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Medindo campos magnéticos através de uma bússola Eduarda Winck Hugo - 308168, Éverson R. Mesiara - 301190, Flávio Leismann - 303740 e Victor Lopes Fensterseifer - 304805 Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil Utilizando conceitos físicos, usou-se uma bússola para medir diferentes campos magnéticos produzidos por diferentes bobinas, onde foi variado a distância entre ela e bússola, a corrente e o número de espiras. Os resultados obtidos foram bastante razoáveis, dentro daquilo previsto teoricamente, claro, considerando os empecilhos que podem ter modificado um pouco os resultados práticos. INTRODUÇÃO A Terra, devido às intensas correntes elétricas e à grande quantidade de material ferromagnético em seu interior, possui um campo magnético que se assemelha a de um dipolo. As linhas de campo saem do polo norte magnético (sul geográfico) e entram no polo sul magnético (norte geográfico), como mostra a figura: [1] As bússolas comuns, normalmente feitas de material magnético, os quais possuem momento magnético próprio, são constituídas por uma agulha magnetizada que gira livremente no plano horizontal. Ao serem submetidas a presença de um campo magnético, elas sofrem um torque até se alinharem a este campo. Como podemos decompor o campo magnético terrestre em uma parcela vertical e uma parcela horizontal, temos que a agulha da bússola se alinha de acordo com a componente horizontal dele, de forma que o norte da bússola indica o norte geográfico e assim o sul magnético. Por esse motivo as bússolas comuns não são efetivamente úteis nos polos sul e norte, onde o campo é quase todo vertical. Contudo, se submetermos a bússola a um campo magnético adicional perpendicular ao da Terra, a agulha irá defletir um ângulo θ na direção do campo resultante (que é a soma vetorial dos dois), assim temos que: Com θ em radianos e B em Tesla [T]. [2] Um exemplo de campo adicional seria o campo produzido por uma bobina, aparato formado por um cilindro de raio R e fios enrolados nele por onde passa uma corrente i. No ano de 1820 H. Oersted notou que, ao passarmos corrente elétrica por um fio, as bússolas próximas e nas condições certas defletiam, mostrando assim, que cargas em movimento geram um campo magnético. Ainda se juntarmos isso a Lei de Biot-Savart que calcula campo magnético em um ponto P pela expressão: Bd → = 4πr2 μ icosθds0 Para um ponto que esteja sobre o eixo central da bobina temos que: , onde z é a altura e R o raio. r = √R2 + z2 osθc = r R , considerando o comprimento de 1 fio. s 2πR∫ d = Finalmente temos que o campo produzido por uma bobina em um ponto P a uma distância z é dado por: (1) E se considerarmos uma distância z muito maior que o raio R chegamos que o campo produzido pela bobina nesse ponto pode ser escrito como: (2). [3] μ iRB (z) = 0 2 1 2z3 APARATO EXPERIMENTAL Para o experimento no laboratório foram utilizados canos de PVC de diferentes raios, nos quais foi enrolado um fio longo passando uma corrente i, ligado em série à uma fonte, à uma lâmpada (fazendo o papel de resistor) e a um amperímetro, formando assim um circuito simples. Também foram usadas fitas adesivas para fixar a quantidade desejada de espiras em torno do cano, uma bússola magnetizada e calços de madeira. Como o intuito era calcular o campo produzido pela bobina em diferentes situações, teve-se o cuidado de posicionar a bússola na altura do eixo central da bobina construída com a ajuda dos calços de madeira, e este eixo na direção leste-oeste, que pela regra da mão direita é a direção do campo produzido, sendo assim, ele é paralelo ao campo magnético da terra. Desta forma, seria possível analisarmos os resultados a partir da deflexão da bússola quando submetida a este campo adicional, e também utilizando a equação (1) deduzida a partir de Biot-Savart, que só é adequada para essas condições. Na primeira parte do experimento mantivemos o raio do cilindro constante em 2,5 cm; a corrente em 328,1 mA; com uma espira de 20 voltas em torno do cano e a distância da bússola em relação ao centro da bobina variando de 2 cm em 2cm, começando no 6cm. Para uma segunda análise foi conservado o raio em 2,5 cm; a distância até o centro da bobina em 6cm; o número de espiras em 5 e a corrente aumentando aproximadamente 50 mA por vez, com uma corrente inicial de 58 mA. E para a terceira e última observação preservou-se o raio em 5 cm; a distância até o meio da bobina em 6,5 cm; a corrente em 310 mA e partindo de 10 espiras em torno do cano, foi acrescentando-se 3 voltas a cada medida. Após discutir e registrar os ângulos obtidos, os resultados foram passadas para o computador onde foi utilizado o programa SciDAVis para analisar os dados obtidos e comparar com os esperados pela teoria. A figura acima mostra 16 espiras em torno do cano de PVC de raio igual a 5cm, e nessa situação, a agulha da bússola está defletida cerca de 30°. RESULTADOS Abaixo serão apresentados os resultados obtidos nos experimentos, assim como os gráficos plotados no programa SciDAVis. No primeiro experimento, aumentando a distância, observou-se que que a influência do campo magnético produzido pela bobina sobre a bússola decaía gradativamente. A tabela a seguir mostra os ângulos de deflexão da bússola obtidos em cada variação. Variando a distância: R=2,5 cm, N=20, i=328,1mA Dist.(m) 0,45 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 Deflex 65° 41° 19° 10° 6° 4° O gráfico abaixo, ainda sobre o experimento 1, está ilustrando o comportamento encontrado para o campo da bobina. A linha preta usou os valores desse campo (calculados a partir dos ângulos obtidos, em radianos; e do campo magnético da Terra, o qual foi visto no site do NOAA [4] ) e das distâncias. A linha em vermelho representa a função ajustada pelo computador no SciDAVis para esse comportamento. (3) No segundo experimento, realizamos as medidas de deflexão da bússola para diferentes correntes passando pelo fio, observamos assim que quando a corrente eraaumentada o campo também aumentava. Os valores encontrados constam na tabela abaixo: Variando a corrente: R=2,5 cm; N=5; d=6,5 cm i(mA) 58 111 150 206 256 304 354 401 Deflex 2° 4° 5° 7° 8° 9° 10° 12° Ainda o gráfico a seguir representa no eixo y os valores do campo magnético, em Tesla, e em x as correntes, em A. A linha preta reflete os valores encontrados no experimento, enquanto a linha vermelha representa a função que descreve esse comportamento, ajustada pelo próprio programa. (4) No terceiro experimento, o objetivo foi analisar o campo magnético quando variamos a quantidade de espiras no cano. Os resultados são mostrados na tabela logo abaixo: Variando número de espiras: R=5 cm; i=310mA; d=6,5 cm nº espiras 10 13 16 19 22 Deflex 20° 25° 30° 35° 40° O último gráfico, referente ao 3 experimento, reproduz o comportamento do campo magnético, em y, em função do número de espiras, em x. A linha em preto foi construída com os resultados obtidos na análise, e a linha em vermelho é a função adaptada pelo SciDAVis. DISCUSSÃO Para melhor analisarmos os resultados, considerou-se apenas a componente horizontal do campo magnético terrestre, fazendo com que o campo da bobina fosse perpendicular a esse, desta forma, a agulha da bússola indica a direção do campo resultante, e como o campo terrestre e o ângulo eram conhecidos, foi possível calcular o campo da bobina em diferentes situações. Na primeira observação, consideramos que o raio R da bobina era muito menor que a distância z a qual estava a bússola, consideravelmente coerente, uma vez que o raio adotado foi de 2,5 cm e as distâncias variando de 6 cm a 14 cm. Com isso foi possível usarmos a equação (2), onde todas as variáveis, com exceção de z, eram constantes, assim a equação pode ser reduzida a: , com C1 sendo uma constante. B(Z) 1 = C 1z³ Também foi utilizado o programa SciDAVis para construir o gráfico (3) com os resultados, o qual usou uma função do tipo y=Ax^b para descrever o campo em função da distância , onde A equivale a C1 e b equivale ao expoente de z. O programa achou para b um valor de -3,04, e nós achamos, analogamente, o valor de -3. Concluímos dessa forma que o campo gerado pela bobina é inversamente proporcional ao cubo da distância. Ainda o valor encontrado para A foi de 2,84e-09 e para C1 de 2,57e-09, resultados bastante satisfatórios. Para o experimento 2 utilizamos a equação (1), já que a distância e o raio eram constantes. Dessa vez a única variável era a corrente i, assim, a função que descreve o campo é apenas , onde C2 é (z) 2i B = C uma constante. Paralelamente, o programa usou a equação y=Ax+b no gráfico (4), sendo A equivalente a essa constante C2. Percebemos então que o campo é diretamente proporcional à corrente. O número encontrado para A pelo SciDAVis foi 8,26e-06, e o valor encontrado através dos cálculos para C2 foi de 7,15e-06. A quantidade de casas decimais encontra-se dentro do esperado, porém fatores podem ter ocasionado uma certa diferença nos números, como o uso de poucas espiras, por exemplo, já que dessa forma os ângulos obtidos não ficaram tão definidos. Além das imprecisões nas medidas de distância, na colocação dos eixos de forma exatamente perpendicular e na altura da bússola. Na terceira análise a variável utilizada foi o número de espiras N em volta do cano, assim, todo o resto da equação (1) passou a ser uma constante, e a função que representa o campo nesse caso pode ser escrita como B(z)=C3N em que C3 é essa constante e N a variável número de espiras. De forma semelhante, o gráfico (5) plotado no computador utilizou a fórmula y=Ax+b, e dessa vez o A representa a constante C3, logo, o campo também é diretamente proporcional ao número de espiras. O valor de A estimado foi de 6,72e-07; e o valor calculado para C3 foi de 8,82e-07. Novamente as casas decimais atendem o esperado, o erro nos números são fruto de pequenos empecilhos encontrados quando se realiza uma prática. Contudo, os resultados práticos, nos 3 experimentos, satisfazem aquilo que fora previsto na teoria. CONTRIBUIÇÃO DE CADA AUTOR Todos os integrantes ajudaram de forma organizada e com suas respectivas funções no grupo. Eduarda fez os gráficos, escreveu a introdução e a discussão, Éverson ajudou nos experimentos e escreveu os resultados, Flávio também ajudou nos experimentos e escreveu sobre o aparato experimental, e o Victor trabalhou na parte de tabelas e revisou o texto. REFERÊNCIAS [1] https://static.mundoeducacao.bol.uol.com.br/mundoe ducacao/conteudo/polos-canpo-magnetico-terrestre.jpg [2] Física Geral - Eletromagnetismo, 5°ed, Raquel Giulian e Leonardo Albuquerque [3] Slides de sala de aula, Sabrina Nicolodi [4] https://www.ngdc.noaa.gov/geomag/calculators/magc alc.shtml#igrfwmm As imagens acima são os rascunhos feitos no laboratório e assinados pelo professor no dia 8 de novembro. https://www.ngdc.noaa.gov/geomag/calculators/magcalc.shtml#igrfwmm https://www.ngdc.noaa.gov/geomag/calculators/magcalc.shtml#igrfwmm
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