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Brexit II

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O Brexit 
 
Renato Maldonado 
 
 
 
 
 
 
 
Angra do Heroísmo 
2020 
 
 Mestrado em Relações Internacionais: 
 O Espaço Euro-Atlântico 
 
UNIVERSIDADE DOS AÇORES 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Brexit 
 
 
 
 
 
 
Renato Maldonado 
Aluno n.º 2019104262 
 
Trabalho realizado do âmbito da disciplina de Teoria das Relações Internacionais sob a 
docência do Professor Doutor Carlos Amaral e Mestre Pedro de Faria e Castro 
 
 
 
 
 
Angra do Heroísmo, 11 de janeiro de 2020 
Lista de Abreviaturas 
 
AUE – Ato Único Europeu 
CECA – Comunidade Económica do Carvão e do Aço 
CEE – Comunidade Económica Europeia 
CEEA – Comunidade Europeia de Energia Atómica 
CVDT – Convenção de Viena de Direito dos Tratados 
EFTA/AECL – Associação Europeia de Comércio Livre 
FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 
PAC – Política Agrícola Comum 
PESC – Política Externa e de Segurança Comum 
PIB – Produto Interno Bruto 
PNB – Produto Nacional Bruto 
TCECA – Tratado da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço 
TFUE – Tratado Sobre o Funcionamento da União Europeia 
TUE – Tratado da União Europeia 
 
 
Índice 
Introdução .................................................................................................................. 1 
§ 1.ª O Percurso da Meia Integração ............................................................................. 1 
§ 2.ª O Artigo 50.º do Tratado da União Europeia ........................................................... 5 
§ 3.ª Consequências do Brexit para o Reino Unido ......................................................... 8 
§ 4.ª Efeitos do Brexit para a União Europeia ................................................................. 8 
Conclusão ............................................................................................................ 10 
Bibliografia ........................................................................................................... 12 
 
 1 
 
Introdução 
 
Em 2017 teve início um dos maiores desafios que a União Europeia conheceu desde a sua 
fundação com a assinatura do tratado de Roma em 1957: a saída de um dos Estados-membros. 
Apesar de no Tratado de Lisboa se ter previsto expressamente, pela primeira vez, um mecanismo 
conducente à saída de um Estado-membro a sua utilização nunca esteve prevista num projeto que, até ao 
presente, se concebia como sendo de via única: mais alargamentos, mais competências e maior 
integração. 
Através do presente trabalho procuramos apurar qual o motivo que levou à decisão de saída do 
Reino Unido da União Europeia, país cujo euroceticismo foi sempre reconhecido e fez questão de vincar. 
O percurso do Reino Unido desde a criação da primeira comunidade europeia até à atualidade 
nunca foi no sentido de procurar a maior integração sempre desejada pelo eixo franco-alemão e dominante 
na Europa continental e é disso que se tratará na primeira parte deste trabalho. Não se pretende, contudo, 
ser exaustivo naquilo que é a história da União Europeia desde a sua génese. O objetivo é o de identificar 
os principais focos de tensão entre os Estados-membros e o Reino Unido ao longo do processo de 
integração europeia e deixar clara a perspetiva deste Estado-membro desde 1973. 
Chegados à decisão de notificar o Conselho Europeu da intensão de deixar a União cumpre 
analisar o procedimento legal previsto no artigo 50.º do TUE, utilizado agora pela primeira vez e 
posteriormente, para concluir, as principais implicações da saída do Reino Unido enquanto antigo Estado-
membro e para a União Europeia sem um dos seus membros mais antigos e que é atualmente a segunda 
maior economia do espaço da União. 
 
§ 1.ª O Percurso da Meia Integração 
 
Em 1946, terminada a II Guerra Mundial, Winston Churchill afirma como “remédio supremo” dotar 
a Europa de “uma estrutura que lhe permita viver e crescer em paz, em segurança e em liberdade. Devemos 
criar uma espécie de Estados Unidos da Europa (...). O primeiro passo a dar é criar um Conselho da Europa. 
Se no início nem todos os Estados europeus quiserem ou puderem aderir à União, cumpre unir, ao menos, 
os que desejam ou sejam capazes de fazê-lo (...). Para realizar esta missão urgente, França e Alemanha 
devem reconciliar-se1”. Ao mesmo tempo, Churchill afirmou o Reino Unido como “amigo e protetor da nova 
Europa”, e com isto afastava- se da possibilidade de vir a integrar esta espécie de Estados Unidos da 
Europa. Mais tarde, em 1953, a propósito da recusa do Reino Unido em apoiar o projeto falhado de criação 
 
1 WINSTON CHURCHILL, Speech delivered at the University of Zurich, 19 September 1946, disponível em 
https://rm.coe.int/16806981f3 
 
 2 
da Comunidade Europeia de Defesa, viria a referir que “nós estamos com eles, mas não somos um deles...”. 
Conforme refere Maria Luísa Duarte, esta frase de Churchill ainda hoje ajuda a compreender a posição do 
Reino Unido relativamente ao projeto europeu bem como o seu percurso, já como Estado-membro, desde 
1973 até à atualidade2. 
No mesmo espírito do discurso de Churchill é proferida, a 9 de maio de 1950, pelo ministro dos 
negócios estrangeiros francês Robert Schuman, a declaração Schuman3 onde convida a República Federal 
Alemã a construir com a França uma organização nos domínios do carvão e do aço, duas matérias primas 
importantes no esforço de guerra e onde afirma que “a solidariedade de produção assim alcançada revelará 
que qualquer guerra entre a França e a Alemanha se torna não só impensável como também materialmente 
impossível. A criação desta poderosa unidade de produção aberta a todos os países que nela queiram 
participar permitirá fornecer a todos os países que a compõem os elementos fundamentais da produção 
industrial em condições idênticas, e lançará os fundamentos reais da sua unificação económica”. Foi então 
criada a CECA, através da assinatura do tratado de Paris em 1951 que entrou em vigor em 23 de julho de 
1952 para vigorar por um período de 50 anos. A estrutura de organização da CECA compreendia a criação 
de uma Alta Autoridade constituída como órgão independente e que apesar de nomeada pelos Estados-
membros deveria atuar em nome da comunidade, não solicitando ou recebendo instruções dos governos 
dos Estados-membros. O carácter supranacional da CECA era afirmado pelo artigo 9.º do TCECA. 
A estrutura e natureza da CECA levou a que o Reino Unido recusasse fazer parte daquela que 
seria a primeira comunidade europeia. Não obstante, Em 1954 o Reino Único celebra com a CECA um 
acordo de associação garantindo assim fazer parte dos progressos assegurados pelos Estados-membros 
da CECA no âmbito das matérias do carvão e do aço, mas ao mesmo tempo sem se comprometer com a 
integração desejada pelos Estados-membros. 
Os tratados de Roma, celebrados a 25 de março de 19574, e que entraram em vigor em 1 de 
janeiro de 1958, vieram a instituir a CEE e a CEEA, o primeiro com o objetivo principal de estabelecimento 
de uma união aduaneira com eliminação dos direitos aduaneiros nas relações entre Estados-membros e 
aplicação de uma pauta aduaneira comum nas relações com países terceiros. O mercado comum abrangia 
regras que visavam assegurar a liberdade de circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais, com 
a segunda o objetivo seria a instituição de uma solidariedade no sector da energia atómica, prosseguindo 
os objetivos da CECA, criada em 1951. 
Tendo recusado participar na criação da CEE, o Reino Unido formulou um projeto de formação de 
uma zona de comércio livre para produtos industriais, sem perda ou partilha de soberania e com 
manutenção da pauta aduaneira de cada Estado-membro em relação ao exterior, tendo celebrado em 1960 
 
2 MARIA LUÍSA DUARTE, União Europeia: Estática e Dinâmica da Ordem Jurídica Eurocomunitária, 2011, 
p. 33. 
3 Disponível em https://europa.eu/european-union/about-eu/symbols/europe-day/schuman-declaration_pt 
 
 
 3 
a Convenção de Estocolmo, com a Suécia, Noruega, Dinamarca, Suíça, Áustria e Portugal, instituindo 
assim a EFTA. 
A EFTA não produziu o sucesso desejado pelo Reino Unido, nos anos de 1957 e 1961, exportava 
para a EFTA 10,3% e 11%, respetivamente, enquanto que no mesmo período, exportava para a CEE 14% 
e 15,9%5. Assim, entre 1958 e 1973 o Reino Unido fez duas tentativas de adesão às Comunidades 
Europeias, uma primeira em 1961 que culminou com a recusa da França em aceitar a sua adesão e outra 
em 1967 tendo a apreciação da candidatura sido remetida para momento oportuno, o que só viria a 
acontecer com a saída do General De Gaulle da presidência da república francesa, em 1969 na cimeira de 
Haia, altura em que as posições da França relativamente ao processo de integração se tornaram menos 
radicais e foram acordadas as três linhas de orientação da agenda política a seguir: conclusão da realização 
do mercado comum, desenvolvimento de políticas comuns que incluíam o lançamento das primeiras bases 
da união económica e monetária e o alargamento das comunidades6. 
A principal ambição do Reino Unido ao aderir às comunidades europeias era usufruir do comércio 
com os outros Estados-membros e a necessidade de fazer frente ao declínio das trocas comerciais com a 
Commonwealth. No entanto, cedo se demonstrou a pouca eficiência da indústria britânica face à alemã e 
o fraco retorno da contribuição para o orçamento comunitário devido ao peso da PAC no mesmo. É então 
que em 1974, o Primeiro Ministro trabalhista Harold Wilson, responsável pelo segundo pedido de adesão, 
questiona os termos estabelecidos no tratado de adesão e pede a sua renegociação com as seguintes 
linhas orientadoras: redução da contribuição para o orçamento comunitário da PAC, melhoramento das 
relações com a Commonwealth e possibilidade de prosseguir políticas regionais próprias no setor da 
indústria; ajustamento dos métodos de financiamento comunitário de modo a que as transferências para 
os outros Estados pudessem ser avaliadas de acordo com o interesse nacional; rejeição de acordos 
internacionais no âmbito da união económica e monetária que obrigassem a um aumento do desemprego 
em prol da manutenção de uma taxa de câmbio fixa relativamente aos outros Estados-membros. 
As exigências do Reino Unido levaram a que na Cimeira de Paris de 1974 surgissem concessões 
em alguns dos pontos reclamados sendo que aquele que onde conseguiu mais ganhos foi no relativo às 
contribuições para o orçamento comunitário que passaram a depender do PNB de cada Estado-membro e, 
sob certas condições, haveria um retorno aos que estavam fora do balanço do seu PNB. Foi ainda criado 
o FEDER com o objetivo de financiar ajuda estrutural das regiões menos desenvolvidas do espaço 
comunitário, beneficiando em muito o Reino Unido e a Irlanda. 
Na sequência da renegociação dos termos de adesão do Reino Unido, acordo aprovado pelo 
Parlamento britânico, foi decidida a realização de referendo sob a sua permanência nas Comunidades 
Europeias, a 5 de junho de 1975. À pergunta “O Governo comunicou os resultados da renegociação dos 
termos de adesão do Reino Unido à Comunidade Europeia. Acha que o Reino Unido deve permanecer na 
 
5 PAULO DE PITTA E CUNHA, Integração Europeia, 2014, p. 20. 
6 Cfr. MARIA LUÍSA DUARTE, União Europeia..., p. 55. 
 
 4 
Comunidade Europeia (Mercado Comum)?”, dos 64,5% dos eleitores votantes, 67,2% dos votos foram a 
favor da permanência. 
Apesar da introdução do mecanismo de correção no que diz respeito à transferência para o 
orçamento comunitário, a grande parte das verbas comunitárias continuavam a ser transferidas para a 
PAC, da qual o Reino Unido pouco beneficiava: entre 1979 e 1980, o Reino Unido contribuía com 20% da 
receita comunitária tendo usufruído apenas de 12% da mesma. 
Em 1979 Margaret Thatcher torna-se primeira ministra e exige novamente a redução da 
contribuição britânica para o orçamento comunitário. De acordo com o governo de Thatcher as 
transferências para o orçamento deveriam ser fundadas, por um lado, no princípio da riqueza relativa, 
segundo o qual a parte contributiva de cada Estado-membro deve ser proporcional ao peso do respetivo 
PNB no PIB comunitário, e, por outro lado, no justo retorno, afirmando que os Estados não deveriam pagar 
mais para o orçamento do que aquilo que recebem7. 
Tão só em 1984, no Conselho Europeu de Fontainebleau, é aprovada uma solução de 
compromisso afirmando que qualquer Estado-membro que sustentasse um encargo orçamental excessivo 
em comparação com a sua prosperidade relativa beneficiaria de uma correção do mesmo. O Reino Unido 
passou então a receber uma compensação anual que se traduziu na redução da contribuição para o 
orçamento comunitário equivalente a dois terços sobre a diferença entre o que deveria contribuir e o 
montante que recebe do orçamento. O chamado cheque britânico era de 66% da contribuição líquida do 
ano precedente. O Reino Unido apenas viria a prescindir de grande parte deste montante nas negociações 
para as perspetivas financeiras entre 2007 e 2013, numa altura em que já eram 24 os Estados-membros e 
que o peso da PAC no orçamento havia diminuído drasticamente. 
A primeira grande reforma dos tratados viria a acontecer com a assinatura do AUE em 1986 que 
entrou em vigor em 1 de julho de 1987 que veio reforçar algumas políticas comunitárias e atribuir novos 
poderes às Comunidades Europeias com o objetivo de realizar um verdadeiro mercado interno. Esta foi a 
revisão possível dos tratados fundadores muito por pressão do Reino Unido face a um projeto de revisão 
dos tratados apresentado pelo Parlamento Europeu que visava a instituição de uma União Europeia na 
linha da supranacionalidade e em substituição das comunidades8. 
No fim dos anos 80 com as transformações políticas e económicas operadas na Europa, tais como 
a queda do muro de Berlim e unificação da Alemanha, a implosão do bloco soviético e fim da guerra fria, 
liberalização das relações comerciais e globalização, caem as resistências de muitos dos Estados-
membros no sentido de eliminar os entraves colocados à passagem para uma maior integração9. É então 
aprovado, em dezembro de 1991, o Tratado de Maastricht que aprova o conteúdo da União Europeia e 
 
7 ANTÓNIO MARTINS DA SILVA, História da Unificação Europeia: A Integração Comunitária (1945 – 
2010), 2010, p. 174. 
8 Cfr. PAULO DE PITTA E CUNHA, Direito Europeu: Instituições e Políticas da União, 2006, p. 22. 
9 Cfr. MARIA LUÍSA DUARTE, União Europeia: Estática e Dinâmica da Ordem Jurídica Eurocomunitária, p. 
57. 
 
 5 
surgem não só reformados os fins iniciais propostos com a fundação das comunidades europeias mas 
também é alargado o âmbito de cooperação entre os Estados-membros10. Ao mesmo tempo, com a 
assinatura do Tratado de Maastricht, surge o conceito de tratamento diferenciado dos Estados-membros e 
de Europa a duas velocidades, que se traduziu na consagração de regimes de exceção para o Reino Unido 
e Dinamarca e que lhes veio a conceder a possibilidade de se manterem afastados de matérias como a 
moeda única, e, em especial para o Reino Unido, a aceitação, em derrogação do princípio da igualdade e 
do adquirido comunitário11, de cláusulas de opting out que garantiram ao Reino Unido o direito de não ficar 
vinculado pelo Acordo Social. 
Este modelo adotado pela União Europeia no sentido de permitir a existência de várias velocidades 
ao nível da integração europeia veio a ser seguido nos tratados de Amesterdão, assinado em 1997, e de 
Nice, assinado em 2001, e de Lisboa, que veio refletir as soluções antes previstas na malogrado tratado 
constitucional12, mas desta feita sem carga da designação e portanto com a supressão da analogia com os 
processos constituintes estaduais ou federais e com a consagração, pela primeira vez, de um processo 
conducente à saída de um Estado-membro, vertido no artigo 50.º do TUE. 
Durante a crise da zona euro, controversa na generalidade dosEstados-membros, com o 
crescimento dos partidos eurocéticos, em especial no Reino Unido do UKIP, cujo discurso soberanista e 
securitário conjugado com a vaga de refugiados do médio oriente e norte de África que começavam a 
chegar à Europa, David Cameron, então Primeiro Ministro e líder do Partido Conservador, prometeu a 
realização de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, caso vencesse as 
eleições gerais de 2015. O referendo veio então a ser realizado em junho de 2016 tendo uma participação 
de 72,2% sendo que 51,9% votou a favor do Leave e 48,1% votou a favor do Remain13. 
 
§ 2.ª O Artigo 50.º do Tratado da União Europeia 
 
 
 Até à entrada em vigor do Tratado de Lisboa, a 1 de dezembro de 2009, não estava previsto em 
qualquer tratado a possibilidade de um Estado-membro poder abandonar unilateralmente a União. Até 
então a doutrina discutia a aplicação da CVDT, que no artigo 56.º determina que “um Tratado que não 
 
10 A União Europeia surgia apoiada em três pilares distintos: o primeiro pilar constituído pelo acervo 
comunitário com a alteração da denominação da CEE para CE e matérias relativas à instituição de uma 
união económica e monetária, o segundo respeitando à cooperação no campo da política externa e da 
segurança, a PESC, e o terceiro relativo à cooperação em matéria de segurança e assuntos internos. 
11 MARIA LUÍSA DUARTE, União Europeia: Estática..., p. 60. 
12 PAULO DE PITTA E CUNHA, O Tratado de Lisboa: Génese, Conteúdo e Efeitos, 2008, p. 31 e seg. onde 
apresenta um quadro sinóptico comparativo; MARIA LUÍSA DUARTE, Estudos Sobre o Tratado de Lisboa, 
2011, p. 19. 
13 Os resultados finais podem ser consultados em https://www.electoralcommission.org.uk/who-we-
are-and-what-we-do/elections-and-referendums/past-elections-and-referendums/eu-
referendum/results-and-turnout-eu-referendum 
 
 6 
contenha qualquer disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é 
suscetível de denúncia ou retirada”. Assim, salvo a previsão expressa da denúncia ou a não ser que o 
direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido dada a natureza do tratado, conforme referem André 
Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros “a denúncia não prevista pelo tratado não opera a cessação da 
vigência deste e, sendo ato ilícito, acarreta a responsabilidade do Estado no plano internacional14”. A 
possibilidade de abandono de um Estado-membro com fundamento na disposição da CVDT era já 
defendida15. 
 De acordo com Theodor Schilling16 os tratados europeus são exemplos de tratados-constituição 
na medida em que requerem a ratificação pelos Estados-membros de acordo com as normas 
constitucionais internas, aproximando-se assim de um sistema constituinte. Assim, considerando a 
inexistência de uma cláusula de reversão estes só poderiam ser denunciados por revolução ou secessão 
que seria reconhecida sob a égide do direito internacional e levaria à cessação das obrigações legais entre 
os Estados-membros. Outro obstáculo à renúncia aos tratados, referido pelo autor, prende-se com a criação 
de direitos e deveres para os cidadãos que não podem ser postos em causa pelos Estados de forma 
discricionária. 
 Com a introdução do artigo 50.º no TUE17 fica estabelecido o processo a adotar caso um Estado-
membro decida sair da União Europeia. Importa, pois, interpretar a referida disposição do TUE. 
O processo inicia-se de acordo com as normas constitucionais de cada Estado-membro, isto é, a 
decisão de abandono da União Europeia deverá ser precedida por um processo interno fundado em 
disposições constitucionais. De acordo com Jean-Victor Louis18, a propósito da disposição do artigo I-60.º 
do Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa e que aqui é reproduzido pelo artigo 50.º, a 
referência à ordem interna constitucional surge como forma de evitar impulsos de partidos políticos ou 
 
14 ANDRÉ GONÇALVES PEREIRA E FAUSTO DE QUADROS, Manual de Direito Internacional Público, 2009, 
p. 249. 
15 AFONSO PATRÃO, “O Direito de abandonar a União Europeia à Luz do Tratado de Lisboa: a extinção 
do direito de livremente abandonar a União?”, in M. Costa Andrade, M. João Antunes e Susana A. Sousa 
(org.) Studia Juridica, Vol. IV, Coimbra, Coimbra Editora, pp. 755-794. 
16 THEODOR SCHILLING, “Treaty and Constitution: A Comparative Analysis of an Uneasy Relationship”, 
Maastricht Journal of European Comparative Law, vol. 3, n. º 1, 1996, p. 47 – 68. 
17 O artigo 50.º do TUE decorre, com poucas alterações do artigo I-60.º do Tratado que estabelece uma 
Constituição para a Europa e que nunca entrou em vigor devido aos referendos negativos realizados em 
França e na Holanda determinando a adoção, pelo Conselho da Europa em 2005, de uma Declaração 
onde se procurava não pôr em causa o processo de integração europeia mas iniciar um período de 
reflexão sobre os novos passos a dar nesse sentido. O impasse na ratificação do tratado desencadeado 
pelos referendos negativos, a suspensão dos processos de ratificação de alguns Estados-membros, a 
adesão de novos Estados à União Europeia, a realização de novas eleições para o Parlamento Europeu e 
a consequente eleição de uma nova Comissão vieram a determinar a vontade de aprovação de um novo 
tratado até 2009, o que veio a acontecer em 13 de dezembro de 2007. 
18 JEAN-VICTOR LOUIS, “Union Membership: Accession, Suspension of Membership Rights and Unilateral 
Withdrawal. Some Reflections”, in INGOLF PERNICE/ JIRI ZEMANEK, A Constitution for Europe: The IGC, 
The Ratification Process and Beyond, Nomos, 2005, p. 223 e seg. Disponível em 
http://www.ecln.net/elements/conferences/book_prag/LouisFinal.pdf. 
 
 7 
governos no sentido de optarem pelo abandono da União Europeia, contrariando assim as disposições 
relativas à adesão que em comparação, a nível interno, são mais aligeiradas. 
O segundo passo é a notificação ao Conselho Europeu, pelo Estado-membro, da intenção de se 
retirar da União Europeia. Após a notificação segue-se um processo de negociações entre o Estado-
membro e a União Europeia – representada em todo o processo pelo Conselho Europeu – sobre as 
condições da saída e relação futura entre as partes. O acordo final deverá ser aprovado pelo Parlamento 
Europeu19 e posteriormente merecer a concordância da maioria qualificada dos membros do Conselho 
Europeu20. 
A conjugação do disposto nos números 2 e 3 do artigo 50.º do TUE levam à conclusão de que o 
período de negociações é de dois anos a contar da notificação do Conselho Europeu e que findo este 
período deixam de se aplicar os tratados, levando a que haja uma saída sem acordo, salvo se, por 
unanimidade e com o acordo do Estado-membro, o Conselho Europeu decida prorrogar o prazo das 
negociações. 
O artigo 50.º do TUE, no n.º 5, estabelece ainda que caso o Estado-membro que se tenha retirado 
volte a pedir a adesão à União, deverá passar pelo processo previsto no artigo 49.º do TUE. 
O artigo 50.º do TUE veio então a ser invocado, na sequência do resultado do referendo de 23 de 
junho de 2016, pela Primeira Ministra Theresa May a 29 de março de 2017 através de notificação ao 
presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, iniciando-se o período de negociações, a 19 de junho de 
2017, baseadas em três pilares essenciais: garantia dos direitos dos cidadãos – cidadãos da União 
Europeia a viver no Reino Unido e cidadãos do Reino Unido a viver na União Europeia – acordo financeiro 
entre o Reino Unido e a União e estatuto da Irlanda do Norte após saída do Reino Unido da União Europeia. 
O período de negociações tem vindo a ser prorrogado já por 4 vezes prevendo-se a saída do Reino Unido 
a 31 de janeiro de 2019. 
Todo o processo de retirada do Reino Unido da União Europeia tem sido atravessado desde o 
início por grandes dúvidas e incertezas. Foram muitas as hipóteses colocadas, desde a realização de novo 
referendo que evitasse a saída até uma saída precipitada sem qualquer acordo passando as negociações 
a ser feitas como se de um Estado terceirose tratasse. Atualmente, com a realização das eleições de 
dezembro de 2019 e a vitória do Partido Conservador, liderado por Boris Johnson, um dos principais 
apoiantes do Leave durante a campanha do referendo, o processo de saída surge como inevitável falta 
então conhecer de que modo será delineada a relação entre a União Europeia e o Reino Unido. 
 
19 De acordo com o artigo 231.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia “salvo disposição 
em contrário, o Parlamento Europeu delibera por maioria dos votos expressos”. 
20 A exigência de maioria qualificada na votação do Conselho Europeu corresponde a, pelo menos, 55% 
dos membros do Conselho, devendo os Estados-membros participantes reunir, no mínimo, 65% da 
população dos Estados-membros participantes e desde que não exista uma minoria de bloqueio, ou 
seja, pelo menos o número mínimo de membros do Conselho que represente mais de 35% da população 
dos Estados-membros participantes, cfr. artigo 238.º n.º3 al. a) do TFUE. 
 
 8 
§ 3.ª Consequências do Brexit para o Reino Unido 
 
A realização do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia com a vitória 
do Leave, não obstante no Conselho Europeu de 18 e 19 de fevereiro de 2016, tivesse sido aprovado um 
projeto de decisão relativa a um novo quadro para o Reino Unido na União Europeia, juridicamente 
vinculativo no sentido de confirmar e reafirmar o seu estatuto especial, levou ao início do processo 
conducente à saída do Reino Unido da União Europeia21. 
A retirada do Reino Unido da União Europeia significa o abandono da segunda maior economia 
mundial e do maior bloco comercial do planeta. A União Europeia é ainda um espaço onde é possível 
transformar poder económico em poder político através de políticas de ajuda financeira e através de 
acordos comerciais vantajosos com Estados terceiros. Ao deixar de fazer parte deste espaço o Reino Unido 
perde, sem dúvida, relevância política na cena internacional. 
A nível interno o Reino Unido terá ainda que lidar com as questões relacionadas com a Escócia e 
com a Irlanda do Norte22. Enquanto que na Escócia enfrenta as pressões independentistas que estavam 
adormecidas com o resultado do referendo sobre a independência, na Irlanda do Norte corre o risco de 
reacender as tensões relativas à unificação com a República da Irlanda. 
Podem então ser compiladas da seguinte forma as consequências para o Reino Unido23: 
aprovação de uma grande quantidade de legislação que vise substituir a legislação da União; negociação 
de uma grande quantidade de acordos internacionais de que o Reino Unido faz parte enquanto membro da 
União Europeia; perda de direitos políticos e de cidadania da União dos nacionais britânicos; perda de 
atratividade para o investimento internacional; perda de influência na política externa e de defesa mundial; 
perda de fundos da União, nomeadamente relativos a investigação científica; perda de cooperação com os 
outros Estados-membros em matérias de criminalidade organizada e terrorismo 
§ 4.ª Efeitos do Brexit para a União Europeia 
 
O Reino Unido é a quinta maior economia do mundo e a segunda da União Europeia, é um 
contribuinte líquido para o orçamento da União e é o terceiro estado mais populoso da União, com 12,7% 
da população total. Para além disso é o Estado da União Europeia que mais investe em defesa sendo por 
isso um dos elos mais importantes da política externa de segurança e defesa. 
 
21 ANA MARIA GUERRA MARTINS, Manual de Direito da União Europeia, 2018, p. 173. 
22 Na Escócia o Leave obteve 38% dos votos e o Remain 62% enquanto na Irlanda do Norte o Leave 
obteve 44,2% e o Remain 55,8%, os resultados podem ser consultados em 
https://www.electoralcommission.org.uk/who-we-are-and-what-we-do/elections-and-
referendums/past-elections-and-referendums/eu-referendum/results-and-turnout-eu-referendum 
23 Cfr. ANA MARIA GUERRA MARTINS, Manual de Direito..., p. 177. 
 
 9 
Para além destes aspetos de relevo é ainda importante realçar o papel que o Reino Unido teve no 
processo de construção da União Europeia24 que por mais do que uma vez ajudou a desenhar a forma da 
integração europeia não só através dos constrangimentos e barreiras que colocava, mas também no papel 
de proposta de medidas e impacto na política prosseguida pela União Europeia. Como exemplo cite-se a 
introdução da política de coesão regional dos anos 70 da qual, mais tarde, países como Portugal muito 
beneficiou, o relançamento do mercado único nos anos 80 e o impacto na PESC enquanto maior exército 
da União Europeia. 
Haverá ainda que realçar o papel que o Reino Unido desempenhou na condução dos Estados-
membros com tendências eurocéticas como a Dinamarca, Polónia e Hungria. Com a saída do Reino Unido 
este papel deverá ser assumido pelos países da Europa de Leste ou Central, no entanto sem contarem 
com a mesma influência política resultante a história democrática do Reino Unido, da sua experiência 
diplomática e da sua dimensão económica e populacional25. 
Não se concorda pois com as posições que encaram o até agora chamado cherry picking praticado 
no Reino Unido como tendo sido essencialmente prejudicial na história de integração europeia e que 
consideram a sua saída benéfica pois, tal como se justifica, “o grau de derrogação e opção de exclusão de 
que gozava e a sua forte oposição ao processo de integração europeia minava o bom funcionamento das 
instituições e a governança europeia, fazendo aumentar o descontentamento com a União quer no Reino 
Unido quer nos restantes países da União Europeia”26 mas sim com a evidência de que representa alguma 
perda de confiança no sempre crescente projeto europeu, na esperança de uma Europa Unida e otimista27. 
Considera-se, contudo, que findo este processo a União Europeia estará melhor preparada para 
lidar com este tipo de pretensões ou tensões com os Estados-membros e tal como tem sido demonstrado 
até agora nas negociações com o Reino Unido não haverá nada mais unificador do que a necessidade de 
constituir uma frente comum28. 
A União Europeia conseguiu, até ao momento, travar a crise da zona euro com a criação de nova 
legislação e mecanismos que têm permitido lidar com as crises das dívidas soberanas. Foram dados 
passos em 2016, no Conselho Europeu de Bratislava, no sentido de fortalecer a cooperação em matéria 
de segurança e assim esbater as consequências da retirada do Estado-membro com o maior exército da 
União conjugadas com a perda de influência da NATO resultante da atual presidência dos EUA. 
 
 
24 MICHELLE CINI E AMY VERDUN, “The Implications of Brexit for The Future of Europe”, in Brexit and 
Beyond: Rethinking the Futures of Europe, Benjamin Martill and Uta Staiger, 2018, UCLPress, Londres, p. 
64. 
25 Cfr. idem, ibidem, p. 66 e seg. 
26 ANNETTE BONGARDT e FRANCISCO TORRES, “Brexit: uma perspetiva Europeia”, in Broteria, Volume 
182, n.º 5 – Maio/Junho 2016, p. 454. 
27 PATRÍCIA FRAGOSO MARTINS, “Things We Lost in The Fire: EU Constitutionalism After Brexit”, in 
Católica Law Review, Lisboa, v.2, n.º 1, Janeiro 2018, p. 79. 
28 Cfr. MICHELLE CINI E AMY VERDUN, “The Implications of Brexit…, p. 68. 
 
 10 
Conclusão 
 
Ao longo do processo de construção europeia, pese embora o Reino Unido tenha assumido a 
liderança do conjunto de estados eurocéticos o seu contributo e importância não podem ser descurados. 
Relembre-se uma vez mais a introdução das políticas de coesão territorial das quais muito beneficiou a 
partir dos anos 70 mas que em virtude dos vários alargamentos países mais pobres tiraram importantes 
vantagens. 
Em todo o caso a opção pela visão intergovernamental foi sempre clara e expressa na negociação 
dos vários tratados e desde que com o Tratado de Maastricht se procurou ultrapassar o 
intergovernamentalismo dominante na estrutura das comunidades europeias conseguiu para si um estatuto 
Especial em matérias mais sensíveis e que implicam uma maior partilha de soberania como o espaço de 
liberdade, segurança ejustiça29, estatuto esse reforçado com o tratado de Lisboa, ao mesmo tempo que 
se esbatem as tendências intergovernamentais30, onde mesmo o Conselho Europeu – expoente do poder 
intergovernamental – adquire características mais próximas do modelo federalista com a aquisição de 
estatuto de instituição, de uma presidência estável e eletiva e exerce competências relativas à composição, 
organização e poderes do Conselho e da Comissão31. 
Não se julga contudo que estes tenham sido fatores determinantes na posição tomada pelo Reino 
Unido pois uma das conclusões que se retira da história da meia integração é que o Reino Unido sempre 
conseguiu prosseguir os seus objetivos dentro do espaço da União Europeia, desde o cheque britânico ao 
cherry picking, passando pelos opting out da Europa a duas velocidades. 
Numa altura em que a União Europeia enfrentava a incapacidade de lidar com a crise das dívidas 
soberanas, com a chegada de milhares de refugiados de guerra e económicos e com a mais fácil 
penetração de discursos nacionalistas e populistas, que frise-se, sempre encontraram nas instituições 
europeias um alvo fácil, levou a uma cedência do governo britânico que perante a vitória do UKIP nas 
eleições europeias de 2014, temeu a erosão do poder parlamentar nas eleições gerais de 2015. 
Neste momento estamos a pouco mais de 15 dias da última prorrogação do prazo de conclusão 
do processo de saída do Reino Unido que conta agora com um apoio parlamentar na Câmara dos Comuns 
a um governo liderado por um dos principais apoiantes do Brexit, não obstante, não se conta com uma 
saída desordenada da União Europeia, o percurso da história tem demonstrado que o Reino Unido conta 
com capacidade de negociação e diplomática de peso e não optará por um caminho com riscos e perdas 
avultadas e, seguindo a lição de Fausto de Quadros, sempre se dirá que “a integração europeia é um 
 
29 Atual Protocolo n.º 20 anexo ao Tratado de Lisboa. 
30 Durante a vigência do Tratado de Roma (Comunidade Europeia) e de Maastricht (União Europeia), 
complementados pelos Tratados de Amesterdão e de Nice, frisa a importância do Conselho a quem é 
conferido primordialmente o poder de decisão tomado por unanimidade em matérias particularmente 
sensíveis, o confinamento da Comissão em funções de iniciativa de execução, a pouca participação do 
Parlamento Europeu na adoção de regras comunitárias e a incapacidade do Tribunal de Justiça forçar os 
Estados a cumprir com as suas decisões, Cfr. PAULO DE PITTA E CUNHA, Direito Europeu...”, p.37. 
31 Cfr. MARIA LUÍSA DUARTE, Estudos Sobre..., p. 64. 
 
 11 
processo que envolve estados democráticos. Por isso, o seu futuro (a começar, pelo modelo de integração 
política a adotar) será aquele que os povos dos Estados membros quiserem”32. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 Fausto de Quadros, Direito da União Europeia, Almedina, 2004, p. 50. 
 
 12 
Bibliografia 
 
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Volume 182, n.º 5 – Maio/Junho 2016, p. 451 – 470. 
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2018, UCLPress, Londres, p. 63 – 71. 
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