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Execução Penal

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SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
1. EXECUÇÃO PENAL E JUSTIÇA RESTAURATIVA ...................................... 4 
1.1. Jurisdição ....................................................................................................... 6 
1.2. Finalidade da pena e justiça restaurativa ....................................................... 7 
2. CLASSIFICAÇÃO .......................................................................................... 9 
2.1. Antecedentes ................................................................................................ 10 
2.2. Personalidade ............................................................................................... 11 
2.3. Diferenças entre exame de classificação e exame criminológico ................. 13 
2.4. Comissão técnica de classificação ............................................................... 14 
2.5. O exame criminológico ................................................................................. 14 
2.6. Identificação do perfil genético e constitucionalidade da medida ................. 15 
2.7. Crimes que os autores devem ser submetidos a identificação genética ...... 22 
3. DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DAS DISCIPLINAS DO PRESO ......... 23 
3.1. Das disciplinas .............................................................................................. 24 
3.1.1. Das faltas graves .......................................................................................... 26 
3.1.2. Do regime disciplinar diferenciado ................................................................ 29 
4. PROGRESSÃO DA PENA ........................................................................... 33 
4.1. Critérios objetivos ......................................................................................... 35 
4.2. Critérios subjetivos ....................................................................................... 37 
4.3. Comentários do veto ao § 7º ........................................................................ 38 
4.4. Progressão especial ..................................................................................... 39 
4.5. Competência ................................................................................................ 40 
4.6. Progressão por saltos ................................................................................... 41 
4.7. Progressão para regime aberto .................................................................... 42 
4.8. Da prisão albergue domiciliar ....................................................................... 44 
5. LIVRAMENTO CONDICIONAL .................................................................... 45 
5.1. Requisitos do livramento condicional ............................................................ 45 
5.2. Condições do livramento .............................................................................. 48 
5.3. Cerimônia de livramento ............................................................................... 49 
 
 
 
 
5.4. Revogação do livramento ............................................................................. 50 
5.5. Extinção da pena restritiva de liberdade ....................................................... 53 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 55 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno, 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
Bons estudos! 
 
4 
 
 
1. EXECUÇÃO PENAL E JUSTIÇA RESTAURATIVA 
 
Sobre a lei de execução penal, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 se faz 
necessário iniciarmos com sua conceituação, NUCCI (2021) conceitua como “a fase 
processual a qual o Estado faz valer a pretensão executória da pena, tornando efetiva 
a punição do agente e concretizando as finalidades da sanção penal. A execução da 
pena se inicia após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, sem 
necessidade de nova citação, pois, o sentenciado foi cientificado tanto da ação penal 
quanto da sentença condenatória e sabe o conteúdo do título a ser cumprido, com 
exceção quanto à pena de multa, que é cobrada como dívida ativa da Fazenda 
Pública. LEP, art. 1º. A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de 
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração 
social do condenado e do internado. “ A doutrina o trata como um direito autônomo: 
 
O direito de execução penal deve ser considerado um ramo autônomo do 
ordenamento jurídico, regido por legislação própria, embora coligado ao 
direito penal e ao processo penal, disciplinas das quais aufere os princípios 
constitucionais que o inspiram. Trata-se de ciência independente, com metas 
próprias, embora jamais se desvincule do Direito Penal e do Direito 
Processual Penal, por razões inerentes à sua própria existência. A sua base 
constitucional e os direitos e garantias individuais que o norteiam advêm do 
Direito Penal e do Processo Penal, constituindo essa a sua vinculação. A 
autonomia decorre de legislação específica (Lei Federal 7.210/84), além de 
se poder apontar a existência de inúmeras Varas Privativas de Execução 
Penal, evidenciando a especialidade da atividade judiciária. Por outro lado, a 
natureza complexa de sua manifestação, abrangendo aspectos jurisdicionais 
e administrativos, compõe o seu quadro peculiar em face dos demais ramos 
do Direito. A insuficiência da denominação Direito Penitenciário, quando 
utilizada para se referir à execução penal, torna-se nítida, na medida em que 
a Lei de Execução Penal cuida de temas muito mais abrangentes do que o 
cumprimento de penas em regime fechado nas penitenciárias. (NUCCI, 2021. 
P. 226) 
 
Com relação ao objeto da execução é certo de que seja a sentença penal. 
 
O objeto da execução penal é a sentença penal. Nesta, haverá uma pena 
concreta (que poderá ser suspensa) ou uma medida de segurança aplicada 
no que se chama absolvição imprópria. Diz-se que a sentença é condenatória 
quando dá provimento ao pedido da acusação, que é o de condenar o réu. 
Se a sentença não dá provimento ao pedido, absolvendo-o, será absolutória. 
Pressupõe-se que da absolvição não derive consequência penal ao réu. 
Porém, sendo ele inimputável, será absolvido por inexistência de 
culpabilidade, mas receberá uma medida de segurança. A doutrina intitula 
essa sentença de absolutória imprópria. De acordo com a legislação penal, 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.210-1984?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.210-1984?OpenDocument
 
5 
 
 
as penas permitidas são a privativa de liberdade, restritiva de direitos e multa. 
(BRITO, 2020. P. 44-45) 
 
NUCCI afirma: 
 
A sentença condenatória é o título principal a ser executado pelo juízo próprio 
(de preferência, na especializadaVara de Execuções Penais), mas há, 
também, decisões interlocutórias proferidas durante a execução da pena, que 
devem ser efetivadas, seguindo-se a individualização executória da sanção. 
As decisões mais comuns dizem respeito à transferência de regime (fechado 
ao semiaberto; semiaberto ao aberto), declaração de remição, deferimento 
de livramento condicional, aplicação de indulto ou comutação, dentre outras. 
Aguarda-se, ainda, a finalização da execução por meio de sentença, 
declarando-se extinta a punibilidade do sentenciado. (NUCCI, 2021. P. 19) 
 
Sendo a fase que a pena será cumprida, é como norma reguladora maior 
acerca da execução penal a Constituição federal de 1988, vejamos alguns incisos do 
artigo 5º da CF/88: 
 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as 
seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com 
a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam 
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;(BRASIL, 
1998) 
 
Sabe-se que as diferentes disciplinas do direito possuem princípios 
constitucionais a serem seguidos, não é diferente na disciplina do direito penal e no 
processo penal, pois tratam da liberdade do ser humano, também pode incidir sobre 
a execução penal, normas penais, processuais e administrativas, NUCCI explica: 
 
Quanto à individualização da pena, sabe-se que há três aspectos a 
considerar: (a) individualização legislativa: feita pelo Poder Legislativo ao criar 
 
6 
 
 
um tipo penal incriminador inédito; (b) individualização judicial: na sentença 
condenatória, deve o magistrado fixar a pena concreta, escolhendo o valor 
cabível, entre o mínimo e o máximo, abstratamente previstos pelo legislador, 
além de optar pelo regime de cumprimento da pena e pelos eventuais 
benefícios (penas alternativas, suspensão condicional da pena etc.); (c) 
individualização executória: a terceira etapa da individualização da pena se 
desenvolve no estágio da execução penal. Esta parte é, normalmente, 
desconhecida – ou mal compreendida – dos estudiosos das ciências 
criminais. A sentença condenatória não é estática, mas dinâmica. Um réu 
condenado ao cumprimento da pena de reclusão de doze anos, em regime 
inicial fechado, pode cumpri-la exatamente em doze anos, no regime fechado 
(basta ter péssimo comportamento carcerário, recusar-se a trabalhar etc.) ou 
cumpri-la em menor tempo, valendo-se de benefícios específicos (remição, 
comutação, progressão de regime, livramento condicional etc.). Por fim, é 
preciso destacar que a execução penal não possui princípios constitucionais 
exclusivos; na realidade, os princípios penais e processuais penais são 
compartilhados com o Direito de Execução Penal. (NUCCI, 2021. P. 225) 
 
Ainda sobre a execução penal de forma geral deve ser observado acerca de 
sua natureza jurídica. 
 
Cuida-se da atividade jurisdicional, voltada a tornar efetiva a pretensão 
punitiva do Estado, em associação à atividade administrativa, fornecedora 
dos meios materiais para tanto. Portanto, um processo de natureza mista, 
abrangendo aspectos jurisdicionais e administrativos. É preciso frisar caber à 
União, privativamente, a competência para legislar em matéria de execução 
penal, quando as regras concernirem à esfera penal ou processual penal (art. 
22, I, CF). Esse é o contexto básico da execução penal, abrangendo tanto 
penal quanto processo penal, no seu lado jurisdicional. Envolve-se, ainda, 
com o Direito Penitenciário, vinculado à organização e funcionamento de 
estabelecimentos prisionais, normas de assistência ao preso ou ao egresso, 
órgãos auxiliares da execução penal, entre outros temas correlatos à parte 
administrativa da execução, cuja competência legislativa é da União, mas 
concorrentemente com os Estados e Distrito Federal (art. 24, I, CF). (NUCCI, 
2021. P. 226) 
 
1.1. Jurisdição 
 
Sobre jurisdição, como vimos anteriormente compete à União, exclusivamente, 
a competência para legislar acerca da execução penal, se tratarem de regras 
referentes ao direito penal ou processual penal, “Art. 22. Compete privativamente à 
União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; ” (BRASIL, 1998). No entanto seguindo 
com a leitura do art. 24, I: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, 
econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019). (BRASIL, 1988). Vimos que 
 
7 
 
 
há uma concorrência da competência para legislar sobre o direito penitenciário e se 
tratando de execução penal é evidente o envolvimento do direito penitenciário, NUCCI 
explica: 
 
Envolve-se, ainda, com o Direito Penitenciário, vinculado à organização e 
funcionamento de estabelecimentos prisionais, normas de assistência ao 
preso ou ao egresso, órgãos auxiliares da execução penal, entre outros 
temas correlatos à parte administrativa da execução, cuja competência 
legislativa é da União, mas concorrentemente com os Estados e Distrito 
Federal (art. 24, I, CF). (NUCCI, 2021. P. 226) 
 
Outro ponto importante é a explicação acerca da jurisdição ordinária e especial: 
 
Ordinária é a jurisdição comum – federal ou estadual – não concernente a 
nenhuma matéria específica, fixada pela Constituição. Por outro lado, em 
relação à chamada jurisdição especial, tratando de matéria específica, 
constitucionalmente prevista, somente há possibilidade de haver condenação 
criminal na Justiça Eleitoral ou na Justiça Militar. Para delimitar a competência 
do juízo da execução penal, segue-se a Súmula 192 do Superior Tribunal de 
Justiça: “Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das 
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, 
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual”. Em 
suma, se o presídio é estadual, compete ao juiz estadual executar a pena. Se 
é federal, ao juiz federal. Se militar, cabe ao juiz militar. Portanto, depende do 
local para onde é levado o condenado para que se saiba o juízo das 
execuções competente. Lembremos a existência de presídios estaduais, 
federais e militares (mas não há eleitorais; condenados com fundamento em 
crime eleitoral, podem seguir para presídios estaduais ou federais). LEP, art. 
2º. A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o 
Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na 
conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Parágrafo único. 
Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela 
Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à 
jurisdição ordinária. (NUCCI, 2021. P. 226) 
 
1.2. Finalidade da pena e justiça restaurativa 
 
A pena de prisão, por substituir as penas de morte ou corporais, já pode ser 
considerada um progresso, porém ela não surge com a finalidade de servir como 
sanção penal, mas para garantir a execução de outras penas. Em seus primórdios a 
pena de prisão surge apenas com caráter retributivo, o qual a finalidade é de punir, o 
que se tem em discussão seria o caráter preventivo da pena (reeducação e 
ressocialização), o qual alguns doutrinadores tendem a negar que a execução penal 
possua essa característica, NUCCI explica: 
 
8 
 
 
Temos sustentado que a pena tem vários fins comuns e não excludentes: 
retribuição e prevenção. Na ótica da prevenção,sem dúvida, há o aspecto 
particularmente voltado à execução penal, que é o preventivo individual 
positivo (reeducação ou ressocialização). Uma das importantes metas da 
execução penal é promover a reintegração do preso à sociedade. E um dos 
mais relevantes fatores para que tal objetivo seja atingido é proporcionar ao 
condenado a possibilidade de trabalhar e, atualmente, sob enfoque mais 
avançado, estudar. Já tivemos oportunidade de expor, em nossa obra 
Individualização da Pena, que o caráter retributivo da pena vem expresso em 
lei, como se vê no disposto no art. 59 do CP: “O juiz, atendendo à 
culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do 
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como 
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime: I – as penas aplicáveis 
dentre as cominadas; II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites 
previstos; III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV – a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por outra espécie 
de pena, se cabível”. Deve-se mencionar, ainda, o disposto no art. 121, § 5.º, 
do Código Penal, salientando ser possível ao juiz aplicar o perdão judicial, 
quando as consequências da infração atingirem o próprio agente de maneira 
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária, evidenciando o caráter 
punitivo da pena. Aliás, na origem do termo, que vem do grego “poine”, pena 
significa vingança, ódio, ou ainda, nas palavras de ANA MESSUTI “a 
retribuição destinada a compensar um crime, a expiação de sangue”. Por 
outro lado, o caráter preventivo da pena desdobra-se em dois lados: a) geral, 
subdividido noutros dois: a.1) preventivo positivo: a aplicação da pena tem 
por finalidade reafirmar à sociedade a existência e força do Direito Penal; a.2) 
preventivo negativo: a pena concretizada fortalece o poder intimidativo 
estatal, representando alerta a toda a sociedade, destinatária da norma penal; 
b) especial, também se subdivide em dois aspectos: b.1) preventivo positivo: 
é o caráter reeducativo e ressocializador da pena, buscando preparar o 
condenado para uma nova vida, respeitando as regras impostas pelo 
ordenamento jurídico. A Lei de Execução Penal preceitua: “a assistência ao 
preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e 
orientar o retorno à convivência em sociedade” (art. 10, caput). Ademais, o 
art. 22, da mesma Lei, dispõe: “a assistência social tem por finalidade 
amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade”; b.2) 
preventivo negativo: significa voltar-se a pena igualmente à intimidação do 
autor da infração penal para que não torne a agir do mesmo modo, além de, 
conforme o caso, afastá-lo do convívio social, garantia maior de não tornar a 
delinquir, ao menos enquanto estiver segregado. São as múltiplas facetas da 
pena. (NUCCI, apud MESSUTI 2021. P. 23) 
 
BRITO aborda o tema das finalidades da pena da seguinte forma: 
 
É evidente que a pena privativa de liberdade pessoal é em si mesma um mal: 
um mal para a pessoa sobre quem é imposta, mas também um mal para a 
sociedade constrangida a recorrer a ela, como mortificação pela falência da 
prevenção, falência da qual a pena é viva testemunha, com dispêndio de 
meios, com escassez de perspectiva de sucesso quanto à prevenção 
especial. Justamente por isso se propõe por meio da pena privativa de 
liberdade, como por meio da pena em geral, uma suposta finalidade educativa 
e socializante. Todavia, todos sabemos que a pena privativa de liberdade não 
nasceu de uma exigência de (re) educação ou de (res) socialização, mas sim 
de uma dupla intenção totalmente diversa: a necessidade de isolar o culpado 
 
9 
 
 
da sociedade e a exigência de substituir com uma punição menos bárbara as 
penas desumanas, degradantes e extremas que marcaram por muito tempo 
o direito punitivo. Por quantos esforços se tenham feito e por quantos 
façamos sobre o terreno da humanização da pena detentiva e a favor de uma 
organização apta a assegurar-lhe uma função educativa, é certo que sobre 
este último aspecto a pena privativa de liberdade apresentará limites 
insuperáveis. Ela deverá procurar de todo modo absorver a finalidade de 
incremento, mas não poderá nunca ser prescrita como o melhor meio para 
realizar essa finalidade (Vassalli. Scritti giuridici, p. 1.628. t. 1. v. 2). (...) A Lei 
de Execução Penal preocupou-se com o envolvimento da sociedade civil no 
processo de “ressocialização”. E a justificativa surge com clareza do texto de 
René Ariel Dotti: “a execução das penas e Medidas de Segurança à revelia 
da participação eficaz da sociedade, além de institucionalizar mais 
gravemente a pena de proscrição, ou seja, uma reprise em circuito fechado 
da antiga pena da perda da paz impede que o condenado possa alcançar a 
ressocialização como objetivo racional e dogmático de um fim social da pena 
e não como esperança mirífica da recuperação moral, tão recitada pelos 
samaritanos da redenção espiritual” (Dotti. Reforma penal brasileira, p. 273). 
A pena é sofrida pelo autor e percebida pelos seus contemporâneos (Welzel. 
Derecho penal alemán, p. 281). Nessa categoria incluem--se familiares, 
vítimas e toda a sociedade, enquanto o homem existir. Submeter o cidadão a 
uma pena deve significar proporcionar ao Estado a reprovação do fato 
cometido e, ao condenado as condições de acréscimos pessoais rumo à 
sintonia com os valores e a cultura vivida em sua comunidade. É por isso que 
todos os institutos ligados à Execução Penal devem ter como finalidade 
diminuir os efeitos ou evitar as consequências danosas do cárcere, o que 
significa formular e aplicar institutos sempre voltados a diminuir a 
permanência do condenado na prisão. Nos moldes de uma execução 
construtivista da pena, deve--se procurar restabelecer as relações 
interpessoais entre os envolvidos (condenados, funcionários, técnicos, 
cidadãos livres), ainda que na condução dessa finalidade se possa abrir mão 
de métodos rigorosos de “tratamento”. (BRITO, apud VASSALLI; DOTTI; 
WELZEL. 2020. P. 57-58) 
 
2. CLASSIFICAÇÃO 
 
A classificação é um sistema utilizado como forma de garantia da 
individualização da pena, previsto no artigo 5º da LEP: “Art. 5º Os condenados serão 
classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a 
individualização da execução penal. ” (BRASIL, 1984) NUCCI explica: 
 
Classificar, em sentido amplo, significa distribuir em grupos ou classes, 
conforme determinados critérios. No caso da Lei de Execução Penal, torna-
se fundamental separar os presos, determinando o melhor lugar para que 
cumpram suas penas, de modo a evitar o contato negativo entre reincidentes 
e primários, pessoas com elevadas penas e outros, com penas brandas, 
dentre outros fatores. Em suma, não se deve mesclar, num mesmo espaço, 
condenados diferenciados. A individualização da pena é preceito 
constitucional (art. 5.º, XLVI, CF) e vale tanto para o momento em que o 
magistrado condena o réu, aplicando a pena concreta, quanto para a fase da 
execução da sanção. Por isso, conforme os antecedentes e a personalidade 
 
10 
 
 
de cada sentenciado, orienta-se a maneira ideal de cumprimento da pena, 
desde a escolha do estabelecimento penal até o mais indicado pavilhão ou 
bloco de um presídio para que seja inserido”. (NUCCI, 2021. P. 37) 
 
BRITO também aborda com relação a classificação do condenado: 
 
Todos são diferentes. Nesse sentido, o juiz deverá considerar as 
circunstâncias legais e judiciais no momento da aplicação da pena. A 
execução não poderá ser diferente, e caberá ao juiz individualizar também o 
cumprimento da pena em conformidade com as circunstâncias legais e 
particulares de cada condenado. Uma boa política carcerária começa pela 
obrigação de classificar os condenados e estabelecer o grupo com o qual 
conviverá durante a execução (Medeiros. Prisões abertas,p. 79). Este 
mandamento vem estampado no art. 5o da LEP: “Os condenados serão 
classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar 
a individualização da execução penal”. Os antecedentes evidenciam as 
peculiaridades objetivas do (s) fato (s) criminoso (s), e a personalidade e as 
características subjetivas de ordem psicológica e biológica do agente. A 
aplicação das penas com base somente na natureza do delito e dissociada 
da personalidade do acusado é um erro, que, no pensar de Rui Medeiros, 
torna a Justiça Criminal impotente e inócua (Medeiros. Op. cit., p. 44-45). 
(BRITO, apud MEDEIROS. 2020. P. 98) 
 
Sabendo dos critérios para classificação, vejamos acerca dos antecedentes e 
personalidade segundo a doutrina atual de NUCCI. 
 
2.1. Antecedentes 
 
A classificação com base nos antecedentes NUCCI (2021) explica que “trata-
se de tudo o que em relação a jurisdição penal tenha ocorrido ao indivíduo, se tratando 
de toda a sua vida pregressa em matéria criminal. Antes da Reforma da Parte Geral 
de 1984, cabia o entendimento de que os antecedentes atingiriam todo o passado do 
sentenciado, desde as condenações existentes até o seu relacionamento nos vários 
setores da sociedade (na família, no trabalho, na vizinhança etc.). Porém, atualmente 
os antecedentes destacaram-se da expressão conduta social – igualmente inserida 
no art. 59 do Código Penal – circunscrevendo-se à análise da folha de antecedentes 
criminais, então o termo “antecedentes” refere-se ao registro da prática de infrações 
penais, originando, uma divergência para definir, exatamente, quais anotações 
criminais poderiam ser levadas em consideração para se afirmar que determinada 
pessoa possui maus antecedentes. Com o advento dessa reforma na parte geral 
 
11 
 
 
formaram-se duas correntes, a primeira afirma que todos os registros constantes da 
folha de antecedentes podem ser levados em conta, tais como inquéritos em 
andamento ou arquivados, processos em andamento ou extintos, processos em que 
houve absolvição, processos em que houve condenação, enfim, tudo o que o juiz 
quiser considerar; já a segunda caberá somente aos registros de condenações com 
trânsito em julgado, afastando-se inquéritos e processos em andamento e os que 
foram arquivados ou extintos sem solução condenatória. A segunda posição em 
matéria penal, prevalece, hoje está sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça: “É 
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a 
pena-base” (súmula 444). Sendo assim, a classificação do condenado, regida nos 
termos do art. 5.º da LEP, deve fundamentar-se com base no sumulado pelo STJ e na 
segunda posição apresentada. Importante ressaltar que o legislador opta por inserir o 
termo antecedentes para a classificação do condenado – e não reincidência. Sendo 
este último é mais específico, enquanto aquele é mais amplo. Reincidente é quem 
volta a praticar conduta criminosa após haver sentença penal condenatória transitada 
em julgado, porém, essa condenação, com pena cumprida ou extinta, tem um prazo 
de caducidade de cinco anos, vencido esse prazo, se o indivíduo voltar a cometer um 
crime, será considerado primário, essa afirmação tem por base o artigo 64, I, CP, com 
relação aos antecedentes , sendo esses registros de condenações definitivas, o prazo 
não decairá, sobre essa verificação, deve o diretor do estabelecimento penitenciário 
evitar que reincidentes se misturem com primários, assim como deve separar os 
apenados com vários antecedentes daqueles que não os possuam antes da presente 
condenação. ” 
 
2.2. Personalidade 
 
Seguindo sobre a classificação trataremos sobre a personalidade, essa por sua 
vez está vinculada a características individuais da pessoa NUCCI (2021) explica que 
“se trata de um conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada, 
parte adquirida, a personalidade por si só possui uma estrutura complexa, constituindo 
um conjunto somatopsíquico (ou psicossomático) no qual se integra um componente 
 
 
12 
 
 
morfológico, estático, que é a conformação física; um componente dinâmico-humoral 
ou fisiológico, que é o temperamento; e o caráter, que é a expressão psicológica do 
temperamento (...). Sobre a personalidade há elementos hereditários e 
socioambientais, cabendo também a experiências da vida moldarem a sua evolução 
individual, sendo assim a personalidade se molda em cinco fases bem caracterizadas: 
infância, juventude, estado adulto, maturidade e velhice. Também é imprescindível, 
que haja uma análise do meio e das condições onde o sentenciado se formou e viveu, 
até chegar ao presídio, e aqui temos um ponto interessante, pois um cidadão nascido, 
livre de dificuldades e privações de ordem econômica ou mesmo de abandono 
familiar, quando tende ao crime, deve ele ser observado mais rigorosamente do que 
o miserável, que tenha praticado uma infração penal, para garantir sua sobrevivência. 
Com tudo abordado acerca da personalidade é evidente que ela não é algo estático, 
e se encontra em constante mutação, estímulos e traumas de toda ordem agem sobre 
ela. Após ter cumprido vários anos de pena privativa de liberdade em regime fechado, 
é correto entender que se tenha alterado sua personalidade. São alguns exemplos de 
fatores positivos da personalidade: bondade, calma, paciência, maturidade, 
responsabilidade, tolerância, honestidade, solidariedade. São alguns fatores 
negativos: maldade, agressividade (hostil ou destrutiva), impaciência, rispidez, 
hostilidade, imaturidade, irresponsabilidade, intolerância (racismo, homofobia, 
xenofobia). ” Seguindo sobre a personalidade NUCCI cita SICHES: 
 
Vale citar a lição de Recaséns Siches: “a personalidade concreta de cada 
indivíduo humano constitui o resultado da íntima combinação de múltiplos e 
variados componentes, entre os quais figuram os mencionados a seguir: a) 
fatores biológicos ‘constitucionais’ como: os fatores genéticos (genes, 
cromossomos etc.); os componentes químicos determinados pelas glândulas 
de secreção interna (...), estatura, pigmentação, tipos somáticos etc.; b) grau 
de desenvolvimento biológico, por ex., idade; c) fatores biológicos adquiridos, 
como, por ex., os efeitos da alimentação (...); os efeitos de determinados 
intoxicantes; os efeitos de certas drogas etc.; d) fatores psíquicos 
‘constitucionais’, como, por ex., o caráter frio ou apaixonado, nervoso ou 
tranquilo; extroversão ou introversão etc.; e) fatores psíquicos adquiridos, 
como, por ex., os hábitos, formas mecanizadas ou automatizadas de conduta 
que se constituíram sob a influência de fatores diversos, por decisão 
voluntária inicial, sob a pressão do ambiente social, pela educação etc.; f) 
fatores sociais e culturais, por ex., tudo o que o sujeito aprende dos demais 
seres humanos, tanto dos indivíduos com quem está em contato direto (...), 
além de convicções coletivas vigentes, costumes, usos (...) profissão ou ofício 
(...), a fé religiosa (...), as convicções políticas (...), o fato de ter como língua 
materna um idioma meramente vernáculo, ou um idioma que é veículo de 
 
13 
 
 
 
comunicação universal no mundo da cultura etc.”. (NUCCI, Apud SICHES 
2021. P. 38) 
 
2.3. Diferenças entre exame de classificação e exame criminológico 
 
Antes de continuarmos a análise acerca do título II do condenado e do 
internado capítulo I da lei de execução penal, é importante diferenciarmos o exame 
de classificação e exame criminológico: 
 
O primeiro é mais amplo e genérico, envolvendo aspectos relacionados à 
personalidade do condenado, seus antecedentes, sua vida familiar e social, 
sua capacidade laborativa, entre outros fatores, aptos a evidenciar o modo 
pelo qual deve cumprir sua pena no estabelecimento penitenciário (regime 
fechado ou semiaberto); o segundo é mais específico, abrangendo a parte 
psiquiátrica do exame de classificação, pois concede maior atenção à 
maturidadedo condenado, sua disciplina, capacidade de suportar frustrações 
e estabelecer laços afetivos com a família ou terceiros, além de captar o grau 
de agressividade, visando à composição de um conjunto de fatores, 
destinados a construir um prognóstico de periculosidade, isto é, da tendência 
a voltar à vida criminosa. Em verdade, o exame de classificação, o exame 
criminológico e o parecer da Comissão Técnica de Classificação não diferiam, 
na prática, constituindo uma única peça, feita, por vezes, pelos mesmos 
profissionais em exercício no estabelecimento prisional. Logo, cabia ao 
magistrado extrair os aspectos interessantes à sua análise no tocante à 
personalidade, à tendência do sentenciado à delinquência, à sua disciplina e 
à adaptabilidade ao benefício que almejava conquistar. Nas palavras de 
Mirabete, “as duas perícias, a criminológica e a da personalidade, colocadas 
em conjugação, tendem a fornecer elementos para a percepção das causas 
do delito e indicadores para sua prevenção”. Quando a Comissão Técnica de 
Classificação se incumbia de elaborar os seus exames ou pareceres, durante 
toda a execução, desde o início até os momentos de progressão de regime 
ou para a obtenção de livramento condicional, havia uma única peça (um dos 
componentes da CTC é o psiquiatra). Passando a Comissão a realizar 
somente o exame inicial de classificação, quando o Judiciário exigir o exame 
criminológico, esta avaliação deverá ser realizada pelo psiquiatra forense, por 
meio de um laudo. Entretanto, em muitos casos, na falta desse profissional, 
tem-se emitido o exame criminológico em termos variados: ora surge como 
um parecer da Comissão Técnica de Classificação; ora aparece como um 
simples laudo psicológico; ora emerge como um parecer de alguns diretores 
de serviço do presídio, junto com um psicólogo ou com um assistente social. 
Enfim, inexiste um padrão, na prática. Alguns magistrados aceitam qualquer 
espécie de avaliação para analisar o direito à progressão ou ao livramento 
condicional; outros exigem o exame do psiquiatra; porém, na realidade, à falta 
de profissionais habilitados e custeados pelo Executivo, o Judiciário termina 
ficando sem opções. Exigir o exame criminológico, feito por um psiquiatra 
forense, necessariamente, pode significar atraso e prejuízo para o 
condenado, que não provocou essa situação. Têm os juízes da execução 
penal trabalhado com o material que o Executivo lhes fornece que, muitas 
vezes, é deficiente e insatisfatório para uma correta avaliação do mérito para 
a obtenção do benefício. (NUCCI, 2021. P. 39). 
 
14 
 
 
2.4. Comissão técnica de classificação 
 
A classificação será produzida por uma comissão técnica segundo a redação 
da lei de execução penal, vejamos os artigos: 
 
Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que 
elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade 
adequada ao condenado ou preso provisório. (Redação dada 
pela Lei nº 10.792, de 2003) 
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada 
estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 
(dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) 
assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de 
liberdade. (BRASIL, 1984). 
 
A produção da classificação tem como principal objetivo compor a 
individualização executória da pena privativa de liberdade, NUCCI trata acerca da 
importância da comissão técnica: 
 
A Comissão Técnica de Classificação, que deve existir nos estabelecimentos 
penais, é composta pelo diretor da unidade, que a presidirá, por dois chefes 
de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social (art. 7.º, LEP). 
Pela própria composição da equipe de avaliação do preso pode-se constatar 
a sua relevância. Quem pode analisar o condenado com maior profundidade 
que os profissionais atuando no presídio? O diretor do estabelecimento 
penitenciário, os chefes de serviço de setores variados (trabalho, lazer, 
administração etc.), o psiquiatra, o psicólogo e o assistente social são os 
valorosos observadores dos presos, elaborando não somente o parecer para 
o início do cumprimento da pena, mas também o parecer para a progressão 
de regime. O juiz da execução penal, última voz na individualização 
executória da pena, precisa ser bem informado e dar a cada um o que é seu 
por direito e justiça. Presos ligados ao crime organizado, por exemplo, podem 
ser detectados pelos profissionais da Comissão Técnica de Classificação, 
que atuam no presídio, embora nunca tenham cometido falta grave, logo, 
podem possuir prontuário “limpo”, mas atividade sub-reptícia no presídio, sem 
qualquer merecimento para a progressão. (NUCCI, 2021. P. 42). 
 
2.5. O exame criminológico 
 
O exame criminológico possui previsão no artigo 8º da lei de execução penal: 
 
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em 
regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos 
elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à 
individualização da execução. 
 
15 
 
 
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o 
condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime 
semiaberto. 
 
Também há previsão no artigo 34 do código penal “ art. 34 - O condenado será 
submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação 
para individualização da execução. ” (BRASIL, 1940). NUCCI explica acerca do exame 
criminológico: 
 
Reiteramos ser a avaliação do condenado muito importante para o fim de 
individualizar, corretamente, a execução da sua pena. No entanto, o disposto 
pelo art. 8.º da LEP entra em choque com o preceituado pelo art. 112, § 1.º, 
da mesma Lei. Note-se o referido pelo art. 8.º: “o condenado ao cumprimento 
de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame 
criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada 
classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. 
Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao 
cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto”. A 
contradição é a seguinte: para a individualização executória da pena 
(progressão de regime e obtenção de livramento condicional) estipula-se, 
atualmente, bastar a apresentação do atestado de conduta carcerária (art. 
112, § 1.º, LEP); porém, o referido art. 8.º indica que, para a individualização 
da execução, é necessário o exame criminológico. Logo, o ideal seria 
qualquer individualização executória possuir todo o material abrangente 
sobre cada um dos presos; no entanto, atualmente, para crimes não violentos 
tem-se aceitado apenas o atestado de conduta carcerária, enquanto, para 
crimes violentos, pode o juiz determinar a realização do exame criminológico. 
O parágrafo único do art. 8.º da LEP está em contradição com o disposto no 
art. 35, caput, do Código Penal. Enquanto o primeiro aponta ser facultativo 
realizar o exame criminológico para quem ingressa no regime semiaberto, o 
art. 35 indica ser obrigatório. Parece-nos indispensável a sua realização, 
sempre em homenagem ao princípio constitucional da individualização da 
pena. (NUCCI, 2021. P. 42). 
 
2.6. Identificação do perfil genético e constitucionalidade da medida 
 
A identificação do perfil genético possui previsão no artigo 9º A da lei nº 7.210, 
de 11 de julho de 1984, seguimos com seu inteiro teor: 
 
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da 
personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes 
peças ou informações do processo, poderá: 
I - entrevistar pessoas; 
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e 
informações a respeito do condenado; 
III - realizar outras diligências e exames necessários. 
 
 
16 
 
 
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violênciade natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no 
art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, 
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de 
DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. 
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados 
sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. 
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de 
proteção de dados genéticos, observando as melhores práticas da genética 
forense. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz 
competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de 
identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus 
dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os 
documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que 
possa ser contraditado pela defesa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver 
sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no 
estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o 
cumprimento da pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao 
procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019). (BRASIL, 1984) 
 
Observa-se que houve algumas alterações em sua redação por leis mais 
recentes, inclusive pelo “pacote anticrime”, mas antes de tratarmos sobre essas 
modificações, vejamos acerca da constitucionalidade da identificação do perfil 
genético: 
 
Essa modalidade de identificação é apenas uma espécie de identificação 
criminal, não constituindo, por si só, constrangimento ilegal ou afronta a 
qualquer direito individual. A Constituição Federal (art. 5.º, LVIII) estabelece 
que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, 
salvo nas hipóteses previstas em lei. Sempre nos pareceu exagerada essa 
previsão constitucional, pois todos os indiciados ou réus deveriam ser, 
sempre, identificados criminalmente, sem que isso pudesse representar 
qualquer vexame ou constrangimento, desde que resguardado o momento e 
o sigilo do ato. Trata-se da segurança jurídica de não se processar uma 
pessoa em lugar de outra, gerando um dos piores erros judiciários possíveis. 
(...). Estipulou-se o procedimento para os condenados por delitos graves 
(dolosos cometidos com violência contra a pessoa) e aos sentenciados por 
delitos hediondos. Em verdade, deveria ter fixado para todos os condenados, 
evitando-se qualquer espécie de erro judiciário, independentemente da 
gravidade do crime. Mas é um começo. A colheita do material não será 
invasiva, como já não é no tocante à impressão datiloscópica e à fotografia. 
Os dados ficam arquivados em banco sigiloso. A eles somente terá acesso o 
 
17 
 
 
juiz competente, em caso de investigação criminal, a pedido de autoridade 
policial, de modo a realizar confronto com outros elementos colhidos, 
permitindo-se estabelecer, com nitidez, a autoria de um delito – ou excluí-la 
com a mesma segurança. Note-se: não se vai exigir do indiciado ou acusado 
que faça prova contra si mesmo doando material genético para confrontar 
com o perfil contido no banco de dados. Na verdade, a polícia poderá extrair 
da cena do crime todos os elementos necessários para estabelecer um 
padrão de confronto (ex.: fio de cabelo, sêmen, sangue etc.). Diante disso, 
havendo dúvida quanto à identidade do autor, pode-se acessar o banco de 
dados para checar o perfil genético ali constante, a ser estabelecido por laudo 
pericial. O material encontrado na cena do crime não foi compulsoriamente 
extraído do autor da infração penal, mas apenas colhido pelo agente estatal. 
Aliás, o mesmo se dá, hoje, quando uma câmera qualquer filma um crime; 
valendo-se das imagens, a polícia pode encontrar o suspeito. Ou, ainda, 
quando se colhe, no local da infração, a impressão datiloscópica, permitindo-
se encontrar o agente. Em suma, colher material genético para a identificação 
criminal de qualquer condenado não é procedimento suficiente para 
prejudicá-lo; ao contrário, busca-se assegurar a sua perfeita individualização. 
Se, no futuro, ele tornar a cometer um crime e o Estado, de posse de material 
colhido no local do delito ou da vítima, puder confrontar com os dados 
constantes do banco genético, encontrando-se o autor, cuida-se do 
aperfeiçoamento do sistema investigatório. O acusado não forneceu, 
obrigatoriamente, material algum para fazer prova contra si mesmo. O ponto 
de vista é outro: o Estado colheu dados noutras fontes e confrontou com perfil 
genético já existente. (NUCCI, 2021. P. 43-44) 
 
BRITO (2020) discorda, pois, “entende que a forma que o legislador introduz 
essa mudança radical no sistema é reprovável, por pelo menos três aspectos a serem 
discutidos iniciando pelo fato de selecionar as pessoas que deverão ser identificadas 
por determinado método. A mudança seleciona que apenas os “suspeitos” de crime 
poderão ser identificados e que os “etiquetados” pelo Poder Judiciário como 
criminosos que praticaram lesão corporal de natureza grave (ainda que decorrente da 
violência exercida por outro crime) e os hediondos assim relacionados pelo art. 1º da 
Lei n. 8.072/90 deverão ser submetidos ao método. A finalidade da identificação será 
apenas mais um constrangimento ao qual será submetido o investigado ou 
condenado, pois em relação a praticidade pouco poderá auxiliar em futuras 
investigações, que é a natureza de qualquer tipo de identificação. ” Sobre o método 
papiloscópio BRITO aborda: 
 
O método papiloscópico utilizado atualmente tem alguma chance de 
funcionar porque todos os habitantes, sem exceção, são submetidos 
civilmente a tal identificação, o que possibilita a formação de um banco de 
dados que pode ser utilizado a qualquer tempo. Na prática, esse método não 
funciona adequadamente, mas não pela sua característica universal, e sim 
pela deficiência técnica na coleta do material em local de crime ou pela 
ausência de instrumentos tecnológicos de comparação, já que na maior parte 
 
18 
 
 
das vezes, quando se consegue coletar uma impressão digital no local de 
crime, a comparação com o banco de dados é feita manualmente, e não 
digitalmente como seria o ideal. Por isso, a universalidade é critério 
indispensável para um banco de dados que não pretenda ser simplesmente 
discriminatório e sim possuir utilidade prática no procedimento de 
investigação. Se substituíssemos o sistema civil geral de coleta de dados ou 
acrescentássemos a ele a identificação do código genético, em futura 
investigação sobre um determinado crime, poderíamos coletar uma amostra 
de DNA no local do fato e submetê-la a uma comparação com o banco de 
dados universal. Se, por um lado, evidentemente essa constatação não seria 
suficiente para condenar uma pessoa, por outro seria mais um meio de prova 
a ser analisado e corroborado por outras evidências do delito, o que hoje é 
exatamente o que representa a coleta e identificação de uma impressão 
digital no local do crime. Se a finalidade da lei foi não submeter o cidadão a 
um constrangimento acaba por atuar exatamente ao contrário, pois o caráter 
discriminatório constrangerá ainda mais o sujeito que for submetido a esse 
tipo de identificação. (BRITO, 2020. P. 120) 
 
BRITO (2020) segue sua explicação acerca dos três aspectos sobre a mudançareprovável sendo o segundo “pelo fato de permitir a coleta e armazenamento de uma 
identificação tão íntima, talvez escape à própria finalidade do instituto e ultrapasse a 
possibilidade de intromissão do Estado na vida privada do cidadão, por permitir que 
se possam manipular dados ou de alguma forma direcionar tão preciosa informação 
para outras finalidades. ” E em terceiro segue o doutrinador: 
 
Terceiro, por ignorar absolutamente o princípio de não autoacusação (nemo 
tenetur se detegere) consagrado por nossa Constituição Federal (art. 5º, 
LXIII). A Lei n. 12.037/2009, com a nova redação, prevê no § 1º de seu art. 
5º-A que “as informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis 
genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das 
pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante às normas 
constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e 
dados genéticos”. Assim, do ponto de vista constitucional, a previsão legal 
violaria claramente o mandamento do art. 5º da CF/88. E do ponto de vista 
internacional, conforme uma dessas regras, especificamente a Declaração 
Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos adotada pela 
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, 
Ciência e Cultura (UNESCO) na sua 29ª sessão, em 11 de novembro de 
1997, e endossada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua 
Resolução n. 53/152, de 9 de dezembro de 1998, seu art. 10 prevê 
expressamente que “nenhuma investigação na área do genoma humano ou 
respectivas aplicações, em particular nas áreas da biologia, da genética e da 
medicina, deve prevalecer sobre o respeito pelos direitos humanos, pelas 
liberdades fundamentais e pela dignidade das pessoas ou, se for caso disso, 
dos grupos de pessoas”. 
 
Por fim BRITO ainda ressalta: 
 
 
19 
 
 
(...) Se o objetivo é concluir uma investigação, pura e simplesmente e não se 
adotar uma nova forma de catalogação civil, o ideal é que se continue 
investigando pelos métodos já existentes e não invasivos, como, por 
exemplo, deferindo mandados de busca e apreensão domiciliar, por meio do 
qual se poderá apreender material genético expelido pelo investigado 
naturalmente, como é o caso de coleta de fios de cabe-lo em banheiros ou 
saliva em escovas de dente etc. e posteriormente se faça uma comparação 
com material semelhante encontrado no local do crime. Tal previsão, em sede 
de execução penal, não demonstra qualquer tipo de finalidade. De qualquer 
forma, o STF reconheceu a repercussão geral do tema no RE 973.837 ainda 
pendente de julgamento. Construído o banco de dados, a exclusão do perfil 
genético do condenado poderá ser requerida por ele ou sucessor interessado 
após o prazo de 20 (vinte) anos do cumprimento da pena (Lei n. 12.037/2009, 
art. 7o-A, II) (BRITO, 2020. P. 121) 
 
No entanto a jurisprudência tem seguido a tendência que NUCCI nos 
apresenta: 
 
TJMG: “Incidente de arguição de inconstitucionalidade – Artigo 9º-A da Lei nº 
7.210/84 (Lei de execução penal) – Identificação criminal – Armazenamento 
de dados em perfil genético – Violação ao princípio da presunção de 
inocência – Não ocorrência – Constitucionalidade. É constitucional a norma 
que prevê a extração obrigatória de DNA de condenados, visto que 
representa avanço científico e a consequente segurança na identificação das 
pessoas, não comprometendo o princípio constitucional da presunção de 
inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição da República, 
porquanto já foi reconhecida a culpabilidade do acusado em decisão 
transitada em julgado. V.V.: É inconstitucional a norma que obriga o 
condenado a fornecer material para traçar seu perfil genético, o qual será 
armazenado e colocado à disposição para eventuais investigações policiais, 
pois constrange o indivíduo a produzir prova contra si mesmo, violando os 
princípios da presunção de inocência e da não autoincriminação”. (Arg. 
Inconstitucionalidade 1.0407.16.001151-3/002 – MG, Órgão Especial, rel. 
Edilson Fernandes, 22.02.2017, m.v.). Comentário do autor: o julgado 
proferido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais está correto, pois a 
colheita de material para compor o perfil genético do condenado, via DNA, 
não é realizada para determinar se ele cometeu crime; ao contrário, já se 
encontra sentenciado e o banco de dados permitirá evitar erros judiciários, 
processando-se pessoa inocente em lugar de culpado. No futuro, se alguém 
quiser comprovar não ser o autor de determinado crime, por meio do perfil 
genético, poderá fazê-lo, ao menos no tocante às pessoas já condenadas por 
aquele delito. Sob outro aspecto, o referido acórdão considerou 
inconstitucional obrigar o condenado a fornecer material para produzir prova 
contra si em relação a processo-crime não julgado, o que se afigura acertado, 
diante do princípio da presunção de inocência. (NUCCI, 2021. P. 49) 
 
O perfil genético possui sigilo absoluto, o qual somente o magistrado terá 
acesso em situações de investigação criminal. Seguimos acerca do artigo 9º-A e suas 
alterações produzidas através da lei 12.654/2012 e lei 13.964/2019 NUCCI (2021) 
aduz que “sobre o acesso judicial ao perfil genético foi estabelecido a necessidade de 
 
20 
 
 
acesso por meio da autoridade judicial competente, apenas quando se tratar de 
inquérito instaurado e com o devido requerimento da polícia federal ou estadual. A 
norma veda outra modalidade de investigação criminal que não seja o inquérito, 
também afasta a legitimidade do Ministério Público para requerer, diretamente, ao juiz 
a apuração de dados identificadores. É criticado que essa restrição ao MP não pode 
ocorrer pelos seguintes motivos, primeiro: o magistrado de ofício pode acessar os 
dados de perfil genético com vistas a garantir a perfeita identificação do acusado, 
desde que em processo sob sua apreciação, pois sendo ele o destinatário da prova 
produzida poderá formar a sua convicção como bem quiser, dentro da legalidade. ” 
Dando seguimento a doutrina de NUCCI, vejamos comentários aos vetos ao caput e 
aos parágrafos 5.º ao 7.º do art. 9.º-A: 
 
A Lei 13.964/2019 deu nova redação ao caput do art. 9.º-A: “o condenado por 
crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como por 
crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra 
vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil 
genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica 
adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional”. A 
atual redação, hoje mantida por conta do veto, é a seguinte: “os condenados 
por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra 
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 
25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do 
perfil genético, mediante extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por 
técnica adequada e indolor”. A motivação do veto se deu nesses termos: “a 
proposta legislativa, ao alterar o caput do art. 9º-A, suprimindo a menção 
expressa aos crimes hediondos, previstos na Lei nº 8.072, de 1990, em 
substituição somente a tipos penais específicos, contraria o interesse público, 
tendo em vista que a redação acaba por excluir alguns crimes hediondos 
considerados de alto potencial ofensivo, a exemplo do crime de genocídio e 
o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, além daqueles que 
serão incluídos no rol de crimes hediondos com a sanção da presente 
proposta, tais como os crimes de comércio ilegal de armas, de tráfico 
internacional de arma e de organização criminosa”. Parece-nos correto o veto 
ao caput, pois a nova redação dada pela referida Lei 13.964/2019 provocou 
a diminuição da relação de crimes graves (considerados hediondos) para 
levar à identificação do perfil genético do acusado. Por isso, mantido o veto 
pelo Congresso, continuará valendo a atual redação do art.9.º-A da LEP, o 
que nos parece mais adequado. Entretanto, caso derrubado, estreita-se o 
universo dos delitos, que dão ensejo à identificação do perfil genético por 
DNA do criminoso, mantendo-se somente crimes contra a vida, contra a 
liberdade sexual e crime sexual contra vulnerável. Aliás, seria uma 
incongruência, pois passaria a ser coletado o DNA de quem praticasse, por 
exemplo, um infanticídio ou aborto (crime contra a vida), de menor 
importância, retirando-se a identificação de autores de roubo e extorsão, por 
exemplo. (NUCCI, 2021. P. 47) 
 
 
 
21 
 
 
Continuamos com os comentários e se tratando da redação prevista no § 5º a 
qual foi vetada, antes a redação era a seguinte: “a amostra biológica coletada só 
poderá ser utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a identificação pelo perfil 
genético, não estando autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca 
familiar”. (BRASIL, 2019). NUCCI (2021) ao abordar sobre o veto comenta que “o 
fundamento é sobre a propositura legislativa que ao vedar a utilização da amostra 
biológica coletada para fins de fenotipagem e busca familiar infralegal, contraria o 
interesse público por ser uma técnica que possui capacidade para auxiliar no 
desvendamento de crimes considerados de natureza grave, a exemplo de 
identificação de irmãos gêmeos, que compartilham o mesmo perfil genético, e da 
busca familiar simples para identificar um estuprador, quando o estupro resulta em 
gravidez, valendo-se, no caso, do feto abortado ou, até mesmo, do bebê, caso a 
gestação seja levada a termo. As razões tratadas no veto parecem acertadas, sem 
haver necessidade de restringir o uso do perfil genético. ” Ainda é necessário seguir 
com os comentários acerca dos §§ 6º e 7º. 
 
O § 6.º foi inserido pela Lei 13.964/2019 dessa forma: “uma vez identificado 
o perfil genético, a amostra biológica recolhida nos termos do caput deste 
artigo deverá ser correta e imediatamente descartada, de maneira a impedir 
a sua utilização para qualquer outro fim”. O veto vem assim fundamentado: 
“a proposta legislativa, ao prever o descarte imediato da amostra biológica, 
uma vez identificado o perfil genético, contraria o interesse público tendo em 
vista que a medida pode impactar diretamente no exercício do direito da 
defesa, que pode solicitar a refeitura do teste, para fins probatórios. Ademais, 
as melhores práticas e recomendações internacionais dizem que após a 
obtenção de uma coincidência (match) a amostra do indivíduo deve ser 
novamente testada para confirmação do resultado. Trata-se de procedimento 
de controle de qualidade com o objetivo de evitar erros”. A previsão feita no 
§ 6.º, prevendo o imediato descarte da amostra colhida, não tem nenhuma 
razão de ordem prática; ao contrário, termina por impedir eventual produção 
de contraprova. Parece-nos adequado o veto. O § 7.º teve a seguinte 
redação: “a coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo 
serão realizadas por perito oficial”. Essa é a motivação do veto: “a proposta 
legislativa, ao determinar que a coleta da amostra biológica ficará a cargo de 
perito oficial, contraria o interesse público, notadamente por se tratar de mero 
procedimento de retirada do material. Ademais, embora a análise da amostra 
biológica e a elaboração do respectivo laudo pericial sejam atribuições 
exclusivas de perito oficial, já existe um consenso que a coleta deve ser 
supervisionada pela perícia oficial, não necessariamente realizada por perito 
oficial. Além disso, tal restrição traria prejuízos à execução da medida e até 
mesmo a inviabilizaria em alguns estados em que o número de peritos oficiais 
é insuficiente”. A restrição da coleta e da elaboração do laudo apenas ao 
perito oficial é inadequada, pois há locais em que inexiste esse profissional. 
Ademais, foge à regra geral das perícias, conforme previsão feita pelo Código 
 
22 
 
 
de Processo Penal, no art. 159, § 1.º: “na falta de perito oficial, o exame será 
realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso 
superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”. Parece-nos 
correto o veto. (NUCCI, 2021. P. 47) 
 
2.7. Crimes que os autores devem ser submetidos a identificação genética 
 
Sobre identificação criminal vejamos o ensinamento de MARCÃO: 
 
Nos precisos termos do art. 5º, LVIII, da Constituição Federal, o civilmente 
identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos 
previstos em lei. Referido dispositivo constitucional está regulamentado pela 
Lei n. 12.037/2009, que em seu art. 1º repete a garantia da não identificação 
criminal como regra, e aponta as exceções em seu art. 3º, que indica 
taxativamente as hipóteses em que o civilmente identificado poderá ser 
submetido à identificação criminal. Quando cabível, a identificação criminal 
será realizada pelo processo datiloscópico (coleta de impressões digitais) e 
fotográfico (art. 5º, caput), de maneira a evitar, tanto quanto possível, maior 
constrangimento ao identificado. A Lei n. 12.654/2012 acrescentou um 
parágrafo único ao art. 5º da Lei n. 12.037/2009, com vista a autorizar a 
excepcional identificação criminal mediante coleta de material biológico para 
a obtenção de perfil genético, mesmo em relação ao civilmente identificado, 
sempre que a identificação criminal for essencial às investigações policiais. 
Permite a lei, desde a vigência do regramento novo, 3 (três) formas de 
identificação criminal, a saber: 1) datiloscópica; 2) fotográfica; e 3) pelo perfil 
genético (DNA). (MARCÃO, 2021. P. 22) 
 
A identificação genética torna-se necessária mediante delitos mais graves 
previstos no ordenamento jurídico penal, pois, são hipóteses, em que as penas são 
elevadas e regime fechado, nesses casos o erro judiciário, se ocorrer, trará um dano 
muito mais grave, NUCCI explica: 
 
Devem ser submetidos à identificação os autores dos seguintes crimes: 
a)dolosos, cometidos com violência contra a pessoa. A expressão violência 
de natureza grave (constante do caput do art. 9.º da LEP) é equivocada e 
imperfeita. Pode haver lesão de natureza grave, resultante da violência; 
entretanto, falar em violência grave é ilógico. Todo ato violento contra a 
pessoa é grave. Seria absurdo pretender distinguir quem cometeu, por 
exemplo, um roubo com violência leve de quem o cometeu com violência 
moderada ou mesmo com violência grave. Nem o julgador faz isso na 
sentença; não caberia ao agente estatal, encarregado de colher o material 
genético, fazê-lo. Portanto, os condenados por roubo devem ser identificados 
mediante extração de DNA, assim como outros autores de delitos violentos 
contra a pessoa. Exclui-se a grave ameaça desse contexto, embora não 
devesse ter sido afastada; b)delitos hediondos: homicídio (art. 121 do CP), 
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2.º, I, II, III, 
 
23 
 
IV, V, VI e VII); lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2.º) 
e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3.º), quando praticadas contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição; roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 
157, § 2.º, V), circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2.º-
A, I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 
2.º-B), qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (157, § 3.º); 
extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão 
corporal ou morte (art. 158, § 3.º); extorsão mediante sequestro e na forma 
qualificada (art. 159,caput, e §§ 1.º, 2.º e 3.º); estupro (art. 213, caput e §§ 
1.º e 2.º; estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1.º, 3.º e 4.º); epidemia 
com resultado morte (art. 267, § 1.º); falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, 
caput e §§ 1.º, 1.º-A e 1.º-B); favorecimento da prostituição ou de outra forma 
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, 
caput, e §§ 1.º e 2.º); furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4.º-A); genocídio (arts. 
1.º, 2.º e 3.º, Lei 2.889/56); posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso 
proibido, previsto no art. 16 da Lei n. º 10.826, de 22 de dezembro de 2003, 
comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003, tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou 
munição, previsto no art. 18 da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou 
equiparado, todos tentados ou consumados. Observa-se que há delitos 
cometidos sem violência (falsificação de remédios, por exemplo), que 
terminaram incluídos na relação dos passíveis de identificação obrigatória, 
enquanto outros figuram nas duas relações (tanto violentos quanto 
hediondos), como o homicídio. Infelizmente, não houve um critério rigoroso 
para a implantação da lei, pois ficaram fora da previsão crimes importantes 
como o tráfico ilícito de drogas e a tortura. (NUCCI, 2021. P. 45) 
 
3. DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DAS DISCIPLINAS DO PRESO 
 
Sobre breve introdução trataremos sobre os direitos e deveres do preso, visto 
que trataremos nesse tópico mais acerca das disciplinas pois houveram alterações 
significativas pelo “pacote anticrime”, vejamos as redações da norma que regulam 
sobre, iniciando acerca dos deveres do condenado: 
 
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu 
estado, submeter-se às normas de execução da pena. 
Art. 39. Constituem deveres do condenado: 
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; 
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva 
relacionar-se; 
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; 
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de 
subversão à ordem ou à disciplina; 
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; 
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; 
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; 
 
24 
 
 
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com 
a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do 
trabalho; 
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; 
X - conservação dos objetos de uso pessoal. 
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto 
neste artigo. (BRASIL, 1984) 
 
Seguindo sobre direitos do preso, há previsão no artigo 5º da Constituição 
Federal, “III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante”; (BRASIL, 1988) e “ XLIX - é assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral” (BRASIL, 1988), vejamos também a previsão no artigo 41 
da LEP: 
 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
I - alimentação suficiente e vestuário; 
II - atribuição de trabalho e sua remuneração; 
III - Previdência Social; 
IV - constituição de pecúlio; 
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e 
a recreação; 
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e 
desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; 
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; 
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; 
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias 
determinados; 
XI - chamamento nominal; 
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização 
da pena; 
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; 
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; 
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da 
leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os 
bons costumes. 
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da 
responsabilidade da autoridade judiciária competente. (Incluído 
pela Lei nº 10.713, de 2003) 
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser 
suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do 
estabelecimento. (BRASIL, 1984) 
 
3.1. Das disciplinas 
 
Se tratando das disciplinas vejamos os artigos responsáveis por sua previsão 
legal: 
 
25 
 
 
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às 
determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do 
trabalho. 
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de 
liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório. 
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior 
previsão legal ou regulamentar. 
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral 
do condenado. 
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. 
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. 
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou da 
prisão, será cientificado das normas disciplinares. 
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será 
exercido pela autoridade administrativa conforme as disposições 
regulamentares. 
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será 
exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado. 
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da 
execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, 
e 2º desta Lei. (BRASIL, 1984) 
 
As faltas disciplinares podem ser classificadas como leves, médias ou graves 
segundo o artigo 49 da LEP: 
 
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A 
legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas 
sanções. 
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta 
consumada. (BRASIL, 1984) 
 
NUCCI (2021) em seus comentários acerca das faltas leves e médias aduz que 
“o art. 49 da Lei de Execução Penal classifica as faltas em leves, médias e graves, 
também preceitua que a legislação local especificará as leves e médias, bem como 
as respectivas sanções. Para respeitar o princípio da legalidade, regente da execução 
penal, entende-se que a expressão legislação local deveria dizer respeito ao Poder 
Legislativo estadual, visto que cada Estado poderia ter o seu código de conduta para 
os presídios que administrar, mas sempre editado pelo Parlamento. Entretanto, o 
Judiciário tem aceitado a tipificação de faltas leves e médias através de atos 
administrativos do Poder Executivo. Outras faltas, que não gerem reflexos no 
prontuário do condenado, esgotando-se em sanções específicas a elas, podem ser 
previstas em regulamentos de presídios. É previsto a equiparação entre falta 
consumada e tentada, e nessa questão se crê haver viabilidade para tal previsão, pois 
 
26 
 
 
existem vários tipos penais que equiparam a figura tentada à consumada, motivo pelo 
qual se buscou, no art. 49, parágrafo único, da LEP o mesmo propósito. Sendo assim, 
fugir ou tentar fugir constitui, igualmente, falta grave. ” MARCÃO comenta acerca de 
exemplos de faltas leves e médias: 
 
(...)São exemplos de falta disciplinar de natureza leve, relacionados no 
Regimento Interno Padrão dos estabelecimentos prisionais do Estado de São 
Paulo: transitar indevidamente pela unidade prisional; comunicar-se com 
visitantes sem a devidaautorização; comunicar-se com sentenciados em 
regime de isolamento celular ou entregar-lhes quaisquer objetos sem 
autorização; adentrar cela alheia sem autorização; improvisar varais e 
cortinas na cela ou alojamento, comprometendo a vigilância, salvo situações 
excepcionais autorizadas pelo diretor da unidade prisional; ter a posse de 
papéis, documentos, objetos ou valores não cedidos e não autorizados pela 
unidade prisional; estar indevidamente trajado; usar material de serviço para 
finalidade diversa da que foi prevista; remeter correspondência sem registro 
regular pelo setor competente; mostrar displicência no cumprimento do sinal 
convencional de recolhimento ou formação. No mesmo regimento padrão 
encontram-se relacionadas como falta disciplinar de natureza média, entre 
outras, as seguintes condutas: atuar de maneira inconveniente, faltando com 
os deveres de urbanidade perante autoridades, funcionários e sentenciados; 
portar material cuja posse seja proibida por portaria interna da direção da 
unidade; desviar ou ocultar objetos cuja guarda lhe tenha sido confiada; 
simular doença para eximir-se de dever legal ou regulamentar; induzir ou 
instigar alguém a praticar falta disciplinar grave, média ou leve; divulgar 
notícia que possa perturbar a ordem ou a disciplina; dificultar a vigilância em 
qualquer dependência da unidade prisional; praticar autolesão, como ato de 
rebeldia. (MARCÃO, 2021. P. 30) 
 
3.1.1. Das faltas graves 
 
Sobre a falta grave insta salientar que seu rol é taxativo, segue sua previsão 
legal: 
 
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: 
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; 
II - fugir; 
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física 
de outrem; 
IV - provocar acidente de trabalho; 
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; 
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. 
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou 
similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente 
externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007) 
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 
27 
 
 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso 
provisório. (BRASIL, 1984) 
 
Sobre o rol previsto no artigo 50, houve uma alteração produzida pela Lei nº 
13.964, de 2019 que incluiu o inciso VIII, NUCCI (2021) comenta 
 
Prevê-se a equiparação entre falta consumada e tentada, cremos haver 
viabilidade para tal previsão, pois existem vários tipos penais que equiparam 
a figura tentada à consumada, razão pela qual se buscou, no art. 49, 
parágrafo único, da LEP o mesmo propósito. Logo, fugir ou tentar fugir 
constitui, igualmente, falta grave. (...) O disposto neste artigo aplica-se, no 
que couber, ao preso provisório”. Foi acrescentado, pela Lei 13.964/2019, o 
inciso VIII ao art. 50, considerando falta grave “recusar submeter-se ao 
procedimento de identificação do perfil genético”. Como já salientamos, a 
identificação pelo perfil genético é mais uma forma de individualizar pessoas, 
como a colheita da impressão digital ou a fotografia. Por isso, é obrigação do 
condenado que se encaixe nas hipóteses do art. 9.º-A da LEP. A recusa gera 
falta grave, que vai atrapalhar, no futuro, o recebimento de benefícios, como 
progressão de regime ou recebimento de livramento condicional. Pode-se 
indagar quantas vezes o sentenciado, que se recusar a esse procedimento, 
pode cometer falta grave; segundo nos parece mais lógico, cada vez que 
ingressar no sistema penitenciário para cumprir pena. Não é viável anotar 
uma falta grave a cada recusa do preso, se ele não chegou a alterar sua 
situação no presídio; do contrário, poder-se-ia encaminhá-lo para a colheita 
do material diariamente e, havendo recusa, seria uma falta grave por dia, 
resultando em mais de 300 ao ano. Então, é preciso haver solução de 
continuidade, vale dizer, ele sai do regime fechado e, retornando por qualquer 
motivo, pode-se cobrar a colheita do material novamente. Havendo recusa, 
registra-se como falta grave. O rol previsto no art. 50 é taxativo. Não é 
possível o emprego de analogia para suprir eventual lacuna pelas mesmas 
razões proibitivas no tocante à ausência de lei penal incriminadora para 
qualquer situação. É preciso lembrar que a anotação de falta grave pode 
acarretar vários prejuízos ao condenado, incluindo regressão de regime, 
perda do livramento condicional, inviabilidade de recebimento do indulto, 
perda de dias remidos etc. Por outro lado, é incabível a criação de novas 
faltas graves por meio de Resolução, Portaria ou Decreto, sob pena de ofensa 
à legalidade. Há dois fundamentos básicos para esse impedimento: a) a 
própria Lei de Execução Penal houve por bem tipificar e enumerar as faltas 
graves, razão pela qual cabe somente a lei federal ampliar esse rol; b) o art. 
49 da LEP permite que a legislação local edite apenas faltas leves ou médias, 
excluindo, por via de consequência, as graves. (NUCCI, 2021. P. 94) 
 
MARCÃO (2021) critica a alteração feita pelo pacote anticrime “A Lei n. 
13.964/2019 acrescentou ao art. 50 da LEP seu inc. VIII, essa adição trata que o 
condenado pratica falta grave na recusa em submeter-se ao procedimento de 
identificação do perfil genético. A regra também foi introduzida no art. 9º-A da LEP, § 
8º, mas é inconstitucional o fornecimento obrigatório de DNA e punir com falta grave 
a recusa ao fornecimento de material genético, visto que ofende ao princípio “nemo 
 
28 
 
 
tenetur se detegere” - ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo - . A 
recusa será então o exercício de um direito constitucional e certamente não há o que 
se falar em falta disciplinar, pois não cabe punição no exercício do direito. Nem mesmo 
a redundância legislativa — que é prova de incapacidade técnica e de ausência de 
visão sistêmica — se encontra apta a “salvar” a pretensão mal normatizada”. Seguindo 
acerca das faltas graves MARCÃO (2021) ensina “ O rol de faltas graves é taxativo 
também se sujeitando aos princípios da reserva legal e da anterioridade. Deve-se 
observar, que o fato de o Conselho Disciplinar, ao decidir sobre determinada conduta 
de sentenciado qualificando-a como grave, não impede que o Juiz baseado na Lei de 
Execução Penal, entenda de modo diferente, pois o Magistrado não está vinculado à 
classificação feita pela Administração Penitenciária. A prática de fato previsto como 
crime doloso constitui falta grave conforme prevê a redação do art. 52, caput, da LEP, 
pois nesse caso é evidente que o autor possui um elevado grau de desajustamento 
de seu autor aos padrões de conduta social, e seu descaso com a disciplina a ser 
mantida no estabelecimento prisional, de cujo dever também é sabedor. Não é 
necessário aguardar a condenação, tampouco o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória, e não há violação ao princípio segundo o qual ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença condenatória (art. 5º, LVII, 
da CF). ” Ainda com relação as faltas graves, segue MARCÃO: 
 
Basta a prática do crime doloso. Caso fosse necessário aguardar o trânsito 
em julgado definitivo da decisão no processo de conhecimento respectivo, 
por certo ficaria sem sentido a previsão legal, que resultaria de nenhum efeito 
prático, considerando o tempo demandado para a solução do novo processo. 
Se sobrevier o arquivamento do inquérito ou absolvição, a decisão proferida 
no processo execucional deverá ser desconstituída e cessados os seus 
efeitos. Somente a conduta dolosa deve ser considerada falta grave. O atual 
art. 83, alínea b, do CP, com a redação da Lei n. 13.964/2019, indica que para 
obter livramento é preciso que o executado não tenha cometido falta grave 
nos últimos 12 (doze) meses,

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