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Coesão e Coerência em Lutar com Palavras

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ANTUNES, Irandé.2005.Lutar com palavras:coesão e coerência. 
São Paulo:Parábola. 
ISBN:85-88456-42-X 
 
 
Edhymally Kuellenny 
Universidade Federal do Tocantins 
 
 
 A coesão e a coerência têm sido muito estudadas, principalmente por 
linguistas, no entanto, nem sempre esse estudos esclarecem seus reais 
significados, suas relações e como são demonstrados no texto. O livro Lutar com 
Palavras: coesão e coerência tem como objetivo, de acordo com Antunes, no 
primeiro capítulo: 
 
Trazer algumas noções básicas acerca da propriedade textual da 
coesão e de sua relação com a coerência, com o objetivo de 
compreender mais ainda essas noções e, assim desenvolver nossa 
competência para falar, ouvir, ler e escrever textos com mais 
relevância, consistência e adequação”(p. 24) 
 
 
 Durante onze capítulos a autora tenta explicar o que é coesão e coerência, 
como e quando elas acontecem, já que:” essas questões não são exploradas nem 
mesmo nas aulas de língua”(p.16),pois os professores são deficientes em relação 
a esse conceito e para todo texto que não é bem elaborado ou não está claro o 
suficiente é lançado o termo “falta coesão” e/ou “falta coerência”. 
 Tendo em vista essa deficiência, que não é só do professor mas também do 
aluno, a autora assume a tarefa de esclarecimento para que haja, no mínimo, uma 
maior compreensão do que seria coesão e coerência. 
 Há no livro uma série de elementos auxiliadores na produção da coesão 
expostos de modo bem claro, que são: repetição, substituição, seleção lexical, 
relação sintático-semântica, oração e período. Para a autora coesão e coerência 
andam juntas como em uma mão-dupla, ou seja, coesão é a condição necessária e 
suficiente a obtenção da coerência, como ela mesma explica: 
 
não há uma coesão que exista por sí mesma e para sí 
mesma. A coesão é uma decorrência da própria 
continuidade exigida pelo texto, a qual, por sua vez é 
exigência da unidade que dá coerência ao texto. 
(grifo da autora; p. 177) 
 
 
 E interessante mostrar que Antunes divide a coerência em dois níveis 
distintos de organização do texto que são: macroestrutural (ou global) e 
microestrutural (ou pontual). A macroestrutural seria a unidade que existe nas 
sequências maiores do texto. A microestrutural seria a relação entre palavras em 
contexto de proximidade. Conclui-se então que a coerência de um texto deve 
estar não somente no plano local, mas também, no plano global, pois, as 
“incoerências pontuais podem (...) atingir a coerência global do texto” (p. 181) 
 No entanto, Koch e Travaglia(2004) afirmam que a coerência: 
 
 “ não depende apenas do modo como se combinam 
 elementos linguísticos no texto, mas também de conhecimentos 
 prévios sobre o mundo e do tipo de mundo em que o texto se 
 insere” (p. 10) 
 
 
 Koch e Travaglia(2005) afirmam, ainda, que a “coesão auxilia o 
estabelecimento da coerência mas não é a garantia de se obter um texto 
coerente” (adaptado; p. 23). Se concordarmos com os conceitos apresentados 
podemos chegar a conclusão de que houve um equívoco da parte de Antunes, ao 
afirmar que a coerência é dependente da coesão, pois há textos que mesmo não 
tendo coesão, possuem coerência, e essa pode ser percebida através da 
seqüência, da significação das palavras. A coerência pode ser 
produzida/construída através da leitura que fazemos, de conhecimentos que nos 
levam a construir sentido ao texto que lemos. 
 Tanto que em seu trabalho “Ler e compreender os sentidos do texto” Koch e 
Elias(2006) afirmam que a coerência “ não está no texto, mas é construída a partir 
dele, na interação, com a mobilização de uma série de fatores de ordem 
discursiva, sociocognitiva, situacional e interacional”( p. 208) 
 Mesmo assim a obra é benéfica, principalmente para aqueles que desejam 
ter acesso as noções básicas para a produção de um texto coeso e coerente pois a 
autora simplifica um assunto que não é esclarecido de maneira satisfatória. E um 
livro de valor inquestionável já que trata com naturalidade um conceito tão 
complexo, e que pode vir a sanar parte a deficiência das escolas em relação a 
esses conceitos. 
 
 
 
 
Referências: 
 
KOCH,I;ELIAS,V. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 
2006. 
 
KOCH,I;TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual, 16ªed. São Paulo: Contexto, 2004. 
 
--------------------. Texto e Coerência,10ªed. São Paulo: Cortez, 2005.

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