? E a autoridade administrativa? A lei reserva a autoridade administrativa a decisão sobre pontos secundários da execução da pena, tais como: visitas, horário de banho sol, permissão de saída, cela do preso, etc. cumpre destacarmos ainda que, na hipótese de eventuais abusos praticados pela autoridade administrativa, será possibilitado ao condenado peticionar perante o juiz, relatando os referidos abusos. • Princípio do devido processo Legal O processo de execução deve observar ampla defesa, contraditório, publicidade, etc. • Princípio da humanidade/humanização das penas Respeito à dignidade da pessoa humana. Foi com base nesse princípio que foi editada a Lei nº 13.434/17 – alterou o art. 292, p. único do Código de Processo Penal, proibindo o uso de algemas nas mulheres na hora do parto. Vejamos: Art. 292. Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato. Com base ainda no princípio em estudo, foi o que o STF decidiu que é lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da CF, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes. STF. Plenário. RE 592581/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/8/2015 (repercussão geral) (Info 794). O (des) respeito aos princípios que regem a execução penal é tema recorrente nos Superiores Tribunais. Ganhou especial destaque recente decisão do STF (ADPF 347) onde os ministros entenderam ter configurado o chamado “estado de coisas inconstitucional” no sistema penitenciário brasileiro. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 13 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência de um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura de modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e monitorar os resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida cautelar determinando que: • juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de custódia; • a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos. Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798). Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Estado de Coisas Inconstitucionala. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: < https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e732ced3463d06de0ca9a15b6153677> Acesso em: 09/06/2020. 4. Classificação dos condenados Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Classificados conforme: • Seus antecedentes; • Sua personalidade. No início da execução, existe o chamado exame de classificação, conforme o Art. 6º da LEP. Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizado da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003). pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 14 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Cabe a comissão técnica fazer a avaliação e classificação, bem como, elaborar uma proposta de execução para condenado, de modo que se respeite a proposta constitucional com a garantia da individualizaçãoda pena. Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. O exame criminológico faz parte do momento da classificação. O preso passa pela comissão técnica de classificação e um dos elementos considerados nessa classificação é o exame criminológico. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto. Ou seja, o exame criminológico pela LEP seria facultativo para quem começa a cumprir pena em regime semiaberto. No entanto parte da doutrina sugere que é obrigatório também para o regime semiaberto, fazendo uma interpretação do Código Penal. SÚMULA DO STJ - Súmula 439: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. O STJ se pronunciou acerca do tema de forma que, o juiz pode determinar a realização do exame criminológico se pelas peculiaridades do caso entenda que seja necessário. Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012). Com o advento da Lei 12.654/2012 os condenados por crime praticado, DOLOSAMENTE, com VIOLÊNCIA de natureza grave contra a pessoa, ou por qualquer dos crimes etiquetados como hediondos ou equiparados, serão submetidos a identificação do perfil genético é obrigatória, mediante extração de DNA, devendo seguir técnica adequada e indolor. Dessa forma, a identificação do perfil genético previsto ao teor do art. 9º-A da LEP pressupõe os referidos requisitos: pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 15 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! a) crime doloso; b) praticado com violência a pessoa ou rotulado como crime hediondo. Este artigo impõe a realização de uma identificação através do perfil genético, quando o crime é doloso e praticado com violência grave ou condenado por qualquer dos crimes hediondos. Uma crítica é feita em relação a este artigo, tendo em vista que, por exemplo, a falsificação de medicamento que é um crime hediondo, deveria ser submetido o acusado a identificação do perfil genético mediante extração de DNA sem necessidade alguma. Essa identificação só tem sentido para crimes como estupro, estupro de vulnerável, crimes violentos, no geral. § 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012). § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de proteção de dados genéticos, observando as melhores práticas da genética forense. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Essa regulamentação mantém relação com a cadeia de custódia 6e as perícias no que tange a manutenção da segurança do manuseio dos elementos sensíveis, para que esta prova tenha valoração adequada sob pena de se prejudicar a apreciação do conteúdo. § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012). Em resumo esse material poderá ser utilizado em outras investigações criminais. § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Por isso a importância do § 1º-A na garantia mínima de proteção dos dados genéticos, não apenas o sigilo, mas a proteção e manutenção do conteúdo, para que o material não seja contaminado. Tendo em vista que será viabilizado o acesso aos dados. 6 O que é a cadeia de custódia? A cadeia de custódia da prova consiste no caminho que deve ser percorrido pela prova até a sua análise pelo magistrado, sendo certo que qualquer interferência indevida durante esse trâmite processual pode resultar na sua imprestabilidade (RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/02/2019). pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 16 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! § 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). A ideia é de que assim que o condenado entra no estabelecimento faça o exame de perfil genético, caso isso não aconteça se impõe durante o cumprimento da pena que se faça tal identificação. (Restrito aos crimes previstos no Art. 9º-A). § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). § 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). § 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Desta forma o rol de faltas graves foi consequentemente aumentado com essa recusa de se submeter com o procedimento de identificação do perfil genético. No entanto estamos diante de mais uma questão polêmica, tendo em vista que a Constituição concede a garantia de não produzir provas contra si mesmo nemo tenetur se detegere, e mesmo assim se o preso se recusar ainda será constituído falta grave para este. Cuidado, na prova objetiva será cobrado letra da lei, esse é mais um assunto para ser discutido em prova subjetiva, até que saia jurisprudência a respeito. 5. Do trabalho Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. O trabalho do condenado é tanto um direito (remição de pena) quanto um dever (almejando o caráter ressocializador da pena) e o estabelecimento prisional deveria conceder oportunidade de trabalho a todos, muito embora a realidade nos mostre que o sistema prisional não oferece. Inclusive abriu-se margem para a tese da “remição virtual” na qual afirma que se o preso é impedido de trabalhar por falta de condições do estabelecimento prisional, ele teria o direito de ser beneficiado com a remição de pena em relação aos dias pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 17 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! que não conseguiu trabalhar porque o próprio estado, a estrutura prisional o impede (essa tese foi solenemente rechaçada pelo STF). Vejamos: Não é possível a remição ficta da pena Não se admite a remição ficta da pena. Embora o Estadotenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige, necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena em virtude de trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho, estudo ou leitura, não há que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904). STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018. STJ. 6ª Turma. HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível a remição ficta da pena. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: < https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/bac49b876d5dfc9cd169c22ef5178ca7 >. Acesso em: 09/06/2020. § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho. O trabalho do preso tem regramento especial, e a ideia do Legislador era não permitir que o preso recebesse o mesmo tratamento de uma pessoa livre, para equilibrar o mercado e para que não houvesse a exploração da mão de obra encarcerada. Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 18 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Não pode ser inferior ser menor que 3/4, esse será o piso para que não se utilize de forma indiscriminada essa mão de obra. Uma garantia para o preso e para o trabalhador livre. Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas. As horas prestadas não serão remuneradas tendo em vista que isto é pena restritiva de direitos, esta já é a própria pena. Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. Ressalvados os casos em que o preso trabalhe na manutenção do estabelecimento. Tendo em vista que poderá ser realizado um horário diferenciado no regime de plantão por exemplo. LEP, Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado ao trabalho. O legislador ressalva aquele que está cumprindo crime político. A LEP na verdade é de 1984 um período antes da Constituição e com isso a vinda de um regime ditatorial era ainda muito presente, então aquele que por manifestações ideológicas cometesse crime político estaria isento da obrigação do trabalho. Isso é válido porque a recusa de execução do trabalho é falta grave. Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. Em regra, o trabalho externo não é cabível para regime fechado, nesse regime o trabalho deve ser interno. Este artigo traz uma exceção. § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 19 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Quem autoriza o trabalho externo é o diretor do estabelecimento, o preso terá de ter capacidade para realizar o trabalho e responsabilidade, e deverá ter no mínimo cumprido 1/6 da pena. Antes da reforma da Lei 13.964/2019, o sistema era de 1/6, 2/5 para hediondo primário e 3/5 para hediondo reincidente, então o condenado por crime hediondo sendo primário só terá progressão com 2/5 da pena, ficando em regime fechado. Para ter autorização em trabalho externo este teria que cumprir 1/6 da pena. Candidato, o preso que começa a cumprir a pena em regime semiaberto, terá de cumprir 1/6 da pena? Não, a jurisprudência afirma que se admite a concessão do trabalho externo ao condenado em regime inicial semiaberto, independentemente do cumprimento de, no mínimo, 1/6 da pena, desde que verificadas condições pessoais favoráveis pelo Juízo das Execuções Penais. Vejamos: É assente o entendimento desta Corte no sentido de ser desnecessário o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, no mínimo, para a concessão do benefício do trabalho externo ao condenado a cumprir a reprimenda no regime semiaberto, desde que satisfeitos os demais requisitos necessários, de natureza subjetiva. (HC 282.192/RS, QUINTA TURMA, DJe 22/05/2014). Informativo 752/STF, Plenário. Trabalho externo e cumprimento mínimo de pena. A exigência objetiva de prévio cumprimento do mínimo de 1/6 da pena, para fins de trabalho externo, não se aplica aos condenados que se encontrarem em regime semiaberto. EP 2 TrabExt-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 25.6.2014. 6. Da disciplina Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho. Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório. Todos os presos são submetidos a disciplina carcerária. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 20 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado. § 2º É vedado o emprego de cela escura. § 3º São vedadas as sanções coletivas. Este artigo é um espelho do princípio da legalidade, não permitindo falta nem sansão sem anterior previsão legal ou regulamentar. Este artigo veda ainda castigos físicos e morais ao condenado, torturas de forma geral. Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. Assim que o preso adentrar o estabelecimento este terá de ser informado das normas de disciplina do local. Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela autoridadeadministrativa conforme as disposições regulamentares. É atribuição do diretor do estabelecimento a questão disciplinar, aplicação de sanções, apurações de faltas, apenas em alguns casos, algumas sanções é que serão levadas ao juiz de execução, por exemplo, para fins de regressão, revogação de autorização de saída temporária, etc. Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado. Da mesma forma que o artigo 37, o artigo 48 traz a responsabilidade disciplinar do diretor do estabelecimento, apenas enquanto que no primeiro é âmbito de PPL, este segundo trata da PRD. Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. Art. 118 regressões, Art. 125 saídas temporárias, Art. 127 perdas de dias remidos, Art. 181 conversões negativas de PRD em PPL. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 21 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! 5.1 Faltas disciplinares Conforme explica o prof. Márcio André7, caso o indivíduo descumpra alguma das normas de disciplina impostas, dizemos que ele praticou uma falta disciplinar. As faltas disciplinares classificam-se em: leves, médias e graves. Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que deverá prever ainda as punições aplicáveis. Faltas graves: estão previstas nos arts. 50 a 52 da LEP. Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções. A LEP só define as faltas graves, as faltas leves e médias serão definidas pela legislação local, assim como, suas sanções. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada. Cuidado. No Código Penal o p. único do Art. 14 afirma: “aos agentes de crimes tentados aplica-se a pena prevista para o respectivo crime consumado diminuída de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ...” Na LEP a tentativa é punível com a mesma sansão da falta consumada. A crítica é que não se utiliza a proporcionalidade neste caso, no entanto a Lei determina que não haverá diferença. Súmula 526: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. Candidato, para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave, é necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do crime doloso? Em outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-se prévia sentença judicial condenatória? O prof. Márcio André, explica que NÃO. Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave NÃO é necessário que, antes disso, ele seja condenado judicialmente pela prática do crime doloso. Esse é o entendimento consolidado no STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do 7 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 526-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0613239e122094abb4ef998c01d16958>. Acesso em: 09/06/2020. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 22 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! fato. (...) (STJ. 3ª Seção. REsp 1336561/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 25/09/2013. Recurso repetitivo) CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 526-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0613239e122094abb4ef9 98c01d16958>. Acesso em: 09/06/2020. Portanto a partir de que momento pode se reconhecer a existência da falta grave de fato? É um tema controverso, tendo em vista que a súmula deixa em aberto o momento exato. O STJ estabelece apenas que o reconhecimento da falta grave pela prática de fato definido como crime doloso prescinde do trânsito em julgado da sentença penal condenatória do processo penal instaurado para apuração do fato. Caso a prova seja objetiva o momento então será conforme a literalidade da própria súmula. No entanto se a prova for discursiva para do cargo de defensor público, por exemplo, tem a corrente que afirma a necessidade de haver apenas sentença condenatória, ainda que não transitada em julgado. Outra corrente para caso a prova discursiva seja de MP é a que afirma poder ser em momento da prática do fato definido como crime doloso, que já seria suficiente (art. 52). E em uma outra corrente de posição intermediária, afirma-se ser reconhecida a falta grave a partir do recebimento da denúncia, tendo em vista que já teria uma justa causa, um suporte probatório mínimo quanto ao fato e autoria. Súmula 533: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado. Nesta súmula o STJ afirma ser imprescindível a instauração do PAD para reconhecimento da falta disciplinar. Cuidado, existe súmula do STF dispensando defesa técnica em procedimento administrativo, contudo, na esfera de execução penal não se dispensa defesa técnica, mesmo em procedimento administrativo, tendo em vista que o PAD neste caso tem repercussão na liberdade, no cumprimento da pena, então é imprescindível a instauração do PAD assegurado a defesa técnica. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 23 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Súmula 534: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. A falta grave zera a contagem do prazo. Exemplo. O condenado que cumpre pena no regime fechado para chegar no regime semiaberto terá de cumprir 16% da pena. Imagine que ele já tivesse cumprido 10% do prazo e comete uma falta grave, deste modo esses 10% são zerados e então terá um atraso na progressão de regime, tendo que cumprir novamente 16% a partir da interrupção. Súmula 441: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional. Embora a Lei 13.964/19 tenha exigido que para livramento condicional o condenado não tenha sido punido com falta grave nos últimos 12 meses, isso não significa que todo o período aquisitivo tenha sido interrompido, então essa súmula está mantida, não foi modificada. Súmula 535: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto. Livramento condicional, comutação de pena ou indulto, a falta grave não interrompe o período aquisitivo. Agora naprogressão de regime há a interrupção. Em resumo: Prática de falta grave INTERROMPE contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena A falta grave NÃO interrompe prazo para obtenção de livramento condicional. Prática de falta grave NÃO interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir; pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 24 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Observe que fugir não necessariamente é crime, é crime evadir-se ou tentar evadir-se com violência à pessoa (Art. 352 CP), a fuga é falta grave. III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; Objetos como facas artesanais e materiais perfurantes por exemplo. IV - provocar acidente de trabalho; Conduta dolosa, não é uma situação em que tenha sido vítima de acidente,. V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; Falta grave direcionada ao regime aberto. VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei “Art. 39. Constituem deveres do condenado: II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; ” VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Posse de equipamento de comunicação. Não precisa ser o aparelho completo, pode ser a bateria, carregador, etc. VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). O legislador já havia inserido no Art. 9-A §8º que seria falta grave tal recusa. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório. Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave... O começo do Art. 52 seria praticamente o inciso IX, mais uma falta grave. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 25 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! 6.2 Prescrição da falta grave Apesar do silêncio da LEP segundo o entendimento pacífico dos Tribunais Superiores é de três anos o prazo prescricional para aplicação de sanção administrativa disciplinar decorrente da prática de falta grave no curso da execução penal, uma vez que, ante a inexistência de legislação específica acerca da matéria, aplica-se o disposto no art. 109, VI, do Código Penal, considerando-se, assim, o menor lapso temporal previsto. Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que: I – descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; II – retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta; III – inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. “Art. 39. Constituem deveres do condenado: II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; ” 7. Regime disciplinar diferenciado O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), disposto no artigo 52 da LEP (Lei de Execução Penal) é uma forma especial de cumprimento da pena no regime fechado, que consiste na permanência do presidiário (provisório ou condenado) em cela individual, com limitações ao direito de visita e do direito de saída da cela. Vejamos: Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019. Vejamos o antigo e atual cenário legislativo: pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 26 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Antiga redação do texto da LEP (antes do PAC8) Nova redação do texto da LEP com a introdução pela Lei nº 13.964/2019 I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II - recolhimento em cela individual; III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie; II - recolhimento em cela individual; III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; Uma questão pertinente é que a Lei agravou ainda mais as condições do RDD e como há um agravamento em relação a prisão e a liberdade foi mais restringida, alguns entendem que não poderá retroagir, tendo em vista o caráter penal predominante, além de que cria uma situação mais gravosa para o preso. Desta forma as novas restrições e regras como visitas por exemplo só deverão ser aplicadas as novas sanções. Há quem diga, no entanto, que é norma puramente processual penal e tem aplicação imediata. Terá de se aguardar também um posicionamento jurisprudencial. V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário; VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; Outra discussão é acerca da inviolabilidade das comunicações postais, a CF diz que é inviolável. O que foi mitigado e é objeto de Lei 9.296/96, foi a interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas. Mais uma questão que se aguarda jurisprudência, no entanto a tendência do quadro no STF é prevalecer a tese de alguns ministros de que não há direito absoluto, mas terá que ser evidenciado no cenário concreto o risco para fundamentaressa fiscalização. 8 PAC: Pacote Anticrime – Lei nº 13.964/2019. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 27 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso. Não será obrigatoriamente, inclusive já era algo comum no RDD esse tipo de procedimento. § 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade; Hipótese para aplicação do RDD – Auto risco. II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave. Mais uma hipótese para aplicação do RDD – Envolvimento com organização criminosa. § 2º (Revogado). § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal. Se houver liderança ou atuação em dois ou mais Estados, o RDD será cumprido em presídio Federal. § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso: Nas hipóteses do § 1º e § 3º, nestes casos o RDD poderá ser prorrogado sucessivamente por períodos de 1 ano. I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 28 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário. Ou seja, vai ficar no RDD renovando por prorrogações de ano em ano. § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. Uma recomendação de alta segurança interna e externa. § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. A visita que agora será quinzenal, será gravada (áudio e vídeo) e se houver autorização judicial será fiscalizada pelo agente. § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.” Após os 6 (seis) primeiros meses de RDD, se o preso não receber visita, poderá ser substituída por contato telefônico. Esse contato por intermédio de vídeo conferência acaba por facilitar o contato da família com o preso pela dificuldade muitas vezes de locomoção da família, que de forma quinzenal se deslocaria para outro estado, por exemplo. Art. 53. Constituem sanções disciplinares: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único); IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 29 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Essas quatro primeiras sanções são impostas pelo diretor do estabelecimento, ou seja, não há necessidade de manifestação judicial para aplicações destas sanções. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003). É uma decisão judicial, a representação é encaminhada pelo diretor do estabelecimento. Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003). § 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003). Há uma manifestação prévia do diretor para aplicação do RDD. § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003). A inclusão do RDD exige a provocação da autoridade administrativa e a manifestação do MP e da defesa havendo um contraditório, havendo discussão em torno da medida, na qual o juiz irá decidir no prazo de 15 dias. Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003). Quem estabelece é o próprio diretor, ressalvada a hipótese do RDD que durará 2 anos prorrogáveis sem limites. Lembre-se que isolamento não se confunde com solitária, esse isolamento é na própria cela ou em lugar adequado, cela escura é considerado tortura. Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao Juiz da execução. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 30 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003). Este artigo possui uma questão de natureza cautelar. Os 10 dias de isolamento cautelar serão descontados do limite máximo de 30 dias imposto pelo art.58. Bem como a inclusão no RDD cautelar dependerá do despacho de juiz competente. Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da sanção disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003). Regra de Mandela nº 4 1. Em nenhuma hipótese devem as restrições ou sanções disciplinares implicar em tortura ou outra forma de tratamento ou sanções cruéis, desumanos ou degradantes. As seguintes práticas, em particular, devem ser proibidas:a) Confinamento solitário indefinido; b) Confinamento solitário prolongado; c) Encarceramento em cela escura ou constantemente iluminada d) Castigos corporais ou redução da dieta ou água potável do preso; e) Castigos coletivos. A regra de Mandela não proíbe o confinamento solitário, apenas proíbe que este ocorra por tempo indefinido e por tempo prolongado, que no caso segunda a regra 44 seria mais de 15 dias. Regra de Mandela nº 44 Para os objetivos destas Regras, o confinamento solitário refere-se ao confinamento do preso por 22 horas ou mais, por dia, sem contato humano significativo. O confinamento solitário prolongado refere-se ao confinamento solitário por mais de 15 dias consecutivos. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 31 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! Observe que o RDD mantém o preso por 22horas dentro da sala e tem 2 horas de saída para banho de sol. Mas entra em conflito com o RDD tendo em vista que ficará no confinamento solitário por muitos mais de 15 dias, (2 anos com possibilidade de prorrogações). Regra de Mandela nº 45 1. O confinamento solitário será utilizado somente em casos excepcionais como último recurso, pelo menor prazo possível e sujeito a uma revisão independente, e somente de acordo com autorização de autoridade competente. Não deverá ser imposto como consequência da sentença do preso. Ou seja, o confinamento solitário ele não pode ser diretamente imposto da sentença condenatória, ele é apenas uma sanção dentro das hipóteses do art. 52 da LEP. 2. A determinação de confinamento solitário será proibida no caso de preso portador de deficiência mental ou física quando essas condições possam ser agravadas por tal medida. A proibição do uso do confinamento solitário e de medidas similares em casos envolvendo mulheres e crianças, como referido em outros padrões e normas das Nações Unidas sobre prevenção ao crime e justiça criminal,29 permanece aplicável. 8. Recompensas Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho. As benesses concedidas em relação ao bom comportamento. Art. 56. São recompensas: I - o elogio; II - a concessão de regalias. Regalias dentro do sistema prisional, caso haja condição, será um horário maior de lazer, assistir uma televisão, ter acesso a jornais e revistas, etc. Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabelecerão a natureza e a forma de concessão de regalias. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 32 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! 9. Execução das penas privativas de liberdade Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução. O primeiro passo com o trânsito em julgado, é a expedição da guia de recolhimento ou guia de execução. Observação. Lembre-se que no caso execução provisória o STF em decisão recente do final de 2019, mudou entendimento (mantendo o texto constitucional), exigindo a necessidade de só autorizar a execução provisória quando decretada a prisão preventiva. Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal. O regime inicial de cumprimento é fixado de acordo com a quantidade de pena imposta (art. 33, § 2º) e com as condições pessoais do condenado (primariedade ou reincidência) art. 33, § 3º c/c critérios previstos no art. 59 CP circunstâncias judiciais do caput + inciso III. Vejamos: - Regime fechado: condenado a pena superior a 8 (oito) anos. Regime Inicial. - Regime Semiaberto: condenado não reincidente, a pena superior a 4 (quatro) anos e não superior a 8 (oito) anos. Sendo primário, com circunstâncias judiciais favoráveis e 4 < P ≤ 8. Obs. Súmula 269 STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. ” O STJ abriu a possibilidade do semiaberto para reincidentes (pela lei seria regime fechado), desde que com pena no patamar do regime aberto. Obs. Súmula 440 - STJ: “É vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade do delito”. Ou seja, se a pena base ficar no mínimo legal e o réu é primário, o juiz não poderá estabelecer o regime mais gravoso com base únicamente na gravidade em abstrato do fato. pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce pedro silva Realce 33 Manual Caseiro Direito Administrativo – De na Súmula!!! - Regime Aberto: condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos. P≤4. Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Se o sujeito for condenado por mais de um crime (no mesmo processo ou em processos distintos), o regime vai ser estabelecido não para cada crime individualmente, mas após a fixação das penas, o juiz fará o somatório com a unificação das penas e estabelecerá o regime inicial. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. Exemplo. Caso hipotético em que já se cumpriu 6 meses de uma pena de 6 anos em regime semiaberto (restando agora apenas 5 anos e 6 meses), sobrevém neste momento uma condenação de 3 anos por outro crime, então os 3 anos serão somados aos 5 anos e 6 meses restantes da primeira condenação, resultando 8 anos e 6 meses totais, passando para o regime fechado. O informativo nº 0621. Terceira Seção traz: A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das penas, não encontra respaldo legal. As Turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em consonância com a compreensão do Supremo Tribunal Federal acerca do tema, possuíam o entendimento pacificado de que, sobrevindo condenação definitiva ao apenado, por fato anterior ou posterior ao início da execução penal, a contagem do prazo para concessão de futuros benefícios seria interrompida, de modo que o novo cálculo, realizado com base no somatório das penas, teria como termo a quo a data do trânsito em julgado da última sentença condenatória... A unificação de nova condenação definitiva já possui o condão de recrudescer o quantum de pena restante a ser cumprido pelo reeducando, logo, a alteração da data-base para concessão
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