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SUCESSÕES Professora: Bernadete TIPOS DE SUCESSÕES MORTIS CAUSA: Legítima (a título universal) Derivada da lei Testamentária (a título universal e singular) Derivada da vontade do testador Ao completar essa divisão, preconiza o art. 1788 do CC que, morrendo a pessoa sem deixar testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos. O mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento. Em suma, a ordem de raciocínio a ser seguida na sucessão é primeiro de investigar a existência de disposição de última vontade que seja válida e eficaz. Não havendo disposição, vige a ordem de sucessão legítima estabelecida em lei TIPOS DE HERDEIROS Legítima Direito à herança (cláusula pétrea) Princípio da proteção à família Herdeiros legítimos: Necessários Têm a seu favor a proteção da legítima, composta por metade do patrimônio do autor da herança (art. 1846, CC). Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas de funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos à colação (art. 1847, CC) Facultativos Não têm a seu favor a proteção da legítima, podendo ser preteridos por força de testamento (art. 1850, CC). É o caso dos colaterais até 4º grau Testamentária Definida pelo titular do patrimônio Herdeiros testamentários: partes iguais Legatários: bem específico ou direito específico Obs: Tanto a legítima quanto a testamentária podem ser alteradas por lei ordinária Qualquer pessoa pode fazer testamento, desde que tenha no mínimo 16 anos, mesmo não tendo qualquer bem, pois o patrimônio a ser herdado será o que ela tiver quando morrer O testamento pode ser modificado/revogado Caso não haja testamento, haverá a sucessão legítima VOCAÇÃO HEREDITÁRIA (sucessão legítima) Classes/herdeiros: 1º Descendentes em concorrência com cônjuge/companheiro, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1640, parágrafo único; ou, se no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares Regimes em que o cônjuge herda em concorrência Regimes em que o cônjuge não herda em concorrência Regime da comunhão parcial de bens, em havendo bens particulares do falecido Regime da participação final nos aquestos Regime da separação convencional de bens Regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do falecido Regime da comunhão universal de bens Regime da separação legal ou obrigatória de bens No regime da comunhão parcial de bens, a concorrência sucessória somente se refere aos bens particulares. Nesse sentido o Enunciado n. 270 do CJF/STJ, da III Jornada de Direito Civil: “O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes”. 2º Ascendentes em concorrência com cônjuge/companheiro Concorrendo o cônjuge com dois ascendentes de primeiro grau (pai ou mãe), terá direito a um terço da herança. Então, supondo que o falecido tenha deixado os pais e a esposa, os três terão direitos sucessórios na mesma proporção, ou seja, em 1/3 da herança Concorrendo o cônjuge somente com um ascendente de primeiro grau ou com outros ascendentes de graus diversos, terá direito à metade da herança. Ex: o falecido deixa a mãe e a esposa. Cada uma recebe metade da herança. Ex2: o falecido deixou dois avós maternos e a esposa. A esposa recebe metade da herança. A outra metade é dividida entre os avós do falecido de forma igualitária 3º Cônjuge/companheiro 4º Colaterais Considerações/exemplos: “Título universal”: refere-se à sucessão por causa mortis. Só existe título universal nesta. A sucessão ocorre com a morte do titular do patrimônio, ou seja, com a morte automaticamente os bens passam a ser dos herdeiros Exemplo: João falece e, em razão da sucessão a título universal, deixa para seus 3 filhos: Campo Casa Máquina agrícola Aplicações Dívidas Nesse caso, cada um dos filhos ficará com 1/3 de cada um dos patrimônios, incluindo as aplicações e dívidas, como exposto logo abaixo: Campo (1/3) Casa (1/3) Máquina agrícola (1/3) Aplicações (1/3) Dívidas (1/3) CONDOMÍNIO RESSALTA-SE QUE OS HERDEIROS SÓ RECEBERÃO O PATRIMÔNIO QUANDO PAGAREM AS DÍVIDAS! Exemplo de vocação hereditária na CUB: Cônjuge/companheiro: só irão receber a meação, não a herança 1º herdeiro (descendentes):filhos, independentemente da origem, e assim sucessivamente Para se passar à classe dos ascendentes, primeiro deve-se esgotar a dos descendentes 2º herdeiro (ascendentes): Pai/mãe; avô/avó, e assim sucessivamente 3º herdeiro (cônjuge/companheiro): Herdeiros exclusivos Não há partilha, os bens são adjudicados 4º colaterais: Caso não haja nenhum herdeiro: Poder público, arrecadado pelo município do local dos bens SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA É personalíssima, sendo nula se realizada por outra pessoa Não se pode negociar com outra pessoa (pacto sucessório), sob pena de nulidade Deve se dar por total liberalidade Nenhuma pessoa pode se beneficiar com o seu auto testamento Caso não haja herdeiros necessários, o titular do patrimônio poderá se utilizar tão somente do testamento Sucessão testamentária a título universal João beneficia “X” em testamento, deixando 1/4 de seu patrimônio para esse. O que sobrar é dividido com os demais filhos. Sucessão a título singular/coisa certa (legatário) Especifica o bem deixado ou até mesmo um direito real, não preciso esperar a partilha para ter conhecimento do bem a ser recebido, a exemplo de um trator. Caso haja dívidas muito altas, de modo que se tornam inviáveis de serem pagas com outros bens e todo o restante do patrimônio for prejudicado, não receberei o trator. Ademais, se sobrar apenas este, terá de ser dividido em partes iguais CLASSES/HERDEIROS: 1º Descendentes em concorrência com cônjuge/companheiro, dependendo do regime de bens 2º Ascendentes em concorrência com cônjuge/companheiro 3º Cônjuge/companheiro 4º Colaterais SÃO HERDEIROS NECESSÁRIOS/LEGÍTIMOS AS 3 PRIMEIRAS CLASSES ELENCADAS ACIMA(TEM DIREITO A 50% DO PATRIMÔNIO) SÃO HERDEIROS FACULTATIVOS OS COLATERAIS Exemplo (1ª classe): Patrimônio do casal: R$ 400.000,00 João ––––––––––––– Maria A B Regime de casamento: CUB 1º passo – MEAÇÃO: Maria terá direito a 50% decorrente da meação, portanto, R$ 200.00,00. NÃO HÁ INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS Assim, sobrou R$ 200.000,00 a ser partilhado na herança. QUANDO SE FALA EM HERANÇA, JÁ NÃO HÁ MAIS MEAÇÃO. JÁ HOUVE DIMINUIÇÃO DO VALOR EM RAZÃO DA MEAÇÃO 2º passo – HERANÇA: 50%50% 25% (A) (Disponível) (Indisponível)Herdeiros necessários Legítima 25% (B) Para filhos, a cota da legítima é igual. Pode o filho renunciar Em relação à parte disponível (50%), o pai poderia favorecer apenas um dos filhos, de modo que esse ficaria com um total de 75% (50% da parte disponível + 25% da legítima) Se eu desse 40% da parte disponível 60% faria parte da legítima. Tudo o que sobra do testamento entra na legítima NA HERANÇA, HÁ A INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS Exemplo (2ª classe): Patrimônio do casal: R$ 400.000,00 PaiMãe João ––––––––––––– Maria Regime de casamento: CUB João falece e não deixa filhos com Maria 1º passo – MEAÇÃO: Maria terá direito a 50% decorrente da meação, portanto, R$ 200.00,00. NÃO HÁ INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS Assim, sobrou R$ 200.000,00 a ser partilhado na herança. QUANDO SE FALA EM HERANÇA, JÁ NÃO HÁ MAIS MEAÇÃO. JÁ HOUVE DIMINUIÇÃO DO VALOR EM RAZÃO DA MEAÇÃO 2º passo – HERANÇA: como o casal não possuifilhos, Maria, além de ter recebido a meação, receberá também 1/3 da herança, uma vez que concorre com os pais de João 1/3 pai 1/3 mãe 1/3 cônjuge (Maria) ASSIM, QUANDO HÁ DESCENDENTES, O CÔNJUGE RECEBERÁ A HERANÇA A DEPENDER DO REGIME. EM CONTRAPARTIDA, QUANDO HÁ APENAS ASCENDENTES, O CÔNJUGE IRÁ RECEBER HERANÇA, INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE BENS Obs: Art. 1790, CC (companheiro) O STF não decidiu se companheiro é herdeiro necessário Herdeiro facultativo: só será herdeiro se não houver testamento (?) Herança e legado não são a mesma coisa. Legado se dá somente por causa mortis, sendo um bem específico. É semelhante a doação, mas se dá por causa mortis. Não incide a meação se houve divórcio Separação de fato: 2 anos (?) Os herdeiros respondem pelas dívidas do de cujus somente até os limites da herança e proporcionalmente às suas cotas. Ex: o falecido deixou dois herdeiros e um patrimônio de R$ 50.000,00. Deixou, ainda, uma dívida de 1.000.000,00. Cada herdeiro responde somente nos limites de sua quota de herança (R$ 250.00,00) O Novo Código de Processo Civil confirmou o sentido da norma instrumental anterior, com algumas pequenas alterações. Nos termos do seu art. 611, o processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Como se percebe, o prazo para a abertura foi alterado de 60 dias para 2 meses, o que não corresponde necessariamente ao mesmo número de dias. Em relação ao prazo de encerramento do inventário, este foi mantido em doze meses. PRINCÍPIOS DO DIREITO SUCESSÓRIO 1) Princípio da Saisine Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Principal princípio do direito sucessório Os bens passam a pertencer aos herdeiros desde a morte do de cujus. É possível renunciar à condição de herdeiro. Portanto, o fato gerador da sucessão se dá no momento da morte Morte até Dezembro de 2002: aplica-se as regras do CC/1916 Comoriência: não se transmite de um para o outro Súmula 112 STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão. O IMPOSTO INICIA NA ÉPOCA DA ABERTURA DA SUCESSÃO. SE POSTERIORMENTE HOUVER UM AUMENTO (FRUTOS), NÃO HÁ TRIBUTO/IMPOSTO Ex: dinheiro aplicado: na época da morte (será tributado) Rendimentos da aplicação após a morte: dos herdeiros, não há impostos Efeitos: a) A propriedade e a posse dos bens deixados são transmitidos na abertura da sucessão, com os mesmos caracteres b) A legitimação dos herdeiros e legatários se dá no exato momento da abertura da sucessão Herdeiros são os existentes nesse momento c) Cria-se um condomínio legal entre todos os herdeiros, até a partilha Casa; apartamento; campo; dívida: 1/3 para cada um dos herdeiros, no caso, 3 filhos É possível vender direitos hereditários, só que quem comprar entra no condomínio. Ademais, os co-herdeiros tem direito de preferência O condomínio só termina no inventário/partilha O condomínio é administrado pelo inventariante. Este só pode mexer no patrimônio mediante autorização judicial/alvará judicial. Caso haja herdeiros menores, deve passar pelo MP d) A sucessão aberta tem a natureza de imóvel A cessão de direitos hereditários deve se dar por escritura (INSTRUMENTO PÚBLICO). Caso eu seja casado, ainda tem que haver a anuência do cônjuge e) A legislação em vigor na abertura da sucessão regulamenta todo o processo de transmissão dos bens, independente da data do inventário PERGUNTAR (?) 2) Princípio da proteção à família (sucessão legítima) Direito à herança (cláusula pétrea) 3) Princípio da autonomia da vontade do testador (sucessão testamentária) Não havendo herdeiros necessários, pode beneficiar quem quiser 4) Princípio da supremacia da ordem pública Normas imperativas Cláusula de impenhorabilidade/inalienabilidade: deve haver um motivo Função social da propriedade Não se pode fazer uma corrente de sucessões 5) Princípio do favor testamenti Deve ser interpretado de acordo com a vontade do testador. Deve-se interpretar reconstruindo a vontade do testador Não se pode ir além do que o testamento prever O que não for cumprido do testamento, incorpora-se à legítima Em matéria testamentária, a interpretação deve ser voltada no sentido da prevalência da manifestação de vontade do testador, orientando, inclusive, o magistrado quanto à aplicação do sistema de nulidades Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador (art. 1.899 do CC). EXERCÍCIO 1 Falece em um acidente aéreo a seguinte família: Antônio, pai de Jorge e Luciano, casado com Beatriz, no regime de comunhão parcial de bens Beatriz, que também possui como filho somente Jorge e Luciano Eva, viúva, mãe de Antônio, seu único filho Os patrimônios dos falecidos é o seguinte: a) Bens comuns do casal: R$ 800.000,00 b) Bens particulares de Antônio: R$ 300.000,00 c) Bens particulares de Beatriz: R$ 200.000,00 d) Bens de Eva: R$: 600.000,00 e) Jorge e Luciano: não possuem patrimônio Os parentes mais próximos são: a) Luiz, irmão de Eva e tio de Antônio b) Rita e Marta, primas de Beatriz Identifique os herdeiros e o valor herdado nas seguintes hipóteses: 1) Ocorre comoriência entre todos os membros da família, vítimas do acidente 2) Antônio sobrevive por algumas horas, falecendo após 3) Beatriz sobrevive por algumas horas, falecendo após 4) Eva sobrevive por algumas horas, falecendo após 5) Luciano sobrevive por algumas horas, falecendo após Relação dos patrimônios: Antônio: 300.000 + 400.000 => 700.000 Beatriz: 200.000 + 400.000 => 600.000 Eva: 600.000 1) Ocorre comoriência entre todos os membros da família, vítimas do acidente SUCESSÃO DE ANTÔNIO SUCESSÃO DE BEATRIZ SUCESSÃO DE EVA Patrimônio: 700.000 Herdeiro: Luiz: 700.000 Patrimônio: 600.000 Herdeiros: Marta e Rita: 300.000 para cada uma Patrimônio: 600.000 Herdeiro: Luiz: 600.000 2) Antônio sobrevive por algumas horas, falecendo após SUCESSÃO DE EVA SUCESSÃO DE BEATRIZ SUCESSÃO DE ANTÔNIO Patrimônio: 600.000 Herdeiro: Antônio: 600.000 Patrimônio: 600.000 Herdeiro: Antônio: 600.000 Patrimônio: 700.000 + 600.000 + 600.000 Herdeiro: Luiz: 1.900.000 3) Beatriz sobrevive por algumas horas, falecendo após SUCESSÃO DE ANTÔNIO SUCESSÃO DE EVA SUCESSÃO DE BEATRIZ Patrimônio: 700.000 Herdeiro: Beatriz: 700.000 Patrimônio: 600.000 Herdeiro: Luiz: 600.000 Patrimônio: 600.000 + 700.000 Herdeiros: Marta e Rita: 650.000 para cada uma 4) Eva sobrevive por algumas horas, falecendo após SUCESSÃO DE ANTÔNIO SUCESSÃO DE BEATRIZ SUCESSÃO DE EVA Patrimônio: 700.000 Herdeiro: Eva: 700.000 Patrimônio: 600.000 Herdeiros: Marta e Rita: 300.000 para cada uma Patrimônio: 600.000 + 700.000 Herdeiro: Luiz: 1.300.000 5) Luciano sobrevive por algumas horas, falecendo após SUCESSÃO DE ANTÔNIO SUCESSÃO DE BEATRIZ SUCESSÃO DE EVA SUCESSÃO DE LUCIANO Patrimônio: 700.000 Herdeiro: Luciano: 700.000 Patrimônio: 600.000 Herdeiro: Luciano: 600.000 Patrimônio: 600.000 Herdeiro: Luciano: 600.000 Patrimônio: 1.900.000 Herdeiro: Luiz: 1.900.000 ACEITAÇÃO DA HERANÇA A aceitação é pura e simples, ou seja, não se pode aceitar o patrimônio e negar as dívidas Confirmação do Princípio da Saisine Também chamada de adição de herança Depois que aceita, não pode renunciar. Não se pode escolher os bens a serem aceitos Se aceita, não se pode mais renunciar Caso haja 1 título sucessório: OU se aceita OU se renuncia. NÃO PODE HAVER A IMPOSIÇÃO DE TERMOS, ENCARGOS...) Caso a mesma pessoa seja herdeira legítima e testamentária, essa poderá aceitar as duas, uma, ou nenhuma Tipos de aceitação: Tácita: - age-se como herdeiro Expressa: não é mais exigida Presumida: O interessado em que o herdeirodeclare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. RENÚNCIA DA HERANÇA Afasta os efeitos do Princípio da Saisine Efeito retroativo (retroage à data da abertura da sucessão) NÃO HAVERÁ INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS PARA OS FILHOS SE NÃO PASSAR DO VALOR LEGAL PREVISTO EM LEI SEMPRE É EXPRESSA (escritura pública ou termo nos autos). Não se admite a renúncia tácita, presumida ou verbal De toda sorte, entende a jurisprudência que quando a renúncia à herança é realizada por meio de procurador, este não pode ser constituído mediante instrumento particular. Em outras palavras, há necessidade de que a outorga da procuração seja feita por instrumento público ou termo judicial. Não se pode aceitar ou renunciar à herança em partes (de forma fracionada), sob condição (evento futuro e incerto) ou a termo (evento futuro e certo). Assim, não poderá aceitar a herança relativamente a um imóvel quitado e renunciar à mesma herança no que se refere a um imóvel com saldo a pagar. Também será vedada a renúncia ou aceitação que busque ver alcançada uma condição ou aquelas feitas com a previsão de valerem a partir de determinada data Porém, como primeira exceção à regra geral, enuncia o § 1.º do art. 1.808 do Código Civil que o herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando à herança; ou, aceitando a, repudiá-los. Além disso, como outra exceção, o herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia (art. 1.808, § 2.º, do CC). Para concretizar, se determinado herdeiro for também sucessor testamentário, poderá ele renunciar à sucessão legítima e aceitar os bens transmitidos por ato de última vontade. O herdeiro menor/incapaz só pode renunciar mediante autorização judicial Obs: Caso o renunciante seja casado, é necessário outorga do cônjuge? Questão controvertida. Os cartórios exigem. Todavia, a renúncia gera um efeito retroativo, ou seja, é como se o renunciante nunca recebeu a herança. Nesse sentido, não precisaria autorização do cônjuge Duas são as modalidades de renúncia à herança Renúncia abdicativa: O herdeiro diz simplesmente que não quer a herança, havendo cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia. Em casos tais, não há a incidência de imposto de transmissão inter vivos contra o renunciante Renúncia translativa: Quando o herdeiro cede seus direitos a favor de determinada pessoa. Como h;a um negócio jurídico de transmissão, incide o imposto inter vivos CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS Não se pode vender um bem específico, somente mediante autorização judicial Incide imposto de transmissão inter vivos Casos práticos envolvendo aceitação e renúncia de herança: 1) “A” (pai) falece em um acidente. Seu filho (C), falece logo após Uma vez que não teve tempo de aceitar ou renunciar a herança, quem deve fazer isso são os herdeiros de C 2) Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. A B D C F F tem que aceitar a herança de C para poder deliberar acerca da herança de A. Não se pode renunciar à herança de C e aceitar a herança de A. O resto pode. 2) A B D C x y n p o m Filhos: não importa se o pai ou a mãe se casou novamente Classe dos descendentes: Possuem DIREITO DE REPRESENTAÇÃO, sendo esse infinito D falece antes de A (pré-morto). A parte de D vai para os seus três herdeiros. Caso haja renúncia, não há direito de representação. Se B renunciar a herança, esta será dividida entre C e os herdeiros de D B e C renunciam, D é pré-morto. Nesse caso, haverá divisão entre todos os netos por SUCESSÃO POR DIREITO PRÓPRIO, NÃO POR DIREITO DE REPRESENTAÇÃO A renúncia afasta o direito de representação Se o pré-morto for indigno, mesmo assim os filhos terão direito de representação 3) “Morto um avô, A, viúvo, sucedem-no seus filhos, B e C. B, pai de D e unido maritalmente a F, falece posteriormente a seu pai, A, sem que tenha deliberado a respeito do acervo de seu pai. D, então, resolve repudiar a herança de seu pai, B, herança esta que é devolvida inteiramente a F, perdendo D o direito a deliberar quanto à herança de seu avô, A, que a lei entende pertencer ao patrimônio de B. F, por sua vez, aceita o patrimônio de B, podendo, então, deliberar a respeito da herança de A, aceitando a ou renunciando a ela” 4) 5) 6) 7) Exercícios de fixação 1) Falece uma senhora, deixando 10 netos, 8 filhos de 1 filho pré-morto e 2 filhos de 1 filho que renuncia a herança. O patrimônio é de R$ 36.000,00 R: O patrimônio total será dividido por 10 (36.000,00/10) 2) Falece João, casado no regime de CUB com Sônia. O patrimônio do casal é de R$ 480.000,00. O casal teve dois filhos: Jane e Tarcísio. João ainda tem um filho de outra relação: Pedro. Jane é mãe de Renata e Daniel, e Pedro é pai de Bento. Considere as hipóteses, isoladamente, e indique os herdeiros e valores recebidos a) Todos têm capacidade sucessória b) Tarcísio renuncia à herança c) Tarcísio renuncia e Jane é pré-morta d) Todos os filhos renunciam Patrimônio: R$ 480.000,00 João ––––––––––––––––––– Sônia Pedro Jane Tarcísio Bento Renata Daniel R: Meação de Sônia: 240.000,00 Herança a ser partilhada: 240.000,00 a) Todos têm capacidade sucessória Pedro: 80.000,00 Jane: 80.000,00 Tarcísio: 80.000,00 b) Tarcísio renuncia à herança Pedro: 120.000,00 Jane: 120.000,00 c) Tarcísio renuncia e Jane é pré-morta Pedro: 120.000,00 Renata: 60.000,00 Daniel: 60.000,00 d) Todos os filhos renunciam Bento: 80.000,00 Renata: 80.000,00 Daniel: 80.000,00 CAPACIDADE SUCESSÓRIA Sucessão legítima (1798) Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Sucessão testamentária (1799) Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. Se não há herdeiros necessários, é possível destinar todo o patrimônio para determinada pessoa em testamento É possível destinar o patrimônio para o 1º sobrinho que meu filho tiver, por exemplo. Chama-se isso de prole eventual (prazo: art. 1800, pár. 4) § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. É possível deixar bens para pessoa jurídica. No entanto, há que se ressaltar que essa deve estar regularmente constituída na abertura da sucessão. Assim, caso a entidade já não exista mais (cláusula caduca), o patrimônio destinadoirá para a sucessão legítima. Caso o patrimônio destinado para a criação de uma fundação não for suficiente, pode-se destiná-lo a uma fundação já existente, sob a condição de que tenha os mesmos objetivos Pois bem, o art. 1.799 do CC preconiza que na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I) Os filhos, ainda não concebidos de pessoas indicadas pelo testador (prole eventual), desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão. Em casos tais, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz (art. 1.800, caput, do CC). Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775 do CC (art. 1.800, § 1.º, do CC). Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber (art. 1.800, § 2.º, do CC). Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador (art. 1.800, § 3.º, do CC). Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos (art. 1.800, § 4.º, do CC). II) As pessoas jurídicas, que podem herdar por sucessão testamentária e não por sucessãolegítima. Exemplo: testamento que beneficia uma associação já existente ao momento da morte. III) As pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. Exemplo: no testamento o autor da herança determina a criação de uma fundação, que irá receber os bens determinados (art. 62 do CC). LEGITIMIDADE SUCESSÓRIA (1801, 1802, 1803) Ninguém que se envolver no testamento pode se beneficiar desse Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. EXCLUSÃO DE HERDEIROS INDIGNIDADE Possibilidade de exclusão de qualquer tipo de herdeiro, por sentença, em virtude de atos reprováveis definidos por lei Serve para afastar qualquer tipo de herdeiro Atrelada à sucessão legítima Exclusão se dá por sentença, não é um efeito automático Caso haja absolvição por falta de provas, poderá haver condenação pela indignidade. Se agiu em legítima defesa, não pode ser declarado indigno. Causas: Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; Denunciação caluniosa: ação penal pública incondicionada Crimes contra a honra: Injúria: honra subjetiva (ex: tu é um viciado) Calúnia: honra objetiva (ex: quando lhe é imputado falso crime) Difamação: honra objetiva (ex: reputação) As três dependem de queixa-crime III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. O artigo tem sofrido diversas críticas, uma vez que as situações aqui previstas são limitadas. No caso de lesão corporal seguida de morte, por exemplo, ou até mesmo o induzimento ao suicídio, não há previsão de indignidade, quando deveria ter. Efeitos (1816, 1817): O herdeiro excluído é equiparado ao pré-morto e considerado possuidor de má-fé. É, pois, um herdeiro aparente Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles. O herdeiro indigno terá direito à indenização pelas benfeitorias necessárias Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária. Legitimidade: Interessados Caso seja criança, poderá o MP mover a ação Recentemente, a jurisprudência entendeu que o MP também pode ingressar coma ação nos casos de homicídio (1814) Prazo: 4 anos (da abertura da SUCESSÃO). É decadencial. Exemplo (caso Suzane): Avós Avós Pai Mãe Suzane –––––––– irmão da Suzane Pelas disposições atuais, Suzane perderia o direito à herança dos avós, pois assassinou os descendentes desses Exemplo 2: “A” matou o pai. É declarado indigno em relação à herança desse. Quando a mãe morrer, abre o prazo para entrar com a ação (para não receber a herança da mãe) em razão de ter matado o pai. A mãe pode perdoar (reabilitação do indigno) A reabilitação do indigno não é presumida e deve ser por escrito. Uma vez perdoado, os demais herdeiros não terão mais direito a mover uma ação Exemplo 3: Caso o Leandro Boldrini seja absolvido no Júri, a sentença de indignidade é anulada EXERCÍCIOS A PARTIR DO CASO A SEGUIR, MARQUE V OU F, JUSTIFICANDO AS ALTERNATIVAS FALSAS: Caso 1: Jorge faleceu em 2007. Ele era pai de Carla, falecida em 2000, e casado em Comunhão Universal de Bens com Luciana. Carla deixou dois filhos: Marina e Samira. Marina foi beneficiada em testamento feito por Jorge, em 1998, com um carro da marca Ford. CUB Jorge –––––––––––––––––Luciana (†2007) Carla (†2000) Marina Samira (carro em test) 1) Luciana, Marina e Samira são herdeiras legítimas necessárias FALSO: Luciana não é herdeira necessária, tendo direito apenas à meação 2) Marina é herdeira legítima necessária e legatária VERDADEIRO 3) Caso Carla fosse viva e declarada indigna, suas filhas exerceriam o direito de representação FALSO: não é direito de representação, pois não há outro herdeiro. É direito próprio 4) Se Marina for declarada indigna não poderá receber nem a conta da legítima, nem a disposição testamentária FALSO: desde que fosse provado que na época do testamento ele sabia do fato e quis beneficiá-la 5) Caso Marina e Samira renunciem, Luciana será herdeira legítima, mesmo que existam ascendentes de Jorge VERDADEIRO Caso 2: Juliana faleceu sem deixar herdeiros necessários. Deixouem testamento um carro para o Asilo “Amigos dos Idosos”. Seus parentes mais próximos são dois irmãos, um unilateral e o outro bilateral; três sobrinhos, filhos do irmão unilateral, e uma sobrinha, filha do irmão bilateral. Ainda deixa dois tios e um primo. 6) O testamento poderá ser cumprido mesmo que o valor do carro ultrapasse 50% do patrimônio da herança VERDADEIRO, pois são herdeiros facultativos 7) Os herdeiros legítimos de Juliana são seus irmãos, com cotas diferenciadas VERDADEIRO 8) Caso um dos seus irmãos renuncie, os credores dele poderão aceitar herança, com autorização judicial VERDADEIRO (art. 1813, CC) 9) Caso o irmão bilateral renuncie e o irmão unilateral seja pré-morto, os sobrinhos recebem a herança com cotas idênticas FALSO: recebem por direito próprio, mas com cotas distintas (unilateral recebe 1 cota; bilateral recebe 2 cotas) 10) Para os tios receberem a herança legítima, os irmãos, sobrinhos e primos devem renunciar ou serem excluídos FALSO: os primos não Caso 3: Tarcísio, em 23 de Setembro de 1977, casou-se com Neide em regime de Comunhão Universal de Bens. O casal teve quatro filhos: Reinaldo, Jocemar, Kátia e Amanda. Tarcísio faleceu em 13 de julho deste ano, sendo que seu filho Jocemar havia falecido em 15 de janeiro de 2005, deixando dois filhos: Marília e Cezar. O casal tinha os seguintes bens: uma casa recebida em 2000 como herança por Neide, com cláusula de incomunicabilidade, avaliada em R$ 65.000,00; valores em conta corrente de Tarcísio no total de R$ 16.000,00, um apartamento na praia, adquirido por Tarcísio em 1975, avaliado em R$ 48.000,00. Faça a partilha dos bens CUB (1977) Tarcísio ––––––––––––––– Neide (†2018) Reinaldo Jocemar Kátia Amanda (†2005) Marília Cezar Dados: Neide: casa recebida em 2000 como herança, com cláusula de incomunicabilidade: R$ 65.000,00 Conta: R$ 16.000,00 TOTAL: R$ 64.000,00 Apartamento: R$ 48.000,00 Resolução: Meação: R$ 32.000,00 Herança: R$ 32.000,00 Herdeiros: Reinaldo: 8.000,00 Kátia: 8.000,00 DIREITO PRÓPRIO Amanda: 8.000,00 Marília: 4.000,00 DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Cezar: 4.000,00 DESERDAÇÃO Serve somente para afastar herdeiros NECESSÁRIOS Depende da vontade do testador Instituto da sucessão TESTAMENTÁRIA Não existe deserdação de herdeiros facultativos Não basta a vontade. Os demais herdeiros devem provar a ocorrência do fato (deve haver previsão legal) Requisitos: a) Testamento válido b) Causa definida em lei c) Ação Judicial/ação de deserdação Causas (1814, 1962, 1963) Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, copanheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - Relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade. Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento. Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador. Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento. É necessário TESTAMENTO + CAUSA + AÇÃO Deve-se provar que o fato ocorreu A prescrição de um possível ilícito penal não impede a deserdação Prazo: 4 anos, decadencial, a contar da abertura do TESTAMENTO INDIGNIDADE DESERDAÇÃO Matéria de sucessão legítima e testamentária Forma de exclusão de herdeiros Todos os tipos de herdeiros Ação de indignidade Prazo decadencial: 4 anos, a contar da abertura da sucessão Legitimidade: interessados; MP no caso de homicídio Basta a causa e a ação Causas: art. 1814 Perdão do indigno: testamento ou ato autêntico. Não se presume perdão Efeito: possuidor de má-fé e equiparado ao pré-morto Matéria de sucessão testamentária Forma de exclusão de herdeiros Apenas herdeiros necessários Ação de deserdação/ação de impugnação da deserdação Prazo decadencial: 4 anos a contar da abertura do testamento Legitimidade: interessados É necessário testamento + causa + ação Causas: art. 1814*, 1962, 1963 *apenas esse se aplica ao cônjuge Perdão: necessita de um novo testamento Efeito: possuidor de má-fé e equiparado ao pré-morto Indignidade e Deserção: A diferença inicial fundamental entre a exclusão por indignidade sucessória e a deserdação é que no primeiro caso o isolamento sucessório se dá por simples incidência da norma e por decisão judicial, o que pode atingir qualquer herdeiro (art. 1.815 do CC). A ação de indignidade pode ser proposta pelo interessado ou pelo Ministério Público, quando houver questão de ordem pública, conforme reconhece o Enunciado n. 116 do CJF/STJ, da I Jornada de Direito Civil. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se no prazo decadencial de quatro anos, contados da abertura da sucessão (art. 1.815, parágrafo único, do CC). Na deserdação, por outro lado, há um ato de última vontade que afasta herdeiro necessário, sendo imprescindível a confirmação por sentença. Indignidade: Partindo para a indignidade, enuncia o art. 1.816 do CC que são pessoais os efeitos da exclusão. Assim, os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Como se nota, a indignidade não atinge o direito de representação dos herdeiros do indigno, como ocorre na renúncia à herança. Ato contínuo, o excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança (ex.: filhos menores), nem à sucessão eventual desses bens (art. 1.816, parágrafo único, do CC). o efeito da indignidade constante do art. 1.816 do CC do mesmo modo se aplica à deserdação, em uma tentativa de unificação dos institutos São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão (art. 1.817, caput, do CC). Porém, aos herdeiros que obtêm a sentença de indignidade subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles (art. 1.817, parágrafo único, do CC). Como se nota, em havendo indignidade, o herdeiro declarado indigno posteriormente tem direito a receber a posse e o domínio da herança, ficando com ela até a declaração por sentença. Admite-se a reabilitação do indigno por força de testamento ou outro ato autêntico, caso de uma escritura pública (reabilitação expressa). O art. 1.818 do CC, que trata dessa possibilidade, prevê ainda a reabilitação tácita, presente quando o autor da herança contempla o indigno por testamento, quando já conhecia a causa da indignidade. CLASSES DE HERDEIROS 1) CLASSE DOS DESCENDENTES 1ª regra: Osherdeiros de 1º grau (filhos), sempre recebem a herança por direito próprio e cotas idênticas, independentemente da origem 2ª regra: A partir do 2º grau, recebe-se por direito próprio ou direito de representação Direito próprio: POR CABEÇA (quando não há filhos – todos são pré-mortos; todos renunciam) Neto só recebe a mesma cota por direito próprio Direito de representação: POR COTA/ESTIRPE (pré-morto/indigno/deserdado) 3ª regra: O direito de representação é infinito 4ª regra: O cônjuge ou companheiro concorrem com os descendentes dependendo do regime de bens 2) CLASSE DOS ASCENDENTES 1ª regra: São herdeiros necessários 2ª regra: Sempre concorre com cônjuge ou companheiro (não depende do regime de bens) 3ª regra: O mais próximo exclui o mais remoto, sem direito de representação Avós Avós Pai –––––––––––– Mãe (†) Herdeiro sozinho (avós não tem direito de representação) A(†) 4ª regra: Quando os herdeiros ascendentes, de mesmo grau, forem de linhas diferentes (materna e paterna), antes de distribuir a herança entre os herdeiros, divide-se 50% para cada linha. 50% (Paterno) 50% (Materno) Avós Avós Pai(†) Mãe (†) A(†) ASCENDENTES NEM SEMPRE RECEBEM COTAS IGUAIS (PODE TER APENAS UM AVÔ (Ó) NA LINHA (50%) E OS DOIS NA OUTRA (25% PARA CADA) 5ª regra: Na concorrência com cônjuge ou companheiro, a herança será dividida da seguinte forma: a) Cônjuge ou companheiro + ascendentes de 1º grau: COTAS IGUAIS Ex: falece A, deixando pai e cônjuge. 50% para cada b) Cônjuge ou companheiro + ascendentes de 2º grau ou mais: CÔNJUGE OU COMPANHEIRO RECEBEM 50%. O QUE SOBRAR É DOS ASCENDENTES O QUE SOBRAR: O QUE SOBRAR: 50% (Paterno) 50% (Materno) 25% para cada Avô paterno Avó paterna Avô (ó) materno (a) Pai(†) Mãe (†) A(†) –––––––––––––––––––––––– B (cônjuge) Exemplo utilizando números: Patrimônio do casal (A + B): R$ 200.000,00 Meação de B: R$ 100.000,00 Herança de A: R$ 100.000,00 B R$ 50.000,00 AM R$ 25.000,00 AP R$ 12.500,00 AP R$ 12.500,00 Dispositivo legal: Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. 3) SUCESSÃO DO CÔNJUGE 1ª regra: É herdeiro legítimo necessário 2ª regra: É herdeiro concorrente com descendentes, dependendo do regime de bens (art. 1829, I); e com ascendentes, SEM dependência com o regime de bens 3ª regra: Na falta ascendentes ou descendentes, é herdeiro exclusivo 4ª regra: Para haver legitimidade, o casamento deve estar na constância, no momento da abertura da sucessão 5ª regra: Em caso de separação de fato, observa-se o seguinte critério: Menos de 2 anos da separação de fato HERDA Mais de 2 anos da separação de fato HERDA SE NÃO TIVER CULPA PELA SEPARAÇÃO (discutível). Hoje, doutrina e jurisprudência são unânimes em não aceitar a culpa, mas sim apenas o critério temporal 6ª regra: Ainda que não tenha a qualidade de herdeiro, terá o direito real de habitação sobre o imóvel residencial do casal (morar na residência do casal, de forma vitalícia e gratuita) Se casar novamente, não perde o direito. Só se perde o direito se renunciar Caso os filhos herdem o imóvel, podem pagar o aluguel e o cônjuge continuar ali morando. Os móveis não podem ser retirados. **Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; NÃO CONCORRE: EXEMPLO 1 (CUB E SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA) A ––––––––––––––– B Patrimônio do casal: 200.000,00 Meação: 100.000,00 Herança: cônjuge não recebe Se houver cláusula de incomunicabilidade, será apenas dos filhos, podendo sequer haver meação Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de sessenta anos; II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Art. 1640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. EXEMPLO 2 (CPB) Se não houver bens particulares, são bens comuns do casal, de modo que se aplicará a mesma regra da CUB e da SOB CONCORRE: CPB, havendo bens particulares Separação total/convencional de bens Participação final nos aquestos Regimes atípicos EXEMPLO 1 (CPB) CPB A ––––––––––––––––––––– B X Y Patrimônio do casal: R$ 200.000,00 (comum) Herança de A: R$ 600.000,00 Meação de B: 100.000,00 (relativa aos bens comuns do casal) Herança de A (600.000,00): B 200.000,00 (SOMENTE CONCORRE NOS BENS PARTICULARES, POIS JÁ RECEBEU A MEAÇÃO) X 200.000,00 + 50.000,00 => 250.000,00 Y 200.000,00 + 50.000,00 => 250.000,00 CASO A TENHA DEIXADO DÍVIDAS OU UM PATRIMÔNIO PARA ALGUÉM, DESCONTA-SE DOS DOIS (HERANÇA E MEAÇÃO), PROPORCIONALMENTE **Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. A (†)––––––––––––––––––––––––––– B 1 2 3 4 Patrimônio particular de A: 600.000,00 B: GANHA OBRIGATORIAMENTE 1/4 DA HERANÇA (QUANDO HOUVER 4 OU MAIS HERDEIROS) 1, 2, 3, 4 112.500,00 para cada DEVE SER, NECESSARIAMENTE, ASCENDENTE. CASO SEJA MADRASTA/PADRASTO, CONCORRE EM COTAS IGUAIS EXERCÍCIOS NO OUTRO MATERIAL! 4) SUCESSÃO DOS COLATERAIS Não são deserdados Havendo cônjuge/companheiro, colateral não herda! 1ª regra: São herdeiros de 4ª classe, na forma de herdeiros legítimos facultativos 2ª regra Os mais próximos excluem os mais remotos, com as seguintes exceções a) Os sobrinhos têm preferência sobre o tio do “de cujus” b) Existe o direito de representação exclusivo para filhos de irmãos pré-mortos ou excluídos por indignidade (É LIMITADO) Sobrinhos Irmãos X (direito de representação) B (†) Y (†)Sobrinho-neto A C (não tem direito de representação) (†) D Nas outras classes, o sobrinho-neto teria direito de representação, uma vez que é infinito 3ª regra: Na concorrência entre irmãos unilaterais e bilaterais, os primeiros recebem a metade do que recebem os segundos Herança:R$ 500.000,00 B (unilateral) 1 COTA R$ 100.000,00 A C (bilateral) 2 COTAS R$ 200.000,00 (†) D (bilateral) 2 COTAS R$ 200.000,00 Cálculo: 500.000,00/5 (número de cotas) 4ª regra: A regra número 3 também se aplica na concorrência entre sobrinhos, filhos de irmãos unilaterais e filhos de irmãos bilaterais IrmãosSobrinhos 1 (bilateral) B (†) (bilateral) 2 (bilateral) 3 (bilateral) A C (†) (bilateral) 4 (bilateral) (†) 5 (bilateral) 6 (unilateral) D (†) (unilateral) 7 (unilateral) CÁLCULO: 500.000,000/12 Ainda para exemplificar, se o falecido deixar dois irmãos vivos e um sobrinho, filho de outro irmão já falecido quando da morte do autor da herança, o sobrinho tem direito de representação, concorrendo com os dois tios. Deve ficar claro que o direito de representação não se estende aos sobrinhos-netos do falecido, mas somente aos sobrinhos. 5ª regra: Na concorrência entre colateral de 4º grau, a herança é dividida entre todos em partes iguais Dispositivos legais: Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos. Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais. Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. § 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça. § 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. § 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual. Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal. EXERCÍCIOS NO OUTRO MATERIAL! 2º Bimestre SUCESSÃO DO PODER PÚBLICO Não é herdeiro Arrecada bens que não tem titular Irá para o Município onde o bem está localizado Herança jacente: Período de busca de herdeiros legítimos ou testamentários Ex: prole eventual; nascituro Herança vacante: Reconhecimento judicial de que os bens estão vagos É O JUIZ QUE DECLARA 87 Arrecadação de bens; nomeação do curadorPropriedade resolúvel do Município –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Possibilidade de Ação Direta de Petição de Herança 1º edital 2º edital 3º edital (EXCEÇÃO: COLATERAIS) 1 ano Obs: entre um edital e outro, deve haver no mínimo 1 mês (30d) Abertura da sucessão Sentença declaratória de vacância Propr. definitiva do Município (Bem público) HERANÇA JACENTE HERANÇA VACANTE 5 ANOS Considerações: Alguns autores entendem que com a sentença declaratória de vacância já não é mais possível usucapir. ESSA PÕE FIM À FASE JUDICIAL Para a propriedade se transferir definitivamente para o Município, deve haver o transcurso do prazo de 5 anos + sentença declaratória de vacância Caso seja proferida a sentença, mas não transcorrer o prazo de 5 anos, é possível usucapir SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA PRINCÍPIOS DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA Princípio da autonomia da vontade do testador: Posso impor condições, alterar a ordem da sucessão legítima, colocar encargos Princípio da supremacia da ordem pública Não se pode deixar para várias gerações (cadeia de sucessões) Princípio do “favor testamenti” Interpretar reconstruindo a vontade do testador. É possível a utilização de qualquer prova, até por dedução Em havendo duas sobrinhas de nome Maria, se o Juiz não conseguir interpretar o testamento reconstruindo a vontade do testador, não pode simplesmente dar metade para cada uma. Nesse caso, se não conseguir definir o quanto cada uma tem direito, a cláusula será considerada caduca, e os bens passarão a pertencer à legítima Considerações gerais e características do testamento: Formal e solene Unilateral É proibido testamento conjunto Não pode haver contraprestação (ex: deixo meu testamento SE ele me ajudar) Gratuito Só produz efeito até a morte REVOGÁVEL É POSSÍVEL INTERDITADO FAZER TESTAMENTO Não é necessário possuir o bem no momento de fazer o testamento EXIGE-SE APENAS CAPACIDADE MENTAL, NÃO IMPORTANDO A IDADE, POR EXEMPLO PODE FAZER COM 16 ANOS SEM SER ASSISTIDO NÃO HÁ TESTAMENTO POR VÍDEO Testemunhas não podem ser beneficiadas no testamento, nem pessoas interpostas, como parentes, por exemplo Não existe doação em testamento (cláusula nula) LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ÉPOCA DA FEITURA DO TESTAMENTO ÉPOCA DA ABERTURA DA SUCESSÃO Elementos extrínsecos Capacidade ativa do testador (FORMA do testamento) Ex: número de testemunhas (caso seja feito com menos do número mínimo legal previsto será nulo) Escrito ou digitado Elementos intrínsecos Capacidade sucessória passiva (CONTEÚDO do testamento) Ex: colocar animais no testamento TIPOS DE TESTAMENTOS: Público Ordinários Cerrado Simples Particular Extraordinário(art. 1879) Marítimo Especiais Aeronáutico Simples Militar Nuncupativo (art. 1896) GÊNEROS: Ordinários: situação normal de vida Especiais: situação de risco de vida Obs: Não há uma hierarquia de testamentos. Um pode revogar o outro ESPÉCIES (ORDINÁRIOS): Público: É o mais utilizado Escritura Pública especial Anotado no livro de escrituras do cartório (é entregue uma certidão ao testador) Transcrito pelo tabelião SEMPRE é feito em língua nacional É A ÚNICA POSSIBILIDADE DE TESTAMENTO PREVISTA PARA CEGOS OU ANALFABETOS (Nesse caso, o tabelião deve ler 2 vezes) LIDO EM VOZ ALTA, NA FRENTE DE 2 TESTEMUNHAS E DO TABELIÃO As testemunhas devem ficar o tempo todo na sala, devem ouvir toda a leitura do tabelião Pode ser feito em QUALQUER PARTE do território nacional, não precisa ser no domicílio Quando a pessoa falece, deve ser realizado o registro na Vara de Registros Públicos (Juiz analisará as questões FORMAIS. Se estiver tudo certo, emite-se uma certidão de registro e nomeia-se um testamentário) É de 5 anos o prazo decadencial para impugnar o testamento, a contar da data do registro Cerrado: A pessoa leva pronto até o tabelionato, podendo ser escrito pelo testador ou pelo advogado O testamentoé entregue na frente de 2 testemunhas ao tabelião Existência pública, mas conteúdo sigiloso Pode ser escrito em língua estrangeira Particular: Simples: Feito em casa, não envolve o tabelionato Necessário no mínimo 3 testemunhas para assinar O que vai validar é o depoimento das testemunhas perante o juiz Se pelo menos 1 testemunha comparecer, o Juiz PODERÁ validar. O ideal é as 3 comparecerem Pode ser escrito em língua estrangeira As testemunhas devem também dominar a língua estrangeira Extraordinário: SEM TESTEMUNHAS (O ÚNICO) Escrito de próprio punho PODERÁ ser validado pelo juiz ESPÉCIES (ESPECIAIS): Pessoa deve morrer 90 dias após fazer o testamento sob pena de caducar. Se sobreviver, deve fazê-lo na forma ordinária Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo. Marítimo: Comandante do Navio Militar: Nuncupativo (1896) Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas. Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento. É ORAL (ÚNICO QUE NÃO É ESCRITO) Ex: ferido em combate. Deve ser feito perante 2 testemunhas CODICILO (arts. 1881 a 1885) Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal. Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro, valerão como codicilos, deixe ou não testamento o autor. Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros. Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar. Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado. NÃO É TESTAMENTO Manifestação de última vontade em relação a BENS MÓVEIS DE PEQUENO VALOR (ATÉ 10% DO PATRIMÔNIO) Ex: esmolas, despesas de funeral, relógio antigo, obra de arte, cristaleira NÃO PODE REVOGAR TESTAMENTO. ESTE PREVALECE Requisitos: a) Escrito b) Datado c) Assinado Não leva ao cartório REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO Vontade do testador Só não pode revogar se não tiver capacidade mental Uma pessoa pode morrer com mais de um testamento, se não houver revogado nenhum Pode ser: Total Parcial Expresso: cláusula revogatória Tácito: quando uma cláusula do 2º contradiz uma cláusula do 1º CADUCIDADE DO TESTAMENTO Fatores externos que impedem o cumprimento do testamento PRODUZ EFEITO REVOGATÓRIO (o testamento anterior deixa de valer) O bem não existe mais NÃO EXISTE DIREITO DE REPRESENTAÇÃO NO TESTAMENTO, APENAS DE SUBSTITUIÇÃO, SE O TESTADOR ASSIM DISPUSER Pode colocar encargos no testamento Falta de objeto Falta de beneficiado Falta de lei(testamentos especiais) NULIDADE DO TESTAMENTO Vício grave que invalida o testamento NÃO PRODUZ NENHUM EFEITO, NEM MESMO O REVOGATÓRIO (se o segundo é nulo, o primeiro vale) Inobservância da forma Incapacidade ativa do testador ANULABILIDADE DO TESTAMENTO Vício de consentimento na elaboração do testamento (erro, coação, dolo) CADA SITUAÇÃO TERÁ QUE SER ANALISADA PARA VERIFICAÇÃO DA EXTENSÃO DA INVALIDADE ROMPIMENTO DO TESTAMENTO (arts. 1973 a 1975) Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador. Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. Art. 1.975. Não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte. Revogação legal do testamento Surgimento de herdeiro necessário que o testador não tinha, ou desconhecia sua existência 10 anos (ação de petição de herança) DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS Disposições nulas (art. 1900) Art. 1.900. É nula a disposição: I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro; IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. Pacto sucessório (herança de pessoa viva) Cláusula que beneficia a testemunha Legados (arts. 1912 a 1939) Ex: Testamento: R$ 100.000,00 Deixo meu carro para “X” R$ 60.000,00 Deixo 80% do meu patrimônio para “Y” R$ 80.000,00 NESSE CASO, O PATRIMÔNIO DE 80.000,000 SERÁ REDUZIDO PARA 40.000,00, POIS O LEGADO TEM PRIVILÉGIO PORTANTO, VIA DE REGRA, O LEGATÁRIO É PRIVILEGIADO, SALVO SE O TESTADOR DISPUSER DIFERENTE Pode o legado ser de crédito Legado de um Apartamento: 3 pessoas: Testador (legante) Legatário Herdeiro onerado (inventariante ou outro determinado pelo testador) OS FRUTOS SÃO DO LEGATÁRIO, QUE NÃO PAGA IMPOSTO SOBRE ESSES O legatário deve ressarcir o espólio nas despesas Imposto de transmissão: responsabilidade dos herdeiros, não do espólio Legado de quitação de dívida: Beneficiar o devedor com quitação da dívida. Paga imposto Não há presunção de compensação de dívida, ao menos se o testador assim dispuser art. 1939: caducidade dos legados Direito de acrescer (arts. 1941 a 1946) Ex 1: Deixo minha casa para “A” e “B”. Nesse caso, se “A” renunciar, vai tudo para “B” CLÁUSULA CONJUNTA COM MAIS DE UM BENEFICIÁRIO Ex: 2:Deixo 50% da minha casa para “A” e 50% para “B”. Nesse caso, se “A” renunciar, sua parte (50%) irá para a legítima. Portanto, diferentemente do primeiro exemplo, não haverá direito de acrescer Direito de substituição (arts. 1947 a 1960) Ex: Deixo minha casa para “A”. Se este não puder receber ou não quiser, fica com “B” Pode haver, ao mesmo tempo, direito de acrescer e direito de substituição Substituição fideicomissária: SÓ EXISTE PARA PROLE EVENTUAL Se nascer antes do testador falecer, é usufruto do fiduciário Ex: Deixo meu bem para “A”, que depois deverá deixar para “B” Testador: fideicomitente 1º beneficiário: fiduciário 2º beneficiário: fideicomissário REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS (arts. 1966 a 1968) Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o testador só em parte dispuser da quota hereditária disponível. Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes. § 1o Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor. § 2o Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente. Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, far-se-á esta dividindo-o proporcionalmente. § 1o Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de um quarto do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado, ficando com o direito de pedir aos herdeiros o valor que couber na parte disponível;se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio. § 2o Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar sua legítima no mesmo imóvel, de preferencia aos outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lhe absorverem o valor. Ex: Patrimônio: R$ 100.000,00 Parte disponível: R$50.000,00 Parte legítima: R$ 50.000,00 a) Herança testamentária: deixo 30% do patrimônio para “x” (refere-se ao todo, patrimônio líquido. Caso fosse apenas o disponível, o problema deveria indicar expressamente). b) Legado: deixo meu carro para “y” 1ª situação: Carro: R$ 40.000,00 Herança testamentária: R$ 30.000,00 Nesse caso, uma vez que a parte disponível da herança é de R$ 50.000,00, o legatário irá receber R$ 40.000,00. Todavia, o testamentário irá receber apenas R$ 10.000,00, ou seja, terá uma redução de R$ 20.000,00. Isso porque o legatário é privilegiado, porquanto terá o valor de seu legado reduzido em última hipótese 2ª situação: Carro: R$ 60.000,00 Herança testamentária: R$ 30.000,00 Nesse caso, uma vez que a parte disponível da herança é de R$ 50.000,00, o legatário irá receber R$ 50.000,00. Já, o testamentário, não irá receber nada. Ex 2: “”E se o de cujus deixar um bem imóvel indivisível, como uma casa?” Patrimônio: R$ 400.000,00 Parte disponível: R$ 200.000,00 Parte legítima: R$ 200.000,00 Casa: R$ 240.000,00 Aqui, haveria um excesso de R$ 40.000,00. Desse modo, deve-se calcular 1/4 de R$ 240.000,00, que será igual a R$ 60.000,00 ASSIM, SE O EXCESSO FOR IGUAL OU MENOR A 1/4: legatário fica com o bem e indeniza o herdeiro necessário SE O EXCESSO FOR MAIOR QUE 1/4: necessário fica com o bem e indeniza o legatário Ex: 3 (art. 1968, pár. 2º ) B A Legatário C D Herança: R$ 400.000,00 Parte disponível: R$ 200.000,00 Parte legítima: R$ 200.000,00 Casa: R$ 240.000,00 Nesse caso, a casa excede o valor da parte disponível, sendo o excesso maior que 1/4. Nesse caso, “A” ficará com a casa, sofrendo uma redução de R$ 40.000,00 de sua parte relativa à legítima. Se não fosse o suficiente, indenizaria os irmãos, não se aplicando o critério do 1/4. EFEITOS DA DOAÇÃO NO CÁLCULO DA LEGÍTIMA Cálculo da legítima, com herdeiros necessários: 50% 50% PD PI Testamento Legítima a) Se o de cujus era casado ou vivia em união estável, separar a meação considerando as dívidas comuns b) Tirar da herança bruta as dívidas do espólio = herança líquida c) Separar a parte disponível e a parte da legítima, considerando as doações 1) Doações inoficiosas (art. 549) Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Deve-se observar o patrimônio na época da doação Ação prescreve em 10 anos Ex 1: Patrimônio: R$ 100.000,00 Doação: R$ 60.000,00 Nesse caso, como a parte disponível é de R$ 50.000,00, o valor de R$ 50.000,00 relativo à doação é válido. Todavia, os R$ 10.000,00 restantes são inoficiosos, pois ultrapassam a parte disponível. Os herdeiros não precisam esperar o testador falecer. Podem entrar com a ação no prazo de 10 anos Ex 2: Patrimônio: R$ 200.000,00 Parte disponível: R$ 100.000,00 Parte legítima: R$ 100.000,00 1ª doação: R$ 50.000,00 (válida) 2ª doação: R$ 70.000,00 (válida: R$ 50.000,00; inoficiosa: R$ 20.000,00) 3ª doação: R$ 40.000,00 (inoficiosa) Caso fossem efetuadas ao mesmo tempo, a redução seria proporcional, isto é, as três seriam reduzidas até atingir o valor de R$ 100.000,00 (parte disponível) E se houvesse acréscimo de patrimônio (ex: R$ 20.000,00)? Patrimônio: R$ 220.000,00 Parte disponível: R$ 110.000,00 2) Doações válidas e testamento Ex 1: Falece com R$ 180.000,00 Doa R$ 70.000,00 SOMA-SE: 180.000 + 70.000 => 250.000 Parte disponível: 125.000,000 – 70.000,00 => 55.000,00 Parte legítima: 125.000,00 Ex 2: Falece com R$ 60.000,00 Doa R$ 70.000,00 SOMA-SE: 50.000 + 70.000 => 120.000 Parte disponível: 60.000 – 70.000 (NÃO TEM O QUE FAZER, HERDEIROS ESTÃO PREJUDICADOS) Parte legítima: 60.000 – 10.000 => 50.000 (diminui-se 10.000 porque a doação excedeu o patrimônio, por isso salienta-se que os herdeiros necessários estão prejudicados, não havendo solução) Ex 3: 2010 2018 Patrimônio: R$ 100.000,00 Doação: R$ 50.000,00 (válida) Patrimônio: R$ 120.000,00 Deve-se reconstruir o patrimônio: 120.000 + 50.000 = 170.000 PD: 85.000 – 50.000 = 35.000 (é o que posso dispor em testamento) PL: 85.000 Ex: 4 2010 2018 Patrimônio: R$ 100.000,00 Doação: R$ 50.000,00 (válida) Patrimônio: R$ 40.000,00 (redução de patrimônio) Deve-se reconstruir o patrimônio: 40.000 + 50.000 = 90.000 PD: 45.000 – 50.000 (não haverá testamento, e ainda sobra 5.000) PL: 45.000 – 5.000 = 40.000 (está prejudicado, não há o que fazer) 3) Doação como adiantamento de legítima para descendente e cônjuge/companheiro herdeiro (arts. 2002 a 2012) Se tiver filhos e doar para netos, não se aplica essa regra. Todavia, se não houver filhos e doar para netos, aplica-se. “Para haver dever de colação, é necessário que o doador já considerasse seu herdeiro o donatário descendente no momento da liberalidade” Ex 1: “A” falece, deixando um patrimônio de R$ 200.000,00 e 2 filhos, “B” e “C”. Há uma doação, sem dispensa de colação, no valor de R$ 20.000,00 para “B” Patrimônio: R$ 200.000,00 Parte disponível: R$ 100.000,00 Parte legítima: R$ 100.000,00 Nesse caso, para fins de cálculo, o valor de 20.000 deve ser acrescido na parte legítima, totalizando 120.000. Destes, “A” terá direito a 40.000 (60.000 – 20.000). Em contrapartida, “B” terá direito a 60.000. Assim, chega-se ao montante de R$ 100.000,00. De onde saíram os valores? Parte legítima: R$ 100.000,00 Doação sem dispensa de colação para “A”: R$ 20.000,00 SOMA-SE: 100.000 + 20.000 => 120.000 (apenas para fins de cálculo) “A”: receberá 40.000 e não 60.000 (50%), pois o valor da doação deve ser descontado “B”: receberá 60.000 Ex 2: “A” falece, deixando um patrimônio de R$ 200.000,00 e 2 filhos, “B” e “C”. Há uma doação, com dispensa de colação, no valor de R$ 20.000,00 para “B” Patrimônio: R$ 200.000,00 Parte disponível: R$ 100.000,00 Parte legítima: R$ 100.000,00 Nesse caso, para fins de cálculo, o valor de 20.000 deve ser acrescido ao patrimônio, totalizando 220.000. Assim, ter-se-ia 110.000 na parte disponível e 110.000 na parte legítima. Todavia, deve-se descontar 20.000 da parte disponível, chegando-se ao montante de R$ 90.000,00. Na doação com dispensa de colação, o donatário é como se fosse um terceiro Artigos: Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação. Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a disponível. Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de legítima, não houver no acervo bens suficientes para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em espécie, ou, quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade. Art. 2.004. O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuiro ato de liberalidade. § 1º Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular valessem ao tempo da liberalidade. § 2º Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem. Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação. Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário. Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio título de liberalidade. Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao que o doador poderia dispor, no momento da liberalidade. § 1º O excesso será apurado com base no valor que os bens doados tinham, no momento da liberalidade. § 2º A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte do excesso assim apurado; a restituição será em espécie, ou, se não mais existir o bem em poder do donatário, em dinheiro, segundo o seu valor ao tempo da abertura da sucessão, observadas, no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre a redução das disposições testamentárias. § 3º Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a parte da doação feita a herdeiros necessários que exceder a legítima e mais a quota disponível. § 4º Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes datas, serão elas reduzidas a partir da última, até a eliminação do excesso. Art. 2.008. Aquele que renunciou a herança ou dela foi excluído, deve, não obstante, conferir as doações recebidas, para o fim de repor o que exceder o disponível. Art. 2.009. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir. Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas no interesse de sua defesa em processo-crime. Art. 2.011. As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não estão sujeitas a colação. Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no inventário de cada um se conferirá por metade. Doação e o dever de colação Preservação da igualdade da legítima dos descendentes Proteção dos descendentes (igualdade na legítima) Quando se fala em herança líquida, já houve o desconto da meação Toda doação que faço a descendentes é adiantamento de legítima. Para não ser, deve haver dispensa de colação O donatário deve informar que recebeu a doação, na primeira vez em que se manifestar no processo. Se não informar, os demais herdeiros podem entrar com ação de sonegação Ex 1: Filhos: 5 200.000 (patrimônio) 40.000 (doação) PD: 60.000 PL: 60.000 + 40.000 = 100.000 4 herdeiros receberão 25.000. Isso porque, a princípio, considerando os 5 filhos, cada um receberia 20.000. Todavia, uma vez que um dos filhos recebeu 40.000 em doação, esse, além de não receber os 20.000 a que teria direito, terá ainda de pagar 20.000 aos demais 4 irmãos. Obs: Não há dever de colação para filho menor Tudo que é de sustento não há dever de colação (ex: comida, escola, etc) Filho incapaz: dever de sustento se dá até a maioridade. Após isso, há dever de solidariedade O representante deve colacionar. No entanto, se a doação é feita para o neto, mas os filhos estão vivos, não haverá o dever de colacionar Doação remuneratória: Como exemplo, temos o filho que cuida da mãe doente, de modo que esta, como forma de agradecimento, doa alguns bens em decorrência disso. NESSE CASO, NÃO É NECESSÁRIO ESTAR EXPRESSA A DISPENSA DE COLAÇÃO CÁLCULO DA PARTILHA COM LEGÍTIMA 1) Separar a meação, considerando as dívidas comuns; 2) Calcular a herança líquida; 3) Somar na herança líquida a doação inoficiosa; 4) Reconstruir o patrimônio, se houver testamento, somando a doação válida; 5) Dividir em parte disponível e parte da legítima; 6) Na PD, tirar a doação válida; 7) Na PD, cumprir o testamento; 8) Somar o que sobrar da PD na legítima; 9) Dividir a legítima entre os herdeiros necessários, descontando a colação. INVENTÁRIO E PARTILHA Inventário: é o levantamento dos bens do de cujus. Deve-se descontar as dívidas Adjudicação: um único herdeiro Partilha: mais de um herdeiro TIPOS DE INVENTÁRIOS a) Arrolamento extrajudicial (escritura pública): art. 610. pár 1º e 2º, CPC § 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. § 2º O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. Requisitos: 1) Consenso 2) Todos os herdeiros devem ser maiores e capazes 3) Não pode haver testamento Obs: Pode ser feito em qualquer lugar do Brasil Inventariante dativo é o nomeado pelo Juiz, sendo remunerado b) Arrolamento judicial simples (art. 659 e 664, CPC) Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663. § 1o O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação, quando houver herdeiro único. § 2o Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2o do art. 662. Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha. Quando há menor no inventário. Até 1000 salários mínimos c) Inventário solene (art. 610, CPC) Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. Juiz não pode terminar o inventário se houver dívidas TIPOS DE PARTILHA a) Consensual (art. 657, CPC; art. 2015, CC) Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4o do art. 966. Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 (um) ano, contado esse prazo: I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; II - no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. Todos devem ser maiores e capazes. Caso contrário, será judicial b) Judicial (art. 2016, CC) Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz. Apresenta-se uma PROPOSTA de partilha c) Testamentária (art. 2014, CC) Art. 2.014. Pode
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