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24/02/2015 1 DOENÇAS TELÚRICAS CARBÚNCULO HEMÁTICO CARBÚNCULO SINTOMÁTICO Por: Ivânia Moiane DEFINIÇÃO Grupo de doenças cujo o seu agente etiológico tem origem fora do organismo do homem e se reproduz no solo. Doenças transmitidas pelo solo/originárias da terra. CARBÚNCULO HEMÁTICO ANTHRAX Contextualização Doença periaguda, aguda ou subaguda e altamente contagiosa; Doença comum dos herbívoros domésticos e selvagens (principalmente ovelhas, vacas, cavalos, camelos e antílopes) Zoonose - Homem Aves, suínos, caprinos, caninos e felinos – em cisrcunstâncias especiais. Associado a altas taxas de mortalidade resultando em prejuízos económicos aos criadores de gado, que são acentuados quando há envolvimento humano. Baccilus anthracis foi a primeira bactéria causadora de doença descoberta por Robert Koch em 1877; //upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/Robert_Koch_BeW.jpg 24/02/2015 2 Contextualização Guerra biológica e bioterrorismo – “Carta antrax” em 2001 nos EUA. Bacillus anthracis Bacilo gram + Aerobios Bastonetes: Extremidades em forma de ângulo reto Formas isoladas ou em cadeias curtas Capsulados Imóveis e não flagelados Esporos de forma oval , localizados centralmente (não se formam nos tecidos animais) Bacillus anthracis Formas vegetativas: Facilmente destruídas por putrefação, pasteurização e pela acção da maioria dos desinfectantes comuns. Esporos: Altamente resistentes às condições naturais de dissecação e agentes químicos, podendo permanecer no solo e nos materias contaminados por longos anos (>70 anos). Epidemiologia A putrefação da carcaça destrói a bactéria e, desde que ela não tenha sido aberta e não tenha havido extravasão dos fluídos, não ocorre a contaminação do solo. Surtos originários de um solo contaminado sempre ocorrem após uma grande alteração climática: Chuva forte após uma seca prolongada Temperatura ambiente está acima dos 15˚C. https://microbewiki.kenyon.edu/index.php/File:Bacillus_anthracis_1.jpg 24/02/2015 3 Distribuição geográfica Não é comum no Ocidente. Comum em África (Zimbabwe), Ásia, China, América do Sul, Turquia, Paquistão e Índia. Germinação Multiplicação TABANÍDEOS OU MOSCAS (Stomoxys spp.) Solo ANIMAIS NA FASE TERMINAL DA INFECÇÃO ANIMAIS MORTOS Ingestão Pasto, ração e/ou água Inalação(menos comum) (poeira com esporos) Cutânea Gastrointestinal (Carne infectada e água contaminada) Inalação (poeira com esporos) ESPOROS FORMAS VEGETATIVAS Líquidos orgânicos (Exsudato hemorrágico ou sangue) expelidos pelos orifícios naturais dos animais mortos Toxinas Cápsula Patogênese Abrasão, inalação ou ingestão dos esporos Germinação Formas vegetativas Produção dos esporos Transporte aos LN´s e multiplicação Corrente sanguínea Septicêmia Morte Filtração das bacterias pelo sistema reticulo-endotelial Patogênese Diferenças nas espécies hospedeiras quanto a resistência à infecção letal e susceptibilidade aos efeitos da toxina letal: Espécies resistentes a infecção mas altamente susceptíveis aos efeitos da toxina Baixa bacterêmia terminal Canideos e suínos Espécies facilmente infectadas mas resistentes aos efeitos da toxina Alta bacterêmia terminal Caprinos, ovinos, equinos e bovinos mp_sa.htm mp_ca.htm mp_na.htm mp_eur.htm mp_afr.htm mp_oce.htm mp_cis.htm middle.htm mp_asia.htm 24/02/2015 4 Factores de virulência Cápsula polipeptídica: actividade antifagocítica Exotoxinas Factor I /Edematoso (EF): responsável pela formação de edemas. Factor II/Antígeno protector (PA): enzimas que potencializam as outras frações, sendo inactiva quando sozinhas. Factor III/Letal (LF) Não são tóxicos individualmente PA+LF – actividade letal EF+PA – Edema EF+LF – Inactiva PA+LF+EF – Edema, necrose e choque generalizado http://en.wikipedia.org/wiki/Anthrax_toxin Super aguda ou apoplética Acomete mais os bovinos e ovinos Aumento da frequência cardíaca e respiratória Febre Mucosas cianóticas Morte repentina (animais encontrados mortos ou agonizantes 1-24h após os primeiros sinais) Hemorragias pelos orifícios naturais do corpo Timpanização Urina sanguinolenta Putrefação rápida da carcaça Manifestações clínicas Aguda Acomete mais os bovinos e equinos Os sinais clínicos podem durar vários dias Hipertemia Cólicas Congestão e edema pulmonar intenso Cianose das mucosas Dispnéia Edema generalizado Transtornos digestivos Coma e morte em 24-48h Manifestações clínicas Sub-aguda Acomete normalmente os suínos , mais raramente os bovinos e equinos Hipertemia Dispnéia Edema da glote Estertores Transtornos digestivos com diarréia sanguinolenta Morte em 48-72h Manifestações clínicas http://en.wikipedia.org/wiki/File:Anthraxtoxins_diagram_en.png 24/02/2015 5 Anthrax no homem Cutânea/pústula maligna Febre alta Reacção inflamatória intensa, geral/circular, com área de necrose central Septicêmia/toxemia Pulmonar Pneumonia gangrenosa com rápida formação de edema agudo e necrose pulmonar Criterios de transmissão • Pele: contacto directo da pele com os esporos de animais infectados ou produto de origem animal (exposição ocupacional). • Tracto respiratório: inalacção dos esporos em partículas de aerossol. • GI: consumo de carne mal cozida ou crua ou productos lácteos provenientes de animais infectados. • Não ocorre transmissão de pessoa para pessoa Formas de apresentação da doença GI Oro-faringeal Abdominal Diagnóstico presuntivo Morte súbita de animais em áreas onde o antrax tenha sido relatado anteriormente. Rápida putrefação da carcaça “rigor mortis” ausente ou incompleto Distenção da carcaça pela alta produção de gases Sangue escuro e viscoso, ausência de coagulação Líquido serosanguinolento nas cavidades corporais Derrames de sangue pelas aberturas naturais Edemas generalizados acompanhados de hepatomegalia e, principalmente, extensa esplenomegalia. 2. Patológico 1. Epidemiológico 3. Bacterioscópico Carcaças de 1 ou 2 dias Sangue aspirado – Coloração dos bacilos pelo método de MacFadyean Demonstração directa por IFA Plaqueamento directo em agar sangue Carcaças em putrefação Sangue, tecido e couro Cultura em meio selectivo Amostra de solo das áreas onde a carcaça Inoculação em animais de laboratório Diagnóstico definitivo Suínos Peste suína clássica e africana Edema faringeano maligno (Clostridium septicum) Erisipelose, salmonelose e hipertermia maligna Diagnóstico diferencial Equinos Anemia infecciosa aguda Cólicas Intoxicações Choque por raio Insolação Bovinos e ovinos Clostridioses Choques por raio Leptospirose aguda Hemoglubinúria bacilar Intoxicações agudas por plantas tóxicas 24/02/2015 6 Tratamento A morte rápida dos animais em sua grande maioria sem apresentação dos sinais clínicos impede a realização do tratamento curativo. Antibióticos: penicilina, tetraciclina, eritromicina ou cloranfenicol. Prevenção e profilaxia Vacinação anual; Destruição de carcaças de animais: desinfectar com óleo, incinerar, enterrar (2m de profundiade) e cobrir com cal virgem; Quarentena; Notificação de qualquer caso suspeito às autoridades sanitárias mais proximas; Isolamento dos pastos contaminados; Desinfecçãoenergética ou queima dos objectos e utensílios contaminados; Drenagem e saneamento das áreas pantanosas. CARBÚNCULO SINTOMÁTICO Black Quarter Quarter ill Black leg Symptomatic Anthrax Farrya Contextualização Doença infeciosa de bovinos, não contagiosa e altamente fatal: Bovinos jovens de 6-24 meses de idade são os mais afectados Búfalos, veados, caprinos e ovinos também são afectados. Raramente afecta cavalos e porcos. Os humanos são resistentes a infecção. Evolução periaguda ou aguda, caracterizada pelo desenvolvimento de miosite gangrenosa e efisematosa. A morte é causada pela acção local ou sistémica das toxinas produzidas pelo Clostridium chavoei. 24/02/2015 7 História Charbert reconheceu em 1782, o CS como uma doença distinta do anthrax com o qual foi muitas vezes confundido. Nos anos subsequentes a doença e as propriedades do agente etiológico foram estudadas. A imunização contra o CS tem sido praticada desde o século XVIII. Apesar das vacinas eficazes disponíveis actual/, surtos esporádicos e casos individuais de doença ainda são encontrados na A. do Sul em animais com idade inferior a 3anos, principalmente os mantidos em confinamento. Clostridium chauvoei Bacilo gram + Anaerobios Bastonetes Quando cultivada em meios líquidos, as células dispõem-se individualmente (+comum), aos pares ou em cadeias curtas (raro) Móveis e flagelados Produzem esporos: formato oval, alongados, dispostos centralmente ou na posição subterminal, por vezes distorcendo o formato das células. Presentes no solo, no TGI e nas fezes Contaminação de feridas Esporos Procedimentos cirúrgicos rotineiros Castração Herniorrafias Caudectomias Cesareanas Transmissão Patogenicidade Produz 4 tipos de toxinas - Quantidade varia de acordo com a estirpe Alfa (fosfolipase): letal, necrosante e hemolítica Beta (DNAse) Gamma (hialuronidase) Delta (Hemolisina) 24/02/2015 8 Patogênese Ingestão dos esporos a partir do solo ou água contaminada, particularmente no período em que a errupção dos dentes permanentes ocorre; Fagocitose pelos macrófagos dos esporos ingeridos ou formados durante a germinação e esporulação das bactérias vegetativas; Migração pelo epitélio intestinal e disseminação pela corrente sanguínea e linfática para o sistema muscular - principalmente músculos da coxa e do ombro; Os esporos permanecem dormentes (provavelmente em células fagocíticas) por períodos prolongados; Quando os músculos se tornam desvitalisados por trauma ou fadiga ocorre a activação dos esporos Organismos em crescimento libertam toxinas que causam directamente a necrose dos músculos Os organismos podem invadir a circulação sanguínea e causar lesões edematosas com gás e necrose no fígado, pulmão, coração, rim e baço; O período de incubação é de 1-5 dias Patogênese Epidemiologia Ocorrencia mundial; Surtos ocorrem sazonalmente, no verão e outono; principalmente após chuvas fortes ( pluviosidades); A distribuição dos surtos é geralmente regional e desigual. A proporção numa determinada unidade de produção pode ser elevada enquanto as áreas adjacentes são aparentemente livres da doença; A composição do solo joga um papel importante na sobrevivência das bacterias. Epidemiologia Esporos Altamente resistentes às condições ambientais podendo permanecer por muitos anos fora do organismo. Não existem evidências que o C. chauvoei multipica-se no solo (não vive saproficamente) O microganismo sobrevive no organismo animal e pode ser isolado a partir do conteúdo intestinal Zonas de pastoreio e abeberamento. 24/02/2015 9 Fase inicial Hipertermia: início súbito de febre (41˚C) Depressão, apatia Inapetência Ruminação suspensa Anorexia Dispnéia Taquicardia Claudicação (quando os musculos afectados são dos membros) Pele descolorida, seca ou rachada Edema crepitante: Inflamações dolorosas e crepitantes em diversas massas musculares (quadris e ombros – mais afectados; língua) Mionecrose Decúbito (prostração) seguido de morte após 12-48h Manifestações clínicas A evolução da doença até a morte leva até 2 dias O músculo afectado adquire uma tonalidade roxo escuro à negro, de aspecto esponjoso e seco; Sensação de crepitação (enfisema) quando a pele sobre a área afectada é pressionada, devido à formação de gás no tecido; Em ovinos crepitação gasosa não pode ser sentida antes da morte - A área sobre a pele é esverdeada ou azul como gangrena - Corrimento espumoso que escorre pelas narinas Manifestações clínicas Cor vermelho escuro na periferia da lesão devido à formação de sulfureto de ferro pelo sangue e músculos Aspecto seco e poroso (em forma de esponja) no centro da lesão devido a presença de gás Cor enegrecida no centro da lesão Extravasão de um fluído com odor rançoso Leite fermentado Rim, fígado e baço podem apresentar alterações degenerativas e focos necróticos amarelados contendo gás Pericardite fibrino hemorrágica e endocardite Necrópsia Mionecrose 24/02/2015 10 Anamnese/História: idade, condição corporal e estação do ano Sintomas: febre alta, tumefação, crepitação e claudicação Achados PM: músculos de cor escura com infiltração gasosa; Exames de esfregaços feitos a partir do tecido afectado ou de fluídos das áreas tumefactas; Isolamento do organismo – cultura; Teste biológico; Imunofluorescência. Diagnóstico Penincilina 10,000 unidades/Kg de peso corporal, IM, diariamente por 5-6 dias Oxitretaciclina 5-10mg/kg de peso corporal IM ou IV Tratamento Medidas gerais: Isolamento de animais infectados e que estiveram em contacto com animais infectados; Eliminação da carcaça por enterramento profundo ou incineração; Desinfecção adequada dos instrumentos cirúrgicos antes da operação; Evitar o pastoreio em áreas infectadas (principalmento dos animais jovens) ??????? Vacinação Todos os animais de zonas endêmicas devem ser vacinados Alum precipitado B.Q. Vacina 5ml subcutânea a cada ano antes da época chuvosa Controle e profilaxia
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